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ESEQUIAS BENÍCIO DE SÁ
RIBEIRÃO PIRES
2021
ESEQUIAS BENÍCIO DE SÁ
RIBEIRÃO PIRES
2021
FICHAMENTO POR CAPÍTULO DA OBRA
INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO
Werner H. Schmidt
I CAPÍTULO
Esboço Geral do Antigo Testamento (p. 11-44)
II CAPÍTULO
Tradições e Fontes Escritas do Pentateuco e das Obras Historiográficas (p. 45-
165)
O nome dos cinco livros de Moises é “Torá”, significando “orientação” ou “lei”. “... a
composição global dos cinco livros é concatenada por certos temas que os
perpassam”. (SCHMIDT, 2004, p. 47). Não é simples definir a autoria desse
conteúdo, mas, debaixo de muitos questionamentos esse tema vem sendo abordado
durante séculos sem uma clara definição. Se o autor apresenta dúvidas quanto a
autoria, também “...incerta permanece a questão em quantas etapas ocorreu a
redação” (SCHMIDT, 2004, p. 53) do Pentateuco. A respeito das formas narrativas,
“Embora possa expressar sua fé também em linguagem mítica e tome emprestado”,
(SCHMIDT, 2004, p. 64) quase não há desenvolvimento de mitos no Antigo
Testamento. “Quando o AT aproveita concepções míticas, integra-as na sua própria
fé e pensamento, modificando-as essencialmente” (SCHMIDT, 2004, p. 64).
Inicialmente o Pentateuco se apresenta em forma de sagas transmitidas de maneira
oral, e subsequentemente em seu registro vai ganhando intenção historiográfica. “O
Javista é o primeiro que concebeu a ideia de uma história universal unitária onde os
acontecimentos em Israel se enquadram e exercem uma função bem específica,
quer dizer decisiva" (J. Hempel) (SCHMIDT, 2004, p. 75). “..., porém, dificilmente ele
mesmo o criou, amalgamando, assim os blocos traditivos para formarem uma
unidade” (SCHMIDT, 2004, p. 75). “Como acontece também na história dos
primórdios, o Javista costuma interpretar as tradições preexistentes, introduzindo em
passagens decisivas falas de Javé que contêm concepções teológicas norteadoras”
(SCHMIDT, 2004, p. 81). Porém, o registro das tradições primordiais de Israel não é
exclusividade do Javista. O Eloísta, com vocabulário próprio, também produziu sua
versão, sendo complementar ao javismo nesse processo literário. O escrito
sacerdotal embora ligado aos demais, se destaca por seu vocábulo peculiar, pela
apresentação maior de informações numéricas e pela ênfase no culto correto. Na
questão do direito,
“Desta forma a origem deste complexo de leis pode remontar aos primórdios, talvez
até aos tempos nômades, quando o homem era o membro mais importante da
sociedade.” (SCHMIDT, 2004, p. 112). “Ao contrário do mal-entendido amplamente
difundido, o direito penal veterotestamentário não se fundamenta por via de regra no
princípio do talião, ou seja, princípio da reparação rigorosamente equivalente para
cada dano feito (A. Alt). Retribuição estritamente equivalente, "vida por vida, olho por
olho, dente por dente"- como já no direito babilônico (Código de Hamurabi, §196ss.)
- só ocorre no caso de determinados delitos cometidos entre certas pessoas (Êx
21.22ss.; Lv 24.17ss.; cf. Dt 19.15ss.) e é suspensa, p.ex., no caso de se ferir um
escravo (Êx 21.25s.)”. (SCHMIDT, 2004, p. 113).
“O primeiro resultado a que chegou o Dt foi que Javé não falhou em nada,
que Israel destruiu sua salvação com as suas próprias mãos, ou seja, com
seu pecado. O julgamento de Javé na história foi justo. "De maneira que
serás tido por justo no teu falar" (SI 51.4).” SCHMIDT, 2004, p. 139).
“Só a oração de Salomão por ocasião da consagração do templo – ainda
que nas suas complementações posteriores (1 Rs 8.46ss.) – relembra
expressamente que Israel poderia converter-se mesmo depois do juízo, no
exílio, e reconhecer sua culpa, fazendo com que Javé atendesse a oração,
perdoasse o pecado (v. 50) e não condenasse o seu povo: "Javé nosso
Deus esteja conosco, assim como esteve com nossos país; não nos
abandone, e não nos rejeite; afim de que a si incline os nossos corações
para andarmos em todos os seus caminhos, e guardarmos os seus
mandamentos, e os seus estatutos, e as suas normas, que ordenou a
nossos país."(I Rs 8.57s.; cf. Lm 5.21s.; Lv 26.44.” (SCHMIDT, 2004, p.
142,143).
III CAPÍTULO
O Profetismo (p. 167-281)
Esse capítulo aborda o período dos profetas. O profeta é aquele que fala a
mensagem que recebeu de Deus. Sendo, inicialmente de forma oral e mais tarde de
forma escrita. O autor acredita que o profetismo nos casos em que atuou de forma
oral possa ser “insatisfatório e até extremamente dúbio” (SCHMIDT, 2004, p. 168).
Ao passo em que atuou de forma escrita foi mal interpretado gerando mal-
entendidos. A literatura dos profetas possui pouca regularidade. “um livro profético
se constitui - como também os evangelhos sinóticos - de muitas pequenas unidades,
que representam falas independentes em termos de forma e conteúdo, com sentido
próprio, compreensíveis a partir de si mesmas, pronunciadas numa situação
específica.” (SCHMIDT, 2004, p. 169). “Os livros proféticos não são de autoria do
próprio profeta, mas se formaram num processo demorado, difícil de ser
desvendado, onde as palavras proféticas precisam ser recuperadas e seu contexto
original, reconstruído.” (SCHMIDT, 2004, p. 170). Dentro do profetismo há vários
gêneros literários como: as narrativas sobre os profetas, que registram experiencias,
feitos e sofrimentos; as visões, em menor ocorrência e finalmente os ditos, que são
mais abundantes. Os ditos proféticos se caracterizam por uma linguagem
surpreendentemente variada. O autor prossegue com uma análise a respeito de
vários profetas. Amós – “O livro em que estão compiladas as tradições de Amós
contém quase que exclusivamente palavras e visões, e só excepcionalmente uma
narrativa profética na terceira pessoa.” (SCHMIDT, 2004, p. 188). No livro de Amós
encontramos diversos acréscimos não reconhecidos por alguns. Oséias – É o escrito
mais extenso e mais antigo entre os profetas menores. Provavelmente é o único
profeta não judaíta.
Isaias – “O extenso livro que a tradição atribui ao profeta Isaías constitui uma obra
literária extremamente complexa, que se formou no decorrer de vários séculos.”
(SCHMIDT, 2004, p. 201). Uma conclusão mais recente acredita que o livro tenha
sida escrito por duas pessoas, Isaias e mais alguém. “Enquanto que Amós e Oséias
atuaram no Reino do Norte, Isaías é o primeiro profeta literário que atua no Reino do
Sul. Todavia se dirige "às duas casas de Israel" (8.14).” (SCHMIDT, 2004, p. 204).
Miqueias – Miquéias é contemporâneo, mas mais novo do que Isaías; ambos atuam
aproximadamente no mesmo espaço, no Reino do Sul, e ao mesmo tempo. Por
diversas vezes encontram-se nos seus escritos palavras de desgraça, salvação e
promessa e um traço de crítica social. Naum, Habacuque, Sofonias e Obadias –
Esses profetas surgem após um período de silêncio que ocorreu de 700 a 650 a. C.
A mensagem do profeta Naum é uma sentença contra Nínive, cidade principal do
império assírio. “O conteúdo principal da mensagem de Habacuque também é o
anúncio da derrocada da nação conquistadora. Surge algumas décadas depois de
Naum, pouco antes de 600 a. C.” (SCHMIDT, 2004, p. 217). “Apesar de sua
mensagem sucinta, Sofonias, por sua vez, está entre os profetas "maiores", por
causa da radicalidade com que aponta a culpa e anuncia o castigo.” (SCHMIDT,
2004, p. 219). Sofonias denuncia a idolatria e anuncia salvação que se apresenta
como forma de promessa para os povos e para Israel. Obadias – “Descreve certos
fenômenos relacionados com a catástrofe como se os tivesse acompanhado bem de
perto, levando a crer que possivelmente até os tenha testemunhado pessoalmente.”
(SCHMIDT, 2004, p. 221). Jeremias – Esse profeta apresenta um relato da
transcrição de seu livro. Baruque, seu ajudante é quem escreve. Mais tarde o rolo do
livro é lido pelo próprio Baruque no palácio, diante de funcionários reais. No escrito
de Jeremias se destacam ditos, relatos em prosa e certa cronologia. Jeremias atuou
por quatro décadas. Por meio dele não faltaram denúncias sociais. Ezequiel – De
acordo com o autor, esse livro apresenta problemas de cunho histórico-redacional
graves, assim como o profeta Jeremias. Possivelmente é uma coleção de profecias
de alguma escola anônima. Impressiona por sua uniformidade. Ezequiel não era
somente escritor, mas também atuava falando.
Ageu – “O profeta Ageu, que se dirige aos antigos judaítas que haviam permanecido
no país, como também aos que retomaram do exílio (Ed 2).” (SCHMIDT, 2004, p.
258). Ele traz uma mensagem de salvação do momento em que estavam vivendo.
“Os poucos ditos de Ageu são todos datados com precisão (1.1 até 2.20)”
(SCHMIDT, 2004, p. 258). Zacarias – Sucede a Ageu e continua com a mesma
mensagem do seu antecessor. Zacarias retoma temas como: “a dedicação de Deus
a Jerusalém, a purificação da comunidade de sua culpa, o retorno da diáspora, a
multiplicação de Israel, a derrocada das nações, mas também sua participação na
salvação, a conclusão da construção do templo e a expectativa messiânica.”
(SCHMIDT, 2004, p. 258). Malaquias – Segundo o autor, Malaquias apresenta uma
conclusão daquilo que falaram os profetas menores. Há dúvidas quanto a ser o
escritor. Há dúvidas também, quanto a sua época de atuação. Malaquias insiste no
irrevogável amor de Deus para com seu povo. Joel e Jonas – Não é possivel definir
a época de atuação do profeta Joel. Joel tem o culto e os sacerdotes em alta estima,
ao contrário dos profetas literários pré-exílicos. Já o livro do profeta Jonas não é
uma coleção de ditos proféticos, mas uma narrativa profética em prosa. “Podemos
considerá-lo uma novela de caráter didático e (sobretudo nocapo4) detectar traços
irônicos.” (SCHMIDT, 2004, p. 272). Daniel – “Dificilmente encontraremos outra obra
literária no AT que tenha tido tamanha ressonância como o livro de Daniel com sua
doutrina dos quatro reinos universais (2; 7) e a expectativa do Filho do homem
(7.13s.).” (SCHMIDT, 2004, p. 275). Viveu e fez seus registros nos períodos
babilônico e persa. A primeira parte do livro é composta por narrativas ou lendas. A
segunda parte falando de si mesmo. O tema em si do livro de Daniel é a relação
entre o domínio sobre o mundo e o senhorio de Deus.
IV CAPÍTULO
Poesia do Âmbito do Culto e da Sabedoria (p. 283-321)
A poesia é tema desse capítulo. No Antigo Testamento ela está nos Salmos e em
parte, nos textos proféticos e sapienciais. Com raridade elas trabalham a rima, mas,
quando o fazem percebemos uma riqueza frasal e requinte de elaboração nos
paralelismos. A poesia hebraica também apresenta uma estrutura métrica. O autor
dessa obra, afirma que “dificilmente” o Salmo 23 é de composição do rei Davi, e que
nem o Salmo 90 é uma oração de Moisés. Ele atribui isso à “uma intenção
interpretativa que busca situar os salmos numa situação apropriada na história de
Israel.” (SCHMIDT, 2004, p. 275). Sua ideia, portanto, é delimitar a origem de cada
texto para chegar a tais conclusões. “Tanto o hino como também a lamentação tinha
originalmente seu espaço no culto.” (SCHMIDT, 2004, p. 291). “Podemos entender o
salmo de ação de graças como consequência da lamentação. Agradece àquele que
se lamentou e prometeu na aflição: "Eu, porém, renderei graças a Javé"(SI 7.17,18)”
(SCHMIDT, 2004, p. 292). Depois que recebeu a salvação o salmista manifesta a
gratidão. Em relação aos livros de Cantares, Lamentações, Rute e Ester é dito:
Os três livros poéticos - Cantares [Cântico dos Cânticos], Lamentações,
Eclesiastes [Cohélet/Pregador] - (v. abaixo 28) e as duas narrativas em
prosa, Rute e Ester, que nas nossas Bíblias estão dispersos entre os livros
históricos (Rt, Et), poéticos (Ec, Ct) e proféticos (Lm), estão reunidos na
Bíblia hebraica num grupo só: os cinco meguillotou "rolos" festivos.”
(SCHMIDT, 2004, p. 295).
Sabedoria essa que nos ajuda a nos mantermos longe de confusões. A literatura
sapiencial chega tardiamente em Israel. Quase sempre em pequenos ditos a
sabedoria de Provérbios usa de vários recursos estilísticos. Os Provérbios são
compostos por diversas coleções que tratam de uma gama enorme de temas.
Eclesiastes – Esse texto, segundo autor, é uma crítica sobre todos os esforços de
reflexão dos sábios com um senso de autonomia.
O título identifica Eclesiastes com o filho de Davi que governa em
Jerusalém. Evidentemente se trata de Salomão (cf. 1.16). Seu nome,
contudo, não é mencionado em lugar nenhum, enquanto os livros de
Provérbios e Cantares expressamente se referem a Salomão. Mas o fato de
Cantares e Eclesiastes terem sido atribuídos a Salomão pode ter facilitado
ou até possibilitado a aceitação destes livros no cânone veterotestamentário
(quanto ao seu uso posterior no culto, cf.§26).” (SCHMIDT, 2004, p. 311).
V CAPÍTULO
Teologia e Hermenêutica (p. 323-361)
Sendo assim “... permanece a tarefa de buscar um elemento unificador, que na sua
essência seja comum às diversas partes ou que represente um motivo fundamental
do AT.” (SCHMIDT, 2004, p. 350). Agora o autor pensando na transição do Antigo
Testamento para o Novo Testamento afirma haver problemas.
O autor afirma que a comunidade cristã aceitou o Antigo Testamento por três
razões: Deus é Pai de Jesus; Jesus é o Messias prometido e a igreja é o verdadeiro
povo eleito de Deus. Mas, nega um elo harmonioso ou de continuação entre eles.
O mesmo afirma que a nova fé não continua a fé antiga. Mas, não se pode negar o
volume de citações do Novo Testamento a respeito do Antigo Testamento e uma
certa semelhança na linguagem. Ao final da obra, o autor conclui citando algumas
teses sobre o Antigo Testamento.