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Fundamentos do Direito Comum Europeu


Apontamentos Aula
21/09/2012

753 a.c. ........................ 130 a.c. ............................. 230 d.c. ................................. 530 d.c.

Arcaica ............................................... Clássica ........................... Pós - Clássica


(rudimentar) (Apogeu) (Confusão)

399 d.c. ....................... 530 d.c. (separação do Império Romano – Oriente/Ocidente)

Oriente
399 ....................................................... 530-565.................................... 1453
Justiniano
CIC (Corpus Iuris Civilis)
Ocidente
476 ....... (…) ...... XII ......... Glosadores ............. Comentadores ....... XVI (Humanismo Jurídico)
(vulgarização) (Tiram notas/ (interpretam) (Descobre-se de
Apontamentos novo o Direito Clássico e o CIC)
Traduzem)

Séc. XIX
1804 – Código Civil Francês
1906 – Código Civil Alemão

ÉPOCA CLÁSSICA – multiplicidade de órgãos – Assembleias Populares / Senado –


milhares de obras jurídicas para orientar os Tribunais e serem fonte vinculativa dos
Tribunais

Fase Imperial – passa-se a ter constituições imperiais e Magistrados (que podem criar
direito, corrigir a lei caso a sua aplicação seja injusta).

Apogeu – Não há diferença entre o Direito Romano desta época e o nosso.

Causas do Apogeu
• Magistrados de carreira; escolas;

Sem salário (viviam de património (terras e escravos)); eram independentes,


controlados apenas por outros magistrados
• Doutores – também não tinham salário (portanto – também independentes)
• Imperador - Não tinha papel significativo; não fazia leis; não controlava o
Senado
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PÓS – CLÁSSICA (III D.C.)


1. Imperadores contratam Doutores e Magistrados que deixaram de ser
independentes.
2. Controlam o Senado e indicam que leis fazer
3. Finalmente, chama a si a elaboração das leis retirando poder às assembleias
populares
4. Imperador é a única fonte de Direito

Oriente
395 (dois impérios)
Divisão do Império
Ocidente

• Ocidente (até 476) – continua a confusão e vulgarização do Direito. Perde-se


rigor e ciência.
• Oriente (após 395) – regresso à época Clássica – grandes escolas
o 530-565 – Justiniano – Corpus Iuris Civilis

Imperador Jutiniano
• Tenta unificação religiosa;
• tentou também uma grande compilação jurídica

Corpus Iuris Civilis – Compilação – Oriente Séc. VI


(conselho do Prof. – Tentar ler parte do Digesto na biblioteca)

Séc. XII – Descobre-se o Corpus Iuris Civilis em Itália (regresso ao Ocidente)


• Começa a ser estudado por toda a Europa e começa a ser aplicado nos
Tribunais.
• Época de desenvolvimento de mercados, feiras, trocas comerciais; Trânsito
marítimo cria a necessidade do Corpus Iuris para responder a problemas que só
agora se colocam, fruto do desenvolvimento.
• O Corpus Iuris é aplicado até meio de 1867 em Portugal, nos Tribunais. Tal foi
possível porque:
o O Direito Romano não é conjuntural. Era antes universal.
o O Direito comum resulta de ter tido em todos os países o mesmo ponto
comum de partida – CORPUS IURIS CIVILIS.
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24/09/2012

Período Arcaico Período Clássico


753 a.c. ---------------------------------------- 130 a.c. ---------------------------------------- 230 d.c.

130 a.c. ------------------ 30 a.c. ------------------------------- 130 d.c. --------------------- 230 d.c.
Pré-Clássica Clássica – Central Clássica tardia

Época Arcaica – Imprecisão – falta de rigor

450 a.c. – Lei das 12 Tábuas – Séc. V a.c.

O povo reclama nas assembleias que a lei seja reduzida a escrito para a fixar. Dá-se assim
origem à primeira compilação – A Lei das 12 Tábuas

242 a.c. - O pretor peregrino (praetor peregrinus) apareceu no ano 242 a. C., uma vez que a
população da cidade de Roma tinha aumentado extraordinariamente, e foi
encarregue das questões relativas aos não Romanos.

Lex Aquilia de damno (plebiscito, 287 a.C.) - tratava da indenização por motivo de dano.

Iuris prudência – Opinião dos Juristas (Doutores)

Carreira de Magistratura
1. Questor
2. Edis Curis Mandatos de um ano reconduzíveis
3. Pretor
4. Consul
a. Controlava decisões do Pretor / Controlava exércitos
5. Censor
a. Recenseamento dos cidadãos (para fins fiscais e de serviço militar)
b. Podia retirar cidadania reduzindo uma pessoa a escravo
c. Exercício de 5 anos
Era possível recurso das decisões para a Assembleia Popular que as podia alterar.

IUS CIVILE – Direito Romano – Vincadamente religioso

Quando Roma começa a alargar aos Estrangeiros, o Ius Civile não funciona e desenvolve
um Direito de vocação universal, limpo de religião e formalismos pesados.
Aparece então o IUS GENTIUM
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IUS GENTIUM – Figuras Jurídicas Universais

ÉPOCA PRÉ-CLÁSSICA – Ascensão do Direito Romano através do desenvolvimento da


Jurisprudência e sua aplicação.

130 a.c. – LEI DAS FÓRMULAS – concede poder aos magistrados para criarem Direito a
partir do cao concreto.
Criar modelos para futuro
Estilização da casuística:
- criação de figuras de Direito a partir do caso concreto. Retira tudo o que é conjuntural e
separa tudo o que não seja juridicamente essencial ou relevante.

Época Clássica Tardia – Época Imperial


Decadência – 130 d.c. 230 d.c.
Magistrados contratados pelo Imperador
Imperador enfraquece e dá-se a Divisão do Império Romano
Juristas (Doutores de Direito) também contratados – perde-se independência e rigor
Inflação / Decadência dos costumes /ensino do Direito misturado com outras disciplinas

Obrigação é um vínculo jurídico (art.º 397 do C.C.)


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28/09/2012
230 ------------------------------------------------ 530
Pós-Clássica

230-395
1ª Etapa
Confuso
Oriente
Anti vulgarização (1)
395-530
2ª etapa
Ocidente (476) (2)
Vulgarização

Oriente
530 ------------------ 565
Época Justiniana (3)
Oriente

Período caracterizado pelo Classicismo / Helenização

Instituciones (IUS)

Digesto ou Pandectas (IUS) (4)

Codificação  Corpus Iuris Civiles


Codex (Leges)
Constituições Imperiais / Leis

Novellae (Leges)
Leis Promulgadas após o encerramento
do Codex
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V  XII  XIII XVI  XIX


(1) – Regresso ao Direito Romano Clássico; Influência Helénica (filosofia Grega)

(2) – Vulgarização; adopção de Direito Consuetodinário

(3) – Imperador Justiniano tinha três grandes objectivos


1º Reconquistar o império do Ocidente (não conseguiu)
2º Unificação religiosa do Oriente (não conseguiu)
3º Unificação do Direito (conseguiu graças a:)
i. - Grandes Escolas de Direito
ii. - Fez-se uma grande Obra – Corpus Iuris Civiles

(4) – Contém Direito Clássico  grande repositório sistematizado compilação de


extractos de grandes juristas da época clássica.

Ocidente
Igreja Católica dominou o Ocidente desde o Séc. V ao Séc. XV

Imperador Constantino (Séc. III), que gostava mais do Oriente que do Ocidente, muda-se
para o Constantinopla (Istambul). O poder no Ocidente fica abandonado.

Bispo de Roma (que depois veio a ser o Papa) apercebe-se da mudança e chama para a
Igreja Católica o Poder.

Nota: no Oriente o Poder Católico sempre esteve subordinado ao poder político.

No Ocidente, pelo contrário, o Papa coroava o Rei

Poder Subordinado ao Papa (Séc. V a XV)

Isto só começa a mudar no Séc. XII  O Império Romano do Oriente começa a cair e os
sábios e filósofos mudam-se para o Ocidente.

No Séc. XII, em Itália, descobre-se parte do Corpus Iuris Civiles

Foram necessários dois séculos para que se conseguisse perceber a obra/palavras por parte
dos Glosadores.

Nota: Repetir em linguagem jurídica significa exigir de volta / exigir para trás.
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Séc. XIV a Séc. XV  Comentadores aprofundam conhecimento do CIC.

Séc. XVI – Regresso ao Classicismo Greco-Romano  Humanismo Jurídico associado ao


Renascimento

Séc. XVIII – Aparece o direito português a ser ensinado pela 1ª vez.

Séc. XII

Começa-se a aplicar nos Tribunais o Corpus Iuris Civiles

As primeiras Leis dos nossos monarcas inspiram-se no Direito Romano ou Canónico, o qual,
também se deixou influenciar pelo Direito Romano.

O CIC aplicou-se até ao Séc. XIX

1804 – Código Civil Francês


Continham Direito Romano
1900 – Código Civil Alemão

01/10/2012

Nota: IUS Honorarium – Direito criado pelos Magistrados

Características do Direito Romano (Época Clásica)

1ª Um grande desinteresse pela codificação. No Direito Romano, nunca se


preocuparam muito com a criação de códigos. Contudo, ele foi evoluindo, porque a
sua fonte de direito não era a Lei mas a Jurisprudência, ou seja, as sentenças
judiciais.
2ª O importante não era ter um direito subjectivo mas a acção judicial. O Direito
Romano era um direito essencialmente judicial e não o direito legislado. Sendo o
Direito criado pelos magistrados, dependia das acções. Esse Direito, criado pelo
magistrados, é designado como IUS Honorarium e assenta nas acções judiciais.
3ª O Direito Romano é simples, com soluções simples. Soluções inspiradas em casos
concretos mas com rigor.  É pragmático
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4ª Rigor com que se separou o Direito das outras áreas, separando o jurídico do
Religioso, etc. Estilização da casuística – Modelos / Figuras para casos futuros,
tirando tudo o que não era juridicamente relevante  vocação universal.
5ª A força da Tradição. Raramente existiram rupturas com a tradição. A evolução é
lenta. Mesmo havendo novidades, mantinham-se as normas anteriores. O antigo
podia deixar de ser tão usado em detrimento do novo mas não era revogado.
6ª Roma soube manter equilíbrio entre liberdade e autoridade. O ordenamento
jurídico só deve agir quando é estritamente necessário. Roma afirma 1º a liberdade.
7ª Certos valores morais forma incorporados no Direito Romano, nomeadamente:
1. Confiança – Valor da palavra (Fides); cumprimento de mão direita;
2. Ofício – dever de ser útil; agir desinteressadamente
3. Valor da Humanidade – Protecção da dignidade humana
4. Valor da amizade – Contrato de Comodato

Conceito de Gestão de Negócios

Famílias de Direito

Romano-Germânico (a nossa)
Common Law (Anglo-Saxónica)
Religiosos e Tradicionais
Direitos Socialistas

Características da Família Romano-Germânica:


• Origem no Direito Romano que chega, desde o Séc. XII, até nós compilado
• Direito essencialmente legislativo
• Só a partir do Séc. XVI se percebe a jurisprudência e outras coisas.
• O Direito legislativo acentua-se ainda mais com as Constituições (Revolução
Francesa)
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• O Direito tem que provir da vontade do Povo, através do Parlamento
• O Poder Judicial limita-se a aplicar a lei (separação dos Poderes)
• A Lei consagra o Direito Romano. As nossas compilações contêm Direito Romano.
As Constituições Portuguesas, Francesas e Alemãs contêm Direito Romano
• Esta é a maior família do Direito

Família do Common Law


• Direito Jurisprudencial criado pelos magistrados e Tribunais
• Não é um Direito legislativo
• Baseado na regra do precedente (vinculativa)
Famíla dos Direitos Socialistas
• Revolução de 1917 na União Soviética (Marxismo – Leninismo)
• Pretendiam o fim do Direito / a Extinção do próprio Direito
• Abolição dos Códigos – Abolição do Direito de Propriedade
Família dos Direitos Religiosos
• Direitos em que o Direito não é diferente da religião. As normas jurídicas são
jurídico-religiosas

Família dos Direitos Tradicionais


• Essencialmente Africanos
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FDCE (OT) 01/10/2012


Ius Civile  Direito Tradicional Romano
O Corpus Iuris Civiles (continha tudo o que se encontra abaixo)
Época Arcaica Fontes de Direito em Roma
Lei pedida – Lex Rogata (Lei das 12 Tábuas p. ex.)
Costume Lei
Senatus Consultos Responsa
Jurisprudência (1) Cavere
Época Clássica Constituições Imperiais Agere

(1) As funções da jurisprudência eram essencialmente três: cavere, agere e respondere


• Cavere era a actividade destinada a aconselhar os particulares a praticar actos
jurídicos válidos dentro do que se costuma designar por direito substantivo.
• Agere como o nome indica, incidia particularmente nos aspectos processuais, isto é
no modo de actuar em processo a fim da obter os efeitos jurídicos desejados.
• Respondere, era a actividade de dar pareceres (responsa), em questões jurídicas
que lhes fossem submetidas. Era uma actividade consultiva, e justamente por isso
era através dela que os jurisprudentes tinham maiores possibilidades de
desenvolver a ciência do direito através da exposição dos seus próprios pontos da
vista.

IUS Gentium (242 a.c.) – aplicação aos estrangeiros; adaptado para aplicação aos
estrangeiros; flexibilização do IUS Civile
IUS Honorarium (130 a.c.) – Direito dos Magistrados – Pretor e outros magistrados criam
acções judiciais.
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No Corpus Iuris Civiles encontra-se tudo o que está acima dividido da seguinte forma:

Digesto ou Pandectas Jurisprudência + IUS Honorarium +


Leis (Lex Rogata)
IUS Institutiones

Leges Codex
Constituições Imperiais + novas Constituições
- alterações / adendas
Novelas

Avaliação

• 1º teste dia 29 de Outubro


• 2º teste dia 10 de Dezembro

08/10/2012
Direito das Obrigações

Direito das Obrigações


(ou direitos de crédito) ≠ Direitos Reais

Direito das Obrigações (art.º 397º do CC)


• Uma pessoa está adstrita à realização de uma prestação a outra pessoa(art.º
397º do CC);
• Só vincula as partes;
• Só produz efeitos entre as partes;
• Não produz efeitos em relação a terceiros
• Relação intersubjetiva – Credor só fica satisfeito com o cumprimento da
obrigação


Direitos Reais
• Poder directo e imediato sobre uma coisa
o Se tenho um livro posso queimá-lo sem a colaboração de ninguém;
• Ninguém pode tocar no livro sem a minha autorização (gera obrigação
universal (em relação a todos);
• Obrigação universal mas passiva;
• São só os que a lei prevê – estão tipificados na lei
o Taxativos – a lei diz quais são
o Tipicidade – a lei diz qual o seu conteúdo
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Direito das Obrigações (art.º 397 do CC)


• Objecto – Dar; fazer; não fazer e prestar;
 Dar (dare): constituição de ou transferência de um direito real (transmissão do
direito de propriedade)
 Fazer (facere): realização duma actividade que não se traduza num dare
(realizar certa actividade)
 Não fazer (non facere): não realização (não realizar) de certa actividade
 Prestar (praestare): identifica-se com dare e facere, mas designa especialmente
a assunção de garantia duma obrigação (garante uma obrigação de outrem
(fiança))

Nota:

Dar ≠ Entregar

Transmitir Propriedade Transmitir Posse

Comportamento do Devedor (requisitos)


• Lícito
• Fisicamente possível
• Juridicamente possível
• Obrigação determinada ou determinável (1)
• Deve ter conteúdo patrimonial (redutível a dinheiro / valor pecuniário) - mas pode
não ter (o casamento é um exemplo – não tem valor pecuniário)

(1) Exemplo: A obriga-se a comprar a B batatas a 2€ / kg.


a. Falta a quantidade:
i. X quantidade de batatas = Obrigação Determinada
ii. Quantidade que B venha a produzir na próxima colheita = Obrigação
Determinável
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Origem das Obrigações

Histórica – não se sabe. Todas as teorias apontam para a Roma antiga tendo por base
ou o contrato ou facto ilícito e correspondente indemnização

Obrigação (Prof. Sebastião da Cruz) – Obligare (Roma Arcaica) significa que o credor
pode amarrar diversas vezes o devedor em sua casa.

Vínculo Material ≠ Vínculo Jurídico (hoje o nosso)

Obrigação implica um débito e a Responsabilidade (sujeição do devedor ao credor)

Fontes das Obrigações


Delito (Ius Civile)
Derivam de contratos ou factos ilícitos
Delito (Ius Honorarium)
Ius Civile
Ius Praetorium

Acto Unilateral = Quase Contrato

Fontes das Obrigações


• Contratos
• Negócios unilaterais (quase contratos) Fontes que vamos estudar
• Delitos
• Quase Delitos (aplicava-se em Roma; Hoje não se aplica
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Contrato - Negócio Jurídico com mais de duas Partes

Unilateral (só uma parte)


Negócio Jurídico
Bilateral (Contrato)

- Acto voluntário praticado pelo homem


- assente numa ou mais declarações de vontade tuteladas pelo Direito

Nota:
Testamento (unilateral – apenas uma vontade)

Contrato – duas ou mais declarações de vontade contrapostas que convergem (compra


e venda) destinado a produzir efeitos jurídicos (tutelado pelo Direito)

Acordo – Não produz efeitos jurídicos.

Unilateral
Contratos Bilateral Quanto às obrigações das partes
(Podem Ser) Bilateral imperfeito

• Todos têm uma causa e implicam um consenso (acordo das partes)


• Nem todos são causais (abstractos)  a causa (fim prático pretendido pelas partes)
é irrelevante; Exemplo: emissão de um cheque (tem muitas causas possíveis)

Inicialmente em Roma todos os contratos eram abstractos.

Contrato
• Unilateral – só gera obrigação para uma das partes
• Bilateral – gera obrigações para as duas partes
• Bilateral Imperfeito – de início gera obrigação para apenas uma das partes mas
pode, eventualmente e durante a sua execução, surgir obrigação para a outra
parte.
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12/10/2012
Quanto à sua constituição
Reais Dacio (Propriedade)
Quanto aos seus efeitos Traditio (Posse)
Mera detenção
Literais
Contratos Formais
Verbais

Consensuais

A vontade nos Contratos (impossibilidade de coação)

Nota:
Contrato bilateral  se não existe um prazo para cada uma das partes cumprir a
obrigação, nenhuma parte está obrigada a cumprir a sua obrigação sem que a outra,
pelo menos, se ofereça para cumprir a sua (obrigação)  Excepção de não
cumprimento do Contrato

Contratos Formais
• Não basta o consenso. É necessária a forma ou formalismo (escrita ou verbal
como no casamento em que se dizem determinadas palavras).

Contratos Consensuais
• Não necessitam de forma nem formalidade. Basta o consenso para a perfeição
do contrato (para que este produza efeitos jurídicos).
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Contratos Reais quanto à sua constituição


Neste tipo de contratos não basta o acordo das partes. Sem entrega da coisa ou
prática do acto material não há contrato.
• Transferência de Propriedade (Dacio)
• Transferência da Posse (Traditio)
• Mera Detençao

Contratos Reais quanto aos seus efeitos


Implicam a constituição, transmissão ou extinção de direitos reais.

Nota:
Contratos Reais quanto aos seus efeitos e Reais quanto à sua Constituição distinguem-
se um do outro pelo momento em que os contratos começam a produzir efeitos, ou
seja, pelo momento em que o contrato está ou fica perfeito.

Contratos Gratuitos e Contratos Onerosos


• Gratuito  Implica perdas patrimoniais para uma das partes
• Oneroso  Implica perdas patrimoniais para ambas as partes

Exemplos:
• Contrato de Compra e Venda é oneroso (uma parte perde o que vende, a outra
perde aquilo com que paga);
• Contrato de Comodato – é gratuito (o único que tem perda é quem empresta).
• Contrato de Depósito (de um carro na garagem de um amigo) – Contrato
Gratuito  a perda patrimonial é de quem empresta a garagem, que perde o
espaço na garagem  Negócio feito no interesse do Depositante.
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Contratos Reais
• Quanto à sua Constituição
o Mútuo
o Fidúcia
o Comodato Regimes Jurídicos
o Depósito (Romano; Português; Espanhol; Francês; Italiano)
o Penhor

Contrato de Mútuo (Civil) – Empréstimo de dinheiro


• Real (quanto à sua Constituição)
• Unilateral
• Gratuito (o civil)
• Versa sobre coisas fungíveis – Passíveis de substituição sem perda de valor
económico (Ex.: dinheiro corrente, ouro, prata e pouco mais já que poucas
coisas são fungíveis).
• Implica uma Dacio – transmissão de propriedade (transmite-se uma nota e não
se recebe essa mesma nota. Recebe-se o mesmo valor em moedas ou numa
outra nota que não a emprestada.
15/10/2012
CONTRATO DE MÚTUO
• Transferência de Direito de Propriedade de um bem fungível - Real Dacio +
Gratuíto
• Elementos: Dácio Rei + Consenso
• Regime jurídico – gratuito
• Mútuo não tem juros (no Dto. Romano podia ter juros mas não com qualquer
taxa – isso seria usura;
• Taxas máximas de juro desde a Roma Clássica
• Roma também proibia juros sobre juros – anatocismo
• Nós permitimos mas só em condições muito restritas
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• Igreja católica proibiu juros porque entendia que o tempo, pelo qual são
cobrados os juros, pertencem a Deus e não aos Homens;
• Em Roma, e em determinados casos, havia sempre juros (bancário, empréstimo
marítimo, etc.) Eram empréstimos de dívida comercial ou para actos
comerciais. O empréstimo mercantil era sempre remunerado.

CONTRATO DE FIDÚCIA
• Surge na época arcaica Romana
• Negócio fiduciário – em Roma
• Fidúcia era a soma de dois contratos
o Mancipatio + in iure cessio (cessão + transmissão de propriedade)
1. O fiduciante transmite ao fiduciário o Direito de Propriedade de um bem;
2. O fiduciário obriga-se a, uma vez verificada uma circunstância, retransmitir esse
bem; (Finalidade do Contrato)
a. Nota: não significa que se entregue a coisa (posse) quando se transmite
o Direito de Propriedade. Por exemplo, posso transmitir o Direito de
Propriedade de uma casa para garantia de um empréstimo e continuar
a morar nela.
3. Finalidade do Contrato (vamos estudar duas finalidades)
a. Fidúcia com base na amizade (esteve na origem do comodato e do
depósito)
b. Fidúcia com função de garantia

Mútuo
(empresta dinheiro a)
A B

Fidúcia
(Transmite Dto. Propriedade c/ garantia)
A B

A (credor) quer garantia. Uma das figuras possíveis é a fidúcia.


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B (devedor) transmite a A o Direito de Propriedade sobre imóvel.

A obriga-se a retransmitir a B o Direito de Propriedade uma vez paga a dívida.

No contrato de mútuo – A é credor e B é devedor


No contrato de fidúcia – B é fiduciante e A é fiduciário

Se esta situação se passasse em Roma e estivéssemos perante um caso de mútuo de


12 anos, a fidúcia não cumpriria com o seu propósito de garantia. Em Roma, o prazo do
usucapião era de apenas 5 anos e, assim, B iria readquirir o bem da fidúcia uma vez
que não tinha entregado a posse do imóvel.

Solução – Entrega-se a posse


• Celebra-se um Contrato de Comodato em que B transmite Direito de
Propriedade e Posse a A. B fica na casa como simples detentor enquanto
Comodatário.
o Passamos assim a ter três contratos.
NOTA:
Na fidúcia Transmissão de Direito de Propriedade
Penhor  entrega da posse

A (locador) tem prédio Rústico e quer arrendar a B (locatário)


Surge a hipoteca  não é transmitida nem a posse nem a propriedade  em caso de
incumprimento inicia-se o processo executivo que poderá levar a penhoras.
15/10/2012
FDCE (OT)
Nota:
Na próxima semana, a aula de Segunda-feira será dada pelo Dr. Ricardo Afonso.
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Trabalhos p/ a próxima semana:


• Classificação dos contratos – 5/11 – Joaquim Campos
• Mútuo e fidúcia – 5/11 – Serafim Silva

Teste dia 29/11 (só se pode consultar o Código Civil)


• Até ao fim dos contratos reais (penhor)
• Introdução
• Noção de negócio jurídico
• Classificação de Contratos e Contratos Reais
• Duas perguntas teóricas de resposta sucinta + 1 caso prático sobre Contratos
Reais
o Identificar os contratos
o Conhecer os contratos e caracterizá-los
o os contratos poderão aparecer conjugados
o busca de soluções para o problema

19/10/2012
Continuação dos Contratos Reais

Contrato Depósito
Depositante entrega coisa móvel ao depositário para que este, posteriormente, a
restitua.
• Bilateral Imperfeito (obrigação do depositante pode ocorrer caso haja lugar a
despesas por parte do Depositário a fim de cuidar da coisa; Pode dar lugar a
retenções por parte do depositário até que o depositante pague)
• Real
• Gratuito
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Casos particulares do depósito


• Depósito necessário: é aquele no qual o depositante, em circunstâncias
excepcionais (acidente de carro – depositário toma conta do carro acidentado),
não pode escolher o depositário;
o Não existe no nosso ordenamento jurídico
• O Sequestro: resulta de um litígio entro duas ou mais pessoas que depositam o
bem. O Depositário é um terceiro que se obriga a restituir o bem depois de
resolvido o litígio à parte ganhadora. São dois a depositar e só um recebe de
volta;
o Depositário vai poder invocar a posse caso algum exija a restituição
antes de estar resolvido o litígio. Está habilitado a servir-se dos
instrumentos de posse.
• Depósito Irregular: coisas fungíveis como por exemplo Dinheiro (depósito
bancário). Há lugar à transmissão do Direito de Propriedade – por isso é
irregular. Depositário devolve como quiser o bem fungível (devolve outro
tanto)
o Está no nosso código civil mas diz que se lhe aplicam as regras do
mútuo.

Contrato de Comodato (transmite só a posse) - Contrato pelo qual se entrega coisa


móvel ou imóvel para que outra (comodatário) a use
• Real
• Bilateral Imperfeito
• Gratuito
• Comodatário é mero detentor
o Obrigações do comodatário – dar um uso normal ao bem (por exemplo
não usar um carro como se fosse um barco)
o Restituir a coisa
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• Obrigações do Comodante (em princípio não tem – bilateral imperfeito) –
resultam de situações muito especiais em que o bem comodado tenha
provocado danos ou prejuízos
• Comodatário tem responsabilidades agravadas. Tem que ter o máximo de
cuidado uma vez que o comodato é feito no seu interesse.
o Responderá por culpa leve / negligência / Custódia da coisa  Tem o
dever de guardar e preservar

Penhor
Contrato pelo qual uma pessoa entrega uma coisa a outra como garantia

Credor mútuo Devedor


A B

Penhor
D Credor no contrato de penhor

A é Devedor na relação de penhor (credor pignoratício)


• Tem Direito Real de Garantia  se B se arrepender, A pode dizer que a coisa
fica com ele e, também se B não pagar, A pode executar a Garantia

Obrigações de A
• Dever de cuidar
• Dever de restituir (juntamente com frutos do bem se for caso disso)

Obrigações de B
• Existem se o objecto (dado em penhor) causar danos ou despesas a A.

Nota:
É incorrecto chamar penhor ao objecto. O Objecto é dado em penhor (aqui entendido
como o contrato que regula a transmissão do objecto).
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Detenção e Posse
• Posse – poder de facto sobre a coisa + exercício do poder como se fosse titular
de Direito Real, ou seja, comporta-se publicamente como proprietário;
• Detenção – Não se comporta como proprietário. É mero detentor.

26/10/2012
Matéria Teste (1º)
Uma pergunta – Matéria da Introdução (Direito Romano)
Caso prático – identificar contratos
Resolver problema – em contexto de Direito Romano podendo ter que comparar (não
é necessário saber as acções romanas).

Fidúcia (Trust) – DL 105/04 – 08/05

Mútuo – CC 1142
• Dacio – 1144
• Gratuito – 1145 (por regra é gratuito – Em caso de dúvida é oneroso)
• Limite ao juro (1146)

Depósito – 1185 CC – o nosso permite depósito de imóveis


• Gratuito – 1186 CC
• Obrigações do depositário – 1187 CC
• Tipos particulares – 2 – 1202 + 1205/1206

Comodato – 1129 CC (igual ao Romano)

Penhor (previsto como garantia) artº 666 CC

• Contrato Real (669º CC)


• Obrigações do Credor Pignoratício (671º)
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29/10/2012
COMPRA E VENDA
(Contrato Consensual)

Emptio – Vendictio (1)


Mancipatio – in iure cessio

Contratos Consensuais
• Opõem-se aos reais e formais
• Basta o acordo das partes (consenso)

O princípio do ordenamento Romano assenta no princípio da consensualidade (boa-fé)


No início de Roma, no entanto, não era assim. Implicava sempre uma forma (solene ou
até um ritual).

A compra e venda (1) surge na relação com outros povos (estrangeiros).

O consenso é suficiente para a perfeição do contrato. Depende também na vontade


(ex.: não pode haver coação) das partes Esta vontade é relevante para a perfeição do
contrato.

Compra e Venda
Noção – Contrato pelo qual um vendedor se obriga a transferir a outrem (comprador)
a posse livre e pacífica. O comprador obriga-se a transferir o direito de propriedade
sobre o dinheiro.
O direito de propriedade era transferido pela mancipatio.

Na compra e venda só se transferia a posse porque era uma flexibilização para com os
estrangeiros.
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Para os Romanos era difícil aceitar a transferência do Direito de Propriedade pelo
simples consenso. Assim, só transmitiam a posse (livre e pacífica).

O comprador, se fosse cidadão romano, adquiria a propriedade pelo instituto do


usucapião.

Nota:
Compra e venda seria entre 2 estrangeiros ou um romano com estrangeiro

Se fosse estrangeiro, não beneficiavam do usucapião pelo que nunca adquiriam o


Direito de Propriedade.
No entanto, as obrigações do vendedor são tão fortes que o comprador não fica
diminuído nos seus interesses.
Este “problema” foi resolvido por Constantino quando determinou que todos os
habitantes fossem considerados Romanos.

Entre nós (Portugal) a compra e venda é em geral consensual (excepção dos imóveis).
Na Alemanha é sempre formal porque é um contrato Real.

Elementos da Compra e Venda:


1. Consenso – Transmissão da posse sobre coisa / propriedade sobre pecúnia;
2. Res (coisa/objecto)
a. podiam ser coisas futuras – se dependerem do vendedor, o contrato é
válido e pode entrar em incumprimento se não cumprir. Se não
dependerem o contrato só será válido se a coisa (futura à data do
consenso) vier efectivamente a cair na posse do vendedor;
3. Preço
a. deve ser certo ou determinável perante certas circunstâncias;
b. tem que ser em dinheiro (pecúnia) corrente.
c. Pode ser determinado por terceiro;
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d. preço justo – só com justiniano se discutiu isto; mais tarde designou-se
por Lesão Enorme

Obrigações do contrato de compra e venda

Obrigações do vendedor
1ª proporcionar a posse livre e pacífica na esfera jurídica do comprador
a. a posse não pode ter vícios nem limitações (caso ocorram vícios ou
limitações o vendedor responderá por evicção)
2ª Responsabilidade por evicção – Vendedor é responsável por não assegurar a
posse jurídica da coisa ao comprador. Se se comprovar a violação da 1ª
obrigação será obrigado o vendedor a devolver o preço mais o dobro (Preço
(100) + Dobro (100) = 200)
3ª Cuidar da coisa até à sua entrega. O vendedor tem que cuidar da Res mas um
cuidado mínimo. Se o comprador não tomar posse, a responsabilidade é sua
(do comprador)
4ª Responsabilidade pelos vícios ocultos

02/11/2012
Defeitos que não sejam aparentes. No tempo de Justiniano já se aplicava a todas as
vendas. Era regulado/fiscalizado pelos Edis Curis. Existia a obrigação de informação
para o vendedor para informar dos vícios ocultos (doenças de animais ou cadastro de
um escravo). Mesmo que não soubesse do vício, o vendedor seria responsável pelo
mesmo.
Se se verificar o vício, o comprador tem à sua disposição dois mecanismos:
1. Resolve o contrato (2 meses para accionar) – faz cessar o contrato com
uma causa (o vício da coisa). O comprador devolve a coisa e tem direito
ao preço + o dobro do preço (preço + preço);
2. Acção de diminuição do preço – o comprador quer na mesma o bem
mas por um preço inferior.
27
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Obrigações do comprador
1ª Transferir Direito de Propriedade sobre a pecúnia (preço);
2ª Receber a coisa – Se houver atraso a responsabilidade é do comprador (p. ex.:
indemnizando o vendedor por despesas na manutenção da coisa);
3ª Responder pelo risco: a partir do momento que o contrato está perfeito, o risco
corre pelo comprador. Se acontecer alguma coisa antes do levantamento do
bem, a responsabilidade é do comprador.

Nota:
O registo da compra e venda de coisas imóveis vem de Justiniano

Pactos acessórios da Compra e Venda


1. Condições suspensivas e resolutórias
a. Suspensiva – não produz efeitos o contrato enquanto não se verificar
um facto (exemplo: experimentar a coisa);
b. Resolutória – deixa de produzir efeitos se se verificar determinada
circunstância;
2. Se um terceiro oferecer um melhor preço, o contrato resolve-se.
Habitualmente o comprador pode cobrir.
3. Se o comprador não pagar num determinado prazo acordado, o contrato
resolve-se (Nota: em condições normais o atraso não implica a resolução mas
apenas mora (juros). Este pacto existe justamente para que o contrato possa
ser resolvido);
4. Venda a retro – Direito ao arrependimento (Exemplo: “Eu vendo a coisa mas
no prazo de sessenta dias posso resolver o contrato pedindo a coisa e
devolvendo o preço;
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5. Pacto de preferência – Direito de preferência contratual. Se um dia o
comprador quiser vender tem que dar preferência ao vendedor.

LOCAÇÃO
Noção
Contrato pelo qual o locador se obriga a proporcionar o gozo da coisa ao locatário por
certo preço durante determinado tempo.

Três tipos de locação:


1. Locação de coisa
2. Locação de trabalho três tipos de locação
3. Locação de obra

05/11/2012
Apresentação Trabalhos

Sr. Campos – Classificação de Contratos


Serafim Silva – Mútuo e Fidúcia

Notas sobre 1º teste:


1ª pergunta
Indicar localização espácio-temporal (época justinianeia) – falhei nisto!
Falar do CIC
2ª pergunta (caso prático)
a) Mútuo + penhor
a. Podia ser responsabilizado? A resposta não é sim nem não. A resposta
seria dizer que sim se A tivesse responsabilidade/culpa na perda
(negligência ou dolo).
b) C só pode ficar zangado. Isto seria um comodato logo seria real quanto à sua
constituição, ou seja, só existiria contrato depois de praticado o acto material
pelo que nunca houve qualquer contrato.
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05/11/2012
Locação (Continuação)
Tudo indica que em Roma tínhamos só uma locação com 3 modalidades.
O contrato de locação é um contrato:
• Consensual
• Bilateral
• Oneroso
• Obrigacional

Elementos (4):
1º Acordo (consenso)
2º Objecto (coisa, trabalho, obra)
3º Retribuição (em geral em dinheiro. Excepção para o contrato rural ou agrícola –
que tinha a retribuição em espécie)
4º Prazo

Obrigações
• Locação de coisa
o Locador
 Proporcionar o gozo da coisa ao locatário (assegurar que a coisa
está em condições);
 Ressarcir o locatário pelas obras que o locatário executou para a
conservação da coisa;
o Locatário
 Prestação pecuniária (renda);
 Uso da coisa para fins a que se destina
 Não pode praticar actos danosos (terá que ressarcir o locador
por esses danos)
 Conservar a coisa
 Restituir a coisa no fim do prazo
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O locatário não é possuidor. É mero detentor da coisa.

Problema:

200 (D.C.) 210 (D.C.)


Locação
A B
10 anos
• A, em 201, vende a C
• C quer tomar posse da casa dizendo que B tem que sair
• C pode despejar B porque o contrato obrigacional (locação) só produz efeitos
entre as partes (A e B).
• C tem Direito Real sobre a coisa.
• No nosso Código Civil há excepção, ou seja, a compra e venda não afasta a
locação (art.º 1057)

Caducidade do contrato de locação

1ª causa – caduca no final do prazo de duração da locação. Roma já admitia a


renovação automática do contrato.

2ª causa – se a coisa desaparecer

3ª causa – se houver antes um usufruto, a locação caduca com o fim do usufruto

Usufruto Locação
A B C

4ª causa – Resolução do contrato de locação


• Por parte do locador
o Pode resolver quando o locatário não pague a renda (em Roma durante
2 anos)
o Quando o locatário usa a coisa para fim diverso
o Se precisar da coisa para si próprio (p. ex. se precisar da casa para viver)
• Por parte do locatário
o Se o locador não entrega a coisa
o Se o locador entrega a coisa com vícios ou defeitos não permitindo
cumprir a sua finalidade
o Se existir um temor grave à volta da coisa (ex. casa e perigo de
derrocada)
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LOCAÇÃO DE TRABALHO

Uma pessoa obriga-se a proporcionar actividade laboral por um preço.

Inicialmente, em Roma, a locação só fazia sentido com coisas (p/ ex. escravos). Roma
viu com maus olhos que os profissionais liberais celebrassem contratos de trabalho
porque implicavam uma diminuição da personalidade jurídica. O Direito Romano
resolveu este problema dos Homens Livres com uma ficção. Separou-se a pessoa da
actividade laboral que era entendida como uma coisa (actividade laboral).

Assim surgiu o contrato de trabalho.

LOCAÇÃO DE OBRA

Contrato pelo qual uma pessoa entrega uma coisa a outra para que o locatário
transforme uma matéria-prima em obra a troco de um preço que o locador pagará ao
locatário (invertem-se as posições de locador e locatário por comparação com as
outras locações).

A locação de obra não tinha que ter um prazo certo.

Locador – dono de obra

Locatário - empreiteiro

09/11/2012

CONTRATO DE SOCIEDADE

Contrato assente em duas ou mais declarações de sociedade que traduzem o facto de


as partes colocarem em comum um património com vista a um fim (geralmente lucro).

Forte ligação de amizade existe geralmente entre as partes.

É um contrato:
• Consensual
• Bilateral
• Oneroso
• Assente num laço forte de fraternidade entre sócios
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Elementos do Contrato de Sociedade:


1.º Consenso – os sócios colocam em comum património
2.º Objecto – coisa (res) – pode ser bens móveis ou imóveis ou serviços (trabalho)

coisas
Existem três tipos de sociedade trabalho
Mistas

Em Roma a sociedade não tem personalidade jurídica. Os Sócios transferem bens mas
o património não entra ou passa para outra pessoa porque a sociedade não tem
personalidade jurídica. Os bens pertencem aos sócios em regime de co-propriedade de
todos os sócios.

3.º Finalidade – obtenção de resultado patrimonial (geralmente lucro). Os sócios


participarão nos lucros e nas perdas mas podem haver participações
diferenciadas (o pacto leonino é ainda hoje proibido).
a. 2 tipos de finalidade:
i. Sociedade Universal – os sócios participam com todo o seu
património (bens presentes e futuros). Isto teve origem no bem
sucessório em que os herdeiros não dividem a herança ficando
como co-proprietários;
ii. Sociedade com objecto específico – sociedade com um só
objecto como por exemplo o transporte de mercadorias ou um
só negócio, após a conclusão do qual a sociedade se irá extinguir
(ex. Expo 98).

OBRIGAÇÕES DOS SÓCIOS


Realizar a sua entrada – transferir património para a sociedade. A sua responsabilidade
incide sobre os vícios da entrada no mesmo molde da compra e venda.

DIREITOS DOS SÓCIOS


• Participação nos lucros / perdas
• Direito a ser reembolsado por despesas
• Gerir os negócios de acordo com a finalidade

Sociedade não tem personalidade jurídica (em Roma).


Nota:
Personalidade jurídica – centro autónomo de imputação de direitos e obrigações
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O Direito Romano entendia que não se podia atribuir personalidade jurídica às


sociedades para fins comerciais para evitar a não responsabilização dos sócios.

Problemas da Sociedade com terceiros

Sócios

A
B
C
D

Objecto: Estabelecimento Comercial (alimentação)

E – produtor de bens alimentícios

A comprou a E para vender na loja


E só pode demandar o A porque o negócio jurídico só tem efeitos entre as partes

• Se os 4 sócios tiraram proveito, A pode, por sua vez, demandar os restantes


sócios.
• Se os 4 sócios intervieram no negócio, E pode demandar todos os sócios
• Os outros sócios mandataram A para celebrar o negócio. E continua a
Demandar A. A diz ao magistrado que estava mandatado e chama os outros
sócios.
• A é o gerente do estabelecimento comercial. A tem assim um mandato
implícito para celebrar negócios relacionados com o objecto da sociedade. A é
demandado por E mas vai poder chamar à acção os outros sócios. O mesmo se
aplicaria se A fosse o comandante de um navio.

Conclusão:
Apesar de a sociedade não ter personalidade jurídica, quase sempre se pode chamar
todos os sócios respondendo em primeiro lugar o património em co-propriedade e em
segundo lugar o património pessoal.
34
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CAUSAS DA EXTINÇÃO DA SOCIEDADE


1.ª Fim do seu prazo
2.ª Objecto realizado
3.ª Acordo dos sócios
4.ª Património perdido (insolvente hoje em dia)
5.ª Morte de um dos sócios
6.ª Um sócio expulso
7.ª Execução patrimonial
8.ª Acção de prestação de contas

A seguir liquida-se o património; paga-se as dívidas; se sobrar património divide-se (em


partes iguais salvo se o contrário estiver definido no contrato).
12/11/2012
Contrato de Mandato
Contrato pelo qual se encarrega outra pessoa de realizar uma certa actividade.

• Consensual
• Gratuito
• Bilateral imperfeito

Elementos:

• Consenso –
• Objecto – actividade no interesse do mandante ou do mandante e do
mandatário. Pode ser também no interesse de terceiro
• Finalidade – o interesse do mandante, do mandante e mandatário ou do
terceiro

Nota:
Mandato assenta no consenso
Procuração é unilateral

Bilateral Imperfeito – geralmente só tem obrigações o mandatário.

Obrigações do mandatário:
• Realizar a actividade
• Dar/Prestar contas da actividade
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(Eventuais) Obrigações do Mandante


• Suportar despesas do mandatário no exercício da actividade
• Indemnizar danos sofridos pelo mandatário no exercício da actividade

Em Roma, inicialmente, não havia representação directa

A B C
Mandante Mandatário

O negócio produz efeitos jurídicos para B que está depois obrigado a transferir o
negócio para A.

Em Roma C demanda B que chamaria à acção o A sendo este condenado

A partir de certa altura (finais da época clássica) o pretor veio progressivamente


permitir que C e A se demandassem directamente.

MANDATO SEM REPRESENTAÇÃO


• Mandatário actua em nome próprio, oculta a verdade – diz que compra uma
casa em nome próprio; fica obrigado a transferir os efeitos jurídicos para o
mandante; o vendedor não sabe que está a vender a casa a A – julga que vende
a B.

Extinção do Contrato de Mandato (Mandato assenta numa forte relação de confiança)


• Extingue-se com realização da actividade
• Prazo chega ao fim
• Livremente revogável pelo mandante
• Renúncia do mandatário
• Morte (do mandante ou do mandatário) – mandato caduca com a morte.
Também acontece no caso de diminuição de capacidade jurídica.
12/11/2012
Nota 1º teste – 14

Apresentação do Trabalho (Locação) – 19/11/2012

Para o 2º teste sai a matéria desde o início do semestre. Será essencialmente de casos
práticos.
36
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Roma não permitia a personalidade jurídica para fins comerciais.


16/11/2012
CONTRATOS CONSENSUAIS

Comparação/Diferenças dos ordenamentos jurídicos

PORTUGAL

Compra e Venda (CC 874º)


• Diferença relativa a Consenso – Em Portugal basta o consenso para a
transmissão da propriedade.
• Em Roma só se transmitia a posse

Contrato de Sociedade (980º CC)


• Principal Diferença – Personalidade Jurídica (em Roma não existia)

Locação (1022º CC)


• Coisa idêntica à de Roma.
• Diferença (Art.º 1057º) a compra e venda não afasta a locação em Portugal, ao
contrário do que acontecia em Roma em que afastava.

Contrato de Trabalho (1152º CC)

Contrato de Mandato (1157º CC)


• A nossa noção é a mesma de Roma
• Presume-se gratuito

Contrato de Empreitada (1207º CC)


• Problema no art.º 1210º CC – difícil distinção da compra e venda

FRANÇA (CC Francês)

Compra e Venda
• Similar ao nosso – transmite direito de propriedade

Locação
• Ainda distingue os três tipos como no Romano
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Sociedade
Noção é a mesma que a nossa

Mandato
Gratuito como o nosso

ITALIANO (CC Italiano)

Compra e Venda
• Mesma noção. Igual ao nosso

Sociedade
• Igual ao nosso

Mandato
• Noção igual.
• Diferença – presume-se oneroso por incorporação do Código Comercial no CC.

ALEMANHA (CC Alemão)

Compra e Venda
• É contrato real quanto à constituição – só fica perfeito com a entrega da coisa.
• Nas coisas sujeitas a registo só está perfeito com o registo. No nosso caso está
perfeito antes do registo que só é obrigatório para a segurança de terceiros.

Locação
• Igual. Noção é a mesma

Contrato de Empreitada
• Idêntico

Contrato de Mandato
• Tudo igual

Contrato de Sociedade
• Tem personalidade jurídica
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ESPANHA (CC Espanhol)

Compra e Venda
• Parece ser Contrato Real quanto à sua Constituição porque para coisas móveis
exige-se a entrega da coisa. Para imóveis só está perfeito com a escritura
pública e presume-se a entrega aquando da escritura pública. No nosso caso
não se presume nada quanto à entrega.

Locação
• Faz as distinções de Roma

Sociedade
• Tem personalidade jurídica
• A sociedade pode ser universal ou particular similarmente a Roma

Mandato
• Igual ao nosso
• Gratuito

Conclusão
Existem algumas diferenças
Compra e venda – transmite sempre propriedade
19/11/2012
CONTRATOS INOMINADOS
Não se inserem em nenhuma das classificações estudadas

• Vínculo jurídico só surge quando uma das partes cumpre. Só surge obrigação
quando a outra parte cumpre com a sua obrigação ou prestação.

Modalidades

1. Uma parte dá para que a outra dê também


2. Uma parte dá para que a outra faça
3. Uma parte faz para que a outra dê
4. Uma parte faz para que a outra faça

Estes contratos assentam, por um lado, no acordo e, por outro, no cumprimento da


obrigação da prestação por uma das partes.
39
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A permuta, contrato estimatório, contrato de precário e transacção são exemplos


deste tipo de contratos (inominados).

CONTRATOS DE PERMUTA / TROCA (Sinónimos)

Duas escolas
• Sabiniano diz que a troca é contrato de compra e venda
• Proculeianos consideram que é distinta da compra e venda

Diferenças
1ª Numa troca qual dos objectos trocados funciona como preço? – Razão da
diferença da compra e venda
2ª Troca é Real (não basta o consenso)
3ª Na troca há transmissão do Direito de Propriedade ao contrário da compra e
venda
4ª Aplicação subsidiária do regime da Compra e Venda.

CONTRATO ESTIMATÓRIO

Uma pessoa (A) encarrega outra (B) de vender por um certo preço (parece o mandato
mas não é) num determinado prazo.

B pode devolver ao A ou vender a C por um preço superior ficando com a diferença


(nossa venda à consignação)

Problema deste contrato:


Resulta da proximidade com o mandato não o sendo porque é oneroso;
Como é que B vende a C se não é proprietário?

CONTRATO DE PRECÁRIO
Difícil de distinguir do comodato

Uma pessoa (A) cede gratuitamente a outra (B) o uso de uma res ou o exercício de um
direito, podendo A revogar o contrato;
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Diferenças:
• Possibilidade de o concedente pôr termo ao contrato (no comodato poderia
haver prazo)
• B tem poderes mais vastos/amplos que os de um comodatário (este só pode
usar para fins a que se destina a res)

CONTRATO DE TRANSACÇÃO (transacção judicial)


Contrato pelo qual se põe termo a um litígio ou evita um litígio.
Concessões recíprocas das partes

Nota:
O Código Italiano tem a permuta e o estimatório. É o único dos nossos dias por
influência do Código Comercial que está incluído ou aglutinado no Civil.

QUASE-CONTRATOS (fonte de obrigações)


Acto unilateral do qual surgem obrigações (até para mais que uma pessoa)

• Promessa unilateral (exemplo: anúncio de recompensa para cão que se perdeu)


• Gestão de Negócios
• Enriquecimento sem causa

GESTÃO DE NEGÓCIOS (art.º 464ºCC)

É uma forma de dirimir conflitos entre dois princípios


• Princípio Público – a não ingerência em coisas alheias
• Princípio da Solidariedade – a relação solidária entre os homens para evitar
danos irreversíveis

Noção:
Surge quando uma pessoa, sem estar encarregue (não é mandato) nem ter o dever de
agir (dever de ofício) realiza no interesse de outrem, por sua iniciativa, a gestão de
negócios alheios.
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A gestão de negócios implica que o gestor vá gerir o negócio de acordo com a natureza
da coisa e no interesse do dono do negócio. No fim da gestão, o gestor deve transmitir
para o dono do negócio todos os efeitos jurídicos da gestão (prestar contas).

Problema:
Como gerir? Tem que ser gestão útil. Como se determina a gestão útil? Pensando o
que faria o dono do negócio ou pelo critério do homem normal?

E se a gestão não for útil? Se for em excesso?

Requisitos da gestão de negócios


1ª Agir com vista ao interesse patrimonial alheio (evitar danos)
2ª O gestor deve agir com intenção de beneficiar outrem
3ª Gestão útil
19/11/2012
Minha apresentação – Locação

CASO PRÁTICO
222 D.C.

A é proprietário doo prédio urbano X.


No dia 1 Jan. de 224 D.C. A acordou com B que pelo prazo de 10 anos, B poderia
habitar o prédio X mediante a remuneração mensal de 500 Sestércios.

A um de Janeiro de 225 D, através do uso da força, ocupou o referido prédio urbano


impedindo B de entrar no prédio.

No ano 226 A vendeu o prédio a C e a E pelo preço de 10.000 Sestércios. C e E


pretendem que B abandone o referido prédio.

No ano 250 F ocupa ilicitamente o prédio.

a. Caracterize face ao Direito Romano e Português o contrato celebrado entre A e


B
b. Que instrumento jurídico pode B usar em relação a D?
c. A pretensão de C e E exigirem que B abandone o prédio tem fundamento?
d. C pretende interpor acção de restituição da coisa em relação a F. Todavia E
nada faz. Quid Iuris?
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Respostas (tópicos)
a. Locação; noção de locação de coisa; elementos
b. Relação da compra e venda com a locação. Em Roma B sai. Cá não sai. Em
Roma a compra e venda afasta a locação. Cá não afasta (Art.º 1057 CC)

Não se respondeu às outras duas questões por não termos matéria dada.
23/11/2012
Quase-Contratos + Quase-Delitos (Continuação)

Requisitos da Gestão de Negócios


1. Agir no interesse patrimonial alheio
2. Agir com intenção de benefício de um interesse patrimonial alheio
3. Gestão útil (mais problemático)
O que se entende por gestão útil?
a. Aquela que tem em conta a vontade de um homem normal? (Critério no
Direito Romano);
b. Aquela que tem em conta a vontade real/presumível do dono do
negócio? (Critério no Direito Português)

Quando a gestão não é úti:


O gestor vai além da gestão útil (o gestor salvaguardou o veículo da tempestade mas
também lhe fez uma revisão e trocou os pneus).
Consequência:
• Ou o dono do negócio ratifica
• ou aplica-se subsidiariamente o instituto do enriquecimento sem causa

Na gestão de negócio – o gestor age com a melhor das intenções mas causa mais
prejuízos que benefícios – É responsável se tiver agido com dolo ou negligência. Se
sim, o dono do negócio pede indemnização ao gestor de negócios.

ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA OU INJUSTO

Uma pessoa enriquece à custa de outrem mas tal não basta. Também o
enriquecimento de um é a medida do empobrecimento do outro.

Só se aplica quando não há outro mecanismo aplicável.


43
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Pagamento indevido (exemplo de caso em que se aplica o instituto do enriquecimento


sem causa)

Requisitos do pagamento indevido (cumulativamente):

1º Alguém efectua uma prestação com a intenção de extinguir uma obrigação,


efectuando um pagamento
2º O pagamento é indevido porque a obrigação não existe, não existiu ou já
deixou de existir, ou existe mas é ineficaz.
3º É necessário que o pagador se tenha enganado (caso contrário seria doação)
4º (Req. Dto. Romano) É necessário que quem recebe esteja de boa-fé. Se sabe
que nada lhe é devido deve recusar.

Regime especial – Obrigações Naturais – são excepções no que à repetição diz respeito

Alguém efectua prestação para a realização de uma actividade que já não é possível ou
simplesmente não se realiza
Ex.: Dote de casamento que depois não se realiza

Questões mais delicadas:


Quando o enriquecido enriquece muito mais do que o empobrecido empobreceu.
Aplica-se?

Em Roma Não!

Ex.: peça de teatro. Compus uma peça que não quero levar à cena. Alguém leva a peça
a cena e enriquece. Eu não tive qualquer prejuízo.

Recentemente aplica-se o enriquecimento sem causa, bastando o enriquecimento à


custa de outrem sem que este outrem tenha empobrecido
Direito Comparado (Enriquecimento sem Causa)

Itália – mesmo que o nosso


França – quase-contrato (gestão de negócios)
Espanha – quase-contrato (gestão de negócios)
Alemanha – quase-contrato (estão de negócios)

Não faço ideia do que isto signifique!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


44
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DELITOS E QUASE-DELITOS

Pode ser público (crime) ou privado (gera responsabilidade civil)

Delitos privados (cada vez mais próximo do regime do Direito Romano)

Alguém causa dano a outrem – Regime 483º CC

Responsabilidade Civil por factos ilícitos (tem origem em Roma e resulta de delitos de
natureza privada)

26/11/2012

DIREITOS REAIS

1. Gozo
a. Direito de Propriedade
b. Direitos Reais sobre Coisa Alheia
i. Usufruto
ii. Direito de Uso e Habitação
iii. Direito de Superfície
iv. Servidões Prediais
2. Garantia
a. Hipoteca
b. Penhor
3. Aquisição

Direito Real (Noção)


• Efeitos erga-omnes
• Gera obrigação passiva universal
• Ninguém pode interferir sem autorização
• Obrigação passiva universal (Teoria Personalista)
• Nos Direitos Reais, o seu titular tem poder directo e imediato sobre a coisa
(Teoria Realista)

As duas teorias têm que ser conjugadas porque cada uma, só por si, não explica tudo
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Interno (Teoria Realista)


Conteúdo do Direito Real
Externo (Teoria Personalista)

Direitos Reais (características)


• Taxativos – só os que a lei prevê
• Tipicidade – nos termos em que a lei prevê

Os Direitos Reais têm por Objecto coisas com as seguintes características:


• Coisa exterior ao sujeito
• Coisa com valor económico ou susceptível de redução a dinheiro
• Objecto em si mesmo (com unidade, autonomia, distintividade, utilidade e
acessibilidade)

Direito de Propriedade (Real) – Direito Fundamental em Roma e ainda hoje.


Está-lhe associado:
• um conceito individualístico (Em Roma e nos nossos dias)
• uma função social (Expropriação pública; planeamento urbanístico; Restrição à
utilização de água (resulta da ocupação do norte de África e da escassez de
água))
Direito de Propriedade (Noção)
Noção muito assente no seu conteúdo

Ius Utendi (usar)


Ius fruir Tudo nos termos da lei!
Ius dispor (vender ou destruir)

Usar – tirar todas as utilidades da coisa sem a destruir


Fruir – retirar todos os rendimentos e/ou utilidades (rendas por exemplo)
Dispor – alienar ou destruir a coisa
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Características do Direito de Propriedade:


1ª Confinidade – tem de estar delimitado/estar confinado (demarcação do prédio)
2ª Absorvência – tudo o que está dentro do prédio pertence ao proprietário
3ª Imunidade – imune aos impostos – Direito de propriedade era um direito
fundamental. O imposto incidia sobre as coisas e não sobre o património.
(Nota: não chegou até nós. Esta característica desapareceu ainda em Roma)
4ª Perpetuidade – não é temporário – característica tendencial
Outras (três) características:
• Plenitude – Titular pode retirar toda a utilidade, nos termos da Lei
• Absolutidade – Efeitos Erga-omnes
• Exclusividade – Exclusivista em relação à coisa, ou seja, não depende de
nenhum outro Direito.

Conteúdo e Limitações ao Direito de Propriedade


Restrições ao Direito de Propriedade
• Baseadas em interesses públicos, privados e religiosos (estes não vamos
estudar)
26/11/2012
FDCE (OT)
Caso prático
A é proprietário de navio mercante. B é banqueiro. A e B decidem colocar em comum
o referido navio e uma determinada pecúnia com a finalidade de se dedicarem ao
comércio marítimo de transporte de cerâmica proveniente do Oriente.
A é o comandante do navio. Durante uma das viagens o navio sofreu um acidente e A
teve de contrair empréstimo junto de C (Banqueiro) de modo a poder reparar o navio
e concluir o transporte da cerâmica a ser comercializada em Roma. C exigiu como
garantia (de A) determinadas peças de cerâmica. No fim do prazo acordado, A não
pagou a dívida.
Questões:
1ª Caracterize o Contrato celebrado entre A e B
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2ª Caracterize o Contrato celebrado entre A e C
3ª Não tendo A pago a dívida, responda:
a. Pode C exigir o pagamento de juros?
b. Pode C, junto do pretor, demandar A e B ou apenas A?
Respostas:
1ª Contrato de sociedade + características (explicar). Diferenças: personalidade
jurídica
2ª Penhor + Mútuo (pela ordem inversa) – dar características de cada um

a. Mútuo oneroso porque é bancário (ver apontamentos); distinguir os
juros do capital (resultantes do mútuo oneroso) dos juros de mora (caso
não seja executada a garantia (penhor))
b. Só pode demandar A que, por sua vez, pode chamar B uma vez que agiu
na qualidade de Comandante (gerente) do barco e em prol da
actividade comercial da sociedade.
30/11/2012
Restrições ao Direito de Propriedade
3 Tipos
• Restrições de Interesse Público
• Restrições de Interesse Privado
• Restrições de Interesse Religioso

Restrições de Interesse Público


• Expropriação (pública) – principal causa: vias de comunicação
o Obedece a dois princípios:
 Indemnização do proprietário;
 Só ocorre se houver interesse público;
• Prédios Rústicos Ribeirinhos (que confinam com o rio)
o Quem circular no rio poderá ter necessidade de atracar na margem e o
proprietário é obrigado a consentir;
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• Trânsito Público
o Os proprietários de prédios confinantes da estrada tinham obrigação de
conservar a estrada e de não a danificar. Se não fosse possível usar a
estrada poder-se-ia ter de fazer a circulação pelo prédio e o proprietário
suportar essa circunstância;
• Restrições Urbanísticas
o Obrigação de manter certas características dos prédios; distância entre
os prédios; Regras para janelas (Restrição que durou até ao Séc. XVIII);
Propriedade Horizontal em Roma – Roma era avessa à propriedade
comum. Num prédio de dois pisos o dono do segundo andar era o dono
do telhado, que o teria que arranjar, aplicando-se o mesmo ao dono do
rés-do-chão, se houvesse problemas nos alicerces. Defendia-se uma
concepção individualística da propriedade horizontal de forma a evitar
conflitos.
Restrições de Interesses Privados
• Titular de prédio junto ao rio pode usar a água do rio mas não pode desviar o
curso de água prejudicando os proprietários a jusante.
• Não se pode deixar crescer árvores ou construir muros, dessa forma retirando a
visibilidade aos prédios vizinhos, sendo esta a única finalidade do muro ou das
árvores. Nós só temos o abuso de direito (ou seja, não há violação de norma
mas o uso de um direito de forma abusiva – Art.º 334º CC), estando a exasperar
o exercício de um direito; Roma também proibia que as raízes das árvores, ou
as próprias árvores, crescessem para o terreno do vizinho, podendo este cortar
(as raízes ou os galhos das árvores);
• Colheita de frutos – num terreno com inclinação, os frutos caem e rolam para o
terreno vizinho – o Proprietário dos frutos tem direito a ir buscar os frutos;
• Não podem fazer desvios artificiais das águas pluviais de modo a conduzi-las
para o terreno vizinho (a restrição está na obrigação de suportar as águas
pluviais que naturalmente entram para o terreno)
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• Emissão de fumos, odores (ou até trepidações) para prédio vizinho – Roma
também se preocupou com isto. Tem que haver equilíbrio distinguindo-se para
isso emissões lícitas de ilícitas. A teoria dominante é a do uso normal ou
anormal, conjugada com a teoria do abuso de direito (art.º 334º CC)
• Teoria das influências directas e indirectas – são proibidas as influências
directas em que os efeitos da actividade só se projectam no prédio vizinho
(tese frágil).

Conclusão:
Com estas restrições afastamo-nos da concepção individualística visto que estas
restrições evidenciam preocupações sociais.

COMPROPRIEDADE OU CONDOMÍNIO (Noção)


• Quando uma coisa ou conjunto de coisas pertencem a duas ou mais pessoas;
• Pode ser voluntária ou involuntária

A e B são proprietários de um prédio (50% cada)


Será que cada um tem Direito de Propriedade pleno? (sim)
Diz-se que cada um tem 50% não sabendo quais os respectivos 50%
Assim, cada um tem direito de propriedade pleno mas sobre a coisa e não sobre a
quota. Cada um tem uma quota ideal. Até pode vender a quota não especificando a
parte da coisa (Norte, Sul, Este ou Oeste). A quota só se reflecte no que pode ser
dividido (frutos do terreno ou venda da quota, ou seja, do preço).
03/12/2012
Condomínio (continuação)

Cada um só pode dispor da sua quota. Não pode hipotecar o prédio, apenas a sua
quota (nosso 1408º CC).
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A compropriedade é tendencialmente provisória


Qualquer um dos proprietários pode a qualquer momento pedir a divisão da coisa. Se
for coisa indivisível, quem pede a divisão deve / tem de estar preparado para vender
ou comprar a outra quota (ver nosso 1412º CC)

Todos têm direito aos frutos na proporção da quota.


Portugal (CC 1302º)

POSSE (página 147 do livro; art.º 1251º CC)

A posse não é um direito. Quer ser direito mas não o é. Quer ser mas só se adquire
pelo usucapião.

A posse é um poder de facto sobre a coisa. A partir do momento que é Direito já é


direito de propriedade e não posse.
No entanto, recorre-se à posse para provar a propriedade.
É pela posse que provamos que as coisas são nossas. Pela posse presume-se a
propriedade.
A posse é um instrumento de paz social.

Os dois elementos da posse (tese de Sabiny)


1. Poder de facto sobre a coisa
2. Comporta-se como proprietário – elemento espiritual
O mero detentor não se comporta como proprietário (1253º CC), ou seja, não tem isto

Presunção da titularidade (1268º CC)

Outra vantagem da posse – possibilidade de defesa da posse. (CC 1276º + 1278º +


1279º)
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Usucapião – posse quer ser Direito – CC 1287º

Direitos Reais sobre Coisa Alheia – Iura in Re aliena

Os Direitos Reais sobre Coisa Alheia pressupõem sempre um Direito de Propriedade

A – Proprietário
B – Titular de Direito Real sobre coisa alheia – vai sempre onerar o Direito de
Propriedade, limitando-o.

O Direito de Propriedade terá mais ou menos restrições. No usufruto é fortemente


restringido porque até tem efeitos erga-omnes – Quero isto dizer que por ser vendido
o Direito de Propriedade, este continua onerado com o usufruto, ou seja, os Direitos
Reais continuam “agarrados” à coisa por via do efeito erga-omnes.
03/12/2012
Apresentação de trabalhos
Ana Fernandes – Gestão de Negócios
Gualter – Contratos e quase-contratos de responsabilidade civil.

2º teste
1 pergunta teórica + caso prático
Matéria toda até ao fim dos quase-contratos (enriquecimento sem causa)
Direitos Reais não sai.

Nota de avaliação do trabalho - 13


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Caso prático

A, cidadão Romano, proprietário de prédio rústico, vendeu a B, estrangeiro pelo preço


de 10.000 sestércios a 21 de Janeiro de 127.
B pagou o preço nesse mesmo dia.
No ano anterior A tinha locado o referido prédio a C pelo prazo de cinco anos e
mediante pagamento de renda mensal de 200 sestércios.
A 12 de Janeiro de 127, A permitiu que D, empreiteiro, colocasse gratuitamente numa
parte do prédio rústico, materiais de construção pelo prazo de 3 meses.

Caracterizando os contratos referidos terá B alguma dificuldade em entrar na posse do


prédio rústico? Justifique.

Compra e venda; locação; depósito

Pode entrar na posse porque a locação e o depósito só produzem efeitos entre as


partes. C e D podem queixar-se de A. B toma posse.

Propriedade

Direitos Reais de Gozo


Usufruto
Iura In Re aliena Servidões Prediais
Direito Real sobre coisa alheia Uso e Habitação
Direito de Superfície

O Direito Real sobre coisa alheia está agarrado à coisa mesmo que seja vendida.
Quem compra sabe que a coisa está onerada.
Têm natureza real e não pessoal.
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A servidão de passagem é idêntica à nossa e é o mais antigo direito sobre coisa alheia.

Prédio Dominante (tem a vantagem) – é


o prédio encravado
SERVIDÃO DE PASSAGEM
Prédio Serviente (tem o ónus) – é o
prédio que suporta o encargo a favor de /
em benefício do titular do prédio
encravado.
CC art.º 1543
Rústicas
Servidões prediais (2 tipos)
Urbanas
Servidões Rústicas – implicam prédios rústicos
Servidão legal de passagem – prédio encravado que necessita de ligação à via pública
(depende do tipo de trânsito: a pé, carro de bois, etc. para se decidir a extensão da
servidão) – art.º 1550

Servidão legal de águas (CC art.º 1557º, 1561º, 1563º) – em Roma já existia esta
passagem

Servidões Urbanas (em Roma também existiam)


Servidão de estilicídio (gotejar de água de um telhado de uma casa) – Surge quando o
dono de um prédio constrói mesmo junto a outro e as gotas da água caem no prédio
vizinho.

A B

Água
Vistas
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Se A construiu em primeiro lugar é B que vai ter que guardar a distância ou encanar a
água. O ónus recai sobre B. Isto acontece porque B não se opôs ou aceitou a
construção de A.
Considera-se constituída a servidão.

Servidão de vistas (art.º 1362º CC) – surge da necessidade de guardar determinada


distância do prédio do vizinho. Se A construir no limite e B não se opuser A adquire a
servidão de Vistas e B terá que guardar a distância (CC art.º 1362º / 2)

Em Roma podia ser maior a distância se houvesse mulher “BOA” ao barulho.

USUFRUTO
Surgiu provavelmente no Séc. II A.C. em Roma

Surgiu no caso de viúvas que herdavam o património mas não tinham dinheiro.
Tinham a hipótese de vender o prédio ficando com o usufruto vitalício do prédio,
podendo retirar todo o gozo do prédio não alterando o seu destino económico nem
destruindo a coisa.
Deve gerir segundo o critério de bom pai de família.
Usufruto (art.º 1439º CC)
Tem carácter pessoal e temporário.

É o Direito Real que mais restringe o Direito de Propriedade. O proprietário só pode


vender o prédio, mais nada!
O usufruto retira o uso e o fruto ao proprietário que só pode dispor.
O usufrutuário pode inclusive locar o prédio. A locação caducará com o fim do
usufruto.
Extinção do usufruto (1476º CC)
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10/12/2012
Direitos Reais sobre Coisa Alheia
Direito de Uso e Habitação (1484º CC) – faculdade que o proprietário tem de conceder
o uso mas sem o usufruto, ou seja, sem direito aos frutos da coisa (ex.: Direito de usar
biblioteca, escravos, habitação).

No Direito Romano entendeu-se que assim, tinha pouca utilidade pelo que se
concebeu o Direito de Uso em que o usuário teria direito a alguns frutos, mas apenas
os necessários para as suas necessidades pessoais e da sua família.

Características:
• Intransmissível
• Indivisível
Menos restrições do usufruto para o usuário.

Alargamento do conceito ao Direito de Habitação.

Diferenças para o usufruto – o usufruto tem maior amplitude – usar e desfrutar sem
limitações.
Direito de Uso e Habitação não é susceptível de aquisição por usucapião.
Usuário não pode onerar, nem trespassar, nem locar a coisa.

DIREITO DE SUPERFÍCIE
Em Roma não é um Direito Real. Era obrigacional. Só com Justiniano foi consagrada a
sua natureza real.
Historicamente – inicialmente o solo pertencia ao povo (em Roma). Problema: para
abrir estabelecimento, o solo pertencia ao povo.
2º problema: tudo o que está no interior pertence ao proprietário.
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C D
Como resolver o problema para que B possa construir prédio urbano no terreno de A
(com o consentimento de A)?
A locava terreno do prédio a B (solução inicial)
Problema:
A queria vender o prédio a C – Caso A queira vender contempla em cláusula do
contrato que cessa a posição de A (da locação) a C.
O mesmo se aplica à venda de B a D. Resolve-se igualmente com cláusula e D sucede a
B no pagamento da renda a A.

Assim surgiram muitos problemas. Como a locação só tinha efeitos inter-partes


surgiram muitos problemas.
Justiniano resolveu isto com o Direito de Superfície (Direito Real).

Noção de Direito de Superfície (1524º CC) – Direito de alguém edificar ou plantar no


prédio de outra pessoa.
Pode ser:
• Temporário ou Perpétuo,
• Oneroso ou Gratuito
O Direito de Superfície é transmissível.

DIREITOS REAIS DE GARANTIA


Não são à nascença Direitos Reais.
Só o são em potência (penhor, fidúcia)
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Só passam a Direito Real se houver incumprimento da obrigação principal, ou seja,


quando o devedor não cumpre. Então o credor executa e surge a natureza real da
garantia.

Garantias pessoais: o garante (fiador, por exemplo) responde com todo o seu
património (fiança).
Na Garantia Real o garante só responde pelo que foi dado em garantia (coisas certas e
determinadas).
Vamos estudar o penhor e a hipoteca.
14/12/2012
DIREITOS REAIS DE GARANTIA (continuação)

Incidindo sobre uma coisa, se houver transmissão de propriedade, a garantia continua


agarrada à coisa.

Três garantias reais: penhor, fidúcia, hipoteca

Hipoteca – incide sobre uma coisa mas a coisa não pertence ao credor, como acontece
na fidúcia. O proprietário é o devedor.

Penhor – garantia que constitui:


• Entrega da coisa (traditio)
Diferença entre Roma e Portugal – Em Roma não se distinguiam coisas móveis de
imóveis.
Em Portugal o penhor aplica-se a coisas móveis ao passo que a hipoteca se aplica a
coisas imóveis ou móveis sujeitas a registo (automóveis).

Características do Penhor e da Hipoteca


Natureza acessória da obrigação (penhor + hipoteca)
O penhor / hipoteca é acessório de uma obrigação principal.
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A relevância disto é que se a obrigação principal for inválida, também a acessória


(penhor / hipoteca) será inválida.

Indivisibilidade (da garantia)


Ex.: dívida de três prestações; falhando a terceira prestação a garantia não irá diminuir.
Mantém-se a hipoteca até ao pagamento total da dívida.

Hipoteca – Art.º 686º CC (daqui para baixo só estamos a falar da hipoteca)

É proibido o pacto comissório (art.º 694º CC) – tem que executar primeiro (em
processo executivo).

Origem da hipoteca – na primeira fase de Roma (antiguidade) só eram conhecidas


como garantias reais o penhor e a fidúcia.

Locação
A B

Proprietário do Prédio Rústico X

Uma das hipóteses para garantia era o penhor, mas implicava a entrega da Res, ou
seja, das máquinas para trabalhar a terra – isto não interessava a B.

A fidúcia também não interessava, a A, porque B entregava a propriedade das alfaias


mas ficava com elas e readquiria-as por usucapião (pois geralmente estes
arrendamentos eram de longa duração).

Por isso aparece a hipoteca


Não há traditio (posse) nem Dacio (propriedade). Só há uma afectação do bem ao
cumprimento de uma dívida.
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A hipoteca tem também como característica ser acessória e indivisível.

Caso prático:

Data: 01/01/228
A Usufruto B
Proprietário de até à morte de B
Prédio Rústico X (vitalício)

01/01/229 – Locação (30 anos)


B C

Garantia
Hipoteca

01/01/230
Compra e venda
A E (que pretende expulsar C do prédio)

E não pode fazer nada porque B tem um Direito Real. C tem um contrato de locação
que tem por base uma locação que, por sua vez, tem por base um Direito Real
(usufruto).
A locação até nem interessa porque também não poderia expulsar B.

B morre – o que acontece à locação? Caduca pela caducidade do contrato de locaçºao


por cumprimento do prazo do usufruto.
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A hipoteca também se extingue por que se extingue a obrigação principal derivada da


locação.
17/12/2012
DIREITOS REAIS (Continuação)
Direito comparado (sem grandes diferenças)

CC Alemão
Direito de propriedade – poder de usar, fruir e dispor da coisa (como o nosso)
Condomínio = nossa compropriedade

CC Francês
Noções são as mesmas.

CC Italiano
Direito de propriedade – apenas as restrições da lei – como no nosso
Comunhão = nossa compropriedade

CC Espanhol
Direito de propriedade – usar e dispor – só com limitações da lei.

Professor vai confirmar a aula de dúvidas para a frequência (à partida será dia 16/01)
17/12/2012
Nota do 2º teste – 15 (prof. diz que não é benévolo a dar as notas na avaliação
contínua). jDiz que fala estudo e centrarmo-nos na pergunta.

Conselho para frequência: perder 5 minutos a ler a frequência antes de responder.


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Resolução do 2º teste
I – contrato estimatório /mandato
Estimatório – inominado
Mandato – consensual

II a.
Elementos do contrato de socidade: Consenso; coisa (Res) – Entradas dos Sócios
(Objecto); finalidade
Personalidade jurídica

b.
Só pode demandar o C
Sociedade não tem personalidade jurídica
Contratos de compra e venda só com C
C pode demandar A e B na acção de D – Mandato implícito por ser gerente, ou seja,
celebrar negócios jurídicos dentro da actividade da sociedade.
Contrato de E – não se insere no objecto da sociedade.

II b. – O prof. diz que haverá sempre uma questão como esta na frequência, ou seja,
uma questão para nos fazer pensar.

Frequência
1º grupo – definições
2º e 3º grupos – desenvolvimento com áreas temáticas
4º grupo – caso prático

Aula de preparação dia 16/01 às 18h. Só responde a dúvidas.


Frequência
4 grupos
1º resposta sucintas (toda a matéria)
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2º + 3º – respostas desenvolvimento (Obrigações + Reais)
4º - caso prático.

Nota do trabalho – 13

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