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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

Oficina II
Docente: Luciano Melo de Paula
Acadêmica: Mylene Cristine Perin

Resenha referente ao romance: Incidente em Antares.


VERISSIMO, Erico. Incidente em Antares. 1. ed. São Paulo: Companhia das letras,
2006.

O realismo fantástico presente em Incidente em Antares

Mylene Cristine Perin

Incidente em Antares é uma obra de Erico Verissimo, grande escritor brasileiro Comentado [l.1]: Sempre que citar uma obra use o itálico,
parte de obra é citada entre aspas. Incidente em Antares.
reconhecido como um dos maiores romancistas do país. Erico recebeu o “Prêmio
Machado de Assis” de literatura. Escritor natural de Cruz Alta no Rio Grande do Sul. Entre
suas obras mais conhecidas está Clarissa, obra marcante no início da carreira do escritor. Comentado [l.2]: A obra mais importante é O tempo e o
vento.
Verissimo fez parte da segunda fase do modernismo, escrevendo principalmente
romances voltados aos cenários de diversas regiões do Brasil, assim como Incidente em Comentado [l.3]: Muito mais a região Sul, e desta o RS.

Antares, uma de suas últimas obras.


Incidente em Antares foi publicada inicialmente em 1971 pela editora Globo, que
teve próximas edições em 2002 e 2005. A edição aqui resenhada é a 1ª da editora
Companhia das letras de 2006, que já contou com 19 reimpressões.
A obra é dividida em duas partes, a primeira é sobre a cidade de Antares, em que
conta sobre seu surgimento e os principais personagens. Antares, apesar de ser uma
cidade fictícia conta com uma história aparentemente real, que é capaz de convencer o Comentado [l.4]: Esta técnica é o realismo literário.

leitor de sua existência. A maneira com que Verissimo descreve cada aspecto da cidade
e dos personagens, é capaz de convencer o leitor de que realmente tenha acontecido
cada fato relatado. A forma em que é escrita e os acontecimentos, faz com que Incidente
em Antares seja classificada como realismo fantástico. Comentado [l.5]: As maravilhas e o incidente é que são
fundamentais para isso.
Antares é uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, nomeada dessa forma por
Francisco Vacariano, que a chamou dessa forma em homenagem a uma estrela, porém,
fez relação do nome também com os moradores de Antares, como se muitos fossem
“antas”. Chico Vacariano, como era chamado, foi um dos protagonistas iniciais da história,
assim como um dos líderes políticos da cidade, já que a obra é voltada praticamente a
aspectos políticos.
Mais tarde chega na cidade outra importante figura política, Anacleto Campolargo,
que desde sua chegada, se é imposta uma rivalidade entre a família Vacariano e a família Comentado [l.6]: Ficou confuso.

Campolargo. Marcando então essa primeira parte de Incidente em Antares temos o


surgimento da cidade, e os aspectos políticos envolvendo ambas famílias poderosas e Comentado [l.7]: “ambas as famílias” precisa de um artigo
aí.
rivais. Por mais que a rivalidade entre as famílias parecesse ser por terem diferentes
visões políticas, no final das contas o interesse era na liderança política da cidade, mas
as visões eram basicamente as mesmas.
A rivalidade entre as famílias coloca em destaque o quanto o autoritarismo estava
presente em Antares, o quanto se descreveu a cidade de acordo com exemplos reais do
Brasil da época, a questão política e da filosofia se encaixam também nos
acontecimentos de Antares. Verissimo escreveu um realismo fantástico, levando em Comentado [l.8]: O fantástico só aparece com o evento do
incidente.
consideração aspectos que estavam em alta no país na época e, apresentando figuras
reais da política brasileira, como Getúlio Vargas, que foi o responsável pelo “aperto de
mãos” entre os Vacarianos e os Campolargo, como uma bandeira de paz. Esse é um dos
pontos altos da narrativa, a forma com que o autor consegue criar essa linha do fantástico
andando junto a realidade, com fatos comuns no cotidiano e personagens tanto fictícios
quanto reais.
A segunda parte da obra é sobre o Incidente em si, neste momento já foi Comentado [l.9]: Neste caso, em minúscula. Não é o título.

apresentada a cidade de Atares, sua formação e suas peças mais importantes para os
acontecimentos. Cidade de interior, vizinha de São Borja, com duas famílias na liderança
política e composta em grande parte por pessoas carentes, operários e trabalhadores de
empresas da cidade. É importante ressaltar a questão geográfica de Antares, em que
além de indicar que é uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, também tem a
indicação da cidade vizinha São Borja e do surgimento da cidade, relatando a parte
histórica.
É neste ponto que inicia o incidente, os operários e trabalhadores das mais
diversas áreas da cidade resolvem fazer uma greve geral na cidade, incluindo os coveiros
do cemitério de Antares. Neste período de tempo morreram sete pessoas, de diferentes Comentado [l.10]: Período... todo período é de tempo.

classes sociais e variados estilos de vidas, todos moradores de Antares. Os sete caixões
não foram enterrados por falta dos coveiros, então se iniciou o incidente: os mortos
levantaram de seus caixões e iniciaram uma caminhada pela cidade. Este é o ponto em
que o fantástico apresenta-se na narrativa, deixando de lado apenas aspectos
relacionados em grande maioria a realidade, a fatos que poderiam ter acontecido. Algo Comentado [l.11]: Confuso.

importante para ressaltar é que todo esse acontecimento “da volta dos mortos” ocorreu
em uma sexta feira treze, relacionada culturalmente a dias ruins, de má sorte. Comentado [l.12]: “sexta-feira treze”

Dentre os sete mortos que levantaram-se de seus caixões, a primeira a “reviver” Comentado [l.13]: se levantaram.

foi Dona Quitéria, que fazia parte da alta burguesia da cidade, a matriarca da família
Campolargo. O próximo foi o advogado Doutor Cícero Branco. Mas nem só pessoas de
grandes cargo da cidade reviveram, teve também o sapateiro Barcelona, chamado por Comentado [l.14]: “grandes cargos.”

Dona Quitéria de “comunista”. Em seguida temos o professor de piano Menandro Olinda,


e então Erotildes, conhecida como prostituta da cidade, que morreu por falta de
atendimento médico. João paz foi o sexto a levantar de seu caixão, morreu após ser Comentado [l.15]: Paz... é o sobrenome.

torturado pela polícia por ser comunista. E por fim, o bêbado conhecido como Pudim de Comentado [l.16]: Liderança sindical.

cachaça. Comentado [l.17]: Cachaça... é parte do nome.

Dentre as sete pessoas que reviveram, é importante observar as diferentes


classes que se levantaram de seus caixões, assim como teve Dona Quitéria, teve
também Erotildes, a prostituta. Os diferentes níveis sociais dentre esses personagens
mais uma vez fazem relação ao Brasil, a diversidade social presente no país.
Sem temerem a represália, os sete caminham em direção a praça para uma
assembleia geral, com objetivo de expor o que sabem sobre aqueles que ainda estão Comentado [l.18]: “assembleia

vivos, principalmente aspectos voltados as figuras políticas da cidade, como corrupção, Comentado [l.19]: “às”

e crimes cometidos. Fica novamente evidente as questões políticas atreladas a escrita Comentado [l.20]: Ficam.

de Verissimo, com um toque de realismo fantástico, faz com que o leitor se prenda a Comentado [l.21]: “às”

leitura sem perceber que se trata de mortos levantando de seus caixões, isso é gerado
pelos assuntos da realidade do povo brasileiro, como corrupção e crimes envolvendo
políticos. Importante ressaltar que Incidente em Antares foi escrito enquanto o país Comentado [l.22]: Em itálico.

estava vivendo a ditadura militar.


Após as falas dos mortos sobre informações que sabiam e que descobriram após
“voltar a vida”, os grevistas retornam as atividades e os mortos retornam aos seus caixões,
no cemitério de Antares. Porém, todo o acontecido levou vários repórteres até a cidade
para escrever sobre o que ocorreu, mas os fatos foram negados já que não tinham provas.

A segunda parte da obra, nomeada de “O incidente”, pode ser lida como uma
grande ironia, em que situações que realmente possam acontecer, com figuras brasileiras
reais, acabam fazendo parte de um grande acontecimento que envolve fantasia, com
mortos que levantam de seus caixões e caminham em direção a uma praça, para fazer
um discurso e expor verdades sobre os moradores da cidade. Antares, por mais que em
sua descrição pareça existir de fato foi inventada por Verissimo, que com sua escrita
detalhada e seu vasto conhecimento da região do Rio Grande do Sul, faz com que o leitor
acredite na vericidade da cidade. Comentado [l.23]: veracidade . fica ruim usar esta palavra
junto com “cidade”. Acontece cacofonia. / Veracidade da
Incidente em Antares é uma ótima leitura, que faz com que o leitor queira saber cidade.
“acredite na verdadeira existência da cidade”. Fica melhor.
sempre o próximo acontecimento. Uma obra com violência, ironia, vingança e, pitadas de Comentado [l.24]: Itálico.
fantasia, assim como abrange diversas áreas do conhecimento, se destacando
principalmente pela política presente desde o incio ao fim da obra. Comentado [l.25]: Início.

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