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módulo
FÍSICA professor
Blaidi  •  Glorinha  •  Hugo  •  Spinelli

LEIS DE NEWTON
E FORÇA DE ATRITO

nasa
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Lançamento do foguete Saturno V, carregando os astronautas e os módulos da missão Apolo 11.

1
CAPÍTULOs

1ª- lei de Newton: inércia


2 3ª- lei de Newton: ação e reação
3 Força de atrito
4 2ª- lei de Newton: corpos acelerados

1 • 2 • 3 • 4 • 5 • 6 • 7 • 8 • 9 • 10 • 11 • 12 • 13 • 14 • 15 • 16 • 17 • 18 • 19 • 20 • 21 • 22 • 23 • 24
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A conquista da Lua
O ano de 1969 foi um marco na corrida pela conquista do espaço.
Nesse ano, em pleno período da Guerra Fria, que os Estados
Unidos travavam com os países do bloco socialista, comandados
pela Rússia, uma nave americana tripulada pousava na superfície
lunar. Durante a viagem, logo após a nave sair da órbita terrestre
e alinhar-se em direção à órbita da Lua, um dos astronautas
comunicou-se com a base, em Houston, no Texas:
“ Desligamos os equipamentos; Isaac Newton nos dirige agora”.
Daquele momento em diante, até que entrassem em órbita na
Lua, a Apolo 11 estava em movimento por inércia.
Neste módulo serão estudadas as leis que explicam as causas
dos movimentos, as leis de Newton, consideradas essenciais
para a compreensão dos fenômenos da física clássica, como, por
exemplo, a viagem do homem à Lua.

Professor: Consulte o Plano de Aulas. As orientações pedagógicas e sugestões didáticas facilitarão


Objetivos seu trabalho com os alunos.
Ao final deste módulo, você deverá ■ diferenciar a grandeza massa da ■ perceber a força de atrito
ser capaz de: grandeza peso; como uma força resistente ao
movimento e diferenciar atrito
reconhecer o caráter vetorial da ■ entender o princípio de ação e

estático de atrito dinâmico;
grandeza força; reação;
■ estabelecer a equação
■ compreender a inércia como uma ■ identificar algumas forças tais fundamental da dinâmica a
tendência natural de permanecer como normal, tração e força partir da compreensão da 2a lei
em um mesmo estado; elástica; de Newton.

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Edwin Audrin
caminhando pela
superfície lunar
Módulo lunar em direção à superfície da Lua. durante a missão
Observe o planeta Terra ao fundo. Apolo 11.

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CAPÍTULO 1 1a lei de Newton:
inércia

1 A lei da inércia
Figura 1 • Ao pedalar, o Ou: por que é comum associarmos a inércia à preguiça?
ciclista aplica força nos
pedais.
Você está pedalando sua bicicleta e, cansado, resolve se deixar levar por ela, sem
Figura 2 • Deixando de
pedalar, o ciclista percebe fazer esforço. Essa sensação prazerosa, sabemos, não permanece durante muito tem­
que a bicicleta irá desace- po. Logo você percebe que a bicicleta só se mantém em movimento se você conti­
lerar até parar.
nuar a exercer força nos pedais, ou seja, se pedalar. À primeira vista, pode parecer
Figura 3 • Lubrificando as
engrenagens da bicicleta, que só existe movimento enquanto há força, isto é, que, se você não pedalar, o con­

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o ciclista tenta aumentar o junto ciclista-bicicleta irá desacelerar até parar. Seria possível pensar em uma forma
tempo de descanso antes
de voltar a pedalar. de aumentar a distância percorrida pela bicicleta antes de ela parar?
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1 2 3

VoCê precisa saber! F1

As forças (F1, F2,... Fn) são gran- F2


dezas vetoriais, pois é preciso defi­ F3
nir a direção e o sentido de sua apli­
cação, além de sua intensidade.
Fn
F4

A retirada da força exercida nos pedais não desaceleraria a bicicleta caso não hou­
vesse forças externas atuando sobre ela. São essas forças, as chamadas forças de atri­
to, que trazem a bicicleta de volta ao repouso, e não a ausência de nosso esforço ao
pedalar. Se conseguirmos diminuir a intensidade dessas forças, lubrificando os eixos
das rodas, e se a estrada estiver bem lisa, aumentaremos a distância percorrida até
parar. Quanto mais e melhor conseguirmos eliminar as influências externas, maior

4
será a duração do movimento. Numa situação hipotética, se toda e qualquer força con­
trária ao movimento fosse eliminada, este jamais cessaria, pois nada haveria para deter
a bicicleta; ela se deslocaria para sempre, com velocidade constante e em linha reta.
Para tirar a bicicleta de seu estado de repouso é necessária a ação de uma força exter­
na aplicada nos pedais. Mas, uma vez em movimento, se forças contrárias não atuarem
sobre ela, o movimento continua perpetuamente, mesmo que o ciclista não pedale.

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Figura 4 • Ao diminuir as
influências externas, os ci-
clistas conseguem aumen-
tar a distância percorrida
sem pedalar.
Figura 5 • As forças apli-
cadas aos pedais fazem,
F alternadamente, com que
a bicicleta seja retirada de
seu estado de repouso.

Dizemos que a bicicleta, ou outro corpo qualquer, possui uma tendência natu­
ral de manter-se em repouso, quando está parada, e de manter-se em movimento
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retilíneo uniforme (MRU), quando possui velocidade não nula. A essa tendência
natural dá-se o nome de inércia. Sintetizando as ideias de Galileu sobre movimento,
Newton enunciou o que ficou conhecido como sua 1a lei ou lei da inércia:

Todo corpo permanece em seu estado de repouso, ou de movimento uniforme em linha


reta, a menos que seja obrigado a mudar de estado por forças nele aplicadas.

Aplicar, esclarecer, imaginar


A inércia no seu cotidiano
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Em uma freada brusca, o cinto de segurança protege a pessoa da ten- De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), crianças de até 10
dência de continuar em movimento, causada pela inércia. anos devem ocupar o banco traseiro do veículo e usar, individualmen-
te, cinto de segurança ou sistema de retenção equivalente.
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boeing-nasa-esa

O carro tende, por inércia, a manter seu movimento em linha reta. Em caso No espaço, praticamente não há nada que impeça o movimento. A son-
de diminuição do atrito, o efeito dessa tendência aparece mais claramente. da move-se naturalmente em movimento retilíneo e uniforme (MRU).

5
Deve ser ressaltado que uma experiência na qual todas as influências externas
são eliminadas só pode ser idealizada, não sendo possível realizá-la, nem mesmo
nos laboratórios mais sofisticados, pois não há como eliminar todo o atrito. Essa é a
beleza do pensamento científico: especular como seriam as condições ideais, se fosse
possível reproduzi-las, e deduzir uma lei consistente com a suposta observação.

Os estados de repouso e de movimento retilíneo uniforme caracterizam o que chama-


mos de equilíbrio estático e equilíbrio dinâmico, respectivamente. Em ambas as situa-
ções, a resultante de forças (FR) sobre os corpos é nula.

Figura 6 • Vista superior de 6


dois rebocadores puxando
um navio. Se a soma veto- F1
rial das forças que atuam
em um corpo é nula, dize- F3
mos que a resultante de
forças sobre ele também é
nula. Neste exemplo, a for-
F2
ça F3 é a força de resistên-
cia da água ao movimento
do navio.
FR 5 F1 1 F2 1 F3 5 0

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Já sabe responder?
Por que é comum
associarmos A inércia
à preguiça?

A lei da inércia fala de uma tendência de permanência, de certa resistência em mudar de estado. Isso

explica a ideia de Garfield explicitada na tira pela sua permanência no estado de repouso.

EXERCíCIOs resolvidos

R1 Leia o diálogo entre o motorista de ônibus e o passageiro.

Explique, segundo a 1a
lei de Newton, por que
o passageiro no ônibus
se sentirá lançado para
a direita quando o mo-
torista fizer uma curva
para a esquerda. Por
que ele precisará se-
gurar-se   firmemente,
no caso de uma freada
brusca?

6
■ Resolução
Ao fazer uma curva para a esquerda, o ônibus muda a direção de seu movimen-
to. O passageiro, por inércia, tende a manter a direção original do movimento
do ônibus, ou seja, o ônibus faz a curva, e o passageiro permanece na mesma
trajetória. Em relação ao chão do ônibus, ele mantém o movimento retilíneo,
sendo lançado em sentido oposto, para a direita. O mesmo princípio se aplica
no caso de uma freada brusca. A tendência do passageiro é se manter na ve-
locidade que possuía antes da freada. Isso quer dizer que o ônibus para e ele
continua em movimento por inércia; logo, em relação ao chão do ônibus, será
lançado para a frente.

Exercícios dos conceitos


1 Em um jogo de boliche infan-
til, a bola lançada no chão do
quintal rola, rola e para an-
tes de atingir o último pino.
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Havendo somente mais uma


chance de tentar ganhar o
jogo, o jogador resolve varrer
o chão, lustrar a bola e calcula
que, se lançá-la com a mesma
força de antes, na mesma tra-
jetória, conseguirá atingir o
derradeiro pino.

a) Por que o movimento da bola cessa? Como explicamos, segundo a lei da inér-
cia, por que a bola para antes de atingir o último pino?

O movimento cessa porque existem forças externas atuando na bola; são as

forças de atrito entre o chão e a bola, entre a bola e o ar etc. Pela lei da inércia,

se não houvesse forças de resistência, o movimento jamais cessaria e, portanto,

seria impossível que a bola não atingisse o último pino.

b) Por que limpar o chão e lustrar a bola modificam a situação do primeiro lança-
mento?

Ao lustrar a bola e limpar o chão, reduzem-se as forças de resistência ao


movimento, diminuindo-se os atritos, e a bola tenderá a rolar mais facilmente.

2 Nas grandes cidades, é comum vermos passageiros impacientes que saltam do


ônibus quando ele ainda está em movimento. Por que, segundo a lei da inércia,
isso pode ser muito perigoso?

Os passageiros em movimento dentro de um ônibus movem-se na mesma velocidade do

veículo. Sendo assim, ao saltarem do ônibus, por inércia, tendem a manter a velocidade

que tinham antes de saltar (velocidade do ônibus) e a mesma direção do movimento.

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3 Analise a afirmação verificando se ela é verdadeira ou falsa. Justifique.
Em determinado instante de uma viagem de carro, verifica-se que a resultante
de forças sobre o carro é nula. Necessariamente, nesse instante o carro estará em
repouso em algum ponto da estrada.
A afirmação é falsa, pois a resultante de forças nula é possível em dois casos:

quando o carro está em repouso ou em movimento retilíneo uniforme (MRU). Logo,

o carro pode estar parado, mas também pode estar em MRU.

4 Se uma força única, de módulo diferente de zero, atua sobre um corpo, podemos
concluir que ele não está em equilíbrio? Por quê?

Sim, porque o fato de o módulo da força resultante não ser nulo impede o estado

de equilíbrio.

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5 Verifique a veracidade da afirmação seguinte. Justifique sua escolha.
Uma partícula está em equilíbrio sob a ação de apenas duas forças de mesmo
módulo. Então elas têm a mesma direção e o mesmo sentido.
A afirmação é falsa, pois o equilíbrio supõe força resultante nula. Logo, em uma

situação em que duas forças de mesmo módulo são aplicadas, é necessário que elas

tenham mesma direção, porém sentidos opostos.

2 Massa e peso
ou: por que a baixa gravidade não emagrece?
Em estradas de nosso país vemos pla­
iara venaNzi / kino

7
cas de sinalização como as representadas
na figura 7.
Um veículo em movimento tende a se
manter nesse estado e, para ser freado, é
necessário que atuem sobre ele forças ex­
ternas de resistência ao movimento. No
caso de ônibus e caminhões, percebe-se
que a força externa que os trará ao repou­
so é maior do que aquela necessária para
Glossário
frear um veículo de menor massa, como
Aquaplanagem.
Perda de controle ou
um carro, por exemplo.
de equilíbrio de um
Figura 7 • Por que é necessário que os limites de velocidade
veí­culo, causada pe-
nas estradas sejam diferentes para carros e veículos pesados
la falta de aderência como ônibus e caminhões? Por que há um perigo iminente
dos pneus à pista mo- quando percebemos um caminhão em velocidade acima do
lhada. permitido em uma rodovia? Em dias chuvosos, as velocidades
máximas são menores devido aos efeitos da aquaplanagem.

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O caminhão, de maior massa, tem maior inércia em relação à inércia do carro,
isto é, quando em repouso, o caminhão tem maior tendência a permanecer assim
(é muito difícil conseguirmos empurrar um caminhão) e, quando em movimento,
manterá mais facilmente esse estado, ou seja, resistirá mais a parar.

Massa é uma grandeza escalar que fornece a medida da inércia de um corpo, por is-
so muitas vezes recebe o nome de massa inercial. A unidade de medida da massa no
Sistema Internacional de Unidades (SI) é o quilograma (kg).

Ao lermos nas embalagens de alguns produtos que o “peso líquido é igual a 1,0 kg”,
podemos supor que massa e peso são, indistintamente, expressos em quilogramas, o
que não é verdade, pois se trata de grandezas de naturezas diferentes.

O peso de um corpo na Terra é a força com que esse corpo é atraído para o centro
da Terra.
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Sendo assim, peso de um corpo é uma força – portanto, uma grandeza vetorial
– cuja intensidade depende da ação gravitacional do planeta pelo qual o corpo
está sendo atraído e cuja direção é vertical, com sentido para baixo, como ilustra
a figura 9.
bipm

8 9

Figura 8 • O quilograma é
a massa equivalente a um
P
padrão composto por irídio
e platina, que está mantido
no Museu Internacional de
Pesos e Medidas na cidade
de Sèvres, França, desde
1889. Consiste em um ci-
lindro equilátero de 39 mm
de altura por 39 mm de
diâmetro. Observe que es-
C tá envolvido por três redo-
mas de vidro, cuja função
é protegê-lo de eventuais
contaminações, que pode-
riam alterar a sua massa.
Figura 9 • O peso é uma
força de direção vertical
e sentido dirigido para o
centro do planeta, repre-
sentado pelo ponto C.

Uma das unidades de medida do peso é o quilograma-força, kgf, assim definido:

Um corpo de massa 1 kg, na Terra, em um local onde a aceleração da gravidade é


9,8 m/s2, é atraído com uma força de intensidade 1 kgf.

No Sistema Internacional, a unidade de medida de peso e, consequentemen­


te, de força é o newton (N). Admite-se que 1 kgf equivale a uma força de cerca
de 10 N.

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fernando favoretto / criar imagem

eduardo santaliestra
Figura 10 • Observe a re- 10 11
lação incorreta associada
ao conceito de peso. Para
escrever corretamente, o
fabricante poderia usar:
massa líquida – 5 kg, ou
peso líquido – 5 kgf.
Figura 11 • Observe a re-
lação correta associada
ao conceito de peso. Para
descrever a capacidade ou
força que o elevador su-
porta, o fabricante utiliza a
unidade kgf.

Quase tudo em nosso cotidiano nos leva a relacionar, intuitivamente, massa com
peso. Essa relação não é de equivalência e se dá por meio da ação gravitacional. Na
Terra, na Lua ou em qualquer planeta, para a mecânica newtoniana, a massa e, portan­
to, a medida da inércia são invariáveis. Isso quer dizer que uma eventual sensação de
leveza em local de “baixa gravidade” se dá porque os agentes da atração gravitacional
atuam com força menor. A medida da inércia, no entanto, não muda.

VoCê precisa saber!

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O grama-força (gf) é um submúltiplo do kgf. Adota-se:

1 kgf 5 103 gf

Já sabe responder?
por que a baixa gravidade não emagrece?
Se houvesse uma maneira de nos pesar em uma
balança submetida à menor atração gravitacional, ela
acusaria um peso menor. Entretanto, não estaríamos,
de fato, mais magros, pois nossa inércia continuaria
a mesma, uma vez que ela não depende da atração
gravitacional.

O garoto está se pesando em dois locais distintos, com atrações gravitacio-


nais diferentes. A atração gravitacional da Lua sobre os corpos é aproxima-
damente seis vezes menor que a da Terra.

EXERCíCIOs resolvidos

Vidros R2 Não é novidade que o medo da violência


Blindagem
laminados Colunas tornou o Brasil um recordista em blindagem
balísticos
Proteção do teto Atrás automotiva. Carros blindados, no entanto,
entre o
painel e
do banco
e porta-
não oferecem apenas vantagens. A condução
o motor -pacotes desses carros deve levar em consideração o
aumento de massa, devido, principalmente,
ao uso de vidros e chapas de metal mais es-
pessos. Depois de blindado, um veículo pode
Caixas Portas Tanque de ganhar até 200 kg de massa, que acarretarão
Blindagem
de rodas por dentro Blindagem combustível mudanças na frenagem.
por trás das Caixas
Bateria dos espelhos
fechaduras de rodas A quais mudanças na frenagem o texto se
retrovisores
refere? Explique do ponto de vista da 1a lei
Disponível em: www.autoshow.com.br. Acesso em: 29 abr. 2008. de Newton.

10
■ Resolução
O veículo, ao ser blindado, passa a ter maior massa e, portanto, tem também sua
inércia aumentada. Assim, no caso de uma freada, a sua tendência de permanecer
em movimento será maior do que aquela de um carro não blindado.

R3 Por que segundo o senso comum não há distinção entre massa e peso?
■ Resolução
Isso ocorre porque na Terra há equivalência entre o valor do peso em kgf e da
massa em kg. Como um corpo de massa 70 kg pesa 70 kgf na Terra, cotidiana-
mente se faz uso incorreto dessa igualdade adotando-se o quilograma como uni-
dade de medida da força peso.

Exercícios dos conceitos

fernando favoretto
6 Observe esta placa na parede de um elevador:
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A placa confunde massa e peso. Qual é o


modo correto de descrever o peso máximo do
elevador? Justifique.

Ao descrever o peso máximo permitido (capacidade licenciada) no elevador,

a placa deveria apresentar a medida em kgf ou newton, que são unidades de força.

A unidade kg só serve para medidas de massa.

7 Ao pousar no planeta Marte, o robô Sojourner

nasa / jpl
começou a enviar para a Terra dados sobre a su-
perfície marciana.
Na superfície da Terra, sua massa era de 11,5 kg.
Qual será sua massa em Marte? Seu peso em
Marte será diferente daquele medido na Terra?
Justifique sua resposta.

A massa é a medida da inércia de um corpo. Sendo assim, ela será a mesma aqui

ou em Marte. Lá a massa do robô continuará a ser 11,5 kg. Seu peso, no entanto,

será menor, uma vez que em Marte a aceleração gravitacional é aproximadamente

2,5 vezes menor que na Terra. Assim, o robô será 2,5 vezes menos atraído e,

consequentemente, 2,5 vezes menos pesado em Marte.

8 Utilizando os conceitos relacionados à 1a lei de Newton, explique por que antes


de começarmos a mudar uma estante de lugar retiramos dela a maior quantida-
de de livros possível.

Ao retirarmos os livros da estante, diminuímos a massa que deveremos tirar do

repouso. Se a massa for menor, a tendência da estante de permanecer em repouso

também será menor, uma vez que a inércia diminuiu.

11
Professor: As resoluções destes exercícios estão dis-
poníveis no Plano de Aulas deste módulo. Consulte

Retomada dos conceitos também o Banco de Questões e incentive os alunos


a usar o Simulador de Testes.

1 (PUC-MG) A respeito do conceito de inércia, pode-se corresponde apenas ao seu conteúdo. Em um pote
dizer que: de mel pode-se ler a frase: “Peso líquido 500 g”. Nes-
se sentido, analise quanto à coerência com os siste-
a) inércia é uma força que mantém os objetos em re-
mas de unidades adotados na física, se as afirmativas
pouso ou em movimento com velocidade constante.
a seguir são falsas ou verdadeiras, uma vez que a fra-
b) inércia é uma força que leva todos os objetos ao se indicada na embalagem:
repouso.
c) um objeto de grande massa tem mais inércia que I. está errada, porque o peso é uma força e só pode
um de pequena massa. ser expresso em newtons (N).
II. estaria certa, se o peso líquido fosse expresso em
d) objetos que se movem rapidamente têm mais
gf (grama-força).
inércia que os que se movem lentamente.
III. está certa, porque g representa o campo gravita-
cional e o peso depende do planeta onde está o
2 (U. F. Lavras-MG) Você está no mastro de um barco corpo.
que está em movimento retilíneo uniforme. Você IV. está errada, porque o peso não pode ser expres-
deixa cair uma bola de ferro muito pesada. O que so em gramas. 
você observa?
Considerando as afirmativas, a combinação correta é:
a) A bola cai alguns metros atrás do mastro, pois o a) I e II verdadeiras / III e IV falsas.
barco desloca-se durante a queda da bola. b) I e III falsas / II e IV verdadeiras.

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b) A bola cai ao pé do mastro, porque ela possui inér- c) I e IV falsas / II e III verdadeiras.
cia e acompanha o movimento do barco. d) I, II e III falsas / IV verdadeira.
c) A bola cai alguns metros à frente do mastro, pois o e) I, II e IV verdadeiras / III falsa.
barco impulsiona a bola para a frente.
d) Impossível responder sem saber a exata localiza- 5 (UEL-PR) Um observador vê um pêndulo preso ao
ção do barco sobre o globo terrestre. teto de um vagão e deslocado da vertical como mos-
tra a figura a seguir.
3 (PUC-SP) Leia a tira a seguir:
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A B

Sabendo que o vagão se desloca em trajetória retilí-


nea, ele pode estar se movendo de:
a) A para B, com velocidade constante.
b) B para A, com velocidade constante.
c) A para B, com sua velocidade diminuindo.
d) B para A, com sua velocidade aumentando.
e) B para A, com sua velocidade diminuindo.

6 (UFRJ – adaptado) Um método de


medir a resistência oferecida por um
fluido é mostrado na figura ao lado:
Uma bolinha de peso 15 gf des-
ce verticalmente ao longo de um
A balança está equivocada em relação à indicação tubo de vidro graduado totalmen-
que deve dar ao peso do sanduíche. Na tira apresen- te preenchido com glicerina. Com
tada, a indicação correta para o peso do sanduíche ajuda das graduações do tubo,
deveria ser: percebe-se que, a partir de um de-
a) 2.000 N d) 2 kg terminado instante, a bolinha per-
b) 200 N e) 20 g corre distâncias iguais em intervalos de tempo iguais.
c) 2 N Nessas condições, sendo g a aceleração da gravidade:
a) calcule a resultante das forças que atuam sobre a
4 (Unirio) É comum as embalagens de mercadorias bolinha;
apresentarem a expressão “Peso líquido”. O termo b) calcule o módulo da força que o fluido exerce
“líquido” sugere que o valor indicado na embalagem sobre a bolinha.

12
CAPÍTULO 2 3a lei de Newton:
ação e reação

1 Ação e reação
OU: por que não podemos tocar sem sermos tocados?
As interações entre dois ou mais corpos po-

felipe rodriguez / alamy-other images


1
dem ser de dois tipos: de contato ou de campo.
Uma interação por contato se dá quan-
do empurramos um livro sobre a carteira,
seguramos a caneta para escrever (figura 1)
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ou chutamos uma bola. A troca de forças


ocorre porque tocamos o livro, a caneta e
a bola. Tais forças são denominadas forças
de contato.
Quando a Terra exerce uma força sobre um
objeto em queda, trazendo-o para a superfí-
cie, ou quando um ímã atrai alfinetes distantes
dele (figuras 2 e 3), as forças de atração entre esses corpos existem independente- Figura 1 • A interação en-
tre a mão do adolescente
mente de haver contato entre a Terra e o objeto ou entre o ímã e o alfinete. São, por e a caneta permite que ele
isso, denominadas forças de campo. escreva. Tal interação é de
contato.

2 3

Seja de campo ou de contato, uma força necessariamente determina a interação Figuras 2 e 3 • As interações
entre os corpos das figuras
entre dois ou mais corpos. A ideia de que na natureza nenhuma força existe isola- (alfinetes sendo atraídos pelo
ímã e a rocha em queda livre
damente, isto é, sem seu par, é expressa pela 3a lei de Newton. A mão do boxeador, sendo atraída pela Terra) não
por exemplo, exerce uma força no rosto do oponente, que, por sua vez, mesmo in- necessitam de contato entre
eles para que ocorram.
voluntariamente, exercerá uma força na mão do boxeador. Essas forças terão mesma
intensidade, mesma direção, porém sentidos opostos. Apesar de serem forças de
mesma intensidade, provocam efeitos distintos, já que uma delas está aplicada no
rosto (frágil e desprotegido) e a outra está sendo aplicada na mão (mais resistente
e coberta pela luva). Isso explica por que o rosto do boxeador que recebeu o soco
geralmente dói mais do que a mão daquele que desferiu o soco.

13
Outro exemplo de aplicação da 3a lei de Newton ocorre no caso da brincadeira
chamada cabo de guerra. Na figura 4, existem pares de forças de contato. Os compo-
nentes das equipes exercem força sobre a corda, e a corda, por sua vez, exerce força
sobre esses componentes.

pete stone / corbis-latinstock


4

Figura 4 • O cabo de guerra.


Outro par ação-reação é aquele em que uma força proveniente da Terra atua sobre um
objeto em queda. Haverá, como reação, uma força do objeto sobre a Terra (figuras 5 e 6).
Podemos, então, enunciar a 3a lei de Newton do seguinte modo:

Toda força (ação) que surgir num corpo como resultado da interação com outro corpo
faz surgir nesse outro uma força, chamada de reação, cuja intensidade e direção são as

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mesmas da ação, mas de sentido oposto.

5 6

P’

Figuras 5 e 6 • A maçã é atraí­da pela Terra com a força peso P, que leva a maçã em direção ao centro do planeta. Pela 3a lei de Newton, a maçã reage a
essa força, atraindo a Terra com uma força Pe de mesma intensidade, mesma direção e sentido oposto, o que, porém, não causa sobre a Terra nenhum
efeito perceptível, devido à enorme massa do planeta (5,98 3 1024 kg).

Observe nas figuras 7 e 8 mais dois exemplos de aplicação da 3a lei de Newton.


tim tadder / corbis-latinstock

david r. frazier / PR-latinstock

7 8

Figura 7 • Para escalar a pedra, o homem precisa exercer uma Figura 8 • Ao empurrar a caixa, o homem recebe a mesma força de volta em suas mãos.
força sobre ela para baixo. Como reação, a pedra o empurrará No entanto, é a caixa que se move, e não o homem. As forças são iguais, porém os efei-
para cima. tos que elas causam não são os mesmos. Isto é, a força que provoca movimento na caixa
não é capaz de fazer o mesmo com o homem.

14
2 Três forças importantes na mecânica
2.1 Reação normal de uma superfície de apoio
a uma compressão (N)
A figura 9 representa uma mesma bolsa em repouso, em três situações distintas.
Na figura 9A, a bolsa exerce uma força sobre a mesa (decorrente de seu peso), mas
apesar disso se mantém parada. Isso ocorre porque a mesa exerce uma força sobre
a bolsa como reação à compressão que recebe dela. Essa reação da superfície à
compressão exercida sobre ela é denominada força normal (N), que neste caso tem
módulo igual ao módulo do peso da bolsa. Dessa maneira, a resultante sobre a bolsa
é nula, e ela permanece em repouso.
Nas figuras 9B e 9C, atua sobre a bolsa uma força F vertical para cima. Apesar de
o módulo do peso da bolsa não se alterar, a intensidade da força normal é menor na
figura 9B e nula na figura 9C.
F
9A 9B 9C

N F
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

P
P P F=P
N=P N+F=P N=0

2.2 Tensão ou tração


jeffrey l. rottmAn / corbis-latinstock

10 11

em fios (T ) Fio

Se dois ou mais corpos estão ligados por T


Figura 10 • O peso do me-
um fio e existe troca de forças entre eles, nino é dividido em dois e
há uma força chamada de tensora ao longo “conduzido” pelos fios ao
suporte. Cada um dos fios,
do fio. Chamaremos essa força tensora de dessa maneira, está subme-
tensão. A tensão T tem a direção do fio. Se tido a uma tensão que tem
intensidade igual à metade
o fio for inextensível e tiver massa despre- P do peso do garoto.
zível, não haverá restrições ao movimento Figura 11 • No equilíbrio
causadas por ele, que passará, então, a se do balde, T 5 P. Note que
Terra T e P não constituem um
comportar como um “condutor” de forças. par ação-reação.
edward kinsman / Pr-latinstock

2.3 Força elástica (F el.) 12

Quando usamos um elástico para prender os cabelos, para construir um estilin-


gue ou mesmo quando apertamos uma bolinha de borracha, estamos certos de que,
após sua deformação, esses objetos voltarão à sua forma original. A propriedade de
alguns materiais associada à restituição de seu formato após sofrerem pequenas de-
formações temporárias tem o nome de elasticidade.
Figura 12 • A bola, ao bater nas cordas da raquete, se deforma e age sobre as cordas,
deformando-as também. A restituição, apesar de parecer, não é total. Parte das defor-
mações é permanente e vai se tornando perceptível com o passar do tempo.

15
Alguns tipos de fio também apresentam elasticidade. Um barbante de fios de algo-
dão, usado para fazer pacotes, ou uma linha de nylon usada para pescar se apresentam
Figura 13 • Esquema de
uma mola em seu compri-
deformados após a aplicação de uma força. Dependendo da intensidade da força apli-
mento natural x0, ou seja, cada, voltam a ter o tamanho original. Uma mola tem a característica de se comportar
sem deformação, e a mes-
ma mola sujeita à força pe- do mesmo modo. Em 1650, Robert Hooke (1635-1703), cientista inglês, verificou que,
so, com deformação xn. O mantendo presa uma das extremidades de uma mola e aplicando-lhe uma força na outra
gráfico mostra a força elás-
tica versus a deformação da extremidade, ela se deformava, aumentando ou diminuindo de tamanho. Observou ain-
mola (a força elástica tem a da que a variação no comprimento da mola era proporcional à intensidade da força apli-
mesma intensidade que o
peso aplicado à mola). cada até o chamado limite elástico, que ocorre quando a mola perde sua elasticidade.
13
Gráfico de força elástica # deformação
Fel.
Mola k P4

Mola k P3
x0 x0

P2

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xn
P1

P0

0 x0 x1 x2 x3 x4 x
P

A lei de Hooke estabelece a relação entre a força elástica e a deformação e pode


Você se lembra?
ser diretamente deduzida do gráfico:
Uma função de 1o
grau é represen-
tada graficamente Fel.∙ x  ]  Fel. 5 k 3 x
por uma reta. No
caso de a reta pas-
Nesta lei, a constante k é a constante de proporcionalidade da função. Ela repre-
sar pela origem do
sistema de eixos, senta a quantidade de força que deforma a mola por unidade de comprimento.
a equação que re- A força elástica Fel. tem a direção da deformação e sentido contrário a ela, ou seja,
presenta a função se a mola for esticada para a direita, o sentido da força elástica será para a esquerda;
é do tipo y 5 a 3 x. se a mola for deformada para baixo, o sentido da força elástica será para cima, e
y assim por diante (figura 14).
14
A Estado original B Mola comprimida
Fel. F
x

Figura 14 • Na figura A, a
mola está no seu estado
original. Na figura B, a for-
ça aplicada provoca o que
chamamos de compressão. C Mola distendida
Perceba que a força elástica Fel. F
atua tentando restituir à
mola o seu comprimento
natural. O mesmo ocorre na
figura C, com a diferença de
que a força aplicada provo-
ca uma distensão na mola.

16
A constante de proporcionalidade (k) é denominada constante elástica da mola e
mede a resistência da mola à deformação, ou seja, mede a sua capacidade de restituição.
A lei de Hooke sugere uma forma de medir forças: calibra-se uma mola para que
o aumento de seu comprimento sirva de medida de intensidade da força aplicada.
Chama-se dinamômetro uma mola calibrada para medir forças.
15

newton (N)

0 1 2 3 4

newton (N) 5
4
F = 1N 3 Figura 15 • Em um dina-
2
1 mômetro, o aumento no
0 1 2 3 4 comprimento da mola
provocado pela aplicação
de uma força é usado para
determinar a sua medida
em newtons (N) ou em
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quilogramas-força (kgf).

Zave smith / corbis-latinstock


Já sabe responder?
por que não podemos tocar
sem sermos
a
tocados?
Pela 3 lei de Newton, quando se toca alguém ou
algo, existe uma interação entre os corpos, havendo,
portanto, uma força de ação exercida sobre aquilo
que se toca e uma de reação sofrida pelo corpo
agente do toque. No caso do abraço da foto ao lado,
supondo que a mulher exerceu força sobre a criança,
esta, mesmo que involuntariamente, também exerceu
força sobre a mulher.

EXERCíCIOs resolvidos

R1 Os corpos A e B da figura estão em equilíbrio. Os fios 1 e 2 são inextensíveis e têm


massa desprezível. Considere as massas de A e de B, respectivamente, iguais a
0,5 kg e 1,5 kg. Fio 1

a) Represente todas as forças que atuam nos dois corpos separadamente. A

■ Resolução Fio 2

T1 B

T2

A B

PA T2 PB

17
b) Determine a intensidade da tração no fio que liga os dois corpos e no fio que
liga o corpo A ao teto, em kgf.

■ Resolução
Sabemos que, se o sistema está em equilíbrio, a resultante de forças nos blo-
cos A e B é nula. Logo:
■  No bloco B, a equação é:
■  PB 5 T2, então T2 5 1,5 kgf.
■  No bloco A, a equação é:
■  T2 1 PA 5 T1. Sendo assim, substituindo na equação, vem:
■  1,5 kgf 1 0,5 kgf 5 T1.
■  Então:
■  T1 5 2,0 kgf.
Assim, os valores das trações nos fios são, respectivamente:
T2 5 1,5 kgf   e  T1 5 2,0 kgf

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c) Se a resistência do fio fosse ultrapassada, ele se romperia entre A e B ou entre
A e o teto? Explique.

■ Resolução
O fio se rompe onde a força de tração é maior, ou seja, entre o bloco A e
o teto.

A
R2 Os pacotes A e B da figura têm peso respectivamente igual a 50 N e 20 N.
a) Represente as forças que atuam em cada um deles isoladamente.
B
■ Resolução

FB, A
Como se lê
F A, B: Força que o A B
corpo A aplica no
corpo B.
F B, A: Força que o PA PB FA, B
corpo B aplica no
corpo A.

b) Determine a intensidade das forças representadas no item a.

■ Resolução
Como o sistema de pacotes está em repouso, sabemos que a resultante será
nula tanto no pacote A quanto no pacote B. Logo,
■  No pacote A, a equação é: PA 5 FB, A 5 50 N (note que, como A não está em
contato com o apoio do sistema, não convém chamar FB, A de reação normal
da superfície de apoio).

18
■ No pacote B, lembrando que FB, A 5 FA, B porque constituem um par ação-
-reação, vem: FA, B 1 PB 5 N (reação normal da superfície de apoio).
■ Então: N 5 50 N 1 20 N 5 70 N

Note que, apesar de PA e FA, B terem mesma intensidade, não é correto di-
zermos que em B está também PA. O peso de A, como o nome diz, é pro-
priedade do pacote A e, portanto, só pode ser representado como estando
em A. No pacote B está a força que A aplica em B. Nesse caso, elas têm
mesma intensidade.

c) Descreva onde estão as reações a cada uma das forças representadas no


item a.

■ Resolução
As reações ao peso de A e ao peso de B estão no centro da Terra. A reação
a FA, B está em B e a reação a FB, A, em A. A reação à normal está na superfície
de apoio.

R3 A figura representa um corpo de massa 45 g que deforma uma mola de constan-


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te elástica 7,5 gf/cm, mantendo contato com a superfície de apoio.


Supondo o sistema em equilíbrio, determine:
a) A representação gráfica das forças que agem no corpo.

■ Resolução
O esquema de forças no corpo é:

N
Fel.

Nesse esquema, temos que:


Fel. é a força de reação da mola à deformação provocada pelo corpo.
N é a força de reação da superfície de apoio à compressão do corpo.
P é o peso do corpo.

b) A deformação sofrida pela mola, sabendo que o corpo comprime a superfície


de apoio com uma força de intensidade 15 gf.

■ Resolução
Na situação de equilíbrio, temos que a força resultante é nula (FR 5 0).
Logo: Fel. 1 N 5 P
Como N 5 15 gf, então:
Fel. 5 P 2 N  ]  Fel. 5 45 2 15  ]  Fel. 5 30 gf
Pela lei de Hooke, vem:
Fel. 5 k 3 x  ]  30 5 7,5 3 x  ]  x 5 4 cm
Portanto, a medida da deformação sofrida pela mola é de 4 cm.

19
Exercícios dos conceitos
1 Explique por que não seria possível viajar da Terra à Lua com um avião a hélice.
Nesse tipo de avião, a hélice exerce uma força sobre o ar, empurrando-o para

trás, e, como reação, o ar exerce uma força sobre a hélice (presa ao avião),

empurrando o avião para frente. Como em uma viagem à Lua há um longo

percurso sem a presença de ar, o movimento não seria possível.

2 Como se aplica o princípio da ação e reação no movimento de um foguete?


No foguete, os gases resultantes da explosão do combustível são ejetados

para fora dele em uma certa direção e sentido através de aberturas na

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fuselagem. Como reação, os gases aplicam forças no foguete em sentido

contrário, provocando o movimento. É importante notar que não há

necessidade de ar para que o foguete se mova ou mude de direção. Não é

uma interação com o ar que gera o movimento, mas sim a força de reação

gerada pelos gases ejetados.

3 Um garoto aguarda o início de um passeio de carroça (figura), observando os bois


que irão puxá-la e refletindo sobre a 3a lei de Newton. Então ele elabora a seguinte
proposição a respeito da situação:
”Pela lei da ação e reação, quando o boi puxar a carroça, esta também irá puxá-lo.
Como as forças serão iguais e terão sentidos contrários, o boi não conseguirá
mover a carroça, que, assim, jamais sairá do lugar”.

Explique quais são as incorreções presentes na proposição do garoto em relação


aos conceitos envolvidos na 3a lei de Newton.
O boi aplica força na carroça e esta, como reação, exerce força sobre ele. As duas

forças não se anularão porque estão aplicadas em corpos diferentes. A força que

o boi aplica na carroça só poderia ser anulada por outra força de mesma direção e

sentido contrário, porém aplicada na própria carroça, e não no boi.

20
4 As tabelas abaixo representam os dados obtidos na calibração de duas molas
que serão utilizadas em dinamômetros.

Força (N) 0 10 20 30 40 50 60 70 80
Mola 1
Deformação (m) 0 0,4 0,8 1,2 1,6 2,0 2,4 2,8 3,2
Força (N) 0 20 40 60 80 100 120 140 160
Mola 2
Deformação (m) 0 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40

a) Construa os gráficos Força # Deformação das duas molas, em um único siste-


ma de eixos cartesianos, a partir dos dados tabelados.

Força (N)
160 Mola 2
150

140

130
120
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

110

100

90
Mola 1
80
70

60

50

40

30

20

10

0 0,2 0,4 0,8 1,2 1,6 2,0 2,4 2,8 3,2 Deformação (m)

b) Determine a constante elástica de cada uma das molas.


k1 5 25 N/m; k2 5 400 N/m

c) Interprete, em relação à elasticidade, a diferença entre os valores obtidos no


item b.
A mola 1 é mais elástica do que a mola 2. Uma força menor, de 25 N, que

equivale ao peso de uma massa de 2,5 kg, provoca na mola 1 uma deformação

de um metro. Para causar a mesma deformação na mola 2, é preciso aplicar-lhe

uma força de 400 N, o que equivale ao peso de uma massa de 40 kg.

d) Um dos dinamômetros será utilizado por um comprador de papel e usado para


medir forças de valor elevado. Qual deles ele deveria escolher? Justifique.
O comprador deve escolher a mola 2. Ela resiste mais à deformação, pois possui

constante elástica maior.

21
5 Uma criança brinca com blocos de madeira.
Os blocos marcados com os números 9, 7 e 3 têm massa res-
pectivamente igual a 200 g, 100 g e 50 g e encontram-se em
equilíbrio, um sobre o outro.
a) Represente as forças que estão atuando em cada bloco
separadamente e encontre os pares ação-reação.

N
F9, 7
9
7 F7, 3
3

F7, 9 F3, 7
P3
P7
P9

As reações dos pesos P3, P7 e P9 estão localizadas no centro da Terra.


b) Determine a intensidade de cada uma das forças representadas no item a.
Dê as respostas em gf ou kgf.

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


Professor: Este exercí- F7, 3 5 F3, 7 5 0,05 kgf ou 50 gf; F9, 7 5 F7, 9 5 0,15 kgf ou 150 gf;
cio pode apresentar o
submúltiplo do kgf de- N 5 0,35 kgf ou 350 gf; P3 = 50 gf ou 0,05 kgf; P7 = 100 gf ou 0,1 kgf; P9 = 200 gf
nominado grama-força,
ou gf. Lembramos que
1 kgf 5 1.000 gf. ou 0,2 kgf.

Professor: As resoluções destes exercícios estão dis-
poníveis no Plano de Aulas deste módulo. Consulte

Retomada dos conceitos também o Banco de Questões e incentive os alunos


a usar o Simulador de Testes.

1 (U. F. Viçosa-MG) Em 13 de janeiro de 1920, o jornal The Sabendo que a massa do animal é 400 kg e que a tra-
New York Times publicou um editorial atacando o cien- ção no cabo que o liga à carroça é de 1.000 N, podemos
tista Robert Goddard por propor que foguetes pode- afirmar que a resultante de forças sobre a carroça é
riam ser usados em viagens espaciais. O editorial dizia: a) 100 N c) nula e) 400 N
b) 4.000 N d) 1.000 N
“É de se estranhar que o prof. Goddard, apesar de
sua reputação científica internacional, não conheça 3
1991 Paws, inc. all rights reserved / dist. by
atlantic syndication/universal press syndicate

a relação entre as forças de ação e reação e a neces-


sidade de ter alguma coisa melhor que o vácuo con-
tra a qual o foguete possa reagir. É claro que falta a
ele o conhecimento dado diariamente no colégio.”

Analise o editorial, indicando quem tem razão e por


quê, baseando sua resposta em algum princípio físi-
co fundamental.

2 (PUC-SP) Um animal puxa uma carroça e ela move-se


em linha reta e com velocidade constante de 20 km/h.

Do ponto de vista da Física, a sequência apresentada


na tira acima contraria a 3a lei de Newton. Explique
por quê.

22
4 (Mackenzie-SP) Uma mola helicoidal de compri- 8 (UFF-RJ) Um fazendeiro possui dois cavalos igual-
mento natural 20 cm pende verticalmente quando mente fortes. Ao prender qualquer um dos cavalos
é presa pela extremidade superior. Suspendendo-se com uma corda a um muro (figura 1), observa que
um corpo de massa 200 g pela extremidade inferior, o animal, por mais que se esforce, não consegue
seu comprimento passa a ser 25 cm. A constante arrebentá-la. Ele prende, em seguida, um cavalo ao
elástica da mola é: outro, com a mesma corda. A partir de então, os dois
a) 4,0 N/m. d) 4,0 3 102 N/m. cavalos passam a puxar a corda (figura 2) tão esforça-
damente quanto antes.
b) 8,0 N/m. e) 5,0 3 102 N/m.
c) 4,0 3 101 N/m.

5 (U. F. Viçosa-MG) Um experimentador fez um estu-


do da deformação de uma mola em função da força
aplicada e construiu o gráfico a seguir.
Força (N)

figura 1 figura 2
30
A respeito da situação ilustrada pela figura 2, é corre-
20 to afirmar que:
a) a corda pode arrebentar, pois os dois cavalos po-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

10 dem gerar, nessa corda, tensões até duas vezes


maiores que as da situação da figura 1.
Deformação (cm)
b) a corda não arrebenta, pois a resultante das forças
2 4 6 exercidas pelos cavalos sobre ela é nula.
c) a corda arrebenta, pois não é tão resistente para
A relação matemática entre o módulo da força (F) e segurar dois cavalos.
a deformação (x), respeitadas as unidades mostradas d) não se pode saber se a corda arrebenta ou não,
no gráfico, pode ser expressa por: pois nada se disse sobre sua resistência.
a) F 5 30x d) F 5 5x e) a corda não arrebenta, pois não está submetida a
b) F 5 6x e) F 5 2x tensões maiores que na situação da figura 1.

@  #
6
c) F 5 ​ ___
​     ​   ​x
30
9 (Uerj) É frequente observarmos, em espetáculos ao
ar livre, pessoas sentarem nos ombros de outras para
tentar ver melhor o palco. Suponha que Maria esteja
sentada nos ombros de João, que, por sua vez, está
6 Pedro é um bom aluno, mas às vezes se distrai um em pé sobre um banquinho colocado no chão.
pouco durante as aulas. Depois de apresentar o con-
ceito de peso, o professor perguntou a Pedro: “Qual é Com relação à terceira lei de Newton, a reação ao
o seu peso?” Pedro prontamente respondeu: “60 qui- peso de Maria está localizada no:
los”. O professor comentou, então, que Pedro havia a) centro da Terra c) chão
cometido dois erros ao dar a resposta. Explique quais b) ombro de João d) banquinho
foram eles.
10 (UEL-PR) Uma pessoa apoia-se em um bastão sobre
uma balança, conforme a figura.
7 (UFMG) Todas as alternativas contêm um par de for-
ças ação e reação, exceto: A balança assinala 70 kg. Se
a pessoa pressiona o bastão,
a) A força com que a Terra atrai um tijolo e a força progressivamente, contra a
com que o tijolo atrai a Terra. balança, a nova leitura:
b) A força com que uma pessoa, andando, empurra o a) Dependerá da força exerci-
chão para trás e a força com que o chão empurra a da sobre o bastão.
pessoa para a frente. b) Indicará um valor menor
c) A força com que um avião empurra o ar para trás que 70 kg.
e a força com que o ar empurra o avião para a c) Dependerá do ponto em
frente. que o bastão é apoiado na
d) A força com que um cavalo puxa uma carroça e a balança.
força com que a carroça puxa o cavalo. d) Indicará um valor maior que
e) O peso de um corpo colocado sobre uma mesa 70 kg.
horizontal e a força normal da mesa sobre ele. e) Indicará os mesmos 70 kg.

23
CAPÍTULO 3 Força de atrito

1 Atrito
ou: Por que o piso das pistas de atletismo é feito de
material emborrachado?
O atrito é um tipo de força muito presente no dia a dia das pessoas. Em dias frios,
por exemplo, é comum esfregarmos uma mão na outra buscando aquecimento, en-
quanto nos dias de calor queremos sentir o frescor do atrito do nosso corpo com o
ar remexido pelo ventilador. É o atrito que nos obriga a pedalar a bicicleta sem parar
se quisermos que ela continue em movimento e é o atrito que nos permite andar
para frente quando nossos pés empurram o chão para trás. Esses e outros exemplos
mostram que algumas vezes o atrito é o elemento responsável pela existência do mo-

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


vimento, enquanto em outros casos é ele, o atrito, que dificulta o movimento.
tpg-agb

gero breloer / dpaphotos-newscom


1 2

Figura 1 • Os pés da pes-


soa empurram a borracha
da esteira para trás. Isso só
é possível devido ao atrito
existente entre a sola do
sapato e o piso da esteira.
Figura 2 • Pisando com for-
ça no freio, o motorista faz
com que as rodas travem e
desacelerem rapidamente
o automóvel. O atrito entre
os pneus e o asfalto, nesse
caso, é o responsável pela
desaceleração.

3 N 2 Força de atrito (F at.)


Sobre um corpo apoiado em um piso horizontal atuam, ge-
ralmente, a força peso, devido à atração da Terra sobre ele, e a
força normal, reação à força que o corpo exerce sobre o apoio.
Como a resultante de forças é nula, isto é, a força peso tem a
mesma intensidade da força normal, o corpo está em repouso
P em relação ao piso (figura 3). Se, a partir de certo momento,
outra força (F), horizontal, passar a atuar sobre o corpo, então,
4
N nesse caso, perceberemos a atuação de uma força com sentido
oposto ao da força F, tentando impedir que o corpo entre em
movimento na horizontal (figura 4). Essa é a força de atrito
F (Fat.).
Fat.

Figuras 3 e 4 • A força de atrito só pode ser notada


P quando um corpo apoiado sobre um piso é empur-
rado horizontalmente.

24
PARA SABER MAIS
Natureza do atrito
A origem da força de atrito é de natureza eletro-
magnética e deve-se à interação entre as nuvens
eletrônicas dos átomos localizados nas zonas de
contato entre os corpos. As “superfícies” aparente-
mente planas de materiais não o são de fato: estão
cheias de irregularidades, com “picos” que podem
Representação esquemática da superfície microscópica de um objeto polido.
atingir vários milhares de raios atômicos.
Quando duas “superfícies” de dois sólidos são postas em contato, há de fato apenas uma pequena superfície de con-
tato entre eles. Nessas pequenas regiões de contato, os materiais ficam como se estivessem “soldados”: os picos ade-
rem uns aos outros em virtude das forças de coesão intermoleculares. Mas, quando os materiais são empurrados um
em relação ao outro, esses inúmeros porém minúsculos “pontos de soldagem” se rompem, dando lugar a outros à
medida que novos contatos acontecem.
Disponível em: <http://profs.ccems.pt> Acesso em: 30 abr. 2008.

3 Força de atrito estático (F at.(e))


Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Um corpo está apoiado sobre um de- 5


terminado piso e tentaremos arrastá-lo, Figura 5 • Enquanto o cor-
F
aplicando sobre ele uma força horizontal. po não se move, o módulo
Fat.(e) da força de atrito estático
Se, apesar dessa força, o corpo não se mo- é igual ao módulo da força
ver, é porque existe outra força, no sentido que tenta colocar o corpo
em movimento.
contrário à inicial, equilibrando-a (figura
5). Essa força é a força de atrito estático, que denominaremos Fat.(e).
O princípio da inércia nos permite afirmar que nas condições descritas as for- Glossário
ças F e Fat.(e) devem se anular. Assim, enquanto o corpo não se movimentar, o Raio atômico. É a
módulo da força de atrito estático será igual ao módulo da força que tenta movi- distância média do
elétron mais exter-
mentar o corpo. no até o centro do
Todavia, se aumentarmos gradativamente o módulo da força F haverá um ins- seu núcleo. Essa de-
finição está de acor-
tante em que o corpo estará na iminência de se movimentar. Nessa condição, com do com o modelo de
o corpo ainda em repouso, a força de atrito estático é máxima. Qualquer acréscimo átomo proposto por
à força fará com que o corpo saia do repouso. O módulo da força de atrito estático Niels Bohr.
máximo pode ser calculado, e, para isso, precisamos nos perguntar: do que depende Elétron
mais externo
a força de atrito entre um corpo e seu apoio? –
O atrito existe devido ao contato entre a superfície do corpo apoiado e o piso em Raio
Núcleo atômico
que ele se apoia. Uma caixa colocada sobre um piso qualquer é um bom exemplo +

nesse caso.
Iminente (na imi-
6 7
nência). Que amea­
ça se concretizar,
que está a ponto de
acontecer; próximo,
imediato.

Figuras 6 e 7 • Observe as
duas caixas de mesmo ma-
terial sobre um certo piso.
A caixa de maior massa
(a da direita) exigirá mais
esforço para ser arrastada
horizontalmente.

25
8 Percebemos que uma caixa de maior massa parece resis-
tir mais a movimentar-se do que uma caixa de massa menor.
Além disso, percebemos que caixas de mesma massa podem
resistir mais ou menos ao movimento, dependendo do tipo
de piso em que se apoiam.
O maior ou menor valor da força de atrito estático máxi-
mo depende do tipo de material das superfícies em contato.
Superfícies notadamente mais lisas, como o gelo ou a ma-
deira encerada, são aquelas que permitem menor valor para
9 a força de atrito estático, enquanto os pisos de asfalto ou
cimento rústico conduzem a valores mais elevados. Outro
fator que interfere na intensidade da força de atrito estático
máxima é o valor da força de compressão que o corpo exerce
no apoio, cuja reação é denominada força normal (N). De
fato, o módulo da força de atrito estático máxima é direta-
mente proporcional ao módulo da força que o corpo exerce
no apoio, isto é:
Fat.(e) ∙ N

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


Figuras 8 e 9 • Duas caixas
de mesma massa e feitas A constante de proporcionalidade dessa equação é denominada coeficiente
do mesmo material. Uma
delas pode ser mais facil- de atrito estático, indicada por je, e seu valor depende do tipo de superfícies
mente arrastada do que a
outra. Nesse caso, a caixa em contato. Assim, podemos calcular o módulo da força de atrito estático má-
que mais resiste ao movi- xima:
mento (a da figura 8) está
apoiada sobre um piso que
causa mais atrito do que o
outro. Fat.(e) 5 je 3 N

O coeficiente de atrito estático, je, é um número que expressa a razão entre


os módulos de duas forças: a de atrito estático máxima, Fat.(e), e a normal (N).
Portanto, je é um número e não uma medida, logo é adimensional. Para se ter uma
ideia, para o contato entre madeira e asfalto tem-se je 7 0,5 e para o contato entre
borracha e asfalto, je 7 0,7.
Vencido o atrito estático máximo, o corpo entra em movimento, e, nesse caso,
entra em cena também o atrito cinético, que estudaremos adiante.

4 Força de atrito dinâmico (cinético)


10 Uma pessoa empurra um corpo de grande massa
apoiado sobre um piso com atrito, tentando colocá-
-lo em movimento (figura 10). A pessoa aumenta
gradativamente o módulo da força que exerce sobre
o corpo até o momento em que é vencido o estado
de repouso e o corpo entra em movimento.
O que acontece daí em diante com a força que a
pessoa exerce sobre o corpo? O corpo se movimen-
tará mesmo que ela seja eliminada? A força deve
aumentar a fim de que o movimento se mantenha?
Com uma força menor do que a anterior será possí-
Figura 10 • Pessoa em­pur­rando corpo de grande massa. vel manter o movimento?

26
Retomando a situação do corpo apoiado sobre um piso horizontal e sendo empurrado
por uma força F, aprendemos que haverá movimento assim que o módulo dessa força
ultrapassar o valor do módulo da força de atrito estático máximo, Fat.(e). Quando o
corpo entra em movimento, o valor da força necessária para mantê-lo nesse estado
é menor do que a força necessária para tirá-lo do repouso. Quer dizer, é mais difícil
começar o movimento do que mantê-lo. Por que será que isso ocorre? O que acon-
tece com a força de atrito depois de iniciado o movimento?
A partir do instante em que se inicia o movimento, a força de atrito continua
a atuar sobre o corpo, no sentido contrário ao do movimento, porém com valor
menor do que o anterior, isto é, menor do que o valor máximo. O módulo da força
de atrito, a partir daí, é praticamente constante, independentemente da velocidade
do corpo, e essa força é denominada força de atrito cinético, ou dinâmico, Fat.(c).
Seu módulo, todavia, continua diretamente proporcional ao módulo da força de
compressão no apoio, a força normal:
Fat.(c) ∙ N
A constante de proporcionalidade, nesse caso, é o coeficiente de atrito cinético
(ou dinâmico), jc, menor do que coeficiente de atrito estático, je. Assim:
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fat.(c) 5 jc 3 N

Na tabela 1, podemos ler valores aproximados de coeficientes de atrito estático


(je) e cinético (jc) entre a superfície de alguns materiais.

Tabela 1. Valores dos coeficientes de atrito estático e cinético


para diversos pares de superfícies de contato.
Material 1 Material 2 je jc
Borracha Asfalto seco – 0,5–0,8
Borracha Asfalto molhado – 0,25–0,75
Borracha Concreto seco 1,0 0,6–0,85
Madeira Madeira 0,4 0,2
Borracha Gelo – 0,1–0,2
Aço Aço 0,7 0,6
jane sapinsky / corbis-latinstock

Já sabe responder?
por que o piso das pistas de atletismo é feito de
material emborrachado?
Pisos de borracha permitem maior aderência com os tênis

dos atletas do que pisos de outro material, o que aumenta a

impulsão e diminui a possibilidade de escorregamento.

27
BISBILHOTANDO
Experimento: coeficientes de atrito estático e cinético
Esta figura representa o Força (N)
gráfico, em tempo real, da 4,75
variação da força de atri-
to em função do tempo
para o par de superfícies 4,0
lâmina de madeira–blo-
co com base de carpete.
Nele, podemos observar 2,0
inicialmente uma reta cuja
equação tem coeficiente
angular positivo (função 0
crescente). 0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5
Tempo (s)
Gráfico da força de atrito em função do tempo, obtido para o par lâmina de
madeira–bloco de carpete.

Nota-se que a função cresce até um valor máximo, correspondente ao valor máximo da força
de atrito estático (Fat.(e) 5 4,75 N). Nessa etapa não houve movimento relativo entre as superfí-
cies, e a força de atrito foi igual à força aplicada. Após esse pico, a força aplicada é menor, mas

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


suficiente para que a velocidade seja mantida constante. Experimentalmente, a força de atrito
tende a se estabilizar em torno de um valor médio: a força de atrito cinético (Fat(c) 5 4,0 N).
Nas figuras seguintes são apresentados dois gráficos. Neles podemos perceber a depen-
dência diretamente proporcional entre a força de atrito, estático ou cinético, e a força
normal. O valor do coeficiente de atrito, em cada caso, pode ser obtido, numa boa apro-
ximação, a partir da inclinação da reta, encontrando-se para o par de materiais analisado
(lâmina de madeira–bloco com base de borracha):
je 5 0,84 e jc 5 0,66
Força de atrito estático (N)

15,0

10,0
Gráfico da força de atri-
5,0 to estático em função
da força normal (lâmina
de madeira–bloco com
base de borracha).
0 5,0 10,0 15,0
Força normal (N)
Força de atrito cinético (N)

15,0

10,0
Gráfico da força de atri-
5,0 to cinético em função
da força normal (lâmina
de madeira–bloco com
base de borracha).
0 5,0 10,0 15,0
Força normal (N)
MOSSMANN, Vera Lúcia da Fonseca; CATELLI, Kelen Berra de Mello Francisco; LIBARDI, Helena;
DAMO, Igino Santo. In: Revista Brasileira de ensino de física, Sociedade Brasileira de Física,
São Paulo, n. 2, jun. 2002. v. 24. (Texto adaptado para fins didáticos.)

De acordo com as informações do texto, qual é o valor da força de atrito estático máxima que
atua sobre um bloco de madeira de 10 kg apoiado sobre uma lâmina horizontal de borracha? 84 N
Percentualmente, quanto essa força é maior do que a força de atrito cinético que atuaria
sobre o corpo no caso de ele estar em movimento? 27,3%

28
EXERCíCIOs resolvidos

R1 Um corpo de massa igual a 20 kg está apoiado sobre uma superfície horizontal,


conforme representado na figura.
Uma força horizontal, para a direita, de F

módulo 80 N é aplicada sobre o corpo


e observa-se que ele não se move.
Agora responda:
a) Qual é o módulo da força normal nesse caso?
■ Resolução
A força normal é a reação à compressão que o corpo exerce sobre o apoio, que
nesse caso é igual ao peso do corpo. Portanto:

N 5 P  ]  N 5 200 N

b) Quais são a direção, o sentido e o módulo da força de atrito?


Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■ Resolução
A direção da força de atrito é a mesma da força que puxa o corpo, isto é, hori-
zontal. O sentido da força de atrito é contrário ao da força aplicada, isto é, da
direita para a esquerda, conforme a figura a seguir.

Fat. F

Como o corpo ainda não se move, o mó­dulo da força de atrito é igual ao mó-
dulo da força aplicada (F). Assim:

Fat. 5 80 N

R2 Em relação ao exercício anterior, aumentando gradativamente o módulo da for-


ça que puxa o corpo, observa-se que ao atingir 120 N ele está em iminência de
movimentar-se, isto é, qualquer acréscimo ao valor da força, por menor que seja,
colocará o corpo em movimento. Qual é, nesse caso:
a) o módulo da força normal?
■ Resolução
O módulo da força normal não se alterou. Portanto:

N 5 200 N

b) o módulo da força de atrito estático máxima?


■ Resolução
O módulo da força de atrito estático máxima, Fat.(e), é igual ao módulo da força
aplicada, uma vez que o corpo está em iminência de movimentar-se. Assim:

Fat.(e) 5 120 N

29
c) o valor do coeficiente de atrito estático entre as duas superfícies em contato?

■ Resolução
Como Fat.(e) 5 120 N e N 5 200 N, fazemos:

Fat.(e) 5 je 3 N
120 5 je 3 200  ]  je 5 0,6

R3 O corpo representado na figura tem massa de 40 kg e será arrastado, sobre o


piso horizontal em que se apoia, por uma força F também horizontal e variável.
Os coeficientes de atrito estático e cinético entre as superfícies em contato são,
respectivamente, 0,6 e 0,5.

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


a) Qual é o valor da força de atrito estático máximo?

■ Resolução
O módulo da força de atrito máximo pode ser calculada por:
Fat.(e) 5 je 3 N
Como o módulo da força normal N é igual ao peso do corpo neste caso, teremos:

Fat.(e) 5 je 3 N  ]  Fat.(e) 5 0,6 3 400  ]  Fat.(e) 5 240 N

b) Para o corpo em movimento, qual o valor da força de atrito cinético que atua
sobre ele?

■ Resolução
Fat.(c) 5 jc 3 N  ]  Fat.(c) 5 0,5 3 400  ]  Fat.(c) 5 200 N

c) Qual o módulo de F capaz de manter o corpo em movimento retilíneo e uni-


forme?

■ Resolução
Para que o corpo se mantenha em MRU, é preciso que a resultante das forças que
atuam sobre ele seja nula. Portanto, nesse caso, devemos ter F 5 Fat.(c) 5 200 N.

F
Fat. (c)

d) Para uma força de módulo 300 N, qual o valor da força de atrito cinético?

■ Resolução
O módulo de Fat.(c) não se altera caso o módulo da força F seja aumentado.
Assim, Fat.(c) 5 200 N para qualquer velocidade diferente de zero.

30
PARA SABER MAIS
Decomposição vetorial
Um vetor pode ser decomposto em dois outros vetores, perpendiculares. O efeito causado pelo vetor inicial so-
bre o ponto em que atua é o mesmo efeito causado pelos dois vetores nos quais ele foi decomposto. Para que is-
so possa ser feito, é preciso conhecer o ângulo que o vetor forma com uma direção tomada como referência. No
caso da referência horizontal, temos:

Vx y
cos d 5 __
​   ​   ]  Vx 5 V 3 cos d
V

Vy
sen d 5 __
​   ​   ]  Vy 5 V 3 sen d
V
Vy V
Os vetores Vx e Vy, nesse caso, são as componentes
do vetor V. Isso mostra que a soma vetorial de Vx e Vy
resulta V:
d
V 5 Vx 1 Vy Vx x
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

R4 Um caixote de massa de 120 kg é arrastado sobre um piso


horizontal por uma força F exercida por intermédio de F
uma corda que forma um ângulo de 30w com a dire-
ção do movimento da caixa, conforme representado 30°
na figura.
Se o caixote se movimenta com velocidade constante,
para F 5 600 N, qual é o valor:

a) da força de atrito cinético, Fat.(c)?

■ Resolução
Como a força F não está sendo aplicada na direção do movimento, é preciso
determinar a componente de F responsável pelo movimento do caixote. Para
isso, é preciso decompor a força F em Fx e Fy :
Fx d​ ll 3 ​ 
cos 30w 5 __​   ​  5 ​ ___ ​  Fy
F
F 2
Fx 5 300d​ ll
3 ​ N

F 30°
y 1
sen 30w 5 __
​   ​  5 ​ __ ​  Fx
F 2
Fy 5 300 N

Portanto, a força responsável por movimentar o caixote para a direita na fi-


3 ​ N. Se é constante a velocidade do
gura tem módulo igual a Fx, isto é, 300 ​dll
corpo, ele está em equilíbrio dinâmico, isto é, as forças atuantes sobre ele se
anulam.
Assim: Fx
Fat. (c)

3 ​ N
Fat.(c) 5 Fx 5 300​dll

31
b) do coeficiente de atrito cinético, jc?
■ Resolução
Já sabemos que Fat.(c) 5 300​dll
3 ​ N e que Fat.(c) 5 jc 3 N. Para obter jc, precisamos
calcular, primeiro, o módulo da força normal, que, nesse caso, não é igual ao
peso do caixote.

N F Observe pelo desenho ao lado que as forças ver-


Fy ticais exercidas no caixote estão em equilíbrio.
N 1 Fy 5 P, sendo P 5 1.200 N
Fat. (c) Fx
Assim, N 1 300 5 1.200  ]  N 5 900 N
Fat.(c) 5 jc 3 N  ]  300​dll
3 ​ 5 jc 3 900

300​dll3 ​  ​ ll
d 3 ​ 
jc 5 ______
​   ​   ]  jc 5 ___
​   ​   ]  jc & 0,58
900 3
P

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


Exercícios dos conceitos
1 Um bloco de madeira de 4 kg de massa desliza com velocidade constante sobre
um piso horizontal, também de madeira. Sendo 0,4 e 0,2, respectivamente, os
coeficientes de atrito estático e dinâmico entre as superfícies, responda:
a) Qual é, em newtons, o módulo da força normal de reação do apoio?

N = 40 N

b) Qual é o módulo da força de atrito cinético que atua sobre o bloco?

Fat.(c) = 8 N

c) Além da força de atrito cinético, existe outra força horizontal atuando sobre o
bloco? Por quê?

Existe, pois, se o corpo desliza com velocidade constante, FR 5 0, e então

F 2 Fat.(c) 5 0, ou, F 5 Fat.(c).

2 Observe a figura que representa um Força de atrito cinético (N)


gráfico obtido experimentalmente para
o caso de corpos de diferentes massas, 60
mas de mesmo material, sendo arrasta-
dos sobre um piso horizontal. 40
a) Qual é o valor do coeficiente de atri-
to cinético entre as duas superfícies
em contato? 0 100 150 Força normal (N)

jc 5 0,4

b) Qual seria, nesse caso, o módulo da força de atrito cinético atuante sobre o
corpo se a massa do objeto fosse igual a 40 kg?

Fat.(c) 5 160 N

32
3 Uma pessoa puxa uma caixa de madeira
de 20 kg usando uma corda, conforme re-
presentado na figura.
Se o módulo da força de tração na corda é
α
igual a 100 N, e a caixa move-se com velo-
cidade constante, calcule o valor do coe-
ficiente de atrito cinético entre a caixa e o
piso. Dados: sen a 5 0,6 e cos a 5 0,8.
jc 7 0,57

4 O sistema representado na figura encon- B


tra-se em repouso, porém prestes a en-
trar em movimento.
Substituida: A
Sendo mA 5 4 kg e mB 5 8 kg, calcule: F4_C3_027

a) O módulo da força de tração no fio


que une os blocos A e B.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

TAB 5 40 N

b) O módulo da força de atrito entre o bloco B e o piso.

Fat.(c) 5 40 N

c) O coeficiente de atrito estático entre o bloco B e o piso.

je 5 0,5

5 Sobre um corpo de massa 2 kg atuam três F1


forças, F1, F2 e F3 , com direções e sentidos
representados na figura. F3 F2

Os módulos das forças F1 e F2 são iguais,


respectivamente, a 10 N e 40 N, e os
coeficientes de atrito estático e cinético
entre o corpo e o apoio valem, respecti-
vamente, 0,3 e 0,2.
a) Qual é o módulo da força que o corpo exerce sobre o apoio?

N 5 30 N

b) Se o corpo está em repouso, porém na iminência de movimentar-se para a


esquerda, qual é o módulo de F3?

F3 5 49 N

c) Se o corpo se move com velocidade constante para a direita, qual é o módulo


de F3?

F3 5 34 N

d) Se o corpo se move com velocidade constante para a esquerda, qual é o mó-


dulo de F3?

F3 5 46 N

33
Professor: As resoluções destes exercícios estão dis-
poníveis no Plano de Aulas deste módulo. Consulte

Retomada dos conceitos também o Banco de Questões e incentive os alunos


a usar o Simulador de Testes.

1 Uma caixa de massa 4 kg está apoiada sobre um piso 5 Uma pessoa aperta um corpo de massa 2 kg contra
horizontal. Uma força horizontal de 20 N empurra uma parede vertical, exercendo sobre ele uma força
essa caixa sem que, no entanto, ela se mova. Nessas F de módulo 40 N perpendicular à parede, conforme
condições, em relação a essa caixa, qual é o módulo: representado na figura. Se o corpo está em repouso,
a) da força peso? qual é o valor:
b) da força normal?
c) da força de atrito?

F
2 O módulo da força de atrito estático máximo que
atua sobre um corpo de massa 5 kg, em repouso so-
bre uma superfície horizontal, é igual a 40 N. Qual é,
nesse caso, o valor:
a) do peso do corpo?
b) do coeficiente de atrito estático?
c) da força horizontal capaz de colocar o corpo em
movimento?

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


a) do peso do corpo?
3 Uma pessoa arrasta um caixote de massa 8 kg sobre b) da força que o corpo exerce no apoio?
um piso horizontal aplicando sobre ele uma força c) da força que o apoio exerce no corpo?
constante de 20 N. Se a velocidade do caixote é hori- d) da força de atrito que atua sobre o corpo?
zontal e constante, qual é o valor: e) do coeficiente de atrito estático entre as super-
a) da força de atrito cinético? fícies em contato, supondo que o corpo está na
iminência de descer deslizando?
b) do coeficiente de atrito cinético entre o caixote e
o piso?
6 (Uece) A figura mostra o gráfico da intensidade da for-
ça de atrito que um plano horizontal exerce sobre um
4 Uma força de intensidade 60 N puxa um corpo de corpo, versus a intensidade da força externa aplicada
massa 10 kg com velocidade uniforme v sobre um horizontalmente para arrastar esse corpo, suposto
piso horizontal. A força aplicada sobre o corpo forma inicialmente em repouso sobre o plano horizontal.
um ângulo d com a direção do movimento, confor- Sendo o coeficiente de atrito estático entre o plano e
me representado na figura. o corpo igual a 0,4, é verdadeiro afirmar que:

F Força de atrito (N)


100

80
v

4 3
Dados sen d 5 ​ __  ​e cos d 5 ​ __  ​, calcule: 0 100 Força aplicada (N)
5 5
a) O módulo da força aplicada que atua na direção a) a força de atrito estático máxima que o plano faz
do movimento do corpo. sobre o corpo é 80 N.
b) O módulo da força normal que atua sobre o b) o peso do corpo é 100 N.
corpo. c) o coeficiente de atrito cinético entre o corpo e o
c) O módulo da força de atrito cinético que atua so- plano é 0,32.
bre o corpo. d) a intensidade da força de atrito cinético varia li-
d) O valor do coeficiente de atrito cinético entre o nearmente com a intensidade da força aplicada
piso e o apoio do corpo. ao corpo.

34
CAPÍTULO 4 2a lei de Newton:
corpos acelerados

1 Corpos acelerados
OU: Por que os carros de Fórmula 1 têm
massa cada vez menor?
Em um jogo de futebol, você foi chamado para bater um pênalti a

Fr sport photography / alamy-other images


1
favor de seu time. Tendo escolhido previamente o canto do gol que
será o alvo, você corre e chuta com a maior força que é capaz de im-
primir à bola. É gol! A torcida comemora.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O gol aconteceu devido à combinação de força, mira, efeitos sobre


a bola e até, talvez, um pouquinho de sorte. Bem, o futebol, dizem os
especialistas, é uma caixinha de surpresas. Mas, certamente, sem tirar a
bola do repouso, isto é, sem acelerá-la, o gol não aconteceria (figura 1).
A 2a lei de Newton diz respeito ao movimento acelerado dos cor-
pos. Para que um corpo altere o módulo, a direção ou o sentido de sua
velocidade, ou seja, acelere, é necessária a ação de força.
Figura 1 • Gol! Para que
um gol aconteça, a bola
precisa acelerar, sendo
Um corpo altera sua velocidade se sobre ele atuar um conjunto de forças cuja resultan- necessária a ação de uma
te não é nula. força.

Quanto maior o módulo da força exercida sobre a bola de futebol, maior será a
variação de velocidade e, consequentemente, maior será a chance de o gol ocorrer.

Para um corpo de massa constante, quanto maior o módulo da força resultante que atua
sobre ele, maior será a aceleração produzida.

PARA SABER MAIS Força

Experimentalmente, quando uma força resultante de módulo F atua so- 3F


bre um corpo, observa-se que ele se submete a uma aceleração de mó- 2F
dulo a. Verifica-se que, se o módulo da força duplicar, a aceleração do
corpo também será o dobro da aceleração inicial. Caso a força seja igual F
a 3F, verifica-se que a aceleração será 3a. O gráfico ao lado sintetiza os
dados apresentados. a 2a 3a Aceleração

F 2F ___ 3F nF
Observe que ​ __  ​ 5 ___
​    ​ 5 ​    ​ 5 ___
​    ​ 5 k (constante). Neste caso, o módulo da força re-
a 2a 3a na FR ∙ a
sultante (FR) e o módulo da aceleração (a) são grandezas diretamente proporcionais.
A constante k, que representa a relação entre os valores de força resultante e aceleração, é a massa m do
corpo. A massa inercial representa o valor constante da razão entre a força resultante aplicada sobre um corpo e
sua aceleração.

35
Uma revista especializada em automóveis publicou testes que avaliam o desem-
penho de uma picape. Foram feitos testes de aceleração com a picape vazia e, de-
pois, carregada com massa de meia tonelada (500 kg) em sua caçamba. Tais testes
reafirmam a dependência entre as grandezas massa e aceleração quando sujeitas a
um mesmo conjunto de forças.
Na tabela apresentada na figura 2 podemos verificar que o tempo necessário para
que a picape, partindo do repouso, alcance a velocidade de 100 km/h é maior com
o veículo carregado. Considerando a força resultante constante sobre o utilitário, a
aceleração dele é menor quando a caçamba está carregada com a carga de 500 kg.

ivan carneiro / editora globo


2

Você se lembra?

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


Aceleração média
(a m ) é a grande-
za física que me-
de a relação entre
a variação de velo-
cidade e o corres-
pondente intervalo
de tempo.
Figura 2 • A tabela apresenta
dados obtidos em testes de
Sv desempenho para uma picape
am 5 ___
​   ​  com a caçamba vazia e carrega-
St da com meia tonelada (500 kg).
Observe que o intervalo de tem-
po para atingir 100 km/h, a par-
A unidade de ace- tir do repouso, é maior quando
leração no Sistema o veículo está carregado.
Internacional (SI) é Revista Autoesporte, São Paulo, n. 509, out. 2007. p. 88.
m/s2 (metros por
segundo por se- Os testes realizados com a picape confirmam a dependência entre força e acelera-
gundo). ção: para um módulo constante da força resultante, quanto maior a massa da picape,
menor será sua aceleração.

VoCê precisa saber!


A picape aumentou o módulo de sua velocidade porque a força imposta pelo
motor (Fmotora) superou as forças de resistência (Fresistência): força de atrito com o chão
e força de resistência com o ar. A força resultante sobre o veículo é a força única
que atuaria sobre o corpo e causaria o mesmo efeito que o conjunto de forças nele
aplicado.

Fresistência
Fmotora

O módulo da força resultante sobre o


veículo é obtido pela diferença entre a
força motora e as componentes horizon-
tais das forças de resistência.

36
A 2a lei de Newton, também denominada princípio fundamental da dinâmica,
trata dos corpos acelerados e representa uma síntese das relações entre grandezas
fundamentais – força, aceleração e massa – no estudo do movimento dos corpos.
Podemos, então, enunciar a 2a lei de Newton do seguinte modo:

A força resultante (FR) que atua sobre um corpo de massa (m) produz uma aceleração (a)

tal que FR pode ser obtida pela expressão: FR 5 m 3 a

A aceleração e a força resultante têm mesma direção e sentido, e o módulo da força re-

sultante pode ser calculado pela equação: FR 5 m 3 a

onde a é o módulo da aceleração.

Em resumo, do enunciado da 2a lei de Newton, concluímos que:

Os vetores força resultante (FR) e aceleração (a) têm a mesma direção e sentido. Você se lembra?
F3 F1
a F2 Algumas
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

FR F1 a FR unidades do
a Sistema
m Internacional (si)
F4 F2
Tempo:
Para uma mesma força resultante, Para uma mesma aceleração, segundo (s)
corpos de menor massa (menor inércia) corpos de maior massa (maior inércia) Comprimento:
adquirem maior aceleração. exigem maior força resultante. metro (m)
a1 a Velocidade:
FR FR1 metro por
segundo (m/s)
a2 a Massa:
FR FR2 quilograma (kg)
Aceleração: metro
a3 a por segundo ao
FR FR3 quadrado (m/s2)
Força:
newton (N)

EXERCíCIOs resolvidos

R1 Sobre uma caixa de massa 20 kg atuam duas forças de módulos constantes, tais
que F1 5 15 N e F2 5 20 N. Em cada uma das situações apresentadas, as forças
atuam na caixa na direção e sentido indicados. Calcule as acelerações da caixa
representada em cada uma das situações abaixo.
a) F1 F2

■ Resolução
FR 5 F2 2 F1  ]  FR 5 20 2 15  ]  FR 5 5 N FR
F1 F2
2
FR 5 m 3 a  ]  5 5 20 3 a  ]  a 5 0,25 m/s

37
b) F1

F2

■ Resolução

O módulo da força resultante pode ser calcula- F1


do a partir do teorema de Pitágoras:
F R2 5 (F2)2 1 (F1)2  ]  FR 5 (20)2 1 (15)2  ]
FR
FR 5 25 N
FR 5 m 3 a  ]  25 5 20 3 a  ]  a 5 1,25 m/s2 F2

c)

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


F1

60°
F2

■ Resolução
Usando a regra do paralelogramo, o módulo F1
da força resultante pode ser calculado a par-
FR
tir da lei dos cossenos: 60°

FR2 5 (F1)2 1 (F2)2 2 2 3 F1 3 F2 3 cos J


F2
FR2 5 (15)2 1 (20)2 2 2 3 15 3 20 3 cos 120w  ]
FR2 5 225 1 400 2 600 3 (20,5)  ]  FR 7 30 N
FR 5 m 3 a  ]  30 5 20 3 a  ]  a 5 1,5 m/s2

R2 Em um dos testes realizados por uma revista especializada em automóveis, um


piloto demorou 2,5 s para frear totalmente a picape que dirigia inicialmente
a 72 km/h. Considere que o conjunto picape–piloto tem 1.200 kg de massa
e calcule os módulos do deslocamento e da desaceleração do automóvel.
Qual o módulo da força resultante que atuou sobre o automóvel, considerada
constante, durante a frenagem?

■ Resolução
Dados: m 5 1.200 kg; v0 5 20 m/s (72 km/h $ 3,6 5 20 m/s) e St 5 2,5 s
Velocidade final: v 5 0 (repouso)
Cálculo do módulo da desaceleração (a):
v 5 v0 1 at  ]  0 5 20 1 a 3 2,5  ] a 5 28 m/s2
(o sinal negativo indica desaceleração do automóvel)

38
Cálculo do módulo do deslocamento durante a frenagem (Ss):
v2 5 v02 1 2aSs
02 5 202 1 2 3 (28) 3 Ss  ]  2400 5 216Ss  ]  Ss 5 25 m

Cálculo do módulo da força resultante que atua no automóvel durante o processo


de frenagem (FR):
FR 5 m 3 a  ]  FR 5 1.200 3 8  ]  FR 5 9.600 N

Exercícios dos conceitos


1 (Vunesp – adaptado) As figuras I e II adiante representam:
I. forças atuando sobre uma partícula de massa m, com o módulo da velocidade
inicial v . 0, que pode se deslocar ao longo de um eixo x, em três situações
diferentes.
II. gráficos dos módulos de velocidade e aceleração em função do tempo, associa-
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dos aos movimentos da partícula.


FIGURA I
F1 F2 F1 F2 F1 F2
m x m x m x
F1 = F2 F1 < F2 F1 > F 2

Situação 1 Situação 2 Situação 3

FIGURA II
Velocidade Aceleração

P
A

Q
v0 B 0
Tempo

C R

0 Tempo

Para cada uma das três situações representadas na figura I, indique o gráfico de
velocidade (A, B ou C) correspondente e o de aceleração (P, Q ou R) da partícula.

Situação 1 2 [B, Q];  situação 2 2 [A, P];  situação 3 2 [C, R].

2 O gráfico abaixo representa o módulo da velocidade de um objeto de massa 3 kg.


Qual o módulo da força resul- v (m/s)

tante que atua no objeto nos in-


tervalos de 0 a 2 s e de 2 s a 6 s? 4

No intervalo de 3

2
0 a 2 s, F 5 6 N.
1
No intervalo de

2 s a 6 s, F 5 3 N. 0 2 4 6 8 t (s)

39
2 Peso e gravidade
Qualquer corpo nas proximidades da Terra é atraído por uma força de campo
denominada peso (figuras 3 e 4).

robyn beck / afp-getty images

jonathan ferrey / getty images sport


3 4

Figuras 3 e 4 • Os pinos
voltam às mãos do ma-
labarista devido à força
peso, a mesma força que
atrai aquele que salta no

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bungee-jump.

Dirigido para o centro da Terra, o peso é uma força que atua sobre todos os cor-
pos próximos ao nosso planeta (figura 5).
Na figura 6, uma bola de futebol está próxima à Terra. Desprezando a resistência
do ar, o peso (P) é a única força que atua sobre esse objeto: ele está em queda livre.
5 6

Figura 5 • A força peso


atua sobre todos os corpos –P
próximos à Terra, sendo
dirigida para o centro de
nosso planeta.
Figura 6 • Desprezando
forças de resistência, sobre
a bola atua apenas a força
peso. Assim, a força peso
constitui a força resultante
que atua sobre a bola.

Assim, o peso é a força resultante que atua sobre a bola. Pela 2a lei de Newton
(princípio fundamental da dinâmica), temos:
FR 5 m 3 a
Mas, como, nesse caso, FR 5 P e a 5 g, temos:
P5m3g
A força peso (P) e a aceleração da gravidade (g ) têm mesma direção e sentido, e
o módulo da força peso pode ser calculado pela equação:

P5m3g

em que g representa o módulo da aceleração da gravidade experimentada pelos


corpos em queda livre.

40
Você se lembra?
Queda livre é o nome dado à queda de qualquer corpo no vácuo ou quando é possível
desprezar forças de resistência. Você deve se lembrar que corpos de massas diferentes
abandonados da mesma altura em queda livre atingem o solo no mesmo instante e com
a mesma velocidade.
Corpos em queda livre nas proximidades da superfície da Terra descrevem movimentos re-
tilíneos uniformemente variados. A aceleração da queda livre é a da gravidade (g), cujo mó-
dulo vale aproximadamente 9,8 m/s2.

Exercícios dos conceitos


3 Leia o quadrinho do Garfield e os valores aproximados de acelerações gra-
vitacionais no Sol e nos planetas do Sistema Solar, apresentados na figura a
seguir:
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1994 Paws, inc. all rights reserved/dist. by


atlantic syndication/universal press syndicate

Júpiter
26,0 m/s2

Netuno
Mercúrio 11,5 m/s2
3,7 m/s2 Vênus
9,0 m/s2

Terra
9,8 m/s2
Sol
274,0 m/s2

Marte
3,7 m/s2

Saturno
11,0 m/s2
Urano
10,5 m/s2

41
Professor: No quadri- Qual(is) dos planetas do Sistema Solar deveria(m) ser escolhido(s) por Garfield
nho, Garfield pensa para conseguir diminuir seu peso? Em qual(is) planeta(s) do Sistema Solar Gar-
em atender ao dese-
jo de seu dono, Jon,
field teria menor massa?
mudando-se para um
planeta com gravida- Considerando que Garfield quer diminuir a força peso sobre ele, os planetas
de menor. Dessa for-
ma, a ação do planeta do Sistema Solar mais indicados para tal redução seriam Mercúrio e Marte, por
sobre ele seria menor
e, consequentemente, apresentarem os menores valores para a aceleração da gravidade. Porém, a
a força peso sobre ele
também seria menor.
massa dos corpos é invariável. Sendo assim, de nada adiantaria a mudança para

um planeta de menor gravidade com o objetivo de emagrecer. No entanto, as

pessoas teriam uma sensação de menor peso nos planetas de menor gravidade.

Tal sensação não indica diminuição de massa.

4 Na Terra, uma caixa tem peso igual a 49 N. Considere os valores aproximados das
acelerações da gravidade apresentados no exercício anterior.

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a) Calcule a massa da caixa em Mercúrio e em Júpiter.

A caixa tem 5 kg de massa em ambos os planetas.

b) Em que planeta, dentre os citados no enunciado, o peso da caixa é maior?


Justifique sua resposta.

No planeta Júpiter. O peso da caixa é maior em Júpiter, pois, sendo a massa

da caixa invariável, seu peso será maior no planeta em que a aceleração

gravitacional for maior.

5 (UFMG) Na Terra, um fio de cobre é capaz de suportar, em uma de suas extremi-


dades, massas suspensas de até 60 kg, sem se romper. Considere a aceleração da
gravidade, na Terra, igual a 10 m/s2 e, na Lua, igual a 1,5 m/s2.
a) Qual a intensidade da força máxima que o fio poderia suportar na Lua? Justi-
fique.

A resistência do fio não muda, embora ele esteja sujeito a uma aceleração da

gravidade menor. A força máxima continua sendo 600 N.

b) Qual a maior massa de um corpo suspenso por esse fio, na Lua (onde,
g 5 1,5 m/s2), sem que ele se rompa? Justifique.

Como a força máxima é 600 N, isso significa, na Lua: 600 5 m 3 1,5.

Logo, m 5 400 kg.

42
3 Sistemas de corpos acelerados
Existem situações em que carros param de funcionar por causa de problemas
elétricos e/ou mecânicos. Nessas situações, é necessário que o carro seja removido
para ser consertado. Os caminhões-guincho, em geral, são utilizados nesse tipo
de transporte. Glossário
Na falta de um caminhão-guincho para o transporte do carro quebrado, há Sisal. Planta da qual
motoristas que utilizam cordas, geralmente feitas de sisal, para interligar o au- se extrai uma fibra
áspera, resistente e
tomóvel quebrado a outro que esteja funcionando normalmente. No entanto, tal de excelente quali-
procedimento nem sempre termina em sucesso. Algumas cordas arrebentam ao dade, com a qual se
longo do trajeto. fazem cordas, bar-
bantes, tapetes etc.
O sistema constituído por dois carros interligados por uma corda pode ser repre-
sentado esquematicamente como na figura 7.
7
Carro B Carro A

TAB TBA F Figura 7 • O esquema re-


presenta carro quebrado
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(com massa m B ) sendo


puxado por outro veículo
(com massa mA) por meio
de uma corda.

Na figura 7 a força F representa a força motora que atua sobre o carro A. O carro
A, por sua vez, traciona o carro B, que precisa ser removido para conserto. O carro
B reage tracionando A. O módulo da aceleração do sistema (veículos A e B e corda
que os une) será representado por a. Aplicando a 2a lei de Newton ao sistema, temos
uma força resultante FR, que atua sobre um conjunto de duas massas, mA e mB.
Assim, o módulo de FR poderá ser calculado por: FR 5 m 3 a.

Para os automóveis que estamos estudando, FR 5 (mA 1 mB) 3 a

Aplicando o princípio fundamental da dinâmica para cada um dos automóveis,


temos:
Automóvel A: FR 5 mA 3 a  ]  F 2 TBA 5 mA 3 a  (I)
Automóvel B: FR 5 mB 3 a  ] TAB 5 mB 3 a  (II)
A força de tração existente na corda que interliga os automóveis varia de acordo
com a aceleração do sistema. Se a aceleração do sistema aumentar, haverá aumento
da força de tração no fio (essa conclusão está expressa matematicamente na
equação II). Observe que, se o módulo da aceleração aumenta, o produto (mB 3 a)
também aumenta.
O que muda se houver atrito entre as superfícies? O fato de haver atrito não im-
pede que a velocidade varie. Movimentos nos quais o atrito não pode ser desprezado
devem ser analisados levando-se em consideração sua presença na soma vetorial das
forças que agem sobre o(s) corpo(s). O atrito de escorregamento entre as superfícies
é uma força que se opõe ao movimento. Na maior parte das situações que estudare-
mos não haverá distinção numérica considerável entre os valores da força de atrito
estático máximo e a de atrito dinâmico ou cinético. Nessas ocasiões, consideraremos
que sobre os corpos atua tão somente a força de atrito Fat. Assim, no caso do sistema
descrito anteriormente, teríamos:
F 2 (Fat.(A) 1 Fat.(B)) 5 (mA 1 mB) 3 a

43
8
Carro B Carro A

TAB TBA F
Figura 8 • Representação
esquemática da figura 7, Fat. (B) Fat. (A)
considerando as forças de
atrito entre os pisos e cada
um dos automóveis.

E para cada um dos automóveis, as equações ficariam:


Automóvel A: F 2 TBA 2 Fat.(A) 5 mA 3 a  (III)
Automóvel B: TAB 2 Fat.(B) 5 mB 3 a  (IV)

Reflita
Cordas
As cordas têm inúmeras aplicações no meio industrial.

michael doolittle / alamy-other images


Dentre todos os usos possíveis, destaca-se a sua utili-
zação na segurança e no resgate de trabalhadores, por

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exemplo, nos trava-quedas, exigidos em atividades rea­
lizadas a certa altura.
Para compreender as características de uma boa cor-
da, é importante entender como ela é solicitada quan-
do detém a queda de uma pessoa. Para um leigo, pode
parecer que o único critério para a avaliação de uma
boa corda é a resistência para suportar cargas; porém,
suportar grandes massas não garante a integridade do
trabalhador.
Deter o corpo de uma pessoa que está
É preciso saber que o corpo de uma pessoa em movi- caindo é a situação extrema para qual-
mento, especialmente em queda livre, pode gerar uma quer sistema de segurança.
força equivalente a centenas de newtons sobre um sis-
tema que irá ampará-lo e, portanto, não se pode considerar apenas o peso de uma pessoa
para avaliar a resistência de um equipamento de proteção contra quedas.
Uma base utilizada como referência para avaliar a exigência de resistência de uma corda se
fundamenta nos padrões utilizados em determinados sistemas mecânicos, que usam como
fator de segurança uma resistência cinco vezes o valor da maior carga esperada em sua ope-
ração. Isso dá uma boa margem de segurança, evitando acidentes que podem gerar prejuí-
zos e até mesmo colocar vidas humanas em risco.
Para a segurança de pessoas, o referido fator deve ser maior, pois estamos prevendo solici-
tações dinâmicas (corpos em queda) que podem ultrapassar a relação de 15 4 1, ou seja, ter
resistência mínima 15 vezes maior que a carga esperada sobre o sistema.
(Artigo adaptado de Informativo da Betary Treinamento Técnico, n. 1, abril 2006 – Cordas.
Disponível em: www.betarytreinamento.com.br). Acesso em: 26 maio 2008.

Para trabalhos realizados por uma empresa especializada em limpeza de fachadas de edi-
fícios, a maior massa esperada de cada servidor que utiliza andaimes é de 90 kg. Durante a
prestação de determinado serviço, três trabalhadores ficam presos ao prédio por cordas de
segurança. Qual deve ser a força mínima de resistência à ruptura do cabo a ser utilizado pe-
la empresa para cada um de seus funcionários?
O texto indica o fator 15 4 1 como referência para a confecção de cabos de segurança
para pessoas que o utilizam. Para uma pessoa em queda livre, não se pode considerar
apenas o seu peso para a avaliação da resistência do equipamento de proteção.
Sendo assim, para cada trabalhador de 90 kg, a força mínima de resistência à ruptura
do cabo deve ser da ordem de 15 vezes o seu peso: 15 # 900 N 5 13.500 N. Observe
que não é necessário multiplicar esse valor por três, pois os cabos de segurança são
utilizados individualmente pelos trabalhadores para se ligarem ao prédio.

44
bertrand guay / afp-getty images
Já sabe responder?
por que os carros de Fórmula 1 têm massa
cadaavez menor?
Pela 2 lei de Newton, se for mantida a força
resultante sobre dois corpos de diferentes massas,
quanto maior a massa, menor a aceleração do móvel.
Assim, os automóveis da Fórmula 1 têm massa cada
vez menor, pois podem submeter-se a acelerações
maiores e, consequentemente, atingir velocidades

máximas mais rapidamente.

EXERCíCIOs resolvidos

R3 Duas caixas, A e B, são empurradas por uma pessoa que arruma uma sala. A in-
tensidade da força aplicada na caixa A é de 60 N. As massas das caixas são, res-
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pectivamente, 5 kg e 10 kg. Calcule a força de interação entre as caixas. Considere


desprezível o atrito das caixas com o chão da sala.

B
F A

■ Resolução
As caixas A e B se deslocam conjuntamente. Sendo assim, o sistema (caixas A
e B) submete-se a uma aceleração a comum. A resultante das forças externas
que atuam sobre o sistema é a força F. Aplicando a 2a lei de Newton para o
sistema, temos:

NB
a

NA B
a
A
F FBA FAB

PA PB

FR = F - FBA FR = FAB
A B

FR 5 m 3 a  ]  F 5 (mA 1 mB) 3 a  ] 60 5 (5 + 10) 3 a ]

60 5 15 3 a ] a 5 4 m/s2

45
Para o cálculo da força de interação entre as caixas, devemos analisar as forças
internas do sistema. Nesse caso existem forças de interação entre as caixas A e B
(representadas pelo par de forças de ação e reação, FA,B e FB,A). Aplicando a 2a lei de
Newton para cada um dos corpos separadamente, temos:
Caixa A:  F 2 FB,A 5 mA 3 a  (I)      Caixa B:  FA,B 5 mB 3 a  (II)
Podemos utilizar qualquer uma das equações para a obtenção do módulo da
força de interação FA,B 5 FB,A.

(II) FA,B 5 mB 3 a  ]  FA,B 5 10 3 4  ]  FA,B 5 40 N

R4 Sobre um plano horizontal repousa um bloco A de massa 3,5 kg e, preso a ele por
meio de uma corda inextensível e de massa desprezível, encontra-se um bloco B,
de massa 1,5 kg.
Em determinado instante, o sistema é abandonado. A
Considere que a polia pode girar sem atrito com seu
eixo e que há atrito entre o plano horizontal e o blo-
co A de coeficiente igual a 0,2. Considere g 5 10 m/s2
B

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e determine o sentido de movimento do sistema e o
módulo da força de tração no fio que liga os blocos
A e B.

■ Resolução
Os blocos A e B se deslocam conjuntamente. A resultante das forças externas que
atuam sobre o sistema é a resultante entre a força PB que atua sobre o bloco B e a
força de atrito, Fat.(A), que atua sobre o bloco A.
Para que o sistema acelere é necessário saber se o módulo de PB é diferente do
módulo da Fat.(A).
Temos, então:
PB 5 15 N e Fat.(A) 5 j 3 N  ]  Fat.(A) 5 0,2 # 35  ]  Fat.(A) 5 7 N
Como o módulo da força de atrito em A é menor do que o módulo do peso de B,
o bloco B desce verticalmente, e o bloco A se desloca horizontalmente para a di-
reita, ambos com a mesma aceleração a. Observe que, embora a massa de A seja
maior que a massa do bloco B, o atrito sobre o sistema não consegue impedir o
seu movimento. Aplicando a 2a lei de Newton para o sistema, temos:
FR 5 m 3 a  ]  PB 2 Fat.(A) 5 (mA 1 mB) 3 a  ]

15 2 7 5 5 3 a  ]  8 5 5 3 a  ]  a 5 1,6 m/s2
Para o cálculo da força de interação entre os blocos, devemos analisar as for-
ças internas do sistema. Nesse caso, existe força de tração no fio que une os
blocos A e B. Aplicando a 2a lei de Newton para cada um dos corpos separada-
mente, vêm:
NA
Bloco A:  TBA 2 Fat.(A) 5 mA 3 a (I)
Fat. (A) TBA
Bloco B:  PB 2 TAB 5 mB 3 a (II) A

Qualquer uma das equações permite o cálculo do


TAB
módulo da força de tração entre os blocos: PA
B
PB 2 TAB 5 mB 3 a  ]  15 2 TAB 5 1,5 3 1,6  ]
PB
15 2 TAB 5 2,4 ]  TAB 5 12,6 N

46
R5 O motorista de um carro de massa 1,5 tonelada,
inicialmente a 126 km/h, pretende parar ao avis-
tar um obstáculo à sua frente. No processo de fre-
v
nagem, as rodas são travadas até parar. Considere
g 5 10 m/s2 e o coeficiente de atrito entre o piso e
os pneus igual a 0,8.
a) Represente graficamente as forças que atuam no
carro durante a frenagem.

■ Resolução

Fat.

P
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Observação
Note que, apesar de o movimento do carro continuar no sentido do vetor velocida-
de, há somente a força de atrito atuando sobre ele. A inércia é a responsável pela
continuidade do movimento para frente, apesar de a resultante (Fat.) estar no sen-
tido oposto.

b) Qual o módulo da força resultante sobre o carro?

■ Resolução
FR 5 Fat.  ] FR 5 j 3 N
FR 5 0,8 3 1,5 3 1.000 3 10
FR 5 12.000 N

c) Qual é a aceleração de retardamento, supostamente constante, à qual o carro


é submetido?

■ Resolução
FR 5 m 3 a  ]  12.000 5 1.500 3 a  ]  a 5 8 m/s2

R6 Em um estacionamento vertical de automóveis,


christian charisius / reuters-latinstock

o elevador é um meio de transporte de extrema


necessidade.
Considere que um carro de 1.500 kg de massa
seja suspenso por um elevador com aceleração
de 0,6 m/s2. A reação do chão do elevador sobre
o carro para a situação descrita não se iguala à
força peso sobre o carro, pois o movimento do
automóvel é acelerado. Calcule a intensidade da
reação do chão do elevador sobre o carro. Consi-
dere g 5 10 m/s2.

47
■ Resolução
A situação considerada constitui um bom N
exemplo de referencial não inercial. Neste
caso, o elevador é um móvel que acelera em
relação a um referencial fixo na Terra, por isso
considerado um referencial não inercial, pois
o elevador não está em equilíbrio estático (re-
pouso) nem em equilíbrio dinâmico (MRU) em
P
relação ao referencial fixo na Terra. Podemos
aplicar a 2a lei de Newton para o carro, consi-
derando as forças que atuam sobre ele: a força
peso (P) e a força normal (N), força de reação à
compressão que o corpo exerce sobre o apoio
(o piso do elevador).
Assim, FR 5 N 2 P  ]  m 3 a 5 N 2 m 3 g  ]

1.500 3 0,6 5 N 2 1.500 3 10  ]  N 5 15.900 N


Note que o piso do elevador está comprimindo o carro com uma força de módulo

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maior que o peso do carro.

Exercícios dos conceitos


6 Um automóvel de massa 1.200 kg, inicialmente em repouso, atinge a velocidade
de 108 km/h em 10 s. Determine o módulo da força resultante, supostamente
constante, que atuou sobre o automóvel durante esse intervalo de tempo.

3.600 N

7 A figura mostra três blocos sobre uma mesa lisa, horizontal e plana. As massas
dos blocos são mA 5 3 kg, mB 5 5 kg e mC 5 2 kg. A força F indicada na figura tem
direção horizontal, sentido da esquerda para a direita e módulo igual a 40 N. Qual
a intensidade da força de contato entre os blocos A e B e entre os blocos B e C?
Despreze a força de atrito entre os blocos e a superfície.

F B
A C

FA,B 5 28 N e FB,C 5 8 N.

8 Nas situações I e II representadas a seguir, considere os fios ideais, despreze os atri­


tos nas roldanas e entre os blocos e as superfícies que os apoiam. Adote g 5 10 m/s2.
As massas dos blocos são mA 5 4,5 kg e mB 5 0,5 kg.

A B

B A
Situação I Situação II

48
a) A aceleração do sistema representado na situação I é maior, menor ou igual à
aceleração do sistema representado na situação II? Justifique sua resposta.

A aceleração do sistema na situação II é maior, pois a força resultante que atua sobre

esse sistema é maior do que a força resultante que atua sobre o sistema na situação I.

b) Calcule o módulo da tração no fio que liga os blocos A e B nas situações I e II.

Em ambas as situações, o módulo da tração no fio que une os blocos A e B vale

4,5 N.

9 Em uma aula de física o professor explica que nos elevadores as marcações das
balanças de molas variam de acordo com a natureza do movimento executado
pelo elevador. Intrigada, uma estudante de 50 kg se coloca em cima de uma
balança dentro de um elevador que sobe e desce, ora acelerando, ora retar-
dando o movimento. Considere o módulo da aceleração da gravidade igual a
10 m/s2 e determine a leitura da balança (o módulo da força normal), quando
o elevador:
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a) sobe acelerado com aceleração de módulo 0,8 m/s2.

540 N

b) sobe retardado com aceleração de módulo 0,8 m/s2.

460 N

c) desce acelerado com aceleração de módulo 0,8 m/s2.

460 N

d) desce retardado com aceleração de módulo 0,8 m/s2.

540 N

e) se move em movimento uniforme ou está em repouso.

500 N

49
10 (PUC-SP) Um garoto corre com veloci-
dade de 5 m/s em uma superfície ho-
rizontal. Ao atingir o ponto A, passa a
deslizar pelo piso encerado até atingir 5 m/s
o ponto B, como mostra a figura. 5 m/s
v=0
Considerando a aceleração da gravida- A B
v=0
Eixo de referência
de g 5 10 m/s2, o coeficiente de atrito Eixo de referência A B
10 m
cinético entre suas meias e o piso en- 10 m
cerado é de:
a) 0,050 c) 0,150 e) 0,250 Eixo de referência
b) 0,125 d) 0,200 Eixo de referência

11 Uma força F horizontal de módulo 112 N puxa o sistema de corpos representa-


do na figura, em que as massas dos blocos A e de B são, respectivamente, 10 kg
e 6 kg, e o coeficiente de atrito entre os corpos e o piso é igual a 0,5.

F
B A

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Nessas condições, qual é:
a) o módulo da aceleração do sistema?

a 5 2 m/s2

b) o valor do módulo da força de tração no fio que une os blocos A e B?

TAB 5 42 N

Professor: As resoluções destes exercícios estão dis-


poníveis no Plano de Aulas deste módulo. Consulte

Retomada dos conceitos também o Banco de Questões e incentive os alunos


a usar o Simulador de Testes.

1 (UPF-RS) Uma caixa de 2 kg é arrastada por um estu- 2 (Unesp) Uma das modalidades esportivas em que
dante que a movimenta num plano horizontal, por nossos atletas têm sido premiados em competições
uma força constante e paralela a esse plano, de 7 N, olímpicas é a de barco a vela. Considere uma situa-
cujo atrito ele despreza para efeitos de cálculo. No ção em que um barco de 100 kg conduzido por um
instante inicial, a caixa está em repouso e, no instan- velejador com massa de 60 kg, partindo do repou-
te final, ela está com velocidade de 21 m/s. O inter- so, se desloca sob a ação do vento em movimento
valo de tempo, obtido pelo estudante, para que essa uniformemente acelerado, até atingir a velocidade
variação de velocidade ocorra é, em segundos, de: de 18 km/h. A partir desse instante, passa a navegar
com velocidade constante. Se o barco navegou 25 m
a) 5 c) 12 e) 21 em movimento uniformemente acelerado, qual é o
b) 6 d) 16 valor da força aplicada sobre o barco? Despreze re-
sistências ao movimento do barco.

50
3 (Fuvest-SP – adaptado) Um Motor
6 (Fuvest-SP) Uma esfera de massa m0 está pendurada
elevador de carga, com massa por um fio, ligado em sua outra extremidade a um cai-
M 5 5.000 kg, é suspenso por xote, de massa M 5 3m0 , sobre uma mesa horizontal.
um cabo na parte externa de um Quando o fio entre eles permanece não esticado e a es-
edifício em construção. fera é largada, após percorrer uma distância H0 , ela atin-
a) Determine o módulo da força girá uma velocidade v0 , sem que o caixote se mova.
F1, em N, que o cabo exerce
sobre o elevador, quando ele
M
é puxado com velocidade g
constante.
b) Determine o módulo da força
m
F2, em N, que o cabo exerce
sobre o elevador, no instan-
te em que ele está subindo m0
com uma aceleração para
cima de módulo a 5 5 m/s2. H0
g
4 (UEL-PR) Os três blocos, A, B e C, representados na
figura, têm massas iguais a 3,0 kg:
v0

A B
Na situação em que o fio entre eles estiver esticado,
a esfera, puxando o caixote, após percorrer a mesma
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distância H0, atingirá uma velocidade v igual a


1 1
a) __
​   ​  v0 c) ​ __  ​v0 e) 3 v0
4 2
C
1
b) ​ __ ​  v0 d) 2 v0
3

7 (UFRGS-RS – adaptado)
O plano horizontal, onde se apoiam A e B, não for- A figura ao lado repre- Fio 1
nece atrito, a roldana tem massa desprezível e a senta dois objetos, P e
aceleração local da gravidade pode ser considerada Q, cujos pesos, medidos P
g 5 10 m/s2. A tração no fio que une os blocos A e B com um dinamômetro
tem módulo: por um observador iner-
Fio 2
a) 10 N b) 15 N c) 20 N d) 25 N e) 30 N cial, são 6 N e 10 N, res-
pectivamente.
5 (UFPel-RS) Num porta-aviões, em virtude da cur- Por meio de dois fios de
ta distância para a pista de voo, o lançamento de massas desprezíveis, os Q
aviões e atrelagem também são realizados mediante objetos P e Q acham-se
dois sistemas de propulsão: um, por meio das turbi- suspensos, em repouso,
nas do avião e o outro, por uma espécie de catapulta ao teto de um elevador
com cabos de aço. Considere um porta-aviões cuja que, para o referido observador, se encontra parado.
pista mede 100 metros de comprimento e um avião- Para o mesmo observador, quando o elevador acele-
-caça com massa de 1 tonelada, que necessita de rar verticalmente para cima à razão de 1 m/s2, qual
uma velocidade de 80 m/s em relação ao ar para de- será o módulo da tensão no fio 2? (Considere o mó-
colar, sendo que as duas turbinas juntas contribuem dulo da aceleração da gravidade igual a 10 m/s2.)
para o seu movimento com uma força de 1,5 # 104 N. a) 17, 6 N c) 11,0 N e) 9,0 N
Desprezando as forças de atrito e a resistência do ar, b) 16,0 N d) 10,0 N
faça o que se pede.
8 (UFU-MG) Um elevador tem
kristi earl / u.s. navy-
getty images news

joe raedle / getty images news

uma balança em seu assoa-


lho. Uma pessoa de massa
m 5 70 kg está sobre a ba-
lança conforme figura ao
lado. Adote g 5 10 m/s2.
a) Calcule a aceleração gerada pelas turbinas do
avião.
b) Determine a força mínima que a catapulta deve
exercer para que o voo seja possível.

51
Julgue os itens abaixo. 10 Um menino lança uma caixa de 3 kg sobre uma mesa,
I. Se o elevador subir acelerado com aceleração cons- com atrito, imprimindo-lhe certa velocidade inicial. A
tante de 2 m/s2, a leitura da balança será 840 N. caixa percorre 0,5 m sobre o tampo da mesa até pa-
II. Se o elevador descer com velocidade constante, rar. Se a massa da caixa fosse igual a 6 kg e o menino
a balança indicará 700 N. lançasse a caixa sobre a mesma mesa com a mesma
III. Se o elevador descer retardado com aceleração cons- velocidade inicial, ela percorreria, até parar, uma dis-
­tante de 2 m/s2, a leitura da balança será 840 N. tância em metros igual a:
IV. Rompendo-se o cabo do elevador e ele caindo a) 0,25 d) 1,0
com aceleração igual à da gravidade, a balança b) 0,5 e) 2,0
indicará zero.
c) 0,75
V. Se o elevador descer acelerado com aceleração
cons­tante de 2 m/s2, a leitura da balança será 560 N.
São corretos: 11 Na situação representada a seguir, considere os fios
ideais e despreze os atritos nas roldanas. Dado que o co-
a) apenas I, II e III. d) apenas I, II, IV e V. eficiente de atrito cinético entre o corpo B e a superfície
b) apenas I, II e IV. e) I, II, III, IV e V. é igual a 0,2 e que as massas dos corpos são mA 5 2,5 kg
c) apenas I, III e IV. e mB 5 1,5 kg, calcule o módulo da aceleração do siste-
ma e o valor do módulo da força de tração no fio que
9 Duas forças horizontais de intensidades 40 N e 5 N es- une os corpos. Considere g 5 10 m/s2.
tão agindo sobre dois corpos A e B, conforme a figura.

5N

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40 N B B
A

Sendo 2 kg e 3 kg as massas de A e B, respectivamen-


te, calcule o módulo da força de tração na corda que
une A e B. Considere g 5 10 m/s2 e o coeficiente de A
atrito cinético entre os blocos e a superfície 0,2.

Professor: As resoluções destes exercícios estão dis-


poníveis no Plano de Aulas deste módulo. Consulte

Exercícios de integração também o Banco de Questões e incentive os alunos


a usar o Simulador de Testes.

1 (FGV-SP) Usado para missões suborbitais de explo- IV. Se o automóvel partir do repouso, após 2 segun-
ração do espaço, o VS-30, foguete de sondagem bra- dos, terá percorrido um espaço igual a 1,5 metro.
sileiro, possui massa total de decolagem de, aproxi- V. Se quisermos reduzir a aceleração à metade,
madamente, 1.500 kg e seu propulsor lhe imprime basta dividirmos por dois a intensidade da força
uma força de 95 # 103 N. Supondo que um desses aplicada.
foguetes seja lançado verticalmente em um local Estão corretas:
onde a aceleração da gravidade tem valor 10 m/s2, a) apenas I e II. d) I, II, IV.
desconsiderando a gradual perda de massa devido à b) apenas I e III. e) II, III e V.
combustão, a aceleração imprimida ao conjunto nos c) I, III e V.
instantes iniciais de sua ascensão, relativamente ao
solo, é, aproximadamente: 3 (UFC-CE) Um pequeno automóvel colide frontalmen-
a) 15 m/s2 d) 42 m/s2 te com um caminhão cuja massa é cinco vezes maior
b) 24 m/s 2
e) 53 m/s2 que a massa do automóvel. Em relação a essa situação,
c) 36 m/s2 marque a alternativa que contém a afirmativa correta.
a) Ambos experimentam desaceleração de mesma
2 (PUC-PR) A aceleração adquirida por um automóvel intensidade.
é de 1,5 m/s2 e a força resultante que age sobre ele é b) Ambos experimentam força de impacto de mes-
3.000 N. ma intensidade.
c) O caminhão experimenta desaceleração cinco ve-
Com base nessas informações, analise as proposições:
zes mais intensa que a do automóvel.
I. A massa do automóvel é igual a 2.000 kg. d) O automóvel experimenta força de impacto cinco
II. A massa do automóvel é igual a 4.500 N. vezes mais intensa que a do caminhão.
III. Se o automóvel partir do repouso, após 4 segun- e) O caminhão experimenta força de impacto cinco
dos, sua velocidade será igual a 6 m/s. vezes mais intensa que a do automóvel.

52
4 (UFPel-RS) Analise a afirmativa a seguir: Fat. (N)

Em uma colisão entre um carro e uma moto, am- 15


bos em movimento e na mesma estrada, mas em
sentidos contrários, observou-se que após a coli- 10
são a moto foi jogada a uma distância maior do
que a do carro.
Baseado em seus conhecimentos sobre mecâni-
ca e na análise da situação descrita acima, bem
como no fato de que os corpos não se deformam
durante a colisão, é correto afirmar que, durante a
colisão: 0 15 F (N)
a) a força de ação é menor do que a força de reação, O coeficiente de atrito estático entre a borracha e a
fazendo com que a aceleração da moto seja maior superfície, e a aceleração adquirida pelo bloco quan-
que a do carro, após a colisão, já que a moto pos- do a intensidade da força F atinge 30 N são, respecti-
sui menor massa. vamente, iguais a:
b) a força de ação é maior do que a força de reação,
fazendo com que a aceleração da moto seja maior a) 0,3 e 4,0 m/s2. d) 0,5 e 4,0 m/s2.
que a do carro, após a colisão, já que a moto pos- b) 0,2 e 6,0 m/s2. e) 0,2 e 3,0 m/s2.
sui menor massa. c) 0,3 e 6,0 m/s2.
c) as forças de ação e reação apresentam iguais in-
tensidades, fazendo com que a aceleração da 7 (Fatec-SP) Uma corrente com dez elos, sendo todos
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moto seja maior que a do carro, após a colisão, já de massas iguais, está apoiada sobre o tampo hori-
que a moto possui menor massa. zontal de uma mesa totalmente sem atrito. Um dos
d) a força de ação é menor do que a força de reação, elos é puxado para fora da mesa, e o sistema é aban-
porém a aceleração da moto, após a colisão, de- donado, adquirindo, então, movimento acelerado.
pende das velocidades do carro e da moto ime- No instante em que o quarto elo perde contato com
diatamente anteriores à colisão. a mesa, a aceleração do sistema é:
e) exercerá maior força sobre o outro aquele que ti- 2 3 2 1
a) g b) ​ __  ​g c) ​ __  ​g d) ​ __ ​ g e) ___
​     ​ g
ver maior massa e, portanto, irá adquirir menor 3 5 5 10
aceleração após a colisão.
8 (Unifesp) Na representação da figura, o bloco A des-
5 (PUC-PR) A figura representa um corpo de mas- ce verticalmente e traciona o bloco B, que se movi-
sa 10 kg apoiado em uma superfície horizontal. O menta em um plano horizontal por meio de um fio
coeficiente de atrito entre as superfícies em contato inextensível.
é 0,4. Em determinado instante, é aplicada ao corpo
uma força horizontal de 10 N. B

10 N
A

Considere desprezíveis as massas do fio e


da roldana e todas as forças de resistência
ao movimento.
Considere g 5 10 m/s2 e marque a alternativa correta:
Suponha que, no instante representado
a) A força de atrito atuante sobre o corpo é 40 N. na figura, o fio se quebre. Pode-se afirmar A
b) A velocidade do corpo decorridos 5 s é 10 m/s. que, a partir desse instante,
c) A aceleração do corpo é 5 m/s2. a) o bloco A adquire aceleração igual à da gravidade;
d) A aceleração do corpo é 2 m/s2 e sua velocidade, o bloco B para.
decorridos 2 s, é 5 m/s. b) o bloco A adquire aceleração igual à da gravidade;
e) O corpo não se movimenta e a força de atrito é o bloco B passa a se mover com velocidade cons-
10 N. tante.
c) o bloco A adquire aceleração igual à da gravidade;
6 (PUC-SP) Um bloco de borracha de massa 5,0 kg está o bloco B reduz sua velocidade e tende a parar.
em repouso sobre uma superfície plana e horizon- d) os dois blocos passam a se mover com velocidade
tal. O gráfico representa como varia a força de atrito constante.
sobre o bloco quando sobre ele atua uma força F de e) os dois blocos passam a se mover com a mesma
intensidade variável paralela à superfície. aceleração.

53
9 (FGV-SP – adaptado) Uma caixa encontra-se sobre 11 (PUC-Minas) Considere um corpo na Lua, colocado
um plano horizontal e sobre ela uma força constante em uma superfície plana e que, sobre ele, atue uma
de intensidade F atua horizontalmente da esquerda força horizontal conforme ilustrado a seguir. Consi-
para a direita, garantindo-lhe um movimento retilí- dere glunar 7 1,6 m/s2.
neo e uniforme.
F
2 kg F = 1,34 N

F
Os coeficientes de atrito estático e cinético entre o
objeto e a superfície sobre a qual ele está apoiado
valem respectivamente je 5 0,2 e jc 5 0,1.
Assinale a afirmação correta sobre o objeto.
Com base nas leis de Newton, analise: a) Irá adquirir uma aceleração de aproximadamente
0,5 m/s2.
I. Uma pessoa, dentro da caixa e impedida de ver o ex-
b) Não entrará em movimento, pois a força externa é
terior, teria dificuldade em afirmar que a caixa possui
menor que a força de atrito estático máxima.
movimento relativamente ao plano horizontal.
c) Irá adquirir uma aceleração de 1,67 m/s2.
II. A força resultante sobre a caixa é um vetor ho-
d) Irá deslocar-se em movimento retilíneo uniforme.
rizontal, que possui sentido da esquerda para a
direita e intensidade igual a F.
III. O componente do par ação/reação corresponden-
12 (OBF) Usando um dina­mô­metro, um aluno está ten-
tando suspender uma caixa de massa 6,0 kg que está

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te à força F é outra força que atua sobre a caixa,
apoiada numa mesa.
horizontalmente, com a mesma intensidade de F,
porém de sentido da direita para a esquerda.
Está correto o contido em:
a) I, apenas. d) II e III, apenas.
b) III, apenas. e) I, II e III.
c) I e II, apenas.

10 (UFRJ) Uma mola de constante elástica k e comprimen-


to natural L está presa, por uma de suas extremidades,
ao teto de um elevador e, pela outra extremidade, a
um balde vazio de massa M, que pende na vertical.

L L Quando o dinamômetro estiver marcando 15 N, o


k
valor da força que a mesa aplica no fundo da caixa,
k em N, é:
a) 0,0 c) 15 e) 60
x0 x0
b) 6,0 d) 45
M d
Figura 1 13 (OBF) Um corpo de massa m encontra-se suspenso
M por um fio inextensível de massa desprezível. Esta
Figura 2
situação e o diagrama de forças estão representados
Suponha que a mola seja ideal, isto é, que tenha nas figuras a seguir.
massa desprezível e satisfaça a lei de Hooke.
a) Calcule a elongação x0 da mola supondo que tan- F2
to o elevador quanto o balde estejam em repou- Teto
so, situação ilustrada na figura 1, em função de M, Corda
F1
k e do módulo g da aceleração da gravidade.
F3
b) Considere, agora, uma situação na qual o elevador
se mova com aceleração constante para cima e o
balde esteja em repouso relativamente ao elevador. Superfície da Terra
Verifica-se que a elongação da mola é maior do que F4
a anterior por um valor d, como ilustra a figura 2.
Calcule o módulo da aceleração do balde em ter- F6 Centro da Terra
F5
mos de k, M e d.

54
Afirma-se que as seguintes forças formam pares de f
Calcule a razão ​ __  ​  entre o módulo f da força de atrito
ação e reação: F
I. F1 e F2 V. F4 e F5 e o módulo F da força horizontal que puxa o bloco.
II. F1 e F4 VI. F5 e F6
III. F2 e F3 VII. F3 e F6 15 (Ufpe – adaptado) Um pequeno bloco de 0,50 kg
IV. F3 e F4 VIII. F2 e F5 desliza sobre um plano horizontal sem atrito, sendo
Está correto o que se afirma em: puxado por uma força constante de módulo F 5 10,0 N
a) I, IV e VI. d) I, V e VI. aplicada a um fio inextensível que passa por uma rolda-
b) II, III e VII. e) II, IV, VII e VIII. na, conforme a figura a seguir.
c) III, V e VIII.

14 (UFRJ – adaptado) Uma força horizontal de módulo F F


puxa um bloco sobre uma mesa horizontal com uma
aceleração de módulo a, como indica a figura 1.
Sabe-se que, se o módulo da força for duplicado, a
aceleração terá módulo 3a , como indica a figura 2.
a 3a Qual a aceleração do bloco, em m/s2, na direção
paralela ao plano, no instante em que ele perde o
F 2F
contato com o plano? Despreze as massas do fio e
da roldana, bem como o atrito no eixo da roldana.

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Considere √ 3 = 1,73.
Figura 1 Figura 2
a) 12,4
Suponha que, em ambos os casos, a única outra for- b) 14,5
ça horizontal que age sobre o bloco seja a força de c) 15,2
atrito – de módulo invariável f – que a mesa exerce d) 17,3
sobre ele. e) 18,1

55
Navegando no módulo

Leis de Newton

Primeira lei
de Newton

Segunda lei
de Newton Lei da inércia Massa e peso

boeing-nasa-esa

bipm
Sistemas de corpos
corpos acelerados
acelerados

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a a1
Peso e gravidade
FR FR

Terceira lei de
Newton
–P

Forças importantes
Ação e reação
na mecânica

Força de
Força elástica
reação normal
N Estado original Forças de atrito FÍSICA
Hugo Carneiro Reis
Blaidi Sant’Anna

Walter Spinelli
Gloria Martini

P Mola comprimida atrito estático


N=P Fel. F

Tensão ou tração F
Fat.(e)
Mola distendida
T –T F
Fel. F

atrito cinético
ou dinâmico
gero breloer /
dpaphotos-newscom

56

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