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ARTIGO DE REVISÃO
ABSTRACT:
Introduction: In Brazil, the concern with Healthcare Associated
Infections (HAI) has been growing since the 1990s. The monitoring of
information regarding HAI is extremely important since an increase of
this type of infections has been noticed over time.
Objective: To identify the main strategies used for the control of HAI
in Brazil.
aqueles que apresentam resistência a pelo menos a 70ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS). Em
duas classes de antimicrobianos6. Sendo assim, as 2016 foi publicado o manual para elaboração
alternativas de tratamento tornam-se reduzidas dos planos nacionais, visando orientar uma
por prolongar internações, ocasionar óbitos, e abordagem multissetorial para construção dos
elevar os custos assistenciais4. planos nos países signatários9.
foram utilizados. Sendo assim, foram excluídos 20 Abordou também os critérios para diagnóstico das
documentos por não representarem documentos infecções hospitalares 11.
normativos. Os documentos foram apresentados
cronologicamente com uma descrição dos A cooperação técnica com estados e municípios
objetivos e das principais ações preconizadas. era prestada pela Secretaria de Políticas de Saúde
do Ministério da Saúde, porém, com a criação
RESULTADOS E DISCUSSÃO da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA)12, a Portaria nº 1.241 de 1999 transferiu
Em 1997 foi criado, o Programa de Controle de as atividades de controle de infecções hospitalares
Infecções Hospitalares (PCIH)1 através da lei nº para essa Agência13. Essa transferência permitiu
9.431. Trata de um conjunto de ações desenvolvidas alinhamento entre as ações de controle de
com o objetivo de reduzir a incidência e a infecções e as atividades de regulação dos serviços
gravidade das infecções hospitalares, obrigando de saúde 13,14.
todos os hospitais brasileiros a manter um PCIH.
Essa lei define o termo infecção hospitalar como As resoluções nº 48 de 2000 e nº7 de
“qualquer infecção adquirida após a internação de 2010, publicadas pela ANVISA, abordaram,
um paciente em hospital e que se manifeste durante respectivamente, requisitos para avaliação do
a internação ou mesmo após a alta, quando puder Programa de Controle de Infecção Hospitalar e
ser relacionada com a hospitalização” (art. 1º, os requisitos mínimos para o funcionamento das
parágrafo 2). Estabeleceu também, a Comissão de UTI em todo o território nacional 15,16. Em 2007,
Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) para o também houve a divulgação dos resultados do
melhor funcionamento do programa, aplicando- inquérito nacional sobre situação dos laboratórios
se penalidades aos hospitais que descumprissem de microbiologia 17. A situação sobre o controle
a lei¹. de infecções hospitalares foi objeto de análise
visando apoiar os serviços de saúde 18.
Em 1998, a Portaria nº 2.616 11 estabeleceu
diretriz e normas para a prevenção e o controle Em 2009, a Agência Nacional de Vigilância
das infecções hospitalares, como também Sanitária (ANVISA) publicou um livro intitulado
ações mínimas para o PCIH, com o objetivo de “Segurança do Paciente em Serviços de Saúde:
“redução máxima possível da incidência e da Higienização das Mãos”, no qual cita as IRAS em
gravidade das infecções dos hospitais” (Art. 2º). um capítulo referente ao controle da disseminação
Essa portaria deveria ser adotada por toda pessoa de microrganismos multirresistentes, abordando
física e jurídica, de direito público e privado, que a relação entre a resistência microbiana e
estejam envolvidas nas atividades hospitalares de higienização das mãos dos profissionais que lidam
assistência à saúde (Art. 6º). Aborda a composição com pacientes 19.
da CCIH por cada modalidade (consórcio
e número de leitos), sendo composta por Em 2012, a ANVISA publicou o “Relatório sobre
profissionais da área da saúde de nível superior, Autoavaliação para a Higiene das Mãos”, que
formalmente designados, podendo ser consultores traz uma abordagem das IRAS relacionadas com
ou executores. Estabelece serviços que devem a higienização das mãos e apresenta informação
compor a CCIH: serviço médico, enfermagem, sobre avaliação e monitoramento das IRAS no
farmácia, microbiologia, administração 11. Brasil 20. Nesse mesmo ano, a agencia publicou
dois boletins informativos. O primeiro intitulado
Adicionalmente, a portaria nº 2.616 definiu “Análise dos dados das notificações para o
competências da CCIH no que diz respeito ao indicador de infecção em corrente sanguínea
PCIH; à implantação de um Sistema de Vigilância em Unidade de Terapia Intensiva - 1° semestre
Epidemiológica das Infecções Hospitalares; à 2011”, apresentou análise dos dados em nível
prevenção e controle das infecções hospitalares; ao nacional, de janeiro a junho de 2011, trazendo
uso racional de antimicrobianos; ao tratamento das orientações e sugerindo medidas de prevenção e
infeções hospitalares; à elaboração de regimento controle 21. O segundo intitulado “Indicador de
interno da CCIH. Definiu que a estrutura Infecção Primária em Corrente Sanguínea: Análise
necessária para o funcionamento da CCIH dos dados das Unidades de Terapia Intensiva
deveria ser fornecida pela autoridade máxima Brasileiras no ano de 2011”, englobou informações
da instituição e determinou as competências completas do ano 2011 22.
no combate a RAM das três esferas de governo.
Em 2013, a ANVISA publicou outros dois Neste mesmo ano foi criado o Plano Integrado
documentos referentes a IRAS. O livro para a Gestão Sanitária da Segurança do Paciente
“Investigação de Eventos Adversos em Serviços de em Serviços de Saúde, incluindo as IRAS como
Saúde”, que aborda os eventos adversos em geral e um ponto de atuação do plano, determinando
apresenta respostas à questões como: o que é IRAS, as responsabilidades das coordenações das
como identificar IRAS, como proceder e como ações de prevenção e controle nas esferas da
prevenir eventos adversos associados a cuidados gestão Municipal, Estadual e do Distrito Federal.
na prestação de serviços23. Publicou também o Estabeleceu também o Ciclo de Melhoria
boletim informativo sobre o Indicador Nacional Nacional da Qualidade da Prevenção e Controle
de Infecção Hospitalar, mais especificamente de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde
sobre a Infecção Primária de Corrente Sanguínea entre 2015 e 2016, que foi uma iniciativa da
(IPCS) Associada a Cateter Venoso Central 24. Gerência de Vigilância e Monitoramento em
Esse último trouxe uma análise dos dados das Serviços de Saúde da ANVISA e as Coordenações
Unidades de Terapia Intensiva (UTI) brasileiras Estaduais de Controle de Infecção Hospitalar.
no ano de 2012, e apresentou um conjunto de Este último documento teve por objetivo
ações essenciais para evolução do processo de melhorar as ações de prevenção e controle das
monitoramento das IPCS no Brasil25. IRAS desenvolvidas pelas Comissões de Controle
de Infecção Hospitalar (CCIH) de todos os
Em 2014, a ANVISA publicou três boletins serviços de saúde brasileiros que possuem pelo
informativos relacionados a IRAS,26,27,28, os quais menos um leito de UTI adulto, pediátrico ou
abordam as IPCS associadas ao uso de Cateter neonatal 30,31,32.
Venoso Central (CVC) em pacientes internados em
Unidades de Terapia Intensiva (UTI). O primeiro Entre as ações de estados e municípios,
apresentou um resumo descritivo das notificações foram identificados planos formais para
recebidas para avaliar a frequência dos principais contingenciamento de resistência à
fenótipos de resistência a antimicrobianos antimicrobianos nos estados do Rio de Janeiro
encontrados entre os microrganismos responsáveis e de Tocantins e no município de Curitiba. O
por causarem esse tipo de infecção. Já o segundo, Governo do Estado do Rio de Janeiro publicou,
apresentou um resumo descritivo das notificações em 2014, o “Plano de Contingência dos
recebidas para o indicador nacional de controle Mecanismos de Resistência aos Carbapenêmicos
de infecção, contendo a densidade de incidência em Enterobactérias nas IRAS do Estado do
dessas infecções durante o ano de 2013. O Rio de Janeiro”, estabelecendo procedimentos
terceiro diz respeito aos agentes etiológicos e os a serem adotados pelos serviços de saúde
fenótipos de resistência notificados ao Sistema públicos, privados e demais órgãos envolvidos
Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) que diretamente na resposta à ocorrência de
foram responsáveis por causar IPCS entre janeiro eventos adversos infecciosos. Recomendou
e dezembro de 2013. e padronizou procedimentos relacionados à
identificação, notificação, prevenção, controle,
Em 2015 a ANVISA publicou um boletim monitoramento e ações de controle. Foi
informativo com dados de 2014, apresentando publicado também o Relatório sobre a ocorrência
um resumo descritivo das notificações de casos de Enterobactérias com Resistência à
recebidas pela agencia, apontando a frequência Carbapenêmicos no Estado do Rio de Janeiro,
dos principais fenótipos de resistência que discorreu sobre a resistência microbiana,
a antimicrobianos encontrados entre os instrumento de coleta de dados e notificação,
microrganismos responsáveis por causarem além de fazer uma análise das notificações
infecções primárias de corrente de sanguínea quanto ao sexo, sitio de infecção, tipo de
confirmada laboratorialmente (IPCSL) associadas microrganismo e mecanismo de resistência 33.
a cateter venoso central (CVC). Também publicou Apresentou também uma análise das taxas de
uma avaliação dos indicadores nacionais de casos suspeitos após a implantação, em 2014, do
infecção relacionada à assistência ano de 2014, plano de contingencia estadual 34.
apresentando resumo descritivo dos indicadores
resultantes dos registros existentes no banco de Em 2016, o Governo do Estado do Tocantins
dados nacional para a vigilância epidemiológica, publicou o “Plano de Contingência dos
além dos resultados do progresso da vigilância Mecanismos de Resistência aos Carbapenêmicos
das IPCS dos últimos quatro anos 29. nas Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde
Figura 1
Documentos contendo políticas e normas de controle de infecções relacionadas a assistência à saúde, segundo ano de publicação
Percebe-se que o Brasil tem avançado nos recursos tecnológicos e infraestrutura laboratorial
últimos anos em relação aos esforços para o e organizativa.
controle desse tipo de infecção, no entanto,
ainda há escassez de estudos sobre a avaliação CONCLUSÃO
de resultados das ações implantadas. Além disso,
tem sido crescente a preocupação com as IRAS As iniciativas quanto ao aprimoramento do
causadas por microrganismos multirresistentes, sistema de vigilância ou ainda a criação de um
principalmente do grupo ESKAPE BUGS plano/política na área são estímulos que devem
(Enterococcus faecium, Staphylococcus se traduzir em ações concretas para que haja um
aureus, Klebsiella pneumoniae, Acinetobacter controle mais eficaz das IRAS no Brasil. Somente
baumannii, Pseudomonas aeruginosa e espécies o arcabouço teórico com dados e informações não
de Enterobacter), devido a sua alta capacidade de é suficiente para um controle eficaz desse tipo de
disseminação e de adquirir outros mecanismos de infecção, sendo necessárias também ações práticas
resistência 39. e homogêneas de combate nesse sentido. Sendo
assim, são necessárias medidas intersetoriais
De acordo com a ANVISA (2005), boa parte dos mais eficazes para a prevenção e controle das
hospitais não possuía suporte de laboratório IRAS com a ação conjunta entre as esferas de
de microbiologia, como também os requisitos gestão, principalmente voltadas para campanhas
essenciais não eram atendidos por todas as direcionadas aos profissionais de saúde e à
instituições. Em outro estudo, os laboratórios população em geral.
foram classificados por níveis de qualidade, de
zero a cinco, sendo que a maior proporção (85,4%) A consolidação de um sistema ou programa
atingiu apenas o nível zero, o que significou nacional também é de extrema importância, uma
que estes laboratórios não possuíam mínimas vez que existem apenas ações locais em alguns
condições de funcionamento15. Sendo assim, estados do Brasil. Há também a necessidade
apesar dessa série de normas e padrões técnicos, de estabelecer o monitoramento e a avaliação
ainda é necessário que haja o aprimoramento dos periódica dos programas existentes, sugerindo
meios e recursos para que essas normas sejam prazos e condições para superar as barreiras de
cumpridas, pois nota-se que existem barreiras implementação.
relativas à quantidade e capacidade de pessoal,
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