Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
J o ã o Antonio de Paula
Professor do C E D E P L A R / F A C E / U F M G
RESUMO ABSTRACT
Este texto busca discutir três questões básicas: This article discusses three basic problems:
1. a natureza e o conceito de mercado no 1. the nature and use of c o n c e p t of the
âmbito das ciências sociais; 2. a centralidade market in the social sciences; 2. the centrality
do conceito de mercado interno na gênese of the concept of internai market, as for-
e na dinâmica do capitalismo, tal c o m o foi mulated by M a r x and a certain Marxist
formulado por Marx e certa tradição m a r - tradition for explaining the genesis and the
xista; 3. os traços essenciais do processo de dynamics of capitalism; 3. the essential fea-
constituição do mercado interno capitalista tures of the process of constitution of the
no Brasil. capitalist internal market in Brazil.
P a l a v r a s - c h a v e : mercado interno, capita- K e y w o r d s : internal market, capitalism,
lismo, Brasil. Brazil.
O Conceito de Mercado
P a r a E l l e n W o o d , a p o i a d a e m R o b e r t B r e n n e r , e afinal a p a r t i r d e
M a r x , o q u e c a r a c t e r i z a o c a p i t a l i s m o é a i m p o s i ç ã o do m e r c a d o , n ã o
c o m o o p o r t u n i d a d e o u escolha, mas c o m o c o m p u l s ã o — n o sentido
de que
" a v i d a m a t e r i a l e a r e p r o d u ç ã o n o c a p i t a l i s m o são u n i v e r s a l m e n t e
medidas pelo mercado, de forma que, de um m o d o ou de outro,
t o d o s o s i n d i v í d u o s t ê m q u e e n t r a r nas r e l a ç õ e s d o m e r c a d o p a r a t e r
acesso aos m e i o s d e s u b s i s t ê n c i a ; e s e g u n d o , o s d i t a m e s d o m e r c a d o
capitalista — seus i m p e r a t i v o s d e c o m p e t i ç ã o , a c u m u l a ç ã o , m a x i -
mização de lucros e crescente p r o d u t i v i d a d e do trabalho — r e g e m
n ã o a p e n a s t o d a s as t r a n s a ç õ e s e c o n ô m i c a s , m a s as r e l a ç õ e s sociais
e m geral." ( W o o d , 2 0 0 1 : 1 6 ) .
P a r a M a r x , c o m o p a r a P o l á n y i , a g ê n e s e d o m e r c a d o capitalista n ã o
é s i m p l e s g e n e r a l i z a ç ã o — e x t e n s ã o das t r o c a s , d o c o m é r c i o , d a m o -
n e t i z a ç ã o . A i m p o s i ç ã o d o m e r c a d o capitalista é u m a r e v o l u ç ã o social.
De acordo c o m Marx:
T r a t a - s e , p o i s , d e v e r n a c o n s t i t u i ç ã o d o m e r c a d o capitalista p r o c e s s o
q u a l i t a t i v a m e n t e d i s t i n t o d a e x i s t ê n c i a d e relações m e r c a n t i s , d e p r o d u ç ã o
e apropriação de lucros m e d i a n t e o m o n o p ó l i o do c o m é r c i o exercido
p e l o s d e t e n t o r e s das f o r m a s p r e t é r i t a s d o c a p i t a l , a n t e r i o r e s a o d o m í n i o
do c a p i t a l i n d u s t r i a l , c o m o o são o c a p i t a l u s u r á r i o e o capital m e r c a n t i l .
(Marx, 1968:1, 867).
P a r a c o n c l u i r , n e m o c o m é r c i o , n e m o d i n h e i r o , n e m o m e r c a d o são
i d ê n t i c o s a o s i s t e m a d e m e r c a d o , isto é , a o m e r c a d o a u t o - r e g u l a d o . O u ,
c o m o diz Walter Neale,
" o s m e r c a d o s a u t o - r e g u l a d o s são a e x c e ç ã o e n ã o a r e g r a e i n c l u s i v e
s ó a p a r e c e m n o s s é c u l o s X I X e X X " (...) " o s m e r c a d o s c r i a d o r e s d e
p r e ç o s (são) u m p r o d u t o h i s t ó r i c o e x c e p c i o n a l " (...) " d u r a n t e b o a
p a r t e d e sua t r a j e t ó r i a h i s t ó r i c a o h o m e m v i v e u c o m m e r c a d o s d e
p r e ç o s fixos, e talvez, c o m sistemas e c o n ô m i c o s q u e p o d e m ser m e l h o r
c o m p r e e n d i d o s em t e r m o s de instituições de reciprocidade e redis-
t r i b u i ç ã o cujas características essenciais se d e f i n e m à m a r g e m da t e o r i a
e c o n ô m i c a o r t o d o x a e c o m a ajuda de o u t r a s disciplinas mais familia-
rizadas c o m a s instituições alheias a o m e r c a d o . " ( N e a l e , 1 9 7 6 : 4 1 7 - 4 2 0 ) .
N o q u e i n t e r e s s a c e n t r a l m e n t e este t e x t o , t r a t a - s e d e b u s c a r e n t e n d e r
a r e l a t i v a m e n t e l o n g a t r a j e t ó r i a d o s m e r c a d o s n o Brasil (desde o i n í c i o
da c o l o n i z a ç ã o e a v i g ê n c i a do e s c a m b o até a m u l t i p l i c a ç ã o e c o m p l e -
xificação d o s m e r c a d o s , a p a r t i r d o final d o s é c u l o X V I I I ) c o m o p r o c e s s o
h i s t ó r i c o — isto é , c o m o p r o c e s s o d e v i v ê n c i a das d i f e r e n ç a s , d o q u e é
sempre singular e irrepetível, m e s m o q u a n d o expressando c o n t e ú d o s
u n i v e r s a i s . É este o m a t e r i a l de q u e é feita a h i s t ó r i a , o t e c i d o q u e se
t e c e a s i m e s m o p e l a i n t e r c o r r ê n c i a d a c o r l o c a l , pelas v a r i a d a s m a n e i r a s
c o m o as s o c i e d a d e s se a p r o p r i a m e a c l i m a t a m as r e a l i d a d e s gerais. A s s i m ,
a i m p l a n t a ç ã o d o m e r c a d o n o Brasil n ã o s e g u i u q u a l q u e r p a u t a p r é v i a ,
n ã o r e p r o d u z i u q u a l q u e r p a d r ã o a n t e r i o r , m a s foi u m p r o c e s s o ú n i c o .
D e n t r e a s suas s i n g u l a r i d a d e s c o n v é m referir t r ê s , q u e são m a r c a n t e s
e d e i x a r a m c o n s e q ü ê n c i a s : 1) a l o n g a p e r m a n ê n c i a no Brasil da frag-
m e n t a ç ã o do m e r c a d o i n t e r n o — apesar do e m b r i ã o de articulação do
O Caso do Brasil
N o caso d o Brasil v a i - s e p r o c u r a r d i s c u t i r a c o n s t i t u i ç ã o d o m e r c a d o
i n t e r n o p e l a análise das i m p o s i ç õ e s d o m e r c a d o d e t e r r a s e d e t r a b a l h o .
A o l a d o d o e s t a b e l e c i m e n t o das c o n d i ç õ e s específicas d a c o n s t i t u i ç ã o
d o s m e r c a d o s d e t e r r a e t r a b a l h o n o B r a s i l , q u e i r i a m a r c a r o essencial
d o m e r c a d o i n t e r n o q u e a q u i s e fez — i s t o é , d o d e s e n v o l v i m e n t o c a -
pitalista n o País — , t a m b é m t e v e p a p e l i m p o r t a n t e n e s t e p r o c e s s o f o r -
m a t i v o a l o n g a p r e s e n ç a d e u m a efetiva d e s a r t i c u l a ç ã o e n t r e a s diversas
r e g i õ e s brasileiras. D e s d e o p e r í o d o c o l o n i a l , c o n s t i t u í r a m - s e e c o n o m i a s
regionais na A m é r i c a Portuguesa c o m p e q u e n a s , q u a n d o existentes,
i n t e r a ç õ e s e n t r e si. T a l f a t o s e d e v e u t a n t o à p r e c a r i e d a d e d o s sistemas
de c o m u n i c a ç ã o e transportes, q u a n t o , mais i m p o r t a n t e , às profundas
d i f e r e n ç a s e s t r u t u r a i s e n t r e essas e c o n o m i a s r e g i o n a i s .
Grosso m o d o , é possível identificar-se q u a t r o g r a n d e s e c o n o m i a s
r e g i o n a i s n o p e r í o d o c o l o n i a l : a economia nordestina, q u e , s e n ã o p o d e
ser r e s u m i d a à plantation a ç u c a r e i r a , t e m n e s t a a t i v i d a d e sua m a r c a d e c i -
siva, daí d e c o r r e n d o a p r e d o m i n â n c i a d o t r a b a l h o escravo e d o l a t i f ú n -
dio. Ao lado da agroindústria açucareira c o m e ç o u a impor-se, no sécu-
lo X V I I I , a p r o d u ç ã o algodoeira, q u e c h e g o u a ter surtos expansivos
e m f u n ç ã o d e r e s t r i ç õ e s nas e x p o r t a ç õ e s d o g r a n d e p r o d u t o r , o s E s t a -
d o s U n i d o s , c o m u m a o r g a n i z a ç ã o d e p r o d u ç ã o e l o c a l i z a ç ã o espacial
distintas das p r e v a l e c e n t e s n a a t i v i d a d e a ç u c a r e i r a , s e n d o n e l a c o m u m a
u t i l i z a ç ã o d e m ã o - d e - o b r a livre d o t r a b a l h o familiar. Essa p r o d u ç ã o
O mercado de terras
E n t r e a s i n s t i t u i ç õ e s c e n t r a i s d a o r d e m capitalista d e s t a c a m - s e o
m e r c a d o de terras e o do t r a b a l h o . Se o d i n h e i r o é o p o n t o de p a r t i -
d a h i s t ó r i c o e g e n é t i c o d a a c u m u l a ç ã o capitalista, c o m o disse M a r x , a
m o n o p o l i z a ç ã o da terra e dos demais m e i o s de p r o d u ç ã o , p o r u m a
classe, e a p r o l e t a r i z a ç ã o de u m a o u t r a classe, q u e assim é o b r i g a d a a
v e n d e r a sua força d e t r a b a l h o c o m o f o r m a básica d e s o b r e v i v ê n c i a , são
o s p r o c e s s o s c o n s t i t u t i v o s d a c h a m a d a a c u m u l a ç ã o p r i m i t i v a d o capital.
N o caso d o Brasil, este foi u m l o n g o p r o c e s s o , q u e s e p r o l o n g o u d o
século X V I a o X X , c o m i m p o r t a n t e s diferenças regionais, s o b r e t u d o
n o q u e diz r e s p e i t o aos r i t m o s d a p r o l e t a r i z a ç ã o e d e m e r c a n t i l i z a ç ã o -
m o n o p o l i z a ç ã o da terra.
" A d i s t r i b u i ç ã o d e t e r r a s através d e s e s m a r i a s , n a á r e a c a n a v i e i r a
do N o r d e s t e c o m o um todo, mostrava, em meados do século X V I , a
e x i s t ê n c i a d e a l g u m a s s e s m a r i a s c o n t e n d o g r a n d e s áreas, p o r é m b o a
p a r t e delas e r a d e t a m a n h o m e n o r . S t u a r t S c h w a r t z assinala q u e n a
B a h i a essas s e s m a r i a s m e d i a m u s u a l m e n t e m e n o s d e d u a s l é g u a s
quadradas. Célia Freire A F o n s e c a , em u m a pesquisa de 1.141 ses-
m a r i a s n a P a r a í b a , m o s t r a q u e 8 7 , 5 % delas e r a m m e n o r e s d e 4 l é g u a s
quadradas" (Smith, 1990:297).
S t u a r t S c h w a r t z e m s e u l i v r o Segredos Internos ( 1 9 8 8 ) , h a v i a m o s t r a -
do o e q u í v o c o de se ver a realidade da e c o n o m i a nordestina c o m o
r e s u m i d a à t r í a d e l a t i f ú n d i o - e s c r a v i d ã o - m o n o c u l t u r a . N e s t e s e u livro,
s o b v á r i o s a s p e c t o s f u n d a m e n t a l , figura a r e c o n s t i t u i ç ã o d e u m a r e a l i -
dade s ó c i o - e c o n ô m i c a m e n o s esquemática, c o m a revelação de estru-
t u r a s i n t e r m e d i á r i a s e n t r e os g r a n d e s s e n h o r e s e os escravos, e a p r e s e n -
ça de u m a considerável diversidade no referente ao t a m a n h o da p r o -
p r i e d a d e , às atividades p r o d u t i v a s , o c u p a ç õ e s profissionais, c o n d i ç ã o social
e t c . E s t e é t a m b é m o s e n t i d o b á s i c o das teses d e C i r o F l a m a r i o n C a r -
doso sobre a existência de u m a " b r e c h a c a m p o n e s a " nos interstícios da
e c o n o m i a escravista n o Brasil ( C a r d o s o , 1 9 8 2 )
O q u e s e deseja e v i t a r a q u i é u m a g e n e r a l i z a ç ã o i n c o m p r e e n s i v a
que queira ver h o m o g e n e i d a d e e uniformidade n u m quadro histórico
e e s p a c i a l m e n t e m a r c a d o p e l a d i v e r s i d a d e . P o r e x e m p l o : se o l a t i f ú n d i o
e a escravidão foram fundamentais na e c o n o m i a pecuária do c o u r o , do
c h a r q u e e do gado em p é , na região de Pelotas durante o p e r í o d o c o -
lonial, a agricultura de alimentos do m e s m o R i o G r a n d e de São Pedro,
s o b r e t u d o a desenvolvida pela c o l o n i z a ç ã o alemã, a partir de 1 8 2 5 , da
região da Serra G a ú c h a , teria um p a d r ã o de distribuição da terra e u m a
forma de organização do trabalho marcados pela desconcentração fun-
d i á r i a e p e l o t r a b a l h o familiar. N ã o p o r acaso, nestas r e g i õ e s , n o R i o
G r a n d e do Sul e em Santa C a t a r i n a , o n d e n ã o prevaleceu o latifúndio
e t a n t o a t e r r a c o m o a r e n d a f o r a m m a i s d e s c o n c e n t r a d a s , são as q u e
t ê m o s m e l h o r e s i n d i c a d o r e s d e q u a l i d a d e d e v i d a n o Brasil c o n t e m -
porâneo.
" E r a e v i d e n t e nessas p r o i b i ç õ e s a i n t e n ç ã o d a C o r o a d e e v i t a r
c o n c e n t r a r a t e r r a nas m ã o s d e p o u c o s , p a r a i m p e d i r a c r i a ç ã o n a
colônia de u m a nova o r d e m feudal. As expectativas da C o r o a , e n -
t r e t a n t o , f o r a m frustradas. O s p r o p r i e t á r i o s d e e n g e n h o t e n d e r a m a
a c u m u l a r terra, n ã o s o m e n t e para assegurar o f o r n e c i m e n t o de cana
para seus e n g e n h o s , mas t a m b é m p o r q u e a p r o p r i e d a d e da terra
concedia prestígio social" (Costa, s.d.:143-144).
A n t e c i p a n d o u m a c o n c l u s ã o m a i s g e r a l , é p o s s í v e l v e r nas d i f e r e n ç a s
e n t r e as leis de t e r r a s do Brasil e d o s E s t a d o s U n i d o s a ossatura básica
da c o n s t i t u i ç ã o d o s m e r c a d o s i n t e r n o s d e s t e s d o i s países — isto é, a d i -
O Mercado de Trabalho
N ã o é possível deixar de r e c o n h e c e r aí as m e s m a s m o t i v a ç õ e s q u e
l e v a r a m à " l e g i s l a ç ã o s a n g u i n á r i a " d e q u e fala M a r x a o e s t u d a r a a c u m u -
l a ç ã o p r i m i t i v a ; às Workhouses e o u t r a s f o r m a s de d i s c i p l i n a m e n t o da
classe o p e r á r i a e m c o n s t i t u i ç ã o .
P o r o u t r o l a d o , se se analisar o d i s c u r s o das elites a g r á r i a s n o r d e s t i n a s ,
reunidas em Recife, neste m e s m o 1878, o p a n o r a m a é outro.Tangidos
p e l a seca d e 1 8 7 7 , m i l h a r e s d e n o r d e s t i n o s ( a h i s t o r i o g r a f i a oscila e n t r e
2 0 0 e 5 0 0 m i l ) , i n t e i r a m e n t e e x p r o p r i a d o s , p e r m i t i r a m à s elites n o r d e s -
t i n a s r e s p o n d e r e m n e g a t i v a m e n t e à p e r g u n t a s o b r e a falta de b r a ç o s .
D e a c o r d o c o m E i s e n b e r g , " q u e m n e g a v a a falta d e b r a ç o s n o N o r d e s t e
0 fez e m vista d a c o n j u n t u r a d e 1 8 7 8 , q u a n d o m i l h a r e s d e s e r t a n e j o s
flagelados p e l a g r a n d e seca de 1 8 7 7 - 7 9 i n v a d i r a m a Z o n a da M a t a e a p a -
r e n t a v a m u m a grande reserva d e m ã o - d e - o b r a " (Eisenberg, 1989:170).
" E n t r e 1 8 8 4 e 1 8 8 8 , v á r i a s leis f o r a m a p r o v a d a s p e l a A s s e m b l é i a
Legislativa d e s t i n a d a s a f a v o r e c e r a i m i g r a ç ã o : L e i P r o v i n c i a l de 29 de
m a r ç o d e l 8 8 4 , l e i d e l 1 d e fevereiro d e 1 8 8 5 , d e 2 1 d e m a r ç o d e 1 8 8 5 ,
de 28 de m a i o de 1886, de 11 de abril de 1 8 8 7 " (Costa, 1 9 8 9 : 2 1 9 ) .
A expressiva d e f a s a g e m q u e foi se e s t a b e l e c e n d o e n t r e o c r e s c i m e n -
t o p o p u l a c i o n a l d o s d o i s países a o l o n g o d o s é c u l o X I X d e v e u - s e ,
s o b r e t u d o , à i m i g r a ç ã o . V e j a - s e a r e s p e i t o o q u a d r o q u e segue:
Eis os d a d o s c o m p a r a t i v o s e n t r e a e x p a n s ã o f e r r o v i á r i a do Brasil e
dos Estados Unidos:
Tabela 3. Expansão das Ferrovias no Brasil e nos Estados Unidos (1860-1920) em quilômetros
T r a t a - s e d e u m a v a n ç o v e r t i g i n o s o c o m o foi d i t o , a v a n ç o esse q u e
s i g n i f i c o u : 1) a c r i a ç ã o de c o n d i ç õ e s p a r a o e f e t i v o f e c h a m e n t o da
f r o n t e i r a , n o s s o " c e r c a m e n t o das t e r r a s " , c o m o s u r g i m e n t o d a r e n d a
da t e r r a e o e n c a r e c i m e n t o de seus p r e ç o s ; 2) a a c e l e r a ç ã o da e n t r a d a de
i m i g r a n t e s , n e s t e s e n t i d o a efetiva c o n s t i t u i ç ã o d o m e r c a d o d e t r a b a l h o
l i v r e e m S ã o P a u l o ; 3 ) e , f i n a l m e n t e , a e x p a n s ã o f e r r o v i á r i a q u e foi i n s -
t r u m e n t o d a plena unificação d o m e r c a d o i n t e r n o paulista.
S e c o m p a r a r m o s este q u a d r o c o m o p r e v a l e c e n t e e m o u t r a s r e g i õ e s
d o País, o c o n t r a s t e é expressivo. U m a p r i m e i r a c o m p a r a ç ã o c o m M i n a s
G e r a i s m o s t r a q u e , até 1 8 8 0 , a p r o d u ç ã o cafeeira d e S ã o P a u l o a s s e m e l h a -
v a - s e à de M i n a s Gerais e Rio de J a n e i r o . F o i a p a r t i r daí q u e o c o r r e u o
g r a n d e salto, e este c o r r e s p o n d e à definitiva c h e g a d a do café ao Oeste Novo.
Bibliografia
B r a u d e l , F e r n a n d . Civilização Material, Economia e Capitalismo. Trad. p o r c . T o m o II.
Lisboa: C o s m o s , 1 9 8 5 .
C a r d o s o , C i r o F. S. Agricultura, Escravidão e Capitalismo. 2ª edição. Petrópolis:Vozes, 1982,
cap. IV.
a
C o l e , G . D . H . Introducción a la Historia Económica. 3 edição, trad. esp. M é x i c o : F C E ,
1966.
C o s t a , Emília Viotti da. Da Monarquia à República. 5ª edição. São Paulo: Brasiliense, s.d.
________. Da Senzala à Colônia, 3ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1989.
E i s e n b e r g , P e t e r L. Homens Esquecidos. C a m p i n a s : E D U N I C A M P , 1989.
Fragoso, J o ã o e Florentino, M a n o l o . O Arcaísmo como Projeto.2ª edição. R i o de Janeiro:
Sette Letras, 1 9 9 6 .
F u r t a d o , Celso. Brasil. A Construção Interrompida. R i o de J a n e i r o : Paz e Terra, 1 9 9 2 .
Gebara, A d e m i r . O Mercado de Trabalho Livre no Brasil (1871-1888). São Paulo:Brasiliense,
1986.
a
H u i z i n g a , J o h a n . El concepto de la Historia. Trad. esp. 8 edição. M é x i c o : F C E , 1 9 8 0 .
I a n n i , O c t a v i o . Industrialização c Desenvolvimento Social no Brasil. R i o de Janeiro: Civili-
zação Brasileira, 1 9 6 3 .
Iglésias, Francisco. Política Econômica do Governo Provincial Mineiro (1835-1889). R i o de
Janeiro: I N L , 1 9 5 8 .
________. Introdução à Historiografia Econômica. Belo H o r i z o n t e : F C E / U M G , 1959.
Kirkland, E d w a r d C. Historia Económica de Estados Unidos. 2ª edição, trad. esp. M é x i c o :
FCE, 1947.
L ê n i n , V . I. El Desarrollo del Capitalismo en Rusia. 3ª edição, trad. esp. B u e n o s Aires:
Estudio, 1973.
M a r x , Karl. O Capital. Livro I, trad. p o r t . R i o de Janeiro: Civilização Brasileira, 1 9 6 8 .
M a u r o , F r é d é r i c . (org.). La Préindustrialization du Brésil. Paris: C N R S , 1984.
M e l o , E v a l d o Cabral de. O Norte Agrário e o Império. R i o de Janeiro: N o v a F r o n t e i r a /
INL, 1984.
M e r r i c k , T h o m a s e G r a h a m , D o u g l a s . " P o p u l a ç ã o e D e s e n v o l v i m e n t o no Brasil: u m a
perspectiva h i s t ó r i c a " in N e u h a u s , Paulo (org.). Economia Brasileira: uma visão históri-
ca. R i o d e Janeiro: C a m p u s , 1 9 8 0 .
a
Milliet, Sérgio. Roteiro do Café e Outros Ensaios. 4 edição. São P a u l o : H U C I T E C / I N L ,
1982.
N e a l e , W a l t e r C. " E l m e r c a d o en la t e o r i a y la h i s t o r i a " , in Polanyi, Karl e o u -
tros. Comércio y Mercado en los Imperios Antiguos, trad. esp. Barcelona: Labor, 1 9 7 6 .
Paula, J o ã o A n t ô n i o de. " D o i s Ensaios sobre a G ê n e s e da Industrialização em M i n a s
Gerais: a Siderurgia e a Indústria T ê x t i l " , in II Seminário sobre a Economia Mineira.
Belo Horizonte: U F M G , 1983.
_ _ _ _ _ _ _ _ . " C o l o m b o e T i r a d e n t e s : Ensaios sobre a C o l o n i z a ç ã o e a D e s c o l o n i z a ç ã o " , i n
V I S e m i n á r i o sobre a E c o n o m i a M i n e i r a . B e l o H o r i z o n t e : U F M G , 1992.