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SEMINÁRIO EVANGÉLICO AVIVAMENTO BÍBLICO

ESEQUIAS BENÍCIO DE SÁ

INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO

RIBEIRÃO PIRES
2021
ESEQUIAS BENÍCIO DE SÁ

INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO

Fichamento apresentado à Seminário


Evangélico Avivamento Bíblico, como
requisito parcial para aprovação na
disciplina de Introdução ao Antigo
Testamento, lecionada pelo professor Eliú
Ferreira.

RIBEIRÃO PIRES
2021
FICHAMENTO POR CAPÍTULO DA OBRA
INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO
Werner H. Schmidt

Sobre o autor: Werner H. Schmidt é um teólogo protestante alemão e professor


emérito do Antigo Testamento nascido em 9 de junho de 1935 em Mülheim an der
Ruhr.
Onde encontrar a obra: Introdução ao Antigo Testamento
https://www.editorasinodal.com.br/produto/introducao-ao-antigo-testamento/67896
Prefácio: De início, o autor avisa que colocou sua posição particular em segundo
plano buscando o bom senso em priorizar a visão predominante.

I CAPÍTULO
Esboço Geral do Antigo Testamento (p. 11-44)

SCHMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. 3. ed. São Leopoldo:


Sinodal, 2004.

I Capítulo – Esboço geral do Antigo Testamento

No primeiro capítulo dessa obra o autor começa definindo as razões do nome e da


estrutura do A. T. “O Antigo Testamento tornou-se ‘antigo’ devido ao Novo
Testamento. Já no nome ‘Antigo Testamento’ - que, afinal, apenas se justifica pela
contraposição ao Novo Testamento.” (SCHMIDT, 2004, p. 12). Em relação a
estrutura, é dito que há uma ausência de princípios na ordenação dos livros. O
agrupamento dos mesmos se deu posteriormente no processo histórico de formação
do cânone. Menciona as épocas da história de Israel como sendo: a pré-história
nômade – onde se acredita que a formação do povo hebreu dificilmente tenha
surgido no arcabouço das culturas pré existentes como Mesopotâmia e Egito. Sendo
que em relação a crença, é provável que os patriarcas, como nômades, tenham
herdado a fé no deus de seus pais; a época pré estatal – período em que acontece a
lenta tomada da terra prometida, majoritariamente de forma pacífica e não por meio
da guerra como se pensa. Mais adiante no período dos juízes a tomada fora
consolidada e aí sim, aumentaram os conflitos e guerras; a época da monarquia – foi
quando entrou em cena os filisteus. Esse inimigo mais forte que os anteriores, exigiu
maior unidade e mais força constante da nação de Israel. “Assim, por volta de 1000
a.c., a monarquia foi instituída por pressão da política externa, surgindo, assim, um
Estado.” (SCHMIDT, 2004, p. 26). Saul não conseguiu tratar os conflitos com os
filisteus. Logo após Saul, Davi não só enfrenta melhor essa questão como também
consolida a união dos Reinos Norte e Sul. Quando Salomão assume o reinado de
Israel, há um longo período de paz, sendo que ao final do seu governo os Reinos
voltam a separar-se. No ano de 722 a. C. “Os assírios invadiram Israel, que acabou
no segundo estágio de dependência.” (SCHMIDT, 2004, p. 30). “Os reis assírios
determinaram por cerca de um século primeiramente a história de ambos os reinos,
depois a do Reino do Sul apenas.” (SCHMIDT, 2004, p. 30). O império babilônico é
responsável por um segundo sítio e exílio. Mesmo com toda a dor e sofrimento
desse período, muita literatura foi produzida. O fim do império babilônico, e Belsazar
seu último imperador, se deu pelas mãos de Ciro, o grande, líder persa. Com essa
mudança foi possivel dar início à reconstrução dos muros de Jerusalém, assim como
do templo e da cidade. Algumas figuras como Neemias, Esdras e Malaquias, foram
determinantes nesse processo.

Depois de dois séculos de hegemonia persa (539-333 a.C.), Alexandre


Magno inaugurou com a vitória de Isso (333) a era helenística. E após a
morte de Alexandre (323), nas disputas dos diádocos, a Palestina foi
submetida por um século ao domínio do reino (egípcio) dos Ptolomeu (301-
198), para depois ser integrada ao reino dos selêucidas (198-64a.C).
(SCHMIDT, 2004, p. 34).

O texto sagrado trata principalmente da história de Deus com Israel. Sobre a


estrutura da sociedade, é preciso deduzir através de informações indiretas. Os clãs
nômades arrancavam as estacas para irem para um novo lugar com o sentido de
que estavam numa jornada para casa. Esses antepassados criavam rebanhos e
cultivavam a terra, mas sempre de um lugar para o outro no anseio de possuir uma
terra. A estrutura que regulava tais grupos seminômades dos antepassados era o
homem: onde a ele se atribuía a autoridade para decidir sobre a casa; o núcleo
familiar, que é a casa paterna; o clã, liderado pelo ancião e a tribo, a grande família.
Uma comunidade econômica, jurídica e cultural. Em síntese, a comunidade tinha
primazia sobre o indivíduo. De posse das terras “os nômades se transformam em
agricultores e aldeães.” (SCHMIDT, 2004, p. 38) “A propriedade rural passa a
constituir a base existencial do clã ou da família e assegura ao mesmo tempo a
posição social do homem livre.” (SCHMIDT, 2004, p. 38). Algumas mudanças
ocorreram com o estabelecimento da monarquia. “De forma parecida com a tomada
da terra, a monarquia trouxe consigo uma transformação lenta e gradual, mas
profunda, no desenvolvimento social e econômico.” (SCHMIDT, 2004, p. 40).
Impostos foram criados para o sustento do palácio, do exército e de funcionários.
Posteriormente, com Saul e Davi, se forma e se amplia uma guarda real. Contrastes
sociais se evidenciam. Leis são evocadas para combater essas diferenças, mas
pouco é resolvido. Ocorre também a passagem da economia de troca para a
economia monetária. Assim, se inicia “Uma sensível estratificação da sociedade
hebraica”. (SCHMIDT, 2004, p. 43). Tal estratificação se manifesta em pelo menos
quatro camadas sociais. Após o exílio a organização política estatal acabou. Os
anciãos recuperaram sua função, antes perdida. As decisões políticas estavam nas
mãos dos dominadores.

“Jerusalém era o centro cúltico também para as comunidades filiais da


diáspora, espalhadas por todo o mundo. Israel, porém, não vivia apenas
disperso no espaço, mas começou também a cindir- se em diversos grupos
(Na época do Novo Testamento: fariseus, saduceus, essênios e outros). No
entanto, foi nestas condições que a fé cresceu e se tornou esperança para o
mundo.” (Sf 2.11; Zc1 4.9,16). (SCHMIDT, 2004, p. 44).

É perceptível o objetivo do autor em apresentar fundamento escriturísticos


minucioso às informações históricas apresentadas. Esforço que merece ser
exaltado. Traços não tão evidentes da história israelita são apresentados para
análise do leitor tornando a obra rica. Descobertas novas são constantes com
detalhes de informação.

II CAPÍTULO
Tradições e Fontes Escritas do Pentateuco e das Obras Historiográficas (p. 45-
165)

SCHMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. 3. ed. São Leopoldo:


Sinodal, 2004.

II Capítulo – Tradições e Fontes Escritas do Pentateuco e das Obras Historiográficas

O nome dos cinco livros de Moises é “Torá”, significando “orientação” ou “lei”. “... a
composição global dos cinco livros é concatenada por certos temas que os
perpassam”. (SCHMIDT, 2004, p. 47). Não é simples definir a autoria desse
conteúdo, mas, debaixo de muitos questionamentos esse tema vem sendo abordado
durante séculos sem uma clara definição. Se o autor apresenta dúvidas quanto a
autoria, também “...incerta permanece a questão em quantas etapas ocorreu a
redação” (SCHMIDT, 2004, p. 53) do Pentateuco. A respeito das formas narrativas,
“Embora possa expressar sua fé também em linguagem mítica e tome emprestado”,
(SCHMIDT, 2004, p. 64) quase não há desenvolvimento de mitos no Antigo
Testamento. “Quando o AT aproveita concepções míticas, integra-as na sua própria
fé e pensamento, modificando-as essencialmente” (SCHMIDT, 2004, p. 64).
Inicialmente o Pentateuco se apresenta em forma de sagas transmitidas de maneira
oral, e subsequentemente em seu registro vai ganhando intenção historiográfica. “O
Javista é o primeiro que concebeu a ideia de uma história universal unitária onde os
acontecimentos em Israel se enquadram e exercem uma função bem específica,
quer dizer decisiva" (J. Hempel) (SCHMIDT, 2004, p. 75). “..., porém, dificilmente ele
mesmo o criou, amalgamando, assim os blocos traditivos para formarem uma
unidade” (SCHMIDT, 2004, p. 75). “Como acontece também na história dos
primórdios, o Javista costuma interpretar as tradições preexistentes, introduzindo em
passagens decisivas falas de Javé que contêm concepções teológicas norteadoras”
(SCHMIDT, 2004, p. 81). Porém, o registro das tradições primordiais de Israel não é
exclusividade do Javista. O Eloísta, com vocabulário próprio, também produziu sua
versão, sendo complementar ao javismo nesse processo literário. O escrito
sacerdotal embora ligado aos demais, se destaca por seu vocábulo peculiar, pela
apresentação maior de informações numéricas e pela ênfase no culto correto. Na
questão do direito,

“Certamente as leis veterotestamentárias estão inseridas no relato histórico,


vinculadas estreitamente com a figura de Moisés e são consideradas os
estatutos que regulamentam a comunhão com Deus, constituída junto ao
monte Sinai. Mesmo assim as leis representam um âmbito relativamente
independente, que desenvolveu sua própria linguagem e se cristalizou em
coleções especiais, como o Decálogo ou o Código da Aliança.” (SCHMIDT,
2004, p. 110).

“Desta forma a origem deste complexo de leis pode remontar aos primórdios, talvez
até aos tempos nômades, quando o homem era o membro mais importante da
sociedade.” (SCHMIDT, 2004, p. 112). “Ao contrário do mal-entendido amplamente
difundido, o direito penal veterotestamentário não se fundamenta por via de regra no
princípio do talião, ou seja, princípio da reparação rigorosamente equivalente para
cada dano feito (A. Alt). Retribuição estritamente equivalente, "vida por vida, olho por
olho, dente por dente"- como já no direito babilônico (Código de Hamurabi, §196ss.)
- só ocorre no caso de determinados delitos cometidos entre certas pessoas (Êx
21.22ss.; Lv 24.17ss.; cf. Dt 19.15ss.) e é suspensa, p.ex., no caso de se ferir um
escravo (Êx 21.25s.)”. (SCHMIDT, 2004, p. 113).

“Em comparação com os preceitos legais tratados acima, evidenciam-se as


peculiaridades dos dez mandamentos (Êx 20; Dt 5). O Decálogo constitui o
representante principal das séries de proibições que se dirigem de forma
direta ao indivíduo: "Não farás"(cf. Lv 18.7ss.; também Êx 22.17,20s.,27;
23.1ss.).” (SCHMIDT, 2004, p. 114).

“Se, por um lado, os dez mandamentos apresentam o relacionamento com Deus em


sua peculiaridade (vinculação com a história, adoração exclusiva de Javé, proibição
de imagens), eles servem, por outro lado, à proteção do próximo.” (SCHMIDT, 2004,
p. 115). “Em suma, o fenômeno da "lei" aparece no AT sob múltiplos conceitos e
formas; todos eles não pretendem estabelecer, mas manter a comunhão com Deus,
a qual se fundamenta numa ação dele, e assim testemunha que a dádiva de Deus
implica certos compromissos.” (SCHMIDT, 2004, p. 118). Já em Deuteronômio, se
destacou ao manifestar como intenção principal a inteira doação ao único Deus.
“Enquanto, por via de regra, as coleções de leis do Pentateuco representam a fala
de Deus dirigida a Moisés, o Dt é a fala de Moisés dirigida ao povo, tratando-se,
portanto, apenas indiretamente de palavra de Deus.” (SCHMIDT, 2004, p. 119).
Resumindo a questão numa fórmula, poderíamos caracterizar a intenção do Dt com
três conceitos: um único Deus, um único povo, um único culto.” (SCHMIDT, 2004, p.
128). “O Deuteronomista criou - e nisto poderia ser comparado ao Javista? - uma
obra "inigualável no seu meio circundante (...). Reúne cerca de sete séculos de
história israelita desde o tempo de Moisés até o exílio babilônico, retrabalha com
grande esmero tradições literárias e fatos que foram vivenciados diretamente e
elabora uma concepção de surpreendente coesão."(H. W. Wolfí, p. 308.),
(SCHMIDT, 2004, p. 134,135). Portanto, Dt é uma literatura histórica contínua que
abrange séculos. Características que as demais, até então, não tinham.

“A Obra Historiográfica Dt, portanto, tinha de responder a uma pergunta que


não tinha ainda sido levanta da antes por nenhuma outra narrativa isolada,
por nenhum outro ciclo narrativo: a pergunta pela existência e pelo destino
de todo o povo de Deus.” (SCHMIDT, 2004, p. 138).
Deuteronômio encoraja o povo a obediência e ao temor em amor a Deus. No
entanto não é obediência e temor que ele registra quase sempre. Por outro lado,
enaltece o Senhor por sua fidelidade.

“O primeiro resultado a que chegou o Dt foi que Javé não falhou em nada,
que Israel destruiu sua salvação com as suas próprias mãos, ou seja, com
seu pecado. O julgamento de Javé na história foi justo. "De maneira que
serás tido por justo no teu falar" (SI 51.4).” SCHMIDT, 2004, p. 139).
“Só a oração de Salomão por ocasião da consagração do templo – ainda
que nas suas complementações posteriores (1 Rs 8.46ss.) – relembra
expressamente que Israel poderia converter-se mesmo depois do juízo, no
exílio, e reconhecer sua culpa, fazendo com que Javé atendesse a oração,
perdoasse o pecado (v. 50) e não condenasse o seu povo: "Javé nosso
Deus esteja conosco, assim como esteve com nossos país; não nos
abandone, e não nos rejeite; afim de que a si incline os nossos corações
para andarmos em todos os seus caminhos, e guardarmos os seus
mandamentos, e os seus estatutos, e as suas normas, que ordenou a
nossos país."(I Rs 8.57s.; cf. Lm 5.21s.; Lv 26.44.” (SCHMIDT, 2004, p.
142,143).

“O livro de Josué pressupõe a instalação de Josué no cargo antes da morte de


Moisés (Dt 31.2ss.; cf. 3.21ss.; Nm 27.15ss.) e conduz da confirmação desta tarefa
(Js 1) até a morte de Josué (Js 24).” (SCHMIDT, 2004, p. 143). Depois que
conquistam a terra se começa o período dos juízes. É um tempo diferente para os
registros históricos. O povo que se preservava fiel a Deus enquanto viva Josué,
agora apostata adorando a deuses estranhos. Israel enfrenta dificuldades em que os
juízes podem solucionar temporariamente. Ainda tem os livros de Samuel, que
aparentemente falariam dele mesmo, mas não. O que há é um foco nas vidas de
Saul e Davi. “Os livros dos Reis iniciam com a morte de Davi e a investidura no
cargo de seu sucessor Salomão (l Rs 1), relatam a história dos dois reinos e
terminam com a destruição de Jerusalém e o exílio babilônico (2 Rs 25).”
(SCHMIDT, 2004, p. 153). As crônicas narram paralelos aos escritos de Reis e
Samuel, mas, contém perspectivas diferentes.

“Ambos os livros das Crônicas relatam a história de Israel até o exílio; do


tempo posterior tratam Ed/Ne. O importante edito de Ciro, que marca a
virada do exílio, se encontra tanto no final do Segundo Livro das Crônicas,
como também no início do livro de Esdras. Esta repetição (mais
precisamente, uma antecipação do edito em 2Cr36.22ss.) tem sua origem
na época em que a obra foi subdividida, evidenciando que originalmente 2Cr
e Ed formavam uma unidade ou a exposição contínua.” (SCHMIDT, 2004, p.
156).
Esdras e Neemias tratam do retorno dos exilados, da construção do templo e dos
muros e da reconstituição da comunidade de Jerusalém. “O Cronista pretendeu
expor a história da formação da comunidade pós-exílica em que vivia". (SCHMIDT,
2004, p. 163).

Ao que parece o autor procura sempre ir no antes. Sempre no momento anterior e


as vezes se expõe à meras conjecturas que alimentam ainda mais as dúvidas.
Nesse processo as afirmações vão perdendo cada vez mais a força argumentativa.

III CAPÍTULO
O Profetismo (p. 167-281)

SCHMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. 3. ed. São Leopoldo:


Sinodal, 2004.

III Capítulo – O Profetismo

Esse capítulo aborda o período dos profetas. O profeta é aquele que fala a
mensagem que recebeu de Deus. Sendo, inicialmente de forma oral e mais tarde de
forma escrita. O autor acredita que o profetismo nos casos em que atuou de forma
oral possa ser “insatisfatório e até extremamente dúbio” (SCHMIDT, 2004, p. 168).
Ao passo em que atuou de forma escrita foi mal interpretado gerando mal-
entendidos. A literatura dos profetas possui pouca regularidade. “um livro profético
se constitui - como também os evangelhos sinóticos - de muitas pequenas unidades,
que representam falas independentes em termos de forma e conteúdo, com sentido
próprio, compreensíveis a partir de si mesmas, pronunciadas numa situação
específica.” (SCHMIDT, 2004, p. 169). “Os livros proféticos não são de autoria do
próprio profeta, mas se formaram num processo demorado, difícil de ser
desvendado, onde as palavras proféticas precisam ser recuperadas e seu contexto
original, reconstruído.” (SCHMIDT, 2004, p. 170). Dentro do profetismo há vários
gêneros literários como: as narrativas sobre os profetas, que registram experiencias,
feitos e sofrimentos; as visões, em menor ocorrência e finalmente os ditos, que são
mais abundantes. Os ditos proféticos se caracterizam por uma linguagem
surpreendentemente variada. O autor prossegue com uma análise a respeito de
vários profetas. Amós – “O livro em que estão compiladas as tradições de Amós
contém quase que exclusivamente palavras e visões, e só excepcionalmente uma
narrativa profética na terceira pessoa.” (SCHMIDT, 2004, p. 188). No livro de Amós
encontramos diversos acréscimos não reconhecidos por alguns. Oséias – É o escrito
mais extenso e mais antigo entre os profetas menores. Provavelmente é o único
profeta não judaíta.

Em sintonia com Amós, Oséias anuncia o fim da solicitude amorosa de


Deus para com Israel (1.6; 2.6), prediz guerra (7.16; 8.3;10.14; 11.6; 14.1 e
outras), morte (13. 14s.) e dispersão: "Andarão errantes entre as
nações."(9.16s.) As imagens da ação punitiva de Deus usadas por Oséias
são ainda mais fortes do que as usadas por Amós: "Sou como pus, como
podridão, como um leão, como um urso."(5.12,14; 13.7s.; cf. 7.12.)
(SCHMIDT, 2004, p. 198).

Isaias – “O extenso livro que a tradição atribui ao profeta Isaías constitui uma obra
literária extremamente complexa, que se formou no decorrer de vários séculos.”
(SCHMIDT, 2004, p. 201). Uma conclusão mais recente acredita que o livro tenha
sida escrito por duas pessoas, Isaias e mais alguém. “Enquanto que Amós e Oséias
atuaram no Reino do Norte, Isaías é o primeiro profeta literário que atua no Reino do
Sul. Todavia se dirige "às duas casas de Israel" (8.14).” (SCHMIDT, 2004, p. 204).
Miqueias – Miquéias é contemporâneo, mas mais novo do que Isaías; ambos atuam
aproximadamente no mesmo espaço, no Reino do Sul, e ao mesmo tempo. Por
diversas vezes encontram-se nos seus escritos palavras de desgraça, salvação e
promessa e um traço de crítica social. Naum, Habacuque, Sofonias e Obadias –
Esses profetas surgem após um período de silêncio que ocorreu de 700 a 650 a. C.
A mensagem do profeta Naum é uma sentença contra Nínive, cidade principal do
império assírio. “O conteúdo principal da mensagem de Habacuque também é o
anúncio da derrocada da nação conquistadora. Surge algumas décadas depois de
Naum, pouco antes de 600 a. C.” (SCHMIDT, 2004, p. 217). “Apesar de sua
mensagem sucinta, Sofonias, por sua vez, está entre os profetas "maiores", por
causa da radicalidade com que aponta a culpa e anuncia o castigo.” (SCHMIDT,
2004, p. 219). Sofonias denuncia a idolatria e anuncia salvação que se apresenta
como forma de promessa para os povos e para Israel. Obadias – “Descreve certos
fenômenos relacionados com a catástrofe como se os tivesse acompanhado bem de
perto, levando a crer que possivelmente até os tenha testemunhado pessoalmente.”
(SCHMIDT, 2004, p. 221). Jeremias – Esse profeta apresenta um relato da
transcrição de seu livro. Baruque, seu ajudante é quem escreve. Mais tarde o rolo do
livro é lido pelo próprio Baruque no palácio, diante de funcionários reais. No escrito
de Jeremias se destacam ditos, relatos em prosa e certa cronologia. Jeremias atuou
por quatro décadas. Por meio dele não faltaram denúncias sociais. Ezequiel – De
acordo com o autor, esse livro apresenta problemas de cunho histórico-redacional
graves, assim como o profeta Jeremias. Possivelmente é uma coleção de profecias
de alguma escola anônima. Impressiona por sua uniformidade. Ezequiel não era
somente escritor, mas também atuava falando.

“Na estruturação do livro de Ezequiel a tripartição - desgraça lançada sobre


o próprio povo (1-24), desgraça lançada sobre as nações estrangeiras (25-
32), palavra de salvação (33-48) - é mantida com excepcional rigor, mesmo
que haja exceções.” (SCHMIDT, 2004, p. 238).

Ageu – “O profeta Ageu, que se dirige aos antigos judaítas que haviam permanecido
no país, como também aos que retomaram do exílio (Ed 2).” (SCHMIDT, 2004, p.
258). Ele traz uma mensagem de salvação do momento em que estavam vivendo.
“Os poucos ditos de Ageu são todos datados com precisão (1.1 até 2.20)”
(SCHMIDT, 2004, p. 258). Zacarias – Sucede a Ageu e continua com a mesma
mensagem do seu antecessor. Zacarias retoma temas como: “a dedicação de Deus
a Jerusalém, a purificação da comunidade de sua culpa, o retorno da diáspora, a
multiplicação de Israel, a derrocada das nações, mas também sua participação na
salvação, a conclusão da construção do templo e a expectativa messiânica.”
(SCHMIDT, 2004, p. 258). Malaquias – Segundo o autor, Malaquias apresenta uma
conclusão daquilo que falaram os profetas menores. Há dúvidas quanto a ser o
escritor. Há dúvidas também, quanto a sua época de atuação. Malaquias insiste no
irrevogável amor de Deus para com seu povo. Joel e Jonas – Não é possivel definir
a época de atuação do profeta Joel. Joel tem o culto e os sacerdotes em alta estima,
ao contrário dos profetas literários pré-exílicos. Já o livro do profeta Jonas não é
uma coleção de ditos proféticos, mas uma narrativa profética em prosa. “Podemos
considerá-lo uma novela de caráter didático e (sobretudo nocapo4) detectar traços
irônicos.” (SCHMIDT, 2004, p. 272). Daniel – “Dificilmente encontraremos outra obra
literária no AT que tenha tido tamanha ressonância como o livro de Daniel com sua
doutrina dos quatro reinos universais (2; 7) e a expectativa do Filho do homem
(7.13s.).” (SCHMIDT, 2004, p. 275). Viveu e fez seus registros nos períodos
babilônico e persa. A primeira parte do livro é composta por narrativas ou lendas. A
segunda parte falando de si mesmo. O tema em si do livro de Daniel é a relação
entre o domínio sobre o mundo e o senhorio de Deus.

O parecer final a respeito do conteúdo estudado é que sempre é positivo agregar


mais e mais informações. O autor oferece organizada sequência de acontecimentos.
Mas, não consegue poupar o leitor das multiplicadas dúvidas decorrentes da
investigação.

IV CAPÍTULO
Poesia do Âmbito do Culto e da Sabedoria (p. 283-321)

SCHMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. 3. ed. São Leopoldo:


Sinodal, 2004.

IV Capítulo – Poesia do Âmbito do Culto e da Sabedoria

A poesia é tema desse capítulo. No Antigo Testamento ela está nos Salmos e em
parte, nos textos proféticos e sapienciais. Com raridade elas trabalham a rima, mas,
quando o fazem percebemos uma riqueza frasal e requinte de elaboração nos
paralelismos. A poesia hebraica também apresenta uma estrutura métrica. O autor
dessa obra, afirma que “dificilmente” o Salmo 23 é de composição do rei Davi, e que
nem o Salmo 90 é uma oração de Moisés. Ele atribui isso à “uma intenção
interpretativa que busca situar os salmos numa situação apropriada na história de
Israel.” (SCHMIDT, 2004, p. 275). Sua ideia, portanto, é delimitar a origem de cada
texto para chegar a tais conclusões. “Tanto o hino como também a lamentação tinha
originalmente seu espaço no culto.” (SCHMIDT, 2004, p. 291). “Podemos entender o
salmo de ação de graças como consequência da lamentação. Agradece àquele que
se lamentou e prometeu na aflição: "Eu, porém, renderei graças a Javé"(SI 7.17,18)”
(SCHMIDT, 2004, p. 292). Depois que recebeu a salvação o salmista manifesta a
gratidão. Em relação aos livros de Cantares, Lamentações, Rute e Ester é dito:
Os três livros poéticos - Cantares [Cântico dos Cânticos], Lamentações,
Eclesiastes [Cohélet/Pregador] - (v. abaixo 28) e as duas narrativas em
prosa, Rute e Ester, que nas nossas Bíblias estão dispersos entre os livros
históricos (Rt, Et), poéticos (Ec, Ct) e proféticos (Lm), estão reunidos na
Bíblia hebraica num grupo só: os cinco meguillotou "rolos" festivos.”
(SCHMIDT, 2004, p. 295).

Somente na Idade Média passam a aproveitar liturgicamente os outros livros:


Cantares, na Páscoa; Rute, na Festa das Semanas (Pentecostes); Lamentações, na
cerimônia comemorativa da destruição do templo; Eclesiastes, na Festa das Tendas
(Tabernáculos) ou na festa do outono e Ester, na festa de Purim. Vamos a alguns
por menores desses livros: Cantares – “A interpretação "natural", literal, compreende
Cantares como uma coleção de diversos cânticos de amor originalmente
independentes.” (SCHMIDT, 2004, p. 295). Celebravam, portanto, o relacionamento
entre o noivo e a noiva. Lamentações – “As Lamentações são de bem outra
natureza: o sentimento básico que as transpassa é de pesar; não são "profanas",
mas lamentos proferidos diante de Deus.” (SCHMIDT, 2004, p. 297). Rute – “É uma
"novela" é elaborada magistralmente em diversos episódios e conduz, num grande
arco, desde a amarga carestia inicial até o final feliz.” (SCHMIDT, 2004, p. 298).
Ester – “... igualmente uma "novela" constituída de diversos episódios. Sua ação se
desenrola na corte persa em Susã.” (SCHMIDT, 2004, p. 301). Seu final também é
feliz. “Já no judaísmo incipiente, muito mais ainda no cristianismo, surgiram dúvidas
sobre se Ester deveria ser considerado livro canônico.” (SCHMIDT, 2004, p. 302).
Provérbios –
"Sabedoria", num primeiro momento, não significa tanto a capacidade de
responder a perguntas teóricas fundamentais, mas antes a habilidade de
saber lidar com o cotidiano, de adaptar-se às circunstâncias e pessoas.
Sabedoria pode ser, p. ex., a perícia do artesão ou do artista (Êx
31.3ss.;35.1O,25s.,35; Is 40.20e outras), do governante ou do juiz (l Rs 3; Is
11.2ss.), a sabedoria de vida (Pv6.6), em síntese: trata-se de um cabedal de
saber adquirido pela experiência.” (SCHMIDT, 2004, p. 304).

Sabedoria essa que nos ajuda a nos mantermos longe de confusões. A literatura
sapiencial chega tardiamente em Israel. Quase sempre em pequenos ditos a
sabedoria de Provérbios usa de vários recursos estilísticos. Os Provérbios são
compostos por diversas coleções que tratam de uma gama enorme de temas.
Eclesiastes – Esse texto, segundo autor, é uma crítica sobre todos os esforços de
reflexão dos sábios com um senso de autonomia.
O título identifica Eclesiastes com o filho de Davi que governa em
Jerusalém. Evidentemente se trata de Salomão (cf. 1.16). Seu nome,
contudo, não é mencionado em lugar nenhum, enquanto os livros de
Provérbios e Cantares expressamente se referem a Salomão. Mas o fato de
Cantares e Eclesiastes terem sido atribuídos a Salomão pode ter facilitado
ou até possibilitado a aceitação destes livros no cânone veterotestamentário
(quanto ao seu uso posterior no culto, cf.§26).” (SCHMIDT, 2004, p. 311).

Segundo o autor, é possível que Eclesiastes tenha sido compilado posteriormente,


não sendo a sua forma atual a original. Também alega que a autoria, que seria
Salomão, não é certeza. O conteúdo é um tratado de experiências pessoais. Outra
característica que unifica o texto, é o uso da primeira pessoa do singular. O tema
que se sobressai é a ‘vaidade’. Jó – O livro de Jó é constituído por duas partes: uma
composta por narrativa extensa em prosa e outra em composição poética
metrificada. O autor acredita que não se pode atribuir as duas partes do livro a Jó.
Afirma que a narrativa é uma lenda e apresenta como uma contrariedade parecer
que existem dois Jós, sendo o da narrativa o fiel que suporta o sofrimento e o outro
o do diálogo que só reclama de Deus. Também afirma ter havido pelo menos dois
acréscimos posteriores. Mas, o fato é que a história se desenrola da seguinte forma:
Jó é um homem temente a Deus, íntegro e ao mesmo tempo rico. Conforme
o princípio da retribuição, Jó não deveria sofrer mal nenhum. Se mesmo
assim é atingido pelo infortúnio, a narrativa da moldura questiona: Jó
consegue conservar sua fé? No diálogo poético, no entanto, é difícil para os
amigos perceberem que se trata de discutir não o problema do sofrimento
em si, mas o sofrimento do piedoso, justo. Jó não tem culpa, mas perde
bens e filhos (Jó 1), por fim até a sua saúde (Jó2). Apesar disto, não cede
às palavras sedutoras de sua mulher (2.9) e é considerado fiel; aceita seu
destino da mão de Deus e até consegue ainda louvar o Criador. (SCHMIDT,
2004, p. 315).

Nesse capítulo em especial, o autor parece, algumas vezes, colocar os fundamentos


histórico e as hipóteses, acima da própria narrativa bíblica. Um pequeno sinal, mas
possivel, de que o mesmo possua um pensamento teológico liberal. A razão embora
essencial para o descortinar o sentido do texto bíblico, não pode assumir primazia
em relação a fé.

V CAPÍTULO
Teologia e Hermenêutica (p. 323-361)

SCHMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. 3. ed. São Leopoldo:


Sinodal, 2004.

V Capítulo – Teologia e Hermenêutica

O que se fala de Deus no Antigo Testamento é muito importante para a


compreensão do próprio texto. O autor acredita que esse falar se apresenta de
formas variadas. O Antigo Testamento vincula a eternidade de Deus à consciência
histórica da temporalidade da fé:

‘... o AT testemunha a identidade do único Deus na mudança dos nomes e


tempos, como acontece expressamente na fala de Deus dirigida a Moisés:
"Eu sou Javé. Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como EI Shaddai, mas
pelo meu nome, Javé, não lhes fui conhecido. "(Êx 6.2s.P; cf. acima l0b).
Segundo o autor, Gn 31.53 oferece base firme para se remontar uma fé no Deus dos
pais (patriarcas). Certamente havia uma fé anterior, ou pré-histórica. Mas, o autor
alega os limites do conhecimento quanto a esse período. Sendo assim, as formas de
fé se manifestam nas eras pré-histórica, patriarcal e mosaica. Deus se estabelece
como único de ser adorado e invocado, por outro lado, proíbe a adoração de
imagens. “A fé no Criador talvez constitua a principal herança deixada pelo AT à
cristandade.” (SCHMIDT, 2004, p. 332). Assim continua o autor mostrando a fé no
Deus de Abraão, Isaque e Jacó em suas muitas características e nuances no
decorrer dos séculos. Deus em cada ponto de vista e forma de revelação. Seja aos
servos, reis, profetas ou patriarcas. Tratando agora da Teologia do Antigo
testamento, o autor alega não haver uma unidade. Cita outros autores que deram
preferência por tratar a questão como teologia de época. Ou seja, afirma-se a
teologia de um período, depois do outro e assim sucessivamente. Cita K. Marti, que
segue “argumentando que "é impossível derivar uma teologia uniforme de um livro
tão multiforme e multifacetado, como é o Antigo Testamento." (SCHMIDT, 2004, p.
347). Mesmo assim, ainda era necessário ver o Antigo Testamento como um todo.
Mas, “Quanto mais se buscava, no entanto, a unidade do AT, tanto mais se
arriscava perdê-la, já que podia ser determinada de várias maneiras.” (SCHMIDT,
2004, p. 349). É difícil sistematizar o Antigo Testamento, sendo mais difícil ainda os
fundir num só conceito. Ao Antigo Testamento falta o centro de que o Novo
Testamento dispões. Menciona o autor que houve a tentativa de demonstrar unidade
no Antigo Testamento em torno do nome revelado de Deus. Mas, mesmo esse não
está presente em todo o conteúdo, e estando, por vezes é modificado.

“Assim, a unidade da fé só pode ser enunciada levando-se em conta a


alteração dos nomes (cf. Êx 6.2):"Sem dúvida a mesmidade deste único
Deus é pressuposta, mesmo quando em épocas mais recentes se evita
timidamente mencionar o nome de Javé.” (SCHMIDT, 2004, p. 350).

Sendo assim “... permanece a tarefa de buscar um elemento unificador, que na sua
essência seja comum às diversas partes ou que represente um motivo fundamental
do AT.” (SCHMIDT, 2004, p. 350). Agora o autor pensando na transição do Antigo
Testamento para o Novo Testamento afirma haver problemas.

“Na Igreja o AT é um livro estimado, mas também controvertido, e desde


cedo foi ao mesmo tempo reconhecido e visto criticamente. A cristandade
tem um relacionamento tenso com o AT, marcado por aceitação e
contestação, proximidade e distância, afirmação e negação, concordância e
discordância. O AT contém aspectos que podemos assumir
incondicionalmente e aspectos que dificilmente podemos reafirmar.
(SCHMIDT, 2004, p. 353).

O autor afirma que a comunidade cristã aceitou o Antigo Testamento por três
razões: Deus é Pai de Jesus; Jesus é o Messias prometido e a igreja é o verdadeiro
povo eleito de Deus. Mas, nega um elo harmonioso ou de continuação entre eles.

“... a fé judaica de fato "precedeu imediatamente" à fundação da igreja


cristã, mas não se encontra "deforma alguma essencialmente vinculada a
ela, isto é, não há nenhuma unidade na conceituação com a fé da Igreja.”
(SCHMIDT, 2004, p. 353).

O mesmo afirma que a nova fé não continua a fé antiga. Mas, não se pode negar o
volume de citações do Novo Testamento a respeito do Antigo Testamento e uma
certa semelhança na linguagem. Ao final da obra, o autor conclui citando algumas
teses sobre o Antigo Testamento.

É uma obra de difícil compreensão, mas, se torna um ótimo exercício literário. O


conteúdo é denso e de linguagem rebuscada, fazendo com que se visite
constantemente o significado dos termos usados. É uma ótima organização da
historicidade bíblica, mas visita bastante as impossibilidades históricas.

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