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Reanin3-14 05 21
Reanin3-14 05 21
REGISTRO DE INFORMAÇÕES
1 Coleção 1 - “História”; Coleção 2 - “História das Cavernas ao Terceiro Milênio”; Coleção 3 - “História e Vida
Integrada”; Coleção 4 - “História em Documento”; Coleção 5 - “História, Sociedade e Cidadania”; Coleção 7 -
“Navegando pela História”; Coleção 9 - “Para entender a História”; Coleção 11 - "Projeto Araribá"; Coleção 13
- “Saber e fazer História”, Coleção 14 - “Tudo é História”.
ABSOLUTISMO
2 Dicionário de política I Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino; trad. Carmen C, Varriale
et ai.; coord. trad. João Ferreira; rev.geral João Ferreira e Luis Guerreiro Pinto Cacais. - Brasília : Editora:
Universidade de Brasília, 1 la ed., 1998.
3 BONNEY, R. O absolutismo. Europa-América, 1991.
seja, por mais que possamos encontrar formas de governos parecidas com o Absolutismo em
outros lugares, o conceito de Absolutismo, utilizado durante o século XIX, seria específico
para o caso europeu e suas particularidades dos regimes desse tipo na Idade Moderna.
Como apontado anteriormente, o absolutismo teria surgido após a unificação dos
Estados europeus durante a Idade Moderna, centralizando territórios que antes pertenciam a
vários nobres, criando burocracias para administrar esses territórios e exercer controles sobre
eles. Esse processo foi possível graças à burguesia, classe relativamente nova nesta época,
que se aliou à figura do rei e lhe deu poder financeiro. Já o rei, através deste poder financeiro,
poderia passar por cima dos nobres, e centralizar o poder político; por outro lado, com o
progredir da centralização política, a burguesia se beneficiava dos privilégios de ter apoiado
um monarca que, agora, tem poderes absolutos.
Além do aspecto financeiro, devemos salientar que a questão religiosa foi
especialmente importante, principalmente, no caso francês. A teoria do direito divino dos reis
foi muito importante para solidificar o poder centralizado não só na esfera financeira, mas
também na esfera religiosa e cultural. Afinal de contas, se foi Deus quem escolheu a
linhagem, quem poderia contestá-la? Mas é claro que o Absolutismo variou tanto no tempo,
quanto no espaço e, principalmente, na suas formas. Como o caso francês foi tomado como
padrão, podemos cometer o erro de associar esta conexão com o divino como algo comum a
todos os caso, mas não é. Bom, ao menos não nesse modelo tão próximo. Na Espanha, por
exemplo, ainda que a figura do rei tivesse um caráter religioso, o que legitimava o seu poder
não era a religião, o que lhe conferia a legitimidade eram as teses contratuais 4, como se o rei
assinasse um contrato com a sociedade e o rei, portanto, tinha a função de organizar a
estrutura social onde tanto as vontades do monarca, quanto as dos súditos, estivessem em
harmonia. Esta ideia do Estado como uma entidade que nasce do contrato entre o povo e a
figura central de poder tem respaldo em alguns autores clássicos como Maquiavel, Jean
Bodin e Thomas Hobbes, seguindo a premissa de que o povo abre mão de algumas liberdade
para ter proteção do monarca que acaba com as tensões e conflitos constantes frutos do
estado de natureza prévia dos seres humanos.
Cabe aqui salientar que estamos apresentando e discutindo os aspectos do
Absolutismo em nível teórico, afinal de contas, devemos apreender estas diferenças do ponto
de vista da teoria para não incorrermos no erro de atribuir o conceito de Absolutismo a tudo
aquilo que a ele se assemelha. O absolutismo é um daqueles casos de onde o conceito é
criado e é utilizado para tratar de diversos casos como se todos eles fossem a mesma coisa, se
4 ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado absolutista. São Paulo: Brasiliense, 2004.
por um lado isso nos ajuda a criar alguns comparativos políticos, por outro lado esconde as
diferenças e generaliza experiências humanas diferentes, e o uso correto dos conceitos é uma
parte fundamental da própria cientificidade da pesquisa em História5.
Apesar das flutuações, existem alguns elementos em comum que as monarquias ditas
absolutistas compartilharam, são eles: a concentração de poder na figura do rei; a existência
da burocracia para administrar os estados; exércitos públicos; o enfraquecimento dos vínculos
sociais do feudalismo; e a mercantilização da economia6 que, aos poucos, daria origem ao
capitalismo comercial.
A decadência do absolutismo, do contrário do seu início, possui uma data melhor
delimitada, começou no século XVIII, conforme a burguesia foi ganhando espaço e poder na
Europa. Foi nesse contexto que novas teorias que defendiam governos constitucionais e
representativos; uma economia mais livre; em suma, o contexto de ascensão do iluminismo 7 e
do liberalismo, foi fruto deste contexto, que surgiram movimentos como a Independência
dos Estados Unidos8, a Revolução Francesa9 e vários outros movimentos tanto na Europa,
quanto na América. Aos poucos, as velhas monarquias foram sendo derrubadas, ou tendo que
aceitar certos limites legais, com constituições mais restritivas, com parlamentos mais forte,
em suma, com outros mecanismos que proporciona um maior controle de poder.
REVOLUÇÃO FRANCESA
10 Coleção 1 - “História”, Coleção 3 - “História e vida integrada”, Coleção 6 - “História Temática”, Coleção 7
- “Navegando pela História”, Coleção 8 - “Novo História”, Coleção 9 - “Para entender a História”, Coleção 12
- “Projeto Radix”, Coleção 13 - “Saber e fazer História”, Coleção 14 - “Tudo é História”.
ILUMINISMO
Como já citado, todas as coleções apontam a insatisfação com Antigo Regime como
principal fator detonador para o surgimento das ideias iluministas. Ao analisarmos a
organização dos capítulos nos livros didáticos, podemos afirmar que o tema do absolutismo,
das quinze coleções analisadas, em catorze, antecede o capítulo do Iluminismo, sendo
somente em uma coleção, tratado em um capítulo conjunto ao tema do Iluminismo 18. Em
algumas, coleções é possível observar a recorrência dos temas: Revolução Industrial 19 e
Revoluções Inglesas20 aparecendo como antecessores. Algumas coleções21isoladas abordam
anteriormente: a exploração de ouro e diamantes no Brasil, a igreja na América Portuguesa, o
que acontecia no mundo no início do século XVIII, direito à cidadania: a pólis na Grécia
antiga e a Revolução Francesa e introdução ao mundo contemporâneo.
28 coleção 3 – “História e vida integrada”, Coleção 4 – “História em documento – imagem e texto”, coleção 5 -
“História sociedade e cidadania” coleção 7 – “Navegando pela história, coleção 8 – “Novo história: conceitos e
procedimentos”, coleção 9 – “ Para entender história”, : coleção 10 – “Para viver juntos”, coleção 11 – “Projeto
araribá”, coleção 12 – “Projeto radix”, coleção 13 – “Saber e fazer história”, coleção 14 – “Tudo é história”,
coleção 15 – “Vontade de saber história”.
29 Relcon - independência da América espanhola
30 coleção 1 – “História”, coleção 2 – “História das cavernas”, coleção 3 – “História e vida integrada”, coleção
5 - “História sociedade e cidadania” coleção 7 – “Navegando pela história, coleção 8 – “Novo história:
conceitos e procedimentos”, coleção 9 – “ Para entender história”, coleção 11 – “Projeto araribá”, coleção 13 –
“Saber e fazer história” e coleção 15 – “Vontade de saber história”.
31 coleção 7 – “Navegando pela história, coleção 9 – “ Para entender a história”.
32 coleção 02 - História das cavernas, coleção 03 - História e vida integrada, coleção 04 - história em
documento, coleção 05 - História sociedade e cidadania, coleção 07 – navegando pela história, e coleção 12 –
projeto radix.
tido como um fator com grande influência, por conta da inspiração exercida sobre as ideias de
alguns movimentos emancipacionistas.
Seguindo na mesma linha do Iluminismo, também são mencionadas a Revolução
Francesa33 e a Independência das Treze Colônias inglesas 34 em quatro coleções cada uma, e a
exemplo do Iluminismo, é possível notar que existiu uma difusão dos ideais revolucionários
presentes nesses eventos, ideais que serviam como uma espécie de estímulo e modelo a ser
seguido. Sendo assim, esses dois eventos, mais o conjunto de ideias do iluminismo são
tratados nas narrativas como pertencentes a um conjunto de fatores que exerceram influências
ideológicas sobre o processo das independências e, por isso, são resgatados como fatores
contextuais de referência, visto que são temas já trabalhados em seus respectivos capítulos,
isso ocorre geralmente no início da narrativa, mas entende-se que não tiveram centralidade ou
impacto suficiente para serem resgatados ao longo do texto.
Para além desta ligação com o iluminismo, o tema da Independência das Treze
Colônias é tido como um fator influenciador ideológico na Independência da América
espanhola.39 Por fim, cabe acrescentar que, em relação ao tema da Independência dos
Estados Unidos, existe uma coleção40 que menciona sua presença como influenciadora em
movimentos no Brasil, para ser mais exato, na Conjuração Mineira 41. Percebe-se então
conexões e linearidade entre esses temas, e isso fica explicito nas disposições dos capítulos,
que seguem exatamente a cronologia das independências.
Esta é a Sequência 1 de temas do núcleo 3 42, que está presente em 10 das 15 coleções
analisadas do PNLD de 2011, cuja particularidade é ser unânime quando cada tema do núcleo
possui um capítulo próprio para desenvolvimento de narrativa. Nessa sequência verificamos
que as coleções tendem a posicionar a “Revolução Americana” antecedida por Iluminismo e
precedida pelas outras revoluções pelo Ocidente, ressaltando sua importância como fator
influenciador ideológico nos outros eventos. Há ainda aquelas sequências que são chamadas
de extraordinárias, por abordarem dois temas do núcleo em um único capítulo:
38 Coleção 01 - “História”, coleção 03 - “História e vida integrada”, coleção 06- “História Temática”, coleção
07 – “Navegando pela História”, coleção 08 – “Novo História”, coleção 12 - “Projeto Radix” e coleção 13 –
“Saber e Fazer História”.
39 Coleção 02 - “História das Cavernas”, coleção 04 - “História em Documento”, coleção 05 - “Históruia
Sociedade e Cidadania” e a coleção 07 – “Navegando pela História”.
Essas sequências, presentes em uma coleção cada43, não só mostram como as ideias
iluministas são importantes para independência das 13 colônias, ao tratar os temas em um
único capítulo, mas também mostra que, no total 44, 12 coleções tratam da questão de
emancipação da América inglesa antes das outras revoluções, tendo nexo cronológico, já que
ela se deflagra em 1776, treze anos antes da Revolução Francesa e vinte e oito anos do início
da independência haitiana, agindo como precursora de outros movimentos separatistas.
43A Sequência 4 (EXTRAORDINÁRIA) refere-se a coleção 10, enquanto a 5 refere-se a coleção 12.
44 Levando em consideração as sequências ordinárias e extraordinárias.
45 RELCON-INDEPENDENCIA p, 2
46 RELCON-INDEPENDENCIA p,3
47 RELCON-INDEPENDENCIA p,3
48. Coleção 9 – Para entender a História, conforme RELCON pág. 11.
movimento circulavam as idéias iluministas, e a Independência da América Inglesa é tida
como um fator influenciador.49
Quanto à conjuração Mineira em 1789, apenas uma coleção 50 faz menção direta ao
pensamento Iluminista e a Independência dos Estados Unidos, ela expõe que os revoltosos
colonos de Vila Rica (principal cidade de Minas na época) organizaram a Conjuração
Mineira. Muitas pessoas aderiram à conjura porque estavam endividadas com Portugal, ou
eram acusadas de contrabando, ou ainda porque haviam perdido cargos importantes no
governo colonial.
Dito isto, nota-se a ausência de uma ligação direta da emancipação do Brasil com as
ideias iluministas, apesar de sua presença nas revoltas antecedentes. A coleção 6 é a única
que fala primeiro da independência brasileira para depois explicar o iluminismo 51. E, levando
em consideração como as revoluções na América espanhola influenciaram o que ocorreu no
49. Coleção 5 – História e cidadania, coleção 7 – Navegando pela História, coleção 8 – Novo História –
conceito e procedimento, coleção 9 – Para entender a História, coleção 13 – Saber e fazer História e coleção
14 – Tudo é História, conforme RELACON pág. 12.
50. Coleção 7 – Navegando pela História, conforme RELCON pág. 12.
51. Ide ao anterior.
Brasil, há uma sequência anômala, que é a da coleção 1052, que apresenta a independência da
América portuguesa primeiro.
MINERAÇÃO
Voltando a questão do fator detonador nas narrativas do período analisado, foi feito
um levantamento da presença desses temas nos livros didáticos, desde que estivesse fora do
capítulo relativo à mineração, para que pudessem se encaixar no conceito de temas satélites.
Contudo, foi observado que há uma discrepância em relação a recorrência desses tópicos nos
livros didáticos. Observe:
55 Esses assuntos estão sendo chamados de atípico por conta da falta de recorrência nas narrativas sobre
mineração nos livros didáticos.
63. Maiores informações em SEQUÊNCIA 1 (EXTRAORDINÁRIA), para ver como os capítulos se relacionam.
64 Termo presente na coleção 15, mas o assunto é abordado na coleção 8 e 15. RELCON-MINERACAO-13-03.