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Resumo de Direito processual civil declarativo

 O que é o Direito Processual Civil?


É para resolver litígios. Não são todos os litígios. Quais? São litígios de Direito Privado: o réu e
o autor têm um litígio em que as partes são iguais, em questão estão atos administrativos.

 Espécies de Ações
As ações podem ser classificas quanto ao objeto, e neste contexto temos ações declarativas e
ações executivas (art.10ºCPC).

Nas ações declarativas aquilo que o autor pretende é que o tribunal profira uma declaração
final de direito, isto é, uma sentença que ponha cobro ao conflito que o separa do réu, e que,
dessa forma, componha definitivamente tal litígio. A ação declarativa pode ser:

 Ação declarativa de simples apreciação, visam obter unicamente a declaração da


existência ou inexistência de um direito ou de um facto (art.10º\3 alínea a), sendo
de simples apreciação positiva as primeiras e de simples apreciação negativa as
segundas. Portanto, nas de simples apreciação, o autor apenas solicita que o tribunal
aprecie essa situação de incerteza jurídica e ponha cobro a tal insegurança,
declarando se determinado direito ou facto existe ou não, conforme o que se
peticionou.

 Ação declarativa de condenação, art.10\3 alínea b), diz-nos que as de


condenação têm por fim exigir a prestação de uma coisa ou de um facto,
pressupondo ou prevendo a violação de um direito. São ações inerentes ao direito
subjetivo em sentido estrito, poder ou faculdade que a ordem jurídica reconhece a
uma pessoa, de exigir ou pretender de outra, determinado comportamento positivo
ou negativo.

 Ação declarativa constitutiva, visam autorizar uma mudança na ordem jurídica


existente (art.10º\3 alínea c). Estas ações são inerentes ao direito potestativo, poder
ou faculdade de por ato livre de vontade, só de per si ou integrado numa decisão
judicial, produzir efeitos jurídicos que se impõe á contraparte. Estas ações podem
ser:
o Constitutivas- constituição de uma nova situação jurídica (ex: ação de
preferência, servidão de passagem)
o Modificativas- modificação de uma situação jurídica preexistente (ex:
art.830º)
o Extintivas- extinção de uma situação jurídica preexistente (ex: divórcio)

 Caraterização da Ação quanto á forma


A instância (relação jurídica processual) nasce com a propositura da ação e forma-se
completamente após a citação do réu. Só termina com a sentença transitada em julgado
(sentença que já não admite recurso ordinário).

Iremos estudar a sequência dos atos da ação declarativa, e a dinâmica do processo declarativo.

Pela análise do artigo 546º verificamos que existem dois tipos de processos:

 O comum
 O especial

O processo é uma sequência pré-ordenada de atos. Para a maioria das ações (comuns) essa
sequência é igual. Há, contudo, processos deduzidos como especiais (art.878º ss), tal acontece
quando os atos processuais comuns não se adequam para resolver certo litígio.

Por exemplo: numa ação de interdição não há réu nem autor, o único interesse a proteger é o
interdito. Este não é condenado. Os familiares e amigos do interdito são auxiliares da ação e não
autores.

O erro na dedução da forma da ação é sanável, até pelo próprio juíz. São especiais apenas e só
os processos que a lei designa e trata como tal, observando-se o processo comum em todos os
restantes (art.546º\2).

No artigo 547º encontramos o princípio da adequação formal que estabelece que o juiz deve
adotar a tramitação às especialidades do litígio. A ideia de adequação formal supõe que o juíz
tenha uma perspetiva crítica das regras procedimentais, que seja ativo.

Pela análise do artigo 548º podemos concluir que independentemente do fim\valor da ação a
tramitação do processo comum é sempre a mesma.

 Dinâmica das ações nos Tribunais Judiciais


para Direito Privado – Direito de ação
A relação jurídica processual é a Instancia que nasce com o litígio, por causa da propositura da
ação. Quando é que o direito de ação se forma completamente? Quando o réu é chamado para
contestar.
Por causa do conflito, condena-se o réu a um determinado fim, no caso da compra e venda de
um bem estragado, o autor pode pedir para condenar o réu a reparar o bem, ou então, a resolver
o contrato e assim, a restituir-se o que foi dado por ambas as partes. Não se pretende apenas a
resolução mas também a restituição.
Portanto, desde a petição à citação do réu pode durar dias, mas a ação só fica perfeita com a
citação do réu e a ação só termina com a decisão final, da qual já não se admite recurso
ordinário, dependendo se houve ou não trânsito em julgado.
É esta a dinâmica que se vai tratar mas só do Tribunal de 1ª Instancia.
 Tramitação da Ação Declarativa Comum
Em termos sequenciais a ação declarativa estrutura-se em três fases:

 Fase inicial

Corresponde á introdução do litígio em juízo, é aquela em que as partes apresentam os


respetivos articulados, servindo para o autor formular a sua pretensão e para o réu se defender.

 Fase intermédia

Esta fase apresenta três vertentes essenciais:

1. É a altura adequada para a verificação da regularidade da instância


2. Pode vir a ser proferida decisão que ponha termo ao processo, seja por razões formais
(absolvição da instancia), seja por razões substanciais (procedência ou improcedência
da ação).
3. Quando o processo não deva terminar aí, esta fase destina-se a preparar a tramitação
subsequente.

A fase intermédia do processo contempla:

o Despacho pré-saneador (art.591º\2)


o Audiência Prévia (art.591º)
o Despacho saneador (art.595º)
o Despacho a identificar o objeto do litígio e os temas da prova (art.596º)
o Despacho a programar a audiência final e a designar as respetivas datas (art.593º\1
al.d)

 Fase final

Esta fase do processo desdobra-se em dois momentos:

1. As audiências finais, aqui têm lugar os atos de produção de prova e as alegações orais
dos advogados das partes (art.604º)
2. A sentença, finda a audiência, o processo é feito, concluso ao juiz para a protação da
sentença (art.607º)

 Articulados
Há diferentes espécies de articulados:

1. Articulados Normais

São as duas primeiras peças escritas, a petição inicial (art.552º e ss) apresentada pelo autor
marcando o início da ação e a contestação (art.569º e ss) na qual o réu deduz a sua defesa
podendo ainda deduzir reconvenção (art.583º).

2. Articulado Eventual

Não depende da vontade do autor a sua utilização. Também é chamada de réplica (presente o
princípio do contraditório), pode surgir apenas se na contestação o réu tiver formulado um
pedido reconvencional ou então tratando-se de uma ação de simples apreciação negativa
(art.584º\2).

3. Articulados Supervenientes

Destinados a permitir trazer ao processo factos que tenham ocorrido depois da apresentação dos
articulados acima referidos, ou de que as partes só tenham tomado conhecimento após a
apresentação (art.588º, 589º e ver o 611º)

4. Articulados de Aperfeiçoamento

Os quais têm na sua origem um convite feito pelo juíz da causa, quando entenda que há
insuficiências ou imprecisões na exposição ou concretização da matéria de facto alegada. A
função destes articulados é a de completar ou corrigir os erros apresentados (art.590º\2 al.b e
590º\4)

As peças escritas apresentadas pelas partes designam-se por articulados porque a exposição
(narração) dos seus argumentos de facto deve ser feita por artigos e por proposições numeradas
(art.147º\2)

A indicação dos meios de prova nos articulados, o autor deve fazer constar da petição inicial o
seu requerimento probatório, por sua vez, o réu deverá incluir na contestação o respetivo
requerimento de prova.

 Petição Inicial
Articulado que o autor utiliza para formular a sua pretensão de tutela jurisdicional e alegar os
respetivos fundamentos de facto e de direito. Desempenha uma função de grande importância:
nenhum processo se inicia sem o prévio impulso das partes. É a base de todo o processo (artigo
259º\1). A sua estrutura e conteúdo estão presentes no artigo 552º.
Apresentação da Petição inicial:
Artigo 259º\1 é o momento da receção da petição inicial pela secretaria que marca o início da
instância.
A secretaria recusa o recebimento da Petição Inicial nos termos do artigo 558º. Em face de
recusa o autor é admitido a reclamar para o juíz (artigo 559º\1)
Uma vez recebida a petição inicial é apresentada á distribuição (artigo 203º)
Eventual despacho liminar (artigo 590º\1)
Organização em três partes:
Introito: identificação das partes e da ação.
Corpo: causa do pedido- fundamentação jurídica concreta das partes
Pedido: vincula o tribunal, é necessário indicar o valor da ação, é aqui requerida a prova
(testemunhas).

O que é fazer prova?


Fazer prova é uma formar um convicção subjetiva sobre a realidade ou não realidade de certos
factos, que se baseiam em papeis, relatórios de peritos, que fundamentam os factos que levam à
formação da convicção.
Em função da veracidade dos factos, interpreta-se, de acordo com os códigos, e chega-se a uma
sentença mediante a convicção que o juiz tem. Perante os factos e sobre a realidade factual
levam o juiz a acreditar que aquela é a realidade processual.

Petição Inepta (art. 186º)

Chama-se inepta à petição:


1. Quando falte ou seja ininteligível a indicação do pedido ou da causa de pedir.
2. Quando o pedido esteja em contradição com a causa de pedir.
3. Quando se cumulem causas de pedir ou pedidos substancialmente incompatíveis.
Entende-se por ininteligível uma coisa que não se entende, não se alcança a causa de pedir.
O réu não pode apreciar o mérito da causa (o Tribunal não vai apreciar os direitos subjetivos
invocados pelo autor). A ineptidão da petição é, assim, uma exceção.

 Citação do Réu
Compete á secretaria promover as diligências adequadas á citação oficiosamente (artigo 562º +
226º\1\2\3)
Artigo 561º fala-nos na citação urgente, o pedido de citação urgente deverá ser formulado pelo
autor na petição inicial, implicando que tal peça seja apresentada a despacho judicial, cabendo
ao juiz determinar a urgência da citação.
A citação é o ato pelo qual se dá a conhecer ao réu de que foi proposta contra si determinada
ação e se chama ao processo para se defender (artigo 219º\1). Assegura-se o princípio do
contraditório (artigo 3º\1 e 2), devendo o réu ser advertido das consequências da falta de
contestação (artigo 563º, 219º e 227º).
Por regra, a proposição da ação só produz efeitos em relação ao réu a partir da citação (artigo
259º\2)
Modalidades da citação:
 Citação pessoal (225º)
 Citação por correio (229º)
 Citação por contacto pessoal (artigo 231º)
Efeitos da citação:
Artigo 564º.

 Contestação
È usual distinguir-se, dentro da contestação, defesa propriamente dita de reconvenção. Na
contestação o réu toma posição perante a pretensão contra si formulada pelo autor, na
reconvenção o demandado passa ao contra-ataque, formulando pedidos contra o autor.
Estrutura da contestação (art. 572º)
Introito: o réu identifica-se, isto é, o réu tem de individualizar a ação (art. 572º/a).
Narração: alegar os factos essenciais (alicerçam as suas exceções). Esta fase serve para expor
as razões de facto e de direito que se opõe à pretensão do autor e expor os factos essenciais em
que se baseiam as exceções deduzidas sob pena de os factos não se considerarem admitidos por
acordo (art. 572º/b/c).
Conclusão: considera não provada e absolve do pedido. É também nesta fase que se apresenta o
rol de testemunhas e se requere outros meios de prova (art. 572º/d).

Defesa por impugnação:


O réu contradiz os factos articulados na petição inicial ou afirma que estes não podem produzir
o efeito jurídico desejado (artigo 571º\2 1ªparte). Impugnar é contrariar.

Defesa por exceção:


O réu alega factos que inibem o tribunal de conhecer o mérito da causa (artigo 571º\2 e
576º\1\2) ou aduz factos que impeçam\modifiquem\extinguem o direito invocado pelo autor
(artigo 571º\2, 576º\1\3). O réu aceita a narração fática apresentada pelo autor. Porém, faz
chegar ao processo novos factos suscetiveis de gerar a sua absolvição da instância ou de
impedir, modificar ou extinguir o direito que o autor pretende fazer valer com a propositura da
ação (artigo 576º).
Distinguimos:
 Exceções dilatórias
Dão lugar á absolvição do réu da instância (artigo 576º\2), consistindo na arguição de
quaisquer irregularidades ou vícios processuais. Estão enunciadas no artigo 577º.
 Exceção Peremtória
Consiste na alegação de factos impeditivos, modificativos ou extintivos do efeito
jurídico visado pelo autor e tem como consequências a absolvição total ou parcial do
pedido (artigo 571º\2 e 576º\3)
Assim, entende-se por factos impeditivos: dolo, erro, coação moral pelo que, o contrato é nulo.
Já por factos modificativos: mudança do percurso da servidão, exceção de não cumprimento.
Por fim, entende-se por factos extintivos: prescrição, caducidade, perdão, inovação, condição
resolutiva, pagamento, confusão.

 Reconvenção (266º)
Casos em que o réu aproveita a contestação para formular pedidos contra o autor. Na
reconvenção o réu sendo titular de uma pretensão autónoma contra o autor, a faz valer nesse
processo, havendo uma inversão de posições das partes, um cruzamento de ações.
A reconvenção tem um carater facultativo, no entanto, esta faculdade concedida ao réu está
sujeita a certos requisitos e limites:
o Requisitos formais da reconvenção:
o Ação tem de derivar com a mesma natureza e fim da ação principal
o Ação comum ou especial
o Competência do tribunal em razão da matéria e hierarquia (a questão da competência
em razão de valor está presente no artigo 93º\1\2)

o Requisitos objetivos da reconvenção:


A lei exige que entre o pedido original e o reconvencional haja conexão, o autor alega um
direito de crédito e o réu também. Se estes podiam ser objeto de compensação, podiam ser de
reconvenção. Como se sabe se é por compensação ou por reconvenção? Se o pedido do réu for
inferior ao pedido reconvencional será não por exceção perentória mas por pedido
reconvencional. Se o pedido do autor for superior ao pedido reconvencional, será por exceção
perentória. Portanto, será por pedido reconvencional, António paga a diferença.

 Revelia do Réu
 Noção

Assim citado, o réu tanto pode contestar como não, embora não lhe seja indiferente
contestar ou deixar de o fazer.

Portanto, quando citado regularmente o réu não contesta, entra em revelia, correspondendo
assim a revelia ao estado em que se encontra o réu que não contesta.

 Tipos de revelia

Tendo em conta a noção de revelia podemos dizer que existe dois tipos de revelia: a revelia
absoluta e a revelia relativa.

 Revelia absoluta: além de não deduzir oposição, o réu não constitui mandatário
nem intervém de qualquer forma no processo (art.566º). Devido a esta situação, a
lei acautela que o juiz antes de declarar a revelia, apure se a citação respeitou todas
as formalidades legais e promova a sua repetição se constatar que houve
irregularidades, se nem assim houver contestação, permanecendo o réu em revelia,
restará fixar os respetivos efeitos. Como é evidente, se não for detetado
irregularidades o ato não tem de ser repetido.

 Revelia relativa: o réu embora não deduza contestação, constitui mandatário no


processo ou intervém de algum modo na ação. Este estado de revelia produz efeitos
quer na situação processual do demandado, quer na própria tramitação da ação. Em
função desses efeitos temos a considerar a revelia operante e a revelia inoperante.

 Efeitos materiais da Revelia


 Revelia Operante: A revelia é considerada operante quando não for inoperante,
isto é, quando não se verificar as situações do art. 568º. O réu mais do que ter o
direito, tem o ónus de contestar a ação, na medida em que a revelia sendo operante
produz efeitos que lhe são desfavoráveis.
Efeitos da revelia operante: consideram-se confessados os factos alegados pelo
autor (art.567º\1 parte final). Não tendo o réu contestado e considerando-se os
factos alegados pelo autor, resta apenas decidir a causa “conforme for de direito”
(art.567º\2). Temos que salientar que o estado de revelia operante não conduz á
procedência da ação (art.567º\2 parte final), isto é, há confissão dos factos, mas
não do direito, e é neste sentido que se fala no efeito cominatório que pode ser:
o Pleno (os factos são dados como confessados e passa-se logo para a
sentença, isto é, a liberdade dada ao juíz na apreciação da matéria de direito
é menor)
o Semipleno (a revelia operante no CPC é semi-plena) apesar de os factos
serem considerados confessados o juíz fica liberto para julgar a ação
materialmente procedente, isto é, tem liberdade para apreciar as questões de
direito.
o Quase Pleno, há presunção judicial, o juíz não tem liberdade de
configuração a menos que mostre o contrário.

Efeitos processuais da revelia operante: confessados os factos, por ausência de


contestação, não há mais articulados, o processo passa imediatamente para um
momento de alegações escritas sobre a matéria de direito, após o que é proferida
sentença (art.567º\2).

 Revelia Inoperante: é inoperante sempre que se verifique as situações previstas no


art.568º, como não se consideram confessados os factos articulados na petição
inicial, o autor não está dispensado da prova dos fundamentos fácticos da ação. As
situações previstas no art.568º são as seguintes:
o Alínea a) quando há vários réus, algum deles contestar.
o Alínea b) quando o réu ou algum dos réus seja incapaz e a causa esteja no
âmbito da sua incapacidade (1ªparte), quando o réu tenha sido citado
editalmente e permaneça em revelia absoluta (2ªparte)
o Alínea c) quando se trata de direitos indisponíveis
o Alínea d) quando se trate de factos para prova dos quais se exija
documento escrito, quer por lei ou por convenção das partes.

Efeitos processuais da revelia inoperante: neste contexto temos que separar a


alínea a) das restantes alíneas do art.568º. No primeiro caso (alínea a) a tramitação
não sofre alterações assim poderá haver réplica (584º) e terão lugar todas as etapas
processuais posteriores, seja a fase intermédia seja a fase final do processo. Nas
hipóteses da alínea b e c, não haverá lugar a réplica, não se realizará a audiência
prévia (art.592 1.a), será necessário produzir prova, tem de ser proferido o
despacho saneador (595º, 596º), há lugar á audiência final (603º), e por fim, a
prolação da sentença (607º).
No caso da alínea d) o juiz pode notificar o autor para proceder á junção do
documento em falta (590º\2 alínea b e nº3). Se mantiver a revelia do réu aplica-se o
567º, restando a produção de alegações escritas sobre matéria de direito, após o que
será proferida sentença.
Na revelia inoperante absoluta o réu não é notificado para nenhum acto ou
diligência processual, sem prejuízo da notificação da decisão final (art.249º 2 a 4).
Na revelia inoperante relativa o réu revel é notificado para os atos processuais.
Em ambas as situações no que diz respeito às diligências de instrução, assim o
réu intervém na ação:
 Nos atos em que se produza prova (415º\2), nomeadamente inquirindo as
testemunhas arroladas pelo autor ou marcando presença em inspeção judicial.
 É admitido a produzir alegações orais na audiência final

 Réplica
Serve para o autor impugnar os factos articulados no contraditório – Reconvenção. Surge
também em ações de simples apreciação negativa. Os articulados supervenientes trazem factos
novos que não eram conhecidos á data da petição\contraditório. Pode ser invocado em qualquer
fase do processo. Os articulados supervenientes objetivos o facto ainda não tinha acontecido. Os
articulados supervenientes subjetivos o facto existia mas não era conhecido pela parte que devia
ter alegado.

 Fase Intermédia
1. Despacho pré-saneador:
O juiz convida partes a suprir erros que levam ao não entendimento dos articulados.
2. Audiência prévia:
Fase eventual (tendencialmente obrigatória – art. 591º e 592º). Ter em atenção o artigo
597º/b – o juiz pode não fazer audiência prévia. Aqui programa-se testemunhas (art. 591º/g
– ver o art. 593º). Dispensa da audiência prévia (art. 593º): quer haja ou não o processo
continua. O juiz profere um despacho saneador (art. 595º e 596º) que ocorre sempre e pode
ditar o termo do processo (art. 595º) se não terminar a ação (art. 596º). O art. 596º/1
menciona que o juiz identifica o objeto do litígio e enuncia os temas de prova. Daqui surge
a fase de instrução: fazer instrução da causa é recolher os meios de prova para verificar a
verdade dos factos alegados. Prepara-se já, no despacho saneador, indicando os temas de
prova.
3. Despacho sanador:
Revela os temas a provar, analisa os pressupostos processuais e há a programação/
agenda da audiência de produção de prova.

 Fase da Instrução
As partes e até, oficiosamente, o juiz irão trazer ao processo os meios de prova que são, nesse
mesmo processo, assumidos e valorados. O requerimento para a admissão de prova é feito na
petição. Depois da admissão da prova segue-se a produção dos meios de prova. O que é isso? É
mandar a testemunha fazer o juramento da verdade e interroga-la de forma a obter respostas ao
que se pretende descobrir, é portanto, inquirir a testemunha.
No caso de uma prova pericial, produzir um meio de prova é elaborar o relatório pericial. Como
é feito? Através da consulta a documentos, extratos bancários. No relatório são apresentadas
respostas às questões feitas, de forma técnica e com base nos seus documentos. Também peritos
financeiros podem ser chamados para produzir meios de prova através da realização de
relatórios. Pode-se concluir que produzir a prova é andar um perito a “vasculhar” as questões do
processo, isto para alegadas contradições e para esclarecimentos verbais dos peritos.
Após os esclarecimentos há a assunção e a valoração das provas: o Tribunal vai pensar e avaliar
os relatórios e as respostas das testemunhas e decidir quais foram os mais credíveis e, portanto,
ao valorar formula uma convicção subjetiva sobre a realidade dos factos. No fundo, esta fase
existe para que o juízo sobre os factos seja o mais próximo à realidade.
A prova visa demonstrar a realidade dos factos, dos factos alegados e dentro destes, é só os
factos essenciais. Com base neles, o réu impugna, exceciona ou recorre (art. 410º: factos que
carecem de prova, como se sabe quais são? Eles estão previstos nos temas de prova).
Quando há uma testemunha importante que está prestes a partir para outro país, por exemplo:
austrália, o que acontece? Produz-se, antecipadamente, o meio de prova que até pode ser feito
antes de intentada a ação (art. 419º). Será possível produzir meios de prova na audiência final?
Sim, através dos artigos 599º e 604º/3. No número 3 estão previstos os meios de prova que
ocorrem na audiência final. Não devia de ser mas, a fase da Instrução pode decorrer por todo o
processo. No art. 607º/1 refere que, o juiz se não se julgar suficientemente esclarecido, pode
ordenar a reabertura da audiência para esclarecimento de dúvidas, isto é, pode reabrir a
produção de prova.

As regras do processo encontram-se apenas no código do processo civil?


Não, também se pode encontrar regras no código civil. Ele trata do direito probatório material
(art. 341º até ao 396º), refere os meios de prova tipificados, indica o ónus da prova (regras
gerais sobre quem tem que provar o que e quando se aplica a exceção), a força dos meios de
prova, presunções legais e judiciais, consequências da confissão e dos factos inconfessáveis (art.
352º). O artigo 354º menciona os casos de inadmissibilidade da confissão. Também está
presente no código civil o valor probatório de um determinado meio de prova. O que é esse
valor? É a livre apreciação do meio de prova/ do facto. Por exemplo: o autor confessa mas
ninguém na audiência se apercebe, o que acontece? O julgamento continua e só pelas gravações
é entendido o erro e por isso é atribuída ao juiz a libre apreciação para corrigir a falha.
Já o código do processo civil trata a sequência do processo, o conjunto de regras de valor
probatório formal, por exemplo: a prova testemunhal (art. 498º e seguintes). Estabelece o local
do testemunho e as situações em que pode suceder uma mudança (art. 501º). Por vezes, pode ser
por videoconferência ou noutro local favorável à testemunha.
O objeto da prova são os factos convertidos mas há factos que não carecem de prova mas que
são importantes (art. 412º). No nº2 refere que, também não carecem de prova factos de
conhecimento oficioso e factos notórios (conhecimento geral). Ainda há factos controvertidos
que deixam de o ser por serem admitidos por acordo. Também os factos alegados pelo autor que
não foram contestados são considerados confessados e provados, logo não carecem de prova.

 Regras processuais e materiais sobre a prova:


1. Princípio da Aquisição Formal: é uma regra processual e consiste em o Tribunal ter em
conta todas as provas produzidas. A demonstração da realidade das provas pode ser feita mesmo
pela parte a quem esse facto prejudica. As fontes da revelação da verdade são indiferentes, o
que interessa é descobrir a verdade (art. 413º do CPC).
Em qualquer situação, tem que se provar:
 Factos constitutivos do direito do autor: estes factos têm de ser provados pelo autor, que
tem de convencer o juiz com situações da ocorrência da vida real que decorrem da previsão
normativa a que a lei atribui o direito subjetivo que alega. Por exemplo: Ana celebrou com
Bruno um negócio só que, ao fim de um tempo, Ana alega que Bruno não pagou as prestações.
Ele encontra-se em incumprimento e através dos artigos 799º e 342º/1 encontra-se a solução
para o seu problema.
 Factos extintivos, modificativos e impeditivos: estes factos têm de ser provados pelo réu.
Num facto extintivo, Bruno podia alegar e mostrar o pagamento da prestação. Um facto
impeditivo, Bruno podia alegar a falta de certeza da hora, local e dia uma vez que não se
encontrava em condições (incapacidade). Ana, que propôs o contrato, tinha de saber que Bruno
não estava com plena consciência, logo gera a nulidade (o contrato é dado como morto). Por
fim, um facto modificativo, Bruno alega que fez o contrato mas só tem de pagar quando Ana
arranjar a máquina, que avariou logo a seguir à compra. O Tribunal absolve o reu do pedido e o
autor tem de arranjar a máquina (art. 342º/2 do CC).
Há, todavia, exceções a estas regras (art. 343º do CC). Por exemplo: ações de simples
apreciação negativa: um homem intenta uma ação de negação de paternidade, uma vez que,
andam a falar disso nas redes sociais. O réu será a representante legal da criança (ela não tem
personalidade judiciária).
É o autor que tem de provar que não é pai? Não, é o réu que tem de provar que é filho. O réu
tem de demonstrar que teve relações sexuais durante o tempo da conceção legal. Mas como o
faz? Através do art. 343º que refere que o réu tem de alegar factos constitutivos. Nunca pode
caber ao autor a prova de um facto negativo, uma vez que, é uma prova impossível, e não dá
para provar factos de acontecimentos que não aconteceram.
É o réu que tem de provar que tal situação aconteceu, pois foi ela que difamou o autor e se for
verdade terá provas como: mensagens, fotografias, testemunhas). Assim, é mais fácil provar um
facto positivo.
No artigo 498º/1 está presente a prescrição no prazo de 3 anos a contar da data em que teve
conhecimento que é lesado – o réu tem de provar que o prazo já decorreu.
Já no artigo 344º/1 está presente a inversão do ónus da prova: quando há uma presunção legal
de paternidade, o autor tem de alegar os factos base e o réu os factos contraditórios (art. 1871º),
quando se inverte o ónus, é o réu que tem de alegar os factos base e não adianta o autor dizer
que a mulher andou com outros homens, ele tem de fazer um teste de ADN.

Confissão (art. 352º): admitir como verdadeiro determinado facto que não favorece a parte que
confessa e é favorável à parte contrária. Terá de ser de imediato escrito na ata que houve
confissão. O Tribunal não pode depois avaliar a existência do facto.

 Meios de Prova:
1. Prova documental: feita através de documentos que são objeto elaborado pelo homem cuja
finalidade é representar pessoas, coisas ou factos (art. 362º CC). Um monumento, uma
fotografia podem servir de prova documental, uma vez que, representa pessoas, coisas. Do
ponto de vista processual (art. 423º CPC), o autor pode na réplica alegar documentos. No
âmbito do reu ou do autor se esquecer de juntar um documento no respetivo articulado, que
pode ser feito? O art. 423º/2 refere que as partes têm 20 dias até à audiência mas apanha uma
multa. No nº3 do mesmo artigo menciona que, após os 20 dias ainda pode apresentar
documentos desde que se mostre que tinha sido impossível faze-lo anteriormente. E no recurso?
Será possível? Através do art. 425º é possível, mas deve-se mostrar que não foi possível até ao
momento e ainda, apresentar uma justificação.
Se o documento estiver na parte contrária, o que acontece? Em termos de direito probatório
material dá-se o ónus da prova ou ainda, o Tribunal notifica para entregar o documento. Caso
não seja entregue, será atribuída uma pena de multa (art. 429º). E se o documento estiver no
domínio de terceiro? Ele tem o dever de colaborar e fornecer os documentos – Princípio da
Colaboração. Caso não entregue, o terceiro sofrerá penas de multa e poderão ser apreendidos os
documentos (art. 432º com remissão para 429º).
Nota: no art. 463º refere que o depoimento é reduzido a escrito quando houver confissão. A
essa redução chama-se assentada e é um desvio ao Princípio da Oralidade na medida que, é a
única situação em que é permitida a redução a escrito.

 Espécies de documentos:
Documentos particulares: documento elaborado pelas partes ou pelo declarante, numa folha
qualquer, sendo que, no final da declaração as partes ou o declarante assinam (art. 374º/1) – é
um documento assinado mas sem autenticação. Não se considera provado o conteúdo do
documento.
Documento autenticado: documento elaborado por um oficial público (notário) num
documento seu que irá traduzir a vontade dos declarantes. No fim, tem de ler e explicar o
significado da declaração às partes e tem de perguntar se estão de acordo para no final, as partes
assinarem (art. 371º). Este documento não prova o conteúdo nem os requisitos do contrato.

 Espécies de provas:
Provas pré – constituídas: já existem à data da instauração da ação, por exemplo: prova
documental.
Provas constituendas: são aquelas que são produzidas ao longo do processo e em particular na
audiência final, por exemplo: prova testemunhal.

2. Prova pericial: visa percecionar factos através de pessoas que são dotadas de dados/
conhecimentos específicos técnico – científicos relativamente à matéria controvertida. Esta
prova é apresentada não por testemunhas mas por peritos especialistas. O juiz não tem de ter
conhecimento destes factos, é para isso que servem os depoimentos dos peritos. Os peritos
auxiliam o Tribunal a verificar a veracidade dos factos. Conseguem percecionar factos que
necessitam de conhecimentos técnicos e científicos, por exemplo: para saber se um
medicamento está a fazer mal à população, o perito tem conhecimentos de biologia e esclarece
se os químicos utilizados fazem ou não mal à comunidade.
Pode ser questionado se a prova pericial está sujeita ao princípio da livre apreciação e de facto
está, pois face à prova pericial, o juiz não esta vinculado ao seu resultado, uma vez que, pode
haver manipulação nos resultados.

 Espécies de perícia (art. 468º):


Perícia Singular: é composta por um único perito.
Perícia Colegial: é composta por três peritos: um perito indicado pelo autor, outro indicado
pelo réu e ainda, um perito presidencial indicado pelo juiz.
Segundo o art. 479º é preciso fixar o objeto da perícia (questões/requisitos de natureza técnica a
que os peritos terão de responder). Ainda no art. 476º/2 o juiz em colaboração com as partes
aceita as suas perguntas e assim, os peritos fazem as inspeções e averiguações sobre os factos e
no final, entregam o relatório pericial que tem um prazo (art. 483º). Quando os peritos não
conseguem entregar o relatório pericial não se deve seguir para a audiência prévia, embora
possa acontecer e nesse caso seria uma exceção. Há sempre uma audiência para o perito falar
sobre os termos técnicos e não é possível existir uma audiência final sem esse esclarecimento
(art. 486º). Esses esclarecimentos são sobre o relatório, logo ele já tem de estar no processo para
ser apresentado no momento da audiência final.

 Audiência Final (art. 599º e ss)


É a ultima fase da tramitação processual e assim que encerra o juiz tem 30 dias para tomar uma
decisão e proferir a sentença. A programação da audiência final tem de ser estabelecida na
audiência prévia (datas das sessões, número de sessões). Daqui advém o princípio da
continuidade da audiência (art. 606º) em que, a audiência tem de ter sessões continuas e não
intercalares, no entanto, pode haver exceções em caso de força maior. O princípio da
continuidade procura manter uma boa perceção geral do Tribunal para uma maior credibilidade
(se fosse de longe a longe, o juiz esquecia-se das suas primeiras impressões, assim se forem
continuas ele terá sempre ideia da sua opinião).
O que se faz na audiência no caso de não comparência de um advogado (art. 603º e ss)? No nº1
deste artigo refere que, caso um advogado não apareça e não avise, segue a audiência final, isto
se não alegar justo impedimento.

 Sequencia dos atos na audiência (art. 604º):


1. Aberta a audiência, o juiz cumprimenta as pessoas, declara a abertura e tenta a conciliação
das partes, caso tal não acontece, segue a audiência.
2. Tem lugar o depoimento de parte (art. 458º) – em primeiro lugar o réu e depois o autor.
Quem interroga o reu é o advogado autor e também o juiz caso queira interromper.
3. Exibição de reproduções cinematográficas – prova documental.
4. Testemunho dos peritos – prova pericial.
5. Inquirição das testemunhas – prova testemunhal (art. 466º) pode incluir a figura das
declarações de partes, mesmo depois das testemunhas.
6. Alegações orais dos advogados (através de apreciações subjetivas que fundamentam a
posição do seu cliente).
 Parte Prática
Caso Prático 1:
Manuel, propôs uma ação contra Bento, alegando que havia celebrado com aquele um
contrato de arrendamento juntando para o efeito certidão de um imóvel que não locado e
cuja titularidade era de um terceiro. Alega Manuel que Bento violou o dever de fidelidade
resultante do casamento entre Manuel e sua mulher.
Nos termos descrito Manuel peticiona o pagamento de uma indemnização correspondente
a 5000€ relativos ao incumprimento de um contrato de promessa entre Bento e Manuel. Se
fosse advogado de Bento, citado para a ação presente, o que faria?
Manuel propõe uma ação, dando inicio ao impulso processual. Tem-se, então, a petição inicial
(no introito: identifica-se tribunal, território, autor e reu), (na narração: identifica-se a causa do
pedido) e (na conclusão: identifica-se o pedido que fica logo fixado, valor da ação e indicação
dos meios de prova). Dá entrada na plataforma Sittus. A petição esta pendente e tem-se a fase da
citação (art. 226º) – não está aqui previsto, logo não há citação urgente, portanto, a secretaria
não promove a citação e é necessário verificar se há algo que faça com que a secretaria recuse
(art. 558º - neste artigo não indica nada para a recusa e a secretaria promove a citação do reu).
O réu recebe a citação e terá 30 dias para contestar. A citação está regular e desencadeou o
prazo para contestar (principio do contraditório) – o reu vai opor-se aos factos articulados pelo
autor e vai apresentar o seu pedido. Ele neste elemento apresenta a sua defesa (por exceção:
dilatória e perentória); impugnação e ou deduzir uma defesa/contestação ataque).
Como advogado aconselhava a defender-se por impugnação “o documento em causa não
interessa para o caso, é idóneo”, quanto ao segundo facto diria que, “há uma falta de
legitimidade pois era entre Bento e a sua mulher”. Portanto, o efeito jurídico que Manuel
pretende é inexistente para os factos alegados, dando origem a dois vícios: o pedido alegado é
ininteligível e o pedido não está em concordância com a causa do pedido. Assim, há uma
nulidade do processo – Ineptidão da petição inicial (art. 186º).
Neste caso, teríamos duas formas de ineptidão: a nulidade da petição levaria à absolvição do
reu. Poderia o reu alegar nulidades? Pode, nos termos do art. 577º/b. Se o réu não contesta-se, o
que aconteceria? Nada, porque o reu não tinha legitimidade ativa e o juiz absolvia o reu da
instância. Quanto ao contrato de arrendamento também não acontecia nada.

Caso Prático 2:
Manuel, propôs contra o seu irmão Joaquim, uma ação de inabilitação com fundamento
na prodigalidade. Para o efeito alega os fundamentos daquela causa, iniciando a
explicação da relação de parentesco.
A secretaria cita o Joaquim que não contesta. Remetido o processo ao Juiz, este dá como
provado que Manuel é irmão de Joaquim, bem como, os restantes factos alegados por
aquele. Quid Iuris?
Está presente uma ação judicial em que Manuel é o demandante (autor) e Joaquim o demandado
(réu). Deu entrada um requisito inicial ou petição inicial que tem inúmeros efeitos: início de
uma ação, onde cumpriu o ónus desta alegação. Preencheu o introito, a narração e a conclusão
(espera que seja declarada uma inabilitação a Jorge). Esta ação tem o valor de 30000 euros e 1
cêntimo nos termos do artigo 303º/1 “sobre interesses imateriais”. O réu foi citado mas decide
não contestar. O juiz considera provado o parentesco, mas é preciso identificar a ação, que é
especial (art. 891º). Esta ação deveria ser publicada (art. 892º), a Secretaria cita a ação e envia
para o juiz mas há exceções, uma delas é este caso (art. 226º/4/c) que depende de prévio
despacho judicial.
Portanto, a secretaria não podia ter prometido a ação, logo tem-se um vicio que dá lugar à
nulidade de todo o processo, onde o reu não seria sequer reu, porque a citação estava mal feita.

No entanto, imaginando que o processo teria decorrido sem vícios, como se prova o parentesco?
Através de provas, certidões (art. 364º Código Civil). Quanto ao parentesco ainda que não
tivesse sido contestado, só se dá como provado com a apresentação de documentos. Os restantes
factos não eram reconhecíveis, pois são direitos indisponíveis. A inexistência da contestação da
origem à revelia (não contestação do reu), que não tem como efeito a comprovação desses
factos.

Caso prático 3:
Joaquim e António celebraram em 2009 um contrato de empreitada para a edificação de
uma moradia de António, tendo a obra disso concluída e aceite em Janeiro de 2010.
Já posteriormente à conclusão da obra, Joaquim foi chamado para fazer ampliações e
modificações à moradia, o que ele fez, e os trabalhos foram aceites.
Em Março de 2015, António propõe contra Joaquim uma ação judicial por alegados vícios
decorrentes de patologias da obra concluída em Janeiro de 2010 peticionando António o
pagamento correspondente as patologias e uma indemnização correspondente aos danos
deste no total de 15.000€.
Citado para contestar, Joaquim, em prazo, alega que a garantia das obras prevista no
código civil tem o prazo de 5 anos a contar da aceitação da obra, o que já tendo ocorrido o
prazo, o alegado direito invocado por António caducou.
Deduz ainda o pedido reconvencional alegando obras em casa de António, por solicitação e
aceites por este, não tendo ele ainda vencido a obrigação do pagamento do preço e nunca
procedeu á liquidação das faturas no valor total de 18.000€ acrescidos de juros desde a
data de vencimentos de cada fatura até integral e efetivo pagamento.
Notificado, António, o mesmo não deduz, não replica.
Pronuncie-se acerca de todas as vicissitudes processuais presentes no enunciado.
Joaquim faz uma empreitada em casa de António e volta a ser chamado para eventuais
renovações. Todas elas foram aceites, mas António propõe uma ação por patologias contra
Joaquim. Seria algo que ele teria de arranjar até o prazo de 5 anos, mas como ultrapassou o
prazo, o direito caducou. Joaquim, para além do prazo, alega que António está a dever das
renovações feitas na casa.
Trata-se de uma ação declarativa condenatória (António quer que Joaquim seja condenado)
incorrida num processo comum. O valor da ação qual é? O autor quer 15.000€ mas isso não
significa nada, o valor do pedido é estabelecido pelo art. 297º/1. Singelamente, ele só pede
15.000€ pelo que é esse o valor. O réu foi citado para contestar, logo promoveu-se a citação
(feita pela Secretaria nos termos do art. 226º). A citação foi por via postal e tinha 30 dias (art.
569º). Ele alegou que o direito de António já tinha caducado, defende-se por exceção perentória,
invocando a caducidade do direito. Os factos alegados pelo autor importam a procedência total
dos direitos invocados. A absolvição do pedido leva a um caso julgado material porque conhece
o mérito da causa. Tem efeitos extra processuais não podendo ser proposta a ação pelas mesmas
partes, objeto ou causas de pedir, sob pena de litispendência ou trânsito em julgado.
O réu depois formou um pedido reconvencional na fase da contestação contra o autor (art.
266º/2/c). Quais são os requisitos formais:
1. Ação tem de derivar com a mesma natureza e fim da ação principal - tal verificou-se.
2. Ação comum ou especial – neste caso, é comum.
3. Valor: o valor é de 18.000€, não altera a competência, logo será na Instancia Local.
Quais são os requisitos substantivos:
1. Conexão entre o que é pedido pelo autor e pelo réu – o autor alega um direito de crédito e o
réu também. Se estes podiam ser objeto de compensação, podiam ser de reconvenção. Como se
sabe se é por compensação ou por reconvenção? Se o pedido do réu for inferior ao pedido
reconvencional será não por exceção perentória mas por pedido reconvencional. Se o pedido do
autor for superior ao pedido reconvencional, será por exceção perentória. Portanto, será por
pedido reconvencional, António paga a diferença. O autor foi notificado para replicar, é
admissível? Sim, mas ele não replicou pelo que, António fez uma confissão fictícia.

Caso Prático 4:
Joaquim é casado com Maria de quem se quer divorciar por alegada violação do dever de
fidelidade. Para o efeito propôs um ação judicial de divórcio no Tribunal competente,
alegando os factos constitutivos da alegada violação do dever de Maria, terminado com o
pedido de dissolução do vínculo matrimonial de divórcio, por culpa exclusiva de Maria.
Quer ainda que lhe seja atribuída a casa de morada de família.
Citada para contestar, Maria requer ao Tribunal uma certidão da petição inicial para
instruir um procedimento criminal contra Joaquim por difamação sendo que não obstante
não contesta a ação. Quid Iuris?
Em primeiro lugar, é necessário qualificar a ação e portanto, está-se perante uma ação
declarativa constitutiva extintiva. É constitutiva porque o direito que o autor quer não exige a
condenação da ré, ele pretende apenas exercer o seu direito potestativo. É extintiva porque se
extingue uma relação jurídica.
Em segundo lugar, é preciso saber o valor da ação e como se trata de uma ação sore o estado das
pessoas tem o valor da alçada do Tribunal que corresponde a 30.000€ acrescido de 1 cêntimo
(art. 303º).
Em terceiro lugar, tem-se que qualificar a forma do processo que neste caso é uma forma
especial de divórcio litigioso. Aqui não se colocou nenhum problema quanto à tramitação. A ré
é citada mas não contesta, pelo que, está presente a Revelia (art. 566º). Esta revelia é relativa na
medida que a ré não contestou mas teve uma intervenção no processo. É uma revelia inoperante
por estar presente nos casos do artigo 568º: tinha-se que verificar se de facto há um vínculo
jurídico entre eles e tal prova só é aceite com documentos e como se trata de um direito
indisponível, não é suscetivel de ser confessado.
Quais são os efeitos da revelia inoperante? Ela tem efeitos processuais: a ré não pode formular
pedidos, não pode requerer testemunhas nem provas, o juiz é dispensado da audiência prévia e
tem de demandar o despacho saneador.

Caso Prático 5:
Numa ação judicial de condenação o juiz convocou as partes para, nos termos legais,
decidirem os temas de prova.
No dia da diligência o juiz propõe que, face ao petitório, o tema de prova seria: das
relações contratuais entre as partes resultam a favor do autor um crédito de 5000€. O
advogado do réu decide reclamar, ditando para a ata o seguinte requerimento: não
concorda o reu com o tema de prova uma vez que do mesmo não resultam quais as
relações contratuais entre as partes, quais as datas da sua celebração, as datas de
cumprimento, qual o valor acordado, qual a data de vencimento das faturas, o
recebimento efetivo do trabalho prestado.
Se fosse o juiz da causa qual seria o sentido do seu despacho.
Fase processual intermédia (saneal e condenação do processo): momento da audiência prévia
(invocada pelo juiz). Será este tema de prova adequado? Não é uma forma de esgotar a matéria
que tem de ser objeto de prova. Não é um questionário. É das peças processuais das partes. Há-
de ser a suma da temática que o autor pretende provar ou o réu pretenda reconvir. Neste caso, o
tema de prova é perfeito, suma do pedido.

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