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Fichamento- O território e a dominação social

Aluna: Maria Luiza Belo (N USP: 11104650)

Autor: Flá vio Villaça

Artigo na Revista Margem Esquerda, ediçã o 24, publicado em Junho de 2015.

Objetivo: Investigaçã o da dialética existente entre a produçã o do territó rio


urbano e a luta pela dominaçã o social.

O artigo inicia com uma provocaçã o à Manuel Castells, criando a partir de uma
citaçã o de ‘La cuestión Urbana’ (1978) um diá logo entre Villaça e Castells. Ambos
autores trabalham com a noçã o marxista de dialética das relaçõ es sociais, isto é
como a esfera cultural influencia e é influenciada pela natureza- o ambiente.
Assim, puxando o gancho do que este renomado pensador espanhol compreende
como trabalho Villaça se volta para a Geografia, buscando desenvolver a ideia de
que o espaço urbano é produto do trabalho social humano.

Se o trabalho desempenhado é aquele feito na produçã o do espaço urbano,


coloca-se a segunda questã o fundamental da qual tratará esse texto, isto é, a
disputa pela “apropriaçã o diferenciada do produto do trabalho” (2015, p.32),
dando origem à luta de classes.

O autor segue aprofundando o que fundamenta a luta de classes no espaço


urbano, trabalhando com o conceito de terra-localizaçã o. Isto significa que as
classes competem pela localizaçã o das terras nas cidades. O cerne da questã o é
que a localizaçã o nã o pode ser reproduzida, nem distribuída equitativamente
entre seus consumidores. O pulo do gato do sistema capitalista estaria, de acordo
com Villaça, na realidade de que nã o há como ser um trabalhador, “sem se apoiar
sobre um pedaço de chã o” (2015,p. 32).

Para quem conhece a produçã o teó rica do Flá vio Villaça, reconheceria que sua
principal preocupaçã o de pesquisa é a mobilidade urbana. Assim, a partir de sua
aná lise marxista do espaço urbano, ele decorre também no presente artigo sobre
como a posse das localizaçõ es mais vantajosas na cidade pelas classes altas
garantem à estas melhores condiçõ es temporais de deslocamento pela cidade. A
otimizaçã o do tempo de deslocamento casa-trabalho, ou origem-destino, é o
cerne da luta de classes para o autor.

Além disso, um outro importante ponto elucidado por Villaça é a tese da


reestruturaçã o da infraestrutura urbana segundo os desejos das classes altas. O
autor argumenta que as classes poderosas manipulam as obras infraestruturais
urbanas, por exemplo, influenciando os governos à construírem infraestrutura
para a circulaçã o de automó veis ao invés de investir em transporte coletivos. A
luta de classes, nesse caso, se mostra presente por exemplo na disputa pela
consolidaçã o e melhoria de transportes coletivos-pú blicos ou transportes
individuais-privados.
Assim, Villaça continua o texto desenvolvendo uma crítica em relaçã o à literatura
costumeira nos estudos urbanos que versa sobre a segregaçã o urbana. De acordo
com o autor, “quase nenhuma elucidaçã o da segregaçã o urbana (atuais ou do
passado) leva em conta a inter-relaçã o entre os movimentos das segregaçõ es dos
bairros residenciais e a dos demais elementos da estrutura territorial urbana”
(2015, p.35).

Para ele, a segregaçã o urbana é reflexo do nível de desigualdade social na cidade


em questã o. Além disso, busca ser garantida e assegurada também no nível
ideoló gico. A mídia brasileira seria responsá vel por tornar a dominaçã o mais
aceita pelos dominados, produzindo imaginá rios sociais de localidades como
sendo “deterioradas” e afins.

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