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Cloud Computing

Módulo 1 - Introdução

Fruto da evolução e da reunião de uma série de outras correntes e ferramentas já


difundidas na área de Tecnologia, o conceito de Cloud Computing (Computação em
Nuvem) tem como principal característica a transformação dos modos tradicionais de
como empresas utilizam e adquirem os recursos da Tecnologia da Informação (TI).
De forma mais ampla, sua abordagem parte do princípio de que toda a infra-
estrutura de TI (hardware, software e gestão de dados e informação), até então
tratada como um ativo das empresas usuárias, passa a ser acessada e administrada
por estas através da Internet (nuvem), com o uso de um simples navegador
(browser) da rede mundial de computadores. Através de um acesso remoto, com o
uso de qualquer tipo de equipamento – celulares inteligentes, notebooks,
computadores de mesa etc. – fornecedores de tecnologia passam a prover a infra-
estrutura e os serviços capacitados para atender a essa demanda. Trata-se de um
modelo eficiente para utilizar softwares, acessar, armazenar e processar dados por
meio de diferentes dispositivos e tecnologias Web. Na prática, a Computação em
Nuvem seria a transformação dos sistemas computacionais físicos de hoje em uma
base virtual.

Neste modelo de negócios possibilitado pela Cloud Computing, a Internet passa a ser
o cérebro das operações e atividades das empresas, permitindo que novas
capacidades sejam entregues como serviço pela rede, sem necessidade de aumento
de infra-estrutura e com pagamento atrelado ao uso feito pelos usuários. Dessa
forma, a web torna-se o grande centro de armazenamento e gestão de recursos
variados, uma complexa rede de sistemas hoje instalada fisicamente em milhares de
servidores e computadores de usuários.

Com a Computação em Nuvem, a rede passa a concentrar desde sistemas utilizados


em larga escala pelo consumidor final – como sistemas operacionais, programas de
produtividade de escritório, arquivos de músicas e fotos -, até aplicativos
desenhados para o ambiente corporativo, como os sistemas de gestão empresarial
de relacionamento com o cliente, ou ainda de gerenciamento do ciclo de estoque de
produtos.

Ainda em fase de maturação e com interpretações diversas por parte de especialistas


de TI, o conceito de Cloud Computing já começa a movimentar o mercado de
tecnologia com maior intensidade e essa tendência já é percebida em ferramentas
comuns do dia-a-dia, como sistemas de correio eletrônico, textos e planilhas
disponibilizadas pelo Google, através do Google Aps, ou ainda pela IBM, com o seu
Lotus Simphony. Essas ferramentas apresentam uma série de aplicativos bem
próximas ao que se encontra hoje em programas do pacote Office, da Microsoft, com
a diferença de que esses recursos não ocupam espaço no computador do usuário,
não demandam licença de uso ou ainda o download de programas para serem
utilizados.
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União de conceitos e tendências

Apontado por muitos especialistas como uma evolução natural do que vem sendo
desenvolvido no setor de TI nas últimas décadas, o novo formato proposto pela
Cloud Computing mantém uma linha tênue entre conceitos, tendências e recursos já
trabalhados na área de tecnologia e outros mais recentes, como Software como
Serviço, ASP (Application Service Provider), Virtualização, Utility Computing e Grid
Computing, que serão explicitados no Módulo 2 deste curso.

Dessa forma, a Computação em Nuvem pode ser entendida como uma reunião de
conceitos, agora apresentados sob uma nova dinâmica, uma reorganização do
modus operandi, que promete mudar gradativamente a forma e a entrega da
computação nos próximos anos, incluindo a transferência de infra-estrutura
tecnológica para terceiros e um processo de remuneração que pode ser comparado
ao que se pratica hoje no pagamento mensal de contas de energia, água ou gás.

Entre as diversas vantagens que pode trazer para os usuários, especialmente os


corporativos, a nuvem computacional comporta os seguintes aspectos: liberação da
verba destinada à manutenção de infra-estrutura tecnológica dos usuários para
outros fins; flexibilidade e maior facilidade nas transições e adequações para novas
gerações e ferramentas; e a extinção de custos de manutenção, atualizações,
licenças e suporte.

Por outro lado, essas mudanças não reduzem as responsabilidades dos profissionais
de TI das corporações. A despeito dessas alterações, funções como prover
segurança, tempo de resposta, níveis de serviço, mudança de cultura e
disponibilidade permanecem intocadas na lista de suas preocupações.

Mudanças à vista

Ao mesmo tempo em que reúne benefícios de outras tendências já em uso,


potencializando suas aplicações, a Cloud Computing irá trazer grandes mudanças no
mercado de Tecnologia da Informação, de acordo com a visão de especialistas do
setor. Para muitos analistas, a nuvem pode provocar profundas modificações no
segmento, especialmente nas atuações dos fornecedores e dos profissionais de
tecnologia que ocupam postos de comando em usuários corporativos.

No caso dos fornecedores de TI, a principal alteração será a transição do foco na


venda de produtos para a oferta de serviços, estabelecendo um novo modelo para
seus negócios. Dentro desse cenário, essas empresas terão de desenvolver meios e
métodos para aproveitar ao máximo as novas oportunidades e satisfazer seus
clientes, superando barreiras como as já citadas questões de segurança e de cultura
dos usuários. Nesse processo, os próprios fornecedores deverão direcionar esforços

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para se adequarem à nova realidade, passando obrigatoriamente por fatores como a
necessidade de elevar o nível dos serviços oferecidos aos seus consumidores.

Já para os usuários, as mudanças mais significativas devem mesmo acontecer no


segmento de profissionais que respondem pelas áreas de TI de organizações
presentes nos mais variados setores da economia. Com a utilização em maior escala
dos recursos propostos pela Cloud Computing, eles deverão modificar seu perfil, hoje
predominantemente técnico e operacional, e adotar uma nova postura, caracterizada
por uma atuação intimamente ligada aos negócios de suas empresas. Será preciso
adquirir novos conhecimentos e habilidades para desenvolver um trabalho em
extrema sintonia com outros departamentos, como forma de auxiliar suas
corporações na conquista de seus objetivos de mercado.

À espera das nuvens

Apesar de ainda não ser um conceito estabelecido e de motivar uma série de


questionamentos, a previsão de que a Computação em Nuvem será o próximo
grande passo na área de TI encontra importantes aliados em fatores como o
panorama cada vez mais incerto da economia global e a crescente necessidade das
empresas cortarem custos, reduzirem as despesas de energia e otimizarem suas
operações. Paralelamente a esse contexto, as empresas e usuários estão percebendo
gradativamente que é preciso modificar a visão que eles têm sobre tecnologia e
reavaliar sua função dentro das estruturas empresariais.

Assim, o que vislumbra um cenário propício e promissor para a Cloud Computing não
é apenas a possibilidade de reduzir os investimentos em recursos tecnológicos, mas
também, o entendimento de que esses recursos poderão ser utilizados de maneira
mais eficiente no negócio principal dessas organizações. Esse pensamento é
impulsionado pela provável ampliação de recursos de ponta a uma parcela maior de
usuários, a melhoria dos serviços oferecidos, a redução de equipamentos e
capacidades ociosas de computação nas empresas e a idéia de que os
departamentos de Tecnologia da Informação poderão migrar dos aspectos
puramente técnicos de hoje para se tornarem uma fonte geradora de importantes
ferramentas e soluções para o crescimento das corporações.

Segundo os defensores do conceito, tudo isso, e muito mais, será possível com a
Computação em Nuvem, e é justamente nessas bases que a propaganda da Cloud
Computing se apóia. Resta saber se todos os investimentos em pesquisa, o contexto
favorável e todo esse interesse inicial despertado pela idéia serão capazes de
transformar essa tendência em realidade, juntamente com todas as suas promessas.

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Cloud Computing

Módulo 2 – Evolução do Conceito

Como já foi destacado no primeiro módulo do curso, a Cloud Computing não é


exatamente um conceito novo, mas sim, o resultado da combinação de uma série de
outras tendências e processos que vem sendo desenvolvidos na área de tecnologia.
A utilização de todas essas aplicações em conjunto, com seus respectivos serviços e
vantagens oferecidas ao usuário, acabam por definir o que vem sendo chamado de
Computação em Nuvem. Desta forma, é importante conhecer um pouco mais a
fundo alguns desses recursos aos quais nos referimos. São eles: Application Service
Provider (ASP), Virtualização, Grid Computing, Utility Computing e Software como
Serviço.

Application Service Provider (ASP)

O Application Service Provider (ASP) é um formato de terceirização, baseado em


fornecedores que disponibilizam serviços e recursos de tecnologia e computação para
projetos específicos de determinados usuários, através da Internet. Entre essas
ferramentas podemos incluir softwares, infra-estrutura e mesmo mão-de-obra
especializada. Neste modelo, a partir de um centro de dados com grande potencial,
os provedores desenvolvem e alugam aplicações e serviços, adaptados a
necessidades específicas de seus clientes. Os consumidores por sua vez, pagam uma
taxa mensal para usufruir dessas operações.

A adoção do modelo ASP traz como atrativo a expectativa de economia


proporcionada aos usuários, especialmente as pequenas e médias empresas, que
podem ter acesso a recursos tecnológicos de ponta a um custo relativamente baixo,
eliminando a necessidade de realizar investimentos em uma infra-estrutura própria
ou mesmo de melhorar os sistemas que já possuem.

Além desses aspectos, o Application Service Provider promete outros benefícios,


como a agilidade para atualizar aplicativos e sistemas, e o fim da necessidade de
upgrades nas versões de software, por exemplo.

Virtualização

Uma das tendências em destaque no setor de tecnologia nos últimos anos e


apontada como um dos recursos que mais trará impactos para esse segmento a
médio prazo, a Virtualização é um processo que permite – a partir do uso de
softwares - a utilização simultânea de diversos sistemas operacionais em um único
servidor, otimizando os data centers e maximizando o uso dos recursos
computacionais disponíveis nas organizações.

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Diversas empresas vêm apostando na Virtualização como uma forma de amenizar a
extrema fragmentação de suas infra-estruturas tecnológicas, que demandam muito
espaço físico e consomem altos índices de energia, com o trabalho de uma série de
servidores independentes e muitas vezes ociosos. Geralmente, empresas montam
infra-estruturas preparadas para suportar momentos de pico de utilização. Assim, ao
mesmo tempo em que existem máquinas rodando 100% de sua potência, há outros
servidores utilizando apenas 10% a 15% de sua capacidade máxima, o que gera
desperdício.

Reduzindo esses gastos desnecessários, as vantagens trazidas pela virtualização em


relação à infra-estrutura são muito claras. Ela possibilita um melhor aproveitamento
da capacidade dos servidores, reduzindo a necessidade de máquinas e,
conseqüentemente, gerando economia em espaço e nos gastos com eletricidade e
refrigeração de data centers. Além disso, permite centralizar aplicativos, facilitando o
gerenciamento do ambiente, o suporte e a atualização. Como exemplo desse fator,
uma troca de sistema, que normalmente levaria meses para ser feita máquina por
máquina, pode ser finalizada em apenas alguns dias em um ambiente virtualizado.

Grid Computing

Outra tendência cada vez mais difundida em tecnologia é a Grid Computing.


Derivada da computação distribuída, a chamada Computação em Grade permite
utilizar uma grande capacidade de processamento sem que o usuário precise se
preocupar com a origem desses recursos ou como eles são mantidos. Através de
camadas virtuais, é possível alcançar alta taxa de processamento ao se dividir as
tarefas em diversas máquinas, utilizando os recursos ociosos desses computadores
independentes. Para compor esse supercomputador virtual, a Grid Computing pode
ser desenvolvida em rede local ou de longa distância.

Assim, a Computação em Grade torna acessível o que antes estava restrito a


equipamentos de custo muito elevado: o desenvolvimento de uma série de
aplicativos de ponta e a utilização de uma grande variedade de recursos
computacionais sem a necessidade de investimentos em novos equipamentos.

A Grid Computing tem origem nas soluções desenvolvidas para dar continuidade às
pesquisas acadêmicas na década de 90. Esses estudos exigiam o processamento de
grandes quantidades de dados, como cálculos, mas encontravam sérias barreiras nas
verbas escassas para custear o equipamento necessário para que o trabalho fosse
executado. Hoje, essa tecnologia já é colocada em prática por companhias de
diversos segmentos, que aproveitam a capacidade ociosa de algumas máquinas para
ampliar as possibilidades de atuação de seus equipamentos.

Utility Computing

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Dentro do panorama de conceitos e idéias que vem se desenhando no mercado de
Tecnologia da Informação, a Utility Computing é mais uma peça-chave entre as
novidades difundidas recentemente no setor. Em um modelo que poderia ser
traduzido como Computação de Utilidade Pública e classificado como Computação
sob Demanda, o usuário tem a possibilidade de contratar software, hardware e
serviços conforme sua necessidade de utilização e em função de fatores como picos,
quedas e conforme o período de uso. Nesse formato, o processo se assemelha ao
modo de comercialização de serviços como o fornecimento de água, luz ou telefone.

Dessa forma, a idéia da Utility Computing é que o usuário, seja ele uma empresa ou
um indivíduo, possa utilizar software como quem abre uma torneira ou acende a luz,
concentrando sua atenção em apenas fazer uso dos recursos de computação,
enquanto os fornecedores se ocupam dos investimentos para viabilizar uma infra-
estrutura que permita a disponibilidade e ao mesmo tempo, a qualidade dos serviços
que chegam ao consumidor da tecnologia em questão.

Ao possibilitar a compra e o consumo temporário de capacidades extras de


processamento e armazenamento de dados, a Computação de Utilidade Pública
auxilia as empresas em questões como redução de custos, controle na utilização de
tecnologia e flexibilidade para contratar serviços e ferramentas de acordo com os
projetos específicos que irá desenvolver, sem que para isso precise adquirir
aplicativos que não terão utilidade constante após essa primeira aplicação. Nessa
mesma linha de raciocínio, as corporações podem ter acesso a equipamentos e
recursos para atender necessidades sazonais, onde seus negócios atingem maior
demanda de tecnologia, diferentemente de outras épocas do ano.

Software como Serviço

Executado por meio de navegador de Internet, sem demandar a instalação de


códigos no computador do usuário, o Software como Serviço, ou Software as a
Service (SaaS), pode ser definido na prática como uma evolução dos Application
Service Providers (ASPs), com a diferença de que os programas disponibilizados por
esse recurso tecnológico não servem apenas a uma necessidade específica de um
único usuário, mas sim, a de diversos clientes dos fornecedores.

No caso do Software como Serviço, a intenção não é desenvolver um novo aplicativo,


mas sim, uma nova forma de entregar via web programas com recursos já
disponíveis no mercado, sem que o usuário tenha necessidade de arcar com os
custos de licença anuais por uso, como acontece tradicionalmente neste segmento.
De certa forma, o SaaS se assemelha ao conceito geral de Cloud Computing, mas
aqui relacionado apenas à comercialização de softwares.

Outra diferença importante do Software como Serviço em relação ao ASP é a


questão da permanência dos serviços oferecidos. Se antes as organizações
contratavam os provedores para desenvolver projetos esporádicos, no caso do SaaS,
essa relação entre fornecedor e usuário é mais duradoura.
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Um dos principais benefícios desse modelo de entrega de computação é a redução
dos investimentos em infra-estrutura, já que o serviço é operacionalizado através da
rede, sob o pagamento de uma taxa contínua de utilização. Para os usuários, o SaaS
vem se mostrando como uma alternativa mais atraente e econômica se comparada
às operações que privilegiavam a aquisição de programas tradicionais, com todos os
custos que esse tipo de iniciativa acarreta, incluindo a atualização de aplicativos, e
conseqüentemente, de equipamentos.

Cloud Computing

Módulo 3 – Benefícios

Neste módulo, trabalharemos mais a fundo algumas das vantagens que as soluções
baseadas na Cloud Computing prometem trazer para a área de Tecnologia da
Informação, especialmente para a cadeia de usuários corporativos desse mercado.

Novo formato de aquisição de tecnologia

Um dos principais efeitos positivos que a Cloud Computing pode trazer é o


estabelecimento e a consolidação de um novo modelo de acesso à tecnologia. A sua
aplicação básica consiste na idéia de que as empresas usuárias passem a privilegiar
a contratação de serviços ao invés de comprarem produtos e a pagarem para ter
uma infra-estrutura em seus domínios, transferindo essa responsabilidade para
fornecedores e intermediários.

Ao mesmo tempo em que suas estruturas de tecnologia migram para uma base
virtual suportada por contratos de serviços, em detrimento da compra de aplicativos,
sistemas e programas, as empresas podem utilizar esses recursos de acordo com a
sua demanda, pagando apenas por aquilo que consumirem. Isso também favorece a
realização de projetos específicos, que nos modelos anteriores eram mais difíceis de
serem desenvolvidos, já que dependiam muitas vezes de investimentos de alto
custo, impraticáveis para as verbas reduzidas de muitas áreas de TI ou mesmo por
seu custo-benefício no conjunto de operações das corporações. Com a Cloud
Computing, essa opção torna-se viável, pois as soluções de ponta estarão disponíveis
a preços e formas mais compatíveis com a realidade econômica das organizações.

Essa flexibilidade no consumo de tecnologia também permitirá que as companhias


ampliem suas capacidades de computação à medida que seus negócios alcancem
novos patamares. Ao contrário do que se verifica hoje, a Computação em Nuvem
poderá diminuir significativamente a necessidade de grandes investimentos na
compra de hardware e software para as empresas que estão ingressando no
mercado, assim como agilizará e facilitará a atualização de programas e sistemas de
organizações que já estão em operação em diversos nichos.

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Redução de custos de TI

Com o surgimento de um novo parâmetro de aquisição de tecnologia e a


conseqüente transferência parcial ou total de infra-estrutura para os fornecedores,
os custos tendem a cair para os usuários de TI. A exigência da compra de
equipamentos de grande potência e variedade de recursos passa a ser menor, pois
toda a parte mais complexa e mais cara deste processo estará abrigada na nuvem,
sob responsabilidade de terceiros. Os recursos na ponta são simplificados e uma boa
conexão de Internet, muitas vezes, pode vir a ser mais importante que o
investimento em data centers e sistemas com grande capacidade de computação,
que exigem quantias elevadas para serem instalados.

Além da redução de investimentos em infra-estrutura, a possibilidade de firmar


contratos de nível do serviço (SLA, na sigla em inglês) e de pagar pelos recursos à
medida que estes sejam utilizados também proporciona uma diminuição sensível dos
custos dos usuários. Atualmente, para manterem suas estruturas de TI e dar suporte
às operações de seus negócios, muitas empresas contam com equipamentos ociosos
na maior parte do tempo, com capacidades sub-aproveitadas e alto consumo de
energia. As soluções de Cloud Computing devem trazer boas alternativas para
amenizar esse quadro que afeta o orçamento das companhias, reduzindo o
desperdício gerado por esses sistemas.

Aliado ao pagamento por serviços conforme a demanda, outro fator que contribuirá
para a economia dos usuários será a ausência de custos com manutenção,
atualização, licenças e suporte, que hoje concentram uma fatia considerável das
verbas destinadas às áreas de Tecnologia da Informação nas empresas. No cenário
da Cloud Computing, essa verba poderá ser redirecionada para outros fins, abrindo
uma nova gama de possibilidades para as corporações.

Mais tempo para dedicação aos negócios

No modelo desenvolvido nos dias de hoje pela maioria das empresas, os


departamentos e profissionais de Tecnologia da Informação privilegiam seus esforços
e concentram boa parte de seu tempo para resolver questões relacionadas à
manutenção dos equipamentos. Atualmente, 70% do trabalho das áreas de TI nas
corporações é direcionado para a solução de problemas e situações dessa natureza,
de acordo com o pesquisador Nicholas Carr, um dos principais nomes na defesa e na
divulgação do conceito de Cloud Computing em todo o mundo.

A partir da nova maneira de consumir tecnologia na forma de serviços (hardware,


softwares, armazenamento, processamento e gestão de dados), essa preocupação
com a manutenção de equipamentos e componentes será em grande parte
“terceirizada”, juntamente com a infra-estrutura de computação e os centros de
dados das empresas. Ela deixará de ser a função principal das áreas de Tecnologia
da Informação, o que reduzirá de forma considerável o tempo gasto pelos
profissionais nesse sentido.
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Desse modo, os chefes e demais integrantes desses departamentos estarão liberados
para se dedicarem quase que integralmente ao core business de suas organizações,
ou seja, para desenvolverem novos projetos, iniciativas e estratégias de tecnologia
que otimizem e potencializem a aplicação de recursos computacionais em conjunto
com outras áreas, contribuindo decisivamente para o bom andamento dos negócios
das empresas em seus respectivos mercados de atuação.

Outro papel que os profissionais de TI podem desempenhar é pesquisar, determinar


e implantar as soluções disponíveis no mercado que se mostrarem mais adequadas
para reduzir os custos, agilizar os processos realizados em toda a empresa e fazer
com que o desenvolvimento da tecnologia utilizada seja proporcional ao crescimento
dos negócios da companhia.

Escalabilidade, alta disponibilidade a agilidade

Um dos pontos que a Cloud Computing deve favorecer é uma maior agilidade na
escalabilidade da infra-estrutura das empresas, que poderão aumentar e diminuir
suas capacidades de computação sempre que for oportuno, de forma imediata e
rápida, sem que para isso tenham que prejudicar suas operações ou efetuar a troca
de equipamentos, máquinas e componentes. Paralelamente, a nuvem também
auxiliará na determinação por parte dos profissionais de TI da estrutura mínima de
recursos tecnológicos para que as empresas mantenham seus negócios.

A Computação em Nuvem também deverá ampliar a oferta de sistemas de alta


disponibilidade para um leque maior de clientes, estabelecendo mais garantias para
os usuários e minimizando os riscos de falhas e interrupção de suas atividades em
virtude do não funcionamento de determinados recursos.

Para os usuários, outro benefício será a facilidade para trabalhar a partir de qualquer
local com os dados abrigados nas nuvens da Cloud Computing, já que os dispositivos
de acesso à Internet estão em franco desenvolvimento, assim como seus aplicativos
e ferramentas. Deste modo, muitas das operações das empresas, especialmente as
externas, ganharão em agilidade e rapidez, otimizando o tempo dos profissionais,
aumentando sua produtividade e melhorando o atendimento aos clientes dessas
companhias.

Benefícios e oportunidades para os fornecedores

Assim como os usuários, os fabricantes de tecnologia também poderão ser


beneficiados com os efeitos da Computação em Nuvem, especialmente se souberem
se adequar à realidade desse modelo.

Uma das oportunidades que a Cloud Computing deve abrir para os fornecedores é o
ganho de escala em termos de clientes. Se antes eles desenvolviam pacotes de

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produtos e sistemas extremamente caros para uma pequena parcela de usuários, a
nuvem possibilitará a oferta desses recursos de ponta, por meio de serviços, a um
número maior de consumidores, em especial, as pequenas e médias empresas, que
passarão a ter acesso mais fácil a tecnologias sofisticadas. Se bem trabalhada, essa
base potencial de clientes poderá ampliar o mercado desses fornecedores e
conseqüentemente, elevar sua participação dentro de seus respectivos segmentos.

Outro ponto que deve ser explorado por essas empresas fabricantes é aproveitar o
formato para desenvolver novos negócios e aplicativos que estabeleçam um
diferencial para suas operações no mercado, assim como o investimento na melhoria
dos serviços ofertados aos usuários.

Cloud Computing

Módulo 4 – Impacto nas áreas de Tecnologia da Informação das empresas

Como já vimos anteriormente, os departamentos de Tecnologia da Informação das


companhias, e por conseqüência os profissionais de TI, estarão entre os principais
afetados pelo novo formato de negócios prometido pela Cloud Computing. Neste
módulo procuraremos analisar de que maneira isso poderá ocorrer e quais aspectos
estarão em jogo nesse processo.

A visão da Cloud Computing no mercado

É importante identificar, antes de mais nada, como a evolução da Cloud Computing é


vista atualmente pelos profissionais de Tecnologia da Informação. Por não se tratar
de uma nova ferramenta ou técnica da área de TI, e sim de um conceito, a
abrangência da Computação em Nuvem ainda é objeto de estudo e discussão entre
empresários e especialistas do setor.

O tema vem despertando a curiosidade dos profissionais de TI, cada vez mais ávidos
por soluções que permitam aliar o gerenciamento integrado e o armazenamento de
dados com a redução de custos e a necessidade constante de aplicar recursos que
acompanhem o crescimento econômico de suas empresas.

A Cloud Computing é vista como uma possível resposta para essas demandas por
grande parte dos analistas, mas encontra suas ressalvas em outras frentes, que
vêem na supervalorização desse conceito uma certa dose de exagero, já que suas
promessas ainda contam com poucos exemplos práticos e suas implicações ainda
não são totalmente conhecidas, ou mesmo não encontraram alternativas
satisfatórias para serem solucionadas.

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Outros profissionais e especialistas também entendem que toda a movimentação e a
discussão em torno da Computação em Nuvem encontram suas raízes mais atreladas
a ações de marketing do que propriamente às novidades que o conceito pode trazer,
visto que os recursos destacados pelos defensores da idéia já são oferecidos – em
maior ou menor grau – por algumas tendências de mercado, como a terceirização de
infra-estrutura de TI ou mesmo de áreas de negócios, o chamado Business Process
Outsourcing (BPO).

Mudança na infra-estrutura de TI

O movimento de terceirização e virtualização do ambiente de TI e a migração dos


aplicativos e recursos para a Cloud Computing vêm ao encontro da complexidade
que permeia a evolução tecnológica. Diante desse cenário, as empresas terão que se
adequar ao novo modelo que vem se configurando e esse ajuste incluirá a
necessidade de repensar a infra-estrutura, ajustar a interface dos usuários com os
sistemas e alterar o foco da área de tecnologia dentro das companhias.

Para atingir essas metas, a compreensão e a percepção das novas relações no


mercado de tecnologia por parte dos profissionais dessas áreas será fundamental,
bem como a escolha do melhor caminho a ser seguido neste contexto. Se por um
lado a transferência de infra-estrutura das empresas para terceiros estará em alta,
caberá aos responsáveis pelos departamentos de TI identificar qual o nível mais
adequado para essa transição dentro da realidade de sua organização. Como
exemplo desse processo, em alguns casos, a migração total dos sistemas se
mostrará mais interessante para os negócios da companhia. Em outros, a adoção de
um modelo híbrido de gestão será mais viável para alcançar os resultados esperados.

Diversos estudiosos do setor entendem que a tendência é mesmo uma redução


significativa das estruturas físicas e dos centros de dados das empresas, muito em
virtude da busca pela economia de espaço e de custos, especialmente no que se
refere aos altos gastos com manutenção e energia. Os equipamentos dentro das
companhias deixarão gradativamente de serem tratados como um ativo, uma
estrutura própria, em virtude de suas necessidades constantes de atualização,
aliadas à rápida depreciação desses recursos.

Redução de pessoal

As modificações na infra-estrutura de tecnologia não implicarão apenas na redução


de hardware e na simplificação dos data centers das empresas. Com o
estabelecimento do conceito de Cloud Computing, a aplicação dessas práticas
fatalmente trará como conseqüência a formação de departamentos mais enxutos de
Tecnologia da Informação, tendo em vista que muitas das atribuições do setor
passarão a estar sob responsabilidade dos fornecedores de serviços.

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Alguns estudiosos mais alarmistas chegam mesmo a prever a extinção das áreas de
TI em muitas empresas nos próximos anos e a migração dos profissionais para as
fabricantes de tecnologia, que não terão condição de absorver todo esse contingente.

Outros analistas mais comedidos acreditam que, mesmo reduzidos, esses


departamentos sobreviverão na estrutura das empresas, porém, com um outro
papel, expresso em poucas funções, de caráter mais estratégico.

Assim, o principal desafio para os profissionais das áreas de TI será encontrar novas
formas de atuação e novas maneiras de mostrarem-se úteis dentro do organograma
da empresa, o que exigirá mudanças de foco e direcionamento, como veremos a
seguir.

A necessidade de um novo profissional de TI

Apoiado pelo desenvolvimento de soluções tecnológicas e pelos crescentes


investimentos dos fabricantes de tecnologia na construção de data centers capazes
de rodar um volume crescente de informações, tirando dos usuários essas
responsabilidades, o conceito de Cloud Computing caminha para se tornar realidade
em um futuro não tão distante.

Diante dessa nuvem que vem ganhando forma no horizonte da Tecnologia da


Informação, quais são as perspectivas para os profissionais da área de TI das
empresas usuárias? Segundo o estudioso Nicholas Carr, os profissionais com
capacidades técnicas estarão cada vez mais fora dos ambientes de TI dessas
companhias e perderão espaço no mercado.

Para se sustentar e se sobressair nessa nova etapa em que a tecnologia deve estar
inserida, o profissional vai ter que se reciclar, adquirindo conhecimentos mais
abrangentes para desempenhar um papel menos técnico e mais estratégico nas
empresas. O padrão atual de funcionário dos departamentos de TI, onde a maioria
das iniciativas das iniciativas acaba se voltando para as soluções ligadas à
manutenção, promete ficar obsoleto.

Em meio às mudanças causadas pela Computação em Nuvem, as exigências para os


profissionais serão ampliadas, abrangendo novos patamares de atribuições e
compreendendo funções bem mais complexas do que as exercidas atualmente,
extremamente caracterizadas por aspectos operacionais.

Com a migração de grande parte da estrutura interna de tecnologia para terceiros,


os profissionais poderão se dedicar integralmente na elaboração e implantação de
uma gestão integrada de TI, aproximando suas iniciativas e projetos do principal
negócio das empresas. Ao identificar e implementar as ferramentas mais adequadas
para o crescimento da companhia como um todo, criando condições para que a
tecnologia suporte e acompanhe esse desenvolvimento, os funcionários das áreas de
TI irão estabelecer uma nova vocação para o seu trabalho, com um grande ganho de
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produtividade para suas organizações. Em muitos casos, a tecnologia pode até deixar
de ser apenas um “meio” para que a empresa realize seus negócios, e passe a atuar
mais diretamente no negócio final da companhia.

Os indivíduos que souberem fazer essa transição do padrão técnico de hoje para o
perfil de negócios do profissional de TI da Cloud Computing sairão na frente e irão
ganhar muitas posições nessa corrida.

O tempo como aliado

A partir da mudança de foco pela qual passarão os departamentos de Tecnologia da


Informação, os profissionais dessas divisões terão um importante auxílio para
estabelecer novos parâmetros e desempenhar uma função diferenciada dentro das
companhias.

O fator tempo, antes gasto prioritariamente nas questões de manutenção, poderá


ser redirecionado para outros fins, abrindo muitas oportunidades para que esses
indivíduos se dediquem ao desenvolvimento de ferramentas e recursos de caráter
inovador para os negócios das organizações.

Além disso, a centralização de dados (armazenamento, processamento) em sistemas


de grande capacidade de computação também permitirá que esses profissionais
tenham uma visão global do contexto em que a empresa está inserida, abrangendo
desde os principais problemas enfrentados em suas operações, até uma infinita
variedade de soluções disponíveis para resolver essas barreiras da forma mais
adequada e eficiente.

Cloud Computing

Módulo 5 – Desafios para os fornecedores

Se as mudanças para os usuários devem ser profundas, para as empresas


fabricantes de tecnologia a nuvem apresentará uma série de desafios, já que eles
serão os responsáveis por duas etapas essenciais para o sucesso do conceito de
Computação em Nuvem: a oferta e a entrega dos recursos de computação neste
novo modelo. Por isso, é importante destacarmos alguns desses aspectos que
deverão ser trabalhados pelos fornecedores.

Transição para um novo modelo de negócios

O primeiro detalhe a ser levado em conta pelos fornecedores de Tecnologia da


Informação será o novo modelo de negócios, baseado majoritariamente na oferta de
serviços, e não mais na venda de produtos como hardware e softwares. As empresas
devem estar atentas para todas as implicações que essa transição acarreta, tanto em

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termos operacionais como no que se refere aos trâmites burocráticos, especialmente
na formalização da nova relação com seus clientes.

Um passo fundamental nesse sentido será estabelecer a forma de cobrança pelos


serviços que serão oferecidos aos usuários, além de definir preços, duração,
cláusulas e tipos de contrato, margens de negociação, enfim, um padrão para que
seus recursos possam ser comercializados no mercado de maneira competitiva e
viabilizem o retorno de seus investimentos. Outra necessidade das empresas
fornecedoras será implementar uma estrutura para lidar com o provável alto volume
de contratos.

Paralelamente, através de suas divisões, a companhia precisa estar capacitada para


dar suporte e atender aos seus usuários e clientes em potencial de forma ágil e
qualificada, além de garantir a eficiência de aspectos como manutenção, bom
funcionamento dos recursos, inovações e a entrega de um serviço de alto nível.
Neste campo, será preciso reservar uma atenção especial para soluções que
resolvam problemas internos, como por exemplo, a economia de energia, já que
para garantir soluções de qualidade, o fornecedor terá que arcar com o alto custo
operacional de seus equipamentos.

Em busca dessa excelência e da agilidade nos serviços, as empresas também


deverão avaliar as vantagens de estabelecer parcerias com outros fornecedores ou
intermediários, com o objetivo de ampliar seu leque de soluções e poder atender de
forma mais completa e abrangente às demandas de seus clientes.

Mudança de mentalidade

Atualmente, o conceito de Cloud Computing é o centro de muitos debates e


discussões, e vem despertando o interesse de analistas, pesquisadores, profissionais
e empresários do setor de tecnologia. Porém, essa curiosidade quanto ao tema ainda
não se traduz em um entusiasmo significativo por parte dos usuários corporativos,
ou seja, em uma súbita empolgação que os levem a simplesmente querer abraçar
essa nova tendência em suas organizações sem maiores questionamentos. Essa
resistência é reforçada pelo fato da definição sobre a Computação em Nuvem ainda
não estar totalmente clara para muitos profissionais da área.

Ao lado de fatores como a incerteza sobre a qualidade e confiabilidade dos serviços


que serão oferecidos, e de quais as reais vantagens e retornos que a Cloud
Computing pode trazer para a estratégia de tecnologia de suas empresas, a cultura
desses profissionais responsáveis pelas áreas de TI nas companhias é um dos
grandes obstáculos a serem superados pelos fornecedores.

Acostumados a centralizar todas as informações e recursos em suas mãos, esses


profissionais ainda vêem com grandes ressalvas a possibilidade de transferirem
essas atribuições para fora de seus domínios, sob a responsabilidade de terceiros. A
idéia de que todo o processo de gestão tecnológica não estará mais inteiramente sob
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seu controle ainda encontrará um longo caminho para ser digerida por esses
indivíduos.

Deste modo, os fornecedores de tecnologia deverão dedicar grande parte de seus


esforços na tentativa de modificar gradualmente a mentalidade dos profissionais de
TI das empresas usuárias, desenvolvendo estratégias que demonstrem, com clareza,
em que a Cloud Computing pode ser útil para o trabalho dessas pessoas e,
conseqüentemente, para os resultados que eles poderão vir a proporcionar para as
corporações. Os prestadores de serviços terão de trabalhar muito para definir e
divulgar essa nova proposta de negócios, e nesse sentido, as iniciativas e
abordagens de marketing serão fundamentais.

Legado de infra-estrutura

Quando falamos da necessidade de promover uma mudança de postura dos usuários


corporativos não estamos nos referindo apenas ao receio que esses profissionais
nutrem em relação aos impactos que a Computação em Nuvem poderá trazer
diretamente para o seu trabalho, mas também, aos fatores estruturais que
provavelmente afetarão as companhias como um todo.

Um dos pontos-chave para essas organizações na transição para o cenário da Cloud


Computing é a questão do legado de infra-estrutura de tecnologia. É um processo
extremamente difícil e complexo entender e aceitar que os equipamentos e
máquinas que consumiram altos investimentos da empresa para a montagem de
uma base tecnológica podem, de uma hora para outra, ter sua utilidade minimizada
ou mesmo descartada no conjunto de operações da companhia. Além disso, outra
dificuldade para os departamentos de TI será justificar, dentro da própria
corporação, esse possível descarte de sistemas de computação que demandaram
recursos vultuosos para serem adquiridos.

Sendo assim, as fabricantes e fornecedoras de serviços devem encontrar meios


eficazes para conseguir convencer as corporações que por muitos anos direcionaram
pesados investimentos para a área de tecnologia com o objetivo de abastecer e
implementar seus centros de dados e seus sistemas de operação. Em contrapartida,
a necessidade de constante atualização dos recursos tecnológicos nas empresas, em
virtude de seu alto grau de depreciação, tende a se reduzir com a transferência de
infra-estrutura para os fornecedores. Se os prestadores de serviço souberem
trabalhar esse argumento, mostrando o retorno que as organizações terão a médio e
longo prazo, este poderá ser um grande fator de persuasão junto aos seus clientes.

Segurança e confiabilidade

Um tema que também deve concentrar os esforços das empresas de fornecimento de


serviços de TI é a segurança dos dados de terceiros que estarão sob suas
responsabilidades. Para o sucesso de suas operações, essas companhias terão

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obrigatoriamente que desenvolver meios eficazes para garantir a máxima proteção e
a confidencialidade desses data centers virtuais, evitando um vazamento de
informações extremamente prejudicial para seus clientes.

Na prática, uma estrutura precária de segurança pode colocar em risco dados


extremamente sigilosos, como por exemplo, as informações financeiras ou o banco
de dados de clientes de algumas empresas. Assim, a falta de investimentos em uma
estrutura lógica e física que resguarde a integridade de elementos confidenciais dos
usuários dificultará bastante a adesão das corporações ao modelo de terceirização
proposto pela Cloud Computing.

Juntamente com a segurança, o conhecimento detalhado por parte dos usuários dos
trâmites operacionais e da forma como o sistema é disponibilizado pelos
fornecedores será essencial para que esse cliente estabeleça uma relação de
confiança com seus prestadores de serviços. Um passo importante para conquistar
esse nível de parceria é garantir que o usuário em questão tenha ferramentas para
controlar quem terá acesso aos dados da companhia nessa estrutura terceirizada.

Qualidade dos serviços

De nada adiantará destinar recursos para superar todas as barreiras citadas


anteriormente se o nível dos serviços oferecidos ao cliente não sustentar, na prática,
o que está sendo vendido na teoria. Os fornecedores não devem medir esforços para
tornar realidade as promessas sugeridas pela Cloud Computing e para comprovar
que o conceito pode ir além de tudo aquilo que hoje já é oferecido em termos de
tecnologia. Só assim, a nuvem poderá atrair os consumidores e mostrar que não é
apenas mais uma versão maquiada para tendências já disponíveis no mercado.

Assim, as empresas fornecedoras devem investir cada vez mais em pesquisas e


estudos inovadores, que permitam a formatação de um pacote que reúna,
desenvolva e atualize de forma constante recursos como alta disponibilidade,
escalabilidade e latência, ou seja, o tempo de resposta, a agilidade na entrega dos
serviços. Por outro lado, elas deverão fornecer subsídios para que seus clientes
possam medir o retorno de seus investimentos.

Além de ser uma condição básica para os negócios, a qualidade dos serviços
prestados deve ganhar ainda mais peso, já que a relação fornecedor-cliente será
regida por um contrato de nível de serviço, que estabelecerá regras e até multas se
alguma promessa não for cumprida satisfatoriamente.

Cloud Computing

Módulo 6 – Soluções no mercado

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Neste módulo nós iremos destacar algumas das soluções formatadas dentro da Cloud
Computing ou próximas daquilo que o conceito promete como modelo de entrega de
serviços de tecnologia.

Ao falarmos de recursos e formatos que já estão sendo oferecidos aos usuários


corporativos do mercado de tecnologia em todo o mundo ou em desenvolvimento,
vamos priorizar em cada tópico uma determinada aplicação do conceito da
Computação em Nuvem.

Aplicativos de escritório

Em termos de soluções que podem ser aplicadas nas rotinas de trabalho das
organizações, a oferta de serviços baseadas na proposta da Computação em Nuvem
vem crescendo nos últimos tempos, com a participação de empresas que, até então,
não atuavam com esse tipo de aplicativo.

O Google, que tem a raiz de seus serviços planta na Internet, criou o Google Apps
Premier Edition, um pacote de serviços com formato definido para concorrer com o
pacote Office, da Microsoft, e com demais alternativas baseadas em código aberto.

Hospedado na web e com foco empresarial, o pacote conta com recursos como e-
mail com alta capacidade de armazenamento, comunicador instantâneo, agenda,
editor de textos, planilhas, “gerador” de sites, página web inicial que pode ser
customizada, proteção contra malwares, ferramentas de gerenciamento de TI e
implementação de políticas de compliance, além de suporte técnico por telefone,
suporte a acesso via Blackberry e garantia de 99,9% de disponibilidade por ano,
garantida por contrato.

Com a proposta, o Google espera conquistar uma boa recepção junto aos usuários
domésticos e repetir essa boa acolhida no mercado corporativo, seguindo a
tendência da Cloud Computing e apostando em fatores como o menor custo em
relação ao pacote Office, apesar de ainda não oferecer tantos recursos quanto o
concorrente da Microsoft.

A disputa pelos aplicativos deve aumentar nos próximos anos. Outra companhia de
peso que pretende brigar pelo mercado hoje dominado pela Microsoft é a IBM, com o
seu Lotus Simphony, um conjunto de ferramentas de escritório que também leva a
Internet um processador de texto e de planilhas, e um editor de apresentações.

Sistemas de gestão empresarial

Trabalhando com uma quantidade crescente de informações em suas operações, que


envolvem a necessidade de gerenciamento de aspectos diversos como finanças, RH,
produção, estoque e vendas, várias empresas têm optado pela terceirização do
controle dessas atividades.

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Nesse cenário, os sistemas de gestão empresarial (ERP, na sigla em inglês)
oferecidos por empresas como Oracle, SAP e Totvs, vêm desempenhando um papel
fundamental para centralizar esses dados, agilizar a atualização das informações e
facilitar o controle da empresa para a tomada de decisões.

Nos últimos anos, as grandes empresas do setor têm investido na mudança do


modelo de entrega desses softwares, caracterizando-se cada vez mais por ofertas de
serviços, e não de produtos. No caso da Oracle, por exemplo, esse novo panorama
inclui fatores como a oferta de parte dos recursos de um programa e o pagamento
sob demanda ou de acordo com o número de usuários, com a opção de abrigar o
software tanto nos data centers da companhia como nas instalações do cliente em
questão ou de intermediários.

A SAP, por sua vez, está trabalhando no Business ByDesign, suíte online de soluções
sob demanda que será direcionada para pequenas e médias empresas e vem
concentrando os esforços de desenvolvimento da companhia há mais de cinco anos.
A idéia inicial é de que a cobrança pelo serviço seja feita através do pagamento de
uma taxa mensal por usuário.

Sistemas de relacionamento com o cliente

Outro setor que já vem apresentando soluções próximas ao conceito de Computação


em Nuvem é o mercado de sistemas de relacionamento com o cliente (CRM, na sigla
em inglês), que abrange diversas formas das empresas se relacionarem com seus
consumidores, desde aspectos relacionados a vendas, call center, ações de
marketing e canais de comunicação, entre outras questões.

Neste segmento, um nome de destaque é a Salesforce, que já ultrapassou a marca


de 1 milhão de usuários em todo o mundo, incluindo clientes brasileiros nesse
pacote. No modelo de negócios praticado pela companhia, o programa de
relacionamento é totalmente baseado na Internet, com hospedagem nos data
centers da empresa, localizados nos Estados Unidos.

A partir desses centros de dados, a Salesforce fornece um pacote de soluções de


CRM a seus clientes, que inclui ferramentas para operações e estratégias de vendas,
serviços, marketing e centro de atendimento ao cliente. Através desses recursos,
que podem ser acessados através de um navegador, os usuários podem gerenciar de
forma integrada todas essas atividades, o que permite agilizar diversos processos na
estrutura da companhia.

Todos esses recursos são ofertados no modelo de serviços e a cobrança por essas
tecnologias é feita por meio de taxas, que se assemelham ao pagamento de uma
assinatura por parte dos clientes.

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Com o objetivo de tornar seus serviços mais abrangentes, a Salesforce fechou uma
parceria com o Google, que possibilita a combinação de seus aplicativos de
Gerenciamento de Relacionamento com o Cliente com os aplicativos do Google Apps.

Serviços de data center

O investimento em serviços de data center é mais uma tendência que caminha rumo
aos preceitos estipulados na Computação em Nuvem. Muitas empresas estão
“alugando” parte da capacidade de seus poderosos centros de dados para usuários
que necessitam de potência extra de computação para viabilizar seus negócios. Do
mesmo modo, empresas como Tivit, EDS, IBM e Accenture têm se especializado cada
vez mais em não serem apenas provedores e integradores de infra-estrutura, mas
também de serviços agregados, como consultoria, gestão e desenvolvimento de
sistemas.

Mais conhecida por sua atuação no mercado de e-commerce (comércio eletrônico), a


Amazon também já está focando parte de suas atividades para o modelo de entrega
previsto na Cloud Computing, desenvolvendo diversos serviços na área de Tecnologia
da Informação, entre os quais, um dos principais destaques é o que vem sendo
chamado de Elastic Cloud Computing (EC2). A companhia começou a apostar nas
nuvens pelo fato de possuir um grande centro de dados, mantido para suportar suas
próprias operações, mas que se encontrava ocioso em algumas épocas do ano.

Com o Elastic Cloud Computing, a Amazon oferece grandes capacidades de


processamento e computação para as empresas através dos servidores da Amazon
Web Services, empresa subsidiária da companhia, além de prometer uma boa
escalabilidade e alta disponibilidade para quem utiliza o pacote. Apostando em um
modelo de contrato de nível de serviço, a Amazon cobra pelos serviços na medida
em que estes são consumidos pelos usuários.

Contando com clientes como o jornal The New York Times e a National Geographic, a
empresa já oferece o serviço nos Estados Unidos e em países da Europa, e pode ser
utilizado em conjunto com outras aplicações em nuvem da Amazon, como o Simple
Storage Service (S3), que trabalha com o armazenamento de dados.

Aplicações para usuários domésticos

Em meio aos recursos que privilegiam os usuários corporativos, uma série de


aplicativos que miram os usuários domésticos e mantém contato com o conceito de
Cloud Computing também já estão disponíveis no mercado, sempre com base na
Internet.

Um dos exemplos dessa tendência é o Photoshop Express, versão online da Adobe


para o conhecido software de edição de imagens. Gratuito e mais simples do que o

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programa original, o aplicativo conta com recursos de edição e tratamento, além de
permitir que os usuários armazenem e compartilhem suas fotos na rede.

Outra solução neste contexto é o Num Sum, aplicativo gratuito da TrimPath que
fornece recursos para a criação e o gerenciamento de planilhas eletrônicas, contando
com algumas ferramentas como cálculos, gráficos e formatação de células.

Já no Brasil, o provedor Terra disponibiliza o Terra Disco Virtual, serviço que


disponibiliza uma capacidade de armazenamento de até 100 MB e conta com
ferramentas de compartilhamento de pastas com outros usuários. Outra vantagem é
o recurso de poder acessar os arquivos de qualquer lugar do mundo.

Cloud Computing

Módulo 7 – Investimentos e Pesquisa

Depois de destacarmos no módulo anterior algumas soluções já em oferta no


mercado de Tecnologia da Informação com base na Cloud Computing, vamos falar
sobre os investimentos que algumas empresas do setor estão fazendo em direção a
esse conceito. Essa é uma boa forma de vislumbrar o que nos reserva o futuro da
computação baseada na Internet.

IBM

Uma das mais antigas companhias do mercado de tecnologia, a IBM vem abrindo
suas portas - e também seus cofres - para a Cloud Computing nos últimos anos,
construindo infra-estruturas para clientes e ao mesmo tempo, mantendo projetos em
seus ambientes de Computação em Nuvem. Os centros de dados da companhia
estão disponíveis para usuários de diferentes indústrias, como bancos,
telecomunicações, governo, educação e serviços de hosting. Entre as iniciativas da
empresa nessa direção o destaque é o Blue Cloud, conjunto de soluções de
hardware, software e serviços baseados na Internet.

Apostando alto no conceito e projetando investimentos grandiosos em Cloud


Computing, a companhia já conta com 13 centros tecnológicos para desenvolver
iniciativas dentro dessa tendência. Com a participação e a dedicação integral de mais
de 200 pesquisadores, essas divisões da empresa estão distribuídas em locais como
São Paulo, Bangalore (Índia), Seoul (Coréia) e Hanói (Vietnã).

Com o objetivo de incluir novas tecnologias e serviços que irão capacitá-la a oferecer
soluções em larga escala de Computação em Nuvem aos clientes, a IBM também
anunciou a construção de um novo data center cloud no Estado da Carolina do Norte,
Estados Unidos, com investimento previsto de US$ 360 milhões.

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Outra iniciativa de destaque da companhia em direção à nuvem computacional é o
centro de dados que será implementado em Tóquio, no Japão. O novo centro de
pesquisas atuará no fornecimento de serviços online sob demanda para empresas,
universidades e agências do governo.

Microsoft

A gigante de software Microsoft é mais uma das companhias que, aos poucos,
começa a enxergar a nuvem computacional com outros olhos, ao destinar parte de
seus recursos para desenvolver soluções nesse campo.

Se nos últimos anos a empresa preferiu adotar um comportamento cauteloso em


relação às promessas da Computação em Nuvem, dando continuidade à busca por
inovações de seus sistemas no modelo tradicional de aquisição – o de licença por
usuário -, agora, a companhia tem sinalizado uma mudança em seu perfil, com
atenção especial para o desenvolvimento de soluções que combinem software e
serviços, afastando-se gradativamente de seu modelo tradicional de negócios.

Essa modificação rumo ao conceito de nuvem fica mais clara quando se verifica que
a maior empresa de software do mundo está empenhada na construção de 20 novos
centros de dados da empresa, estrutura que abrigará aplicações formatadas e
disponibilizadas pela rede. O custo de cada data center está estimado em cerca de
US$ 500 milhões.

Juntamente com esses esforços, a Microsoft está realizando uma série de alianças
com pequenos e médios parceiros em todo o mundo, com o objetivo de estimular
pesquisas e inovações em soluções de computação que utilizem a web como ponto
central.

Um exemplo prático dessa investida da Microsoft é o Office Live, versão web do


pacote de sistema para quem já adquiriu sua tradicional licença. Os aplicativos do
Office são disponibilizados na Internet, em versão beta, sem a exigência de
download de nenhum software. Armazenados nos data centers da empresa, os dados
podem ser acessados pelos usuários por meio de qualquer dispositivo web, em
qualquer local. Além de possibilitar a utilização de arquivos de programas como Word
e Excel através da rede, o conjunto de recursos traz uma ferramenta de
compartilhamento com outras pessoas, que pode ser ativada com o pagamento de
uma licença bem próxima do que se verifica hoje em relação aos softwares
tradicionais.

Google

Atualmente, quando se fala em Cloud Computing, é impossível não citar o Google


como uma das empresas que vem liderando as pesquisas e investimentos no setor.
Com dois data centers em operação nos Estados Unidos, a companhia está

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construindo um novo centro de dados avaliado em US$ 600 milhões no distrito de
Bluffs, Estado de Iowa. Entre outros fins, o empreendimento se dedicará ao
desenvolvimento de serviços online.

Em suas estratégias relacionadas à Computação em Nuvem, o Google também está


apostando em uma série de parcerias para conquistar avanços nesse segmento,
como por exemplo, as iniciativas implementadas em colaboração com a
Salesforce.com. Entre essas ações, vale destacar a aliança que resultou na
combinação de soluções online, reunindo o pacote de aplicativos Google Apps (e-
mail, agenda, planilhas etc.) e a suíte de aplicativos de gerenciamento com clientes
(CRM) da Salesforce, expandindo o potencial desses recursos e a abrangência na
oferta de serviços para os clientes.

Batizado de Salesforce para Google Apps e vendido no modelo de software como


serviço, o pacote traz como promessa facilitar a comunicação, a colaboração e o
compartilhamento de informações comerciais para seus usuários. Ainda é cedo para
dizer se essa e outras iniciativas serão bem sucedidas para estabelecer um novo
formato de negócios, mas é certo que o Google é uma das companhias que está
mostrando – ou ao menos tentando buscar - diversos caminhos para alcançar as
nuvens e seus conseqüentes benefícios.

Locaweb e Tivit

No Brasil, algumas empresas de tecnologia também já ensaiam seus primeiros


passos no caminho aberto pelo conceito de Computação em Nuvem. A Locaweb e a
Tivit são bons exemplos do que vem ocorrendo com grandes companhias de
hospedagem e gestão de TI. Recentemente, a Locaweb investiu R$ 18 milhões para
adquirir uma área para a construção de um data center, em São Paulo.

Apostando na idéia de que a Cloud Computing mudará o modelo de negócios atuais


dos data centers, o objetivo da Locaweb é tornar-se a maior hospedeira de
aplicativos em nuvem da América Latina. Enquanto o crescimento da companhia está
na casa de 40% ao ano, sua área dedicada a data center mantém níveis de expansão
de 70%.

No data center que será instalado na capital paulista, cada unidade comportará entre
três e quatro mil servidores físicos, basicamente a mesma quantidade de
equipamentos disponível no atual centro de dados da companhia, que também passa
por reformas. O empreendimento terá capacidade de abrigar 100 mil servidores
físicos.

Na Tivit, empresa do Grupo Votorantim, um data center recém inaugurado em São


Paulo, recebeu investimentos de R$ 20 milhões. O local será usado para abrigar,
principalmente, operações de BPO (Business Process Outsourcing) de voz e de
sistemas aplicativos. Atualmente a Tivit possui 18 centros de dados no país. Em sua
nova unidade, a empresa terá capacidade para comportar até seis mil colaboradores.
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Outras empresas

Um número crescente de empresas está investindo em data centers, realizando


pesquisas e estabelecendo parcerias para elaborar novas soluções que se aproximam
da Computação em Nuvem, em menor ou maior grau, das mais variadas formas.

Quem também já aderiu à onda foi a EMC, com a criação de uma unidade de negócio
dedicada à Cloud Computing, fruto da aquisição da Pi Corporation, empresa de
gerenciamento de informações. A aposta da EMC é que, com o constante
crescimento da produção de dados, as corporações terão que mudar seus data
centers. Como não é possível fazer essa mudança diversas vezes em curtos períodos
de tempo, a virtualização e o conceito de Cloud Computing serão a resposta para as
barreiras encontradas.

Entre outras companhias que se rendem ao conceito e preparam ofertas estão a


Citrix e a VMware. Esta última, líder no mercado de virtualização, inaugurou
recentemente o sistema operacional Virtual Datacenter OS, como parte de sua
estratégia de Cloud. A VMware também está desenvolvendo inovações para
dispositivos móveis e lançou o vCloud Initiative, serviço que suporta mais de cem
parceiros e tem como objetivo apoiar empresas de todos os tamanhos, garantindo
qualidade para qualquer tipo de serviço e para qualquer aplicativo que queiram
rodar, internamente ou como serviço.

Cloud Computing

Módulo 8 – Tendências e Previsões

Neste último módulo procuraremos falar sobre o cenário que os especialistas do


setor de Tecnologia da Informação projetam para esse mercado, além de destacar as
perspectivas para alguns processos e segmentos envolvidos nesse contexto.

Nuvens em alta

Defendida por muitos, criticada por poucos, e ainda não muito clara, mesmo para
muitos profissionais de tecnologia, a Cloud Computing descortina um horizonte
promissor, mas que ainda está cercado de interrogações e incertezas. O debate
sobre a sua viabilidade, suas possíveis aplicações e prováveis conseqüências vem
crescendo em todo o mundo, assim como os investimentos na direção desse conceito
e as iniciativas que podem transformar em realidade o que ainda hoje é uma
tendência sujeita a diversas interpretações. Tudo isso em um futuro bem próximo.

Com a previsão de que em 2012, 25% da TI das empresas serão entregues por meio
de modelos não tradicionais, o instituto de pesquisas Gartner, por exemplo, já
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alertou as empresas prestadoras de serviços e os CIOs para a necessidade de
avaliarem a Cloud Computing nas ofertas disponíveis aos seus clientes, ao lado de
modalidades como Infrastructure Utility, Software as a Service e Storage as a
Service.

Entre 2009 e 2014, a nuvem computacional ocupará um lugar de destaque na


estratégia de TI das companhias, juntamente com tendências como TI Verde,
Virtualização e Enterprise Social Software. Para o mesmo período, o conceito é
apontado como uma das principais tecnologias que irão dominar e impactar a área
de TI das empresas em escala mundial. Ainda segundo o Gartner, 800 das 1000
empresas constantes na lista da Fortune terão algum serviço dentro do conceito de
Cloud Computing até 2012 e cerca de 300 delas pagarão por alguma infra-estrutura
em nuvem.

Em um segmento mais específico, o Gartner prevê que a porcentagem de e-mails


comerciais usuários de Cloud Computing crescerá de 1%, número registrado em
2007, para 20% em 2012, impulsionada por mudanças na economia, como queda
nos preços e aumento nas vendas. O instituto aposta em uma reestruturação no
mercado de correio eletrônico com o investimento de grandes players nessa
tecnologia.

O conceito de Cloud Computing se fortalece com todas essas projeções e, mais do


que nunca, as crescentes discussões em torno do tema e os impulsos proporcionados
pelos investimentos das organizações fazem crer que as nuvens dessa corrente
abrigarão vôos ainda mais altos para o mercado de tecnologia.

Movimentação do mercado

Acompanhando essa tendência, diversas empresas do setor vêm empreendendo


esforços significativos na Computação em Nuvem, expressos em soluções e
aplicações variadas, de acordo com seus objetivos e suas capacidades.

Com a recente evolução de alguns recursos e ferramentas de tecnologia, como a


virtualização, a grid computing e o software como serviço, e diante das
transformações que eles estão promovendo na área de TI, grandes companhias
como Microsoft e Google estão começando a dedicar uma maior atenção a suas
pesquisas no campo da Computação em Nuvem, antes relegadas às pequenas e
médias empresas do mercado.

Motivadas pelo receio de não acompanharem esse momento de transição e


conseqüentemente perderem espaço para concorrentes de menor expressão, as
grandes empresas estão se afastando pouco a pouco de seu modelo tradicional de
negócios, ao apostarem em novos formatos de entrega e comercialização de seus
produtos, ou melhor, de seus serviços. Ao mesmo tempo, algumas dessas gigantes
já estão encontrando dificuldades para se adequarem, em virtude da diferença
considerável entre as duas estratégias de mercado.
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Porém, a entrada desses grandes fabricantes - dotados de maiores recursos
financeiros e de melhores estruturas para pesquisa - promete estimular a competição
na área e acelerar o processo de estabelecimento das tendências prometidas pela
Cloud Computing.

Desta forma, com a entrada de novos protagonistas no jogo, o Instituto Gartner


aponta os fornecedores IBM, Google, Microsoft, Salesforce e Amazon como as
companhias que terão maior presença e participação nas tecnologias relacionadas à
Cloud Computing nos próximos anos.

Avanços na tecnologia e melhoria nos serviços

Além de facilitar o acesso a tecnologias de ponta para os usuários, a corrida em


direção à Cloud Computing por parte dos fornecedores abre boas possibilidades para
o surgimento de inovações no campo das tecnologias disponíveis, especialmente
aquelas que propiciam o aumento de eficiência dos sistemas de TI.

No desenrolar dessa evolução, um papel fundamental deve ser desempenhado pela


multiplicação de parcerias entre as empresas do setor, pesquisando em conjunto
para conquistar melhorias nas tecnologias já existentes e inerentes ao conceito de
Computação em Nuvem.

Para Carl Claunch, analista do Gartner, os servidores, por exemplo, serão muito
diferentes daquilo que conhecemos atualmente. As próximas gerações de servidores
Blade devem deixar de ser centralizadas e cada vez mais modulares, com os projetos
inserindo componentes de rede, armazenamento, memória e funcionalidades de
softwares, distribuídas num mesmo suporte físico e melhorando desempenho.
Segundo Claunch, o que deve mudar é o compartilhamento e conexão de diferentes
memórias entre as diversas áreas dos centros de dados.

Nesse processo, a virtualização é uma ferramenta que deve ganhar fôlego nos
próximos anos, já que as empresas que estão investindo em seu parque de
servidores são atraídas pela capacidade de rodar com eficiência sistemas de gestão,
sem consumir recursos adicionais, o que abre uma oportunidade para introdução de
softwares que dividam a máquina física em estruturas virtuais. Esse provável
crescimento no número de servidores virtuais possibilitará o avanço da computação
suportada via Web, ampliando a capacidade de entrega de serviços de qualidade por
parte dos fornecedores e minimizando os custos desse processo para os mesmos.

Outro campo que deve ser beneficiado com a Cloud Computing e a comunicação
baseada na web é a questão da mobilidade. Como a idéia é ter tecnologia disponível,
em qualquer hora e qualquer lugar, os dispositivos móveis (celulares inteligentes,
notebooks e computadores de mão) terão um papel fundamental na disseminação do
conceito e por isso, deverão motivar pesquisas e inovações que permitam a
ampliação de utilização de seus respectivos recursos.
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A infra-estrutura de TI das empresas usuárias

Seguindo o roteiro que está sendo escrito, as perspectivas de ampliação dos


investimentos de fabricantes de tecnologia e fornecedores na Computação em
Nuvem também devem ser acompanhadas por mudanças relevantes nas infra-
estruturas de TI dos usuários corporativos.

Com a crescente demanda pela redução de custos e otimização da área de TI, a


tendência é que nessas empresas onde a tecnologia é um meio, e não o fim dos
negócios, os gestores de tecnologia passem a se preocupar em fazer mais com
menos, ou seja, direcionem seu trabalho para estratégias que reduzam a
necessidade de novos investimentos em equipamentos na área e, ao mesmo tempo,
utilizem todas os recursos disponíveis em sua potencialidade máxima.

Essa provável diminuição nos investimentos já é projetada pelo Instituto Gartner, em


um estudo cujos resultados apontam que em 2011, os pioneiros em adoção de novas
tecnologias vão deixar de gastar com equipamentos e, em vez disso, comprar 40%
da sua infra-estrutura de TI como serviço.

Assim, a expectativa é de que haja uma migração da classificação da tecnologia


como um custo fixo para o patamar de custo variável, especialmente com o
crescimento de utilização de acordo com a demanda.

No mesmo sentido, a forma como a tecnologia chegará até as empresas perderá


importância na escala de valores desses gestores. Para esses profissionais, os pontos
fundamentais serão a qualidade do serviço que contratarem e o quanto esses
recursos podem acrescentar para nas operações da organização como um todo.

Outra projeção feita por especialistas do setor será a crescente adoção de sistemas
híbridos pelos usuários, com parte das operações baseada em seus domínios e o
restante abrigado nos data centers de terceiros. Dentro dessa nova realidade, as
organizações deverão estar preparadas para gerir um ambiente de multisourcing,
expresso em uma combinação dinâmica de recursos internos e externos. Ao mesmo
tempo, será preciso ser mais criterioso para definir quais processos trarão mais
vantagens se forem terceirizados e o que deve ficar fora desse processo.

Para os analistas do setor, a transferência de infra-estrutura será um processo de


longo prazo. O caminho já está traçado, o que não se espera, porém, é uma corrida
desenfreada atrás das nuvens.

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