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A AUTONOMIA ESCOLAR
UM MOSAICO DE CARACTERÍSTICAS
1. Construída: um processo que se constrói no cotidiano escolar, mediante ação coletiva, sem
regras prévias, uma construção processual;
2. Ampliadora do processo decisório: amplia, no e fora do estabelecimento, o poder de decisão,
articulando múltiplos grupos de interesse, expandindo o poder e não o dividindo;
3. Interdependente: implica compreensão recíproca entre o sistema, a escola e a comunidade
escolar sobre a produção da educação e escola desejadas e a ação de cada ator;
4. Relativa: não significa absoluta capacidade de conduzir o seu próprio destino, há o convívio
entre a decisão autônoma e a determinação externa dos sistemas de ensino a que pertencem,
num equilíbrio de forças (externas e internas);
5. Mediada: exige mediação de interesses, num processo de ganha-ganha, todos os segmentos
envolvidos contribuem e têm suas necessidades reconhecidas e atendidas;
6. Contraditória: favorece a expressão livre dos diferentes grupos e interesses, portanto suas
contradições;
7. Responsabilizadora: determina compromissos e prestação de contas numa atitude crítica e
reflexiva sobre os processos e resultados da escola;
8. Transparente: envolve monitoramento, avaliação e comunicação de ações e seus resultados
para todos na escola;
9. Expressão da cidadania: emerge como processo que articula direitos e deveres e é absorvida
no ambiente escolar;
10. Gestão democrática: processo participativo para compartilhar responsabilidades que vão
emergindo das necessidades sociais dos segmentos que atuam na unidade escolar e do contexto
onde a escola se insere.
Na mesma obra o autor já definia que a autonomia da escola resulta ”[...] da confluência
de várias lógicas e interesses (políticos, gestionários, profissionais e pedagógicos), por isso
necessita ser articulada numa abordagem caleidoscópica.” (p. 10) que pronuncie o significado e os
sentidos dos vários grupos (externos e internos) de influência na escola, dentre os quais destaca: o
governo e seus representantes, os profissionais da educação, os alunos, os pais e outros membros
da sociedade local.
Þ A autoridade é inerente à atividade do diretor escolar, não concessão de seu cargo. Passível
de ser exercida pelo o reconhecimento do outro, a partir de compromissos que se vão
estabelecendo na compreensão do significado da ação profissional de cada um na a escola e
para suas finalidades. Uma autoridade tem seu poder legitimado por aqueles que a
reconhecem como alguém admirável, que sabe dialogar, ouvir e partilhar ideias. Seu
conhecimento e poder são reconhecidos pela qualidade do seu trabalho.
Escola é lugar de aprender e ensinar, seus espaços precisam transpirar esse valor educativo.
Assim, o acompanhamento da manutenção e organização de todas as partes do prédio escolar deve
ser uma das atividades da rotina da direção. O uso do espaço escolar é pauta constante da equipe
escolar, de modo a corresponsabilizar a todos, nas diferentes funções, por planejar coletivamente
a ampliação das suas potencialidades educativas. Mesmo reconhecendo que, especialmente na
escola pública, muitas vezes, se está limitado a utilizar e manter espaços arquitetados por terceiros,
nem sempre com fins educativos, é possível levantar alguns exemplos de ações nos vários espaços.
EXEMPLOS
INSTALAÇÕES Acompanhar a manutenção rigorosa da Estímulo aos alunos para cuidar de sua
SANITÁRIAS higiene nos banheiros escolares pelos própria higiene e valorizar a sua obrigação
funcionários da limpeza. de cuidar do que é coletivo.
CORREDORES Criar murais para publicação de textos, Compartilhamento de projetos entre
trabalhos escolares, pesquisas, turmas, níveis de ensino e atores locais.
recados, impressões e opiniões.
REFEITÓRIO Promover ações de educação alimentar Criação de clima positivo de interajuda e
que valorizem a autonomia, o registro autonomia entre alunos, professores e
diário de cardápios, a divisão de tarefas funcionários.
na distribuição de talheres,
guardanapos etc.
SALAS DE Equipar as salas de aula com materiais Ampliação da ação educativa em sala de
AULA de uso potencial em cada turma. aula.
SALA DE Possibilitar diferentes organizações em Garantia de condições de trabalho aos
PROFESSORES função do tipo de atividade a docentes, tendendo a aumentar a satisfação
desenvolver: preparação de atividades, no trabalho.
formação em serviço ou convivência.
Organizar espaços individuais e
coletivos para materiais de todos e de
cada um.
SECRETARIA Tornar esse local acessível ao público, Facilidade para um atendimento rápido à
ESCOLAR com informação e documentação comunidade e esclarecimento das normas
atualizadas e organizadas. escolares e sua aplicação.
SALAS DE Planejar um desenho prático e Possibilidade de criar e expandir um clima
DIREÇÃO E acessível a todos os atores. dialógico e aberto.
COORDENAÇÃO
VÁRIOS Compartilhar liderança e Responsabilização e crescimento para
ESPAÇOS responsabilidade com grupos de todos os envolvidos.
professores e alunos.
O diretor e a gestão financeira
Administrar os recursos financeiros de uma escola não é tarefa fácil. É preciso avaliar muito
bem onde aplicá-los de forma que tenham reflexos na qualidade do ensino e na aprendizagem dos
alunos. A escola quando pública é parte ido sistema de administração pública da educação, por
isso a gestão financeira atende a obrigações legais, requer aplicar os princípios desse tipo de
administração: legalidade, moralidade, impessoalidade e publicidade, na medida em que a escola
é unidade executora das verbas que lhe são repassadas.
As fontes de financiamento público direto para as escolas são variadas, federais, estaduais
e municipais. De modo geral, a gestão desses recursos é responsabilidade partilhada pelo diretor
escolar com os órgãos colegiados a partir de critérios de cada programa, projeto ou convênio,
consubstanciado num plano que descreve a aplicação conforme necessidades e condições de cada
unidade escolar.
A primeira etapa é o planejamento orçamentário, prever a execução, estabelece prioridades,
estima receitas e despesas. Passada a etapa do planejamento, o diretor, sempre de forma
transparente e democrática, acompanha e supervisiona o planejado, atento ao equilíbrio entre
entradas e saídas, considerando as normas de escolha de fornecedores, contratação, pagamento e
comprovação das despesas, preparando a prestação de contas.
O órgão escolar executor (Conselho de Escola ao APM, geralmente) presta contas à
Secretaria de Educação e aos executores dos programas de acordo com a lei ou regulamento (
quando entidade financiadora particular) e à comunidade. A prestação de contas envolve dois
balanços, o orçamentário e o financeiro, acompanhados dos documentos fiscais e relatório de
prestação de contas, devidamente aprovados por conselho fiscal. Os documentos são
encaminhados ao órgão responsável pela contabilidade na Secretaria de Educação responsável e
ficam disponíveis para a fiscalização do Tribunal de Contas e devem ser publicados na escola.
Tomada de Decisão
A discussão cotidiana com as equipes escolares sobre a visão que têm sobre os alunos é
crucial, esse ator não pode ser invisível para a escola, inversamente, consigna sua finalidade de
ensinar e aprender, por isso é preciso que o diretor coloque em sua rotina o conhecimento das
turmas, dos alunos e sua aprendizagem e situação familiar, contribuindo com a equipe escolar para
garantir o acesso, o sucesso e a permanência na escola.
Assim, o gestor contribui para a instituição de uma cultura de aprendizagem e orienta o
projeto político pedagógico para relevar a realidade social como um todo e a do entorno, ao lado
do que acontece na escola, reconhecendo as problemáticas e necessidades a serem atendidas.
EVENTOS ESCOLARES
A escola deve propiciar condições para que as famílias se envolvam, de forma
significativa, nas questões relacionadas à educação de seus filhos, para além das
reuniões bimestrais com os pais.
É preciso abrir a escola para que a comunidade participe. Assim, a promoção de
eventos escolares tem que ter significado no contexto no qual ocorrem, articulados ao
Projeto Político Pedagógico, inseridos a atividade nos processos pedagógicos cotidianos
da unidade educacional, visando responder a objetivos, força motriz que alimenta um
amplo debate sobre a qualidade da escola (RIBEIRO e KALOUSTIAN, 2005),
Discutir os temas e a organização e planejamento desses eventos no coletivo e
apropriando-se de momentos como a reunião com as famílias, conselho escolar,
associação de pais de mestre ou outros órgãos colegiados tende a aumentar participação
da comunidade.
A publicitação do evento tem recurso em variadas formas (apresentações em
suporte tecnológico, panfletos informativos, vídeos, faixas cartazes etc.) utilizando o
ambiente escolar e comunitário de forma criativa para mobilizar as pessoas.
Pode-se ainda recorrer a parcerias com rádios locais, elaborar malas diretas de
e-mails e comunicação postal, utilizar redes sociais. É fundamental explicitar os
objetivos e a dinâmica das atividades propostas, destacando a sua relação com as
finalidades escolares.
Ultrapassando as práticas burocráticas, o diretor, ao se envolver construção desse projeto
escolar coloca a finalidade de aprender e ensinar no centro atua na formação em serviço dos
docentes e outros profissionais, aproximando-se de uma gestão reflexiva e contextualizada que
avalia de modo contínuo, não as pessoas, mas como a ação de todos e de cada um resulta em dado
momento.
Esse processo é formativo ao próprio diretor, porque, como advoga Alarcão (2003),
envolve processar informações de forma acurada e crítica, fazendo dialogar várias observações
possíveis sobre os alunos e os problemas da escola, destrinchando-as para planejar e agir, numa
postura investigativa, para compreender as suas múltiplas dimensões, permitindo refazer
caminhos.
1. Informação Democratizada
A escola encaminha alunos para o serviço de saúde, conselho tutelar ou outros serviços públicos
quando necessário?
A escola desenvolve atividades em parceria com os demais serviços públicos (como campanha
contra a dengue, educação para a saúde bucal, campanha de matrícula, pesquisa sobre o acervo do
museu)?
A escola tem parcerias com outras instituições (universidades, organizações da sociedade civil,
empresas, fundações, associações, etc.) para o financiamento de projetos ou para o
desenvolvimento de ações conjuntas, como elaboração do projeto político-pedagógico, formação
de professores, atividades pedagógicas, comemorações?