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Português

01
a) O vocábulo “romancista” é um substantivo e “político”, adjetivo. Por causa disso, entende-se que George Orwell era
escritor de romances e que escrevia sobre política. Como “político” é adjetivo — e não um substantivo —, não se pode
afirmar que George Orwell era político, no sentido de ter cargo político.
• 1 ponto para cada indicação correta da classe gramatical.
• 1 ponto para a explicação correta de como esses vocábulos criam uma imagem do escritor.
b) A concessão trabalha com uma quebra de expectativa. No caso, como o escritor era um “socialista convicto”, há a
expectativa de que ele concordasse com a política de Stalin na União Soviética, uma das principais frentes socialistas da
época. Todavia, contrariando essa expectativa, George Orwell acreditava que o stalinismo não contribuiu, conforme o
texto, para uma “melhoria social para a classe operária”.
• 1 ponto para a explicação da quebra de expectativa (qual a expectativa e sua quebra).
• 1 ponto para o estabelecimento de relação com o contexto.

02
a) A relação de sentido entre a imagem e o texto verbal traduzido (ambos da campanha) é de reforço (igualdade,
semelhança, confirmação, fortalecimento etc.) (1,0). O texto verbal apresenta a informação de que a morte de muitas
crianças é causada por água poluída (1,0). Essa mesma relação de causa e consequência existe no texto visual. Nele,
apresenta-se a água em movimento formando a famosa imagem da fumaça de uma bomba atômica, o que, portanto,
coloca a água imprópria ao consumo humano como causadora da morte de crianças em massa (1,0) (total = 3,0).
O aluno deve fazer uma resposta de três etapas: 1) o nome da relação, 2) a explicação do texto verbal e 3) a explicação
do texto visual, deixando claro como as duas formas de linguagem se confirmam. A correta indicação da relação sem a
devida justificativa terá nota zero.
b) Quis dizer que as doenças mencionadas não deveriam mais existir, isto é, que já deveriam ter sido erradicadas. (total = 2,0)

03
a) Podem-se citar três trechos:
- “o remorso crônico é um sentimento dos [sentimentos] mais indesejáveis”;
- “e muitas das regras desta são iguais, ou pelo menos análogas, às [regras] da ética comum” e
- “Eis por que este novo Admirável Mundo Novo sai igual ao [Admirável Mundo Novo] antigo”.
• 1 ponto para cada transcrição correta com seu respectivo substantivo explícito.
Observação: a transcrição não precisar estar cortada exatamente como sugerido acima.
b) - O pronome demonstrativo “aquela” indica distância: no caso, essa pessoa que eu fui no passado está distante no tempo
em relação ao presente.
- O pronome indefinido “outra” serve para marcar indefinição: essa pessoa que eu fui ficou tão no passado que sua
imagem se tornou indefinida para mim, se tornou vaga.
- A oração adjetiva “que éramos nós na juventude” funciona como especificador: fala-se dessa pessoa que ficou no
passado, não da pessoa que sou agora.
- A locução adverbial “na juventude” situa o evento no passado, na juventude: eu era assim, agora não sou mais.
- O pretérito imperfeito “éramos” situa o evento no passado.
• 1 ponto para cada explicação correta.
Observação: não é necessário que sejam citadas as classes gramaticais.
04
a) Não. No texto I, “um pouco” indica quantidade (de sal) (1,0); no II, indica intensidade (da dor) (1,0). (total = 2,0)

b) “Mas naquele momento ele tinha merecimentos (virtudes, qualidades, valores) (1,0) para levar a Bola de Ouro e eu não
podia fazer muita coisa", explicou a celebridade. (estrela, ídolo, personalidade) (2,0). (total = 3,0)

05
a) A contradição reside num tratamento intimista, cortês e particular do colunista para com o leitor brasileiro — tratando
este por “prezado leitor”, “prezada leitora” —, o qual nem sempre lhe é cortês de volta, muitas vezes respondendo ao
colunista de modo grosseiro (“seu bosta”). Ora, um tratamento mais particular, mais intimista, mais cortês pressuporia
uma resposta igualmente intimista e cortês do público. Segundo o próprio colunista, essas respostas grosseiras seriam
um efeito colateral da própria intimidade: “a intimidade é isso mesmo: afeto e desafeto”.
• 1 ponto: mencionar o tratamento dado pelo colunista ao público brasileiro (no singular, mais particular, mais intimista
etc.).
• 1 ponto: mencionar que o colunista recebe também grosserias do público.
• 1 ponto: estabelecer uma relação de expectativa e respectiva quebra.

b) O advérbio “aqui” refere-se ao lugar onde o colunista escreve seu texto: ele está em Portugal. Já o advérbio “agora” refere-
se literalmente ao momento em que ele escreve a sentença “Ou quantos tirei de lá”. Trata-se de uma reflexão
momentânea, não premeditada, feita de improviso.
• 1 ponto para cada explicação correta.
OBSERVAÇÃO: não é necessário nomear o tipo de referenciação: dêitica. Não descontar ponto se for nomeada
erroneamente (anafórica ou catafórica), desde que a explicação esteja correta. No caso do advérbio “agora”, é preciso
especificar que se refere ao momento em que escreve a frase e que se trata de uma reflexão feita “na hora”.

06
a) Há uma comparação (ou símile) entre o cacto e uma estátua (1,0). Ela evidencia a semelhança gestual desesperada
presente tanto na peça artística como também no formato da planta; o cacto é semelhante a braços em movimento
pertencentes a personagens desesperados: Laocoonte pelas serpentes, e Ugolino pela fome (1,0). (total = 2,0) (1,0 para o
apontamento correto dos elementos comparados e 1,0 para a devida justificativa.) (A menção aos dois personagens não é
obrigatória.)
b) “Evocava também o seco nordeste, carnaubais, caatingas...” ou “Era belo, áspero, intratável.” (2,0). No caso do primeiro
verso, o termo “evocava” pode ser lido como convocar, chamar, o que é atributo humano. No segundo, “intratável” significa
alguém difícil de ser vencido ou alguém com quem é difícil lidar, o que, portanto, também antropomorfiza o cacto (1,0).
(total = 3,0) (2,0 para o apontamento do verso e 1,0 para a devida justificativa.)

07
a) O duplo sentido está em “engolir” (1,0). Em sentido literal, significa passar alimento pela boca para o estômago (1,0). Em
sentido figurado, significa aceitar como verdadeiro, acreditar (ou ainda se ver obrigado a aceitar algo a que se é contrário)
(1,0). (total = 3,0)
b) No texto, “discurso” significa fala (enunciação) de alguém contendo suas ideias (ideologia, ponto de vista). Ou apenas
ideologia (ponto de vista). Ou apenas fala, depoimento. (total = 2,0)
08
a) Na peça de Gil Vicente, aparece a visão tradicional do Inferno como um lugar onde os que agiram de maneira errada são
castigados. Para o Inferno são enviados todos os tipos de pecadores. No trecho de Cecília Meireles, o Inferno não é um
lugar, mas um estado interior que se reduz a uma única palavra: Pusilanimidade. Ser pusilânime é o próprio inferno. (2
pontos)
Obs.: Na resposta era preciso destacar que o Inferno para Gil Vicente é um lugar que acolhe uma variedade de pecados (1
pontos) e que o Inferno para Cecília Meireles é um estado interior ou psicológico, que consiste apenas em pusilanimidade
(1 ponto).
b) A afirmação é incorreta. As obras teatrais de Gil Vicente foram feitas num momento de transição entre a Idade Média e a
Idade Moderna. Muitos dos valores que Gil Vicente defendia ainda eram herdadas do mundo medieval, como se pode ver
no elogio aos cavaleiros que lutam pela fé no Auto da Barca do Inferno. Além disso, a crítica de Gil Vicente não era
subversiva, pois ele não atacava as estruturas sociais nem as instituições que as representavam. (3 pontos)
Obs.: Na resposta era preciso destacar que Gil Vicente é um autor que se encontra num momento de transição (1 ponto)
e que suas obras não criticam as instituições ou as estruturas da sociedade (1 ponto). Também era preciso mencionar
corretamente alguma situação ou personagem do Auto da Barca do Inferno para comprovar o caráter medieval e não
subversivo da peça. Os personagens que se prestam de maneira mais evidente são o Fidalgo, o Onzeneiro (Agiota) e os
Cavaleiros (1 ponto).

09
a) A ressalva é que muitos provençais não sofrem pela amada tanto quanto o eu-lírico sofre ("sei muito bem que não/ têm
tão grande coita em seu coração/ quanto eu por minha senhora vejo levar"). Também se poderia dizer que muitos
trovadores provençais não eram sinceros no que que diziam. (2 pontos)
Obs.: Na resposta era preciso indicar corretamente a ressalva (1 ponto) e citar corretamente o trecho que a comprova (1
ponto).
b) O poema de Drummond menciona as metáforas e comparações celestes tão comuns na poesia lírica amorosa. Embora
essas expressões sejam consideradas adequadas do ponto de vista poético, elas podem se tornar um discurso vazio e
repetitivo, que prejudica o aspecto emocional da poesia. Isso aparece nos versos: "Mas eram tantas, o céu tamanho,/
Minha poesia perturbou-se". (3 pontos)
Obs.: Na resposta era preciso indicar corretamente quais as expressões poéticas eram tidas como adequadas (1 ponto),
qual é o efeito negativo dessas expressões (1 ponto) e indicar corretamente os versos que comprovam isso (1 ponto).

10
a) Nos dois poemas há uma comunicação entre a natureza, representada pelo pinheiro e pelos pinhais, e o ser humano. No
texto 1, a jovem pergunta ao pinheiro onde está o seu amigo e recebe a resposta: "Vós me perguntastes pelo voss'amigo/E
eu bem vos digo que é são e vivo". No texto 2, o rei-trovador D.Dinis escuta o som dos pinhais, que é como uma fala: “E a
fala dos pinhais (...)". (2 pontos)
Obs.: Na resposta, era preciso indicar corretamente onde está a comunicação entre ser humano e natureza na cantiga (1
ponto) e no poema de Fernando Pessoa (1 ponto).
b) O contraste é que, na cantiga, o pinheiro literalmente fala com a jovem, dando-lhe uma resposta clara e explícita à pergunta
que lhe foi feita ("Vós me perguntastes pelo voss'amigo/ E bem vos digo que é são e vivo."). Já no poema de Fernando
Pessoa, o fala dos pinhais não é literal, nem clara nem explícita. Para descrevê-la, Fernando Pessoa usa palavras como
"silêncio múrmuro", "rumor", "marulho obscuro". (3 pontos)
Obs.: Na resposta era preciso indicar o aspecto explícito da fala do pinheiro (1 ponto), o aspecto obscuro da fala dos pinhais
(1 ponto), e indicar corretamente os trechos que comprovam esses aspectos (1 pontos).
Redação
Para corresponder ao “padrão Fuvest” de redação, é necessário responder à pergunta que corresponde ao tema – Há orgulho
em ser brasileiro na atualidade? – com base em uma interpretação articulada da coletânea. No texto 1, há diversas acepções
para a ideia de orgulho; entretanto, com a leitura dos demais textos, percebe-se uma referência maior aos sentidos 1 e 3:
“grande satisfação com o próprio valor, com a própria honra”. Esse direcionamento fica claro na compreensão da charge (texto
2), que reproduz os versos nacionalistas entoados pelas torcidas em grandes eventos esportivos – não há apenas orgulho em
ser brasileiro, mas também muito amor. O texto 3 apresenta uma visão idealizada do país, das expectativas em relação a ele:
“florescer amanhã como uma nova civilização (…) orgulhosa de si mesma”. É a partir do poema de Drummond (texto 4) que a
idealização dá lugar à realidade: “eu também já fui brasileiro” – já me orgulhei, mas agora não me orgulho mais. O texto 5
considera que o brasileiro é, ao mesmo tempo, egoísta e “bonzinho”, e quem determina qual desses lados está mais evidente é
o momento pelo qual a sociedade brasileira está passando – e, na atualidade, o momento é bastante difícil, marcado pela
pandemia do coronavírus: nestes tempos, grande parte dos brasileiros tem se colocado “contra a coletividade” ao adotar
discursos contrários às medidas necessárias para o controle do vírus (uso de máscaras, distanciamento social, incentivo à
vacinação, entre outras). De uma forma geral, na atualidade, é difícil “estar satisfeito com as conquistas coletivas e com a
situação geral do país” (texto 6), justamente porque a situação geral do país não parece tão boa – o que leva grande parte dos
alunos a responder: não, não há orgulho em ser brasileiro na atualidade. Entretanto, caso o aluno opte por responder “sim”,
considerando a coletânea, a sustentação a essa resposta provavelmente estará pautada nos três primeiros textos. Há que se
enfatizar: qualquer posicionamento é válido, desde que sustentado por uma argumentação consistente e, no caso do “padrão
Fuvest”, articulado às ideias apresentadas na coletânea.

Este gabarito também está disponível no portal do aluno:


www.poliedroeducacao.com.br

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