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ASPECTOS DO TRABALHO DO DIRETOR ESCOLAR

A administração escolar objetiva a realização de todos os processos que resultam na prática


educativa, não finda seus propósitos, apenas em administrar as atividades da direção ou secretaria,
mas de modo geral, interfere e advoga em todas as esferas da instituição, já que está envolvida em
todas as atividades escolares.
Para Chiavenato (1999, p. 12), “(...) administrar é, sobretudo, realizar ações planejadas,
organizadas, direcionadas e controladas, buscando a obtenção de resultados”. O planejamento é
fundamental nas ações gerenciais, sendo a força motriz para que se façam as devidas análises na
organização escolar, reorientando e replanejamento procedimentos específicos. Dessa forma, à
gestão escolar deve junto à comunidade “(re)significar seus objetivos, metas e estratégias,
respeitando as especificidades da instituição”.
Ao atuar, a direção tem, a obrigatoriedade, de inserir a comunidade - famílias e
responsáveis – nos processos de construção da identidade da escola. Suas ações promovem a
qualidade social, à medida que, respeita a diversidade no atendimento à população e fornece
mecanismos para que o discente consiga de forma crítica/reflexiva tornar-se cidadão do mundo.
Essa condição permitirá que o local onde se encontre a escola, também, se modifique, além de
oportunizar mudanças socioeconômicas aos agentes envolvidos no processo de aprendizagem, por
meio da continuidade aos estudos e formação profissional.
Paro (1986) observa que a participação da sociedade civil na gestão escolar está envolvida
em condicionantes internos com origem na própria dinâmica da escola, bem como, externos,
produzidos por fatores sociais. Dentre os internos destaca - os aspectos materiais, organização
formal e político-social.
Demonstra que a qualidade material do espaço escolar muito baixa pode pressionar a
direção a priorizar esse aspecto, distanciando-se de questões fundamentais como a participação
comunitária. A organização formal e hierárquica do sistema no qual a escola está (modo de prover
a direção, presença ou ausência de órgãos de participação coletiva) define as relações e a tomada
de decisão mais ou menos coletiva. Destaca os diferentes interesses dos grupos da coletividade
escolar podem colocar o diretor focado apenas na mediação cotidiana desses conflitos, sem
enfrenta-los. Finalmente, Paro (1986) indica como condicionantes concepções e crenças
“sedimentadas, historicamente, na personalidade de cada pessoa e que movem suas práticas e
comportamentos no relacionamento com os outros” (p.47) com os quais o diretor convive e, por
vezes despreza, diante das exigências de resposta imediata aos problemas cotidianos.
Os condicionantes externos elencados por Paro (1986) são as condições objetivas de vida
da população, fator que cada vez mais, tende a dificultar a participação das famílias e,
eventualmente, de parte dos alunos, tendo em vista as variadas problemáticas de vida da população
(falta de tempo, cansaço, preocupações com a garantia de emprego; falta de transporte, acesso à
saúde, moradia etc.; organização familiar, violência doméstica, entre outros). O autor também
se refere ao distanciamento histórico da escola com a população, vinculado à tradição autoritária
da sociedade e às frágeis instâncias de participação social que gera uma tendente desvalorização
das famílias pela escola, julgando-os não participativos, além do constrangimento familiar em se
“[...] relacionar com pessoas de escolaridade, nível econômico e status social acima dos seus.”
(PARO, 1986, p. 61), insegurança em questões pedagógicas e receio de represálias contra seus
filhos; por último, aponta que os movimentos da sociedade civil, em função de seus focos
imediatos em reivindicações, “[...]
GESTÃO DEMOCRÁTICA:
mostram-se de certa forma apáticos
BASTA A PREVISÃO LEGAL?
diante da questão da participação na
No cenário brasileiro, a gestão democrática foi
escola pública” (p. 62), instituída como princípio legal para garantir direitos
educacionais na Constituição Federativa do Brasil (1988),
Um ambiente propício à Esse princípio projetou-se na Lei de Diretrizes e Bases da
participação de todos, “no processo Educação Nacional (1996), prevendo que os sistemas de
ensino definirão as normas para efetivar a gestão
social escolar, dos seus profissionais, de democrática de acordo com as suas peculiaridades,
reforçando a participação dos profissionais da educação
alunos e de seus pais [quando] se e das comunidades escolar.
entende que é por essa participação que Paro (1998) questiona que somente a previsão legal
pode manter a participação estática. O autor defende que
os mesmos desenvolvem consciência “[...].tendo em conta que a participação democrática não
se dá espontaneamente, sendo antes um processo histórico
social crítica e sentido de cidadania” em construção coletiva, coloca-se a necessidade de se
preverem mecanismos institucionais que não apenas
(LÜCK, 2002, p.18), pode levar, viabilizem mas também incentivem práticas participativas
segundo a autora, a superar a tutela do dentro da escola pública. “( p.46).

poder estatal, reivindicar, cobrar e


acompanhar as ações concretas do
Estado, assumindo, também ações ao nível local.
Portanto, o ambiente participativo pode libertar o diretor da tendência burocrática e
centralizadora evidenciada na cultura organizacional escolar; propor currículos e práticas inseridos
nas realidades das escolas; ampliar o profissionalismo docente; integrar os vários profissionais;
motivar a comunidade apoiar a ação escolar e encontrar objetivos comuns entre a instituição
escolar e a sociedade local.
Em torno da participação, Barroso (1996) destaca a autonomia da escola, ideia
etimologicamente ligada ao autogoverno, faculdade de se reger por regras próprias. Contudo,
releva que ser autônoma envolve, para a escola, liberdade e capacidade de decidir, que não se
confunde com a ‘independência’, na medida em que ser autônomo é conceito relacional entre
poderes, portanto no contexto de interdependência, , assim “A autonomia é também um conceito
que exprime sempre um certo grau de relatividade: somos mais, ou menos, autônomos; podemos
ser autônomos em relação a umas coisas e não o ser em relação a outras.“(BARROSO, 1996, p.
16).

A AUTONOMIA ESCOLAR
UM MOSAICO DE CARACTERÍSTICAS

Lück (2000) também discute a autonomia, localizando-a associada a um conjunto de


características que se vão desdobrando em um mosaico, assim a autonomia escolar é:

1. Construída: um processo que se constrói no cotidiano escolar, mediante ação coletiva, sem
regras prévias, uma construção processual;
2. Ampliadora do processo decisório: amplia, no e fora do estabelecimento, o poder de decisão,
articulando múltiplos grupos de interesse, expandindo o poder e não o dividindo;
3. Interdependente: implica compreensão recíproca entre o sistema, a escola e a comunidade
escolar sobre a produção da educação e escola desejadas e a ação de cada ator;
4. Relativa: não significa absoluta capacidade de conduzir o seu próprio destino, há o convívio
entre a decisão autônoma e a determinação externa dos sistemas de ensino a que pertencem,
num equilíbrio de forças (externas e internas);
5. Mediada: exige mediação de interesses, num processo de ganha-ganha, todos os segmentos
envolvidos contribuem e têm suas necessidades reconhecidas e atendidas;
6. Contraditória: favorece a expressão livre dos diferentes grupos e interesses, portanto suas
contradições;
7. Responsabilizadora: determina compromissos e prestação de contas numa atitude crítica e
reflexiva sobre os processos e resultados da escola;
8. Transparente: envolve monitoramento, avaliação e comunicação de ações e seus resultados
para todos na escola;
9. Expressão da cidadania: emerge como processo que articula direitos e deveres e é absorvida
no ambiente escolar;
10. Gestão democrática: processo participativo para compartilhar responsabilidades que vão
emergindo das necessidades sociais dos segmentos que atuam na unidade escolar e do contexto
onde a escola se insere.
Na mesma obra o autor já definia que a autonomia da escola resulta ”[...] da confluência
de várias lógicas e interesses (políticos, gestionários, profissionais e pedagógicos), por isso
necessita ser articulada numa abordagem caleidoscópica.” (p. 10) que pronuncie o significado e os
sentidos dos vários grupos (externos e internos) de influência na escola, dentre os quais destaca: o
governo e seus representantes, os profissionais da educação, os alunos, os pais e outros membros
da sociedade local.

DIRETOR COM AUTORIDADE X DIRETOR AUTORITÁRIO

Þ A autoridade é inerente à atividade do diretor escolar, não concessão de seu cargo. Passível
de ser exercida pelo o reconhecimento do outro, a partir de compromissos que se vão
estabelecendo na compreensão do significado da ação profissional de cada um na a escola e
para suas finalidades. Uma autoridade tem seu poder legitimado por aqueles que a
reconhecem como alguém admirável, que sabe dialogar, ouvir e partilhar ideias. Seu
conhecimento e poder são reconhecidos pela qualidade do seu trabalho.

Þ O autoritarismo no exercício da direção escolar manifesta-se quando o comando do diretor


baseia-se apenas na posição que ocupa como chefia imediata, dando-lhe poder para obrigar
aos outros profissionais da escola o cumprimento de tarefas, mesmo sem compreendê-las, de
modo a alcançar resultados apenas enquanto durar o controle.

1 - O papel do diretor na escola

Alarcão (2003) pondera que na sociedade da informação na qual vivemos é complexa e


contraditória, assim torna-se preciso, para interpretar a realidade, selecionar informações
pertinentes a cada contexto. Essa ponderação permite apontar que o diretor escolar, a partir da
autorreflexão sobre as informações da escola, é quem sintetiza os problemas da escola e como
combatê-los, promovendo, igualmente a reflexão de todos os outros atores.
Na mesma perspectiva, Libâneo (2010), defendendo que a luta por uma sociedade
inclusiva tem na escola uma via possível, situa o papel do pedagogo, inclusive o diretor, de
elemento que concretiza os princípios democráticos nas organizações escolares ao fazer funcionar
um projeto político pedagógico que articula o trabalho de vários profissionais, ligando a teoria e
da prática pela reflexão e ação , de modo a conduzir e liderar a inovação na escola
Para Lück (2000), o conceito de gestão escolar supera o enfoque limitado de
administração, na perspectiva de adotar mecanismos para a solução dos problemas, Dessa forma,
valoriza a gestão escolar na sua dimensão objetiva, um meio e não um fim, para promover a
organização das condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço de processos
educacionais nas escolas.
Como assevera a referida autora, a direção escolar é uma atividade de liderança, ao diretor
cabe mobilizar em torno de objetivos e ações compartilhados, utilizando a autoridade como
ferramenta do trabalho educativo, mas negando o negação do autoritarismo na assunção de
liderança compartilhada com o coletivo escolar.
Exercício de responsabilidade social com práticas que autonomizam as escolas porque as
efetivam como comunidades de aprendizagem, liderar, segundo a autora, possibilita a ação da
equipe escolar com regras, mas flexibilidade, influenciando o compromisso com a educação;
oportuniza as características pessoais de todos, apostando na diferença; apoia a sua autoridade no
aprofundamento dos fundamentos educacionais; constrói uma comunidade social de
aprendizagem; tornar-se mentor de novos líderes.
Condicionadas, como se viu em Paro (1986), as rotinas da direção da escola: organização
dos espaços, gestão financeira, Projeto Político Pedagógico e tomada de decisão, podem
vocacionar a gestão para as pessoas, para a decisão participativa, para visões mais amplas da
relação com a sociedade civil.

Organização dos Espaços Escolares

Escola é lugar de aprender e ensinar, seus espaços precisam transpirar esse valor educativo.
Assim, o acompanhamento da manutenção e organização de todas as partes do prédio escolar deve
ser uma das atividades da rotina da direção. O uso do espaço escolar é pauta constante da equipe
escolar, de modo a corresponsabilizar a todos, nas diferentes funções, por planejar coletivamente
a ampliação das suas potencialidades educativas. Mesmo reconhecendo que, especialmente na
escola pública, muitas vezes, se está limitado a utilizar e manter espaços arquitetados por terceiros,
nem sempre com fins educativos, é possível levantar alguns exemplos de ações nos vários espaços.
EXEMPLOS

ESPAÇO AÇÃO IMPLICAÇÃO EDUCATIVA

INSTALAÇÕES Acompanhar a manutenção rigorosa da Estímulo aos alunos para cuidar de sua
SANITÁRIAS higiene nos banheiros escolares pelos própria higiene e valorizar a sua obrigação
funcionários da limpeza. de cuidar do que é coletivo.
CORREDORES Criar murais para publicação de textos, Compartilhamento de projetos entre
trabalhos escolares, pesquisas, turmas, níveis de ensino e atores locais.
recados, impressões e opiniões.
REFEITÓRIO Promover ações de educação alimentar Criação de clima positivo de interajuda e
que valorizem a autonomia, o registro autonomia entre alunos, professores e
diário de cardápios, a divisão de tarefas funcionários.
na distribuição de talheres,
guardanapos etc.
SALAS DE Equipar as salas de aula com materiais Ampliação da ação educativa em sala de
AULA de uso potencial em cada turma. aula.
SALA DE Possibilitar diferentes organizações em Garantia de condições de trabalho aos
PROFESSORES função do tipo de atividade a docentes, tendendo a aumentar a satisfação
desenvolver: preparação de atividades, no trabalho.
formação em serviço ou convivência.
Organizar espaços individuais e
coletivos para materiais de todos e de
cada um.
SECRETARIA Tornar esse local acessível ao público, Facilidade para um atendimento rápido à
ESCOLAR com informação e documentação comunidade e esclarecimento das normas
atualizadas e organizadas. escolares e sua aplicação.
SALAS DE Planejar um desenho prático e Possibilidade de criar e expandir um clima
DIREÇÃO E acessível a todos os atores. dialógico e aberto.
COORDENAÇÃO
VÁRIOS Compartilhar liderança e Responsabilização e crescimento para
ESPAÇOS responsabilidade com grupos de todos os envolvidos.
professores e alunos.
O diretor e a gestão financeira

Administrar os recursos financeiros de uma escola não é tarefa fácil. É preciso avaliar muito
bem onde aplicá-los de forma que tenham reflexos na qualidade do ensino e na aprendizagem dos
alunos. A escola quando pública é parte ido sistema de administração pública da educação, por
isso a gestão financeira atende a obrigações legais, requer aplicar os princípios desse tipo de
administração: legalidade, moralidade, impessoalidade e publicidade, na medida em que a escola
é unidade executora das verbas que lhe são repassadas.
As fontes de financiamento público direto para as escolas são variadas, federais, estaduais
e municipais. De modo geral, a gestão desses recursos é responsabilidade partilhada pelo diretor
escolar com os órgãos colegiados a partir de critérios de cada programa, projeto ou convênio,
consubstanciado num plano que descreve a aplicação conforme necessidades e condições de cada
unidade escolar.
A primeira etapa é o planejamento orçamentário, prever a execução, estabelece prioridades,
estima receitas e despesas. Passada a etapa do planejamento, o diretor, sempre de forma
transparente e democrática, acompanha e supervisiona o planejado, atento ao equilíbrio entre
entradas e saídas, considerando as normas de escolha de fornecedores, contratação, pagamento e
comprovação das despesas, preparando a prestação de contas.
O órgão escolar executor (Conselho de Escola ao APM, geralmente) presta contas à
Secretaria de Educação e aos executores dos programas de acordo com a lei ou regulamento (
quando entidade financiadora particular) e à comunidade. A prestação de contas envolve dois
balanços, o orçamentário e o financeiro, acompanhados dos documentos fiscais e relatório de
prestação de contas, devidamente aprovados por conselho fiscal. Os documentos são
encaminhados ao órgão responsável pela contabilidade na Secretaria de Educação responsável e
ficam disponíveis para a fiscalização do Tribunal de Contas e devem ser publicados na escola.

Tomada de Decisão

A construção da democracia exige ações de práticas que possam corporificá-la, processo


de aprendizagem que precisa ser iniciado, experimentado, por isso defende que é preciso criar
espaços para a participação de todos na escola, exercitando democratizar a tomada de decisão.
Ferreira (2004) afirma que à gestão escolar cabe tomar decisões, organizar e dirigir as
políticas educacionais que se desenvolvem na escola no contexto da complexa “cultura
globalizada”, coordenando esforços individuais e coletivos em torno de objetivos, ações e
resultados partilhados por toda a comunidade escolar, num clima favorável ao diálogo e à
aprendizagem. Configurada a escola como organização aprendente, ao diretor caberá identificar
indicadores de sua ação e agir de modo a voltar todos os elementos da sua ação à melhoria contínua
da escola.

O diretor e o projeto político pedagógico da escola

A discussão cotidiana com as equipes escolares sobre a visão que têm sobre os alunos é
crucial, esse ator não pode ser invisível para a escola, inversamente, consigna sua finalidade de
ensinar e aprender, por isso é preciso que o diretor coloque em sua rotina o conhecimento das
turmas, dos alunos e sua aprendizagem e situação familiar, contribuindo com a equipe escolar para
garantir o acesso, o sucesso e a permanência na escola.
Assim, o gestor contribui para a instituição de uma cultura de aprendizagem e orienta o
projeto político pedagógico para relevar a realidade social como um todo e a do entorno, ao lado
do que acontece na escola, reconhecendo as problemáticas e necessidades a serem atendidas.

EVENTOS ESCOLARES
A escola deve propiciar condições para que as famílias se envolvam, de forma
significativa, nas questões relacionadas à educação de seus filhos, para além das
reuniões bimestrais com os pais.
É preciso abrir a escola para que a comunidade participe. Assim, a promoção de
eventos escolares tem que ter significado no contexto no qual ocorrem, articulados ao
Projeto Político Pedagógico, inseridos a atividade nos processos pedagógicos cotidianos
da unidade educacional, visando responder a objetivos, força motriz que alimenta um
amplo debate sobre a qualidade da escola (RIBEIRO e KALOUSTIAN, 2005),
Discutir os temas e a organização e planejamento desses eventos no coletivo e
apropriando-se de momentos como a reunião com as famílias, conselho escolar,
associação de pais de mestre ou outros órgãos colegiados tende a aumentar participação
da comunidade.
A publicitação do evento tem recurso em variadas formas (apresentações em
suporte tecnológico, panfletos informativos, vídeos, faixas cartazes etc.) utilizando o
ambiente escolar e comunitário de forma criativa para mobilizar as pessoas.
Pode-se ainda recorrer a parcerias com rádios locais, elaborar malas diretas de
e-mails e comunicação postal, utilizar redes sociais. É fundamental explicitar os
objetivos e a dinâmica das atividades propostas, destacando a sua relação com as
finalidades escolares.
Ultrapassando as práticas burocráticas, o diretor, ao se envolver construção desse projeto
escolar coloca a finalidade de aprender e ensinar no centro atua na formação em serviço dos
docentes e outros profissionais, aproximando-se de uma gestão reflexiva e contextualizada que
avalia de modo contínuo, não as pessoas, mas como a ação de todos e de cada um resulta em dado
momento.
Esse processo é formativo ao próprio diretor, porque, como advoga Alarcão (2003),
envolve processar informações de forma acurada e crítica, fazendo dialogar várias observações
possíveis sobre os alunos e os problemas da escola, destrinchando-as para planejar e agir, numa
postura investigativa, para compreender as suas múltiplas dimensões, permitindo refazer
caminhos.

O diretor e a tomada de Decisão

A construção da democracia exige ações de práticas que possam corporificá-la, processo


de aprendizagem que precisa ser iniciado, experimentado, por isso defende que é preciso criar
espaços para a participação de todos na escola, exercitando democratizar a tomada de decisão.
Ferreira (2004) afirma que à gestão escolar cabe tomar decisões, organizar e dirigir as
políticas educacionais que se desenvolvem na escola no contexto da complexa “cultura
globalizada”, coordenando esforços individuais e coletivos em torno de objetivos, ações e
resultados partilhados por toda a comunidade escolar, num clima favorável ao diálogo e à
aprendizagem.
Configurada a escola como organização aprendente, ao diretor caberá identificar
indicadores de sua ação e agir de modo a voltar todos os elementos da sua ação à melhoria contínua
da escola.

INDICADORES DE TOMADA DE DECISÃO DEMOCRÁTICA

1. Informação Democratizada

A direção consegue informar toda a comunidade escolar sobre os principais acontecimentos da


escola?
As informações circulam de maneira rápida e precisa entre pais, professores, demais
profissionais da escola, alunos e outros membros da comunidade escolar?
2. Conselhos Escolares

O conselho escolar é formado por representantes de toda a comunidade escolar (inclusive


alunos) e sua composição é paritária, ou seja, mesmo número de pessoas entre funcionários e não
funcionários?
O conselho escolar tem normas de funcionamento definidas e conhecidas por todos?
Os conselheiros recebem capacitação (cursos, participação em seminários, etc.) para exercer
sua função?
O conselho escolar tem à sua disposição informações sobre a escola em quantidade e qualidade
suficientes para que possa tomar as decisões necessárias?
O conselho escolar participa das definições orçamentárias da escola?

3. Participação dos atores sociais na escola

Há grêmios estudantis ou outros grupos juvenis ou de infância participando da tomada de


decisões na escola
Existem espaços onde todos (alunos, diretor, professores, funcionários, pais, mães e outras
pessoas da comunidade)possam discutir e negociar encaminhamentos relativos ao andamento da
escola?
A direção presta contas à comunidade escolar, apresentando regularmente o orçamento da
escola e seus gastos?
A comunidade escolar conhece e discute as dificuldades de gestão e de financiamento da
escola?
Os pais participam de associações de apoio à escola, tais como associações de pais e mestres
ou outras?
Os pais e as mães comparecem e participam ativamente das reuniões sobre a vida escolar dos
alunos?
A escola se mantém aberta aos finais de semana para que a comunidade possa usufruir do
espaço (salas, pátio, quadras de esporte, biblioteca etc.)?
A escola elaborou o seu projeto político-pedagógico com a participação de toda a comunidade
escolar (alunos, professores, pais, diretor, funcionários em geral, conselheiros tutelares e demais
membros da comunidade escolar)?
Quando são realizadas atividades de confraternização com a comunidade (festas, gincanas,
bailes, formaturas), garante-se a presença de todos, mesmo daqueles pais e alunos completamente
desprovidos de recursos financeiros?

4. Parcerias Locais e Relacionamento da Escola com os Serviços Públicos

A escola encaminha alunos para o serviço de saúde, conselho tutelar ou outros serviços públicos
quando necessário?
A escola desenvolve atividades em parceria com os demais serviços públicos (como campanha
contra a dengue, educação para a saúde bucal, campanha de matrícula, pesquisa sobre o acervo do
museu)?
A escola tem parcerias com outras instituições (universidades, organizações da sociedade civil,
empresas, fundações, associações, etc.) para o financiamento de projetos ou para o
desenvolvimento de ações conjuntas, como elaboração do projeto político-pedagógico, formação
de professores, atividades pedagógicas, comemorações?

5. Tratamento aos Conflitos cotidianos na Escola

O diretor, juntamente com professores, alunos e demais membros da comunidade escolar,


procura resolver os conflitos que surgem entre as pessoas no ambiente escolar (brigas, discussões,
etc.), com base no diálogo e na negociação?
Os professores desenvolvem atividades para que os alunos aprendam a dialogar e a negociar?
Referências
ALARCÃO, Isabel. Professores Reflexivos em Uma Escola Reflexiva. São Paulo. Editora Cortez, 2003.
BARROSO, João. O reforço da autonomia das escolas e a flexibilização da gestão escolar em Portugal. In:
FERREIRA, Naura Síria Carapeto (Org.). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios.
São Paulo: Cortez, 2001.
FERREIRA Naura Síria Carapeto Gestão democrática da educação: ressignificando conceitos e possibilidades.
In: FERREIRA, Naura .Síria .Carapeto.; AGUIAR, Maria Aparrecida. Gestão da educação: impasses, perspectivas
e compromissos. São Paulo: Cortez, 2004.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: teoria e prática. Alternativa, 2004.
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para quê? 12. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
LÜCK, Heloisa. (Org.). Gestão escolar e formação de gestores. Em Aberto, v. 17, n.72, p. 1-195, fev./jun. 2000.
LUCK, Heloisa. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. São Paulo: Cortez, 2002.
PARO, Vitor Henrique. Administração escolar: introdução crítica. São Paulo, Cortez : Autores Associados, 1986.
PARO, Vitor Henrique. A gestão da educação ante as exigências de qualidade e produtividade da escola pública.
São Paulo, 1998. Trabalho apresentado no V Seminário Internacional Sobre Reestruturação Curricular, realizado de
6 a 11/7/1998, em Porto Alegre, RS. Publicado em: SILVA, Luiz Heron da; org. A escola cidadã no contexto da
globalização. Petrópolis, Vozes, 1998.
RIBEIRO, Vera. Massagão.; KALOUSTIAN, Silvio. Indicadores da qualidade na educação. Brasília:
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2005. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_indqua.pdf> Acesso em ago de 2015.

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