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A IMPORTÂNCIA DA PAISAGEM HISTÓRICA URBANA PARA

RECONHECIMENTO DE PAISAGENS URBANAS COMO PAISAGENS


CULTURAIS

ROSSIN, MARIANA S. (1); OLENDER, MARCOS. (2)

1. Universidade Federal de Juiz de Fora. Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído


(PROAC)
Rua Dr. Gil Horta, 30/303, Centro, Juiz de Fora – MG, CEP: 36016-400.
marianarossin.arq@hotmail.com

2. Universidade Federal de Juiz de Fora. de História – Instituto de Ciências Humanas (ICH) –


Programa de Pós-Graduação em História no mesmo Instituto; Programa de Pós-Graduação em
Ambiente Construído (PROAC)
Rua José Lourenço Kelmer, s/n, Martelos, Juiz de Fora, MG – CEP: 36036-330.
olender@terra.com.br

RESUMO
Analisando o contexto sobre as discussões que envolvem à preservação do patrimônio cultural, nos
últimos anos, este artigo aborda os conceitos de paisagem que originaram o termo, mais
recentemente, aderido pelas Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), Paisagem Histórica Urbana, provindo como uma tipologia de Paisagem Cultural. O
entendimento de que a criação do termo paisagem cultural deu início à um espaço de discussões
bastante fértil, com abordagens conceituais sobre a aceitação de que as relações entre homem e
natureza vão além da compreensão entre a visão de patrimônio depositada somente na relação entre
o material e o imaterial. A paisagem histórica urbana traz a discussão de paisagem cultural com seus
elementos materiais e imateriais, para os centros urbanos, abrangendo conceitos, tais como,
“vizinhança”, “abrangência”, “centros históricos” e “entorno”. Possibilitando, assim, uma compreensão
da paisagem cultural em usufruto da paisagem histórica urbana. A preocupação com a valorização da
paisagem se faz além das, já discutidas, relações entre homem e natureza. Há uma ansiedade em
relação à sua preservação como documento histórico, a partir do ponto em que se compreende a
possibilidade de se encontrar elementos de distintas temporalidades, capazes de permitir uma leitura
histórica, a tornando uma materialização da memória e, portanto, com necessidades de legislações e
olhares específicos para atender à esta tipologia de patrimônio. O objetivo deste artigo é apresentar
estudos sobre o termo Paisagem Cultural e, posteriormente, Paisagem Histórica Urbana, buscando
uma melhor compreensão sobre a criação de um novo termo, visto como uma ramificação do primeiro
e que, segundo estudiosos, não apresenta grandes ampliações das definições anteriores. Assim, o
texto estrutura-se da seguinte forma. Inicia-se apresentando uma análise histórico-conceitual sobre os
conceitos de paisagem, abrangendo as principais discussões até o surgimento do termo Paisagem
Cultural depois segue com as discussões que culminaram na criação do termo Paisagem Histórica
Urbana, desde a década de 1960, até as Recomendações da Unesco de 2011, que estabelece tal
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tipologia. Após tais discussões, há uma abordagem de algumas das implicações sobre a criação de
uma tipologia específica para as paisagens urbanas históricas, com discussões sobre a importância
de tal criação na preservação do patrimônio urbano e algumas críticas sobre o tema. E, por fim,
aponta como o emprego de um novo conceito pode refletir velhas concepções, embora aponte
perspectivas de avanço nas políticas de preservação. Assim, com este trabalho, espera-se contribuir
para compreensão sobre os conceitos de Paisagem Cultural e Paisagem Histórica Urbana com suas
intrínsecas relações e, ampliação nos usos, buscando uma efetiva preservação das paisagens
históricas e culturais e do patrimônio presente nelas.

Palavras-chave: Paisagem Histórica Urbana, Paisagem Cultural, Paisagem Urbana, Preservação.

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Introdução

A noção coletiva de paisagem, na Europa, foi criada no século XIX, sob a influência do
crescimento e agilidade na circulação de pessoas, com ampliação da imprensa e da
fotografia, principalmente, culminando no primeiro termo que designou paisagem, a palavra
alemã landschaft, o qual indicava, desde a Idade Média, “uma região de dimensões médias,
em cujo território desenvolviam-se pequenas unidades de ocupação humana” (MAXIMIANO,
2004, p. 85), dando, a partir deste momento, um significado às gravuras presentes em
quadros, de obras de arte e, também, de às imagens da natureza.

Desta maneira, os primeiros registros da paisagem ocorreram na pintura que, principalmente


a partir do Renascimento, no século XV, retratavam-na numa forma de pano de fundo ao
tema central de quadros e afrescos. Do século XIX em diante estudos sobre vegetação e
análises das paisagens começam a entrelaçar com componentes sociais e físicos.
(MAXIMIANO, 2004). Para Sauer (1998), o termo paisagem é análogo aos termos “região” e
“área”, tornando-se assim uma associação de diferentes formas físicas e culturais. Desta
forma, o conteúdo cultural de uma paisagem é uma marca da existência humana numa
determinada área ou região, resultando, assim, numa paisagem cultural.

Ribero (2010) aponta que o conceito de paisagem é controverso desde sempre. A discussão
sobre a origem do termo como conceito científico é bem definida através de Humboldt,
sendo consolidada com a institucionalização da geografia alemã, a qual adotou o conceito
como central da disciplina, entre os principais geógrafos no período entre os séculos XIX e
XX. Neste momento houve a apropriação, redefinição, abandono e releitura por diversos
campos de estudos, entre a geografia, arquitetura, paisagismo, biologia e outras,
conformando num emaranhado de entendimentos, definições e metodologias para o tema.

Para Poletti (1999), a paisagem pode ser definida como um sistema do território conformado
por diversos elementos influenciados por processos naturais e de atividades humanas, em
constante transformação e que se desenvolvem historicamente, se integrando em diferentes
linhas de pesquisa para compreensão de relações sociais, econômicas, culturais e
ecológicas, formando assim, tipologias de paisagem. Forman e Godron (1986 apud Poletti,
1999) classificam a paisagem em cinco tipologias diferentes, dentre elas a paisagem natural,
a qual não possui nenhum significativo impacto antrópico; a paisagem cultivada, onde há
presença de vilas e manchas de ecossistemas naturais e manejados; a paisagem
suburbana, a qual se faz a partir de áreas urbanas e rurais com manchas heterogêneas
formadas por parcelas residenciais, comerciais, vegetação e áreas naturais e, as paisagens

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urbanas, formadas por uma região densamente construída. Boullón (2006) aponta que a
paisagem natural se difere integralmente da paisagem urbana, podendo, inclusive, esta ser
excluída do conceito de paisagens, visto que, a visão científica do termo se limita ao espaço
natural, entretanto, uma análise visual afirma que ambos os tipos de paisagem são
resultados da combinação entre diferentes elementos físicos, artificiais ou naturais,
intrinsecamente relacionados entre eles, podendo assim, serem observados em conjunto.
Boullón (2006) cita Petroni e Kenigsberg (1994), onde os autores trazem a definição da
paisagem em três linhas, natural, a qual possui caracteres físicos, onde, visivelmente não foi
modificado pelo homem; cultural, onde a mesma foi modificada pela presença e pela
atividade antrópica e, urbana, a qual possui diversos elementos plásticos naturais ou não,
que conformam uma cidade, tais como, colinas, rios, edificações, vias, praças, elementos
naturais e artificiais.

Santos (2009) discorre que uma paisagem é tudo o que a visão alcança e o homem é
inserido como observador, podendo assim, modificar uma paisagem de acordo com a sua
localização e percepção. Assim, Salgado (2017) afirma que a apreensão e a leitura da
paisagem, são reforçadas pelo caráter subjetivo, por ser o olhar de quem a observa. Simmel
(1996) também trabalha com a ideia de recorte quando se trata da paisagem, diferenciando,
assim, os conceitos de natureza e paisagem, onde a primeira é a totalidade, onde é possível
encontrar objetos à serem observados e, a segunda, se faz a partir da demarcação de um
recorte de observação para que se tenha uma paisagem, com participação obrigatória do
homem, sendo então, a paisagem, uma parcela de natureza com interferências antrópicas.
Estas definições de paisagem entrelaçadas ao ponto de vista antrópico, permite conclusões
de que elas não são elementos estáticos, acabados, onde o homem define seu significado
e, consequentemente, seu espaço existencial. A paisagem é um elemento dinâmico, com
constantes significações e interpretações que se modificam ao longo do tempo.

Desta forma, a paisagem se conforma como uma expressão da existência humana,


refletindo sua presença, onde, a principal característica não é, necessariamente, como
afirma Salgado (2017), a expressão da realidade, mas sim, a capacidade de tocar a
percepção humana em todos os sentidos, despertando as mais diversas sensações e
criando diferentes significados. Não é apenas o elemento visível, é também, o que se sente
ao observá-la, dando desta forma, um caráter simbólico e cultural. A paisagem carrega junto
a si a reprodução de valores sociais que vão além da questão espacial, representando a
história e a atualidade e tornando-se interesse para gerações passadas, presente e futuras.

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Apesar da polissemia do termo paisagem, percebe-se transformações ao longo dos anos e
uma aceitação de que não há uma relação somente visual e de contemplação, a paisagem,
hoje, é vista de forma significativamente mais ampla, interagindo com as mais variadas
ciências. Sua dinamicidade é capaz de promover avanços, os quais, geram discussões que
acarretam em novas tipologias que não somente as citadas anteriormente, além do
reconhecimento da necessidade de proteção e acautelamento de alguns tipos de paisagem
(CUSTÓDIO, 2014).

A paisagem, assim como a cidade, vai além de uma questão visual, relaciona-se com os
demais sentidos e experiências do usuário, remetendo assim, ao elemento mais
representativo de coletividade, que é o ambiente construído usado pela sociedade (ROSSI,
2001). Sua compreensão é essencial e se faz através da relação entre homem e natureza,
de forma material, com os espaços ou imaterial, com a cultura, conformando assim,
paisagens urbanas impregnadas de cultura e história que vão se perpetuando e se
adaptando com o passar do tempo.

A Paisagem Cultural e a Paisagem Histórica Urbana

Desde o século XIX discute-se sobre a ideia de paisagem cultural, inicialmente na geografia
e, posteriormente, na ecologia e arquitetura, criando-se diversas abordagens e
possibilidades de análise para o tema que, segundo Ribeiro (2007), inicia-se a partir da
escolha da metodologia e o tipo de abordagem sobre a concepção da paisagem que guiará
para os resultados relacionados à identificação e preservação da mesma como patrimônio
cultural.

[...] uma vez que é a escolha de determinada concepção de paisagem e da


metodologia para abordá-la que orientará os resultados do processo de
identificação e preservação da paisagem. O processo de atribuição de valor
e seus resultados, central na identificação e preservação do patrimônio
cultural, está, as- sim, ligado intimamente ao aparato conceitual e
metodológico que lhe dá aporte (RIBEIRO, 2007, p. 10).

Ainda conforme afirma Ribeiro (2007), as diferentes abordagens metodológicas sobre o


tema, juntamente com a subjetividade afirmada por alguns teóricos, foram responsáveis por
diversas discussões sobre até que ponto a paisagem poderia, de fato, ser tratada como um
conceito científico, o que somente foi aderido a partir de altercações sobre o
desenvolvimento sustentável, a partir da década de 1960. Para Castriota (2010), neste
mesmo período, da década de 1960, apesar da grande repercussão que o conceito de
patrimônio tomou, a forma de abordagem sobre o tema ainda se manteve, por muitos anos,

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com poucas discussões sobre formas de conexão entre patrimônio cultural e patrimônio
natural.

Em 1972, quando ocorreu a Convenção sobre a Salvaguarda do Patrimônio Mundial,


Cultural e Natural, esta separação ficou evidente com a criação de três tipos de bens
referentes ao patrimônio cultural, que eram os monumentos, os conjuntos e os sítios, e três
tipos de bens referentes ao patrimônio natural, que eram os monumentos naturais, as
formações geológicas e fisiográficas e os sítios naturais (CURY, 2000). Esta divisão, entre
natureza e cultura, ratificada pela Convenção abrangia a ideia de que, para alguns
estudiosos conservadores da natureza, quanto menor a interferência antrópica num
ambiente, maior qualidade ele teria, assim, diversos arquitetos, historiadores e cientistas
afirmavam que, movimentos, estruturas, prédios e ruínas eram elementos isolados e que,
não deveriam ser analisados em conjunto com o ambiente em que se encontram (FOWLER,
2003).

Somente em 1992, na 16ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, ocorrida no México,


que houve uma aceitação, após anos de discussões, sobre as paisagens culturais. Assim,
os sítios culturais, tratados na Convenção de 1972, transformaram-se em Paisagens
Culturais, a partir da associação entre as características naturais e as influências humanas.
Para Ribeiro (2010), os bens inscritos nesta nova categoria são sítios que demonstram valor
universal através da interação expressiva entre homem e natureza.

Em 1992, A Convenção Mundial do Patrimônio se tornou o primeiro


instrumento legal de reconhecimento e proteção das paisagens culturais –
desde que se mostrassem “de valor universal”. Algo "apenas local", por
maior que seja seu valor para uma comunidade local, não pode, por
definição, ser de "valor universal"; embora todas essas definições de “valor
universal”, também por definição, tenham seu lugar, e muitas vezes muito
do seu valor, em um cenário local topográfico e social (FOWLER, 2003, p.
19, traduzido por Rossin, 2018).

Em 1999 a Unesco elaborou um documento intitulado como Diretrizes Operacionais para a


Implementação da Convenção do Patrimônio Mundial, onde definiu-se as paisagens
culturais da seguinte forma:

As paisagens culturais são bens culturais e representam as «obras


conjugadas do homem e da natureza» a que se refere o artigo 1º da
Convenção. Ilustram a evolução da sociedade e dos povoamentos ao longo
dos tempos, sob a influência de constrangimentos físicos e/ou das
vantagens oferecidas pelo seu ambiente natural e das sucessivas forças
sociais, económicas e culturais, internas e externas.
Devem ser escolhidas com base no seu Valor Universal Excecional e na
sua representatividade em termos de região geocultural claramente definida
e da sua capacidade de ilustrar os elementos essenciais e distintivos de tais
regiões.
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A expressão «paisagem cultural» abarca uma grande variedade de
manifestações interativas entre o homem e o seu ambiente natural
(UNESCO, 1999, p.70).

Desta maneira, se faz possível compreender a ideia de conceituação de paisagem cultural


através da abrangência de uma diversidade de manifestações com interação entre o homem
e o seu ambiente natural que, segundo Castriota (2010), abarca desde os jardins projetados
até as paisagens urbanas, passando por campos agrícolas e rotas de peregrinação entre
outras, onde, justamente essa polissemia do termo que abre espaço para tantas
controvérsias sobre o assunto. A amplitude da definição gerou a ideia de objetivar o
processo de reconhecimento e atribuição de valores às paisagens culturais, assim, a
categoria foi dividida em três: Paisagens claramente definidas - intencionalmente criada pelo
homem, representada nos parques e jardins; Paisagens essencialmente evolutivas -
resultantes da ação do homem como resposta ao ambiente natural, refletindo o processo
evolutivo da sociedade, ou seja, paisagens que se desenvolveram organicamente, que pode
ser uma “paisagem relíquia” ou uma “paisagem com continuidade”; e Paisagens culturais
associativas – reconhecidas principalmente pelos valores atrelados a ela associados do que
por suas transformações físicas e seu agenciamento (CASTRIOTA, 2010; RIBEIRO, 2010).

Assim, como afirmam Ribeiro e Figueroa (2012), antes da década de 1970, a paisagem, já
aparecia em diversos documentos patrimoniais e até 1995 sofreu uma ampliação no quadro
de valores atribuídos, assumindo diversas vezes, expressões como “entorno”, “ambiência”,
“circunvizinhança”, “vizinhança” ou “arredores”, contudo sua função primordial era de objeto
secundário em obras de arte ou base para algum monumento a ser reconhecido, por isso as
expressões de adjacências presentes nos documentos que tratavam do patrimônio cultural.
Assim, pode-se dizer que, toda paisagem é cultural, já que, ao se relacionar com o meio
ambiente, o ser humano realiza algo associado à sua forma de viver e, assim, à sua cultura.
Entretanto, o termo “cultural” foi acrescentado para expressar a relação de comunidade com
o meio, atribuindo valores materiais e imateriais.

Ribeiro (2010) aponta que, ao considerar o significado atribuído à paisagem cultural, desde
o final do século XIX, pela geografia, a forma mais representativa para definir a paisagem
transformada pela cultura seria a paisagem urbana, entretanto, a forma como foi definida
pela Convenção de 1972, sendo claramente separadas as categorias culturais e naturais de
uma paisagem, tornando-se antagônicas, tornava difícil a aplicação do termo para grandes
centros urbanos, já que nestes locais, as paisagens naturais se misturam às influências do
homem em todos os momentos, sendo difícil a identificação, em um centro urbano, de
alguma paisagem intocada pelo homem.

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A dificuldade de inclusão de áreas urbanas dentro da categoria de paisagem cultural já
definida com suas subdivisões, foi criada uma nova categoria, a de paisagem histórica
urbana representando, segundo Ribeiro (2010) um “novo olhar para um velho objeto”, dado
pelo Centro Histórico, do que a possibilidade de inclusão de novos sítios. Sua criação é
baseada na observação de que as novas construções e espaços urbanos, apesar de bem
preservados perderam muito de seus usos e valores, através de processos como
gentrificações e turismo em massa. Considerando estas questões, discutiu-se a criação de
uma categoria que contemplasse as questões de conservação de áreas urbanas com a
preocupação de um todo, envolvendo a população, os usos das edificações e dos espaços,
o significado do lugar, transformando assim está inquietação na principal discussão sobre a
paisagem histórica urbana, contudo, tal categoria é restrita aos espaços urbanos tidos como
“históricos”, ou seja, “centros históricos”.

Paisagens Históricas Urbanas não constituem uma categoria separada de


patrimônio. Pelo contrário, o conceito permanece dentro dos parâmetros
estabelecidos das áreas urbanas históricas, enquanto tentam adicionar uma
nova lente à prática de conservação urbana: uma visão territorial mais
ampla do patrimônio, acompanhada de uma maior consideração das
funções sociais e econômicas de uma cidade histórica (BANDARIN, 2012,
p. 223 apud, RIBEIRO, 2010, p. 246, traduzido por Rossin, 2018).

Além destas discussões, permearam a falta de parâmetros específicos capazes de restringir


a expansão e crescimento vertical de centros urbanos, diante da complexidade de
conceituar a paisagem, admitindo um processo de formulação, inclusive direcionado às
histórias formadoras das paisagens de centros urbanos, sendo que, algumas ações de
expansão se tornam ameaçadoras para a preservação do patrimônio cultural (RIBEIRO;
FIGUEROA, 2012). A paisagem histórica urbana, é uma tipologia de paisagem cultural,
entretanto, dificuldades para distinguir cada uma em suas determinadas tipologias ocorriam,
segundo Ribeiro (2009), simultaneamente quando os setores relacionados à preservação de
centros históricos passaram a identificar de uma maneira cada vez mais significativa a
necessidade de abordagens mais amplas para questões que abrangiam novos
planejamentos urbanos, a partir da integração entre os centros históricos e o caráter
simbólico de cada paisagem urbana.

Estas discussões resultaram numa conferência da Unesco, em 2005, a qual se desdobrou


num documento oficializado como o Memorando de Viena, que trata sobre a Gestão da
Paisagem Histórica Urbana ou Historic Urban Landscape (HUL), definida da seguinte forma:

A paisagem histórica urbana, baseada na “Recomendação da UNESCO


relativa a salvaguarda dos conjuntos históricos e sua função na vida
contemporânea”, de 1976 [Recomendação de Nairóbi], se refere a
conjuntos de qualquer grupo de edifícios, estruturas e espaços abertos em
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seu contexto natural e ecológico – o que inclui sítios arqueológicos e
paleontológicos – que constituam assentamentos humanos em um
ambiente urbano em um período considerável de tempo, cuja a coesão e
valor sejam reconhecidos desde o ponto de vista arqueológico,
arquitetônico, pré-histórico, histórico, científico, estético, sociocultural ou
ecológico. Esta paisagem conformou a sociedade moderna e resulta de
grande valor para ajudarmos a compreender como vivemos hoje em dia.
A paisagem histórica urbana está impregnada de elementos expressivos e
processos de desenvolvimento próprios do lugar, tanto passado como atual.
Está composta de elementos definidores do caráter que incluem usos e
pautas de ocupação do solo, organização espacial, relações visuais,
topografia e terreno, vegetação e todos os elementos da infraestrutura
técnica, assim como objetos de pequena escala e detalhes de construção
(calçamentos, pavimentação, sistemas de drenagem, iluminação etc.)
(UNESCO, 2005, p. 2, traduzido por Rossin, 2018).

O Memorando foi criado como um instrumento para uma abordagem integrada de


arquitetura contemporânea, desenvolvimento sustentável e integridade da paisagem,
baseada em padrões históricos, ambiente construído e no contexto, complementado por
documentos patrimoniais anteriores que abordavam sítios e conjuntos históricos (RIBEIRO;
FIGUEROA, 2012).

Em 2011, a Unesco redigiu um documento oficial, resultante da conferência que ocorreu em


Paris, sobre a temática da paisagem histórica urbana, na qual o termo ficou definido da
seguinte forma:

A paisagem histórica urbana é a área urbana que resulta da estratificação


histórica de valores e atributos culturais e naturais, que transcende a noção
de "centro histórico" ou de "conjunto histórico" para incluir o contexto urbano
mais abrangente e a sua envolvente geográfica.
Este contexto mais abrangente inclui, nomeadamente, a topografia, a
geomorfologia, a hidrologia e as características naturais do local, o
ambiente construído, tanto histórico como contemporâneo, as suas
infraestruturas à superfície ou subterrâneas, os espaços livres e os jardins,
os padrões de ocupação do solo e organização espacial, as percepções e
relações visuais, assim como todos os outros elementos da estrutura
urbana. Inclui, igualmente, as práticas e os valores sociais e culturais, os
processos económicos e as dimensões imateriais do património, enquanto
vetores de diversidade e identidade (UNESCO, 2011).

A Recomendação sobre paisagens históricas urbanas busca uma abordagem abrangente e


integrada para a identificação e gestão destas paisagens, buscando uma realidade
sustentável para o desenvolvimento das cidades com a preservação da qualidade do
ambiente urbano, a melhoria da produção dos espaços urbanos e o reconhecimento do
caráter dinâmico e diversificado, além de buscar a integração entre os objetivos de
conservação do patrimônio urbano com os de desenvolvimento socioeconômico e natural.

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Para Jokilehto (2009), a definição de paisagem apresentada é desenvolvida mais
detalhadamente com a inclusão de camadas da história, valores naturais e culturais,
topografia, geomorfologia, ambiente construído – velho e novo -, e demais elementos
compositores da estrutura urbana. Também inclui as práticas e valores socioculturais,
economia e a simbologia, representante do intangível, através de tradições de comunidades
locais. Tendo em vista a crescente transformação das cidades, assim como as mudanças
sociais e ambientais, o desenvolvimento urbano se torna, sempre, impactante. Assim, a
questão principal que permeia o tema é a busca do equilíbrio entre pré-existência e o
contemporâneo, através de um processo de planejamento urbano sustentável e integrado.

O HUL para o reconhecimento da Paisagem Cultural Urbana

Os conceitos apresentados de Paisagem Histórica Urbana, de fato, não contemplam áreas


fora da concepção de uma cidade ou centro histórico, sendo o valor “histórico-cultural”
primordial para o reconhecimento de necessidade de proteção. Assim, iniciou-se uma
discussão sobre como abranger áreas urbanas com excepcionais valores para
determinados grupos que, entretanto, não se encaixam no sentido ampliado de centros
históricos. A busca de como fazer com que o HUL envolvesse paisagens culturais e urbanas
sem deixar espaço para especulações que possam impugnar seu reconhecimento resultam
em novas formas de delimitar e conceituar um bem, como no caso da inscrição do Rio de
Janeiro como Patrimônio Mundial Cultural e Urbano. Segundo Ribeiro (2010), a inscrição da
paisagem do Rio de Janeiro fez uma interseção entre as diversas tradições e conseguiu um
caminho para um entendimento mais amplo de patrimônio mundial, permitindo o uso de
Paisagem Cultural no sentido Urbano. “Ao incorporar diferentes tradições e avançar na ideia
do que representa uma paisagem cultural, o urbano passa a ser objeto de interesse
independentemente de seu caráter “histórico” no sentido tradicional, como vinha sendo
empregado” (RIBEIRO, 2010, p. 249).

De fato, a paisagem histórica urbana está repleta de práticas sociais associadas ao


ambiente, sendo composta por elementos que a definem e a caracterizam, tais como usos
do solo, organização espacial, topografia, vegetação, elementos de infraestrutura urbana,
ambiente construído e outros. Desta forma, uma paisagem adquire um valor excepcional a
partir de uma evolução gradual, marcado por períodos morfológicos ou fases de implantação
de ações de desenvolvimento urbano planejado ou através de processos de urbanização
acompanhados por processos orgânicos e naturais, como topografias e o ambiente, além de
processos simbólicos e culturais, como questões de economia, política e sociedade. Assim,
uma paisagem histórica urbana é reflexo da paisagem natural que existiu ali e suas relações

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com os processos implantados pelo homem, para ocupação e urbanização da área, estando
sempre em movimento, de acordo com a dinamicidade das cidades.

As intervenções contemporâneas nestas paisagens exigem análises entre o contexto


espacial do novo e do pré-existente, sempre buscando respeitar a autenticidade e
integridade do tecido histórico e do ambiente construído. Estudos sobre a arquitetura do
local, com apreciações sobre tipologias e morfologias presentes que ultrapassem o
conhecimento de edificações, de forma isoladas. O processo de planejamento deve formular
os riscos que assegurem o desenvolvimento sustentável da cidade, de forma que a
arquitetura contemporânea, responsável por significativas intervenções no meio ambiente
construído histórico, incluindo os espaços livres, novas construções, adições, novos usos de
edificações e os sítios históricos (UNESCO, 2005).

Os questionamentos entorno do HUL busca desdobramentos que não somente de


especulações sobre como substituir as pré-existências pelo novo, para atender às novas
demandas urbanas, mas também, de ser compreendido como um progresso em prol da
melhoria da qualidade do ambiente e, consequentemente, de vida nas cidades, o
desenvolvimento é associado aos aspectos culturais e ambientais, ou seja, à
sustentabilidade. Para Jokilehto (2009), desenvolver é a concretização da cultura e do
potencial ambiental de uma paisagem, do HUL, e qualquer tipo de desenvolvimento terá
como base o gerenciamento de recursos, desde os recursos humanos, sociais, até os
profissionais, especializados, sendo que, parte desses recursos são os de estoque de
construções existentes, os recursos ambientais e o patrimônio cultural.

No geral, de acordo com as teorias de restauração, a identificação de uma paisagem


histórica urbana deve ser compreendida como resultante de um reconhecimento
sociocultural de características específicas e valores relacionados com o ambiente que
justifiquem as medidas de salvaguarda. Jokilehto (2009) compara a teoria de
reconhecimento do HUL com a teoria do restauro e afirma que como esta, aquela deve
oferecer princípios básicos que possam orientar uma abordagem histórico-crítica capazes
de nortear a identificação e reconhecimento de características específicas do ambiente,
juntamente com as camadas relevantes e os valores simbólicos que possam ser
salvaguardados, restaurados ou, simplesmente, revelados. Assim, o HUL pode conter
edificações históricas já protegidas, abranger ambientes que tenham passado por processos
de conservação urbana e áreas naturais, bem como as paisagens culturais se apresentam.

Desta maneira a definição e implantação de uma paisagem histórica urbana deve caminhar
junto com as discussões e implementações de planejamento urbano e instrumentos de
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gestão urbana, servindo de base política e de estratégias para a salvaguarda de paisagens
e o desenvolvimento urbano integrado (JOKILEHTO, 2009).

Conclusões

A integridade de áreas históricas é observada a partir da importância e da função que


exercem na vida das cidades. Medidas de proteção ambiental e para o patrimônio cultural já
fazem parte do cotidiano urbano desde o século XIX, permitindo a observação da
diversidade cultural que compõem e caracterizam muitas cidades. As relações entre homem
e natureza se fazem presentes em todos os momentos de ocupação de áreas urbanas, visto
que, pode-se observar que, na maioria das cidades, o processo de urbanização tem início
próximo à rios, córregos, montanhas ou quaisquer símbolos naturais que oferecessem
proteção ou alimento ao homem. O desenvolvimento de uma cidade em um ambiente
natural, por si só já acarreta numa transformação cultural, a qual pode ser denominada de
uma paisagem cultural, onde o homem empregou sua cultura numa área, antes, natural.
Assim, os usos sociais de ruas, espaços beira-mar, espaços públicos, parques, jardins,
praças que interligam natureza e a cidade, morro e asfalto, moldam uma paisagem cultural
e, de forma mais aprofundada, uma paisagem histórica urbana, HUL.

A definição de paisagem cultural investiga a integração entre valores naturais e culturais do


patrimônio, já que historicamente natureza e cultura eram tratadas de formas separadas até
os anos de 1990, quando tal forma de discussão se tornou insustentável. Assim, considera-
se o termo paisagem cultural para designar determinados sítios de interesse de
preservação, onde o mesmo não seja tão somente, o entorno ou a ambiência de um
determinado objeto, neste caso, a paisagem é o próprio objeto, onde deve-se considerar
todo o conjunto de interações que a permeia. A abordagem da paisagem histórica urbana
busca preservar a qualidade do ambiente humano, sendo capaz de melhorar o uso e o
transformar de forma produtiva e sustentável, no espaço urbano, reconhecendo o caráter
dinâmico, funcional e social que ela apresenta.

O HUL integra os meios de desenvolvimento social e econômico com os objetivos de


conservação do patrimônio urbano, buscando o equilíbrio entre o ambiente urbano e o
natural, para melhorar a qualidade de vida das gerações presentes e futuras, respeitando a
herança das gerações passadas. Através de análises sobre as características e qualidades
de um determinado HUL, é possível descobrir transformações negativas e prejudiciais no
processo de desenvolvimento urbano de certa cidade. O planejamento e o gerenciamento
do HUL devem, assim, incluir componentes que dispostos a aumentar o potencial de
qualidade de determinado local, como construções de estradas, fontes energéticas,
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abastecimento, infraestrutura no geral, sendo planejados de forma apropriada para não
denegrir o ambiente e a leitura de tal paisagem.

Por fim, o reconhecimento de uma paisagem histórica urbana é uma questão cultural que se
anexa aos valores sociais, econômicos e políticos, em busca de um ponto em comum entre
o desenvolvimento das cidades e a preservação da pré-existência, dos valores culturais,
sociais e históricos, procurando a construção de uma abordagem menos conflituosa, capaz
de equilibrar o desenvolvimento das cidades com os recursos patrimoniais.

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