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SUMÁRIO

PLENÁRIO

- TERMOS DE OCORRÊNCIA

1.Inércia e omissão do gestor na administração de recursos provenientes de aplicações


financeiras mantidas pela Entidade. Contabilização irregular dos prejuízos verificados.
Inobservância a normas pertinentes matéria. 03

2.Manutenção por vários exercícios de conta inscrita no subgrupo “Demais Créditos e Valores
a Curto Prazo”, com prejuízos ao patrimônio público. Realização de baixa da dívida ativa não
precedida de abertura de processo administrativo. 04

3. Aquisição de equipamentos eletrônicos e acessórios por meio de transferência de verbas


da Prefeitura para Convênio. Burla ao dever de licitar. 05

4. Acordo de cooperação celebrado com o Tribunal de Contas da União, a Associação de


Membros dos Tribunais de Contas do Brasil - ATRICON, o Instituto Ruy Barbosa - IRB e os
Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios. Acúmulo ilegal de cargo público.
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5. Irregularidades em pagamentos de diárias para participação de gestor em evento


patrocinado por entidade privada. 07

- DENÚNCIA

1. Irregularidades em despesas públicas relacionadas à contratação de serviços de


transporte, ausência de identificação de munícipes beneficiados com serviços
odontológicos, e, por fim, pagamento irregular de diárias. 07

2. Ilegalidade em contratação por meio de Termo de Parceria de serviços advocatícios


comuns sem o prévio certame licitatório, tendo como objeto a recuperação judicial e
extrajudicial de diferenças de depósitos do FUNDEF. 10

3. Ausência de publicidade de processo licitatório em jornal de grande circulação, bem como


não disponibilização do Edital no sítio eletrônico da cidade. Descumprimento da Lei Geral de
Licitações. 11

4. Irregularidades nas concessões de diárias a Agentes Públicos. 12

RESPOSTAS ÀS CONSULTAS DOS JURISDICIONADOS

1. Possibilidade de movimentações financeiras de entes Públicos por Cooperativas de Crédito.


Obrigatória observância aos preceitos contidos da Resolução nº 4.659/2018.
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2. Requisitos para concessão de licença prêmio e de férias a servidor municipal em atividade.
Possibilidade do servidor aposentado que não gozou da licença prêmio ou das férias da
conversão em pecúnia. Necessária observância ao prazo prescricional contados a partir do
registro da aposentadoria. Exclusão da contabilização do gasto total com pessoal, para fins de
verificação dos limites previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal.
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3.Impossibilidade do estabelecimento de quota periódica de combustível em valor previamente


fixados a vereadores. Tal parcela, implicaria em acréscimo ao subsídio legalmente estipulado
aos Edis. Desrespeito a ditames constitucionais. 15
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PLENÁRIO

TERMOS DE OCORRÊNCIA

1. Inércia e omissão do gestor na administração de recursos provenientes de


aplicações financeiras mantidas pela Entidade. Contabilização irregular dos
prejuízos verificados. Inobservância a normas pertinentes matéria.

Trata-se de Termo de Ocorrência lavrado pela 25ª Inspetoria Regional de Controle


Externo (IRCE), noticiando o cometimento, pelo ordenador das despesas do Instituto
Municipal de Previdência de Serra do Ramalho – IMUP, no exercício de 2013, de
irregularidades concernentes a prejuízos financeiros decorrentes de aplicações
financeiras mantidas pela Entidade, cujo montante foi da ordem de R$1.510.921,03 (um
milhão, quinhentos e dez mil, novecentos e vinte e um reais e três centavos). Informa a
peça inaugural que “o Gestor não adotou medidas ou providências no sentido de coibir ou
minimizar os prejuízos acumulados pela Entidade, conforme exigência do mercado
financeiro, durante a constância das ocorrências, com o fim de evitar perdas de tal monta,
lembrando que a Entidade mantém contrato com a empresa de assessoria contábil,
administrativa e financeira, a Staff Consultoria Ltda.”, o exame técnico relata ainda a
ausência de comprovação do “ (…) cumprimento da Resolução do BACEN nº 3.922, de
25/11/2010, ora regulamentada pela Portaria nº 519, de 24/08/2011, do MPS/GM
(Ministério da Previdência Social/Gabinete do Ministro), que obriga a todo gestor de
Fundo Municipal de Previdência a obtenção do Certificado Profissional CPA-10 para
todos os RPPS que detém mais de cinco milhões de reservas e disponibilidades
financeiras, bem como da Portaria nº 170, 25/04/2012, do MPS/GM, a qual determina a
criação de um Comitê de Investimentos, órgão auxiliar no processo decisório quanto à
política de investimentos, cujas decisões serão registradas em atas.” , dentre outras
falhas que se enquadram no art. 11, inc. II da Lei de Improbidade Administrativa. O
Relator do processo, Conselheiro Plínio Carneiro Filho, afirmou que “ não merece
prosperar a questão alusiva à ausência de Certificado Profissional – CPA-10, apontado na
exordial como descumprimento da Resolução do BACEN nº 3.922/10, regulamentada
pela Portaria nº 519/11, do MPS/GM (Ministério da Previdência Social/Gabinete do
Ministro), “que obriga a todo gestor de Fundo Municipal de Previdência a obtenção do
Certificado Profissional CPA-10 para todos os RPPS que detém mais de cinco milhões de
reservas e disponibilidades financeiras,...” porquanto veio aos autos o documento
reclamado (fl. 213) expedido pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados
Financeiros e de Capitais – ANBIMA, em nome do Sr. Fábio Ribeiro Araújo, nomeado
através do Decreto nº 066/13, para exercício do cargo de assessor técnico do Instituto,
satisfazendo a exigência prevista no art. 2º da Portaria nº 519/11, ao conferir-lhe a
prerrogativa de gestor das aplicações dos recursos do fundo do Instituto, como se nota do
Demonstrativo da Política de Investimentos presente à fl. 143 dos autos, ficando afastada,
portanto, a imprecação neste particular.” . Na análise do processo, o Relator ainda
ressalta que “ Pelo visto, portanto, a conduta omissiva do gestor contribuiu sim, para o
resultado negativo alcançado pelo IMUP, uma vez que a atuação da Comissão de
Investimento, oportuna e regularmente constituída, poderia contribuir para, pelo menos,
minimizar os efeitos danosos das aplicações realizadas, razão porque procede o
apontamento, muito embora não se visualiza nos autos que a omissão do gestor, por si
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só, tenha sido decisiva e se revele expressivo para perpetrar a irregularidade,


considerando o período conturbado do mercado financeiro no período em questão, razão
porque fica afastada a imputação de prática de ato de improbidade administrativa, por
não haver evidência de que o gestor teria agido com dolo ou má-fé. “. Por fim, conclui-se
que “(...) diante das irregularidades de que padecem as aplicações efetuadas no Mercado
Financeiro pelo Instituto Municipal de Previdência de Serra do Ramalho, em que a inércia
e omissão do gestor na administração dos recursos aplicados causaram prejuízo ao ente
público, no exercício financeiro de 2013, sobretudo devido a demora na implantação do
Comitê de Investimento no âmbito do Instituto, acrescido de inobservância ao princípio
contábil da prudência e a contabilização irregular dos prejuízos apresentados pela
entidade, conclui-se pela procedência parcial do expediente para cominar ao gestor
penalidade de multa, deixando de determinar a formulação de representação ao
Ministério Público Estadual, por não haver evidência de que o interessado tenha agido
com dolo ou mé fé dando ensejo à prática de ato de improbidade administrativa de que
trata a Lei Federal nº 8.429/92. “O Relator determinou ao final o encaminhamento de
cópia do respectivo decisório ao Ministério da Previdência Social – MPS. (Deliberação
TOC nº 90009-14, Sessão 10/10/2018).

2. Manutenção por vários exercícios de conta inscrita no subgrupo “Demais


Créditos e Valores a Curto Prazo”, com prejuízos ao patrimônio público. Realização
de baixa da dívida ativa não precedida de abertura de processo administrativo.

Foi lavrado Termo de Ocorrência em face do Gestor do Município de Juazeiro, em


cumprimento ao disposto no Parecer Prévio referente ao Processo de Prestação de
Contas nº 08802-14, exercício financeiro 2013, tendo como objeto a apuração de
responsabilização do então prefeito pertinente a “omissão da prática de ato de ofício,
inclusive verificando-se a ocorrência de prejuízos ao erário municipal com relação à
manutenção a por vários exercícios da Conta Outros Créditos – PMJ, inscrito no
subgrupo 'Demais Créditos e Valores a Curto Prazo' no significativo valor de
R$1.858.760,88”, e por “prejuízos causados ao patrimônio público na baixa da dívida
ativa no montante de R$11.844.172,21,” irregularidades tipificadas como “Contabilização
de Cancelamento da Dívida Ativa sem processo administrativo”, dando por infringidos o
art. 9º, item 36, da Resolução TCM nº 1060/05; art. 11 da LRF e art. 10, X, da Lei nº
8.429/92.”. Encaminhados os autos ao douto Ministério Público de Contas, fora emitido
opinativo pelo conhecimento e procedência do mesmo. O Eminente Relator Conselheiro
Raimundo Moreira concluiu no sentido de que “Efetivamente, as irregularidades que
determinaram a lavratura do presente Termo de Ocorrência relativas à manutenção por
vários exercícios da conta Outros Créditos – PMJ inscrita no subgrupo “Demais Créditos
e Valores a Curto Prazo”, no importe de R$1.858.760,88, e aos prejuízos causados ao
patrimônio público na baixa da dívida ativa no montante de R$11.844.172,21, não
precedida de abertura de processo administrativo, explicitando a motivação para o
cancelamento, de forma a respaldar e dar transparência ao procedimento realizado, com
inobservância do disposto no art. 9º, item 28, da Resolução TCM nº 1060/05, restou
inteiramente sem atendimento a indispensável apresentação da referida documentação,
como consignado na instrução do feito pelo Órgão Técnico desta Casa, bem como no
Parecer do Ministério Público de Contas, permitindo-nos fazer presente, por oportuno,
que os débitos relacionados no Doc. 03, em que pese a não se fazerem acompanhar do
necessário processo administrativo, refletem, na sua esmagadora maioria, sobretudo os
relativos a IPTU, pequenos valores que não justificam a sua cobrança por outros meios,
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por situarem-se em quantias inferiores aos custos do procedimento, incluídos, portanto na


exceção a que se refere o inciso II, do parágrafo 3º, do art. 14, da Lei nº 101, de
04/05/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal.”, aduzindo ainda que “ Nessas condições,
ostenta-se irretorquível a irregularidade relativa à apontada ausência de processo
administrativo para o cancelamento da dívida ativa do município, como se impõe, da
responsabilidade do Gestor do exercício, justificando-se, a nosso ver, já que o
procedimento restou comprovadamente inexistente, a aplicação de multa, com
fundamento no art. 71, II, da Lei Complementar nº 006/1991 - Orgânica destra Corte .”.
(Deliberação TOC nº 06602-15 , Sessão 18/10/2018).

3. Aquisição de equipamentos eletrônicos e acessórios por meio de transferência


de verbas da Prefeitura para Convênio. Burla ao dever de licitar.

Versa o presente expediente de Termo de Ocorrência lavrado pela 1ª Divisão de Controle


Externo – DCOE, em cumprimento à determinação constante no processo TCM nº
11.033-15, relativo à prestação de contas do Convênio nº 036/2012, que teve por objeto
"a aquisição de equipamentos para implantação do Projeto Olho Vivo SAJ ", firmado
entre a Prefeitura Municipal de Santo Antônio de Jesus, no exercício financeiro de 2012,
mediante a transferência de R$ 80.000,00 para a Associação Comercial e Empresarial de
Santo Antônio de Jesus. A Unidade Técnica afirmou não se tratar o referido Órgão de
subvenção social, nos termos do art. 30 da Lei nº 12.465/11, já que a beneficiária dos
recursos não exerce atividades de natureza continuada nas áreas de assistência social,
saúde ou educação, bem como "o objeto do convênio ficou restrito a aquisição de
equipamentos, que sequer foram especificados no Plano de Trabalho (Anexo I – fls.
07/09). Sem a fixaçao de qualquer outra meta ou atividade por parte da beneficiária, a
Prefeitura transferiu R$ 80.000,00, em duas parcelas de R$ 40.000,00 cada, não
demonstrando haver interesse recíproco entre os convenentes, elemento fundamental na
caracterização nesse tipo de avença, mas sim uma relação contraprestacional, típica de
contrato.". Por fim, afirmou a existência de burla ao dever de licitar da Administração,
mediante a celebração de convênio com desvio das finalidades legais. Instado a se
manifestar, o Ministério Público de Contas emitiu promunciamento no sentido de
conhecido do presente expediente, e no mérito, pela sua procedência. O Relator do
processo, o Conselheiro Substituto Antonio Emanuel A. De Souza, em seu voto concluiu
que " o suposto interesse comum além de não estar explicitado no Convênio nº 036/2012,
inclusive no respectivo plano de trabalho, também não foi enfrentado pelo ex-Prefeito em
sua defesa. De igual maneira, nada disse sobre a burla ao dever de licitar que recai à
Administração, sendo este o questionamento fundamental em questão. Trata-se, em
suma, do tema de fundo deste Termo de Ocorrência, porém, tendo optado a defesa por
restringir suas alegações à desnecessidade de licitar por parte das entidades privadas
sem fins lucrativos. Ante tais omissões da defesa, a questionada avença, ainda que
travestido de convênio, só pode ser encarado como verdadeira relação de natureza
contratual, vez que única e exclusivamente voltado à aquisção de equipamentos
eletrônicos e acessórios, conforme se depreendem das notas fiscais apresentadas, cuja
posse e propriedade não cabem à Prefeitura do Município de Santo Antônio de Jesus,
apesar do emprego de recusos públicos para aquisição, o que justifica, em decorrência, a
imputação do ressarcimento dos valores ao erário municipal.", Na análise processual,
afirmou ainda a Relatoria que " No caso concreto, os R$ 80.000,00 transferidos pela
Prefeitura só serviram para aquisição, por intermédio da Associação Comercial e
Empresarial de Santo Antônio de Jesus, de equipamentos eletrônicos que, de acordo com
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a documentação constante do processo de prestação de contas nº 11.033-15, do tipo


câmeras (10), speed dome day/night, computadores (03), além de cabos e outros
acessórios, quando o procedimento devido seria a realização de licitação pela Prefeitura,
como reza a Lei Federal nº 8.666/93.",concluindo ao final que " Desta forma, ao deixar de
promover o procedimento licitatório adequado, neste caso, incorreu o ex-Prefeito
necessariamente em ilegalidade, considerando o disposto na Lei Geral de Licitação (Lei
nº 8.666/93).".Fora determinado ao final, representação ao Ministério Público Estadual
para fins de apuração de indícios da prática de ato de improbidade administrativa.
(Deliberação TOC nº 02932e18, Sessão 23.10.2018).

4. Acordo de cooperação celebrado com o Tribunal de Contas da União, a


Associação de Membros dos Tribunais de Contas do Brasil - ATRICON, o Instituto
Ruy Barbosa - IRB e os Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios.
Acúmulo ilegal de cargo público.

Termo de Ocorrência lavrado pela Diretoria de Controle de Atos de Pessoal - DAP, em


decorrência de acordo de cooperação celebrado com o Tribunal de Contas da União, a
Associação de Membros dos Tribunais de Contas do Brasil - ATRICON, o Instituto Ruy
Barbosa - IRB e os Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios, objetivando o
controle conjunto de acumulação de cargos, empregos e funções públicas, bem como
pagamento de remuneração de pessoal acima do teto estabelecido constitucionalmente.
Por consequência, fora comunicado a todos os Gestores e demais responsáveis pelo
Controle Interno dos órgãos e entidades jurisdicionada a esta Corte a disponibilização do
Sistema Integrado de Gestão e Auditoria – SIGA e Módulo Analisador prazo para
correspondentes informações com apuração de indícios e adoção de providências. Assim,
constatou-se em relação ao município de Boa Vista do Tupim, vinculado à 12ª Inspetoria
Regional de Controle Externo de Itaberaba, a existência da irregularidade no acúmulo do
cargo de Gerente de Departamento do Município com 02 (dois) cargos de Professor e o
de Professor, nível 3, Classe 4, da Secretaria da Educação do Estado, com 20 (vinte)
horas em cada um, tipificado como "acumulação ilegal de cargos, empregos e funções
públicas e/ou pagamento de remuneração de pessoal acima do teto constitucionalmente
estabelecido", dando por infringidos o art. 37, XI, e/ou 38, XVI e XVII, § 10, da
Constituição Federal. O Conselheiro Raimundo Moreira afirmou que: “Na hipótese em
exame, constata-se que o servidor mencionado, nomeado inicialmente para os cargos de
Professor do Estado, Nível 3, Classe IV, com 20 (vinte) horas em cada um, foi
posteriormente nomeado para o Cargo em Comissão de Gerente de Departamento do
Município, configurando-se, por tal forma, com a última nomeação, acumulação ilegal de
cargos públicos, o que seria obviado com a exigência de declaração, pelo nomeado, de
exercício de cargos públicos que possam caracterizar o procedimento.”. Por fim, concluiu
que “resta iniludivelmente definido que a sanção de ressarcimento ao erário dos valores
salariais percebidos em decorrência de contratação nula ou, no caso, de nomeação
indevida, com a correspondente prestação dos serviços, somente é cabível nas
hipóteses de dolo ou má-fé que deve ser comprovado de forma indiscutível, porquanto o
dolo não se presume, além de tratar-se de verba alimentar, cabendo ser advertido o
Gestor quanto à necessidade de verificar-se, anteriormente à posse, a situação dos
servidores quanto a possível exercício de outros cargos, empregos ou funções públicas.”
(Deliberação TOC nº 07669e18, Sessão 07/11/2018 ).
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5. Irregularidades em pagamentos de diárias para participação de gestor em evento


patrocinado por entidade privada.

Termo de Ocorrência lavrado pela 7ª Inspetoria Regional de Controle Externo, noticiando


o cometimento, pelo então Prefeito do Município de Lagoa Real, no exercício de 2017, de
irregularidades no recebimento de diárias para participação em evento patrocinado por
entidade privada - Instituto Tiradentes Ltda. Relata a peça inaugural que o mencionado
Intituto " negociava a concessão de medalha e título honorífico, travestido na forma de
premiação, em favor de agentes políticos, mediante o pagamento a título de inscrição em
eventos promovidos pelo ele próprio, a exemplo dos "Cem melhores prefeitos do Brasil"
no qual teria sido conferida honraria a um equus asinus, na condição de administrador
municipal. Essa exposição midiática precipitou a tônica mercantil que orbitaria sobre esse
tipo de evento/transação, sobretudo ante a falta de critérios empregados para a
concessão de prêmios e títulos.". O Conselheiro Substituto Antônio Emanuel A. De Souza
concluiu que: "Não obstante as informações prestadas pelo Gestor, a defesa não
esclareceu nem apresentou qualquer documento que demonstrassem as circunstâncias
em que teria se dado o pretenso "convite" por parte do Instituto Tiradentes Ltda. - ME
para conferir-lhe uma honraria, supostamente a pretexto de seus feitos à frente da gestão
pública do Município de Lagoa Real. Somente tais omissões sugeririam, pelo senso
comum, a adoção de postura acautelatória por parte do Gestor, sobretudo porque sua
participação foi custeada com recursos do erário municipal, mesmo não tendo sido, a
princípio, evidenciado o interesse público, mas tão somente o caráter individual e
particular, já que a concessão da honraria estaria, ao que parece, condicionada a
contrapartida da sua respectiva inscrição onerosa, em cujo evento teria sido promovido
pela própria entidade patrocinadora, Instituo Tiradentes Ltda. - ME.".Sinalizara ainda que
"o Gestor também não demonstrou, nesta oportunidade, a prevalência do interesse
público em sua participação no aludido seminário. Ao contrário, sobressaiu tão somente a
vantagem, de caráter pessoal, na sua participação em evento no qual receberia
premiação, cujos parâmetros objetivos, se existentes, absolutamente são desconhecidos,
quanto mais porque, aparentemente, desvinculados de qualquer correlação a eventuais
programas, projetos e/ou atividades que poderiam ter sido alvos de destaque na gestão
pública municipal.Portanto, jamais poderia a inscrição ser custeada com recursos
públicos em evento dessa natureza, promovido por entidade privada, muito menos ser o
Gestor beneficiado com o recebimento de diárias, sendo ele, aparentemente, o único
favorecido, sob pena de configurar uma possível auto-promoção, além de um possível ato
de improbidade administrativa, conforme a Lei Federal nº 8.429/92.". (Deliberação TOC
nº 11083e18, Sessão 07/02/2018).

DENÚNCIAS

1. Irregularidades em despesas públicas relacionadas à contratação de serviços de


transporte, ausência de identificação de munícipes beneficiados com serviços
odontológicos, e, por fim, pagamento irregular de diárias.

Cuidam os autos de Denúncia oferecida por vereadores do Município de Sebastião


Laranjeiras, em face dos ordenadores de despesas nos exercícios financeiros de 2009 e
2010, pela cometimento das seguintes irregularidades pertinentes à contratação de
serviços de transporte/ superfaturamento, pagamento de serviços não prestados ou não
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comprovados, ausência de descrição e discriminação dos serviços pagos, bem como a


não identificação de munícipes beneficiados com serviços odontológicos, e por fim
pagamento irregular de diárias. Em análise as respectivas questões postas em evidência,
concluiu o Conselheiro Relator a ocorrência das seguintes ilegalidades: “(i) prestação de
serviços diversos do objeto do contrato, em relação aos processos de pagamento nºs
1030 e 1031, tendo como credora a empresa Cardoso Lacerda Ltda., o que poderia
ensejar a caracterização de desvio de finalidade e a imputação de ressarcimento aos
cofres municipais dos valores despendidos. Entretanto, não restou evidenciada, salvo
melhor juízo, a ausência de interesse público, uma vez que os serviços foram
efetivamente prestados em prol da comunidade, devendo ser advertida a gestora para o
fiel cumprimento do contrato, evitando-se a utilização indevida dos serviços contratados
para fins alheios aos previstos no bojo do contrato;(ii) realização de pagamento a maior
em favor da empresa contratada para prestação dos serviços de transporte, envolvendo
as localidades de Fazenda Enza, Núcleo III e Bica Alta, uma vez que a quilometragem
indicada nos processos de pagamento não condizem com a realizada, sendo constatada
ainda a utilização de veículo diverso do previsto no contrato para a prestação dos
serviços, devendo, portanto, ser restituído aos cofres públicos municipais, com os
recursos pessoais da denunciada, a importância de R$11.244,19 (onze mil, duzentos e
quarenta e quatro reais e dezenove centavos), referente ao excedente de quilometragem
contratado e não justificado;(iii) não apresentação dos documentos de habilitação de
supostos motoristas responsáveis pelo transporte escolar; (iv) não apresentação de
documentos indicando as relações de pacientes e servidores beneficiados com os
serviços de transporte e, tampouco, os veículos utilizados, em relação aos pregões
presenciais nºs 002/2009 e 007/2010, restando evidenciada a falta de controle da
administração pública municipal em relação à fiscalização dos serviços contratados; (v)
ausência de comprovação de despesas com alimentação e hospedagem, por meio do
correlato processo de pagamento, devendo, portanto, ser restituída aos cofres públicos
municipais, com os recursos pessoais da denunciada, a importância de R$5.800,00 (cinco
mil e oitocentos reais).”. Neste contexto, em despacho exarado pelo Conselheiro Mário
Negromonte, e acatado pela Presidência desta Corte de Contas, procedeu-se inspeção
“in loco”, concluindo-se por meio de relatório que: “1. Os processos de pagamentos nº
1030 e 1031 tendo como credor a Empresa Cardoso Lacerda Ltda., referentes à nota
fiscal n.º 000290 datada de 30/04/2010, verificou-se no histórico das N.E., Recibos e Nota
Fiscal, que os serviços prestados são referentes a transporte Escolar para a rede
municipal conforme Tomada de Preços nº 002/2010, no entanto os referidos processos de
pagamentos têm como objeto o contrato de prestação de serviços da confraternização da
cerimônia oficial do aniversário da cidade de Sebastião Laranjeiras, de acordo com o item
4.1.3 a fl. 1019; 2. Ainda com referência ao Pregão Presencial nº 002/2010 a equipe de
Inspeção constatou que a real distância entre as localidades Fazenda Enza e o Núcleo
III, linhas 11A, 11B e 11C totaliza o montante de 33,2 km, que somados ao percurso, no
período noturno, que tem um acréscimo de 7 km devido a alunos sediados na localidade
de Bica Alta perfazendo um total de 40,2 Km e não os 50 km contratados. Verificou-se
também que efetivamente o transporte utilizado para a realização deste serviço, é um
veículo aberto da marca GM, modelo D-20, pertencente ao Senhor Alquiberto Dantas de
Carvalho, e não o veículo modelo Van contratado. Consoante disposto no item 4.1.5 as
fls. 1021 e 1022; 3.Foram fornecidas pela Prefeitura Municipal de Sebastião Laranjeiras,
as fls. 16 a 28 da pasta AZ 1, 7 (sete) cópias de CRLV e 3 (três) cópias de Carteiras de
habilitação de motoristas da empresa Transcosta Locadora de Serviços e Transporte
Ltda. Quanto as fotocópias das Carteiras de Habilitação do Srs. Alquiberto Dantas de
Carvalho e Antônio Moreira de Souza, através do Ofício Resposta s/n da Prefeitura
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Municipal anexado a fls. 1037 dos autos, a Sra. Janaína Sena Costa Laranjeira –
Controladora Interna, informou os mesmos foram notificados no sentido de providenciar o
documento, ou seja, não possuem carteira de habilitação. Como disposto no item 4.1.6 as
fls. 1022; 4. A Prefeitura Municipal de Sebastião Laranjeiras não apresentou controle
eficiente com relação aos serviços contratados com a empresa Transcosta Ltda., para
locação de veículos e transporte de funcionários e pacientes, relativos aos Pregões
Presenciais nº 002/2009 e nº 007/2010, pois não foi apresentada a relação dos pacientes
e funcionários beneficiados com os serviços nem as identificações (placas) dos veículos
que realizaram os transportes, conforme itens 4.1.1 e 4.1.6 respectivamente as fls. 1023;
5. A Prefeitura Municipal de Sebastião Laranjeiras apresentou apenas a relação (cópias)
repetida de 16 pessoas beneficiadas com o transporte de funcionários e pacientes da
zona rural para a sede do município, sendo 2 (dois) pacientes em 2009, 9 (nove)
pacientes em 2010 e 5 (cinco) em 2011. Também não foram apresentadas as
identificações dos veículos que realizaram os serviços, conforme disposto no item 4.1.8 a
folha 1026 a 1029; 6.Quanto aos serviços de locação de caminhões Pipa e caminhões
Basculantes para manutenção de estradas, conforme Pregões Presenciais nº 006/2010 e
nº 007/2010, também não foram apresentadas as identificações (placas) dos veículos que
realizaram os serviços, item 4.1.8 a fl. 1028; 7. A Prefeitura Municipal de Sebastião
Laranjeiras não apresentou a relação dos beneficiados com alimentação e hospedagem
nem o respectivo processo de pagamento das despesas efetuadas no valor total de R$
5.800,00 referente ao Pregão Presencial nº 008/2010 com o objeto de prestação de
serviços de hospedagem e hotelaria, tendo como vencedora a empresa Aleci Bruno
Rodrigues de Arnizaut – ME, conforme contrato nº 077/2010 datado de 28/04/2010 no
valor de R$ 14.100,00 consoante dispõe o item 4.1.10 a fl. 1030.”. Assim constatou o
Eminente Relator a ocorrência das seguintes irregularidades: “(i) prestação de serviços
diversos do objeto do contrato, em relação aos processos de pagamento nºs 1030 e
1031, tendo como credora a empresa Cardoso Lacerda Ltda., o que poderia ensejar a
caracterização de desvio de finalidade e a imputação de ressarcimento aos cofres
municipais dos valores despendidos. Entretanto, não restou evidenciada, salvo melhor
juízo, a ausência de interesse público, uma vez que os serviços foram efetivamente
prestados em prol da comunidade, devendo ser advertida a gestora para o fiel
cumprimento do contrato, evitando-se a utilização indevida dos serviços contratados para
fins alheios aos previstos no bojo do contrato;(ii) realização de pagamento a maior em
favor da empresa contratada para prestação dos serviços de transporte, envolvendo as
localidades de Fazenda Enza, Núcleo III e Bica Alta, uma vez que a quilometragem
indicada nos processos de pagamento não condizem com a realizada, sendo constatada
ainda a utilização de veículo diverso do previsto no contrato para a prestação dos
serviços, devendo, portanto, ser restituído aos cofres públicos municipais, com os
recursos pessoais da denunciada, a importância de R$11.244,19 (onze mil, duzentos e
quarenta e quatro reais e dezenove centavos), referente ao excedente de quilometragem
contratado e não justificado;(iii) não apresentação dos documentos de habilitação de
supostos motoristas responsáveis pelo transporte escolar; (iv) não apresentação de
documentos indicando as relações de pacientes e servidores beneficiados com os
serviços de transporte e, tampouco, os veículos utilizados, em relação aos pregões
presenciais nºs 002/2009 e 007/2010, restando evidenciada a falta de controle da
administração pública municipal em relação à fiscalização dos serviços contratados; (v)
ausência de comprovação de despesas com alimentação e hospedagem, por meio do
correlato processo de pagamento, devendo, portanto, ser restituída aos cofres públicos
municipais, com os recursos pessoais da denunciada, a importância de R$5.800,00 (cinco
mil e oitocentos reais).”(Deliberação DEN nº 46.677-10, Sessão 05/12/2018 )
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2. Ilegalidade em contratação por meio de Termo de Parceria de serviços


advocatícios comuns sem o prévio certame licitatório, tendo como objeto a
recuperação judicial e extrajudicial de diferenças de depósitos do FUNDEF.

Trata-se o expediente, protocolado sob o nº 00458-17, de Denúncia decorrente de


Representação formulada pelo Ministério Público de Contas do Tribunal de Contas dos
Municípios do Estado da Bahia, em face de ex e atual Prefeitos Municipais de Nova
Itarana baseada “em notícias de irregularidades contidas no Inquérito Civil nº
1.14.008.000196/2015-14, conduzido pelo Ministério Público Federal e encaminhado a
este Ministério Público de Contas para adoção das medidas cabíveis”, em face da
contratação, por meio de Termo de Parceria, com a OSCIP INSTITUTO DE
DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL NOVA CIDADE (IDENC), para diversos serviços de
auditoria financeira, com vista à identificação de eventuais créditos a serem recebidos
pela municipalidade e promover as providências necessárias a sua recuperação, judicial e
extrajudicialmente, inclusive a devolução da diferença dos depósitos do FUNDEB, com
violação da Lei de Licitações pela contratação de serviços advocatícios comuns sem o
prévio certame licitatório, por inexistência dos requisitos presentes no art. 25, II, da Lei de
licitações, e para atividades não previstas no art. 3º da Lei nº 9.790/99, além de não
restar caracterizada a natureza singular dos serviços, que não pode ser afastada pelo
critério da confiança, nem a notória especialização da empresa.”. Neste contexto, concluiu
o denunciante no sentido de que “o procedimento configura ato de improbidade
administrativa, com burla à obrigatoriedade de realização de licitação e por desvirtuar o
instrumento do Termo de Parceria, com forma de pagamento condicionada ao êxito da
ação, sem a necessária fixação de valor, sem qualquer previsão do limite de
remuneração, com vinculação dos recursos recebidos do FUNDEF ao pagamento de
honorários advocatícios, de maneira irregular, cuja vedação acha-se expressa no art. 1º,
parágrafo 2º, da Resolução TCM nº 1346/2016, requerendo, em medida cautelar, a não
realização nos termos postos no contrato, até porque presentes os requisitos para tanto,
e, mais, a notificação do atual Prefeito para apresentação de defesa quanto às
irregularidades veiculadas nesta Representação e o seu julgamento, com o
reconhecimento da nulidade do Termo de Parceria e do pagamento de honorários em
percentual sem limite, com aplicação das penas cabíveis (multa e, se comprovado dano
ao erário, ressarcimento).”. O Conselheiro Raimundo Moreira julgou procedente em parte
o presente expediente, condenando o atual gestor à reposição à conta específica do
FUNDEB, com recursos próprios do município, das despesas efetuadas com honorários
advocatícios pagos decorrentes de diferenças de FUNDEF, de exercícios anteriores,
tendo em vista a ocorrência de desvio de finalidade. Na decisão o Relator indeferiu a
medida cautelar requerida pelo Representante “em face da perda de oportunidade,
porquanto o processo foi presente a este Gabinete quase 04 (quatro) meses após sua
interposição, rejeitado-se, ademais, a preliminar de inépcia arguida pelos Denunciados,
pela motivação apresentada, por configurar matéria sobretudo de direito que independe
de comprovação, até porque não se inviabilizou, em nenhum aspecto, o seu exercício do
contraditório e de ampla defesa”. Por fim concluiu o relator que “Assim, em princípio,
conquanto a empresa não possa ser considerada de notória especialização, strictu sensu,
e o objeto pretendido com a contratação efetuada não se revista de singularidade a
justificar a dispensa de licitação ou sua inexigibilidade para contratação direta, tem este
Tribunal admitido, com base em ensinamentos de diversos administrativistas de escol,
um terceiro componente consubstanciado na confiança do gestor que, de certa forma,
minimiza a exigência daquelas qualificações, ganhando enfase, em consequência, a
razoabilidade e economicidade das despesas que, no caso em exame tem-se por
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atendidas, embora situadas no percentual máximo previsto na Tabela da OAB,


considerando que o gasto total com os serviços ora contratados limita-se ao valor de
R$0,20 (vinte centavos de reais) para cada R$1,00 (um real), ou seja 20% (vinte por
cento) dos valores que forem repassados em virtude do processo judicial, após efetivo
recebimento do montante discutido na ação, não tendo existido qualquer recebimento
pelo Município de repasse do FUNDEF, nos exercícios de 2015 e 2016.” (Deliberação
DEN nº 00458-17, Sessão 07/11/2018).

3. Ausência de publicidade de processo licitatório em jornal de grande circulação,


bem como não disponibilização do Edital no sítio eletrônico da cidade.
Descumprimento da Lei Geral de Licitações.

Representantes de diversas empresas formularam denúncia em face da gestora do


Município de Nova Soure, por irregularidades no Pregão Presencial nº 16/2018, processo
administrativo nº 047/2018, dividido em 2 lotes, sendo o primeiro para abastecimento de
água para famílias carentes no valor de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais), e o
segundo para atendimento de limpeza pública, no valor de R$ 684.000,00 (seiscentos e
oitenta e quatro mil reais). Relata ainda o presente expediente que o pregoeiro do
Município responsável pelo processo licitatório se recusou a disponibilizar o Edital para
que as empresas interessadas pudessem participar do certame. Além disso, segudo os
Boletins de Ocorrência juntados no processo, um dos interessados chegou a ser agredido
fisicamente pelo pregoeiro, e por fim, relata que os atos licitatórios não foram amplamente
divulgados e não teriam sido dadas as mesmas condições aos interessados em participar
do certame, requereram a instauração de inquérito para investigar a conduta no
Município. O Conselheiro Substituto Antonio Emanuel A de Souza julgou procedente em
parte o presente expediente aplicando multa no valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais).
Nesse diapasão, assererou o Relator que "A falta de publicação, no sítio eletrônico, por
parte do Município de Nova Soure ao Denunciante viola a Lei de Acesso à Informação, de
Nº 12.527/2011, em seu Art. 7º, VI , Art. 8º e o Art. 10. (...)Em nova consulta ao sítio
eletrônico da Prefeitura de Nova Soure, inclusive, a observação feita pelo MPC de que
inexiste publicação do ato convocatório persiste. As licitações constantes na página eram
apenas dos anos de 2014 e 2015, inexistindo qualquer outro certame dos anos
subsequentes, inclusive da licitação em questão, que ocorreu no presente exercício
financeiro. Logo, resta caracterizada a violação à publicidade dos atos administrativos.Em
2015 e 2016, o Ministério Público Federal, através da Câmara de Combate à Corrupção,
coordenou todas as suas unidades no intuito de realizar uma "avaliação nacional, que
redundasse na adoção de medidas judiciais e extrajudiciais em face dos Municípios e
Estados em débito com as leis". Essa avaliação se baseou no quanto um ente respeitava
ou não a transparência administrativa de seus atos, em atendimento ao princípio
constitucional da publicidade e a Lei de Acesso à Informação. (...) No ranking
apresentado, a posição estadual do Município de Nova Soure foi 191º na 1ª avaliação,
realizada em 2015, e 366º, realizada em 2016, com notas de avaliação 2,9 e 4,4 (entre
0,0 e 10,0). A omissão também viola o Art. 4º, da Lei 10.520/02, posto que a não
disponibilização de um Edital desrespeita quatro incisos. (...) não estando comprovada,
nos autos, a publicação do processo licitatório em jornal de grande circulação, como
determina o Art. 17, II, do Decreto 5.450/2005.". Em suas conclusões evidencia ainda o
Relator que "Desse modo, tendo em vista que os contratos celebrados com as empresas
RD LOCAÇÃO, TRANSPORTES E CONSTRUÇÕES LTDA ME e OLIVESI
TRANSPORTES LTDA, (o primeiro, de nº 102, no valor de R$ 478.800,00, e o segundo,
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nº 101/2018, por R$ 420.000,00) somaram o montante de R$ 898.800,00, a divulgação


do Pregão Presencial nº 16/2018 deveria ter sido realizada também em jornal de grande
circulação." (Deliberação DEN nº 02486e18, Sessão 25/10/2018)

4. Irregularidades nas concessões de diárias a Agentes Públicos.

Versa o presente expediente, Denúncia formulada por vereador do Município de Ribeira


do Amparo, contra a prefeita local, em decorrência da concessão de diárias com
características de complementação salarial em benefício da própria Denunciada, bem
como do Secretário de Agricultura e esposo da mesma, Secretário de Gabinete, Assessor
de Gabinete e por fim Assessor de Planejamento e posterior Subsecretário de Finanças.
Na decisão, entende o Relator Conselheiro Mário Negomonte que “é de se perceber, de
logo, a ausência de contestação em relação ao quantitativo e valores pagos a título de
diárias aos agentes políticos apontados na peça vestibular, sendo (i) 132 diárias, ao custo
de R$66.000,00 (sessenta e seis mil reais), equivalentes a 36,66% de seus subsídios
anuais, à Srª. Tetiana de Paula Fontes Cedro Brito (denunciada), (ii) 31,5 diárias, ao custo
de R$15.750,00 (quinze mil, setecentos e cinquenta reais), equivalentes a 32,81% de
seus vencimentos anuais, ao Sr. Marcello da Silva Britto (Secretário de Agricultura e
esposo da denunciada), (iii) 57 diárias, ao custo de R$28.300,00 (vinte e oito mil e
trezentos reais), equivalentes a 58,95% de seus vencimentos anuais, ao Sr. Luiz Vilson
dos Santos (Secretário de Gabinete), e (iv) 85 diárias, ao custo de R$25.500,00 (vinte e
cinco mil e quinhentos reais), equivalentes a 141,66% de seus vencimentos, ao Sr.
Cláudio José Leão (Assessor de Gabinete), o que caracteriza a utilização excessiva de
diárias em favor de alguns privilegiados, quais sejam, a própria ordenadora das despesas
e denunciada, agentes políticos e assessores diretos, com vistas à complementação
salarial dos beneficiários, o que se constituía em prática corriqueira no âmbito do
Município de Ribeira do Amparo.”. Nesta linha de intelecção, entendeu o Eminente
Relator que: “ Especificamente em relação à denunciada, há de se concordar com o
Ministério Público Especial de Contas, que analisou o caso da forma seguinte:“… não há
dúvidas de que os agentes públicos supracitados perceberam um número excessivo de
diárias, em clara ofensa aos princípios da razoabilidade, da economicidade e da
moralidade. A título exemplificativo, no caso da Sra. Tetiane de Paula Fontes Cedro Britto,
tem-se que o afastamento por 132 dias significa que a gestora passou mais de metade
dos dias úteis do ano de 2015 fora da sede do município, sem que houvesse justificativas
mais claras e delimitadas nos processos de pagamento ora questionados.”.”. No mais,
evidencia-se no que pertine às diárias apontadas na peça inicial que “de modo geral,
conquanto não se possa afirmar, neste momento, a ausência de legitimidade de
pagamentos realizados, não é possível ignorar a falta de indicação, de forma clara,
precisa e delimitada, da motivação de cada deslocamento a serviço para fora da sede do
Município de Ribeira do Amparo, pelo que se determina à DCE competente a análise dos
processos de pagamento apresentados, para que sejam apuradas eventuais
ilegitimidades de gastos, lavrando, se for o caso, o competente termo de ocorrência.”.
Concluindo ao final com relação as situações especificamente registradas na peça
vestibular no sentido de que: 1) “Processo 736/15 - Valor 1.000,00 referente a duas
diárias em viagem a Salvador – dia 09 e 24/04/15. PAGAMENTO DE DIÁRIA
ANTECIPADA POIS, O PAGAMENTO FOI EM 09/04/15 E A VIAGEM FOI DIA 24/04/15”:
não se vislumbra irregularidade na antecipação do pagamento sobredito, devendo ser
comprovada, entretanto, a legitimidade do gasto realizado, que deverá se constituir em
objeto de apuração pela DCE competente; 2) “Processo 1686/15 - Valor 1.000,00
referente a 02 diárias em viagem a Salvador - dias 03 e 04/08/15. OBS: O Processo de
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Pagamento 1653/15 - foi pago diárias nesta mesma data, sendo assim recebeu duas
vezes pelas mesmas diárias”: como bem pontuou o Ministério Público Especial de Contas
“o processo nº 1686/15 (fls. 59/66 – pasta A/Z) teria sido destinado a despesas no mês de
julho e não de agosto de 2015, como foi o caso do pp nº 1653/15”, não procedendo,
portanto, o apontamento da peça vestibular; 3) “Processo 2162/15 - Valor 500,00
referente a 01 diárias em viagem a Salvador sem comprovação - dias 21/10/15 - Foi pago
uma diária também do dia 21/10 segundo Processo de Pagamento 2155/15, sendo assim
recebeu duas vezes pela mesma diária” e “Processo 2766/15 - Valor 1.000,00 referente a
02 diárias em viagem a Salvador para a CAR e UPB - dia 21 e 22/12/15. OBS: Recebeu
as mesmas diárias no processo de pagamento nº 2719/15, vendo histórico de Processos
Pagos do Mês de Dezembro”: a denunciada reconheceu a ocorrência dos pagamentos
em duplicidade e realizou as restituições devidas em valor histórico, o que não
descaracteriza as irregularidades praticadas; 4) recebimento de diárias em valor a maior
pelo Sr. Ciro Dantas Brito (Assessor de Planejamento e posteriormente Subsecretário de
Finanças): constatou-se que existe previsão legal para o pagamento de diárias no valor
de R$120,00 a quem integre o quadro técnico, sendo este o caso do Sr. Ciro Dantas
Brito, não havendo, portanto, irregularidade neste particular.” (Deliberação DEN nº
54937-16, Sessão 01/11/2018).

RESPOSTAS ÀS CONSULTAS DOS JURISDICIONADOS

1. Possibilidade de movimentações financeiras de entes Públicos por Cooperativas


de Crédito. Obrigatória observância aos preceitos contidos da Resolução nº
4.659/2018.

A Câmara Municipal do MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DO JACUÍPE, por intermédio de


expediente endereçado a este Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia,
protocolado sob o nº 16389e18, questionou com o advento da Lei Complementar nº 161
de 4 de janeiro de 2018, a possibilidade dos órgãos públicos poderem fazer
movimentações bancárias nas cooperativas BANCOOB ou SICOOB. No Parecer TCM nº
16389e18, a Unidade Jurídica orientou no sentido de que “ com o advento da nova
redação dada a Lei Complementar nº 161 de 04 de janeiro de 2018, que dispõe sobre o
Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, que alterou os parágrafos do artº 2º da Lei nº
130/2009, houve modificações significativas (...), permitindo, portanto, que as
cooperativas de crédito possam também fazer a captação de recursos dos Municípios, de
seus órgãos ou entidades e das empresas por eles controladas”. Ainda asseverou a
referida Unidade que “ necessário se faz informar que o controle e regularização das
atividades das instituições financeiras realizadas pelo CMN, tornaram-se públicas
mediante Resolução do Banco Central do Brasil nº 4.659/2018”. Destacando-se: (i) a
captação de recursos concernentes a Prefeitura encontra-se limitada pelo Fundo
Garantidor de Crédito, que atualmente encontra-se no valor de R$ 250 (duzentos e
cinquenta mil reais); (ii) As pessoas jurídicas autorizadas pela LC 161/18 a realizarem
depósitos nas cooperativas de crédito (prefeituras, seus órgãos, entidades e empresas
por elas controladas) não poderão compor o quadro social da respectiva cooperativa ; (iiii)
a cooperativa apenas poderá captar recursos em municípios da sua base territorial.”.
(Processo TCM nº 16389e18)
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2. Requisitos para concessão de licença prêmio e de férias a servidor municipal em


atividade. Possibilidade do servidor aposentado que não gozou da licença prêmio
ou das férias da conversão em pecúnia. Necessária observância ao prazo
prescricional contados a partir do registro da aposentadoria. Exclusão da
contabilização do gasto total com pessoal, para fins de verificação dos limites
previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal.

O MUNICÍPIO DE LAJEDINHO formulou Consulta a esta tribunal, através do Processo


TCM nº 05512e18, questionando os seguintes aspectos ““CONSULTA 01 – Conversão de
licença prêmio em pecúnia, pagamento via indenização e possível incidência no índice de
pessoal; (…)a) O pagamento sob forma de indenização das licenças prêmio não gozadas,
são contabilizadas no índice de pessoal? Influenciam nos limites estabelecidos na lei de
responsabilidade fiscal?b) Independentemente desses servidores estarem na ativa ou já
aposentados (respeitando-se o prazo decadencial do requerimento), o pagamento dessas
indenizações irá incidir sobre o índice de pessoal? A conduta é a mesma estando na ativa
ou não? CONSULTA 02 – Servidor público estatutário ocupante de cargo de Agente
Político e o direito a contagem desse período para fins de licença prêmio por assiduidade,
quinquênio e demais direitos.(...)a) O período em que o servidor municipal estatutário
ocupou o cargo de Secretário Municipal (agente político), pode ser considerado para fins
de concessão de licença prêmio, caso o mesmo ainda esteja em atividade? b) Caso seja
possível computar o período acima descrito para fins de licença prêmio, essa poderá ser
convertida em pecúnia? c) E quanto as demais vantagens inerentes ao cargo estatutário,
tais como quinquênios, gratificações, promoções e progressões, pode o período em que o
servidor ocupou o cargo de secretário municipal (agente político na mesma prefeitura),
ser contabilizado como de efetivo exercício no cargo estatutário, para concessões de tais
direitos e vantagens? CONSULTA 03 – Servidor público estatutário reclama que não
recebeu 1/3 e não gozou férias em gestões anteriores (…) a) As férias que não foram
pagas e gozadas em gestões anteriores, podem ser indenizadas? Em até quantos anos
pode requerer o servidor a referida indenização (prescreve em 05 anos)? b) Em caso de
pagamento via indenização (após apurado que o servidor na época não usufruiu do seu
direito de férias), esse valor é contabilizado para fins de incidência no índice de pessoal?
c) Poderá essa gestão, responsabilizar ou solicitar responsabilização do gestor que deu
causa a essas indenizações, por não haver liberado o servidor no período correto para o
recebimento e gozo de suas férias anuais?””. No que pertine as indagações sobre licença
prêmio, orientou a Assessoria Jurídica deste TCM no sentido de que “ a despesa
referente à conversão em pecúnia da licença prêmio não gozada pelo servidor
aposentado, tendo em vista a sua natureza indenizatória, pode ser excluída da
contabilização do gasto total com pessoal, para fins de verificação dos limites previstos
nos artigos 19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal.”. Neste contexto, a Unidade
Consultiva com relação à consulta 02, salientou que “ o preenchimento dos requisitos
para concessão de licença prêmio a servidor municipal deve ser analisado à luz da
legislação local. Vale ressaltar que, se o Estatuto dos Servidores Públicos Municipais
disciplinar que “Para efeito de licença prêmio, considera-se do exercício o tempo de
serviço prestado pelo funcionário em qualquer cargo ou função municipal, qualquer que
seja sua forma e provimento”, o período de exercício do cargo de Secretário Municipal
pelo servidor deverá ser considerado para fins de concessão da aludida licença. Nesse
caso, o servidor em atividade faz jus ao usufruto da licença prêmio, desde que atendidas
todas as condições legalmente estabelecidas. Na hipótese de encontrar-se aposentado,
como exposto anteriormente, o servidor tem direito ao percebimento da indenização
correspondente. Do mesmo modo, a satisfação das exigências para deferimento de
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adicional por tempo de serviço e demais gratificações, bem como de promoção, por
exemplo, a servidor efetivo que ocupou o cargo de secretário municipal por certo lapso
temporal, deve ser perquirido de acordo com a legislação local.”. Por fim, asseverou-se “
que o artigo 7º, XVII, c/c o artigo 39, §3º, ambos da Constituição Federal, asseguram aos
servidores ocupantes de cargo público o “gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
menos, um terço a mais do que o salário normal”. (…) em virtude da vedação do
enriquecimento sem causa pela Administração, admite-se a conversão em pecúnia das
férias cujo usufruto pelo servidor não se mostra mais possível, tendo em vista o
rompimento do vínculo ou a inatividade. A indenização relativa a férias não gozadas pode
ser vindicada pelo titular da pretensão dentro do prazo prescricional de cinco anos,
contados, no caso do servidor aposentado, a partir da aposentadoria, que, como exposto
anteriormente, por ser um ato complexo, apenas se aperfeiçoa com o seu registro na
Corte de Contas. A despesa referente à conversão em pecúnia das férias não gozadas,
tendo em vista a sua natureza indenizatória, também pode ser excluída da contabilização
do gasto total com pessoal, para fins de verificação dos limites previstos nos artigos 19 e
20 da Lei de Responsabilidade Fiscal.”. Concluindo pela necessária apuração da
responsabilidade daquele que impedir injustificadamente o gozo das férias pelo servidor
no momento oportuno, instaurando processo administrativo. (Processo nº 15512e18).

3. Impossibilidade do estabelecimento de quota periódica de combustível em valor


previamente fixados a vereadores. Tal parcela, implicaria em acréscimo ao subsídio
legalmente estipulado aos Edis. Desrespeito a ditames constitucionais.

O Prefeito do MUNICÍPIO DE ITAPICURU, por intermédio do Ofício nº 03/2019


endereçado a este Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia, protocolado
sob o nº 00216e19, solicita esclarecimento sobre a possibilidade do estabelecimento de
cota mínima ou máxima de combustível para vereador. Neste contexto, a Unidade
Jurídica se posicionou nos seguintes termos “não há que se falar no estabelecimento de
quota periódica de combustível, em valor previamente fixado, a ser auferida pelos
Vereadores, independentemente de solicitação ou de prestação de contas. Isso porque tal
parcela, na prática, implicaria em acréscimo ao subsídio legalmente estipulado aos Edis,
desrespeitando, pois, o quanto disposto no artigo 39, § 4º, da CF. Além disso, o custeio de
despesas de cunho particular (que não se confundem com àquelas ínsitas às atividades
do Poder Legislativo) com recursos públicos fere os princípios da legalidade e da
moralidade, previstos no artigo 37 da CF..”. Aprofundando o respectivo tema, evidenciou a
DACJ no seguinte sentido “Entretanto, as Câmaras Municipais podem arcar com os
gastos com combustível relacionados ao deslocamento dos Vereadores, por exemplo, a
serviço do interesse público, desde que observados os princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, insculpidos no artigo 37 da CF. É
que o regime de subsídio não obsta o pagamento de parcela de natureza indenizatória
aos Agentes Políticos, admitindo-se a compensação pecuniária dos gastos excepcionais
realizados pelos mesmos no exercício de suas atribuições, devidamente motivados
quanto à sua necessidade e utilidade pública, comprovados por meio da respectiva
prestação de contas, com prévia e expressa autorização do Presidente da Câmara.”.
(Processo TCM nº 00216e19)

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