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“Entendemos aqui por garantias todos os meios criados pela Ordem Jurídica com a
finalidade imediata de prevenir ou remediar as violações do direito objetivo vigente
(garantias da legalidade) ou as ofensas dos direitos subjetivos ou interesses legítimos dos
particulares (garantias dos administrados)” (p. 476)
“As chamadas garantias políticas são as que resultam de funcionamento dos órgãos
supremos do Estado ou do exercício dos direitos individuais consagrados na Constituição
sem utilizar os meios administrativos ou judiciais.” (p. 477)
“Se adotarmos o critério de qualificar as garantias não políticas segundo os órgãos através
das quais se processam, poderemos distingui-las em garantias administrativas e garantias
judiciais” (p.481)
“As garantias judiciais são as resultantes da faculdade de defender nos tribunais a legalidade
e os direitos ameaçados os ofendidos. Intencionalmente não fizemos referência ao Poder
Judiciário. Judicial, na adjetivação que fizemos desta garantia, refere-se à atividade dos
juízes.” (p. 481)
“Nos países a que temos reduzido o nosso estudo (excluindo aqueles em que vigora um
regime comunista), pode-se reduzir a dois sistemas os adotados quanto ao modo de regular
as relações entre a Administração e a Justiça, ou quanto à dependência em que a atividade
administrativa se encontre da intervenção do Poder Judiciário: o sistema judicialista e o
sistema administrativo.” (p. 483)
“Comecemos pelo sistema judicialista. Neste sistema os tribunais com poder de proferirem
sentenças com força de coisa julgada estão todos integrados no Poder Judiciário,
submetidos a Jurisdição de um Supremo Tribunal que é o órgão máximo desse Poder.” (p.
483)
“Se o cidadão se defronta com uma decisão ou uma conduta de qualquer autoridade que
repute lesiva dos seus direitos pode recorrer imediatamente ao juiz competente. E este,
verificando em termos sumários a razão do recorrente dará remédio expedindo uma ordem
(antigamente denominada writ, nome que só foi conservado para o habeas corpus) à
autoridade visada, mandando que retire o seu ato, cesse o seu procedimento ou reponha as
coisas no estado anterior” (p. 485/486)
“o outro sistema que indicamos é o sistema administrativo, também chamado por alguns
autores (como Bauriou) regime administrativo. Neste sistema as duas ordens de autoridades
- administrativa e judicial - são independentes uma da outra: nem a Administração pode
influir no Poder Judiciário, nem este tem a possibilidade de intervir na função
administrativa.” (p. 486)
“Am tribunais judiciais compete conhecer das contravenções e das causas em que se alegue
a 'lesão de um direito subjetivo, civil ou político. (...) Os órgãos da Justiça Administrativa são
o Conselho de Estado e as Juntas Provinciais Administrativas. A estes órgãos pertence a
proteção dos interesses legítimos – situações individuais coincidentes com o interesse
público que, por esse motivo, se beneficiam da proteção legal dispensada a este interesse na
medida em que com ele sejam compatíveis.” (p. 490/491)
“Há, pois, necessidade da exaustão dos meios administrativos nos prazos legais para ver
aberto o caminho dos tribunais” (498)
“Mas na legislação de todos os países, ao mesmo tempo que se operou a descentralização
administrativa pela criação de autarquias institucionais ou de outras entidades autônomas,
estabeleceram-se processos de controle da gestão dos respectivos serviços por certas
autoridades - Rei, Presidente da República, Ministros, Governadores, Secretários de Estado
... E embora em principio não exista relação hierárquica entre os dirigentes das entidades
descentralizadas (administrativa e financeiramente autônomas) e tais autoridades, a lei,
entre os poderes tutelares sobre a gestão dessas entidades, pode incluir o poder de conhecer
em recurso administrativo das decisões que tomem em determinadas matérias” (p.
499/500)
“Nunca, porém, os Tribunais de Contas são incluídos no Poder Judiciário” (p. 506)
“Assim, surgiu a consciência de que uma grande parte da atividade da Administração era
processual e obediência a normas e procedimento que deveriam ser reputadas em princípio,
meios de garantia da legalidade e dos direitos individuais. Havia um processo
administrativo gracioso.” (p. 509)
“O processo gracioso surgiu como o conjunto das formalidades que a lei, muitas vezes sem
pensar em ordená-las concatenadamente, prescreveu para obrigar os órgãos
administrativos a ponderar bem os interesses que a sua decisão ponha em jogo e a
legalidade do que vão fazer. E ao mesmo tempo para permitir aos particulares que
demonstrem os seus direitos ou façam valer as suas razões” (p. 511)
“Sempre que seja formulada uma acusação a alguém, deve ser garantido ao acusado amplo
direito de defesa, compreendendo neste direito a indicação precisa e circunstanciada dos
fatos imputados ao arguido, a permissão do exame das provas reunidas contra ele no
processo, possibilidade de sua impugnação e apresentação de novas provas.” (p. 523)
“Vimos que em muitos casos a lei exige para a validade e até como condição de perfeição de
um ato administrativo que este seja praticado precedendo processo cujas formalidades
essenciais são imperativamente por ela prescritas. Essa exigência é acentuada sempre que
do ato administrativo possa resultar privação de direitos subjetivos de outrem, em especial
dos direitos de liberdade ou de propriedade.” (p. 525)
“A solução lógica é dada pela regra de que as conseqüências de um ato nulo ou anulado são
nulas também. Se a causa da prática do ato consequente era a validade do ato antecedente,
eliminado este, aquele tem de ser necessariamente arrastado pela mesma sanção. O ato
antecedente criou o pressuposto da validade do ato conseqüente: se esse pressuposto
desaparece, como subsistirá o objeto do ato conseqüente?” (p. 536)
“Sempre que alguém se dirige aos tribunais procura defender, garantir, realizar um direito
e, portanto, fazer valer a Ordem Jurídica. Neste sentido pode dizer-se que todas as ações
judiciais visam a. garantia da legalidade e dos direitos individuais.” (p. 551)
“Daí que nos recursos contenciosos fundados em ilegalidade do ato administrativo (e não
na ofensa dos direitos individuais) se permita que requeiram a anulação os titulares de
interesse direto e pessoal e legítimo no provimento do pedido. É preciso que o recorrente
possa retirar da decisão favorável uma vantagem ou utilidade imediata não reprovada pelo
Direito, para a sua própria esfera jurídica” (p. 561)