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PEDIATRIA

Primeira Aula
ANAMNESE PEDIÁTRICA E SUAS PECULIARIDADES
-Descrever a composição da anamnese completa bem como quais seriam os dados relevantes e
importantes ( Identificação, Queixa Principal, HDA, Revisão dos Sistemas, Hist fisiológica, Hist
gestacional/neonatal, Desenvolvimento Neuropsicomotor, Hist patológico pregressa, Hist familiar, Hist
alimentar, Hist vacinal, Hist sócio econômica.

INTRODUÇAO

A anamnese em pediatria é de suma importância, pois apresenta caracteristicas particulares para a faixa
etária, o que difere da realizada em um indivíduo adulto. Geralmente a sintomatologia é subjetiva e ate
contraditória nos lactantes e pré-escolares, dificultando o raciocínio médico.
De modo geral a anamnese é realizada com um responsável, é importante que se observe o
comportamento do responsável, pois o seu estado psíquico no momento pode influenciar de maneira
decisiva na veracidade dos dados coletados da história.
O termo anamnese refere-se à informação acerca do princípio e da evolução de uma doença até a
primeira observação do médico.

No âmbito da pediatria, os aspectos peculiares, no que se refere à grande importância que deve ser
dada às queixas levadas pelo acompanhante, devem ser acrescentados ao interrogatório geral.

IDENTIFICAÇAO

Devem constar os dados oficialmente registrados na certidão de nascimento. Na ausência dela, os dados
são adquiridos do responsável que acompanha a criança
Nome completo -
Idade – Em anos, meses e dias. Na Anamnese pediátrica esse dado é importante em razão da incidência
de determinadas enfermidades em faixas etárias de maior risco, como as viroses da primeira infância,
glomerulonefrites nos escolares.
Sexo – Algumas enfermidades predominam em determinado sexo
Etinia – Algumas enfermidades são mais frequentes em algumas etnias.
Nacionalidade – Por diversas razoes, este item deve ser registrado. Entre elas, a maior incidência de
enfermidades em pacientes oriundos de determinados países – constituindo um parâmetro importante
no estudo de importação e exportação de doenças.
Estado civil ( adolescentes )- bastante cautela
Residência atual e o anterior – endereço atual completo deve ser registrado, se necessário, também
o tempo de moradia deve ser anotado.
O endereço anterior deve ser pesquisado. É importante saber a razão da troca de endereço
Ocupação – Item importante que deve ser levantado em todos os aspectos possíveis, anotando-se o
grau de periculosidade da ocupação com relação à idade, às condições ambientais, higiênicas,
psicológicas e econômicas, e seu papel na estrutura familiar. Algumas mortes prematuras tem sido
observadas em escolares que perambulam nas ruas das grandes cidades ou vendendo alguma coisa ou
utilizando algum tipo de drogas ilícitas.

QUEIXA PRINCIPAL (QP)


Assinalar todas as queixas principais utilizando as palavras do informante. Quando o entrevistado utilizar
linguagem regional (ou gírias), os termos pouco conhecidos devem ser relacionados com outros
comumente utilizados, que devem ser colocado entre parênteses

HISTORIA DA DOENÇA ATUAL

Entre os itens da anamnese, a HDA é o de maior importância e complexidade. Representa a ampliação


dos dados enumerados na queixa principal.

 Como e o que pesquisar?


Inicia-se sempre perguntando o motivo da consulta. Pergunta-se para o responsável há quanto
tempo o paciente está doente.
 Como começou a doença?
Procurar observar, em todos os detalhes, as circunstancias em que começaram os sintomas:
Onde estava? O que fazia? Que horas eram? Como estava o ambiente, o tempo?
 Como evoluiu a doença?
Procura verificar a ordem cronológica dos acontecimentos até o momento atual. Durante a
organização temporal, do mesmo modo que quando da pesquisa do início da doença, tentar,
sempre, relacionar o possível envolvimento circunstancial.
Deve perguntar a respeito do uso de medicamentos e, principalmente, do uso de antibióticos,
corticosteroides e tranquilizantes, com as respectivas doses e o tempo de uso. Conferir de
houve reações adversas.
Verificar se foram realizados exames complementares e ver seus resultados.

A HDA pode envolver tantos aspectos que, em alguns casos, a opinião de outros colegas
permite tornar mais abrangentes e claras as várias facetas do problema.

HISTORIA PATOLOGICA PREGRASSA (HPP)

Todos os antecedentes mórbidos pessoais devem ser apurados e colocados em ordem cronológica.
Indagar a respeito de doença exantemáticas, comuns na infância ( doença infecciosa sistêmica em que
manifestações cutâneas acompanham o quadro clinico, gerando dificuldade diagnostica). – Exemplos –
Exantema súbito, rubéola, varicela, sarampo.
Deve-se indagar sobre as demais doenças também - parotidite, coqueluche, asma, bronquites, rinites,
pneumonias, resfriados frequentes, eczemas, amigdalites repetidas, hepatite, cardiopatias, febre
reumática, nefrite, infecções urinarias, diarreia persistente, parasitoses, entre outras.

deve-se verificar a ocorrência de reações alérgicas ( quais substancias?).

Deve-se verificar se já foi submetido a algum tipo de cirurgia( especificar qual e quando e se houve
alguma complicação).

HISTORIA PATOLÓGICA FAMILIAR (HPF)

Os dados de todas as pessoas envolvidas no núcleo em que vive a criança também deverão ser
anotados.

 Pai: Idade, naturalidade, etnia, condições de saúde.


 Mae: Pode-se pesquisar na parte da anamnese (HMGP).
 Irmãos: verificar quantos são, se são legítimos e/ou adotivos, se todos estão
vivos e sadios, se algum nasceu de parto prematuro ou pós-maturo,
- se houver algum irmão doente, analisar todos os aspectos possíveis, como
problemas de crescimento e desenvolvimento, diarreias, alergias e
óbitos( especificando o número e a causa).
 Parentes próximos: (avós, tios, primos): indagar a respeito de mostestias
hereditárias e crônicas (sífilis, tuberculose, diabetes, alergias) e saúde atual,
pesquisar consanguinidade entre os avós.
 Vizinhos próximos: Verificar se há contato com vizinhos próximos portadores
de doenças transmissíveis e se eles já estão sendo tratados;

HISTORIA DA MAE, DA GRAVIDEZ E DO PARTO (HMGP)

 Mae: Idade, naturalidade, etnia, saúde atual e consanguinidade. Verificar a ocorrência


de abortos (quando, como e por que?) e consanguinidade, pratica de uso
anticoncepcionais, de utilização de medicamentos ou tabagismo( e uso de outras
drogas), de queixas ginecológicas ( corrimento entre outras) e sobre a história das
gestações, assinalando o número e as condições.
 Gravidez: Perguntar se foi feito o pré-natal – durante quanto tempo? quando iniciou,
quantas consultas, se fez exames rotineiros),
 verificando se durante a gravidez houve intercorrência como infecções( exemplo
– rubéola pode causar surdez, catarata congênita, retardo mental no RN, sífilis pode
ocasionar surdez, hidrocefalia, retardo mental, alterações dentarias e ósseas, AIDS
pode ocasionar retardo do crescimento intrauterino e malformação craniofaciais )
 Verificar se precisou fazer alguma radiografia, se precisou utilizar algum
medicamento ( exemplo da aspirina, com ocorrência de fenda palatina, de talidomida,
com malformações congênitas-focomelia, de mercúrio(elemento químico)
 Tabagismo e Álcool e drogas ilícitas ( ex: síndrome do álcool fetal )
 Indagar sobre as condições de trabalho, alimentação, higiene, e a respeito da
frequência de exercícios e repousos.
 Apurar dados referentes ao tempo de gravidez, ao parto e ao puerpério
 Parto: Investigar o local que foi realizado o parto – hospital, residência, ou outro local.
E quanto à assistência prestada (médico ou leigo?). Apurar se houve alguma
complicação. Averiguar se foi utilizado algum medicamento nesse período.
 No que se refere ao puerpério, observar a ocorrência de complicações e a utilização
de medicamentos.

HISTORIA NEONATAL ( HNN)

Verificar se o nascimento foi, ou não, a termo. Apurar o peso, estatura e perímetros cefálico, torácico e
abdominal ao nascer. Se possível conferir a escala de apgar.
É importante saber se o recém-nascido chorou naturalmente ou se houve necessidade de manobras de
reanimação.
Indagar se existem anomalias congênitas – se houve cianose, icterícia, taquipneia, convulsões, paralisias,
hemorragias, erupções cutâneas e dificuldade de sucção e de deglutição. Considerar, também, a
presença de mecônio envolvendo o recém-nascido.
Importante lembrar que o prematuro, a criança que nasceu de uma gestação de menos de 37 semana,
está mais sujeito a apresentar alguns desses achados, principalmente asfixia, icterícia, infecções e
anemia. Também o pós-maturo, aquele cuja a gestação ultrapassou 42 semanas, está sujeito a
apresentar anoxia perinatal, levando a possível atraso neuropsíquico.
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ESCORE DE APGAR
O escore de Apgar é uma forma de avaliação clínica do recém-nascido (RN), É utilizado para demonstrar
as condições do nascimento, e consiste na avaliação da respiração, frequência cardíaca, cor, resposta a
estímulos e tônus ao nascimento. Esse escore não definirá a necessidade ou não de manobras de
reanimação neonatal, mas também será importante para avaliação da resposta e da eficácia dessas
manobras, caso tenham sido utilizadas. 
Como é calculado o Apgar?
É calculado no 1º e 5º minutos de vida. Cada parâmetro clínico recebe uma pontuação de 0, 1 ou 2 e,
com isso, a pontuação mínima é 0 e a pontuação máxima é 10.

Como interpretar o Escore de


Apgar?

Um escore baixo indica a presença


de asfixia neonatal, e um escore alto
(que é o normal), indica a ausência
dessa asfixia. Mas é possível que o
resultado da escala apresente falso-
positivos e falso-negativos.

A pontuação do primeiro minuto está


relacionada ao pH do cordão
umbilical, sendo um índice de
depressão intraparto. Se a pontuação
do 1º minuto for baixa, e
permanecer baixa após o 5º minuto,
isso poderá acarretar complicações
deletérias a longo prazo. 

Há um consenso de que um escore


de Apgar de 7 a 10 significa uma
criança sadia e, quando menor que 7,
é um sinal de alerta para atenção
especial.   

Se o escore for menor ou igual a 6, deverá continuar a ser calculado com intervalos de 5 minutos, até o
20º minuto de vida (logo, aos 10º, 15º, e 20º minutos após o nascimento). Um Apgar baixo no 20º
minuto é compatível com mau prognóstico, como mortalidade ou alguma disfunção neurológica.
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HISTORIA DO DESENVOLVIMENTO (HD)

Devemos indagar com que idade a criança sustentou a cabeça, sentou, engatinhou, andou e falou e se
apresenta alguma anormalidade de orientação motora. Verificar quanto se deu o início da dentição e a
evolução subsequente. Pesquisar se ocorreram desordens comportamentais, como hiperatividade,
agressividade , negativismo e isolamento, assim como a má escolaridade e o controle esfincteriano.
HISTORIA IMUNOLOGICA (HI)

Importante saber se foi realizado a imunização preventiva. Para isso, deve-se recorrer, sempre, ao
cartão de vacinação obrigatória. Caso não seja possível, perguntar quando e quantas doses foram feitas
e se, além do calendário obrigatório, alguma outra vacina foi aplicada, qual, em que data, se todos os
reforços foram efetuados, se ocorreu imunização com soro, e se utilizou gamaglobulina.
A ocorrência de reações locais e gerais caudadas pela vacinas também deve ser averiguada.

HISTORIA ALIMENTAR (HA)

Apurar se a mãe está amamentando ou se já amamentou com leite materno. Se o leite materno
oferecido foi a própria mãe, se de outra parturiente ou de banco de leite, esclarecer sobre os riscos
inerentes, porém ressaltando as vantagens doo seu uso. Se a criança passou a utilizar leite artificial,
indagar as razões.
É importante coletar informações referentes à qualidade e à quantidade do alimento oferecido.
No lactante – o horário e a duração das mamadas e os sintomas de intolerância ( vômitos, cólicas etc)
devem ser registrados ( verificar se foi realizado algum tratamento nesse caso).
investigar a respeito da inclusão de outros alimentos, anotando em que época foi iniciada, a quantidade,
a frequência de utilização, relacionando tais dados com a sintomatologia do paciente.
Deve-se anotar toda alimentação atual.

HISTORIA SOCIO ECONOMICA (HSE)

Indagar o tipo de atividade do pai e da mãe, se houver irmãos, o local de trabalhos, a renda familiar.
Procurar saber o tipo de moradia a localização.

AO TERMINO DA ANAMNESE

O paciente deverá ser submetido ao exame físico geral e especifico, correlacionando os sintomas
referidos aos sinais encontrados, enquadrando-os, dentro do possível, a um quadro sindrômico, que
poderá fazer parte de determinada enfermidade, a qual será confirmada, quando necessário, por
exames complementares, a fim de se instituir o tratamento mais adequado.

 Sintomas: refere-se à queixa do paciente ( são subjetivos ao examinador).


 Sinal: é tudo que pode ser verificado através do exame físico( são objetivos ao examinador)
 Síndrome: refere-se ao conjunto de sinais e sintomas ligados, relacionados com uma
enfermidade.

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