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PELOTAS
2005
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Resumo...........................................................................................4
Introdução........................................................................................5
1. Metodologia.................................................................................7
2. Releitura dos critérios de correção das redações de
vestibulandos utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005) a partir de
perspectivas teóricas subjacentes.................................................10
2.2. Coletânea........................................................................................................................12
2.3 Tipo de Texto..................................................................................................................12
2.5 Coerência.........................................................................................................................18
3. Sugestões didático-pedagógicas para o ensino de redação a
vestibulandos da UFPel, quanto aos itens tema, coletânea e tipo
de texto..........................................................................................24
4. Análises de produções argumentativas, com base na releitura
dos critérios de correção das redações de vestibulandos da UFPel
(UFPEL/CES, 2005), com ênfase ao que se refere aos itens tema,
coletânea e tipo de texto...............................................................34
Conclusão......................................................................................39
Africanistas temem proibição de sacrifícios de animais.......................................................43
Africanistas temem proibição de sacrifícios de animais.......................................................43
EPIDEMIOLOGIA...............................................................................................................47
DISCUSSÃO.........................................................................................................................47
O USO DE ANABOLIZANTES TORNA-SE UM RISCO DE VIDA PARA OS JOVENS
...............................................................................................................................................48
Efeitos colaterais dos pés à cabeça........................................................................................49
PROPOSTA: ....................................................................................................................50
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Resumo
O estudo aqui apresentado como trabalho de conclusão do curso de
Especialização em Leitura e Produção Textual da Universidade Federal de Pelotas
(UFPel) tem como objetivo sugerir uma releitura dos critérios de correção das
redações de vestibulandos utilizados pela instituição (UFPEL/CES, 2005), a partir
de perspectivas teóricas subjacentes, bem como apresentar algumas sugestões
pedagógicas para o ensino de elementos pertinentes à produção textual referente
ao vestibular da UFPel, feitas com base nessa releitura.
As perspectivas teóricas consideradas na releitura em questão relacionam-se,
na sua maioria, à área de estudo da argumentação, à qual tivemos uma
introdução durante o referido curso de especialização na disciplina denominada
Tópicos em Argumentação. Na tentativa de associar uma dimensão aplicada às
reflexões de caráter teórico apresentadas e, considerando que o vestibular de
UFPel determina a produção de uma carta argumentativa ou de uma dissertação
na prova de redação, este trabalho apresenta algumas sugestões pedagógicas
para o ensino desses tipos de texto, podendo vir a ser de interesse e contribuir
para a prática docente de professores de ensino médio.
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Introdução
Considerando minha experiência como professora de redação de cursos pré-
vestibulares, entendo ser grande a dificuldade da maioria dos vestibulandos
quanto à adequação ao tipo de texto que devem produzir na prova de redação do
vestibular da Universidade Federal de Pelotas, uma carta argumentativa ou uma
dissertação.
Soma-se a isso a escassez de recursos didáticos que auxiliem professores a
planejar aulas objetivando orientar seus alunos especificamente para a situação
de produção de redação para o vestibular, assim como para elucidar questões
relativas ao estudo de textos argumentativos no ensino médio. A respeito disso,
Azevedo (2004), com base em análise de manuais didáticos, afirma ser possível
constatar, conforme Charadeau (Charadeau, s.d. apud Toldo, 2002), que há um
considerável desconforto dos autores desses manuais em lidar com o processo
argumentativo. E acrescenta: “A questão que fica é: como ensinar a argumentar,
onde buscar subsídios a fim de nortear a prática docente?” (Azevedo, 2004,
p.300).
Certamente não temos a pretensão de responder a essa questão, que revela
um estado de apreensão quanto ao ensino de produção textual argumentativa.
Entretanto, tendo cursado a disciplina Tópicos em Argumentação, oferecida pelo
Curso de Especialização em Leitura e Produção Textual da UFPel, no segundo
semestre de 2003, notei que com base nas perspectivas teóricas estudadas seria
possível fazer uma releitura dos critérios de correção das redações de
vestibulandos utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005), e, a partir disso, fazer
algumas sugestões pedagógicas para o ensino de elementos pertinentes à
produção textual referente ao vestibular da instituição.
Assim, associando as dimensões de caráter teórico às de caráter aplicado, ou
seja, a referida releitura às sugestões pedagógicas pretende-se contribuir para o
ensino da produção de textos argumentativos dos tipos carta argumentativa e
dissertação.
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1. Metodologia
Considerando que:
• uma releitura dos critérios de correção das redações de
vestibulandos utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005), a partir
de perspectivas teóricas relacionadas à questão da argumentação,
pode ampliar a compreensão dos referidos critérios;
• o acesso aos critérios de correção das redações de vestibulandos
utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005) acompanhados de
esclarecimentos que venham a ampliar a sua compreensão pode
vir a beneficiar a produção de textos argumentativos dos tipos
carta e dissertação
propomos a seguinte questão: “é possível observar melhora em termos de
adequação na produção de textos argumentativos do tipo carta e dissertação,
através de uma releitura dos critérios de correção das redações de vestibulandos
utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005), sendo essa realizada a partir de
perspectivas teóricas relacionadas à questão da argumentação, e possibilitando o
acesso aos critérios de correção das redações de vestibulandos utilizados pela
UFPel (UFPEL/CES, 2005), acompanhados de esclarecimentos que venham a
ampliar a sua compreensão ?”.
Para responder a tal questão oferecemos um curso a quatro vestibulandos,
aqui tratados por “alunos”, com idades entre 19 e 23 anos, todos provenientes de
escolas estaduais de ensino médio e que não tinham estudado em cursos pré-
vestibulares.
A prática em questão teve um total de 32 horas-aula de 50 minutos,
distribuídas ao longo de dois meses em dois encontros semanais de 2 horas-aula
cada.
O curso foi desenvolvido com base na referida releitura dos critérios dos
critérios de correção das redações de vestibulandos utilizados pela UFPel
(UFPEL/CES, 2005), conforme explicitado na seção dois deste trabalho. As aulas
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tema, e também que deve saber selecionar aspectos do tema proposto que
contribuem para o desenvolvimento de seu projeto de texto, evitando informações
desnecessárias ou óbvias.
2.2. Coletânea
Observe-se abaixo a parte da referida tabela que diz respeito à nota atribuída
a cada nível de adequação com relação a este item, que avalia a capacidade do
vastibulando ler, interpretar e selecionar elementos colaborativos ao seu ponto de
vista :
0 não utilização de nenhum elemento da coletânea;
8,0 utilização muito boa da coletânea: as informações foram selecionadas de forma crítica,
contribuindo relevantemente para a discussão e/ou desenvolvimento do tema;
Observação: recebe desconto de 50% do total de pontos a redação que tangenciou o tema.
Fonte: Universidade Federal de Pelotas, Centro Especializado em Seleção, 2005.
A coletânea é composta por alguns textos, fornecidos pela banca de correção
das redações, e deve ser considerada na argumentação sobre o tema proposto,
para que o aluno não tenha que “partir da estaca zero” e também para que possa
ser avaliada a capacidade do aluno de ler, interpretar e selecionar informações
relevantes para defender o seu ponto de vista. Os textos que compõem a
coletânea geralmente são selecionados de revistas e jornais de circulação
nacional ou regional.
2.3 Tipo de Texto
Observe-se abaixo a parte da referida tabela que diz respeito à nota atribuída
a cada nível de adequação com relação a este item, que avalia o domínio do
candidato sobre os elementos formais e estruturais do texto dissertativo ou da
carta argumentativa:
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2,0 Afastamento do tipo de texto proposto: só aparece uma das partes de um texto
argumentativo; o texto não define claramente seu tipo; aparecimento de carta
argumentativa com apenas 2 elementos;
4,0 Uma da partes do texto não cumpre o seu papel: a introdução apresenta elementos que
não são desenvolvidos e/ou o desenvolvimento pouco tem a ver com a introdução e/ou a
conclusão não retoma as ideias apresentadas, não finalizando o texto como um todo;
aparecimento de 4 elementos da carta argumentativa;
6,0 Todas as partes do texto cumprem o seu papel, embora possam não estar
perfeitamente integradas: a divisão em parágrafos pode perturbar a identificação das
partes constituintes do texto; pode apresentar algum problema que não comprometa o
texto, ou ainda a tese não estar perfeitamente amarrada aos argumentos; aparecimento
de 4 elementos da carta argumentativa;
8,0 Todas as partes cumprem o seu papel:a divisão em parágrafos reflete uma boa
organização do texto; no mínimo aparecem 5 elementos da carta argumentativa;
10,0 Texto acima da média quanto ao tipo proposto: além de todas as partes cumprirem o
seu papel, estão amarradas de forma criativa e competente; aparecem todos os
elementos da carta.
Por essa razão, recorre-se aos primórdios dos estudos obre a argumentação,
mais precisamente a Aristóteles (Aristóteles, s.d. apud Toldo, 2002), que
estabelece, no segundo tratado apresentado na obra A arte retórica (s.d.), a
ordem das partes do discurso e a importância da ordenação das partes para
possibilitar o ato de demonstrar ou refutar determinadas opiniões.
Segundo Aristóteles (Aristóteles, s.d. apud Toldo, 2002), as partes que
compõem o discurso retórico são:
1. exórdio: é o começo do discurso. Pode ser uma indicação do assunto a
ser desenvolvido. O exórdio visa a assegurar a fidelidade dos ouvintes;
2. narração: é a exposição dos fatos, do assunto, tema. Na narração
coloca-se tudo o que ilustra o assunto, é a “justa medida” como diz Aristóteles
(Aristóteles, s.d. apud Toldo, 2002).
3. confirmação: é o conjunto de provas, seguidas por uma refutação que
destrói os argumentos do outro. São elementos sustentadores da argumentação;
4. peroração; é o epílogo. Ela é a última oportunidade para o argumentador
assegurar a fidelidade do receptor. A peroração constitui-se de quatro estratégias:
(a) deixar o receptor “mal” com o ponto de vista adversário, ou seja, reafirmar os
seus equívocos; (b) amplificar ou atenuar o que se expôs, colocando, por
exemplo, um último e forte argumento, que pode ser alguma provável
consequência que ocorrerá caso não seja tomada alguma atitude para solucionar
o problema (tema) em questão; (c) excitar as paixões no ouvinte; (d) proceder uma
recapitulação, um resumo do ponto de vista.
Essa divisão foi feita pelos pensadores que antecederam Aristóteles nos
estudos da retórica, na Grécia antiga, e ele acabou aceitando e explorando mais
detalhadamente em seus estudos.
Com vistas a uma proposta pedagógica para o ensino de redação a vestibulandos
da UFPel, uma reflexão acerca das partes que compõem o discurso retórico,
citadas acima, leva a supor que:
1. exórdio corresponde ao que chamamos, atualmente, de introdução;
2. narração pode ser encontrada na introdução ou no início do
desenvolvimento e corresponde à apresentação do tema a ser abordado no texto;
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2,0 muitos erros graves, que, no entanto, não comprometem seriamente a leitura do
texto, embora a prejudiquem;
4,0 Alguns erros que refletem desconhecimento de regras da língua escrita-padrão: uso
acentuado de estruturas da linguagem oral, por exemplo; pouca complexidade sintática;
8,0 Bom domínio da língua escrita formal: pode aparecer algum problema de ortografia e/ou
acentuação, de uso de maiúsculas ou minúsculas, impropriedade de registro, por exemplo.
10,0 Domínio da língua escrita formal acima da média: o candidato sabe valer-se dos
recursos linguísticos para expressar-se com propriedade e/ou originalidade; pode aparecer
algum erro de ortografia e/ou de acentuação, por exemplo.
2,0 Texto com problemas sérios de articulação do conteúdo e/ou com contradição(ões)
grave(s), interna(s) ou externa(s), na amarração dos argumentos à tese central;
4,0 Texto com articulação razoável do conteúdo e/ou com alguma contradição que não
comprometa seriamente a articulação das ideias no seu interior e/ou com
“circularidade” de ideias e/ou com falácias em relação a dados da realidade;
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6,0 Texto cuja articulação/progressão das ideias é adequada, embora pouco fuja ao
comum, podendo, contudo, apresentar alguma perturbação que não comprometa o
sentido; não apresenta contradição;
8,0 Texto cuja propriedade na articulação das ideias é superior à média: projeto de texto
bem sucedido, em que não há evidência de perturbação;
2,0 O texto apresenta muitos problemas quanto ao uso dos recursos descritos
acima, que comprometem dramaticamente a estruturação interna dos parágrafos e
do texto;
4,0 O texto não faz uso de recursos coesivos para qualificar-se ou apresenta alguns
problemas quanto à utilização dos procedimentos coesivos descritos, que
permitem identificar alguns momentos de perturbação na amarração das ideias;
6,0 utilização adequada dos elementos coesivos ; o texto não apresenta nenhum
problema sério de coesão; pode apresentar algum problema coesivo não muito
sério;
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8,0 utilização muito boa dos recursos coesivos; não há nenhum problema de coesão;
1. "A educação física, na escola, é uma das melhores formas de incentivo às crianças
para que pratiquem algum tipo de esporte, além de auxiliá-las a desenvolver noções de
trabalho em grupo, ‘vitória’ e ‘derrota’." (Tema proposto: "A viabilidade da proposta de lei que
visa limitar os horários de educação física, devido à radiação solar intensa.".)
2. "O que, atualmente, falamos sobre saúde? Que devemos tomar todos os cuidados.
Mas temos horas, em nossos dias ensolarados, que são bastante prejudiciais à nossa pele, e
não notamos o quanto a exposição nessas horas pode ser grave."
Observe-se que o período aborda apenas a busca pela beleza, sem relacioná-la
com utilização de anabolizantes.
A partir disso, outro fator que se considera relevante é ampliar as noções dos
vestibulandos quanto à utilização de paráfrases, pois há pouca criticidade em se
utilizar ideias presentes na coletânea como se fossem suas. Isso pode ser
realizado através de exercício de leitura e interpretação de textos em que haja
esses aspectos negativos. Assim, os vestibulandos poderão perceber que essas
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ideias não devem ser incluídas no texto, já que gerariam um texto pouco crítico e
original. Também se julga importante exercícios em que os vestibulandos possam
identificar ideias de senso comum em textos argumentativos. Informações de
senso comum, segundo o Dicionário Aurélio, são “opiniões tão aceitas em
determinada época que as opiniões contrárias parecem aberrações”.
Dessa forma, após tais reflexões, o vestibulando pode começar a realizar
produções utilizando o que fora trabalhado a fim de elaborar a sua tese e
selecionar uma lista de argumentos, sem presença de senso comum ou apego
demasiado aos argumentos fornecidos pela coletânea.
3.2 Coletânea
A utilização das informações da coletânea oferecida é de extrema
relevância na defesa de um ponto de vista. Tal utilização está mais relacionada
com aspectos de interpretação textual do que de produção textual.
Portanto, considerando os critérios de correção das redações de
vestibulandos da UFPel e, assim, sabendo-se que os maiores “riscos” que os
alunos correm quanto à utilização da coletânea são a paráfrase e a má
interpretação das ideias expostas, sugere-se exercícios de interpretação em que
os alunos façam sínteses de textos argumentativos, identificando o ponto de vista,
as ideias principais e transcrevendo-as com suas palavras.
Em seguida pode-se solicitar que redijam uma carta ao autor do texto lido,
explicitando seus pontos de vista quanto às ideias expressas no referido texto.
Tal sequência de exercícios pode ser realizada várias vezes e é bastante
prático realizá-la frequentemente, quando os alunos receberem coletânea.
3.3 Tipo de texto
Após identificar o tema a respeito do qual deverá argumentar, elaborar uma
tese e selecionar uma lista de argumentos adequados aos itens Tema e
Coletânea, o vestibulando precisa organizar esses elementos em um texto
adequado ao Tipo de Texto. Esse é o segundo item que consta na tabela de
critérios de correção das redações do processo seletivo da Universidade Federal
de Pelotas (UFPEL/CES, 2005) e, assim como quanto a todos os outros itens, o
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for solucionado o problema em questão, por direta. Quanto a isso é possível que se
exemplo, mas sempre fazendo com que o leitor solicite aos alunos que reescrevam
perceba qual é a tese, o ponto de vista. sugestões dadas, de conclusão para cartas
argumentativas, adequando-as a serem
possíveis conclusões de dissertação.
Despedida Pelo fato de não haver leitor determinado,
não há a necessidade de haver uma
despedida.
Assinatura O escritor de dissertação está escrevendo
como “a voz da verdade”, ou seja,
procurando não dar indícios de
subjetividade devido ao fato de não poder
estabelecer a relação “quem escreve a
quem”, logo, não há a necessidade de
assinar a dissertação.
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Cultos ou crueldade?
Os cultos africanos existem a mais de três mil anos e nestes é comum o sacrifício de
animais para a realização de trabalho mas, isso pode ser chamado de crueldade?
Atualmente, muitos parlamentares (religiosos) estão entrando com alguns projetos de
leis para aprovação de punições contra o sacrifício de animais pois alegam que os animais
sofrem muito. Muitos destes parlamentares são evangélicos, religião que nos últimos tempos
vem se mostrando intolerante em relação as outras religiões e não percebem que o sacrifício
de animais faz parte do culto e que estes cultos estão amparados por uma lei federal dando-
lhes a liberdade de culto.
Contudo, seria viável, não a proibição ao sacrifício e sim a utilização de mecanismos
para a diminuição do sofrimento destes animais, mas devido a falta de fiscalização, a utilização
destes mecanismos podem não ser utilizados.
Cabe então as autoridades e aos parlamentares a criação de leis que autorizem esta
pratica ou a utilização de mecanismos que diminuem a dor, sem que isso acabe na proibição
ao culto ou a intolerância religiosa.
Tipo de texto: ao analisar a dissertação acima, pode-se concluir que a introdução não
apresenta elementos que serão desenvolvidos, por exemplo, o impasse sobre se o sacrifício nos
referidos cultos pode ou não ser considerado crueldade não é retomado. Concomitantemente,
quanto ao desenvolvimento, este pode ser interpretado como pouco relacionado com a introdução.
Por sua vez, a conclusão não retoma as ideias apresentadas, não finalizando o texto
adequadamente. O fechamento do texto ficou confuso, principalmente, devido ao fato de não ficar
claro o referente de “esta prática” e isso leva à identificação de uma provável conclusão “em cima
do muro”. Como se pode sugerir que as autoridades competentes ou liberem os sacrifícios ou
exijam mecanismos que diminuam a dor dos animais? As alternativas não são compatíveis entre si.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
Venho por meio desta dizer que não concordo com a sanção do governador Germano
Rigotto, permitindo o sacrifício de animais em rituais religiosos africanos.
Tenho respeito a sua religião e a sua liberdade de expressão, mas acima de tudo
respeito o direito à vida dos animais.
Estes bichos que não podem se defender nos rituais a que são submetidos e que muito
sofrem fisicamente até a morte. Suponho que os animais são essenciais à prática dos rituais,
só que sujeitá-los a dor é crueldade.
Acredito que a solução seria não utilizá-los e tão pouco sacrificá-los, mas se não for
possível, deve-se usar outros procedimentos de executar os rituais. Formas que prevaleçam o
respeito à vida de todos os seres humanos.
Atenciosamente
Fulana de tal
UFPel, sugerimos para a dissertação acima a nota 4,0 quanto ao item tipo de texto.
Tema: Pode-se compreender, quanto ao texto acima, que este se refere de forma
superficial ao tema. A abordagem é sucinta e os argumentos são minimamente justificados.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
UFPel, sugerimos, para a carta acima, a nota 2,0 quanto ao item tema.
Coletânea: Observa-se que os dados expostos na coletânea foram minimamente
utilizados e que, além disso, o aluno não utiliza informações relevantes, do seu conhecimento de
mundo, que o auxiliem a defender o seu ponto de vista de forma convincente.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
UFPel, sugerimos para a dissertação acima a nota 3,0 quanto ao item coletânea, já que nele não
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há colagens ou paráfrase que justifiquem uma nota 2,0, porém não há um desenvolvimento
relevante sobre o tema, o que justificaria uma nota 4,0.
Tipo de Texto: Ao analisar a carta acima quanto às marcas tipológicas de carta
argumentativa, pode-se perceber que há a indicação de onde e quando a carta foi escrita, há
inferência, despedida, assinatura (ainda que não a exigida), e que o tema está explicitamente
apresentado ao destinatário na introdução e implicitamente pode-se perceber a justificativa da
carta (escrevo porque não concordo com a sanção do governador Germano Rigotto, permitindo o
sacrifício de animais em rituais religiosos africanos.).
Por outro lado, o aluno não incluiu uma auto-apresentação, não utilizando, assim, uma boa
forma de fazer com que o destinatário considere como mais relevantes os seus argumentos, além
disso o desenvolvimento não conta com uma defesa convincente do ponto de vista do aluno e a
sugestão dada na conclusão não é bem justificada e explicada.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
UFPel, a dissertação acima receberia nota 4,0 quanto ao item tipo de texto.
Ter armas de fogo em casa muitas vezes pode ser perigoso, já que em mãos inábeis
poderão acontecer crimes, e a nova lei do desarmamento promete resolver esta questão. Mas
será que resolverá?
A violência dos dias de hoje faz com que as pessoas tenham armas em casa, sempre
no intuito de proteger-se contra os ladrões, porém, a lei do desarmamento, tão defendida pela
mídia, promete reduzir os homicídios oferecendo uma indenização em dinheiro por arma. Outra
proposta vinculada a tal lei é o aumento da idade para poder comprar uma arma.
Contudo, há de se considerar como mais relevante que se as pessoas que possuem
armas legalizadas estão se desarmando, o tráfico de armas ilegais está aumentando. Armas
poderosas e de alto calibre vão parar nas mãos de bandidos e jovens despreparados.
Há também o problema da polícia, que devido aos baixos salários e a estrutura precária
implica em ações desastrosas. Sem citar que a indústria que fabrica essas armas lucra fortunas
fazendo propaganda, principalmente no cinema, nos filmes, e isso continuaria acontecendo.
Conclui-se, então, que somente com leis diferenciadas, não desarmando de forma tão
drástica a população, que ao invés disso deve ser alertada sobre os riscos de se possuir uma
arma, assim como orientada e treinada, os índices de violência diminuirão.
Tema: Pode se observar que , na dissertação acima, o aluno manteve seu ponto de vista,
enfatizando os dados contribuintes a ele e refutando os contrários, o que pode ser classificado
como “indício de autoria e/ou criticidade”.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
UFPel, sugerimos para a dissertação acima a nota 8,0 quanto ao item tema.
Coletânea: Pode-se verificar que, na dissertação acima, há a inclusão de elementos não
explicitados na coletânea, mas relevantes, devido às relações de sentido estabelecidas entre eles,
na construção da defesa do ponto de vista.
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Sou uma jovem brasileira, preocupada com a violência gerada por armas de fogo, sendo
elas legais ou ilegais. Escrevo-lhe pois concordo, em parte, que o desarmamento impedirá crimes
que envolvam crianças e famílias.
Primeiramente, saliento que o desarmamento não impedirá a criminalidade em geral, já
que a maioria dos crimes é realizada com armas ilegais e, por isso, suponho que o projeto de
desarmamento é um tanto errôneo, que prejudica o cidadão honesto, que paga seus impostos
acreditando que o governo o protegerá.
Admito que uma vez que um pai de família entregue à polícia a arma que possui em sua
casa, ele terá menos riscos de que um filho seu encontre esta arma e aconteça um acidente fatal,
mas por outro lado, como este mesmo pai se defenderá de um assaltante que invadir sua
residência possuindo uma arma ilegal?
Então, Senhor Miguel Malo, espero que o meu ponto de vista faça com que o Senhor
reconsidere sua opinião sobre o desarmamento do cidadão honesto, pois, ao invés de implantá-
lo, deveríamos desenvolver formas para acabar com o comércio ilegal, que é a verdadeira causa
de tanta violência.
Atenciosamente
Vestibulanda
Tema: Pode-se perceber que o ponto de vista do autor se mantém, ao longo do texto.
Além disso, há uma boa articulação das ideias, apresentando os pontos positivos, negativos,
relacionando-os e ressaltando os que contribuem para o ponto de vista, sem dispersões.
Dessa forma, observando-se os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da
UFPel, sugerimos para a dissertação acima a nota 8,0 quanto ao item tema.
Coletânea: Pode-se verificar que as informações contribuintes na defesa do ponto de
vista, ainda que não sendo muitas, foram bem selecionadas e, principalmente, bem articuladas.
Devido a isso o texto acima pode ser selecionado com relevante, a respeito do tema em questão.
Dessa forma, considerando a interferência da subjetividade, devido à qual a carta acima
pode não ser classificada como um texto que “sensibiliza o leitor”, e observando-se os critérios de
avaliação das redações de vestibulandos da UFPel, sugerimos a nota 8,0 quanto ao item
coletânea.
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Tipo de texto: Ao analisar a carta acima, pode-se observar que é organizada, todas as
partes cumprem o seu papel, estando bem articuladas e “amarradas”.
Dessa forma, considerando a interferência da subjetividade, devido à qual a carta acima
pode não ser classificada como um texto que “amarra as parte de forma criativa”, e observando-se
os critérios de avaliação das redações de vestibulandos da UFPel, sugerimos a nota 9,0 quanto ao
item coletânea.
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Conclusão
Após a análise dos textos realizada na seção quatro, à luz das teorias e
da releitura dos critérios de correção das redações de vestibulandos utilizados
pela UFPel (UFPEL/CES, 2005), pode-se concluir que é possível observar
melhora em termos de adequação na produção de textos argumentativos do tipo
carta e dissertação, através de uma releitura dos critérios de correção das
redações de vestibulandos utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005), sendo essa
realizada a partir de perspectivas teóricas relacionadas à questão da
argumentação, e possibilitando o acesso aos critérios de correção das redações
de vestibulandos utilizados pela UFPel (UFPEL/CES, 2005), acompanhados de
esclarecimentos que venham a ampliar a sua compreensão.
Diante dos fatos apresentados, acredita-se que são pertinentes as
considerações que se faz a seguir sobre os possíveis fatores que interferiram nos
resultados obtidos.
Julga-se importante citar que a avaliação dos resultados foi facilitada
devido ao fato de que os alunos não haviam estudado em curso pré-vestibular,
assim, eram alunos com o nível de conhecimento mínimo exigido para que alguém
preste vestibular: o ensino médio completo. Isso porque se considera que, ao
cursar algum pré-vestibular, o aluno poderia ter adquirido “fórmulas” e “macetes”
que, se utilizados, interfeririam no comportamento e na produção textual desses
alunos e, consequentemente, na análise da aplicação feita pelo aluno do que seria
ensinado através da proposta didático pedagógica em desenvolvimento.
Além disso, verifica-se que a produção textual, por ser dinâmica, sempre
representará uma surpresa e um aprendizado novo, o que ratifica a certeza de que
coisa alguma é definitiva e, portanto, nós, professores, devemos nos manter
sempre abertos e receptivos diante da realidade permanentemente desafiadora,
mantendo-nos informados, atualizados a respeito de metodologias de ensino e
avaliação que sejam favoráveis ao aprendizado dos alunos.
Bibliografia
MATEUS,M.H.Mira,A.M.BRITO,I.DUARTE&I.H.FARIA(1983).Gramática da
Língua Portuguesa,5ªed.rev.e aum.,Lisboa,Caminho,2003.
Anexos
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Anexo 01
Universidade Federal de Pelotas
Instituto de Letras e Artes
Departamento de Letras
Curso de Pós Graduação em Leitura e Produção Textual
Proposta de redação número 1
Anexo 02
Universidade Federal de Pelotas
Instituto de Letras e Artes
Departamento de Letras
Curso de Pós Graduação em Leitura e Produção Textual
Proposta de redação número 16
Polícia
Proposta
Para Miguel: Faça umaconsultor
Malo, análise crítica dos textos acima
da Organização e redija
Mundial uma dissertação
de Saúde (OMS)noaBrasil,
respeitoo
do tema abordado.
desarmamento Escreva, também,
é fundamental para uma carta paradaMiguel
a diminuição Malo,
violência abordando
porque ajudaoaponto de
impedir
vista
crimesexplicitado por ele.
que envolvem crianças e famílias.
“A proibição do uso de armas por civis não vai funcionar mais do que a antiga
legislação estava funcionando”, discorda Lott, autor do livro More Guns, Less Crime:
Understanding Crime and Gun Control Laws (Mais Armas, Menos Crimes:
Entendendo o Crime e as Leis. Já era ilegal ter armas em vários aspectos no Brasil.
Os crimes no Brasil são realizados com armas ilegais. Ao proibir o uso de armas, o
que eles vão fazer é tirar as armas da população”.
Lott diz que o Brasil só vai conseguir combater a violência com a ação eficaz da
policia. Para isso, afirma, é preciso melhorar salários e fortalecer treinamento e
equipamento para as forças policiais.
O também americano Jeffrey Miron, professor da Universidade de Boston, reforça o
argumento de que menos armas no mercado não são uma garantia de diminuição da
violência.
“Proibir armas não significa necessariamente diminuir o número de armas, mas você
aumenta o mercado negro. É uma questão empírica”, afirma Miron.
Para o acadêmico, outras medidas – como a descriminação das drogas e a reforma
do sistema judiciário – poderiam gerar resultados mais efetivos para a redução da
violência.
(Matéria publicada na Folha online /ABBC Brasile visitada em 09/08/2004, às 15h11)
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Anexo 03
Universidade Federal de Pelotas
Instituto de Letras e Artes
Departamento de Letras
Curso de Pós Graduação em Leitura e Produção Textual
Proposta de redação número 11
O USO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES NA ADOLESCÊNCIA
Texto de Elaine S. Souza *; Mauro Fisberg **.
*nutricionista, especializanda em Adolescência para equipes Multidisciplinares, Centro de
Atendimento e Apoio ao Adolescente, disciplina de Especialidades Pediátricas, departamento de
Pediatria, Universidade Federal de São Paulo.
** pediatra, prof. adjunto doutor, chefe do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente,
disciplina de Especialidades Pediátricas, departamento de Pediatria, Universidade Federal de São
Paulo.
Os esteróides anabólico-androgênicos (EAA) são um grupo de compostos
naturais e sintéticos formados pela testosterona e seus derivados.
Ao longo de mais de duas décadas, temos presenciado a uma contínua
escalada das drogas no meio esportivo, e ao que parece estamos ainda distantes
do topo.
O uso de anabolizantes, em particular, tem crescido muito nos últimos
anos, a ponto de encontrarmos, mesmo no Brasil, atletas que defendem quase
publicamente seu uso, técnicos que os incentivam, médicos que os acompanham,
e dirigentes que se encarregam de seu fornecimento.
O uso de substâncias para melhorar o desempenho do atleta é descrito
desde a antiguidade. Filistrato e Galeano referem, em sua época, que os
competidores olímpicos ingeriam testículos de touro, rico em testosterona, para
melhorar suas marcas.
No Brasil, os esteróides anabólico-androgênicos são considerados “doping”,
segundo os critérios da Portaria 531, de 10 de julho de 1985 do MEC, seguindo a
legislação internacional.
Em nosso meio, no serviço de Informação de Substâncias Psicoativas
(SISP), o número de solicitações de informações sobre os EAA, vêm crescendo
gradativamente, pois o uso indevido tem sido encontrado entre frequentadores de
academia de musculação, atletas de halterofilismo, pessoas de baixa estatura, na
tentativa de melhorar a aparência, ou com o fim de melhorar a performance sexual
ou para diversão.
Além disso, a preocupação não é tanta com os atletas, mas com aquele
jovem adolescente, que no seu imediatismo, quer ganhar massa e músculos
rapidamente, um corpo atlético em curto prazo, entregando-se aos anabolizantes,
muitas vezes receitados por instrutores e professores de educação física, sem
nenhum conhecimento na área, que indicam e vendem essas drogas, que podem
ser compradas em farmácias, sem exigência de receita médica, apesar da tarja
vermelha “Venda sob prescrição médica”.
Em nosso país, a facilidade de obtenção dos anabolizantes favoreceu sua
disseminação junto aos atletas e não atletas. A grande “atração” para o consumo
destas drogas ocorre porque seus efeitos são visíveis (para os que se preocupam
com aparência física) e relativamente duradouros, até nove meses após o término
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PROPOSTA:
Os textos da coletânea enfocam um assunto muito debatido, atualmente, em
nosso país. Assim, escreva uma carta para Joana Prado, abordando a polêmica
envolvendo o seu nome e o uso das substâncias referidas acima. Escreva, também,
uma dissertação com o tema “A busca pelo corpo supostamente ideal e o uso de
esteróides anabólico-androgênicos (EAA), mais conhecidos por “Anabolizantes”.
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Anexo 04
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Tabela de siglas utilizadas nas correções
Anexo 05
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Folha de Redação
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Tema:___________________________________________________________________________
Coletânea:_______________________________________________________________________
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Coerência________________________________________________________________________
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