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22/03/2021 O que podemos aprender com a arquitetura indígena?

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O que podemos aprender com a arquitetura indígena?

Escrito por Susanna Moreira

29 de Novembro de 2020 Compartilhar

Arquitetas, arquitetos, urbanistas e estudantes da área têm muito a aprender com os modelos construtivos
dos primeiros ocupantes do território brasileiro, que há muito tempo produzem abrigos adaptados ao
contexto local. Estabelecer um conjunto de características comuns às soluções arquitetônicas indígenas se
mostra uma abordagem muito superficial, já que as conformações e dimensões das ocas ou malocas
indígenas variam a depender da tribo e quantidade de pessoas que habitam ali. Porém, ao estudar os
diferentes exemplares da arquitetura indígena, é possível rever a noção de “tecnologia avançada” e
assimilar soluções sustentáveis e adaptadas às condições ambientais. Guardar

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Desde a invasão dos portugueses no Brasil, a colonização impôs parâmetros que se refletem até hoje na
forma de construir, habitar e analisar a arquitetura. A relação colônia/colonizado, ou centro/margem
persiste também no sentido que a ideia de tecnologia avançada ainda é entendida como aquela high tech,
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ou seja, baseada em um ideal progressista e universal. Mas o que deve ser entendido, sobretudo nos países
latino-americanos, como tecnologia avançada? A arquiteta argentina Marina Waisman, em seu livro “O
interior da história: historiografia arquitetônica para uso de latino-americanos”, além de responder à essa
pergunta, argumenta sobre a necessidade de se discutir uma historiografia latino-americana e reflete sobre
os conceitos de centro, periferia e região, fazendo uma análise de como alguns vocábulos devem ser
revistos quando aplicados na América Latina.

“ “Em uma primeira aproximação pode-se dizer que tecnologia avançada é


aquela que permite, com base em recursos humanos e materiais acessíveis,
alcançar, mediante seu aperfeiçoamento e desenvolvimento, o mais alto grau
de produtividade para conseguir um habitat adequado para cada região e seus
modos de vida, tanto em qualidade como em quantidade” - Marina Waisman ”

No Mato Grosso, o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Tecnologias Indígenas, Tecnoíndia, atua desde 2007
com o objetivo de organizar, manter e ampliar o acervo documental de bens materiais e imateriais
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indígenas, como fonte para trabalhos de pesquisa, extensão e projeto. O núcleo, criado pelos professores
Maria Fátima Roberto Machado, antropóloga, e José Afonso Botura Portocarrero, arquiteto, busca, através
da multidisciplinaridade,
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superar as visões tecnológicas
Projetos
e estéticas exógenas
Produtos
e hegemônicas, realidade
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presente no contexto brasileiro, sobretudo naqueles lugares onde a memória indígena foi quase
completamente apagada.

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O Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), projetado pelo arquiteto José Afonso EU
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Portocarrero, é um
exemplo da forma que os estudos sobre tecnologias construtivas indígenas podem ser adotadas na
produção arquitetônica contemporânea. Em 2018 o edifício ganhou o prêmio de Melhor Edifício
Sustentável das Américas, o BREEAM Awards, além de outros prêmios de sustentabilidade, como o Procel
Edifica (2013) e o GBC Brasil Zero Energy (2017). Sua cobertura, conformada por duas cascas de concreto
espaçadas entre si permite a existência de um colchão de ar que mantém o interior da edificação a uma
temperatura agradável. A tecnologia foi inspirada nas construções indígenas formadas por várias camadas
de palha, que também permitem o conforto térmico através da formação de camadas de ar entre elas.

As habitações indígenas podem influenciar a produção arquitetônica brasileira contemporânea de diversas


formas, desde uso de técnicas construtivas que são passadas entre gerações, até releituras das formas das
casas para proporcionar conforto térmico e praticidade estrutural. A construção do Instituto
Socioambiental - ISA em São Gabriel da Cachoeira, por exemplo, projeto do escritório Brasil Arquitetura,
contou com mão de obra indígena na execução da cobertura de madeira, palha e cipós, e da estrutura
periférica de 1,50m de largura que “veste” a construção central. Outro exemplo é a casa ARCA, do Atelier
Marko Brajovic, que possui uma forma inspirada na casa indígena da tribo Asurini (Médio Xingu), com
estrutura autoportante em formato de concha, solucionando com o mesmo elemento o telhado, as
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paredes e acabamentos.

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Nos anos 80, a chamada “arquitetura regionalista” ganhou destaque com a publicação “Towards a critical
regionalism: six points for an architecture of resistance”, de Kenneth Frampton. A publicação lança
diretrizes para uma “arquitetura de resistência” que concilia princípios modernistas a aspectos regionais,
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como técnicas construtivas, materiais e adaptabilidade ao clima. No Brasil, a produção dos anos 60 aos
anos 80 do arquiteto Severiano Porto é considerada por alguns autores exemplo dessa abordagem por tirar
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partido do conhecimento pré-existente para aplicá-lo às novas condições, a exemplo do Campus da


Universidade do Amazonas (1970-1980).

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Em tempos nos quais a sustentabilidade está no foco de discussões de como enfrentar questões climáticas
e ambientais, voltar o olhar a práticas vernaculares pode ser uma forma de aprender como lidar com estas
questões de uma maneira diversa. A partir do entendimento que tecnologia avançada é algo que vai além
de soluções inovadoras universalizantes - muitas vezes importadas de outros contextos -, é possível adotar
práticas projetuais baseadas na arquitetura indígena como forma de responder a demandas
contemporâneas, conciliando adaptabilidade ao contexto, interlocução com a comunidade e materiais e
técnicas construtivas locais. 

Referências bibliográficas
CAU/RN. “Arquitetura Indígena no Brasil”. Acessado 24 Out 2019 <https://www.caurn.gov.br/?p=10213>.
HESPANHA, Sérgio Augusto Menezes. “Severiano Porto. Entre o regional e o moderno”. Arquitextos, São
Paulo, ano 09, n. 105.05, Vitruvius, fev. 2009. Acessado 24 Out 2019
<https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.105/76>.
PORTOCARRERO, José Afonso Botura. “Tecnologia indígena em Mato Grosso: habitação”. 2. ed. Cuiabá:
entrelinhas, 2018.
WAISMAN, Marina. “O interior da história: historiografia arquitetônica para uso de latino-americanos”. São
Paulo, SP: Perspectiva, 2019.

Publicado originalmente em 28 de outubro de 2019, atualizado em 20 de novembro de 2020.

Galeria de Imagens

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Winny Tapajós • 6 meses atrás • ★★


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Podiam dar espaço nesse texto para que os próprios indígenas fossem ouvidos, ou que um
indígena o escrevesse, talvez o assunto fosse abordado de forma diferente e não como se a
arquitetura indígena fosse apenas algo de onde os brancos devem tirar proveito, como se ela não
fosse completa em si, erros como chamar as aldeias e etnias de "tribos" também não seriam
cometidos, isso só mostra como pouco se tem conhecimento sobre a pauta indígena... deem local
de fala aos indígenas!!!
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