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Rompimento da barragem de Brumadinho

Com um saldo de 250 mortos e 20 desaparecidos, o acidente trouxe inúmeros prejuízos às comunidades ao
redor da cidade mineira e levantou o debate em torno das medidas de segurança que devem ser adotadas em todas
as barragens espalhadas pelo país.

Para você entender o que aconteceu e também sobre como funciona uma barragem, elaboramos este post
com informações completas. Acompanhe.

Para que serve a barragem de Brumadinho?

A barragem de Brumadinho que rompeu estava desativada e fazia parte da mina do Córrego do Feijão. Ele faz
parte do Complexo Minerador Paraopeba, de propriedade da empresa Vale.

São duas barragens que têm o objetivo de conter os rejeitos finos oriundos do tratamento do minério,
reservando água para o reaproveitamento no processo industrial.

A barragem I do Feijão foi implantada em 1976 e tinha o objetivo de separar as impurezas para aumentar o
valor comercial do minério de ferro. No processo de separação, ficam os rejeitos que devem ser barrados para não
seguirem até o rio da região.

Para isso, são construídos diques em alteamentos de terra, a chamada barragem a montante, onde também
são inseridos tapetes drenantes, com o intuito de eliminar a água armazenada no interior da barragem.

Trata-se do método mais barato e comum no Brasil, formando uma espécie de praia com resíduos da
mineração, como ferro, sílica e água. No entanto, é bem sensível a qualquer vibração.

Rompimento da barragem de Brumadinho

No dia 25 de janeiro de 2019, a barragem I da mina do Córrego do Feijão desabou, causando um verdadeiro
“tsunami” de rejeitos sobre a comunidade local e também em distritos aos arredores de Brumadinho. Foram  11,7
milhões de metros cúbicos, um mar de lama que causou mortes, destruição e prejuízos incalculáveis no  meio
ambiente.

No momento do rompimento da barragem, as sirenes de alerta não foram acionadas, fato que contribuiu
imensamente para a contagem final de 250 mortos. Um desastre ambiental que disseminou animais, plantas,
árvores, contaminando rios e ceifando vidas de famílias inteiras, ou seja, uma catástrofe ecológica.

De acordo com a Vale, a barragem I rompeu-se e transbordou a outra. A empresa contabilizou perdas na
ordem de R$ 19 bilhões, mas o maior prejuízo ficou com a população e meio ambiente com danos praticamente
irreparáveis que indenização nenhuma será capaz de suprir.

Vítimas barragem de Brumadinho

O número de vítimas chegou a 250 mortos e 20 desaparecidos, mas até hoje a equipe de bombeiros faz buscas
no local. As perdas foram bem além em razão das vítimas que perderam tudo, inclusive parentes. Propriedades
rurais foram devastadas, criações ficaram embaixo da lama, rios contaminados e peixes morreram, ou seja, a região
foi praticamente devastada, ficando totalmente poluída.
A identificação dos corpos foi demorada e muita gente que faleceu era funcionário da Vale.  Centenas estavam
no refeitório no momento do rompimento e não tiveram nenhuma reação diante do mar de lama.

O resgate contou com a participação do Corpo de Bombeiros, Exército Brasileiro, Exército Israelense,
voluntários, Força Aérea Brasileira, Defesa Civil, entre outros órgãos. Foi uma verdadeira mobilização nacional e
internacional, com a doação de alimentos, água, roupas e cobertores.

Causas do rompimento da barragem de Brumadinho

Apesar da gravidade do acidente e da magnitude do desequilíbrio ambiental, as causas do rompimento ainda


não foram totalmente identificadas. Por enquanto, existem apenas investigações e suposições.

Uma delas é que tenha ocorrido a liquefação no solo, ou seja, uma pressão na estrutura, levando ao problema.
Outra suspeita é que explosões com dinamites ocorridas perto do local tenham influenciado no rompimento. A Vale
nega.

O que se sabe é que a barragem I do córrego do Feijão estava desde 2016 sem fiscalizações por parte da
Agência Nacional de Mineração (ANM). A Vale contava com normas de segurança internacionais e assegura que
respeitava todos os procedimentos.

Após o acidente ambiental, o Ministério Público Federal recomendou ao Ibama, Secretaria do Meio Ambiente
de Minas Gerais e ANM que não concedam novas licenças ambientais para barragens que utilizem a técnica de
alteamento a montante.

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) também foi aberta no Senado para investigar as causas do
acidente, sendo presidida pela senadora Rose de Freitas (PODE-ES). Após quase seis meses de análises, 14 pessoas
foram indiciadas, como engenheiros e executivos da Vale.

Impactos ambientais do rompimento da barragem de Brumadinho

Os danos ambientais ocasionados pelo rompimento da barragem de Brumadinho vão levar décadas para
serem recuperados, afetando negativamente na sustentabilidade. O mar de lama com resíduos da mineração
devastou 133,27 hectares de Mata Atlântica, matou centenas de gados, plantas, plantações, além de ter
contaminado o rio Paraopeba, um dos afluentes do São Francisco.

O Ibama chegou a multar a Vale em R$ 250 milhões, mas o valor é pequeno perto das consequências negativas
causadas pelo acidente. A água do rio, por exemplo, que antes era consumida por animais, ficou imprópria,
reduzindo a disposição de oxigênio. Apesar disso, a Vale assegura que a lama não era tóxica.

O solo teve suas características naturais afetadas, afetando negativamente na fertilidade da terra. Trata-se de


um problema que acontece no Brasil desde 1986 e que esbarra principalmente na deficiência da fiscalização do
governo federal, já que são apenas 154 funcionários para darem conta de 24 mil reservatórios espalhados pelo
Brasil.

Rompimento da barragem em Mariana

O rompimento da barragem de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, aconteceu três anos
após o mesmo problema ter atingido a barragem de Mariana, situada ao lado de Ouro Preto (MG).

A tragédia de Mariana foi em novembro de 2015 e deixou um saldo de 15 mortos, entre moradores e
funcionários da empresa Samarco, uma das muitas controladas pela própria Vale.
Assim como na região de Brumadinho, o solo e a água foram contaminados e o Rio Doce foi o mais afetado,
tendo a fauna e flora aquáticas praticamente destruídas pelos resíduos da mineração.

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