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The Story Of Home

KRISTA SANDOR
Tradução: Ariella

Revisão Inicial: Rose

Revisão Final: Patricia

Leitura Final: Cristiane

Conferencia: Cami & Ana Lidia

Formatação: Ariella

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
AVISO
A tradução foi efetuada pelo grupo Doll Books Traduções (DB), de
modo a proporcionar ao leitor o acesso à obra, incentivando à posterior
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qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto.

Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as


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não ser no idioma original, impossibilitando o conhecimento de muitos
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KRISTA SANDOR
Uma nota para o leitor
Este livro é destinado a leitores maduros. Ele contém descrições de
relacionamentos de adultos, situações sexuais ilustradas e linguagem de
adultos. Se essas coisas o ofendem, este livro não é para você.

Este livro é para você. Obrigado por amar corações marcados e


segundas chances.

Obrigado por visitar o Langley Park.

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
Sam Sinclair tem um segredo.
Um segredo suficientemente obscuro para pôr a Zoe Stein de
joelhos. Um segredo que o tem impedido de ser mais do que
apenas seu amigo.

Mas nem todos os segredos permanecem enterrados, especialmente


na cidade de Langley Park.

Zoe está feita.

Acabou com Sam. Acabou com à espera que ele perceba que ela
está apaixonada por ele. Acabou de se perguntar porque é que ele a
manteve à distância de um braço.
Acabada com a lembrança das duas noites fumegantes que
partilharam há anos.

Até que...
Zoe tem a oportunidade de corrigir um erro do seu
passado, e Sam é o único que a pode ajudar a
desvendar a verdade. A sua paixão reina, mas será o seu
amor suficiente para superar os segredos que os poderiam
dilacerar?

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
01

Quinze anos atrás


─ Bico de Peido.

─ Botão Jockey.

Zoe Stein se sentou em uma cadeira e encontrou o olhar de uma


adolescente com olhos brilhantes, pele clara e bochechas afundadas. ─
Muncher Butt.

Os monitores do Centro de Infusão Pediátrica da Midwest Medical


apitaram enquanto as enfermeiras iam de paciente para paciente,
verificando sinais vitais e iniciando as linhas IV1.

A adolescente se mexeu, movendo cuidadosamente o tubo que a


conectava à bomba de infusão e estreitou o olhar. ─ Burro violinista.

Zoe mordeu o lábio e tentou manter uma expressão vazia, mas ela
não conseguiu conter o riso. ─ Burro violinista? Brooke Jackson, você é
verdadeiramente o mestre de insultos inteligentes!

A garota ajustou um boné cobrindo a cabeça careca e sorriu. ─ Eu


aprendi com a inteligente rainha do insulto.

Zoe colocou as pernas embaixo dela e se sentou na cadeira do


hospital. ─ Hoje é seu último tratamento, certo? Brooke assentiu.

Zoe cumprimentou a garota. ─ Muito bem, chutando a bunda da


leucemia!

─ Eu não poderia ter feito isso sem você, Zoe. Você é a única pessoa
aqui que me trata como uma criança normal de dezesseis anos. E mesmo
que meu exame de sangue pareça bom, meus pais ainda estão
assustados. Eu deveria começar o meu primeiro ano do ensino médio em

1
IV - Intravenosa: injeção de agulha ou cateter contendo princípios ativos, nas veias periféricas.

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KRISTA SANDOR
algumas semanas. Eu só quero que a vida volte ao que era antes de tudo
isso.

Zoe assentiu. Quando seu pai, um cirurgião de destaque no hospital,


sugeriu que ela fosse voluntária no Midwest Medical Center, ela revirou
os olhos. O que ela deveria dizer às pessoas doentes? Ela era uma garota
de dezoito anos saudável que gostava de brincar, tomar uma cerveja aqui
e ali e escrever histórias em seu diário. Mas depois de seu primeiro turno
no Centro Pediatrico de Cancer, ela ficou viciada. Muitos dos pacientes
adolescentes precisavam de uma pausa no fluxo constante de fala
médica. Essas crianças podem dizer sua contagem de glóbulos vermelhos
e plaquetas de cabeça. Eles poderiam discutir seu plano de tratamento e
possíveis efeitos colaterais, como médicos juniores. Mas o que eles mais
queriam era escapar do mundo dos monitores, cutucadas, estímulos,
infusões e gráficos.

Foi onde Zoe encontrou a ligação.

Em vez de perguntar sobre suas doenças, ela conversava com eles


sobre filmes, livros e com as meninas sobre as paixões por celebridades
bonitinhas. Ela sempre foi aquela garota esperta como um chicote, com
um comentário expressivo ou uma farpa afiada pronta. Aqui no hospital,
esse lado dela realmente ajudou as pessoas. Esse lado dela permitiu que
seus novos amigos escapassem dos limites de suas condições e
passassem alguns momentos fugazes se sentindo normais.

Zoe apertou a mão de Brooke. ─ Seus pais vão relaxar. E a cada dia
que passa, as coisas ficam cada vez mais normais.

Brooke inclinou a cabeça para o lado.

Zoe fez uma careta. ─ Oh meu Deus! Pareço minha mãe obcecada
por ioga! Se eu lhe trouxer uma estátua do Buda, você tem permissão
para me dar um chute rápido na bunda!

Brooke deu uma risadinha. ─ A última vez que te vi, você disse que
seus pais estavam saindo da cidade.

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Zoe bateu palmas. ─ Eles partem hoje à noite! Eles vão com meu
irmão ao Arizona conhecer a mãe da namorada dele. Tenho certeza de
que ele vai pedir que ela se case com ele.

─ Você a conheceu?

─ Sim, ela é legal. Ela é um pouco tensa, mas meu irmão mais velho
também é. Eu acho que eles se encaixam bem. Algo parece...

Brooke se inclinou. ─ Você não gosta dela?

Zoe mordeu o lábio. ─ Não, eu gosto dela. Eu só tenho esse


sentimento estranho.

Uma batida passou, e as bochechas pálidas de Brooke ficaram um


pouco rosadas. ─ Talvez seja todo o tempo que você gaste com o seu
amigo gostoso. Ele é fofo o suficiente para fazer com que os pensamentos
de alguém fiquem confusos.

Zoe imitou um gesto de me amordaçar. ─ Por favor, não me diga que


você está falando sobre Michael MacCarron!

─ Sim! Lembre-se, ele veio na semana passada e foi buscá-lo. Todas


as meninas do Câncer Center estavam surtando porque ele era muito
gostoso.

─ Garota, Michael e eu somos amigos desde que éramos pequenos.


Aquele garoto não tem chance de me fazer desmaiar. Sério, ele é como
um irmão. Eu o conheço muito bem porque ele mora ao lado da minha
melhor amiga.

Os olhos de Brooke se arregalaram. ─ A famosa violinista?

Zoe sorriu. Sua melhor amiga, Em MacCaslin, era uma violinista de


renome mundial. Seus pais eram divorciados e enquanto se apresentava
em todo o mundo, ela dividia seu tempo entre a casa do pai em Langley
Park e a mãe em Sydney, na Austrália. Mas a agenda de turnês de Em
aumentou significativamente nos últimos anos, e Zoe viu muito pouco
sua amiga.

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─ Sim, ela está voltando para a cidade. Decidi que é meu trabalho
corrompê-la completamente nos poucos dias que passo com ela antes de
partirmos para a faculdade.

─ Seus pais se foram. Você vai dar uma festa?

Zoe fez uma careta. ─ Não, muito arriscado. Os vizinhos lhes diriam
quando voltassem. A maioria das crianças por aqui vai a um lugar
chamado Sadie's Hollow para festejar. É bem no meio do nada do país
agrícola. Normalmente acampamos lá a noite inteira, então ninguém
precisa dirigir.

O rosto de Brooke caiu. ─ Eu vou conseguir fazer coisas assim? Olhe


para mim, Zoe. Eu não sou bonita como você.

Zoe havia se acostumado com o ritmo de suas visitas com


adolescentes lutando contra doenças graves, e o que esses garotos
tinham que aguentar noventa e nove por cento do tempo. Eles não
queriam sobrecarregar os pais, que muitas vezes estavam cansados e
assustados. Foi uma honra e um privilégio que Brooke se sentisse
confortável o suficiente para compartilhar seus medos mais profundos.

Zoe fez sua melhor expressão de escárnio. ─ Ei, waffle vulgar! Nem
vá lá. Esse negócio de leucemia é apenas um pontinho no seu radar. Você
vai chutar a bunda e tomar nomes a qualquer momento agora.

─ E o meu cabelo? ─ A voz de Brooke falhou.

Ela sustentou o olhar da garota. ─ Vai voltar a crescer. E ficarei


muito chateada se você não prometer pintar as pontas. Você sabe, para
ser ultra incrível como eu. Agora, que cor você deve escolher? Sua cor
natural é um pouco mais clara que a minha, certo?

Brooke escovou uma lágrima de sua bochecha e voltou sua atenção


para as madeixas castanho chocolate de Zoe, terminando em pontas
rosadas. ─ Sim, seu cabelo é um pouco mais escuro. ─ Ela tamborilou
com os dedos. ─ Eu sempre gostei de roxo.

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─ Roxo será. Você está pronta para jurar isso?

O sorriso de Brooke estava de volta. ─ Só se você prometer inventar


uma história.

Zoe esfregou as palmas das mãos como se estivesse cozinhando algo


bom.

Durante a primeira semana de Brooke no Centro de Câncer


Pediátrico, ela sofreu uma terrível náusea devido a seu tratamento de
quimioterapia. Ela não falava nada, então Zoe encheu o silêncio com uma
história boba que inventou, escolhendo duas pessoas aleatórias na
unidade e tecendo uma história ridícula. Ela nem pensara que Brooke a
tivesse ouvido até aparecer alguns dias depois para ser voluntária e a
adolescente ter pedido outro pedaço suculento de ficção.

Zoe examinou a área de tratamento e um sorriso perverso floresceu.

─ O que é isso? ─ O olhar de Brooke disparou pela sala.

─ Não seja óbvia, mas verifique o posto das enfermeiras.

Brooke se mexeu um pouco e chiou de emoção. ─ Dr. Love e


enfermeira impertinente!

Zoe pressionou a mão na boca, segurando uma gargalhada. O Dr.


Love era na verdade o Dr. Lipschitz, um médico residente esbelto e
nervoso, enquanto a Enfermeira Impertinente era a enfermeira
responsável Anita Benson, pelo menos trinta anos mais velha. Na
realidade, o Dr. Lipschitz ficou fora do caminho da enfermeira Benson.
Mas nas histórias de Zoe, o Dr. Love e a Enfermeira Impertinente tinham
um caso de amor secreto que se estendia de um encontro no armário de
suprimentos a uma escapadela cheia de vapor em Cabo.

─ Onde estávamos da última vez? ─ Zoe perguntou, se recompondo.

─ Dr. Love e a enfermeira Impertinente estavam no turno da noite -


Brooke ofegou, as palavras borbulhando.

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─ O turno da noite! Está certo! ─ Zoe ecoou.

Brooke vibrou com emoção. ─ Eles acabaram de dar seu primeiro


beijo no México e agora estão de volta ao hospital.

Zoe cruzou dramaticamente as mãos no colo e soltou um suspiro


audível. Ela abaixou a voz. ─ Era tarde, e a enfermeira Impertinente
acabara de verificar seu último paciente.

─ Eles vão se beijar de novo! Eu sei disso! ─ Brooke concordou.

─ Silêncio! ─ Zoe disse, rindo baixinho. ─ Eu preciso deixar a história


fluir, e se você tirar essa IV do seu braço, a verdadeira enfermeira Benson
estará aqui em um instante.

Brooke imitou fechando os lábios.

─ Ok, já era tarde, e a enfermeira Impertinente acabara de verificar


seu último paciente. Todas as crianças estavam dormindo
profundamente. O suave murmúrio dos monitores cardíacos apitou
quando ela se dirigiu à ala abandonada do hospital para encontrar o Dr.
Love.

Brooke pressionou a mão no peito. ─ Eu nunca soube que havia


uma ala abandonada. Está assombrada?

Zoe pensou por um segundo. Ela inventou toda essa merda


rapidamente. Ela nunca pretendeu que o Dr. Love e a Enfermeira
Impertinente tomassem um tom paranormal. Mas dane-se! Era a história
dela. ─ Sim. ─ ela respondeu, tentando infligir perigo na sílaba. ─
Espíritos atormentados habitam no corredor deserto.

─ Ah não! A enfermeira Impertinente está em perigo?

Zoe olhou para o velho machado de guerra no momento em que a


Enfermeira Impertinente deslizava em sua mesa. ─ A própria vida dela
está em risco.

O Dr. Love a salvará?

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Zoe se inclinou. ─ Oh, ele fará muito mais do que apenas salvá-la.

As bochechas de Brooke ficaram rosadas. ─ Você já fez muito mais


com um garoto?

Zoe esperou um momento para responder. Brooke tinha apenas


dezesseis anos e precisava escolher suas palavras com sabedoria. ─ Não
muito mais, mas os garotos do ensino médio nunca fizeram isso por mim.
O importante é lembrar que você não precisa fazer nada que não queira.
Não deixe ninguém te pressionar, mesmo que ele seja tão afável e bonito
quanto o Dr. Love. Você tem dezesseis anos. Você tem todo o tempo do
mundo para descobrir isso.

Brooke mordeu o lábio. ─ Já esteve apaixonada alguma vez?

Zoe ficou tensa. Ela estava apaixonada desde que conseguia se


lembrar, mas nunca disse a uma alma. Nem Em, nem Michael, nem seus
pais ou seu irmão. Ela soltou um suspiro trêmulo quando gentis olhos
verdes esmeralda e um sorriso lento e fácil se materializaram em sua
mente. Seu batimento cardíaco disparou com o pensamento de ombros
largos e mãos tão grandes que poderiam envolver sua cintura.

─ Zoe? ─ Brooke perguntou, invadindo seu sonho.

Zoe brincou com a barra da blusa. ─ Amar alguém é fácil. Fazer com
que eles te amem de volta é a parte mais complicada.

Os olhos de Brooke brilharam, ansiosos e arregalados. ─ Então, sim!


Você está apaixonada por alguém?

Zoe se recompôs, cruzou os braços e deu à amiga um sorriso


malicioso. ─ Quantas novelas você assistiu esta semana? Vamos precisar
começar a cantar em escovas de cabelo e fazer uma transformação uma
na outra? Ou você está lendo os livros da Sweet Valley High2 novamente?
Estou detectando uma adolescente muito forte, amor, vibração de
angústia, pequena senhorita.

2
Sweet Valley High – Série televisiva baseada no livro de Francine Pascal

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KRISTA SANDOR
Lá estava. O especial de Zoe Stein. Adiar. Redirecionar. Desviar. Ela
era a rainha por ser o que os outros precisavam, mas quando se tratava
de seu próprio coração, ela se escondia por trás do humor e da
inteligência.

E funcionou. Funcionou toda hora maldita.

O que ninguém nunca percebeu foi que ela nunca revelou nada. Ela
nunca compartilhou seus segredos mais sombrios. Ninguém conhecia
seus desejos mais profundos. Tudo ficou trancado por dentro, envolto em
brincadeira, escondido atrás do humor.

Brooke ficou um tom mais escuro de rosa. ─ Talvez eu tenha


assistido alguns romances.

─ E os livros da Sweet Valley High? ─ Zoe cutucou.

Brooke deixou cair o queixo no peito. ─ Eu li uma de Sweet Valley


University.

─ Aha! ─ Zoe gritou

─ Era o único livro decente disponível quando a senhora veio ao meu


quarto com o carrinho de livros.

─ Essa é a sua história? Foi a única opção no carrinho? Zoe


perguntou, seus ombros relaxando. Ela habilmente reprimiu qualquer
conversa sobre sua vida amorosa inexistente.

Os olhos de Brooke se arregalaram de indignação brincalhona. Ela


abriu os lábios para responder, mas parou quando a bomba de infusão
apitou. As meninas pararam e observaram as últimas gotas de remédio
lentamente arrastando-se pelo tubo.

O tratamento dela estava completo.

O olhar de Brooke estava colado a IV em seu braço quando o último


medicamento contra o câncer entrou em sua corrente sanguínea.

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Os olhos de Zoe ficaram turvos com lágrimas, mas ela os piscou de
volta. ─ O que eu vou fazer agora que a criança mais legal da unidade
terminou os seus tratamentos?

Brooke olhou para cima. ─ Voltarei para casa em Nowhereville,


Kansas. Como vou descobrir o que acontece com o Dr. Love e a
Enfermeira Impertinente?

Zoe tirou o diário da bolsa e arrancou uma folha de papel. ─ Vou lhe
dar meu endereço no Gwyer College. Estarei lá em algumas semanas.

─ Essa é a faculdade em Iowa?

Zoe assentiu enquanto escrevia o endereço da prestigiosa faculdade


de artes liberais. Ela memorizou no momento em que a carta de aceitação
chegou em sua casa. Ela arrancou outro lençol e entregou a Brooke. ─
Anote seu endereço. Prometo que vou escrever para você - e é melhor você
escrever para mim!

Zoe olhou para cima quando a enfermeira Impertinente se levantou


de sua mesa para cumprimentar os pais e a irmã mais nova de Brooke.

─ Minha família está aqui. ─ disse Brooke, notando-os também. ─


Cuidado, minha mãe vai chorar antes que a enfermeira Impertinente
retire o IV.

─ Você sabe que eles estão felizes e aliviados por ter respondido bem
ao tratamento.

─ Eu sei. ─ respondeu Brooke. Sua expressão séria se aqueceu


quando uma criança trêmula caiu no chão central da infusão e se
arrastou para o colo de Brooke.

Zoe fez a garotinha rir com algumas caretas. ─ Este pequeno


monstro deve ser Tessa.

─ Sim, meu pequeno monstro com o coração na bochecha. ─ Brooke


beijou uma marca de nascença rosa, do tamanho de um centavo, em
forma de coração, na bochecha esquerda da criança.

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Zoe olhou mais de perto. ─ Como ela conseguiu isso?

─ Ela nasceu com isso porque sabia que a amávamos muito.


Cuidado Tess. ─ disse Brooke, olhando para a IV.

─ Brookie está pronta! ─ a garotinha falou.

Lágrimas correram pelas bochechas de Brooke. ─ Está certo. Nós


vamos para casa em breve.

─ Ei, violinista ─ disse Zoe, segurando as lágrimas. ─ Se você vai


chorar, vou chorar e não quero estragar totalmente o meu rímel.

Brooke soltou uma risada nervosa e limpou uma lágrima. ─ Ok, eu


estou bem.

─ Você está boa, Brooke. Você está! ─ Zoe disse, rezando para que
ela estivesse certa.

─ Com licença. ─ veio a voz rouca de uma mulher. Anita Benson -


também conhecida como enfermeira Impertinente - apertou um botão na
bomba de infusão, silenciando o alarme.

─ Desculpa. ─ Zoe saiu do caminho da enfermeira.

A enfermeira Benson retirou a fita que segurava a IV e retirou


lentamente a agulha do braço de Brooke. ─ Seus pais estão muito
animados, querida. Eles estão falando com o Dr. Lipschitz agora. Eles
devem terminar a qualquer momento.

Zoe segurou o olhar de Brooke e tentou não rir. A enfermeira


Impertinente e o Dr. Love se conheciam! Uma batida passou quando a
enfermeira olhou entre eles, uma expressão perplexa em seu rosto. Mas
antes que qualquer garota pudesse dizer qualquer coisa, a irmãzinha de
Brooke preencheu o vazio.

─ Ei, violinista burra! ─ Tessa deixou escapar, sorrindo como uma


pequena idiota.

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A enfermeira Benson colocou as mãos nos quadris. ─ O que essa
criança disse?

As bocas de Zoe e Brooke se abriram.

Outra batida passou, e Zoe tinha certeza de que um deles iria rir. O
peito dela se apertou. A última coisa que ela precisava era da enfermeira
Benson, dizendo ao pai que ela era uma perturbação.

─ Violinista Lass3 é um dos novos personagens de alguns programas


infantis, eu acho. ─ Brooke disse com um sorriso nervoso.

Zoe assentiu. Ela poderia trabalhar com isso. ─ Sim, eu fui


voluntária no andar pediátrico. Eu acho que você está certa. Lembro-me
de ver um personagem com um violino. Eu acho que ela é escocesa, você
sabe, por causa do modo como ela diz moça . Deve ser ela.

O olhar da enfermeira Benson disparou entre elas antes de


aterrissar em Brooke. ─ Seus pais estarão com você em breve querida.

Tessa abriu os lábios e Brooke pressionou a mão na boca da irmã.


Tess, você não pode dizer isso. É uma palavra travessa.

─ Palavra travessa! ─ a criança ecoou de volta.

Zoe balançou a cabeça. ─ Pelo menos é melhor que...

─ Nem diga! ─ Brooke disse com uma risadinha.

Zoe olhou por cima do ombro. Os pais de Brooke haviam terminado


com o médico e estavam caminhando. A adolescente estava certa.
Lágrimas escorriam pelas bochechas de sua mãe. Estava quase na hora
de Brooke ser a mais forte.

Zoe se agachou e pegou a mão da amiga. ─ Tudo bem, rabo


arrebentado, você tem planos para o ensino médio, e é melhor você

3
Lass – Referência a Martin Lass Vionilista Americano & Lass - texto em inglês. Em escocês refere-se a
moça/mulher

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manter contato e me contar sobre todas as suas aventuras. Você estará
tendo romances do Sweet Valley High antes que você perceba.

Os olhos de Brooke brilharam com lágrimas. ─ Eu vou. Eu prometo.

─ Querida, você conseguiu. ─ veio a voz trêmula de uma mulher.

Brooke se transformou e colocou um rosto corajoso. ─ Sim, eu estou


pronta para ir para casa, mãe.

─ Arrebentou o traseiro! ─ Tessa gritou.

Zoe sustentou o olhar de Brooke. Mais uma vez, as meninas


reprimiram o riso.

O pai de Brooke levantou Tess do colo de Brooke. ─ Parece que Tessa


está pronta para um grande almoço.

A sra. Jackson limpou as lágrimas das bochechas com um lenço de


papel. ─ Obrigado por fazer companhia a nossa filha, Zoe. Sabemos o
quanto ela adorou suas visitas.

─ O prazer foi meu. Vocês todos têm uma longa viagem para casa -
ela respondeu. Ela queria sair do caminho deles. Eles ainda tinham que
falar com o médico e repassar suas ordens de alta e, para isso,
precisavam de privacidade.

Zoe foi em direção à saída quando ouviu Brooke chamar.

A adolescente olhou para ela com olhos arregalados e ansiosos. ─


Qual é a minha história?

Zoe engoliu em seco pelo nó na garganta. ─ Isso é contigo. É o que


você faz, e o céu é o limite.

Brooke assentiu enquanto um sorriso genuíno puxava os cantos da


boca, mas a equipe médica logo cercou a garota, e Zoe a perdeu de vista.
Ela passou pelo posto de enfermagem e a enfermeira Benson a olhou
cansada. Ela ignorou a mulher e saiu para sentar nos degraus e esperar
por Michael. O carro dela estava na oficina - algo com uma mangueira ou

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um cinto - ela não sabia ao certo nem se importava. Felizmente, era para
ser consertado amanhã. As crianças estavam se encontrando em Sadie's
Hollow em alguns dias, e ela estava decidida a arrastar sua melhor amiga,
empunhada e com violino, para uma festa de campo na escola.

Ela colocou os braços em volta das pernas e deixou a cabeça cair


sobre os joelhos. ─ Tudo bem, universo, não seja um idiota gigante. Que
tal você deixar Brooke ter uma vida longa e bonita. Ela exalou e
cantarolou o mantra budista Om.

Sua mãe era assistente social, mas se aposentara da profissão para


seguir sua paixão pelo yoga. Nos últimos dois anos, um pequeno exército
de estátuas de Buda, arte de mandala e cristais de todas as formas e
tamanhos havia entrado na residência Stein.

Ela nunca admitia isso em um milhão de anos, mas gostava da ideia


de que tudo estava conectado. A consolou pensar que, se colocasse algo
de bom no mundo, a gentileza ondularia e aumentaria.

Ela fechou os olhos. ─ Om. ─ ela respirou, sua respiração fazendo


cócegas nas rótulas.

─ Está tudo bem, Z?

Zoe cortou o mantra e levantou a cabeça para encontrar Michael


MacCarron olhando para ela.

─ Jesus, Michael! Você me assustou!

Ele se abaixou, deu-lhe a mão e a ajudou a se levantar. ─ Eu não


tinha certeza de quanto tempo você queria que eu deixasse você sentar
nos degraus como um pequeno vibrador.

─ Eu não pareço um vibrador!

─ Claro, Z, não há nada de bizarro em se meter nos degraus de um


hospital e cantarolar. Estou surpreso que a segurança não tenha lhe pego
e deixado no centro psiquiátrico ao lado.

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Zoe desceu os degraus e entrou no velho Range Rover de Michael. ─
Ha ha! Você é uma hilariante ducha tipo canhão, com cabeça de gengibre.

Michael sentou-se no banco do motorista. ─ Cristo, Zoe! Essa foi


boa.

─ Alguém tem que mantê-lo na linha. Não gostaríamos que seu ego
ficasse muito grande com todas aquelas líderes de torcida se jogando em
você.

Um rubor subiu pelo pescoço de Michael.

Ela atingiu um nervo. Esse era o problema de ser o bobo da corte da


cidade. Às vezes você vai longe demais. Ele se afastou. ─ Ok, o que está
em jogo hoje à noite? Ontem, você disse que precisava de ajuda com o
seu material de DJ.

A música era a paixão de Michael, mas seu pai insistia que ele o
seguisse e se tornasse um advogado. Sempre que ele falava sobre música,
seu comportamento melhorava instantaneamente.

O rubor retrocedeu e Michael sorriu. ─ Eu tenho um show, Z. Um


show de verdade onde eu sou o DJ em um bar no centro da cidade.

─ Como você conseguiu isso? Você não está anunciando, está?

─ De jeito nenhum! Meu pai cagaria um tijolo. Eu conheci um cara


em uma loja de discos em Westport. Começamos a conversar sobre
música, e ele perguntou se eu queria ser o DJ esta noite em seu bar.

─ Ele sabe que você tem apenas dezoito anos?

Michael olhou com um brilho malicioso nos olhos. ─ Ele nunca


perguntou a minha idade, então não o estou enganando de propósito. Se
ele tivesse solicitado as informações, eu as teria fornecido.

Ela balançou a cabeça. ─ Eu sei que você não quer ser advogado,
mas, merda, cara, você é realmente bom nisso.

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KRISTA SANDOR
─ O que você diz, Z? Quer ser minha groupie4?

─ Dane-se isso! Eu sou sua gerente.

─ Então, você será?

─ Vamos ver. Você está me oferecendo uma noite para entrar em um


bar, pedir drinques sofisticados e ouvir sua música chocante. Inferno
sim, eu estou dentro! Além disso, meus pais estão indo para o Arizona
hoje! Eu poderei ficar fora a noite toda!

Michael estendeu a mão. ─ Vamos ser jovens e estúpidos.

Zoe bateu nele com um high five. ─ Que possamos sempre ser tão
idiotas sem noção!

4
Groupie - termo inglês para mulheres que buscam intimidade emocional e/ou sexual com um músico.

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KRISTA SANDOR
02

Sam Sinclair engoliu o nó na garganta. ─ Kara, me desculpe, mas


tem que ser assim.

- Pensei que você se importasse comigo, Sam? Eu pensei que você


estava se apaixonando por mim!

Sam olhou para o lago Boley, desejando que o chão o engolisse. Ele
odiava isso. Ele odiava ser o cara mau. Durante toda a sua vida, ele foi o
amigo gentil e prestativo, sempre presente para aliviar o clima, mas foi
longe demais com sua ex-namorada, Kara Henshaw.

Sam olhou ao redor do Jardim Botânico de Langley Park. Era início


de agosto e a folhagem estava repleta de rosas, azuis e verdes vibrantes.
Casais andavam de mãos dadas, enquanto as crianças pulavam pelos
caminhos sinuosos. Mas nada da serenidade ou da beleza circundante
poderia amenizar o que ele tinha que fazer.

E por que diabos ele escolheu esse lugar para conversar com ela?
Ele pensou que a reunião em público seria mais fácil. Quando ele foi ao
apartamento dela para dizer que queria terminar, ela jogou todos os
copos do armário para ele. Ela balançava de um lado para o outro entre
raiva e tristeza inconsolável, e tudo o que ele conseguia imaginar era sua
mãe.

Ele apontou para um banco e eles se sentaram. Kara abaixou a


cabeça e seus cabelos escuros cobriram as lágrimas escorrendo por suas
bochechas.

─ Ficamos muito felizes no Equador no último semestre. Lembra do


colar que você me deu no meu vigésimo primeiro aniversário? Eu pensei
que isso significava que talvez iríamos morar juntos, arrumar um
apartamento perto da faculdade agora que estamos de volta ao Kansas -
ela chiou entre soluços.
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KRISTA SANDOR
Ele balançou sua cabeça. Ele dera presentes de aniversário a muitos
amigos - homens e mulheres - ao longo dos anos. Ele lhe dera o colar
simplesmente para ser gentil. Cristo! Ele não achava que ela assumiria
que isso significava que eles morariam juntos. ─ Kara, eu realmente
gostei de conhecê-la no Equador, mas nunca conversamos sobre algo
assim.

Sam inclinou-se para a frente e apoiou os cotovelos nos joelhos, o


olhar fixo na água. Eles se conheceram durante o programa de estudos
no exterior do último semestre em Quito, Equador. Ele nem tinha certeza
de quando eles se tornaram um casal. Ela estava sempre lá - sentada ao
lado dele na sala de aula ou trabalhando ao lado dele durante o horário
em seu projeto de serviço construindo escolas em áreas remotas.

No começo, ele amou a companhia dela. Ela parecia tão vibrante e


independente, mas, apesar das impressões iniciais dele, os sinais de
alerta estavam lá. Uma semana depois de terem chegado a Quito, ele a
pegou passando pelo quarto do dormitório. Ela examinou todas as
gavetas e todos os cadernos. Ela encontrou uma fotografia antiga de seus
amigos de infância que ele mantinha guardados em seu diário e exigiu
conhecer a identidade de todas as garotas da foto. Mas então, ela voltou
a ser doce e carinhosa, e ele afastou a explosão errática.

Kara esfregou a parte de trás do pulso contra o nariz e fungou. ─ Eu


pensei que você me amava. Por que mais você dormiu comigo?

Seu sangue ardia de vergonha e arrependimento. ─ Eu sei, Kara, e


sinto muito. Eu realmente me importo com você, mas acho que nós dois
estávamos em uma página diferente quando se trata do que está
acontecendo entre nós.

Ela apertou o antebraço dele. As lágrimas secaram e seus olhos


brilharam com fúria. ─ Eu não pensei que você era um desses tipos de
caras que usavam mulheres e as jogavam fora quando terminavam.

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O peito dele se apertou. Imagens de sua mãe com seus cabelos
castanhos escuros que combinavam com os dele passaram por sua
mente. Era noite. Ela sempre foi pior à noite. Ela passeava pela casa e
gritava com o meu pai, seus discursos não faziam sentido enquanto ela
se enfurecia. Ele entrava furtivamente no quarto de seu irmão caçula,
Gabe, para garantir que o garoto não acordasse para testemunhar seus
episódios.

─ Kara, eu não quero te machucar mais do que eu já tenho. É melhor


se não estivermos juntos. Você merece alguém que possa fazer você feliz.

O que mais havia a dizer? Em algumas semanas, ele começaria o


primeiro ano da faculdade e faria outro programa de estudo no semestre.
Ela virou quando ele disse a ela - propositalmente, certificando-se de que
era tarde demais para ela tentar ingressar no programa.

Droga! Ele não deveria ter deixado ir tão longe quanto foi. E ele com
certeza não deveria ter dormido com ela. Mas ela implorou. Essa era a
maneira dela. Ela voaria porta a fora e depois voltaria para aquela garota
doce e arrependida que lhe diria que só ficou chateada porque se
importava muito com ele. Ela o banhava com beijos suaves até ele ceder
e lhe dar o que ela queria.

Estava tudo claro como cristal agora. Ela usou o sexo como um meio
de encobrir seu comportamento descontrolado. E ele se apaixonou por
isso: anzol, linha e chumbada.

Sua cabeça balançava para frente e para trás, avaliando a multidão.


Era meio-dia e havia pessoas por toda parte. Ele sabia que ela estava
decidindo se queria fazer uma birra bem na frente de dezenas de pessoas.
Ele prendeu a respiração. Seu corpo estava acostumado com o ritmo
disfuncional.

Em um suspiro de movimento excessivamente dramático, ela saiu


do banco e se levantou. Com ele ainda sentado, eles estavam olho no

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olho. - Você vai se arrepender, Sam Sinclair. Você não pode simplesmente
me tratar como lixo e me jogar fora.

─ Eu nunca quis dizer ─

O estalo da mão dela encontrando sua bochecha parou sua resposta.

Ela segurou o olhar dele, os olhos ardendo, enquanto alguns


suspiros sonoros escapavam das pessoas que tiveram a infeliz sorte de
passar pelo banco. ─ Estou indo embora! Você não me merece!

Sam esfregou a bochecha. Apesar da dor, o alívio inundou seu


sistema. Tinha que terminar. Ele tentou terminar isso semanas atrás,
mas então ela chorou e pediu desculpas, e ele voltou à estaca zero.

Não, isso tinha que ser o fim.

─ Isso deve ter doído.

Sam olhou para cima e balançou a cabeça. ─ Parecia tão ruim


quanto eu acho?

Seu amigo, Ben Fisher cruzou os braços. ─ Eu só peguei o final, mas


se você quis dizer, parecia um cara tentando terminar com a namorada
em público para que ela não pudesse se machucar, mas ela jogou uma
de qualquer maneira? Então sim, parecia exatamente assim.

Uma onda de náusea tomou conta dele. Ele nunca quis machucar
Kara. Mas tudo tinha se transformado em um gigantesco desastre.
Conhecendo as mudanças de humor dela, ele deveria ter esperado.

Ben bateu nas costas dele. ─ Você vai sobreviver.

Mesmo que Ben fosse alguns anos mais velho do que ele, eles sempre
foram íntimos. A meia-irmã mais nova de Ben, Zoe Stein, era a melhor
amiga de Em MacCaslin, a garota que morava ao lado de seu primo,
Michael MacCarron. Crescendo, Sam e seu irmão, Gabe, passaram
bastante tempo na casa do primo. Quando eram crianças, Ben e Sam
eram os mais velhos do grupo, muitas vezes encarregados de levar as

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crianças mais novas ao parque ou ao lago para brincar. Agora, seu irmão,
seu primo e Zoe tinham dezoito anos ─ adultos ─, mas ele não tinha
compartilhado nenhum drama relacionado a Kara com ninguém além de
Ben.

─ O que você está fazendo aqui? ─ Sam perguntou, levantando-se.


─ Eu não achei que íamos tomar uma bebida até mais tarde - e não há
lugar decente para tomar uma cerveja em Langley Park.

Ben engoliu em seco. Ele era um cara reservado. Não é um idiota,


mas alguém que foi regido e metódico. Ben esfregou as mãos e Sam olhou
duas vezes. Ele nunca tinha visto seu amigo tão agitado.

Ben pigarreou. ─ Acabei de fazer algo grande e precisava sair para


pensar e processar as coisas. Imaginei que os jardins eram um lugar tão
bom quanto qualquer outro.

─ Você não está indo para Phoenix hoje à noite com seus pais para
conhecer a mãe de Sara? ─ Sam perguntou.

─ Sim, imaginei que era hora de nossos pais se conhecerem.


Estamos juntos há um tempo.

─ É um grande negócio voar para conhecer a família de sua


namorada.

Ben enfiou as mãos nos bolsos. ─ É apenas a mãe dela. O pai de


Sara morreu quando ela era jovem.

─ Ela gosta de você.

Ben assentiu. ─ Temos muito em comum e não apenas nossos pais.


Estou estudando arquitetura, e ela é paisagista.

Sam levantou as sobrancelhas. ─ Eu odeio estourar sua bolha, mas


tenho uma boa idéia do que você fez de grande. Você tem isso com você?

Ben sentou-se no banco e Sam se juntou a ele.

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─ Eu não quero colocar tudo isso em você, especialmente depois do
que você está passando com Kara. ─ disse Ben, olhando para a água.

Sam deixou escapar um longo suspiro. ─ O que eu tive com Kara foi
um erro. Eu sabia que não éramos certos um para o outro. Eu não a
amava. Eu me sinto um idiota por dizer isso, mas tinha que terminar. E
eu deveria saber que isso terminaria mal.

Ben se mexeu no banco. - Pelo que vale, desculpe, cara.


Rompimentos nunca são fáceis.

─ Bro, você está parando. Deixe-me ver.

Ben enfiou a mão no bolso, tirou uma minúscula caixa preta e a


passou.

─ Sabe, alguém que passa aqui vai pensar que eu acabei de terminar
com a minha namorada, apenas para ser proposto pelo meu namorado.

Ben riu, e o nervosismo que ele carregava parecia diminuir. ─ Tudo


bem. É o Langley Park. Somos bem progressistas aqui.

─ Corações marcados e segundas chances. Bem-vindo ao Langley


Park ─ Sam brincou.

─ Agora você está parado, Sinclair. Abra a caixa.

Ele levantou a tampa e exatamente o que esperava ver encontrou


seu olhar. Um diamante brilhava ao sol brilhante do Kansas. ─ Este não
é o anel da sua mãe, o que seu pai deu a ela. ─ Embora a mãe de Ben
tivesse se casado novamente, eles mantiveram muitas fotos do pai de Ben
em casa, e este não era o anel vintage retratado na mão da mãe de Ben
na foto de casamento de seus pais.

─ Não, minha mãe me ofereceu, mas eu senti que queria dar a Sara
algo mais moderno. ─

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KRISTA SANDOR
Sam assentiu. Ele sabia pouco ou nada sobre anéis de noivado de
diamante. Tanto quanto ele podia dizer, este parecia muito bom. ─ É
legal.

Ben olhou para o anel e seu joelho saltou. O nervosismo estava de


volta.

Sam fechou a caixa e a devolveu ao amigo. ─ Você tem certeza que


ela é a única?

Ben encontrou seu olhar. Uma batida passou quando uma


expressão assustadora passou pelo rosto de seu amigo. Ele balançou a
cabeça como se estivesse tentando afastar uma lembrança.

─ Sim, tenho certeza. Sara é a única.

─ Então hoje é um bom dia. ─ disse Sam, tentando tranquilizar o


amigo. Havia algo lá - uma hesitação, uma relutância, mas tudo isso
poderia ser um nervosismo. Deus o ajude! Ele não podia imaginar como
deve ser pedir a alguém que passe o resto da vida com você. Ele tinha
certeza de que seu pai nunca esperara que a mulher com quem se
casasse acabaria perdendo sua mente, fugindo dele e deixando-o para
criar dois filhos sozinho.

─ Eu tenho um favor para lhe pedir. ─ disse Ben. Ele se recompôs e


o homem estóico e regimentado voltou.

─ Qualquer coisa. O que você precisa? Uma carona para o


aeroporto?

─ Não, temos um carro chegando. Eu gostaria que você ficasse de


olho em Zoe.

─ Sua irmã, Zoe?

─ Claro, minha irmã! Quantas Zoes você acha que eu precisaria que
você cuidasse?

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Sam acenou com a mão. ─ Ela está indo para a faculdade em
algumas semanas. Não é como se ela precisasse de uma babá.

─ Meus pais acham que ela é um anjo, um anjo com a boca de um


motorista de caminhão, mas mesmo assim um anjo. Ficaremos fora por
vários dias. Eu não sou um idiota. Sei o que as crianças fazem depois do
anoitecer nos parques e costumava ir às festas de Sadie's Hollow, mas
ela é...

─ Sua irmãzinha. ─ Sam forneceu.

Ben recostou-se e apoiou as mãos no colo. ─ Sim, ela é, e ela pensa,


espere, deixe-me fazer isso direito. Ela me chamou de pele de
Rumpleforeskin aborrecida que não saberia me divertir se me desse no
rosto uma frigideira.

Sam bateu palmas e riu. ─ Com uma boca assim...

─ Ela poderia se meter em um monte de problemas. ─ Ben balançou


a cabeça.

─ Não se preocupe. Eu sei que ela sai com Michael um pouco. Vou
encontrá-la e ficar de olho nela.

Ben recostou-se e agarrou a caixa do anel, com o olhar fixo no lago.

Sam examinou a beira da água. As crianças estavam por toda parte


- observando os patinhos entrando no lago, brincando de tag e andando
na ponta dos pés na lama fria. Seu olhar foi atraído para duas garotinhas,
descalças e praticando piruetas, e ele sorriu. Lembrou-se de Zoe e Em,
com não mais do que sete ou oito anos de idade, lançando seus chinelos
e caindo pelo gramado. Os olhos de Zoe, arregalados e brilhantes naquela
sombra que não era muito azul e não era muito cinza. A cor da névoa da
manhã, assombrosa e sedutora. O aperto no peito afrouxou ao pensar
naqueles olhos cinza-azulados hipnotizantes.

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KRISTA SANDOR
─ Que tal essa cerveja? ─ Ben disse, invadindo seus pensamentos.
─ Eu tenho algumas horas antes de precisar emcontrar meus pais na
casa deles. Nós estamos indo para o aeroporto de lá.

Sam olhou para o amigo sem entender. Até trinta segundos atrás,
Zoe Stein era a irmã mais nova de Ben. Ele e Ben costumavam construir
seus fortes de travesseiro. Ela era a garotinha que ele levantou para poder
alcançar as barras de macaco. Ela era a minúscula raspadora que pulava
nas costas dele e exigia que ele a carregasse da casa deles até o local
exato. Ele passou a mão pelas ripas de madeira gastas do banco.

─ Se você está muito bagunçado com Kara, cara, podemos fazer isso
outra hora.

Sam acenou para ele. ─ Não, cara, vamos lá. Eu não estou confuso
com Kara. Ele não estava mentindo. De repente, os problemas com Kara
pareciam anos-luz de distância. Outro rosto tão doce quanto a chuva do
verão, sorrindo e rindo com olhos azul-acinzentados, havia preenchido o
vazio.

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03
─ FODA-SE! ─ Sam murmurou baixinho.

Ele estacionou sua caminhonete na rua, alguns carros abaixo do


velho Range Rover de Michael e olhou através do asfalto rachado para
uma das piores barras de mergulho que já vira. Mesmo em comparação
com os países do terceiro mundo que ele havia visitado, esse buraco nos
arredores de Kansas City era muito ruim. Eram quase dez horas e ele
queria se dar um soco no rosto por esperar tanto tempo para rastrear seu
primo e Zoe.

Uma batida forte na porta do lado do passageiro desviou sua atenção


do prédio em ruínas. Ele se inclinou e abaixou a janela alguns
centímetros.

Uma garota - provavelmente não mais velha que Zoe - jogou cinzas
de um cigarro. ─ Você está procurando um encontro, querido?

Ele olhou da garota para uma triste lista de lojas atrás dela. Uma
pizzaria com um toldo rasgado exibia uma placa fluorescente aberta. Ele
pegou sua carteira, tirou vinte e depois passou a nota pela fresta da
janela. ─ Vá pegar algo para comer e depois vá para casa.

Ela deu uma tragada na fumaça e olhou para o dinheiro. ─ É isso


aí? Você não quer...

─ Você parece uma garota inteligente. ─ disse ele, interrompendo-a.


- Pegue uma pizza e saia daqui. Não é seguro.

Ela pegou os vinte e enfiou no sutiã. ─ Você está com o DJ e a


garota?

O pulso dele acelerou. ─ Talvez porque?

Ela deu outra tragada e riu enquanto exalava uma corrente de


fumaça. ─ Eles não eram difíceis de perder. Aqueles dois cheiravam a
dinheiro. O cara usava uma polo Ralph Lauren com um cavalo gigante, e

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KRISTA SANDOR
a garota era totalmente yuppy-retro com aquelas pontas rosa.
Provavelmente lhe custou uma fortuna no salão.

A mandíbula de Sam se apertou. Jesus, Michael! O garoto teve que


aprender a se vestir se quisesse ficar do lado errado dos trilhos. Mas é
isso que você ganha quando seu pai é um dos principais advogados da
cidade. Pelo menos seu primo poderia se controlar. O cara tinha apenas
dezoito anos e, embora não fosse tão construído quanto ele, Michael era
alto e robusto. Ele jogou no centro de seu time de basquete do ensino
médio e ninguém com metade do cérebro tentaria mexer com ele.

Mas Zoe era outra história.

Um metro e oitenta em um bom dia, não demoraria muito para


atrapalhá-la. Sim, ela lutaria como o inferno, mas mesmo um cara
insignificante poderia derrubá-la no chão. Um impulso primordial de
invadir o bar surgiu através dele, e não teve nada a ver com a promessa
que ele fez a Ben.

Ele pegou o olhar da garota e gesticulou com o queixo em direção ao


restaurante. ─ Pizza. Você. Agora.

Ela apagou a fumaça. ─ Tudo bem, tudo bem! Deixa comigo!

─ E enquanto estiver lá, fique de olho na minha caminhonete e no


Range Rover. ─ A última coisa que ele precisava era roubar seu carro, e
ele sabia que seu tio iria chover sobre o inferno para Michael, se ele
descobrisse onde a próxima geração do escritório de advocacia
MacCarron passaria a noite.

A garota acenou por cima do ombro enquanto abria a porta da


pizzaria.

Assim que ela entrou em segurança e ele a viu entregar o dinheiro


para pagar sua refeição, saiu, trancou a caminhonete e correu do outro
lado da rua. Quando ele bateu na calçada, um homem saiu do bar, e uma
batida techno o seguiu para a rua. Sam pegou a porta antes de se fechar
e entrou no salão escuro.
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KRISTA SANDOR
O bar era maior do que ele esperava e, de alguma forma, ainda mais
um buraco. Provavelmente foi mais assustador ver o lugar com as luzes
acesas. Buracos pontilhavam o gesso gasto que cobria as paredes -
certamente, lembranças de brigas de bares passadas - quando um rato
disparou ao longo dos rodapés amassados antes de desaparecer em uma
rachadura. Na neblina fraca de luz vermelha difusa pela fumaça, ele
acenou para um segurança que mal olhou para ele, o olhar do homem
treinado na bunda perfeita de uma mulher pequena e cercada por três
caras.

Zoe.

Eles estavam no final do bar. Ela estava de costas para ele, mas ele
a conheceria em qualquer lugar. Ela usava botas de combate pretas e um
par de shorts jeans. Ele sabia que os pais dela - e Ben - se cagariam se a
vissem nessa fantasia. Muito pequeno. Muito pequeno pra caralho. Ela
se inclinou para tomar outra dose do barman, e o toque de sua bunda
apareceu sob o jeans franjado.

Jesus! Ela tinha que usar um fio-dental ou - Deus o ajude - sem


calcinha. Calor agitou em sua barriga. Uma necessidade possessiva de
enfiar aqueles globos perfeitos de carne e cravar as pontas dos dedos em
sua bunda doce e macia correu por ele. Ele agarrou a lateral do bar e
desejou que o impulso passasse. Esta era a irmã mais nova de Ben. Esta
era a garota que ele empurrara nos balanços e se afundara na piscina.
Seu pênis não tinha como formar uma opinião de Zoe Stein.

Ele olhou através do bar onde Michael havia instalado seu


equipamento de DJ. A música parecia boa, e várias pessoas estavam se
movendo para o ritmo techno na pista de dança. Mas com os fones de
ouvido e o olhar fixo nas mesas giratórias, não havia como ele ficar de
olho em Zoe. Sam poderia ter jogado uma bomba neste lugar, e Michael
continuaria misturando, perdido para a música, formulando seu próximo
set.

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KRISTA SANDOR
Ele voltou seu olhar para Zoe e seu trio de pretendentes. Um dos
rapazes deu a ela outra dose, e o grupo derrubou a bebida. Zoe bateu o
copo no bar e os homens aplaudiram. Um filho da puta descarado teve a
coragem de alcançá-la e descansar a mão no quadril dela. Zoe balançou
um pouco. Quase cem libras molhadas, ele teve um bom pressentimento
de que a dose não era a segunda da noite.

─ O que você vai ter?

Sam olhou para o barman. O cara não podia ser muito mais velho
do que ele. E enquanto ele tentava parecer parte do retro-grunge, a
camiseta Pearl Jam do cara tinha vincos nas mangas, como se tivesse
sido passada a ferro.

─ Boulevard Pale Ale, se você tiver.

O cara assentiu e estendeu a mão abaixo da barra para o


refrigerador. ─ Nunca te vi por aqui. ─ disse ele, abrindo a tampa e
deslizando a cerveja pela madeira pegajosa.

Sam tomou um gole. ─ Bairro um pouco elegante para mim.

O barman se inclinou para frente com um sorriso. ─ Esta área está


mudando. Os jovens estão se mudando todos os dias. Em alguns anos,
eles estarão construindo condomínios e cobrando uma fortuna. Imaginei
que pegaria meu fundo fiduciário e entraria cedo na ação.

Porra de Kansas City! Esse garoto provavelmente era um garoto rico


em Mission Springs. Esses ignorantes pretenciosos apareceram por toda
parte. ─ Você é o dono do lugar? ─ ele perguntou, cuidadoso para manter
Zoe na mira.

O cara assentiu. ─ Sim, meu pai é desenvolvedor.

Claro que ele era.

Sam inclinou a cabeça na direção de Zoe e os caras. ─ Qual é a


história deles? ─

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KRISTA SANDOR
─ Esse doce pedaço de bunda veio com o DJ, mas pelo que posso
dizer, eles não estão juntos. Eu venho servindo seus chás gelados de Long
Island em casa, e meus amigos estão bebendo com ela. Alguém vai tirar
suas pedras com essa parte saborosa hoje à noite.

Sam tomou outro gole de cerveja e depois respirou fundo. Este bebê
do fundo fiduciário estava prestes a ser educado. ─ Esse doce pedaço de
bunda que você esteve olhando a noite toda.

O sorriso do cara aumentou.

─ Ela tem dezoito anos. ─

As sobrancelhas do barman se ergueram e seu sorriso de comer


merda desapareceu. ─ Como você sabe?

─ Ela é a irmã mais nova do meu amigo.

As mãos do cara se ergueram defensivamente. Ele era esperto o


suficiente para saber que estaria em um mundo de mágoa se levasse uma
multa com uma citação por vender bebida a uma menor de idade. ─ Cara,
ela veio com o DJ.

─ Você não pensou em verificar a identificação dela?

Aturdido, o barman pegou um pano e limpou o bar em empurrões


nervosos. ─ Eu apenas imaginei...

─ Amigo, nunca trabalhei em um bar na minha vida e posso dizer


que a primeira regra provavelmente seria garantir que você não estivesse
servindo menores.

─ O que você vai fazer sobre isso? ─ Havia uma ponta na voz do cara.

─ Eu não estou aqui para foder com você ou sua empresa. No


entanto, vou arrastar sua doce bunda daqui a trinta segundos.

─ Por mim tudo bem. Eu não preciso do problema.

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Sam deu ao cara seu sorriso fácil de assinatura. Ele não estava lá
para fazer um inimigo. ─ Eu esperava que você dissesse isso. O que devo
a você pela cerveja e suas bebidas?

─ Por conta da casa.

Sam assentiu. ─ Obrigado, cara. Preciso que você me faça mais um


favor.

O barman relaxou um pouco, seus ombros não tocando mais seus


ouvidos. ─ Claro, o que você precisa?

- Você diz ao DJ que seu primo, eu , Sam Sinclair, levou Zoe para
casa. E certifique-se de que ele saia daqui com todo o seu equipamento.
Ele tem apenas dezoito anos também, assim como a garota.

O cara olhou para um ponto desgastado no balcão e balançou a


cabeça.

Sam bateu no bar e ao fundo um segurança encontrou seu olhar. ─


Conte suas bênçãos por não ser policial e garanta que o garoto saia daqui
inteiro.

─ Eu posso fazer isso. ─ respondeu ele, segurando o olhar de Sam.

Sam estendeu a mão e o barman a apertou.

─ A propósito, a garota não ficará feliz em me ver. E ela com certeza


não vai gostar quando eu a arrastar para fora daqui.

O barman olhou para Zoe. ─ Faça o que você tem que fazer. Não
posso ter menores de idade bebendo no meu bar.

─ Bom homem. ─ Sam respondeu e deu uma piscadela.

Ele bebeu a cerveja e depois olhou para Zoe. Um músculo vibrou em


sua mandíbula quando o cara descarado do trio deslizou sua mão para
descansar na bunda de Zoe. Ela mudou, afastando-se do sujeito. Mas ele
não estava entendendo e segurou suas nádegas com força. Zoe se virou
novamente. Desta vez, ela olhou através da pista de dança em direção a

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Michael. Os negócios haviam retomado, e não havia como ele a ter visto
através da massa de corpos.

─ Ei, lesma, tira as mãos da minha bunda. ─ Zoe arrastou.

Os homens começaram a rir.

A mão do cara descarado não se mexeu. ─ Lesma de bunda? Jesus,


você está cheia disso! Vamos ouvir outro.

Zoe torceu nele. ─ Você quer mais? Tudo bem, seu saco de paus que
arrasta os dedos, solte minha bunda!

Mais risadas.

Sam se mudou. ─ Eu tenho um para você.

Foda descarada olhou para trás.

Sam facilmente tinha quinze centímetros e cinquenta libras no cara.


Passar horas e horas construindo casas e escolas em áreas pobres do
mundo todo o deixara arrasado. Ele se abaixou, com os lábios a
centímetros do ouvido de Foda descarada. ─ É assim. Você tira a mão da
bunda da mulher, ou eu vou arrancar seu braço, cortá-lo em pequenos
pedaços e alimentá-lo como sushi. Vocês, meninos de Mission Springs,
gostam de toda aquela cozinha chique, não é?

Uma batida passou, e ele fez contato visual com cada membro da
equipe de duchas. Ele sabia o que eles estavam pensando - três contra
um. Embora as probabilidades possam estar a seu favor, esses meninos
não eram lutadores. Eles podem ter tentado parecer espertos e ousados
em suas camisetas retrô, mas todos compartilhavam as mesmas marcas
passadas e amassadas que o barman. Nenhum desses caras havia dado
um soco, lavado muita roupa ou martelado um prego por dia na vida.

Fodido descarado tirou a mão e Zoe se afastou dele.

Sam cruzou os braços. ─ Veja, isso não foi tão difícil.

─ Tanto faz. ─ Foda descarado murmurou.

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O trio deixou o bar e se dirigiu para um jogo de dardo.

─ Bem, bem. ─ disse ele, encontrando o olhar de Zoe.

Um lampejo de alívio brilhou em seus olhos cinza-azulados antes de


ser substituído por irritação. Ela se firmou contra o bar. ─ Meu irmão
enviou você, não foi?

─ Esta não é sua cena, Z.

Ela estreitou o olhar. ─ Eu vim com o seu primo e não vou embora.

Ele conteve uma risada. ─ Quer tentar de novo?

Ela soltou um suspiro apertado. ─ Eu vim com o seu primo, e eu não


vou embora.

Ele encontrou seu olhar estreitado com um dos seus. ─ Isso é tudo
que você tem?

O canto da boca dela apareceu. ─ Eu vim com seu primo, seu idiota,
e eu não vou embora.

─ Aí está minha garota.

Antes que Zoe pudesse proferir outro maldito insulto cativante, ele
se inclinou, pegou-a e jogou-a por cima do ombro.

─ O que... ─ ela exclamou, batendo nas costas dele com seus punhos
minúsculos.

Sam recostou-se na cabine. ─ Você terminou, Z?

O olhar bêbado e tonto de Zoe encontrou o dele sobre o prato de


batatas fritas, rodelas de cebola e uma banana dividida com sorvete de
morango, chantilly, granulado e as sete cerejas que ela exigiu ao fazer o
pedido. Levá-la para fora do bar tinha sido relativamente fácil. Conseguir
que ela ficasse no carro era outra questão. Ele cavou fundo e lembrou-se
de um dos favoritos da infância dela - a lanchonete de Winstead. Kansas

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City pode ter sido conhecida por seu churrasco mundialmente famoso,
mas qualquer local que se preze sabia que o hambúrguer e o milk-shake
de Winstead poderiam ser facilmente classificados como a oitava
maravilha do mundo.

Ela dobrou o canudo na limonada e deu um longo puxão.

─ O lugar fecha à meia-noite, Zoe. Não podemos ficar aqui a noite


toda.

─ Precisamos de um desses em Langley Park. ─ ela pensou, pegando


um anel de cebola, espiando através dele como se estivesse olhando para
ele através de um monóculo à milanesa.

─ Oh sim?

─ Sim, não há nenhum lugar bom para comer na DTLP.

─ DT... o que? ─

─ Downtown Langley Park, duh! ─ ela respondeu e mordeu o anel


de cebola com o tipo de gosto reservado à culinária do carnaval.

Ele conteve uma risada. Cristo, ela era adorável! Toda essa merda
idiota. Aqueles olhos brilhando, e ela era linda. Tão bonita! Como ele
nunca percebeu? Ela sempre foi a boba, a ousada. Sua personalidade
ardia tão intensamente que era fácil perder que ela também era um
nocaute absoluto. Mesmo com aquele cabelo rosa louco e botas de
combate, seu corpo pequeno e curvas assassinas não podiam ser
desperdiçadas.

─ Esse é o seu trabalho, Sam. ─ disse ela, abandonando o anel de


cebola e segurando uma das sete cerejas pela haste.

─ Qual é o meu trabalho, Z?

─ Depois que você terminar de salvar o mundo, você abrirá um


restaurante em Langley Park e eu comerei lá todos os dias.

Ele riu. ─ Oh sim? E quanto a Des Moines e a Gwyer College?

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Ela arrancou o caule e colocou a cereja na boca. ─ Primeiro eu vou
para a faculdade. Então, eu vou me tornar uma jornalista premiada. ─
Ela empurrou os ombros para trás e estudou suas feições. ─ E o Prêmio
Pulitzer vai para... Zoe Christine Stein.

Ele se inclinou para frente. ─ Que tal comer no meu restaurante


todos os dias?

Esse brilho estava de volta. Ela lambeu os lábios. ─ É preciso muito


trabalho para ser famoso. Vou ter que aparecer sempre que tiver tempo.

Ele assentiu, completamente encantado com a garota que se tornara


uma mulher bem debaixo do nariz dele.

Ela apoiou os cotovelos na mesa e o queixo nas mãos. ─ O que você


vai fazer a seguir? Outro semestre no exterior construindo escolas na
Mongólia?

─ Ainda não estive na Mongólia, mas gosto de explorar o mundo,


sabendo que é maior que esse pedacinho do Kansas. Vou fazer meu
próximo semestre na Nova Zelândia.

Ela sorriu, mas não era seu sorriso torto habitual. Esse sorriso era
contemplativo, e seu olhar se suavizou. ─ Você está fugindo do seu pai
ou da memória da sua mãe?

A respiração ficou presa na garganta. ─ Não vá lá, Z.

Ela não estava bem. Eu era apenas uma criança e pude ver isso. É
por isso que você e Gabe estavam sempre no Michael. Depois que ela
saiu, seu pai não tinha certeza do que fazer com os dois. Ela se inclinou
sobre a mesa e torceu os dedos nos cabelos dele. ─ E é por isso que seu
pai sempre foi tão mau com você.

As pontas dos dedos roçaram seu couro cabeludo, e ele se forçou a


respirar. ─ Ele nunca foi cruel com Michael e Em. Eles também têm
cabelos ruivos.

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Ela torceu outro cacho de cobre. ─ Não como o seu. O seu é
exatamente igual ao da sua mãe. Gabe tem o cabelo escuro e a coloração
de seu pai. Mas você, você pode ser grande como seu pai, mas você tem
o tom exato dela de castanho escuro. Eu sempre amei quando o sol
pegava seu cabelo perfeitamente. Era como o vermelho dourado de um
pôr-do-sol, aquele segundo antes da luz desaparecer.

Ele segurou o olhar dela, e ela passou os dedos pela bochecha dele.
─ Às vezes, coisas ruins acontecem e não é culpa de ninguém.

A eletricidade viajou através de seu toque. Sua pele zumbiu com o


contato. Ela viu tudo. Todo canto escuro. Todo arrependimento
sussurrado. ─ Onde você ouviu isso, Z? ─ ele gerenciou.

Esse brilho estava de volta. Ver a centelha nos olhos dela era como
ganhar na loteria.

Ela esfregou círculos com o polegar no arranhão na bochecha dele.


─ Eu li em um cartão de felicitações. Também posso lhe enviar minhas
mais sinceras condolências pela morte do seu Chihuahua, mas como
você não tem um Chihuahua morto, pensei que a outra coisa fazia mais
sentido nas circunstâncias atuais.

Ele sorriu. Essa era a mágica dela. Ela podia pegar algo tão cru e
macio, e com apenas algumas palavras, um sorriso ou uma piscadela,
transformaria toda aquela dor em algo suportável.

─ E você, Z? Do que você está fugindo?

Ela sentou-se na cabine e olhou para a luminária. ─ Nada. Minha


vida é perfeita. Pais perfeitos. Irmão perfeito. Pequena cidade perfeita. Do
que eu poderia reclamar?

─ A vida de ninguém é perfeita. Sempre há algo que você quer que


não pode ter.

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─ Sim talvez. ─ Ela olhou ao redor do restaurante vazio. ─ Você quer
sair daqui? Ainda estou um pouco embriagada, mas pelo menos só estou
vendo um de você agora.

Ele jogou algumas notas sobre a mesa e Zoe saiu do estande. Ela
agarrou a borda da mesa, ainda um pouco instável. Ele passou a mão em
seu cotovelo. O zumbido elétrico de pele sobre pele estava de volta. Era
como tudo o que ele precisava fazer era tocá-la, e sua energia, seu espírito
o consumiria, o reviveria. Apenas algumas horas atrás, ele terminou com
Kara. Ele se sentiu vazio, mas não pela perda dela. Ele se sentiu vazio
porque não sentia falta dela. Eles estavam praticamente presos pelo
quadril por meses, e ele não podia nem começar a descrever o sorriso ou
a risada dela. Mas com Zoe, ele conhecia todos eles.

Eles deixaram o restaurante e ele a ajudou a entrar na caminhonete.


Ele entrou e Zoe correu ao lado dele no banco.

─ Estou cansada. ─ disse ela com um grande bocejo.

─ Provavelmente é apenas um coma diabético. Você comeu sorvete


suficiente para incapacitar um elefante.

Ela apoiou a cabeça no ombro dele. ─ Não acho que os elefantes


gostem de sorvete.

Ele levantou o braço e o envolveu em volta dos ombros dela. ─ Você


já pediu uma?

Ela cantarolou sua diversão.

Ele ligou a caminhonete e seguiu em direção a Langley Park. As ruas


estavam calmas e postes de luz pontilhavam a escuridão com poças
quentes de luz. Quando ele se transformou na cidade, ele passou pelas
ruas conhecidas em homenagem à vida vegetal do Kansas. Zoe aninhou-
se nele, sussurrando algo enquanto dormia enquanto descia a rua de
Michael, Foxglove Lane. Ele diminuiu a velocidade ao passar pela casa de
sua tia e tio. O Range Rover de Michael estava estacionado no caminho
de cascalho. Graças a Cristo, ele chegou em casa.
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KRISTA SANDOR
─ Já estamos lá? ─ Zoe perguntou em um suspiro sonhador.

Ele olhou da casa de Michael para a porta ao lado de Em. Ele podia
ver toda a gangue: Ben, Zoe, Em, Michael, Gabe e ele mesmo, jogando a
etiqueta da lanterna - Zoe girando com o raio de luz dançando na
escuridão. ─ Estamos apenas passando pelo Michael e Em. Estaremos
em sua casa em alguns minutos.

Eles não estavam longe de casa. Langley Park consistia em um


pitoresco centro da cidade. As casas de estilo Tudor, bangalô e American
Quadrangular, construídas nos anos 30 e 40, cercavam o centro da
cidade nos lados norte, oeste e sul. O Jardim Botânico de Langley Park
fazia fronteira com o leste e, além disso, o Lago Boley separava a cidade
do hospital.

Michael e Em moravam no lado sul, enquanto ele e Zoe estavam a


poucos minutos no lado oeste. O bangalô compacto de sua família não
era nada comparado ao grandioso Colonial de tijolo vermelho dos Stein.
Ele parou a entrada da garagem e olhou para a casa. A iluminação
externa projetou a acolhedora porta da frente verde Kelly em um brilho
dourado.

Ele acariciou o braço dela. ─ Estamos aqui.

─ Eu não quero me mudar. ─ ela murmurou.

Ele também não queria. Ele poderia ter passado uma eternidade
dentro da cabine de sua caminhonete com ela aconchegada perto. Mas
eles não tiveram a eternidade, e ela ainda era a irmã mais nova de um de
seus amigos mais próximos.

Ele cortou a ignição. ─ Vamos lá, ossos preguiçosos.

Ele a levantou do carro, e ela colocou os braços em volta do pescoço


dele. Ele carregou todas as crianças mais jovens assim. Na maioria das
vezes, eles estavam na piscina do centro de recreação, onde ele os jogava
na água, seus corpos se contorcendo e gritando de emoção. Mas isso foi
diferente. Ele estava ciente de tudo. A respiração dela, quente e cheirando
The Story Of Home
KRISTA SANDOR
a limonada de cereja no pescoço dele. Suas coxas, lisas e tonificadas, os
pés balançando quando ele apertou seu aperto, seu batimento cardíaco
acelerando a cada passo.

─ Chaves? ─ ele sussurrou.

─ Bolso. ─ ela respirou.

Ele mudou o peso dela, o que não foi difícil de fazer, porque ela
pesava quase nada e sentia o contorno de uma chave. Ele deslizou o dedo
no bolso dela e o retirou. Ele abriu a porta e colocou a chave na mesa na
entrada.

─ Lá em cima. ─ ela sussurrou.

─ Eu sei para onde ir, Zoe. ─ Ele a carregou escada acima e passou
pela porta do quarto de Ben, onde passara centenas, talvez milhares de
horas, ao longo dos anos. O quarto de Zoe ficava no final do corredor,
uma placa de afastamento ainda pregada na porta. Ele girou a maçaneta
e acendeu uma lâmpada. Ela ainda tinha a mesma cama de dossel e a
mesma escrivaninha branca escondida no canto. Ele a deitou na cama e
ela abriu os olhos. Ele desamarrou as botas dela, colocou-as no chão,
pegou uma colcha e a cobriu.

Ela pegou a mão dele e ele se sentou na beira da cama. Lentamente,


ela levantou as mãos unidas e beijou os nós dos dedos. ─ Fique. ─ ela
respirou contra a pele dele.

Uma palavra. Uma sílaba. Era tudo o que ele queria, e a única coisa
que ele não podia ter.

Ele engoliu em seco. ─ Você andou bebendo, Z. Você não está em


condições de...

Jesus, para quê? Para fazer sexo? Como eles chegaram aqui? E por
que parecia tão certo?

Ela deslizou e abriu espaço para ele. ─ Você deveria cuidar de mim,
certo?

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KRISTA SANDOR
Ele olhou para ela. O brilho fraco da lâmpada destacava a curva de
sua bochecha, o comprimento de seu pescoço. Ele nunca teve ciúmes da
luz da lâmpada, mas estava agora. Ele queria passar os lábios por cada
curva, pressionar beijos em cada centímetro de pele macia e suave.

─ Você promete ir dormir?

Ela apertou a mão dele e o puxou para mais perto. ─ Eu prometo. ─

─ Estou falando sério, Z. Com o quanto você bebeu hoje à noite, eu


não podia, eu não...

Ela riu e deu-lhe um sorriso sonolento. ─ Você acha que é tão difícil
resistir, rei do gengibre, Sam Sinclair?

Ele balançou sua cabeça. Ela fez isso de novo. Fez tudo bem. Ele
tirou os sapatos e deslizou ao lado dela.

Ela descansou a cabeça no ombro dele. ─ Boa noite, idiota.

Ele soltou um suspiro que nem percebeu que estava segurando. ─


Bons sonhos, Z.

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
04

Zoe suspirou, quente e contente em sua cama. Graças às cortinas


opacas que ela havia pedido aos pais para instalar, podiam ser seis da
manhã ou seis da noite. Ela não sabia, e não se importava porque, neste
exato momento, estava envolvida nos braços de Sam Sinclair.

Manteve os olhos fechados e repassou tudo o que havia aprendido


como repórter no Village East High School Gazette.

Nomeie sua fonte. Sam Sinclair. Idade 21.

Seja objetivo. Dane-se isso. Ela amava esse homem desde os oito
anos de idade.

Evite conflitos de interesse. Não escreva sobre suas coisas favoritas.


Guarde essa merda para o seu diário. Seu professor de jornalismo falava
sobre como essa era a maneira mais rápida de diminuir sua credibilidade.
Se os leitores questionavam seu julgamento e integridade, era isso. Você
terminou. Finito. Tem que se despedir. Você poderia escrever que o céu
era azul e que a grama era verde, e as pessoas questionavam isso porque
a objetividade foi explodida em pedaços.

Ela tinha algum conflito de interesses quando se tratava de Sam


Sinclair? Inferno sim, ela tinha. Ele era amigo do irmão dela. Ele era
parente de Michael, um de seus amigos mais queridos, que morava ao
lado de sua melhor amiga. E ela estava pendurada nele por uma década.
Seus interesses eram todo tipo de conflito.

Em seguida: proteja sua fonte, mesmo que isso signifique permitir que
eles permaneçam anônimos.

Segredo. Escondido. Não especificado. Ninguém tinha que saber


sobre eles.

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KRISTA SANDOR
Seu coração pulou uma batida. Esse era o ângulo dela. Se ela
tentasse beijá-lo, ele recusaria seus avanços. Ele diria a ela que não
podia. Ela era a irmã mais nova de Ben. Ela estava saindo para a
faculdade, e ele iria para a Nova Zelândia do outro lado do mundo para
começar seu primeiro ano. Eles não podiam. Seria imprudente. Ele não
queria machucá-la.

Zoe jogou toda a interação em sua mente quando um sorriso


sonolento se estendeu por seus lábios. O que era ainda mais importante
do que evitar um conflito de interesses? Obtendo a história certa. E ela
sabia apenas as cartas para jogar, não apenas para acertar, mas para
conseguir tudo.

Ela inalou o aroma limpo de sabão e apenas o toque de hortelã-


pimenta. Em algum lugar durante a noite, ela tirou o short jeans e a
camiseta e se arrastou de volta para a cama sem Sam perceber sua falta
de roupa. A mão dele repousava na bunda dela, do tamanho dela, grande
o suficiente para cobrir toda a bochecha dela. Ela procurou a gola da
camisa dele, permitindo que as pontas dos dedos seguissem até o pescoço
dele e ao longo do queixo. Ele suspirou e a puxou para mais perto,
quando a perna dobrada se assentou sobre as coxas dele. Um pequeno
turno, e ela poderia montar nele. O pulso dela acelerou. Ela deslizou os
dedos pela bochecha dele e até o pescoço dele. Ela seguiu a trilha de
músculos duros pelo abdômen. Ela estava quase no pênis dele. Ele estava
duro. Ela podia sentir isso pela colocação de sua coxa. Mas assim que ela
alcançou o botão na calça cargo dele, dedos quentes e fortes agarraram
seu pulso.

─ Procurando por algo? ─ veio um estrondo sexy.

Ela se aproximou. ─ Tenho certeza de que encontrei o que estava


procurando.

Ele levantou a mão dela e a colocou em seu peito. Forte e constante,


o batimento cardíaco dele pulsava contra a palma da mão dela. Ela
também queria o coração dele. Mas essa era uma história completamente

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KRISTA SANDOR
diferente - uma que não seria escrita hoje. Esta manhã, ela estava de olho
em algo mais viável. Algo que fez suas partes mais íntimas doerem de
desejo.

Ela deslizou para mais perto e deu um beijo no pescoço dele. Um


zumbido de prazer vibrou em seu peito.

─ Zoe, vamos lá. Você sabe que não podemos fazer isso.

Mas ele não se afastou dela, e a mão que ele usou para afastá-la de
seu pênis estava de volta descansando em sua bunda.

Ela ainda não tinha aberto os olhos, permitindo que o toque, o cheiro
e o som a guiassem. Se ela olhasse para ele, perderia a coragem e queria
que isso por muito tempo para voltar agora.

─ Minha família não está aqui. ─ Ela deu outro beijo no pescoço dele.
─ Dentro de alguns dias, partirei para Des Moines e você partirá para a
Nova Zelândia. Eu quero esses dias, Sam. E eu quero eles com você.

Ela mudou seu corpo, desta vez, montando completamente nele. O


peito de Sam soltou um suspiro apertado e pontuado. Talvez sua mente
não pudesse se envolver em tê-la, mas seu corpo certamente poderia. Ela
se inclinou para ele, e o comprimento grosso e duro de seu membro
esfregou contra ela. Mesmo através das calças, seu desejo era evidente.

As mãos dele pousaram nos quadris dela, polegares traçando


círculos lentos. Ela soltou um suspiro audível. O formigamento de seu
toque e o calor de seu corpo dominaram seus sentidos. As mãos dele
deslizaram pelo abdômen dela, as pontas dos dedos roçando as laterais
dos seios dela. Mas ele não se demorou. E logo, duas mãos grandes e
quentes seguraram seu rosto. O polegar dele traçou um caminho através
do lábio inferior dela, e ela estremeceu.

─ Cristo, Zoe. ─ ele sussurrou como um homem preso entre prazer


e dor.

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KRISTA SANDOR
Não sendo mais capaz de se segurar, ela abriu os olhos. A pequena
lâmpada em sua mesa ainda estava acesa. Eles nunca tinham desligado
antes de adormecer. A luz suave e nebulosa captou as manchas douradas
nos olhos verde-esmeralda de Sam.

─ Quando você ficou tão bonita, Z?

Ela abriu os lábios para responder, mas a garota que sempre teve
uma resposta ou uma resposta sarcástica havia perdido a capacidade de
falar. Sam a guiou para baixo. O olhar dela travou com o dele antes que
apenas milímetros separassem seus lábios.

─ Eu quero esses dias também. ─ ele sussurrou.

─ Você quer?

Há um momento em que você vê alguém atingir uma meta ou


completar um objetivo que não achou possível. Como repórter do ensino
médio, ela testemunhou esses momentos às dúzias. O jogador de
basquete que está fazendo a tacada vencedora. A menina foi anunciada
como a rainha do baile. A acadêmica competindo em uma batalha de
raciocínio a fração de segundo, a resposta para o problema final surgiu
em sua mente.

O instante em que você percebe que o momento está aqui, e é seu.

É todo seu.

Zoe ofegou. Esse era o momento dela.

A jornalista dentro dela queria inventariar todos os aspectos desse


encontro. Ela queria analisar os detalhes de seu toque. Ela queria
dissecar a intensidade do olhar dele.

Ele deu um sorriso sonolento e riu baixinho. ─ Desligue seu cérebro,


Zoe. Eu posso ouvir os pensamentos passando pela sua mente.

─ Eu prometo. Não vou contar a ninguém - ela sussurrou.

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KRISTA SANDOR
O olhar dele se suavizou. ─ Por mais inteligente que você seja, Z,
você está perdendo a parte mais importante.

Ela ficou rígida. ─ O que é isso?

Ele acariciou sua bochecha com o polegar. ─ O que você parece não
perceber é que eu quero você um milhão de vezes mais do que você jamais
poderia me querer.

Se a felicidade pudesse ser medida, se a alegria pudesse ser


quantificada, o que corria por suas veias iria explodir o topo dessas
tabelas. Qualquer trepidação desapareceu, tomada pela luxúria e euforia
quando o fogo dentro dela cresceu para um inferno.

Ela lambeu os lábios. ─ Prove

Os olhos de Sam arderam, quentes e devassos. Ele gostava dela mal-


humorada. Ela arqueou nele, e seu núcleo esfregou contra seu pênis. Ele
soltou um suspiro apertado, entrelaçou os dedos nos cabelos dela e
puxou-a na fração final, seus lábios se encontrando em uma explosão
ardente de desejo.

Aquele primeiro contato fez seu corpo acelerar demais. Paixão e


desejo viviam em seu coração. Mas enquanto a língua de Sam traçava a
costura de seus lábios, essas emoções se transformaram em uma
necessidade sexual mais forte do que qualquer impulso que ela já
conhecera.

Ela abriu para ele, e suas línguas dançaram, lambendo e


saboreando. Ela girou os quadris, para frente e para trás. A cada pequeno
impulso, a respiração de Sam entrava em rosnados quentes e audíveis.
As mãos dele escalaram seu corpo, estabelecendo-se em sua bunda.
Vestindo apenas um fio-dental e um sutiã, seu toque formigou contra sua
pele nua. Mas ela queria mais. Seu corpo doía. Os mamilos dela se
apertaram.

Embora essa não fosse sua primeira experiência íntima, ela não
tinha muita prática no departamento de sexo. Ela havia perdido a
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KRISTA SANDOR
virgindade no ano passado, quando sua aula de jornalismo fora para
Chicago para a Convenção Nacional de Jornalismo da High School. Ela e
um participante bonitinho de uma escola de ensino médio em
Minneapolis colocaram as mãos em uma garrafa de tequila. Uma coisa
levou a outra, e aconteceu. Na época, ela só queria fazer isso. Muitos de
seus colegas de classe estavam fazendo sexo, e a necessidade de
experimentar como era quase a deixou louca. Para o bem ou para o mal,
foi um encontro desajeitado, desastrado e desconfortável que nem durou
tanto quanto a música da boy band chiclete que tocava no rádio-relógio
do hotel.

Sam apertou as nádegas dela, espremendo a pele macia. Ele guiou


a bunda dela para cima e para baixo contra ele. O atrito entre a tira G e
seu feixe sensível de nervos enviou um calor quente a percorrendo-a. E
quando ele deslizou a boca dos lábios dela e arrastou beijos para sua
orelha, ela sabia que isso duraria muito, muito mais do que o
comprimento de uma música pop.

─ Você se sente tão bem, Zoe. ─ ele sussurrou, salpicando sua orelha
com beijos.

Antes que ela pudesse responder, ele a virou e a prendeu com seu
corpo. Ela encontrou seu olhar encapuzado quando seus dedos
estalaram o fechamento frontal do sutiã. Seu peito arfava e seus mamilos
endureceram.

Sam passou a ponta do polegar sobre um pico apertado. ─ Você é


deslumbrante, Zoe. A coisa mais linda que eu já vi. Ele olhou para os
seios dela e sorriu. ─ Vamos voltar a isso. ─ disse ele, em seguida, a virou
de bruços.

Ela olhou por cima do ombro. ─ O que você está fazendo? ─

Ele desenhou uma linha com o dedo indicador na nuca, na espinha.


─ Essa bunda é perfeição. ─

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Ele colocou os polegares em torno da tira G-string5 e tirou a calcinha.
O sutiã dela ainda pendia de um braço, e ele gentilmente o removeu e o
deixou cair no chão.

─ Eu não posso te ver. ─ disse ela.

─ Você não precisa me ver para isso. ─ Ele pressionou um beijo entre
as omoplatas dela, e seus beijos se transformaram em beliscões enquanto
ele descia até a bunda dela.

Os dentes dele roçaram a carne macia de suas nádegas, e ela


empurrou os quadris. Ninguém jamais prestou tanta atenção na bunda
dela, mas Sam a adorou, apertando e beijando a pele macia. Ele deslizou
a mão por baixo dela e segurou seu sexo. O dedo dele provocou a entrada
dela, enquanto a palma da mão esfregava contra o botão pulsante dela.
A sensação era completamente nova. Isso a envolveu, consumiu. Ela
empurrou os quadris contra a mão dele, moendo nele, seu corpo à beira
da liberação. Ele a manteve lá suspensa naquele estado voraz. Ela teria
vendido sua alma ao diabo para gozar, mas Sam não tinha terminado de
trabalhar nela. Outra mão forte agarrou seu quadril e levantou seu torso.
Ele mudou o peso dela para os joelhos e deu um beijo na parte interna
da coxa.

─ Oh, Sam! ─ ela chorou quando ele esfregou seu lugar mais sensível
e passou a língua pelas delicadas dobras dela.

Ele trabalhou seu núcleo, esfregando e beijando e chupando. ─ Você


tem um gosto tão doce, Z.

Ela não conseguiu responder. Zoe não podia fazer nada. Ela estava
perdida, voando entre nuvens. Seu corpo ficou tenso e seu orgasmo caiu
através dela. Ela resistiu e girou contra sua boca, sua língua, sua mão.
Ele controlava o prazer dela e ordenhava cada gota de desejo carnal de

5
Refere-se ao modelo da calcinha fio dental.

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KRISTA SANDOR
seu corpo. Ela ficou mole, o poder de sua libertação a deixou quente e
saciada.

Ela descansou a cabeça no travesseiro. Sam se afastou, mas ele não


foi longe. O zumbido de um zíper seguido pelos sons farfalhantes da
remoção de suas roupas encheu o ar. Segundos depois, ele estava de
volta, pressionado contra ela, seu comprimento duro centrado entre as
coxas dela.

Ele beijou a pele sensível atrás da orelha dela. ─ Zoe você já...

Ela prendeu a respiração. ─ Uma vez. Já fiz isso uma vez.

Os beijos pararam e seu corpo ficou rígido.

Ela se virou, se contorcendo para encontrar o olhar dele. Ainda


embaixo dele, segurou sua bochecha. - Estes são os nossos dias. Eu
quero isso, Sam. Eu quero você. Eu quero sentir você dentro de mim.

Sua garganta se contraiu quando ele engoliu. Ela passou a mão


pelas costas dele. Seu corpo tremia, tenso, com desejo de liberação.

─ Precisamos de proteção. ─ disse ele em um sussurro apertado.

─ Eu tenho camisinha. Elas estão na gaveta da minha mesa de


cabeceira.

As sobrancelhas de Sam se ergueram.

─ Você conhece meus pais. Meu pai é médico. Minha mãe é uma ex-
assistente social. Eles conhecem as estatísticas sobre sexo adolescente.

Sam se inclinou e abriu a gaveta. Ele pegou um preservativo da caixa


e encontrou o olhar dela com uma expressão estranhamente severa. ─ É
a última vez que quero que você mencione sua família enquanto estamos
nus.

Ela olhou para o comprimento duro dele. ─ Combinado.

Sam ficou de joelhos e rolou a camisinha pelo seu pênis. Ele


trabalhou devagar, polegada por polegada, enquanto ela olhava
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KRISTA SANDOR
maravilhada. Isso estava acontecendo. E embora não fosse a eternidade
que ela havia fantasiado, tinha que fazer. Talvez um dia, talvez quando
eles fossem mais velhos, tudo desse certo.

─ Hey. ─ disse ele, chamando-a de volta para ele.

─ Sim.

─ Deite-se, Z. Vamos devagar.

Ela concordou, caindo de volta nos travesseiros. Nada na cama dela


seria o mesmo. Não, era muito mais que isso. Nada nela seria o mesmo.

Sam se abaixou, tomando cuidado para não colocar todo seu peso
nela. Ela colocou os braços em volta do pescoço dele quando ele se
posicionou, e a ponta de seu pênis passou por sua entrada. Ele era um
homem grande. Isso por si só deveria tê-la informado sobre o tamanho e
a circunferência de seu pênis. Mas, apesar do tamanho pequeno, seu
centro, cheio de desejo, o acolheu, estendendo-se para acomodar seu
comprimento.

─ Zoe, estou machucando você? ─ ele perguntou, os olhos


inundados de preocupação.

Ela enfiou os dedos nas mechas ruivas e empurrou os quadris até


que ele estivesse completamente dentro. ─ Nós nos encaixamos. ─ ela
respirou.

Sam se inclinou e deu um beijo no canto da boca. ─ Claro que sim,


Z.

Ela suspirou, e seu pênis pulsou dentro dela.

─ Zoe, eu ─ ele começou, mas ela o parou com um beijo. Ela não
podia arriscar. Ela não podia voltar agora. Se ele estava prestes a
adivinhar essa escapada, ela tinha que detê-lo.

Ela o beijou com cada grama de seu ser, e ele devolveu seus beijos,
lambendo com fome seus gemidos suaves.

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KRISTA SANDOR
Os membros dela tremeram. Ela precisava disso. Ela precisava dele.
Foda-me, Sam. Foda comigo.

─ Jesus, Zoe! ─ ele rosnou quando se retraiu e bombeou nela em um


ritmo quente e punitivo.

Ela cravou as unhas nas costas dele, encontrando-o impulso por


impulso. Ele segurou sua bunda e angulou seu corpo para permitir que
seu pênis bombeasse com mais força, sua pélvis trabalhando seu botão
apertado em movimentos suaves e deliciosos. Sua cama de dossel tremia
com o movimento e, em segundos, ela estava lá, andando na corda
bamba, a cada passo, a cada impulso, trazendo-a para mais perto de
outra liberação.

O passo dele acelerou, e ela não conseguiu se conter. Ela estava na


corda bamba e depois não estava. Ela estava caindo. Seu orgasmo
navegou através dela, montando cada corrente de ar. O ritmo de seus
corpos se juntando a percorreu, cada vez mais rápido, até que ela ouviu
Sam chamando, um emaranhado torcido de seu nome repetido várias
vezes. Depois do que poderia ter sido dez anos ou um décimo de segundo,
ele parou e descansou a testa na dela. Corpos suados e quentes, eles se
agarravam como se seus membros soubessem que o tempo não estava do
seu lado.

Ele empurrou um cotovelo e afastou alguns cabelos da bochecha


dela. ─ Isso foi incrível. Você é uma mulher incrível, Zoe. Você é
inteligente e é tão bonita. Eu nunca…

─ Tinha notado. ─ ela forneceu, sorrindo para ele.

Ele balançou sua cabeça. ─ Eu sempre notei. Eu simplesmente


nunca me deixei ir para lá.

─ Por causa de Ben?

Ele se inclinou e a beijou. ─ O que eu disse sobre nu e família?

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KRISTA SANDOR
Um sorriso irônico se espalhou por seus lábios. ─ Então, você está
dizendo que quer me foder no quarto do meu irmão mais velho? Você
gostaria na cama dele ou talvez na mesa dele? Ele passou muitas horas
naquela mesa ao longo dos anos – a pepita nerd total - mas essa seria
minha escolha.

─ Zoe Christine Stein, como você faz isso? ─ ele perguntou, olhando
cheio de admiração.

Ela olhou para ele. Quantas noites ela sonhou com ele olhando para
ela assim? ─ Fazer o que?

─ Fazer tudo melhor. Fazer a escuridão desaparecer.

─ É o meu superpoder Jedi Knight. ─ ela sussurrou.

─ Você acabou de citar Star Wars? ─ Ele sorriu e o coração dela


parou. Ela nunca tinha visto esse sorriso. Este era tudo para ela.

Ela piscou para conter as lágrimas. ─ Você é um cara de muita sorte.


Quantas meninas mencionam Star Wars conversando sobre travesseiros?

─ Eu sou um cara de sorte, Z. Mais sortudo do que você jamais


saberá.

Ela passou a mão na nuca dele e o guiou para um beijo, mas antes
que seus lábios se encontrassem, seu alarme soou.

Ela soltou o aperto. Oh, Sam! Eu vou estar em um mundo de merda!

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KRISTA SANDOR
05
Sam ficou sentado e testemunhando o espetáculo.

─ B, onze! ─ Zoe ligou e piscou para ele.

─ Ah não! ─ a mulher de cabelos grisalhos à sua esquerda exclamou.


─ O meu glitter bingo dauber6 acabou. Posso emprestar o seu, querida?

Sam olhou para o cartão e o marcador de bingo. ─ Meu o quê?

Ela apontou para a grande coisa que Zoe lhe dera. ─ Seu dauber .

─ Eu não sabia que se chamava dauber.

Ela estreitou o olhar, avaliando-o cautelosamente. ─ Claro, é um


dauber! O que mais poderia ser?

─ Você, o enteado ruivo do mal. ─ Zoe chamou por cima do


microfone. ─ Por favor, pare de incomodar os residentes do Senior Living
Campus.

Ele pegou seu olhar, lançou-lhe um sorriso atrevido, depois entregou


seu dauber para a mulher.

As cortinas opacas no quarto de Zoe fizeram um trabalho notável em


proteger a luz do sol. Eles também fizeram um trabalho igualmente
notável em não deixá-los saber que dormiram a maior parte da manhã e
foderam uma parte decente da tarde. Zoe se voluntariou no hospital
durante todo o verão, mas - ele tinha certeza de que essa era a maneira
de os pais dela tentarem mantê-la ocupada com atividades apropriadas
enquanto estavam no Arizona - eles também a contrataram para ligar
para o bingo no Langley Park Senior Living Campus.

Ela apertou a alavanca no botão giratório da bola de bingo. Ele


também não sabia o nome apropriado dessa engenhoca. Ele tinha certeza
que a vovó Glitter Dauber sabia, mas ele não se importava. Ele sorriu

6
Caneta de ponta circular usada para marcar o no jogo de bingo

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como um idiota. Ele ainda podia senti-la, cheirá-la, prová-la. O doce
deslize de seu corpo acolhendo seu comprimento duro era como nada que
ele já conheceu. E era fácil, tão fácil estar com ela. Ela era sol depois de
uma tempestade. Ela foi o primeiro gole de limonada em um dia sufocante
e quente. Ela era a música que você assobiava quando tudo estava certo
com o mundo. Ela era um milhão de pequenas coisas que somavam tudo.
E por agora, ela era dele.

─ Ó sessenta e nove!

Sam levantou a cabeça. Ele estava perdido em pensamentos até a


voz de Zoe soar nos alto-falantes. Ele a encarou, mas ela não olhou para
ele. Ela mordeu o lábio, segurando o que ele sabia que era uma
gargalhada infernal.

Oh, sessenta e nove . Seu pênis ganhou vida quando a imagem dos
lábios dela envolveu seu comprimento duro enquanto ele chupava seu
broto doce enviou uma sacudida de desejo carnal disparando por seu
corpo. Eles teriam que lidar com isso assim que ela terminasse de
executar essa besteira de bingo.

─ O que, querida? ─ Vovó Glitter Dauber ligou. ─ O que?

Zoe olhou na direção deles e olhou nos olhos dele. Cristo Todo-
Poderoso! Aquele sorriso. Aqueles olhos brilhantes e sexy como curvas
perfeitas. E se ele pedisse para ela vir para a Nova Zelândia? E se ele
dissesse que estragou a bolsa de estudos no exterior e a seguiu para
Iowa? Em um piscar de olhos, ele viu uma vida acordando ao lado dela,
beijando-a, tocando-a, ouvindo-a rir, debatendo-se com ela, fazendo
amor com ela, observando-a dormir, sentindo a alegria que ela provocava
em qualquer pessoa com sorte o suficiente para vagar em sua órbita.

─ Bem, qual é o número? ─ Vovó Glitter Dauber exigiu.

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KRISTA SANDOR
O olhar de Zoe deslizou dele para a mulher. - São sessenta e nove7,
sra. Hughes. Como, vinho8, jante-me.

A boca dele se abriu. Ele não tinha certeza do que era melhor. O fato
de Zoe ter se unido, ou o fato de ninguém parecer notar seu comentário
insanamente obsceno.

A avó Glitter Dauber cutucou-o no braço. ─ Está na hora do jantar?


É isso que o jovem está tentando nos dizer?

- Acho que o jantar vem depois do bingo, senhora ─ respondeu Sam,


incapaz de desviar o olhar da expressão radiante e triunfante de Zoe.

─ Sessenta e nove! Bingo! ─ chamou uma voz do fundo da sala.

─ Oh, pelo amor de Deus. ─ Sam sussurrou baixinho, balançando a


cabeça.

Vovó Glitter Dauber sorriu para ele. ─ Eu não sabia que estávamos
comendo bife? É o meu favorito!

Os olhos dele se arregalaram. ─ Não sei bem o que há para jantar


hoje à noite, senhora.

─ Você acabou de dizer que era bife!

─ Está tudo bem, senhora Hughes? ─ Zoe perguntou, juntando-se a


eles na mesa.

A mulher bateu nele com a ponta da bengala. ─ Este jovem está


tentando me enganar!

Ele pulou. Doce Jesus! Vovó não estava brincando.

Zoe passou a mão em seu antebraço. ─ Deixe-me cuidar desse ruivo.

7
Trocadilho com posição sexual
8
Em inglês Wine - loja online para compra de vinhos

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KRISTA SANDOR
A mulher assentiu sabiamente quando Zoe o puxou para fora do
salão de baile e por um corredor vazio. Ela apertou as costas contra a
parede e olhou para ele, sorrindo como o mais desagradável dos anjos.

Ele agarrou seus quadris e a levantou. Ela colocou as pernas em


volta da cintura dele e os braços em volta do pescoço. Ele não conseguia
parar de olhar naqueles olhos brilhantes. ─ Você é magnífica. ─ ele
rosnou, em seguida, encontrou seus lábios com um beijo abrasador.

─ Acha que alguém me pegou com meu vinho, jante comigo,


sessenta e nove de referência? ─ ela ofegou entre beijos quentes e
molhados.

Ele aumentou seu aperto na bunda dela. ─ Não, mas eu realmente


espero que eles jantem agora. E se o universo for gentil, a vovó Glitter
Dauber vai comer um bife.

Zoe se afastou. As bochechas coraram. Lábios vermelho cereja de


seus beijos. Ela nunca pareceu mais bonita. Então ela franziu a testa. ─
Você tem farejado os bingo daubers?

Essa garota perfeita.

─ Prometa-me que você nunca mudará, Z. ─ ele respirou, em


seguida, beijou a carranca de seus lábios.

Menos de vinte e quatro horas atrás, ele a tirou de um dos piores


bares de Kansas City. Eles fizeram amor ─ o melhor sexo de sua vida. E
agora ele a estava beijando dentro de uma comunidade de aposentados.
Ele sorriu contra os lábios dela. O que diabos ia acontecer amanhã? Com
Zoe, as possibilidades eram infinitas. Ela soltou um suspiro doce, e sua
fantasia de sessenta e nove brilhou em sua mente. Agora, essa seria uma
ótima maneira de começar as próximas vinte e quatro horas.

Ele trabalhou os dedos dentro da calcinha dela. Ela vestiu uma saia
e uma camisa pólo. E enquanto ele gostava de seu olhar nervoso, o
conjunto de roupa de colegial o tornara duro no local. Porra! Qualquer
coisa que ela usava parecia fazer isso com ele. Mas esse número formal
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com o cabelo rosa era demais. Como ela era capaz de se vestir sexy e
adorável, ele não sabia. Mas ela possuía seu estilo, e essa foi a melhor
jogada.

Um estalo agudo chamou sua atenção e ele se afastou. ─ Eu acho


que alguém está vindo

Zoe assentiu e ele a colocou no chão.

─ Você pode se instalar no salão, Michael. ─ gritou a voz firme e


cortante de uma mulher. ─ E, por favor, mantenha seu equipamento
longe do piano. Vou tocar lá enquanto os moradores aproveitam o jantar.

─ Obrigado, Sra. Lancaster.

─ Oh droga! ─ Zoe sussurrou. ─ Michael me falou sobre isso.

─ O que?

─ Eles pediram para ele tocar música aqui algumas vezes por
semana.

Ele ergueu as sobrancelhas. ─ Techno? Em uma comunidade de


aposentados?

Ela estendeu a mão e bateu na lateral da cabeça dele. ─ Não! Pessoas


mais velhas, como Lionel Ritchie, Bing Crosby e Journey.

Como ele viveu tanto tempo sem ela ao seu lado?

─ Desculpe? ─ veio a voz da mulher.

Ele deu um passo atrás de Zoe e encontrou o olhar de uma mulher


com uma expressão comprimida.

─ Desculpe, senhora Lancaster. ─ disse Zoe, e ele lembrou


instantaneamente. A Sra. Lancaster foi uma das professoras de música
de Langley Park. O marido ensinou a Em como tocar violino.

A senhora Lancaster estreitou o olhar. ─ Você acabou de ajudar com


o bingo?

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Zoe assentiu. ─ Eu acabei.

─ Você não deveria estar ajudando com a limpeza?

Zoe olhou para ele. ─ É melhor eu ir.

A Sra. Lancaster seguiu Zoe de volta ao salão de baile quando


Michael apareceu, carregando seu equipamento de DJ em uma mala.

─ Ei, Sam! ─ seu primo disse com um sorriso. ─ Você está saindo
com Zoe? ─

Ele mudou seu peso. ─ Sim, Ben perguntou se eu ficaria de olho


nela enquanto eles estavam fora da cidade. Que, a propósito, você fez um
trabalho de merda da noite passada. O que você estava pensando?

Um rubor floresceu nas bochechas de Michael. ─ Aquele lugar era


um pouco assustador.

─ Um pouco. ─ ele rebateu.

─ Ok, muito. Mas nós estamos bem, certo? O proprietário me disse


que você levou Zoe para casa. Você dormiu na casa dela?

Porra!

Seus músculos se contraíram. ─ Sim, ela bebeu demais. Eu queria


ter certeza de que ela ficaria bem.

Michael assentiu. ─ Falando em beber demais. Você acha que


poderia me dar um pouco de cerveja para a festa do Sadie's Hollow? É o
último antes que todos saiam para a faculdade.

Sam relaxou. ─ Qual líder de torcida você está tentando


impressionar?

O rubor de Michael escureceu. ─ Oh, vá se foder.

─ Eu vou ajudá-lo, mas você tem que prometer não dirigir.

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─ Eu posso fazer isso. Ficamos acampados a noite toda. Ninguém
quer arriscar um DUI 9antes de ir para a escola.

Ele assentiu. ─ Vou deixar um pouco no buraco.

─ Obrigado, Sam.

─ Só não seja estúpido.

─ Quem eu? ─ Michael perguntou com um sorriso irônico.

─ Hey. ─ disse Zoe, socando Michael no bíceps. ─ Desculpe, demorar


tanto tempo. A sra. Lancaster me fez ajudá-la a colocar girassóis em todas
as mesas. Como clichê, certo? Quero dizer, eu sei que estamos no Kansas
e tudo isso. Mas vamos lá! Na verdade, temos outras flores. Ela deu um
soco em seu primo novamente. ─ Como foi o resto do seu set?

Michael esfregou o braço. ─ Bom! Todo mundo parecia amar minha


música.

─ Desculpe por não poder ficar. O Incrível Ginger Hulk decidiu que
meu tempo acabou. Além disso, ele estava oferecendo anéis de cebola e
sundaes de sorvete, e você sabe que não posso dizer não ao sorvete.

─ Michael MacCarron! ─ A senhora Lancaster chamou da porta do


salão. ─ Se você terminar de fofocar, pode vir e se preparar.

─ Eu já vou, Sra. Lancaster. ─ ele respondeu e se virou para Zoe. -


Deixe-me saber se você precisar de carona para o hospital esta semana.
Eu não tinha certeza se você conseguiu seu carro de volta da loja.

─ Oh, eu vou andar com Sam a semana toda. Respondeu ela.

Um olhar perplexo atravessou o rosto de Michael.

Um rubor rosa subiu pelo pescoço de Zoe. ─ Quero dizer, meu irmão
colocou Sam encarregado de cuidar de mim esta semana. Se eu precisar
de uma carona, Sam está preso nesse trabalho.

9
DIU - driving under the influence – Dirigir sobre influência de drogas ou álcool

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KRISTA SANDOR
─ Entendi! ─ Michael assentiu. ─ É melhor eu ir antes que a Sra.
Lancaster assopre. ─ Ele recostou a mala. ─ Ah, eu quase esqueci.
Alguém estava procurando por você, Sam.

Seu intestino torceu. Poderia ser Kara? Ela examinara suas gavetas,
sua carteira, seu diário. O que ela não sabia sobre ele? Ele colocou sua
melhor expressão neutra. ─ Sim quem?

─ Um cara. Ele estava na sua casa.

─ Como você sabe disso? Você estava lá?

Michael deu de ombros. ─ Parei para ver se Gabe queria atirar em


algumas cestas, mas ele está sempre trabalhando na padaria. Eu deveria
saber que ele não estaria em casa. Mas um carro parou no momento em
que eu saía de sua casa. O cara disse que te conhecia da escola.

Sam soltou o ar que não tinha percebido que estava segurando.


Entre o ensino médio e a faculdade, ele fez muitos amigos. Muito
provavelmente, alguém apareceu antes de partir para o período de
outono. ─ Ele deu o nome dele?

─ Não, ele apenas disse que queria ver se você estava por perto. Ele
decolou bem rápido.

─ Michael MacCarron!

Zoe olhou para o corredor. ─ É melhor você ir, Michael. A senhora


tensa cata piolhos claramente não gosta de ser ignorada.

Michael balançou a cabeça e apontou a mala em direção ao salão de


baile. ─ Vejo vocês mais tarde.

Eles se despediram e Zoe se virou para ele. ─ O que agora?

Sam olhou para o relógio. Eram quase seis horas e ele estava
morrendo de fome. ─ Pizza?

─ No Parque? ─ ela perguntou, um brilho nos olhos.

Ele segurou sua bochecha. ─ Onde mais?


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KRISTA SANDOR
Langley Park não tinha muito em termos de restaurantes. Um café,
uma sorveteria e uma pizzaria compunham todas as opções
gastronômicas da cidade. Quando eram mais jovens, ele e Ben levavam
as crianças até o centro da cidade para pegar uma fatia e um refrigerante.
Eles levavam a pizza para o playground ao lado dos jardins botânicos e
comiam nos bancos ou como Zoe costumava fazer ─ pendurados nas
barras de macaco. Ele olhou para ela. Eles trouxeram o cobertor que ele
mantinha em seu caminhão e o espalharam pela grama. A caixa de pizza
estava entre eles quando ela se afundou e olhou para os grandes
carvalhos.

─ Não costumávamos escalar este?

Ele olhou para a árvore. ─ Eu acho que você escalou todos eles.

Ele tirou a caixa do caminho e se juntou a ela, olhando através dos


galhos. O grande céu do Kansas estava riscado com os últimos raios de
sol. As crianças já haviam partido, e o equipamento de brincar ainda
estava parado, à parte de um balanço solitário, balançando na brisa.

Zoe rolou para o lado e empurrou o cotovelo. Ela traçou uma perfeita
figura de um oito no abdômen dele. Seu toque gentil acendeu
pensamentos não tão gentis. Ele olhou-a. Ele sempre sabia quando as
rodas dentro de sua cabeça estavam girando.

─ Sam? ─

─ Sim, Z? ─

Um sorriso doce e travesso apareceu nos cantos da boca. ─ Você


quer fazer algo um pouco louco?

─ Bonnie e Clyde são loucos? ─ ele brincou.

Ela mordeu o lábio. ─ Não, Zoe e Sam são loucos.

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A luxúria disparou através dele. O tipo de Zoe louco pode fazê-lo
duro em um milissegundo. Ele torceu uma mecha do cabelo dela. ─ Como
é isso?

No brilho fraco do último suspiro da luz do sol, seu sorriso travesso


se transformou em um sorriso maroto. Ela traçou uma linha no abdômen
dele até o queixo e esfregou as pontas dos dedos ao longo da nuca ruiva.
─ Eu estava pensando, quebrando e entrando e nudez pública.

Ele riu. ─ Cuidado ao elaborar?

─ Está escuro. O centro da cidade é uma cidade fantasma após o


pôr do sol. Poderíamos nos esgueirar pelos jardins e dar um mergulho no
lago Boley. A menos que você seja uma galinha.

Agora ele estava sorrindo como um idiota. ─ Isso é um desafio?

Ela se inclinou, os lábios pairando acima dos dele. ─ Sempre. O


último a chegar no lago Lake Boley é um ovo podre!

Ela ficou de pé, pegou a caixa de pizza e jogou-a em uma lata de lixo
enquanto corria para o local na cerca em que costumavam esgueirar-se
quando crianças. Ele recolheu o cobertor e, dentro de alguns segundos,
ele estava apenas a alguns passos atrás dela. Ele poderia tê-la
ultrapassado, mas então ele não teria conseguido assistir sua bunda
perfeita enquanto ela seguia em direção ao lago. Ele a seguiu pela brecha
na esgrima e depois parou. A forma delicada de Zoe delineada ao luar o
deixou sem fôlego. Ao se aproximar da beira da água, ela tirou as
sandálias e a blusa. O último a sair foi a saia. Ela se virou e acenou para
ele.

─ Você vai me deixar fazer isso sozinha? ─ ela perguntou nada além
de sutiã e calcinha ─ outro fio dental. Deus o ajude.

Ele largou o cobertor, estendeu a mão para trás e tirou a camiseta.

Ela apontou para o short de carga dele. ─ Aquele também.

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─ Você é muito exigente. ─ respondeu ele, jogando o short ao lado
da camisa e depois tirando os sapatos.

Ela pegou a mão dele. ─ Oh, você ainda não viu nada.

No espaço de uma respiração, eles estavam correndo em direção ao


lago de cueca. O aperto frio de lama sob os dedos dos pés e o respingo de
água mal registraram quando ele olhou para Zoe, sorrindo e rindo. Ela
entrou na água onde caiu e começou a fazer grandes círculos com os
braços para se manter à tona. Os movimentos ondularam a superfície
outrora plácida, e ele nadou ao lado dela. Ele, com mais de um pé de
altura, ainda podia tocar o fundo.

Ela balançou para cima e para baixo, pisando na água. ─ Vamos


afundar em três.

Ele assentiu. Sob o feitiço dela, ele não podia negar nada a ela -
mesmo que sua vida dependesse disso.

─ Um dois três!

Ele inalou, prendeu a respiração e a seguiu sob a superfície.


Silencioso e pacífico, sua mente voltou aos dias na piscina do centro
comunitário. Todos eles prenderam a respiração, olhos arregalados,
observando um ao outro através da água cristalina. No lago, era diferente.
Mas ele sabia que ela estava lá antes mesmo de apertar os lábios nos
dele. Na escuridão escura, ela era tudo o que existia. Suas mãos foram
para os quadris dela, e ele a puxou para perto. Ela colocou os braços em
volta do pescoço dele, e eles permaneceram submersos, sem peso e
fundidos.

Seu peito apertou, seu corpo sabia o que sua mente estava com
muito medo de entreter. Essa garota bonita, encantadora, atrevida e
difícil era tudo que ele sempre quis. Ele se afastou do fundo, e os dedos
dos pés roçaram a camada de seixos e lodo enquanto eles cortavam a
superfície lisa da água, seu corpo enrolado firmemente em torno dele.

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Ela respirou fundo e afastou os cabelos dos olhos dele. ─ O que eu
disse-lhe? Temos todo o lugar para nós.

Uma batida passou, e ele esfregou círculos lentos e molhados nas


costas dela. ─ Você tem uma folga no outono, não é, Z?

Ela assentiu.

Ele firmou seu aperto. ─ Você acha que talvez queira me visitar?

Os olhos dela se arregalaram. ─ Na Nova Zelândia?

Merda! O que ele estava fazendo? Eles concordaram em ficar juntos


por esses poucos e preciosos dias, e agora ele estava jogando uma chave
gigante em tudo. ─ Desculpe, eu-

Ela o parou com um beijo. Um beijo tão doce e delicado que o fez
querer chorar. Ele. Sam Sinclair. Quase um metro e noventa e noventa e
cinco quilos, e tudo o que era necessário para deixá-lo de joelhos era essa
mulher.

Ela afastou uma fração. ─ Eu gostaria disso. ─ ela respondeu,


emoção entrelaçando suas palavras.

O pulso dele acelerou. ─ Você poderia?

Ela enfiou os dedos nos cabelos molhados e arqueou nele. ─ Você


sabe o que dizem.

─ O que é isso?

Ela sorriu e moveu os quadris em pequenos círculos, provocando-o.


─ Quanto maiores, mais difíceis caem.

Ele soltou um suspiro apertado. O deslize do corpo dela o fez tão


duro quanto o aço. ─ E as pequenas? ─ ele mordeu. ─ Aqueles com
brilhantes olhos-cinzentos e um coração como nenhuma outra?

Ela piscou, e ele não sabia dizer se era apenas uma gota de água do
lago ou uma lágrima escorrendo por sua bochecha. Ela o apertou ainda
mais. ─ Elas caem com força também.
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O tempo passou entre eles. Ele nunca tinha sido tão louco por uma
mulher. Não importava que ela fosse a irmã mais nova de Ben. Ela era
Zoe. A Zoe dele. E ela não era mais uma garotinha.

─ Você não vai me beijar? ─ ela perguntou, aqueles lindos olhos


brilhando ao luar.

Ele se inclinou e capturou a boca dela. Ela abriu os lábios e ele


estava em casa. A água os cercou em um casulo escuro e úmido quando
ele mudou o corpo dela e enfiou a mão na calcinha dela. Ele brincou além
das delicadas dobras dela, e ela resistiu contra ele.

Eu quero você, Sam. Eu quero te sentir.

Ele descansou a testa na dela. ─ Zoe, não temos proteção.

─ Estou tomando pílula. ─

Luxúria branca e quente surgiu em seu corpo. Fazia pelo menos um


mês e meio, talvez até mais desde que ele esteve com Kara ─ e eles sempre
usavam preservativos. Graças a merda, ele insistiu nisso. E quando ele
soube que precisava interromper, ele foi testado. Ele estava limpo.

─ Z, você tem certeza?

Ela apertou o fecho do sutiã e saiu da roupa interior rendada. Ela


tinha os seios mais de dar água na boca ─ mas vê-los molhados, mamilos
endurecidos em pérolas apertadas era pura perfeição.

Ele abaixou a cueca e eles desapareceram na água escura. ─ Você


está brincando com fogo, Zoe.

Ela lambeu os lábios. ─ Você não esperaria menos de mim,


esperaria?

Um interruptor virou dentro dele. Ele moveu para o lado a tira de


cetim de seu fio-dental e empurrou dentro dela em um golpe limpo. O
calor da água, seus seios molhados e sensuais pressionados contra o
peito dele, e seu doce centro segurando seu pênis latejante tinha seus

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sentidos em excesso. Ele guiou o corpo dela para cima e para baixo em
seu eixo. Seus gemidos suaves se misturavam com os salpicos rítmicos
da água enquanto a paisagem noturna do som abafava o ato de fazer
amor.

Ele trabalhou a mão entre eles e massageou o botão sensível dela. O


deslizamento escorregadio de seus corpos é como se ele nunca soubesse.

─ Sam... eu sou tão... sim!

Tudo apertou dentro dele. Transar com ela nua, pele com pele, era
quase demais. Quase. Ele cerrou os dentes, segurando a onda de prazer
implorando para colidir com ele e rasgá-lo em mil pedacinhos.

As unhas dela rasgaram suas costas, e ela gritou, balançando e


balançando. Era a gota d'água, e ele não conseguiu mais se conter. A mão
dele apertou com força a bunda dela, firmando seu corpo pequeno
enquanto ele bombeava e entrava nela, os músculos flexionando, o corpo
tenso. Todo pensamento racional esvaziou de sua mente. Seu ritmo
frenético e sua fome pelo prazer dela colidiram em um choque carnal de
beijos quentes e suspiros ofegantes.

Ela descansou a cabeça no ombro dele, e a ascensão e queda do


peito diminuíram.

─ Zoe Christine Stein. ─ ele sussurrou, abraçando-a.

─ Eu fui impertinente? ─ ela perguntou em um tom sonhador e


provocador. ─ Sempre que alguém invoca meu nome do meio, nunca é
um bom sinal.

Ele passou a mão para cima e para baixo ao longo da espinha dela.
─ Você é o melhor tipo de safada.

Ela se afastou e encontrou o olhar dele. Pelo seu olhar, ela estava
pronta para lhe dar um retorno enorme, mas então, seus olhos se
arregalaram e ela congelou.

─ O que é isso? ─ ele perguntou.

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─ Algo tocou minha perna. Oh meu Deus, Sam! Aí está de novo!

Ele a abraçou no momento em que uma forma esbelta e deslizante


passava por eles.

Ah Merda!

Zoe não estava com muito medo. Quando criança, ela seria a
primeira a enfrentar um valentão. Não importava quão grande ou
malvada, ela cerraria as mãozinhas e estaria pronta para atirar. Mas a
primeira vez que encontraram uma cobra, ela pulou nos braços dele e
subiu até os ombros dele. O irmão levou quase uma hora para arrancá-
la.

Claramente, as coisas não haviam mudado.

Peito arfante, ela arranhou seu corpo.

─ Zoe, está tudo bem. ─ ele acalmou, movendo-se em águas rasas.


─ Provavelmente é apenas uma cobra d'água do norte ou uma cobra de
lagostim de Graham.

─ Sam, isso vai me morder! Vai me morder, e me comer, e eu vou


ficar preso dentro de seu corpo escamoso.

─ Você é um lagostim ou um sapo? ─ ele perguntou.

─ Eu sou o quê? ─ ela gritou.

─ Lagostim ou sapo? ─ ele repetiu calmamente.

─ Eu sou uma pessoa. Mas sou uma pessoa pequena!

Ela ficou branca de medo, e ele podia sentir a batida rápida de seu
coração. ─ Zoe, as cobras d'água do Kansas não comem pessoas, nem
mesmo pessoas pequenas. Eles preferem peixes e sapos. Coisas que
vivem na água. Coisas que são bem menores que você.

─ Você tem certeza? ─ ela perguntou, o aperto da morte no lugar.

─ Z, não estamos mais na água.

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Ela manteve o controle e olhou em volta. ─ Torta de batata doce, eu
pensei que era um caso perdido.

Ele balançou a cabeça, abaixou-se para pegar o cobertor e o


envolveu em torno de seus corpos molhados. Ele colocou algumas
mechas de cabelo atrás da orelha dela. ─ Você está bem?

Ela descansou a cabeça no ombro dele, soltou um suspiro trêmulo


e assentiu.

Ele alisou outro fio. ─ Chegamos ao limite para Zoe e Sam loucos?

Ela riu, sua respiração doce e quente contra o queixo dele. ─ Missão
cumprida.

─ Posso te colocar no chão? Provavelmente devemos nos vestir.

Ele a deixou com o cobertor e vestiu o short cargo. Ele encontrou a


camisa e as roupas dela e as trouxe para ela.

Ela vestiu a saia e a blusa e depois olhou para a água. Espero que
tenha sido uma senhora cobra d'água.

─ Por quê? ─ ele perguntou, pegando a mão dela.

─ Talvez ela tire algum proveito do meu sutiã.

Ele olhou para a blusa dela. Marcas de água delinearam seus seios
desenfreados, e seu pau endureceu. Ele estava pronto para a segunda
rodada. ─ Você quer que eu tente encontrá-lo?

Atenciosamente ─ Você mergulharia profundamente atrás no meu


sutiã no lago Boley? ─ ela perguntou com um sorriso malicioso.

─ Eu te protegi de uma cobra. Uma busca para encontrar seu sutiã


desaparecido não é tão difícil.

Ela deu um passo para trás e ergueu os ombros. ─ Duas coisas.

Aqui vamos nós! Isso era tudo que ele amava nela.

Ele assentiu solenemente. ─ Ok, coloque para mim.

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─ Nunca mais diga sutiã ─ ela brincou.

Um sorriso apareceu no canto da boca. ─ Consegui. E o segundo.

O olhar dela suavizou-se. ─ Você quis dizer o que disse sobre a Nova
Zelândia?

Ele fechou a distância entre eles ─ Todas as palavras.

Ela segurou o olhar dele, aqueles lindos olhos que o possuíam. ─


Boa.

Ele estendeu a mão e ela a pegou. Eles caminharam, envoltos na


escuridão, o zumbido de cigarras e o baixo som das rãs-gigantes na beira
da água preenchendo o espaço entre elas. O espaço onde ele queria
derramar suas entranhas ─ onde ele queria dizer a ela que ela brilhava
mais do que qualquer estrela e que ele ficaria feliz em aproveitar sua luz
por toda a eternidade.

Chegaram à caminhonete e ele abriu a porta do passageiro para ela,


mas ela não entrou. Em vez disso, ela se inclinou contra o lado do velho
Ford. ─ Você foi muito gentil em ceder à minha pequena pausa e entrar
na escapada. ─ Um brilho travesso brilhou em seus olhos. ─ Eu não estou
tão cansado. Alguma idéia do que podemos fazer quando chegarmos em
casa?

Um raio de luxúria disparou direto para seu pênis. ─ Oh, eu pensei


em algo durante o bingo que pode ser divertido.

Ela assentiu. ─ Aposto que sei o que é. Algo a ver com o número...
sessenta e sete?

Ele balançou sua cabeça. Cristo! Ela era o melhor tipo de


provocação.

Ela deu um passo mais perto. ─ Sessenta e oito?

─ Você está mais quente.

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Ela pulou em sua caminhonete, aqueles olhos travessos e cintilantes
possuindo sua bunda. ─ Eu acho que você só terá que me mostrar
quando voltarmos para minha casa.

Sam piscou. Estava escuro como breu, mas o corpo pequeno


abraçado perto lhe disse que ele estava exatamente onde ele queria estar.
Ele mudou de lado e passou a mão pelo corpo nu de Zoe. Ela cantarolava
baixinho enquanto dormia, e ele sorria como o homem mais feliz do
mundo porque era.

Um baque alto do lado de fora chamou sua atenção. Ele prendeu a


respiração e ouviu.

Thunk!

E então novamente.

Thunk!

Fosse o que fosse, estava perto.

Ele permaneceu quieto até que o grito estridente e abafado de seu


nome enviou um tremor pela espinha.

Kara.

Kara estava do lado de fora da casa de Zoe.

No espaço de uma respiração, toda a alegria quente e confusa de


compartilhar uma cama com Zoe desapareceu. Ele começou a suar frio e
engoliu em seco quando a ansiedade e a vergonha rasgaram através dele
em pequenas lágrimas irregulares.

Jesus! Ele tinha que tirar Kara daqui. Quem sabe que merda louca
ela diria para Zoe.

E Zoe... ele não podia fazê-la pensar que ela era apenas uma
recuperação de um rompimento recente. Ela tinha que saber o que ela

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significava para ele, certo? Ele se inclinou e deu um beijo na bochecha
dela.

Kara chamou de novo. Ele saiu da cama, tomando cuidado para não
acordar Zoe. Ele encontrou suas roupas, vestiu-se e caminhou
suavemente escada abaixo. Ele olhou pela janela da frente. Lá estava ela,
chutando a caminhonete, o rímel escorrendo pelo rosto.

Ele respirou fundo e abriu a porta da frente.

Kara olhou para ele. ─ Você tem sorte que eu te encontrei!

Ele olhou para a janela do quarto de Zoe e abaixou a voz. ─ Kara, o


que você está fazendo aqui? Por quê você está aqui? Acabou. Nós
terminamos, lembra?

Ela balançou a cabeça. ─ Você tem sorte que Conrad não encontrou
você. Ele ficou lívido quando eu contei a ele.

Ele olhou para ela e tentou descobrir o que estava acontecendo.


Conrad, seu irmão mais velho?

Ela enxugou uma lágrima da bochecha. ─ Sim meu irmão! Quem


mais?

─ Por que seu irmão estaria me procurando? Como você me


encontrou?

─ Seu catálogo de endereços. ─ ela respondeu, simplesmente. ─ Eu


copiei todos os endereços. Você sabe, então eu seria capaz de conhecer
todos os seus amigos. Esta é a casa de Ben Fisher.

Sam passou as mãos pelos cabelos e balançou a cabeça. ─ Kara, isso


é loucura.

─ Louca. ─ ela repetiu. ─ Não vejo tanta loucura em querer saber


onde moram os amigos e a família do pai do meu filho ainda não nascido.
Estou feliz por ter te encontrado primeiro. Conrad queria chutar sua
bunda por me engravidar e depois me dar um fora.

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KRISTA SANDOR
Ele respirou fundo, e tudo parou.

Kara... grávida? Ela não podia estar.

─ Kara. ─ ele começou, fechando as mãos em punhos e desejando


que não tremessem. Você não pode estar grávida. Usamos proteção
sempre.

Ela balançou a cabeça, um movimento rápido como se estivesse


tentando afastar a verdade. ─ Não, é seu, Sam. Algo deve ter acontecido
porque estou grávida. E tem que ser seu.

─ Por que você não disse algo quando conversamos nos jardins?

─ Fiz um teste quando cheguei em casa. Eu não sabia como contatá-


lo. Você não estava na casa de seu amigo na escola. Imaginei que você
ainda estivesse em Langley Park.

Todos os músculos de seu corpo se apertaram. Seu intestino agitou-


se. Sua boca ficou seca. Ele fez um acordo com um amigo da faculdade
para dormir no sofá pelas poucas semanas em que esteve por perto antes
de voltar para o exterior. Era mais fácil do que ir para casa e lidar com o
pai. E ele sempre podia bater na casa da tia e do tio se precisasse de um
lugar para ficar na cidade.

Ele soltou um suspiro apertado. Claro, ela sabia de tudo. Mas isso...
isso foi insano.

Ele olhou para a janela de Zoe. A sombra ainda estava seca.

Como isso pode estar acontecendo?

─ O que acontece agora? ─ ele perguntou, as palavras provando


poeira e arrependimento.

Ela estendeu a mão e acariciou sua bochecha. ─ Meu pai e Conrad


concordam que só há uma coisa que você pode fazer.

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KRISTA SANDOR
Ele olhou para a janela de Zoe e queria chorar. O que seu coração
queria não importava mais. Essa era a responsabilidade dele. ─ Eu te
apoiarei. Farei qualquer coisa pelo...

Ele não conseguiu dizer a palavra.

Um sorriso perturbado se estendeu por seus lábios. ─ Claro que você


vai. É por isso que você vai se casar comigo hoje.

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06

Zoe tomou um longo gole de uísque de um frasco que encontrara


enterrado nas profundezas do armário de bebidas dos pais e se obrigou
a sorrir para sua melhor amiga, Em MacCaslin.

Mas por dentro, ela estava morrendo.

Três dias.

Sam não tentou ligar ou vê-la por três dias.

Ela acordou sozinha em sua casa vazia. O único lembrete dele era
uma mecha de cabelo ruivo solitário em seu travesseiro, e sussurros de
seu perfume limpo e menta nos lençóis. Em uma tentativa estúpida e
louca de provar a existência de seu tempo juntos, ela voltou ao jardim
botânico e tentou encontrar a maldita caixa de pizza. Ela precisava de
algo ─ além da dor dolorosa de seu coração se partir em um milhão de
pedaços ─ para lhe dizer que aquelas preciosas horas com Sam eram
reais.

Mas a caixa de pizza sumira e, com ela, a felicidade de tirar o fôlego


que ela mal começara a conhecer.

Em algum lugar na neblina dos últimos dias, seus pais ligaram. Ben
estava noivo de Sara e todos estavam se divertindo no Arizona. Ela
parabenizou o irmão e garantiu à mãe que estava bem em casa sozinha
em Langley Park. Mas ela não estava bem. Ela não estava nem perto de
ficar bem. O ato de desaparecimento de Sam a deixou vazia e oca. Ela se
ofereceu no hospital, mas seu tom de provocação e farpas tolas eram
todos um ato ─ brincadeira no piloto automático.

Ela estava sozinha nisso. Com quem ela deveria falar? Michael,
primo de Sam? Gabe, o irmão dele? Embora tivesse muitos conhecidos,
não tinha muitos amigos íntimos. Como repórter do ensino médio, ela

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KRISTA SANDOR
conhecia todo mundo e participava de todos os eventos. Mas ela estava
sempre do lado de fora olhando. Sempre a engraçada. Sempre a revolta.
Sempre a garota com um sorriso irônico e uma língua afiada. De alguma
forma, ela se tornara o bobo da corte de Langley Park. E quem poderia
imaginar que um bobo da corte poderia ficar com o coração partido. Não,
ela não teve esse luxo.

Ela não podia nem confiar em sua melhor amiga. Em nunca


mencionou garotos ─ nem mesmo uma paixão boba de celebridades. Sua
vida, seu amor era música. Ela nunca entenderia o que havia acontecido
com Sam e como, enquanto eles estavam juntos por dois dias, esses dois
dias mudavam tudo. Eles reescreveram a história dela. E ela pensou que
estava prestes a ser o começo não apenas da história dela, mas da
história deles.

Sam deu a ela tudo o que ela queria. Ele a viu toda, não apenas uma
garota engraçada, mas a mulher que era mais do que apenas uma pessoa
dando um soco. Ela se abriu para ele. Ela afastou aquele exterior atrevido
e mostrou a ele seu lado vulnerável.

Maldito seja!

Ela tomou outro gole de uísque. Talvez Sam sempre a tivesse visto
como a irmã mais nova de Ben. Talvez ele se arrependesse tanto do tempo
que passavam juntos, que nem suportava ficar perto dela. Toda sua
insegurança duplicou, depois triplicou e depois quadruplicou como um
vírus que se espalhava por seu cérebro, obscurecendo as memórias de
seu tempo juntos.

Ele a pediu para visitá-lo na Nova Zelândia. Por quê? Ela apostaria
sua vida que ele estava se apaixonando por ela. Mas ela cometera o
pecado principal do jornalismo. Ela perdeu a perspectiva. Ela jogou seu
julgamento pela janela no momento em que seus lábios tocaram os dela.

─ Onde diabos estamos? ─ Em perguntou, invadindo seus


pensamentos.

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
Você ainda está no Kansas, Dorothy, mas eu estou no inferno, ela
quis responder, mas segurou a língua. Ela apontou para o frasco. ─ Dê
outro gole, Em.

Esta noite foi a última reunião em Sadie's Hollow antes de todos


partirem para a faculdade. A pouco mais de uma hora de carro ao sul de
Langley Park, na cidade há muito esquecida de Lyleville, Kansas, no
Condado de Garrett, Sadie's Hollow era o lugar isolado onde as crianças
do ensino médio iam festejar pelo tempo que ela conseguia se lembrar, e
hoje à noite ela trouxe Em.

Foi a primeira vez que viu a amiga desde que voltou à cidade. Como
violinista de renome mundial, a agenda de Em estava lotada, tocando em
galas de Kansas City e com a sinfônica. Essa era uma noite de liberdade
e elas haviam feito um plano ─ bem, ela havia planejado ─ para dizer ao
pai rigoroso de sua amiga que elas estavam tendo uma festa do pijama
na casa dela. Ele nunca permitiria que sua filha fosse martelada em um
campo afastado no meio do nada. E enquanto Em era uma música
magistral, ela não tinha nada em termos de inteligência de rua na
adolescência. Se apresentando com sinfonias e orquestras em todo o
mundo, ela mal passara algum tempo com crianças da idade dela e
permaneceu completamente protegida. De fato, havia uma boa chance de
que o uísque que elas estavam bebendo esta noite fosse seu primeiro
gosto de álcool.

Zoe olhou para a escuridão. Eles tinham acabado de chegar ao oco,


mas ela precisava de um pouco de coragem líquida para passar essa noite
e tomou outro longo gole de uísque, os espíritos fazendo pouco para
acalmar seus nervos desgastados. Ela olhou para a amiga. Hora de fingir
que tudo estava bem. Hora de Zoe, atrevida, sair e brincar.

Ela tomou outro gole e olhou para a garota. Em uma saia xadrez e
colar de pérolas, Em vestia-se mais como a avó de alguém do que como
adolescente.

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
Ela entregou a Em um saco de dormir. ─ Estamos na pequena cidade
de Lyleville. Nós apenas temos que passar por este campo e virar à direita
no cemitério. Vamos lá Wonderkind - acrescentou ela, provocando Em
com o nome dado a ela pelo jornal local. ─ Hora de beber!

Era uma má idéia continuar servindo álcool à sua amiga doce e


virginal. Mas ela não podia ter Em fazendo perguntas. Se Em estivesse
completamente sóbrio, ela saberia que algo estava errado. Ela também
esperava que Em e Michael se reconectassem hoje à noite. Em tinha se
cercado e discutido sobre o assunto de vê-lo. Se ela conseguisse
convencer Em ao lado de Michael, e Sam aparecesse, isso poderia lhe dar
algum tempo para obter algumas respostas.

─ Existe um cemitério? ─ Em perguntou, suas palavras se


arrastando juntas.

Zoe deu mais um longo puxão no frasco. Sua tolerância não era tão
baixa quanto a de Em. ─ É o que há de tão bom neste lugar. Sadie's
Hollow é essa pequena cratera perto do cemitério de Lyleville. Os policiais
não podem nos ver se passarem e as pessoas da cidade ─ o que resta
deles ─ não vêm aqui por causa da lenda.

Em torceu o rosto. ─ Zoe, pare de mexer comigo.

─ Eu não estou mexendo com você. Diz a lenda, há muito tempo,


que uma garota chamada Sadie Wilson deveria encontrar seu verdadeiro
amor aqui. Seu pai, um comerciante rico quando este lugar era uma
cidade real, os proibira de se casar. Então, eles decidiram fugir. Exceto
que ele nunca veio. O chamado amor verdadeiro de Sadie acabou fugindo
com outra mulher. Na manhã seguinte, Sadie foi encontrada pendurada
morta em uma árvore. Eles nunca souberam se ela foi assassinada ou se
foi suicídio.

Em permaneceu em silêncio.

Zoe colocou a mochila, pegou o saco de dormir e fez um sinal para


que a amiga se juntasse a ela enquanto caminhavam em direção ao

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KRISTA SANDOR
cemitério. Zoe tomou outro gole de uísque quando a lápide de Sadie
Wilson, iluminada pela lua cheia, apareceu e uma sensação enervante de
formigamento rastejou por toda a espinha.

Sadie Wilson também foi abandonada por seu verdadeiro amor.

Perdida em um mundo de amarga confusão, Zoe começou a descer


a colina em direção à cavidade, mas parou quando olhou para cima e
encontrou Em prestes a descer os velhos degraus do cemitério de
calcário. ─ Não dê esses passos, Em! Estou falando sério. ─

A menina parou. ─ Por que não?

O ar úmido do Kansas parecia esfriar, e Zoe engoliu em seco pelo nó


na garganta. ─ As pessoas dizem que esses são os passos para o inferno.
Eles também dizem que quando a lua está cheia, você pode ver Sadie
sentada neles, chamando pelo homem que a traiu.

Em balançou a cabeça, mas se juntou a ela na grama.

Zoe deu à amiga um sorriso rápido quando uma onda de vergonha


tomou conta dela. Ela trouxe Em aqui, prometendo-lhe uma verdadeira
experiência de festa no colegial antes de ambas irem para a faculdade.
Em iria fazer uma pausa nas turnês no exterior e passar os próximos
quatro anos como um estudante normal na Juilliard. Sua amiga estava
exaltada, a música era sua vida, mas ela também desejava um pouco de
normalidade, e tudo o que ela podia fazer era assustá-la com histórias
assustadoras e pensar em maneiras de deixá-la preocupada com outra
pessoa.

Zoe suavizou seu tom. ─ A coisa toda sobre fantasmas é


provavelmente apenas uma história idiota de fogueira, mas por que
tentar o destino?

Em assentiu e lhe deu um sorriso bobo. O uísque havia chutado.

Eles continuaram descendo a ladeira até a densa folhagem que


cercava o oco quando o zumbido das vozes e o som das lanternas

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KRISTA SANDOR
apareceram. Zoe olhou em volta. Ela precisava encontrar Michael. Ele
poderia dizer a ela se Sam iria passar por aqui. Mas ela não podia vê-lo
em lugar nenhum. Ela fez outra varredura do buraco e avistou o irmão
de Sam, Gabe.

Ela puxou a alça da mochila de Em e acelerou o passo. Eu vejo Gabe.


Vamos dizer oi.

Em balançou um pouco, mas recuperou o equilíbrio. ─ Você gosta


de Gabe Sinclair?

Zoe não respondeu. Seu corpo estava se movendo por vontade


própria, determinado a descobrir para onde Sam tinha ido e por que ele
agira como um duende tão idiota e a deixava assim. Eles chegaram ao
buraco onde as crianças haviam montado tendas e estavam bebendo e
andando em grupos. Gabe e Em estavam conversando e rindo quando ele
lhe passou um copo cheio do potente ponche de álcool de cereais
apelidado de dinossauro azul, mas ela não conseguia se concentrar na
conversa deles. Agora que ela estava no vazio, a expectativa surgiu
através dela, zumbindo nos ouvidos e correndo pelas veias.

Em cheirou o copo.

Zoe revirou os olhos. ─ Apenas beba, Em.

Sua melhor amiga tomou um gole, lambeu os lábios e depois bebeu


o líquido. Ela deve avisá-la sobre a potência do ponche. O Kool-Aid de
framboesa misturado ao álcool mascarava o gosto agudo do licor. Ela viu
muitas garotas bebendo alguns copos e, em minutos, elas estavam
completamente destruídas.

Gabe estendeu um copo. ─ Um para você, Z.

Ela pegou o copo e o esvaziou. A coragem líquida estava se


instalando. ─ Seu irmão vai parar por aqui?

─ Sim, ele estará lá. Ele disse que deixaria um pouco de cerveja.

─ Como está Sam? ─ Em arrastou.

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KRISTA SANDOR
O pulso de Zoe disparou.

Gabe sorriu. ─ Ele está bem. Ele ainda acha que pode me dizer o que
fazer, complexo clássico de irmão mais velho, mas está muito mais
tranquilo desde que conheceu Kara.

─ Quem? ─ Zoe perguntou, as pontas tingidas de rosa de seu cabelo


voando em seu rosto enquanto ela se concentrava em Gabe.

Ele gesticulou atrás dela. ─ Kara é a namorada dele. Eu acho que


são eles agora.

Namorada.

Sam tem uma namorada.

Ela olhou por cima do ombro e viu o contorno de duas pessoas


andando de mãos dadas, a maior das duas carregando uma caixa de
cerveja.

Ela mordeu o interior da bochecha até provar o sangue. Não poderia


ser verdade. Nunca em um milhão de anos ela esperaria que Sam fizesse
algo assim. Não fazia sentido. Ela olhou por cima do ombro novamente.
Eles estavam se aproximando. Ela teve que sair dali. Ela abriu os lábios
para falar quando Donavan Drake, o chapado residente do ensino médio
que vestia sua camiseta Portishead, chamando a atenção de todos.

Ele sacudiu um saco cheio de maconha. ─ Senhoras e senhores, a


farmácia psicodélica está aberta. Eu tenho tudo o que você precisa para
esquecer seus problemas. Alguém quer fazer uma viagem à Mary Jane
Land? Os vôos estão partindo.

Zoe olhou de volta para as duas formas vindo em sua direção.


Definitivamente era Sam. Ela conheceria o corpo dele em qualquer lugar.
Membros longos. Ombros largos e poderosos. Ela explorou cada
centímetro dele. Mas algo estava diferente. Havia uma qualidade lenta e
derrotada em sua marcha. Por uma fração de segundo, seu coração ficou
com ele. Ela odiava pensar que ele estava sentindo algum tipo de dor. E

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então ela lembrou... na melhor das hipóteses, ele era um mentiroso. Na
pior das hipóteses, um trapaceiro.

Ela colocou seu saco de dormir e mochila no chão e depois se virou


para Em. ─ Você pode deixar nossas coisas na frente de uma barraca
vazia? Michael sempre define uma para mim. Encontro você daqui a
pouco, ok?

Em olhou para ela inexpressivamente e assentiu.

Drake Donavan abriu a aba da tenda a vários metros de distância,


e uma nuvem de fumaça subiu para o vazio. Zoe passou pelo labirinto de
crianças e tendas e bateu no braço dele. ─ Eu quero sair com você hoje à
noite.

Donavan a observava com olhos vermelhos e pupilas gigantes. Ele


já havia chegado a Mary Jane Land. ─ Esta é uma agradável surpresa. A
pequena Lois Lane de Langley Park se juntará a nós esta noite.

Donavan abriu a aba da barraca para ela entrar, mas ela parou
quando viu Michael. Ela acenou para ele. ─ Ei, Em está aqui. Não sei
onde ela está agora, mas vou relaxar um pouco com Donavan e sua
equipe.

Um olhar atordoado cruzou o rosto de Michael. ─ Em está aqui... na


cavidade?

Ela não teve tempo para essa merda. Ela precisava esquecer tudo
sobre Sam Sinclair. ─ Sim, deixe sua busca pela boceta de líderes de
torcida em espera por trinta minutos. Vá encontrá-la e verifique se ela
está bem. Vou conversar com vocês daqui a pouco.

Michael olhou cautelosamente para a tenda de Donavan. ─ Tudo


bem com você, Z?

Ela deu a ele o seu melhor sorriso de Zoe. ─ Eu vou ficar bem. Não
farei nada estúpido. Apenas me ajude com Em.

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KRISTA SANDOR
─ Meu braço está muito cansado, Zoe. Você vem? Donavan
perguntou, congelado no lugar e ainda segurando a aba da barraca.

Michael assentiu. ─ Bem. Acho que você vai fazer o que vai fazer, Z.

Ela não era fã da cena das drogas. Não um pouquinho, mas hoje à
noite, ela exigia mais do que apenas um soco de merda e cerveja barata.
Ela se abaixou e subiu na barraca e encontrou os olhares vazios das
crianças que assistira desaparecerem sob as arquibancadas durante o
ensino médio. Ela sentou-se ao lado de uma garota quase em coma,
sentada antes do cálculo.

─ Então, Lois? ─ Donavan começou, abrindo sua mochila. ─ O que


vai ser?

O pote que ela reconheceu, mas as pílulas e os pós estavam fora do


seu alcance.

Ela não podia mais fingir. Ela deixou cair a sujeira e encontrou o
olhar injetado de Donavan. ─ Eu só quero uma noite para esquecer. Você
tem algo que poderia fazer isso por mim?

Um lento meio sorriso apareceu no canto dos lábios do adolescente.


─ Feche os olhos e estique a língua, Lois Lane.

Ela fechou os olhos e uma lágrima escorreu por sua bochecha. Não
importava, ninguém nesta tenda notaria se ela começasse a dançar break
e muito menos chorasse.

─ Abra bem. ─ Donavan persuadiu.

Zoe soltou um suspiro trêmulo e separou os lábios, e ele colocou um


pequeno quadrado de papel em sua língua. Ela fechou a boca e deixou
dissolver. Isso foi estúpido. Isso foi extremamente estúpido. Não era ela.

Ela enxugou as lágrimas das bochechas. ─ O que acontece agora?

Donavan deitou-se e olhou para o teto da tenda. ─ Agora, Lois Lane,


agora você esquece.

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─ Muita luz. ─ Zoe sussurrou.

Já não podia ser de manhã. Ela piscou. Este não era o quarto dela.
Donavan e o nome de duas meninas das quais não conseguia se lembrar
roncavam pacificamente, aconchegados no lado oposto da tenda. Ela
sentou-se e esfregou uma torção no pescoço. A última coisa que ela se
lembrava, ela e Donavan haviam trocado de camisa porque, de alguma
forma, isso parecia uma ótima idéia, e então eles deram uma volta pelo
buraco algumas vezes. Ela viu Em e Michael se beijando, o que na época
não parecia tão grande como realmente era.

Ela colocou os sapatos e abriu a tenda. Era cedo. Ninguém ainda


estava de pé, e o sol, apenas começando a cumprimentar o dia, projetava
longas sombras sobre o oco. Estava calmo, mas antes que os sons
calmantes da manhã pudessem penetrar, ela olhou para a encosta
gramada para o vazio e se lembrou.

Sam tinha uma namorada.

Ele a levou e mentiu para ela.

O peso pesado, aquela bola de nervos na boca do estômago, ganhou


vida, agitando e rosnando. O lembrete físico de quanto Sam Sinclair a
destruiu. Ela andou alguns passos quando Michael emergiu de uma
tenda, e essa bola de nervos cedeu uma fração. Nada a faria mais feliz do
que Em e Michael se reunirem. Ela sorriu para ele, mas seu queixo caiu
quando a líder de torcida idiota que ele estava batendo na Tiffany Shelton,
seguiu-o para fora da barraca.

Onde diabos sempre estavam Em?

─ Michael! ─ Ela olhou para o skank du jour . ─ Onde está a Em?

Ele coçou a cabeça. ─ Imaginei que ela te encontrou. Eu não a vejo


desde...

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Uma onda de ansiedade disparou por seu corpo. ─ Desde que você
colocou a língua na garganta dela, em seguida, deixou cair a bunda para
este waffle vulgar.

─ Oh, foda-se, Zoe. ─ Tiffany jogou de volta, depois tentou beijar


Michael.

─ Descanse um pouco, Tiff ─ ele disse e a deixou de queixo caído,


em pé na frente da tenda.

Zoe acenou para ele.

Michael passou pelas tendas, cruzou os braços e abaixou a voz. ─


Como assim, você não sabe onde ela está? Esta não é o lugar dela, Zoe.
Alguém poderia ter se aproveitado dela. Ela estava bem bêbada quando
eu a deixei.

A ansiedade pulsando em seu corpo se transformou em raiva. ─ Eu


sei que essa não é o lugar dela, mas eu a vi com você! Eu imaginei que
ela estaria segura com você de todas as pessoas. Eu não pensei que você
a abandonaria por Tiffany, a ─ foda fácil─ Shelton. Você ainda não
superou essa merda?

Michael balançou a cabeça e rolou o pescoço de um lado para o


outro. ─ Vamos procurar o buraco. Ela não poderia ter ido longe. Ela
provavelmente acabou de desmaiar em algum lugar.

Droga!

Como ela poderia ter deixado sua amiga ingênua e inocente sozinha
na festa de Sadie's Hollow? Ela quase riu ─ a resposta era clara. Ela era
estúpida, cega e com uma paixonite por Sam, é assim. Junto com a
bebida e quaisquer substâncias químicas que ela ingeriu, vergonha e
humilhação escorriam de seus poros. Ela não era melhor do que aquela
lixeira cabeça de vento, Tiffany Shelton.

Michael acenou do outro lado do buraco. ─ Você a vê?

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KRISTA SANDOR
Merda! Ela teve que sair da cabeça e encontrar a amiga. Ela abriu
algumas tendas e espiou dentro.

Sem Em.

Mais três tendas.

Sem Em.

─ Vamos verificar as árvores. ─ Michael chamou. ─ Você não acha


que ela entraria no cemitério, não é?

Zoe correu e se juntou a ele na beira do buraco. ─ Como eu iria


saber? Jesus, Michael, onde ela está?

─ Merda! ─ Ele olhou para o chão e pegou um colar quebrado de


pérolas.

Zoe tocou as delicadas contas. ─ Oh, Michael! Esses são os de Em!

─ Lá. ─ ele chorou e correu em direção ao cemitério e The Steps to


Hell.

Longos cabelos ruivos se espalhavam pelas escadas de calcário, e os


joelhos de Em estavam arranhados e ensanguentados. Ela ainda usava a
mesma saia xadrez e cardigã, mas suas roupas estavam amassadas e
sujas com pó acinzentado, como se tivesse esbarrado em um quadro
negro coberto de giz.

Michael a abraçou. ─ Em! Em, acorde!

Zoe caiu de joelhos. A ascensão e queda do peito de sua amiga lhe


disse que pelo menos ela estava respirando. Ela quase se permitiu sentir
alívio até perceber a mão mutilada de Em.

Em abriu os olhos e lutou para se concentrar. ─ Você nunca voltou,


Michael. ─ disse ela, murmurando suas palavras como se tivesse sido
drogada. ─ Você nunca voltou! E então havia os homens altos! Os homens
altos vieram atrás da ponte! E Paganini! Ele estava lá também!

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KRISTA SANDOR
Zoe sentiu a bochecha de Em. Ela estava queimando. Ela olhou para
Michael, e ele ficou pálido.

─ Em não está fazendo nenhum sentido. ─ disse ela, segurando o


olhar de Michael. ─ Alguém deve ter lhe dado algo - LSD ou alguma coisa
assim. Precisamos ajudá-la! E precisamos disso rápido!

Zoe embalou o corpo de Em no banco de trás enquanto Michael


ligava o motor do seu Range Rover. Em estava murmurando bobagens e
entrando e saindo de consciência, o que era uma dádiva de Deus porque
os dedos da mão esquerda pareciam como se alguém os tivesse
alimentado com um moedor de carne.

Zoe envolveu delicadamente o membro danificado em uma toalha e


conteve um soluço. ─ Jesus, Michael! Eu acho que ela tem pelo menos
dois dedos quebrados e esse corte no dedo anelar parece terrível. Eu
posso ver até os ossos. O que nós vamos fazer? Ela deveria partir para
Juilliard em alguns dias.

Michael apertou o volante quando o velocímetro subiu. ─ Zoe, foco!


Seu pai é cirurgião. Não podemos levá-la para sua casa?

Ela balançou a cabeça. Meus pais ainda estão no Arizona. Eles não
voltam até tarde hoje à noite. Devemos apenas levá-la para casa?

─ Porra, não, Z. Temos que levá-la a um hospital. É a mão esquerda


dela toda mutilada. Você sabe o que isso pode significar?

Ela sabia o que isso poderia significar?

Claro que ela sabia. Isso poderia terminar a carreira musical de sua
amiga. Sua estupidez e seu egoísmo imaturo fizeram isso com Em. Em
vez de passar uma noite com sua melhor amiga, ela ficou de mau humor
por causa de Sam. Abandonaria a amiga e se desperdiçara com um monte
de drogados.

Zoe espiou pela janela e apareceu a placa para a saída de Langley


Park. ─ Vá em direção a casa. Precisamos levá-la ao hospital do meu pai.

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É o centro de trauma nível mais próximo. Eles conseguirão um cirurgião
de mão mais rápido do que em qualquer outro lugar.

As rodas do Range Rover guincharam quando Michael saiu e


acelerou em direção ao Midwest Medical Center. Eles voltaram para
Langley Park em tempo recorde. O hospital apareceu e Em abriu os olhos.
─ Zoe, você me deixou e Michael me deixou. Todo mundo desapareceu, e
o monstro me pegou.

Zoe engoliu em seco a culpa e a vergonha e limpou o suor e a sujeira


da testa de sua amiga. ─ Eu sei e sinto muito. Chegamos ao hospital.
Você vai ficar bem. Mas assim que as palavras caíram de seus lábios, ela
sabia que eram mentiras. Em pode se recuperar, mas não havia como ela
tocar violino tão cedo ─ se é que alguma vez ela voltaria a tocar.

O olhar instável de Em cintilou antes que suas pálpebras se


fechassem, e o carro parou abruptamente.

─ Venham aqui! ─ Michael chamou, desafivelando o cinto de


segurança e saindo do carro. Em um instante, a porta dos fundos estava
aberta e ele pegou Em nos braços. ─ Eu vou carregá-la na entrada de
emergência. Você pode mudar meu carro, para não bloquear a entrada
da ambulância?

Zoe assentiu e segurou a mão de Em o melhor que pôde.

─ As chaves estão na ignição. ─ ele gritou por cima do ombro.

As portas automáticas para o pronto-socorro se abriram, e Michael


correu para dentro enquanto a cabeça de Em balançava para frente e
para trás no ritmo de seus passos.

Zoe beliscou o braço dela. Não parecia real. Ela viveu uma vida
normal até o dia em que sua família partiu para o Arizona. Escola.
Amigos. Família. Por mais que ela tentasse quebrar o molde de uma
adolescente homogênea do Centro-Oeste, com sua atitude estragada,
cabelo de ponta rosada e botas de combate, era exatamente isso que ela
tinha sido. Típica. Normal. Status-porra-quo. Mas no momento em que
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Sam puxou sua bunda para fora daquele bar, tudo mudou. Ela mudou ─
e ouvindo a dor dolorosa na voz de Michael enquanto ele pedia ajuda ─
ela sabia que a mudança não era para melhor.

─ Senhorita?

Zoe desviou o olhar da entrada e encontrou um segurança a


observando. Ela acenou para ele. Estou movendo o carro. Apenas me dê
um segundo.

Ela fechou a porta dos fundos e entrou na frente. O motor ainda


estava funcionando. Ela ajustou o assento e colocou o carro na direção.
Assim como durante todo o verão como voluntária no hospital, dirigiu até
o estacionamento dos visitantes, estacionou em um lugar e desligou a
ignição. Mas, diferentemente daqueles dias mundanos, ela abaixou a
cabeça no volante e soltou um grito baixo e quebrado. Mas antes que ela
pudesse recuperar o fôlego, alguém bateu na janela do carro.

Ela ergueu a cabeça e então seu coração quase parou de bater.

Sam.

Sam, com o que parecia um olho roxo, deu-lhe o sorriso mais triste
que ela já tinha visto. Ela olhou para ele por um instante, depois dois.
Isso era real? Ele deu um passo para trás e ela saiu do carro.

Ele mudou seu peso de pé para pé. ─ Por que você está dirigindo o
carro de Michael?

Ela olhou ao redor do estacionamento. ─ Por que diabos você está


aqui?

Você não estava em casa. Pensei que talvez você estivesse sendo
voluntária aqui hoje. Tanta coisa aconteceu. Eu nem sei por onde
começar. Eu senti tanto sua falta. Eu preciso falar com você. Há tanta
coisa que preciso lhe contar, Z.

Ele parecia terrível - absolutamente destruído. Um hematoma roxo


irritado delineou seu olho direito. Mas ela não teve tempo para essa

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KRISTA SANDOR
merda. Não com Em dentro do pronto-socorro e Deus sabe o que está
acontecendo com a mão dela.

Ela levantou o queixo e segurou o olhar lamentável dele. Raiva e


devastação rugiram através dela como um tornado pronto para
despedaçar esse filho da puta. ─ Não, você não diz nem me explica nada!
Suas ações fizeram isso. Aqui estão os fatos. Você tem uma namorada e,
em um dia normal, talvez eu tenha tempo de rasgar uma nova para você
e contar tudo sobre como você é um vagabundo idiota. Mas acabei de
desempenhar um papel importante, provavelmente arruinando a vida da
minha melhor amiga. Então, eu simplesmente não tenho isso em mim,
Sam. Não tenho interesse em nada que você tenha a dizer. Se você fosse
meu amigo, pegaria seu traseiro arrependido e sairia e nunca mais falaria
comigo novamente.

Ele olhou, estupefato. Se ele não fosse o homem mais forte que ela
conhecia, ela esperaria que seus joelhos dobrassem e sua bunda batesse
na calçada.

Lágrimas escorreram por suas bochechas enquanto ele olhava para


o céu. ─ Sinto muito, Z.

Ela enxugou lágrimas quentes de suas próprias bochechas. ─ Salve


isso! Guarde para sua namorada, Sam. Não preciso nem quero sua
desculpa de merda.

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KRISTA SANDOR
07

Cinco Anos Antes


─ Stein! Entre aqui!

Zoe pegou seu laptop e juntou suas anotações. Todo dia era um dia
agitado na Zipline Media, uma das empresas de notícias da Internet que
mais cresceram na DC. Nesta cidade, as últimas notícias podem
acontecer a qualquer momento. E na maioria dos dias - aconteceu. Um
estalo de antecipação aparecia toda vez que o telefone tocava. A próxima
dica, o próximo e-mail, até o próximo esquisito a entrar pela porta poderia
ser a história, essa história. A grande.

Ela procurou em sua mesa, jogando papéis aleatórios no chão de


seu cubo, procurando outro arquivo. Como repórter de tarefas gerais, ela
estava no fim da hierarquia da redação, mas duas semanas atrás, uma
ligação aleatória mudou tudo.

Stein! Você tem trinta segundos!

Zoe espiou por cima do muro baixo que separava sua mesa e
chamou a atenção de Agnes Gordon, outra repórter de tarefas gerais. A
mulher se encolheu. Nunca foi um bom sinal quando o editor-chefe gritou
o nome de um repórter.

─ O que você fez desta vez, Zoe? ─ Agnes perguntou, olhando em


direção à porta entreaberta do escritório do editor.

Desta vez.

Zoe congelou. Ontem, ela publicou uma história de práticas


abusivas relatadas no Newcastle Youth Rehabilitation Services, um
centro de detenção para meninas perto da fronteira com a Virgínia e a
Virgínia Ocidental.

Ela juntou os cabelos e torceu em um coque bagunçado. ─ Eu pareço


decente?
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KRISTA SANDOR
Agnes se encolheu de novo. ─ Quanto café você tomou?

Zoe olhou para a mesa cheia de copos de isopor. ─ Muito.

─ Todo café da sala de descanso? ─ O rosto encolhido de Agnes se


transformou em repulsa total.

─ Sim, eu tenho queimado a vela nas duas extremidades tentando


conseguir outra fonte para gravar e corroborar o que minha fonte me
disse. Preciso de toda a cafeína que conseguir.

Agnes recostou-se na cadeira. ─ Você parece mal, querida.

Zoe encontrou a pasta que procurava e olhou para a porta de Jack,


assim como Cheryl Laughlin, uma das capitalistas de risco que
financiava a Zipline Media, entrou no escritório.

─ Merda, Zoe! ─ Agnes disse baixinho.

Merda estava certa. Quando Cheryl desce da torre de marfim para


se misturar com os lacaios, a merda estava prestes a se tornar realidade.

Com o laptop debaixo do braço, Zoe pegou o celular e olhou para a


tela. Quatro chamadas perdidas de sua mãe e outra chamada perdida de
Michael. Por que eles simplesmente não enviaram uma mensagem? Ela
tinha muita coisa para discutir com a mãe sobre as últimas palhaçadas
da sobrinha Kate, de três anos, ou ouvir Michael lamentar como ele
desejava poder se concentrar mais na música, em vez da prática de direito
de sua família.

Ela enfiou o telefone no bolso de trás e levou todos os documentos


importantes que reuniu nas últimas duas semanas até o editor na porta
do chefe. Ela fez uma pausa antes de entrar. Cheryl e Jack falavam em
voz baixa, as cabeças inclinadas sobre um laptop.

Zoe engoliu em seco pelo nó na garganta. Ela olhou de volta para


Agnes. A mulher levantou os dedos cruzados, mas a apreensão brilhou
em seu rosto.

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KRISTA SANDOR
Zoe, uma das mais jovens repórteres da Zipline Media, estava
determinada a subir a cadeia alimentar da redação. Ela trabalhou duro.
Seja uma peça sobre os pinguins no zoológico ou uma entrevista com
uma debutante da DC, ela deu tudo de si. Mas foi uma ligação aleatória
para a linha de dicas que a levou a esse ponto. Uma história real. Uma
colher com os dentes. Um tópico que importava.

Ela bateu na porta com o cotovelo. Assim que Jack olhou para cima,
o sangue em suas veias esfriou. O editor-chefe tinha uma opinião. Se ele
cruzasse os braços ao entrar na sala, você ficaria bem. Se ele pegasse o
recipiente de comprimidos antiácidos em sua mesa e jogasse um
punhado na boca, seria um ingresso de primeira classe para cobrir os
Kardashians pelos próximos seis meses.

Mas Jack também não fez. Seu rosto permaneceu neutro. ─ Entre,
Zoe.

Merda! Ela nunca tinha visto esse lado dele .

Outra batida na porta. Zoe olhou por cima do ombro para ver o editor
de notícias, Dan Lerner, seu chefe direto.

Nesta redação, ela se reportou a Dan. Dan relatou a Jack e Jack


interagiu com Cheryl e os outros altos mantendo este lugar à tona. Ela
nunca tinha visto Cheryl falar com alguém na redação. Zoe olhou ao redor
da sala. Todo mundo estava com cara de pôquer, exceto Dan, que limpava
um pouco de suor do lábio superior com a parte de trás do pulso.

Jack apontou para uma mesa comprida. ─ Vamos sentar.

Sentar?

Esse foi um mau sinal. Quando ela ligou para o senador júnior de
Indiana como esfíncter esfarrapado, ou quando se dirigiu ao lobista mais
torto da cidade como vendedor de bosta, recebeu uma rápida repreensão.
Com o rosto vermelho, Jack tinha feito uma série de palavrões - par com
o homem. No final dos seus trinta anos, Jack Riggs era um dos mais
jovens editores-chefes de uma importante organização de mídia. Ele tinha
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KRISTA SANDOR
a reputação de cabeça quente, mas também era visto como atirador
direto. Se alguém era um idiota, você os chamava de idiota.

Ela colocou o laptop e os arquivos na mesa. Jack e Dan se juntaram


a ela, mas Cheryl permaneceu na mesa. Ela se inclinou para o lado,
braços cruzados como uma estátua de Chanel.

Jack acenou para Dan. O pomo-de-adão de seu editor de notícias


subia e descia enquanto ele engolia em seco.

Que diabos estava acontecendo?

Dan olhou para Cheryl. A mulher não moveu um músculo. Tão


imóvel quanto um lince pronto para atacar, seu olhar afiado não revelou
nada.

Dan se inclinou. ─ Zoe, conte-nos como chegou a esse ponto com


sua história.

Vá na hora! Ela abriu uma pasta no momento em que o celular


tocou. Ela tirou do bolso. Michael, de novo!

─ Desculpa! ─ ela disse, mudando para o modo silencioso e


colocando-o sobre a mesa.

Jack não disse nada e a encarou.

Zoe se firmou. ─ Há algumas semanas, recebi uma dica de que


meninas de um centro de detenção juvenil administrado pelos Serviços
de Reabilitação de Jovens de Newcastle, perto da fronteira da Virgínia e
Virgínia Ocidental, estavam sendo maltratadas. A pessoa que ligou
informou que havia sido recentemente libertada e compartilhou contas
de abuso físico e sexual. Ela também informou que as meninas não
estavam recebendo nenhum aconselhamento ou educação. Ela citou
relatos de meninas em restrições físicas, medicação forçada,
confinamento solitário por longos períodos de tempo e buscas na
cavidade corporal feitas por seguranças do sexo masculino. Eu a conheci
pessoalmente. Eu vi as cicatrizes nos pulsos dela pelas restrições.

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KRISTA SANDOR
Jack piscou. Ele não estava dando nada a ela.

Ela pegou outro arquivo. ─ Eu mergulhei nisso. Newcastle possui e


opera instalações em todo o país. Houve relatos semelhantes de meninas
em seus centros na Flórida e Ohio. Não há muitos dados concretos por
aí, porque esses lugares nem precisam coletar ou torná-los públicos. Na
minha opinião, isso é apenas a ponta do iceberg. Esses casos de
negligência grave são mais profundos do que uma instalação desonesta.
E algo está acontecendo com o dinheiro entrando e saindo desses lugares.
Não parece estar aumentando, mas ainda não tenho informações
suficientes sobre isso.

Sua frequência cardíaca aumentou um pouco. Isso foi grande. Ela


podia sentir - a energia em torno dessa história era como um raio de
trator, puxando-a para dentro. As meninas estavam sendo abusadas.
Abuso financiado pelo Estado. Adolescentes em número crescente
estavam sendo jogados nesses lugares. As prisões administradas de
forma privada prometeram economia de custos, mas estavam cobrando
milhões ao governo, enquanto as meninas eram negadas pelos serviços
acadêmicos e de reabilitação de que precisavam desesperadamente.

O olhar dela saltou entre os homens. Como eles não ficaram


indignados? Seu coração batia forte, o som quase ensurdecedor. Ela se
inclinou para frente. ─ Meninas - meninas vulneráveis - muitas das quais
foram negligenciadas pelos pais e já sofreram anos de abuso são então
enviadas para esses lugares que não apenas as ajudam, mas causam
mais danos!

Um músculo se contraiu na bochecha de Jack. ─ O que você disse a


Dan que estava trabalhando?

Ela piscou. ─ Uma história sobre meninas adolescentes de uma


clínica de reabilitação.

Dan passou o pulso pelo lábio novamente. ─ Você não mencionou


nada sobre ser um centro de detenção particular para meninas, Zoe.

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Ela olhou entre os homens.

Jack endureceu o olhar. ─ Ontem, você postou uma história na


página principal do Zipline fazendo sérias alegações. Seu editor não tinha
toda a história, e eu com certeza também não. Você não passou isso pelos
canais certos.

Zoe sentou na beira da cadeira. ─ Tudo isso se juntou rapidamente.


Mas essas meninas precisam de ajuda. Isso é importante. As pessoas
precisam saber sobre isso.

Jack bateu com o punho na mesa. ─ E é por isso que esse tipo de
história precisa passar por mim!

Ela tentou uma abordagem diferente. ─ Não temos coberto muita


corrupção corporativa ultimamente. Eu pensei que isso era grande o
suficiente para ser executado.

─ Conte-me sobre sua fonte. ─ Jack rosnou.

─ Sim, vamos falar sobre isso. ─ disse Cheryl. Sua voz era tão leve
quanto o ar e tão mortal quanto o gás Sarin.

Cheryl Laughlin não precisava reclamar ou delirar. Uma palavra


sussurrada dessa mulher jovem e poderosa poderia fazer ou quebrar
carreiras. Ela se endireitou e caminhou até a mesa, suas pernas longas
e tonificadas consumindo cada centímetro do piso de madeira do
escritório. Clique, clique, clique.

Um bolso de silêncio engoliu a sala.

Zoe esfregou os olhos. Se ela não estivesse acordada nas últimas


quarenta e oito horas, poderia ter conseguido decifrar o brilho intenso no
olhar de Cheryl Laughlin. A matéria de ontem foi uma entrevista que ela
fizera com o adolescente que ligara na dica. A menina passou seis meses
nas instalações de Newcastle por pequenos furtos, e ela só concordou em
cooperar se sua identidade permanecesse secreta.

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KRISTA SANDOR
Zoe levantou o queixo, seu segundo vento chutando. ─ Eu gostaria
de poder nomear minha fonte, mas ela estava com medo de que, se sua
identidade fosse revelada, a equipe de Newcastle desconsideraria seus
amigos que ainda cumprem suas sentenças nas instalações.

Cheryl deu um sorriso presunçoso. ─ Eu me dediquei um pouco em


relação à sua fonte.

O estômago de Zoe caiu. Todas as anotações estavam em seu laptop


Zipline, que pertencia à Zipline Media.

Cheryl percorreu o perímetro da sala. ─ Sua fonte é uma viciada em


metanfetamina de dezessete anos.

─ Sim mas...

Cheryl levantou um dedo e Zoe mordeu a língua. ─ Falei com a mãe


da sua fonte esta manhã. Acontece que essa garota problemática não
tinha o consentimento dos pais para falar com você.

Merda! Todas as evidências estavam ali, trancadas dentro das


mentes torturadas dessas jovens que haviam sofrido aquele buraco do
inferno. A única maneira de fazê-lo parar era iluminar as injustiças.

Zoe pegou outro arquivo. ─ Eu verifiquei a conta dela em relação a


várias outras histórias de adolescentes. As semelhanças estão aí. Algo
está acontecendo. Algo não está certo. Essas instalações são isoladas.
Eles estão em pequenas cidades, muitas vezes no meio do nada, sem
muitos recursos. O dinheiro que entra e sai é envolto em segredo.

Jack bateu com o punho novamente. ─ E é aí que temos outro


problema de cluster! Eu tenho a mãe dessa garota nos dizendo que ela
não deu permissão para uma entrevista e que sua filha é uma mentirosa
patológica. Além disso, tenho um congressista me dando uma bronca
sobre como ele acredita que a Zipline Media está tentando desacreditar a
instalação, desligá-la e tirar trabalhos valiosos de seus eleitores. Pessoas
poderosas estão explodindo meu e-mail e você não tem um pedaço de
evidência credível!
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─ Eu pensei que era importante o suficiente para postar o mais
rápido possível ─ respondeu ela.

─ Você pensou? ─ Jack cresceu.

Tudo ficou turvo. A visão dela. O pensamento dela. Tudo diminuiu e


fluiu em câmera lenta. ─ Alguém deve ter chegado até eles.

A veia na testa de Jack pulsou. ─ Quem, Zoe?

─ Tinha que ser alguém de Newcastle.

Jack recostou-se e estreitou o olhar. ─ Não, a culpa recai sobre você,


Zoe. Você confiou na integridade deste meio de comunicação com as
divagações de um menor viciado em drogas e agora a Zipline precisa
postar uma retratação.

Zoe rangeu os dentes. ─ Ela não é apenas uma viciada em drogas de


dezessete anos! Ela é uma vítima de estupro. Sua família ficou
desabrigada desde o quinto aniversário até o décimo aniversário. Ela
viveu nas ruas. Ela é uma maldita sobrevivente que viveu coisas que você
e eu nunca vimos.

Jack riu. ─ Não comece a me enlouquecer, especialmente quando


você não trouxe os fatos!

Merda! Ela teve que mudar de rumo. Ela fechou a pasta e segurou o
olhar de Jack. Ele pode ser o chefe de seu chefe, mas ela não estava
recuando. ─ Sr. Riggs, Jack, somos os mocinhos. Nosso trabalho como
jornalistas é ser a voz dos oprimidos. Nosso trabalho é rasgar a cortina e
expor a verdade!

Jack compartilhou um olhar com Cheryl. A mulher deu um leve


aceno de cabeça.

─ Você estragou tudo, Zoe. Você está em falta! Você não


compartilhou todos os fatos com seu editor e publicou uma história sem
a minha aprovação direta. Você está demitida.

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KRISTA SANDOR
Cheryl deslizou um envelope da mesa de Jack e o colocou sobre a
mesa. Zoe não precisava abri-lo para saber que continha seu último
salário. Enquanto ela estava sentada, com o rabo entre as pernas, a TI
estava revogando seu acesso à rede. O distintivo pendurado no cordão
em volta do pescoço era agora uma peça de recordação de três por duas
polegadas do seu tempo em um dos sites de notícias e entretenimento
on-line de mais rápido crescimento do país.

Zoe olhou para o envelope quando Cheryl Laughlin saiu do


escritório. O estalo de seus saltos bateu como unhas sendo marteladas
em um caixão.

Ela falhou com essas garotas.

─ Com licença, Jack.

Zoe olhou para a porta para ver o assistente de Jack.

─ Agora não, Helen!

A mulher deu um passo hesitante na sala. ─ Desculpe interromper,


mas há uma ligação urgente por Zoe.

Os olhos de Zoe se arregalaram. Ela se sentia como uma prisioneira


do corredor da morte, e essa ligação poderia ser uma suspensão do
governador. Talvez a mãe de sua fonte tivesse reconsiderado? Talvez eles
estivessem dispostos a gravar. Essa ligação era sua última esperança.
Ela olhou de Dan e depois para Jack.

Jack apontou para sua mesa. ─ Pegue.

Ela pulou, levantou o fone e apertou o botão de chamada que


piscava. ─ Esta é Zoe Stein.

─ Jesus Cristo, Zoe! Pegue seu telefone celular!

Seu coração afundou. ─ Michael, eu não posso falar. Eu estou bem


no...

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KRISTA SANDOR
─ Sara está morta, Zoe. Sua cunhada se matou ontem. Ela tomou
um monte de pílulas para dormir e ligou o carro dentro da garagem. Ela
e Kate estavam lá. Kate quase morreu de envenenamento por monóxido
de carbono, mas Ben chegou a tempo.

Zoe agarrou a mesa. O chão mudou como se ela estivesse presa


dentro de uma ampulheta, os pequenos grãos afunilando debaixo de seus
pés, ameaçando levá-la embora.

Ela quis respirar. ─ O que?

─ Lamento ligar para você no trabalho, mas você precisa voltar para
casa. Sei como você está ocupado na Zipline, mas Ben precisa de você.
Kate precisa de você. Seus pais precisam de você. Estou lidando com tudo
- a polícia, o funeral, todas as legalidades, mas nunca vi seu irmão assim.
É ruim, Z. É muito ruim.

Zoe examinou a sala. Isso era real? Sua vida inteira estava
desmoronando ao seu redor? ─ Michael, eu só preciso de um minuto.
Prometo que ligo de volta em sessenta segundos.

Michael ainda estava falando quando ela desligou o telefone. Ela


olhou para cima e viu Jack e Dan a observando. Ela engoliu em seco pelo
nó na garganta. ─ Era um amigo íntimo da família. Minha cunhada
faleceu ontem. Eu preciso ir para casa.

Jack cruzou os braços. ─ Sinto muito por ouvir isso.

Ela segurou o olhar de Jack por um instante. Sua mente estava


girando com as notícias de Sara, mas havia algo mais nessa história de
Newcastle. Ela podia ver nos olhos de Jack. Mas antes que ela pudesse
tentar conectar os pontos, uma mão úmida agarrou seu ombro. Ela olhou
para cima e viu Dan.

Ele apontou para a porta. ─ Deixe-me levá-la para fora.

Ela assentiu. O que mais havia para fazer?

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
Dan a seguiu até seu cubículo. Atordoada, ela pegou sua bolsa e foi
em direção ao banco de elevadores com o editor de notícias ainda ao seu
lado.

─ Você é uma boa repórter, Zoe. Mas você liderou com seu coração
e não com sua cabeça neste. Não sei toda a extensão, mas você
claramente irritou as penas das pessoas erradas. Todos os figurões se
encontraram com Jack esta manhã e tenho certeza de que era sobre a
sua história.

Ela balançou a cabeça. Perdeu o emprego. Sara estava morta. Foi


demais. Ela sempre foi a garota com o plano ─ sempre a pessoa a agir.
Agora, uma dormência monótona se instalou em seu peito.

Era como sonambulismo.

Ela tinha que estar sonâmbula.

Imagens de seu irmão, Sara e Kate passaram por sua mente. Sara e
Ben sofreram muitos abortos ao longo dos anos. Eles estavam tão felizes
quando Kate nasceu. Claro, Sara havia se tornado menos social desde a
chegada de Kate. A cunhada ficou um pouco exagerada quando se tratava
de preocupações com o bem-estar de Kate, mas quem poderia culpá-la!
Zoe considerou isso apenas uma mãe superprotetora. Depois de todas
essas perdas, ela não podia culpar a mulher por ser um pouco reclusa.

Ping!

O som da chegada do elevador a trouxe de volta à realidade. Ela


acabara de ser demitida. Sua credibilidade foi atingida. Ela nunca mais
trabalharia nesta cidade.

─ Você é de Kansas City, certo? ─ Dan perguntou.

─ Sim, eu sou de uma cidade pequena perto de lá. ─ Sua voz soou
pequena e distante.

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KRISTA SANDOR
Ele pegou um bloco de papel do bolso e escreveu uma mensagem
rápida. ─ Meu amigo é o gerente da estação na Rádio Pública do Kansas.
─ disse ele, segurando o pedaço de papel.

Ela abriu os lábios para protestar, mas Dan levantou a mão e ela
mordeu as palavras. É o que acontece quando você perde toda a
perspectiva, menos a sua. Essa mancha poderia segui-la para sempre.
Na pressa de ajudar as meninas nas instalações de Newcastle, ela havia
se descuidado. E no setor de notícias, descuidado pode matar. Matar
carreiras. Destruir vidas. Esmagar sonhos.

O olhar de Dan se suavizou. ─ É uma estação pequena. Posso


colocar uma boa palavra para você. E depois do que aconteceu aqui, pode
não ser apenas a melhor opção. Pode ser sua única opção.

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KRISTA SANDOR
08
─ E me desculpe, senhorita. Você precisa de um táxi?

Zoe olhou para o horizonte de Kansas City enquanto um avião com


um corpo branco e a UPS impressa em ouro na cauda marrom deslizavam
para um pouso. ─ Não, obrigado. Eu tenho alguém me pegando.

O porteiro sacudiu o chapéu e seguiu para outro grupo.

Ela caminhou até o meio-fio e olhou para a fila de carros esperando


para pegar passageiros e estremeceu. Estava nublado e chovendo. Em
termos climáticos, maio foi um mês esquizofrênico no Centro-Oeste. A
previsão pode exigir botas de neve na segunda-feira e chinelos na terça-
feira. Hoje, a mãe natureza havia escolhido uma chuva amarga e triste.
Nuvens escuras silenciaram o sol, lançando a cidade em um sombrio tom
de cinza. Ela não poderia ter escrito um cenário mais apropriado para
sua volta ao lar.

Repórter desacreditada retorna para casa para lamentar o suicídio da


cunhada.

Ela fechou o casaco e amarrou o cinto.

─ Z!

Ela olhou para cima e viu Michael em seu antigo Range Rover. Ele
tentou sorrir, mas a emoção caiu. Ele levou o carro até o meio-fio,
desligou o motor e deu a volta para cumprimentá-la.

─ Graças a Cristo você está aqui! ─ Ele a abraçou, depois se afastou


e olhou para sua bolsa. ─ Isso é tudo?

Ela olhou para a lamentável peça de bagagem. ─ Sim.

Isso era quase a verdade. Viver em Washington com o salário de um


repórter significava morar com colegas de quarto. Noventa por cento de
seus bens se encaixam dentro de uma bolsa de vinte e duas por quinze
polegadas.
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KRISTA SANDOR
Ela sentou no banco do passageiro e manteve o olhar fixo no avião.
Ela não se atreveu a olhar para as costas. A última vez que ela andou
neste carro, Em foi embalada em seu colo, entrando e saindo de
consciência. A última vez que ela andou de carro também foi no dia em
que disse a Sam que nunca mais o queria ver; e horas depois, Em havia
proferido a mesma proclamação contundente e profanada para ela e
Michael.

Dá o fora daqui! Eu nunca mais quero ver nenhum de vocês!

Em um dia, ela perdeu sua melhor amiga e o único homem que já


amou. Anos se passaram. Após o acidente, Em abandonou a música e foi
para a Austrália para morar com a mãe. Tudo o que Zoe sabia era que
Em era assistente de professor em uma escola para crianças surdas e
com deficiência auditiva em Sydney. Ela e Michael tentaram entrar em
contato ao longo dos anos, mas as ligações não foram atendidas e as
cartas voltaram fechadas - Return to Sender.

E Sam? Esse foi o último dia em que o viu também. Era quase
impressionante como era fácil tirá-lo da vida dela. Com o irmão ocupado
com a prática de arquitetura, a esposa e o filho, Michael na faculdade e
Gabe em Nova York, onde ele foi treinar para se tornar um chef, todos
eles se afastaram. Ela via Michael de vez em quando durante as férias de
verão, quando ainda estava na faculdade, mas eles nunca discutiam
sobre Sam. Nos últimos dois anos, eles caíram em um ritmo de
recuperação.

Como está o escritório de advocacia?

Bem.

Como estão os relatórios?

Ótimo.

Melhor correr! Muito a fazer! Fale logo!

Ela e Michael não discutiram nada de substância há anos.

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KRISTA SANDOR
Seu velho amigo ligou o carro e parou no trânsito. Ela o observou
pelo canto do olho. Apesar das roupas elegantes e do corte de cabelo caro,
linhas de estresse puxavam os cantos dos olhos.

─ Obrigado por me atender, e obrigado por tudo que você está


fazendo pela minha família. Eu conversei com minha mãe ontem. Ela
disse que você foi uma dádiva de Deus.

Ele assentiu, seu olhar focado na estrada. ─ Estou fazendo tudo o


que posso para ajudar, mas eles precisam de você, Z. Sua mãe se ofereceu
para que Ben e Kate voltassem com eles, mas ele não a ouviu falar.

─ Sim, minha mãe me disse. Ele sempre gostou de seu próprio


espaço. Como está a Kate? Você viu ela?

─ Os médicos dizem que ela deve ficar bem. Como você pode
imaginar, seu pai consultou todos os especialistas em crianças e
exposição ao monóxido de carbono.

─ E Sara?

Michael esfregou seu pescoço. ─ Acabei de confirmar com o


necrotério. O serviço será depois de amanhã. Ela não tem família
próxima, mas algumas amigas da mãe do Arizona indicaram que
gostariam de vir.

Zoe brincou com o cinto de sua cadeira, ela e Michael ficaram em


um silêncio até que o Midwest Medical Center apareceu.

Ela se firmou. ─ Por que você está dirigindo este carro?

Suas mãos agarraram o volante um pouco mais forte. ─ Meu pai


pegou meu Audi. O carro dele está na loja por alguns dias.

─ Ele sofreu um acidente? Ele está bem?

Os nós dos dedos ficaram brancos. ─ Ele vai ficar bem.

Ela fechou os olhos. Havia algo lá, mas ela não tinha energia para
investigar. ─ Leve-me para a casa de Ben.

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
─ Você não quer largar suas coisas na casa dos seus pais?

─ Eu não vou ficar lá.

A testa de Michael franziu. ─ Onde você está ficando? Eu apenas


imaginei...

─ Eu vou ficar com Ben e Kate.

Ele balançou sua cabeça. ─ Eu não acho que ele vai fazer isso, Z.
Ele não quer ninguém em casa.

─ Então eu vou bater em sua casa de carruagem.

─ Mas isso é…

─ Logo acima da garagem onde Sara se matou?

Michael olhou por cima e ela inclinou a cabeça para o lado. Ela pode
muito bem dizer isso. Os meios e a localização do suicídio de Sara eram
algo que todos teriam que aceitar.

Michael soltou um suspiro cansado.

Zoe voltou a brincar com a ponta do cinto. ─ Alguém precisa estar


lá com Ben e Kate. Eu sei por que ele não quer ficar com meus pais.
Minha mãe é a melhor, mas ela tentará fazer tudo, e isso deixará Ben
louco. Eu sei do que meu irmão precisa.

Michael manteve o olhar para a frente. ─ E o que é isso?

─ Ele precisa das minhas besteiras de sempre. Isso é familiar. É


irritante. É normalidade.

─ E quando você precisar voltar para DC? O que então?

Um nó se formou em sua garganta. Ela não precisava voltar para


Washington. Não havia mais nada para ela naquela cidade. Zoe engoliu
em seco. ─ Eu tenho tanto tempo quanto preciso. Não precisamos nos
preocupar com isso. ─ Seu olhar foi para a bolsa e o pedaço de papel com
as informações do gerente do programa da Rádio Pública do Kansas.

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KRISTA SANDOR
─ Isso é bom, Z. Com toda a honestidade, eu ficaria feliz se você
ficasse com Ben e Kate.

─ Kate entende o que aconteceu?

Sua sobrinha tinha apenas três anos e, embora ela fosse um


monstrinho precoce, a morte de sua mãe devia estar atingindo-a com
bastante força.

O lábio inferior de Michael tremeu, mas ele cheirou e controlou suas


emoções. ─ Ela não pode passar cinco minutos sem pedir a mãe. É muito
comovente.

Zoe se estabeleceu no modo repórter. Uma jornalista não chora -


pelo menos não quando ela estava no trabalho. Sua função era observar,
questionar e relatar. Juntamente com sua inclinação natural para
mascarar a dor com humor, ela era quase impenetrável.

Quase.

Ela cruzou as mãos no colo. ─ Vamos viver um dia de cada vez.

Michael permaneceu quieto enquanto passavam pelo coração do


centro da cidade de Langley Park. Quando chegaram ao cruzamento da
Bellflower Street e Mulberry Drive, ele apontou para um restaurante na
esquina da antiga padaria alemã.

As palavras Park Tavern estavam espalhadas pelo toldo.

─ Sam voltou. ─ disse ele. ─ Ele é dono desse restaurante.

─ O que? ─ Ela inclinou a cabeça para ver melhor. Ela não pôde
evitar. ─ Ele e Gabe decidiram fazer isso juntos? ─

Michael olhou para o prédio. ─ Sim e não. Gabe ainda é o chef


executivo em Nova York em seu restaurante Bread and Vine, mas agora
ele também é um parceiro silencioso no Park Tavern.

Ela olhou pela janela as vitrines pitorescas - muitos novos negócios


surgiram. Ao longo dos anos, o Langley Park se tornou mais vibrante.

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KRISTA SANDOR
Outrora o lar de mais de setenta pessoas, famílias com crianças pequenas
e jovens profissionais começaram a se reunir na cidade aconchegante,
com suas ruas nomeadas em homenagem à vida vegetal do Kansas e um
centro da cidade tipo Mayberry.

Zoe se esforçou para dar uma última olhada no Park Tavern. ─ Como
isso aconteceu? O que Sam sabe sobre o negócio de restaurantes?
Verdade seja dita, ela não ouvira muito sobre Sam durante a última
década. Um sorriso triste apareceu no canto de sua boca, enquanto uma
dor suave ressoava em seu peito. Se alguém pudesse fazer isso, seria ele.

Michael colocou o Rover na rua de Ben, Baneberry Drive. ─ Um cara


que Sam conhece possui alguns bares na área de Kansas City. Ele
comprou o lugar, mas mordeu mais do que podia mastigar. De alguma
forma, Sam acabou comprando dele. Você conhece meu primo, depois de
cinco minutos o proprietário provavelmente estava pronto para dar a ele
o lugar. Sam é o cara que todo mundo ama.

Ela sabia disso melhor do que ninguém.

─ Você não pensou em mencionar isso para mim? ─ ela perguntou.

Michael passou a mão pelos cabelos ruivos. ─ Eu tive minhas


próprias coisas acontecendo, Zoe. Estou trabalhando noventa horas, às
vezes cem horas por semana.

─ E o seu pai? Ele não está aí?

─ Você tem certeza que quer que eu a leve até o Ben? ─ ele bufou,
mudando de assunto.

Sim, tenho certeza. Meu irmão vai chiar, mas isso é apenas Ben
sendo Ben. A besteira dele, esquisita, não funciona em mim.

Michael parou na frente da casa de Ben no estilo Tudor. Tudo


parecia perfeito, exceto por uma pilha de madeira empilhada no gramado
bem cuidado.

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KRISTA SANDOR
─ Ele está construindo alguma coisa? ─ ela perguntou, em seguida,
olhou para a carruagem situada no canto da propriedade.

─ Ele diz que está construindo um galpão. Mas isso é o máximo que
consegui com ele. Ele não fala muito com ninguém além de Kate. Tenho
sorte de conseguir muito mais do que um aceno de cabeça ou algumas
palavras dele, e sou seu advogado. Ele é completamente inflexível sobre
ninguém entrar na garagem. Eu mudei a minivan de Sara e tomei
providências para doá-la. Ele diz que não se importa para onde vai. Ele
nunca mais quer vê-la novamente.

─ Claro, isso faz sentido. ─ disse ela, olhando fixamente para a casa
quando a porta da frente se abriu e seu irmão, sua sobrinha e Sam
emergiram do Tudor.

Borboletas irromperam em sua barriga. Lá estava ele. Mesma


construção poderosa. Os mesmos ombros fortes. Ele se abaixou sobre um
joelho para falar com Kate. A chuva havia diminuído, as únicas gotas que
caíam agora no pára-brisa eram dos galhos do carvalho no jardim da
frente de Ben.

A tempestade se moveu para oeste, e o sol do meio da tarde espiou


através das nuvens, destacando o ouro em seus cabelos ruivos. Era mais
curto do que ela se lembrava. Ela exalou e no espaço de uma respiração,
ela estava debaixo d'água em seus braços, lábios pressionados em um
beijo proibido. Um dos tantos que compartilharam aqueles dias
preciosos. Ela namorou ao longo dos anos, mas nada aconteceu. Nada
comparado à sensação de suas mãos abrangendo a circunferência de sua
cintura, ou a ternura perfeita de seu olhar, ou o deslizamento requintado
de seu comprimento duro, preenchendo-a completamente.

Michael olhou para o telefone. ─ Ben não está nos esperando, mas
acabei de receber um e-mail da funerária e devo discutir algumas coisas
com ele agora.

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
Zoe pressionou a mão no peito e não respondeu, sem palavras ao
ver Sam.

─ Você está bem, Zoe?

Uma onda de culpa caiu sobre ela. Michael deve ter pensado que
estava vendo o irmão e Kate que provocaram essa resposta emocional
Gone with the Wind 10.

Ela mudou o olhar para Kate. Seus cabelos castanhos selvagens, da


mesma cor dos cabelos de sua mãe, sopraram em seu rosto. Sam colocou
as mechas errantes atrás da orelha da menina e sorriu enquanto ela
continuava falando.

Zoe deixou cair a mão no colo. ─ Estou bem.

─ Tudo bem. ─ disse Michael e soltou um suspiro audível.

Ela colocou a mão no braço dele. ─ Você sabe que é bom nisso,
Michael. Você sempre foi bom em trabalhar com pessoas, suavizando as
coisas, fazendo as coisas funcionarem. As pessoas confiam em você.

O vazio brilhou em seus olhos. ─ Estou tentando.

Ela conhecia aquele vazio. Era como desejar que você pudesse ouvir
sua música favorita novamente, mas sabendo que havia uma boa chance
de você não ouvir.

E essa música era Em.

Ela e Michael sempre seriam amigos, mas estariam conectados para


sempre por causa da noite em que cada um traiu sua confiança.

─ Tati Zoe! ─ Kate gritou, correndo pelo caminho de tijolos em


direção ao Range Rover.

10
Gone with the Wind – Referência ao filme E o Vento Levou

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KRISTA SANDOR
Zoe abriu a porta do carro e pegou a menina nos braços. A coisinha
doce, pequena como a mãe, não podia pronunciar tia, então Zoe se
tornara Tati Zoe.

─ Olá, monstrinho. ─ ela disse e deu um beijo em sua bochecha.

Ela encontrou o olhar de Ben quando ele e Sam se juntaram a eles


na calçada.

O irmão dela franziu a testa. ─ Por quê você está aqui?

Ela estreitou o olhar. ─ O mesmo motivo que você está aqui. Eu não
aguentava ficar na casa de mamãe e papai com todos aqueles Budas por
toda parte. Pior que uma sala cheia de bonecas Chucky, e eu juro, elas
continuam se multiplicando como Gremlins. Toda vez que chego em casa
para visitar, encontro um novo.

Algo semelhante ao aborrecimento brilhou nos olhos de seu irmão.


Boa. Pelo menos ficar irritado era uma emoção. Ela conhecia Ben. Ele
desapareceria em um coma estoico e desapegado se não fosse controlado.

─ Eu não quero ninguém em casa.

Ela pegou Kate e mudou a criança para o quadril. ─ Concordo.


Também preciso do meu espaço, por isso vou ficar na casa da garagem.

As narinas de Ben se alargaram, mas ele rapidamente estudei suas


feições. ─ Ninguém deve entrar na garagem.

Jesus, ele parecia um robô.

─ Nada demais. Vou estacionar meu caminhão monstro inexistente


e meu cachorro-quente Oscar Meyer na entrada da garagem.

Ben assentiu, quase um movimento, mas ela entendeu.

─ Se você tiver um minuto, Ben. ─ disse Michael, sincronizando a


interjeição da maneira certa. ─ Eu tenho algumas coisas que poderiam
precisar da sua opinião.

O rosto de seu irmão se suavizou quando ele olhou para Kate.


The Story Of Home
KRISTA SANDOR
─ Vocês entram e conversam. Este monstrinho vai ficar com Tati
Zoe, não é?

Kate sorriu. ─ Eu gosto de cachorro quente

Zoe deu um tapinha na bochecha da sobrinha. ─ Veja, irmão mais


velho, estamos bem.

Ben passou a mão no braço da filha. ─ Eu vou estar lá dentro,


Jellybean11.

─ Ok, papai!

Zoe compartilhou um último olhar com seu irmão antes que ele
gesticulasse em direção à casa, e ele e Michael subiram o caminho e
entraram no Tudor.

─ Sam gosta de cachorro-quente. ─ Kate estendeu a mão para o


homem.

Sam estendeu a mão e Kate agarrou o dedo dele. ─ Cachorro-quente


é o melhor. Disse ele, enquanto seu olhar se deslocava do de Kate para o
dela.

A menina bocejou. ─ Sam gosta de maçãs.

─ Kate gosta de laranjas, ele respondeu.

Zoe trocou a sobrinha e Kate soltou o dedo de Sam e descansou a


cabeça no ombro.

─ Tati Zoe? ─ a menina disse em outro bocejo.

─ Sim, querida? O que é isso?

─ Mamãe não está em casa. Mamãe se foi.

11
Jellybean – Doce tipo jujuba

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KRISTA SANDOR
Zoe prendeu a respiração e procurou as palavras certas. Se ela
ousasse respirar, sabia que um suspiro ou pior, um soluço escaparia.
Mas quando seu corpo ficou rígido, o de Kate ficou relaxado.

─ Ela está dormindo?

Sam desviou o olhar de Kate e encontrou seu olhar. Ela imaginou


esse momento. Em cada cenário, seu coração se despedaçou em mil
pedaços. Mas o que ela não tinha medido corretamente era como isso
cortaria sua alma como se ela o estivesse perdendo novamente. Se ela
não estivesse segurando Kate, e se ela não precisasse ser Zoe atrevida e
esperta para seu irmão, ela poderia ter se separado pelas costuras. E,
apesar da torrente de emoções que a atravessava, ela não sentia tanto
alívio há anos. Só a visão dele a fez se sentir mais leve, a carga do fardo
menos cansativa. Cada célula de seu corpo implorou para que ela desse
um passo mais perto desse homem que havia sido sua salvação e sua
aniquilação emocional.

Sam assentiu, aqueles olhos verdes manchados de ouro a engolindo


por inteiro. ─ Kate teve dificuldade para dormir. Ela tem pavor da chuva,
especialmente do trovão. Ben não a deixou fora de vista. Acho que ele
está dormindo no chão do quarto dela, é sempre onde ele dorme.

─ Ben te contou isso?

─ Não em tantas palavras, mas eu tenho trazido o almoço e o jantar.

─ Está certo, Michael me disse que você comprou um restaurante.


Nós passamos por ele.

Sam olhou para Kate. ─ Sim eu fiz. Eu gostaria de poder fazer mais
por eles além de deixar sanduíches, cachorros-quentes e postas de
frango. Só estou tentando fazer o que posso. Isso... da Sara... Atingiu a
todos com força.

─ Estou feliz que você esteja aqui. ─ disse ela, as palavras apenas
um sussurro.

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KRISTA SANDOR
Seu corpo estava gritando para dizer mais. Talvez fosse o jornalista
dentro dela, ou talvez fosse a garota de dezoito anos que ela era, mas ela
queria respostas. Por que ele deixou sua cama? O que havia acontecido
entre aquele momento e vê-lo no estacionamento do hospital?

O que aconteceu todos esses anos atrás?

Por que ele não disse a ela que ele tinha uma namorada?

Por que parecia que ele a amava?

Por que tudo tinha que voltar correndo?

A porta da casa se abriu, e seu irmão e Michael entraram na varanda


da frente e a gravidade da situação afundou. Tudo o que ela sentia por
Sam, ela precisava trancá-lo e escondê-lo de seu coração. Questões
maiores estavam em jogo. Vida e morte. O irmão dela estava à beira de
um colapso. A sobrinha estava sem mãe. Ela havia colidido sua carreira
contra uma parede de tijolos. Assuntos do coração teriam que esperar,
mas ela não podia deixar esse momento passar.

Ela olhou para os homens na varanda. Ela tinha menos de um


minuto se queria dizer algo para Sam em particular. Ela segurou o olhar
dele. ─ Sam, me desculpe. Aquelas coisas que eu disse há tantos anos
atrás no estacionamento, eu...

Seu corpo ficou tenso. ─ Vamos deixar isso enterrado no passado.

O ar de maio pairava doce e pesado ao redor deles. Pistas da


umidade do Centro-Oeste e a promessa do verão flutuavam ao redor
deles, mantendo-os perto, mas longe o suficiente para mantê-los
separados.

Ela assentiu. ─ Ok, vamos deixar no passado.

Não era a resposta que ela queria dar. Mas ela sentiu que esse
homem em sua vida avançava, era a resposta que ela tinha para dar.

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
Os ombros dele se afrouxaram. ─ Eu sei que a morte de Sara não
pode ser fácil para você, Zoe. Eu sei que você vai dar tudo o que tem para
seu irmão e Kate. O que posso fazer para ajudá-lo a superar isso?

Eu preciso de você! Eu preciso saber por que você me deixou!

Zoe afastou os pensamentos e controlou seu coração. Havia uma


coisa que ela poderia pedir a ele.

─ Eu gostaria que pudéssemos ser amigos novamente.

Tristeza ou talvez arrependimento, brilharam em seus olhos antes


que ele sorrisse aquele sorriso fácil e perfeito que ela amava desde que
era apenas uma garota não muito mais velha que Kate.

Ele estendeu a mão para tocá-la, mas parou como se houvesse


algum campo de força invisível entre eles. Ele deixou cair a mão para o
lado. ─ Eu gostaria disso também.

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KRISTA SANDOR
09

Dias de hoje
─ Suzie, você é muito gentil em compartilhar seu marido comigo -
disse Zoe e afundando em uma cadeira na mesa da cozinha de um
aconchegante bangalô em Lawrence, Kansas.

Suzie Baxter, esposa de seu colega e colega repórter da Rádio


Pública do Kansas, Cameron Baxter, deu um tapinha em sua ampla
barriga de grávida. ─ Eu ando pela casa principalmente neste momento.
Contanto que eu tenha minhas bananas e batatas fritas de pacote por
perto, fico bem contente. Zoe se encolheu.

Suzie balançou a cabeça e riu. ─ Cam pode ser útil para você
enquanto ele pode. Nós dois estaremos em um mundo de loucura por
falta de sono, uma vez que esse bebê decida aparecer.

Zoe se inclinou para frente e apertou a mão da mulher. ─ Eu


agradeço, Suz. É preciso um tipo especial de garota para permitir que o
marido corra para um retiro de casais no meio do nada com outra mulher.

Suzie riu. ─ A gravidez certamente me deixou de mente aberta - ou


talvez eu tenha acabado de perder a cabeça com todos esses hormônios
surgindo pelo meu corpo. ─ Ela esfregou a barriga. ─ Mas com toda a
seriedade, Zoe, você realmente acha que as garotas naquele centro de
detenção perto do retiro estão sendo abusadas?

Zoe sentou-se e encarou com força um pequeno arranhão na parede.


Ela queria estar errada. Mas o pouco de escavação que ela foi capaz de
revelar revelou cenários de abuso semelhantes nas instalações do
Kansas, como havia relatado anos atrás nas instalações de Newcastle, na
Virgínia. Mas desta vez, ela não se adiantaria. Dessa vez, se o que ela
temia fosse verdade, ela precisaria acertar.

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KRISTA SANDOR
Nenhuma fonte anônima. Ela precisava de provas inegáveis e
concretas.

Depois que Jack Riggs a demitiu da Zipline Media, sua fonte


adolescente do centro de detenção de Newcastle morreu de overdose de
drogas e a mãe da garota a culpou. A mulher enviou uma carta
contundente para ela na Zipline, sem saber que tinha sido demitida e
havia deixado a cidade. Agnes havia enviado a ela no Kansas. Trinta
segundos depois de ler a nota, arrancou o número do diretor da estação
KPR da bolsa e pediu uma entrevista naquele dia, prometendo nunca
mais ser imprudente com a vida de outra pessoa.

Suzie embalou sua barriga. ─ Cam me contou um pouco da história


em que você está trabalhando. Espero que esteja tudo bem. Eu nunca
diria nada. Eu sei como é ser casado com um repórter.

Zoe assentiu. Ela podia confiar em Suzie. Cam tinha sido seu
primeiro amigo no KPR. Ele e a esposa a receberam de braços abertos.
Ela começou na estação de rádio pública seis meses após a morte de Sara
e viveu na garagem de seu irmão por quase um ano, até que conseguiu
um pequeno estúdio a cerca de uma hora de distância, em Lawrence,
perto da estação. Apesar do horror da morte de Sara, ela provou ser a
capa perfeita para o motivo de ela ter escolhido deixar o rápido circo da
mídia de DC.

Família dela. Sobrinha dela. O irmão dela.

A extraordinária repórter, a nobre Zoe Christine Stein, deixou as


grandes ligas de Washington, DC, para reportar sobre as reuniões do
conselho escolar do Kansas, as vacas premiadas da 4-H e os festivais da
cidade pequena.

Mas quando ela viu o centro de detenção juvenil de meninas de


propriedade privada escondido nas pradarias e terras agrícolas perto de
Sadie's Hollow, onde eles festejavam quando crianças, um arrepio
percorreu sua espinha.

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KRISTA SANDOR
Qualquer repórter que se preze sabia que o verdadeiro furo
raramente era encontrado pelo indivíduo na frente, acenando com as
mãos e implorando para ser ouvido. Na maioria das vezes, é a pessoa que
queria permanecer escondida que detinha as respostas para a história
real.

Zoe conheceu essa pessoa. Especificamente, ela conheceu outra


adolescente que só compartilharia seu primeiro nome - Maggie.

Há alguns meses, Zoe cobriu a abertura de um clube de meninos e


meninas em Kansas City. Era o sorriso habitual e cortou a fita, mas sua
atenção não estava no vereador da cidade e em sua adorável esposa. O
seu olhar de repórter se fixou em uma adolescente curvada sobre o canto.
Quando Zoe viu a garota esfregar os pulsos, uma sensação distorcida de
déjà vu quase a derrubou. Os pulsos da fonte de Zoe na DC pareciam os
mesmos. As restrições usadas nas instalações de detenção deixaram as
cicatrizes exatas em forma de S na pele da garota. Zoe abandonou as fitas
e os discursos e passou o resto da tarde com a garota.

A adolescente acabara de sair do Centro de Reabilitação Juvenil para


Meninas Garret Grove, ou GiGi, como as meninas chamavam, que era
apenas um nome sofisticado para um centro de detenção para meninas.
Maggie havia sido colocada recentemente em uma família adotiva e, Zoe
sabia, apesar do que você costuma ouvir nos jornais ou na TV, a maioria
das famílias adotivas ama pessoas que querem ajudar as crianças.
Depois de uma passagem infernal no centro de detenção por uma prisão
decorrente de um passageiro em um carro que ela não sabia que foi
roubado, Maggie havia desembarcado em um lugar seguro com boas
pessoas e queria mantê-lo assim. Isso significava que ela não queria
agitar o barco e foi inflexível quanto a permanecer uma fonte confidencial
e sem nome.

O contato com Maggie era irregular, na melhor das hipóteses, mas


pelo que o adolescente revelou, os paralelos entre as instalações eram
estranhos ─ sem aconselhamento, restrições forçadas, isolamento,

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KRISTA SANDOR
buscas por homens. E, assim como a adolescente da unidade de
Newcastle, essa garota assustada não queria entrar no disco. Como o
contato de Zoe na DC, Maggie tinha uma amiga, outra criança adotiva
que ainda estava lá dentro, e ela não queria fazer ou dizer nada para pôr
em risco a segurança de sua amiga.

Você fala, seu amigo se machuca - uma tática desprezível usada pelos
agressores desde o início dos tempos.

Mas nas últimas semanas, Zoe havia atingido uma parede de tijolos.
Às vezes Maggie respondia a seus textos. Eles se conheceram algumas
vezes, mas após o último encontro, Zoe sabia que precisava de mais. Ela
precisava entrar na instalação. Mas telefonar para uma visita com
credenciais de imprensa foi a maneira mais rápida de entrar em um show
de cães e pôneis.

Não, ela precisava de uma maneira secreta de se aproximar, e foi


quando ela encontrou a intimidade agora: um retiro de casais. Localizado
em uma fazenda na zona rural do sudeste do Kansas, o site o descrevia
como um lugar espiritual para melhorar a conexão conjugal de um casal.
Mas para Zoe, era o mais próximo que ela podia chegar do centro de
detenção sem que ninguém soubesse sua real intenção. A fazenda,
situada em alguns milhares de acres, chegava ao centro de detenção, e
Cam concordou em se juntar a ela e fingir ser seu marido.

Ah! Meu harém ─ disse Cam, entrando na cozinha. Ele beijou o topo
da cabeça de Suzie e sentou-se ao lado de sua esposa.

─ Você deseja, disse Suzie, em seguida, tensa e se inclinou para


frente.

Cam segurou a mão de sua esposa. ─ Você está bem, querida?

Zoe sorriu. Cam e Suzie foram os melhores. Namorados do ensino


médio que mantiveram esse amor na faculdade e agora estavam
esperando seu primeiro filho. Ela não pôde deixar de imaginar o que teria
acontecido se Sam tivesse ficado em sua cama. Ela teria ido visitá-lo na

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KRISTA SANDOR
Nova Zelândia. Inferno, ela o teria seguido até a Antártica, se ele
perguntasse. Foi um exercício doloroso e inútil, imaginando todos os anos
que eles poderiam ter tido juntos.

Poderia ter, mas não o teve. Ele teve uma namorada. Mas tinha mais
na história. Ela sentiu isso em seus ossos. Ainda assim, mais de uma
década depois, ela não sabia a resposta. Aqueles anos permaneceram
enterrados, nem ela nem Sam dispostos a desenterrar o passado.

Ela sacudiu os pensamentos infantis e enfiou a mão no bolso. ─ Eu


tenho anéis! ─ ela disse, espalhando cinco faixas em tons de prata e ouro
sobre a mesa.

Cam levantou a mão esquerda, sua aliança brilhando na luz. ─ Eu


estou bem.

Zoe balançou a cabeça. ─ Não, esse é o seu anel real com Suzie.
Graças ao eBay, consegui vários anéis. Pessoas despejadas os vendem
muito barato.

─ Espere um segundo - disse Suzie, olhos arregalados. ─ Todos esses


anéis são de pessoas que terminaram?

Zoe assentiu. ─ Oh meu Deus! Eu sou como o flautista da miséria


conjugal, coletando sinais de desgosto e sofrimento humano! Eu nunca
percebi o quão triste isso é.

Suzie encontrou seu olhar e as mulheres começaram a rir.

Cam balançou a cabeça e experimentou um anel de prata com uma


faixa trançada. ─ Claramente, você acha que eu sou algum tipo de gigante
com mãos enormes, Zoe. Não tenho certeza se algum deles vai se
encaixar.

Ela olhou para o anel. Esse conjunto de alianças trançadas dele e


dela era o seu favorito. Ela não deveria ter tido um favorito. Isso foi tudo
para um casamento falso. Mas esse conjunto não veio de algum vendedor
on-line aleatório e de coração partido como o resto. Ela viu essas alianças

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KRISTA SANDOR
na vitrine de uma pequena loja de antiguidades e as comprou por impulso
alguns dias atrás. Esses anéis pareciam chamá-la. O dono da loja disse
que eles eram de um casal casado há quase sessenta anos. Ela não sabia
se isso era verdade, mas as comprou de qualquer maneira e as adicionou
à sua coleção para Cam tentar.

─ Oh! ─ O sorriso de Suzie mudou para uma careta.

Zoe se levantou e esfregou as costas da mulher. ─ Suzie, eu sinto


muito! Eu não deveria ter feito você rir tanto.

─ Não, não, eu estou bem. ─ disse ela, levantando-se. ─ Se eu ando


um pouco, as coisas geralmente diminuem.

Cam se levantou, mas antes que ele pudesse chegar à esposa, uma
poça de água se formou a seus pés.

Os olhos de Suzie se arregalaram. ─ Oh, Cam!

─ Está tudo bem, querida! ─ ele disse e olhou para Zoe. ─ Zoe... eu . .

Ela levantou a mão. ─ Cam, você não precisa dizer nada. Vocês estão
tendo um bebê.

A testa de Suzie franziu. ─ Eu não deveria, faltam dez dias!

Cam deu um tapinha nas costas de sua esposa. ─ O médico disse


que estamos na zona segura. Vai ficar tudo bem! O bebê está bem!

Suzie olhou para cima. ─ Zoe, me desculpe!

Zoe encontrou o olhar da mulher. ─ Suzie, isso é como biologia e


vagina-ologia e mulher-ologia! Você não tem nada para se desculpar!

Suzie riu através da contração. ─ Não acho que as duas últimas


sejam palavras reais, mas entendo o que você está dizendo.

Zoe fez o possível para sorrir. É claro que ela estava feliz por seus
amigos, mas essa foi a última semana de outubro e a última semana de
um casal do Intimacy Now que se retira até a primavera seguinte. Das

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estranhas opções de reserva disponíveis no site, parecia que elas foram
fechadas do início de novembro até meados de março.

Sua mente foi trabalhar, planejando seu próximo ângulo. Ela


sempre podia aparecer sozinha. Pelo amor de Deus, foi um retiro para
casais infelizes! Tinha que haver pelo menos uma pessoa que tinha sido
abandonada pelo parceiro e apareceu sozinha.

─ O que posso fazer para ajudar? ─ Zoe perguntou enquanto Cam


corria de um lado para o outro entre a cozinha e o quarto.

Ele compartilhou um olhar apreensivo com a esposa. Acho que


estamos bem. As malas estão prontas. O carro está com tanque cheio.

Zoe tirou os anéis da mesa e os colocou no bolso. ─ Tudo bem, vocês


dois! Vou deixar você com isso! Vá chutar alguns traseiros dos pais e ter
um bebê!

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KRISTA SANDOR
10
─ SAM, temos um pedido especial para panquecas sem glúten.

Sam cruzou os braços e examinou o restaurante. O brunch no Park


Tavern estava em pleno andamento. Famílias com omeletes, rabanadas e
frutas frescas sorriam e riam, alheias ao que era necessário para fazer
tudo funcionar como uma máquina bem oleada. Ele se virou para o
adolescente segurando um bilhete de encomenda. ─ Por que você está
esperando mesas, Jonah? Você deveria ser um corredor hoje.

O garoto assentiu. ─ Sim, mas TJ não apareceu novamente, então


Addison está indo e voltando entre hospedar e receber ordens. Eu tenho
tentado ajudar onde posso.

Sam soltou um suspiro apertado. ─ Addison não mencionou nada


para mim sobre TJ não aparecer.

Jonah encolheu os ombros. ─ Ela provavelmente está apenas


tentando cobrir sua amiga.

Sam assentiu. Ele fez o possível para contratar crianças que


precisavam de um pouco de orientação. Jonah estava morando com sua
mãe em um abrigo para mulheres em Kansas City quando Sam o trouxe
a bordo. Ao longo dos anos, ele contratou adolescentes em estágios e em
liberdade condicional. TJ fora indicada a ele por uma assistente social.
Ela era uma ótima funcionária até cerca de dois meses atrás.

─ Sam? ─ o garoto perguntou. ─ As panquecas sem glúten?

─ Sim, sim, pegue o ingresso para a cozinha.

Jonah passou em ziguezague pelas mesas e entrou nos fundos da


casa, onde a equipe do Park Tavern preparava itens para ir para o buffet
do brunch. Sam fez outra vez na área de jantar principal quando seu olho
pegou o calendário pendurado atrás do bar, e ele o atingiu. Ele retornou
a Langley Park seis anos atrás hoje.

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KRISTA SANDOR
Seis anos.

Seis anos desde que ele parou de correr.

Os músculos do corpo dele ficaram tensos. Embora ele não pudesse


imaginar estar em outro lugar, nunca planejara voltar. Não depois de todo
o desgosto. Não depois do completo fôlego que ele deixou em seu rastro.

Seis anos atrás, seu pai havia deixado seu pequeno bangalô no lado
oeste do parque Langley. Dizer que ganhar de presente a casa o
surpreendeu foi muito mais que um eufemismo. Ele e o pai nunca haviam
sido próximos. Todo o tempo que ele passou no exterior foi uma maneira
de colocar alguma distância entre eles. Mas o velho havia mudado. A
ponta amarga que ele carregava quando Sam era criança desapareceu. A
razão era simples - o homem encontrara amor. Ele conheceu uma mulher
online. Ele vendeu o que restava de sua nova empresa de mudanças local
e comprou uma passagem de ida para Phoenix para criar cactos com uma
divorciada chamada Sheila.

Então, Sam tinha chegado em casa pronto para vender o bangalô e


depois dar o fora de Dodge.

Mas não foi isso que aconteceu.

Antes de se aventurar em sua casa de infância, ele parou na antiga


padaria alemã, onde seu irmão mais novo trabalhara no verão. Ele
gostava particularmente do dono da padaria, uma alemã de bom humor,
chamada Gerda Becker, que insistia em que todos a chamem de Oma -
avó em alemão.

Ele ainda conseguia se lembrar da conversa deles. Ele entrou para


um bolinho de chocolate alemão e notou que um restaurante havia aberto
uma esquina do outro lado da rua da padaria. Ele perguntou a Oma se
ela sabia alguma coisa sobre isso. Até hoje, ele ainda se lembrava da
resposta exata dela.

─ Vocês jovens vão e vêm! Você acha que tenho tempo para conhecer
os negócios de todos em Langley Park? Alguns de nós trabalham, Samuel!
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KRISTA SANDOR
Se você se importa tanto, vá ver por si mesmo. Eu tenho strudels para
fazer!

Ele conteve um sorriso, pegou seu bolinho ─ ainda o melhor bolinho


que já provara ─ e seguiu o conselho de Oma quando uma explosão de
seu passado o atingiu com força total. O mesmo garoto rico que possuía
o bar em que ele carregara Zoe todos aqueles anos atrás era dono desse
lugar - Park Tavern - e estava querendo vender.

O cara o reconheceu no local - o que não era muito surpreendente.


Ele tinha seis e cinco anos com cabelos ruivos. Caras como ele não
estavam caindo do céu. Mas o homem lhe ofereceu uma cerveja em casa
e eles começaram a conversar. O bebê do fundo fiduciário compartilhou
que ele havia passado por uma série de bares e restaurantes - todos
curtindo. Ele pensara que um restaurante em Langley Park seria um
acéfalo. Não havia nada além de uma pizzaria e uma sorveteria no centro
da cidade. Ele imaginou que um restaurante faria negócios muito êxito,
e foi quando as palavras de Zoe voltaram rapidamente.

─ Depois que você terminar de salvar o mundo, você abrirá um


restaurante em Langley Park e eu comerei lá todos os dias.

Zoe Christine Stein .

Porra, inferno.

Ele se atrapalhou tentando escapar dos pensamentos dela. Os lábios


dela. As curvas dela. Aqueles olhos cinza-azulados que poderiam
derrubá-lo de joelhos. O deslizamento perfeito de seus corpos se unindo,
seu pênis enterrado profundamente dentro dela, e a maneira como seus
dedos se enroscaram em seus cabelos e puxaram com força quando ela
encontrou sua libertação.

De volta a Langley Park, tudo o que ele podia fazer era se render à
memória daqueles dois dias preciosos. Era tudo o que ele tinha dela. Era
tudo o que ele poderia ter dela.

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KRISTA SANDOR
Ele explodiu o fundo fiduciário quando ele se ofereceu para comprar
o restaurante no local. Seu pai havia lhe dado a casa. Isso foi pago por
anos e ele sabia que poderia obter uma linha de crédito ou fazer uma
segunda hipoteca para comprar o restaurante. E depois havia o irmão
dele - o melhor chef arrecadando a massa na cidade de Nova York. Ele
sabia que seu irmão aproveitaria uma oportunidade de investimento.

Um corredor passou por ele carregando um lombo de porco assado


com pancetta e sálvia, uma nova adição ao buffet de seu irmão, que não
era mais um parceiro silencioso no Park Tavern. Em alguns dias, ele não
seria apenas o co-proprietário, mas agora o chef executivo. Gabe estava
de volta a Langley Park para sempre. Reunido com seu amor adolescente,
a neta do padeiro, Monica Brandt, ele trouxe a ribalta de ser um chef de
TV para o Park Tavern. Ele e Monica, uma ex-modelo e mestre em
confeitaria, começaram a filmar uma série de culinária e estilo de vida na
área de Kansas City.

A porta do Park Tavern se abriu, trazendo uma onda fria do ar do


final de outubro e seu velho amigo, Ben Fisher. Sua filha Kate, agora com
oito anos, passou furtivamente pelo pai e deu um pulo correndo para ele.
Sam pegou a garotinha e riu.

─Sam! Perdi outro dente! ─ ela chorou, abrindo a boca e apontando


para um vazio.

─ Você tem dentes suficientes para comer? Nós sempre poderíamos


jogar um pouco de bacon no liquidificador para você - ele brincou.

Ela torceu o nariz. ─ Grosseiro!

Ele olhou para o livro na mão dela. ─ O que você tem aí?

─ Ramona Quimby Age, 8 de Beverly Cleary12 . Se você não percebeu,


sou uma máquina de leitura.

12
Ramona Quimby Age, 8 de Beverly Cleary - romance de Beverly Cleary na série Ramona

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KRISTA SANDOR
Ele sorriu. Kate percorreu um longo caminho, e boa parte de sua
melhoria foi graças à bela mulher caminhando em sua direção. A esposa
de Ben, Jenna Lewis Fisher.

─ Kate estava tão animada para mostrar seu livro de capítulos. Disse
Jenna.

─ Toda vez que a vejo hoje em dia, ela está lendo, respondeu ele.

Ben balançou a cabeça. ─ E seu amor por Star Wars diminui uma
fração a cada novo livro.

─ Ah, cara! ─ Sam brincou. ─ Nós trabalhamos muito duro para


levá-la a Star Wars.

O amor de Ben por tudo o que Millennium Falcon e X-wing tinham


voltado aos seus dias jogando Star Wars no parque quando crianças.
Também tinha sido a chave para tirar Ben e Kate de casa após a morte
de Sara. Por um ano sólido, Ben, Kate e Zoe passaram as manhãs de
sábado em seu bangalô assistindo os filmes.

Jenna se inclinou para o marido. ─ Ela sempre amará Star Wars.


Mas é bom ter um pouco de variedade.

Você ouviu isso? Ben perguntou, mas o olhar que ele deu à esposa
dizia que ela inventava a lua, as estrelas e todas as galáxias, perto de
casa e muito longe.

Sam apontou para a parte de trás do restaurante. ─ Tenho uma


mesa reservada. A gangue inteira deve estar aqui a qualquer momento.

Por mais que ele adorasse ver seus amigos, ele estava de olho em
Zoe. Eles se estabeleceram em uma rotina. Claro, eles eram amigos. Nos
primeiros anos após a morte de Sara, ele passou a maior parte do tempo
livre com Zoe, Ben e Kate. Ben manteve seu círculo apertado. Juntamente
com Michael MacCarron, seus pais e sua gerente de escritório, Rosemary
Giacopazzi, Ben não deixou ninguém novo em sua vida. Isso foi até Jenna

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KRISTA SANDOR
chegar à cidade há quase dois anos e mudar a vida de Ben e Kate para
sempre.

A porta se abriu novamente, e Michael e Em MacCarron entraram


carregando o pequeno Billy, Nick e Lindsey Kincade com a filha, Skylar
enrolada em um cobertor rosa, e Oma e seu amigo, Sr. Collier. Todos
sabiam que o Sr. Collier era mais do que um amigo, mas Oma era
inflexível em manter esse ardil. Com mais de 80 anos, Oma ainda era
uma dama alemã decente e adequada.

Mas onde diabos estava Zoe?

Ela estava trabalhando numa história. Pelo menos, era o que ela
estava dizendo a todos. Verificando constantemente o telefone. Não
atende chamadas. Não era como ela. Mas durante as últimas semanas,
ela estava preocupada. Ela o explodiu. Ela sentia falta de encontros com
os amigos.

Ela poderia ter conhecido alguém?

Seu corpo ficou rígido. Uma mistura de vergonha e ciúme tomou


conta dele. Não era justo esperar que ela nunca encontrasse amor. Foi
absolutamente sem coração.

Oma bateu no braço dele. ─ Samuel, eu só vi meio strudel no buffet.

─ Eu tenho Jonah nisso. Tenho certeza de que ele terá outro a


qualquer momento. Respondeu ele, acostumado ao olhar perceptivo de
Oma e gesticulando em direção à mesa reservada.

Depois que um incêndio danificou a padaria, eles montaram uma


operação temporária no Park Tavern até que as reformas e os reparos
fossem concluídos. Mas Oma havia decidido deixar a vida de cozinheira
para sua neta e Gabe e havia se mudado recentemente para o Campus
de Vida Sênior de Langley Park, onde passava os dias com seu amigo,
Sr. Collier. Oma havia dedicado sua vida à neta e à padaria. Foi bom vê-
la feliz e levar algum tempo para relaxar. Mas pelo olhar cansado do rosto

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de Collier, ele se atreveria a adivinhar que Oma ainda era uma força a ser
consideravel mesmo na aposentadoria.

─ Por favor, diga-me que você pegou o pudim de caramelo e o queijo


asiago no buffet novamente esta semana? ─ Em perguntou, empurrando
na ponta dos pés para pressionar um beijo em sua bochecha.

Michael se juntou a eles com um Billy tagarela nos braços, e Sam


olhou entre seu primo e Em. ─ Agora isso é uma combinação interessante
de comida. Vocês dois estão esperando de novo?

─ Oh, a coisa estranha de comer comida, disse Em, assentindo. ─


Não, não, eu não estou grávida. É o Vivaldi.13

─ Você me perdeu. ─ ele riu.

─ Michael e eu estamos trabalhando em um remis de inverno de


Vivaldi. Eu estive tão imersa na música. Isso me lembra o inverno, e isso
me faz pensar em meu tempo em Londres e em pudim de caramelo. Mas
também é Vivaldi, italiano e veneziano, e isso me faz querer queijo asiago.

Michael deu um sorriso irônico. ─ Veja, faz todo o sentido. Em soltou


um suspiro.

─ Você pode imaginar outro bebê? Entre manter Billy feliz e meu
horário de treino, eu ficaria louca!

Trabalhando ensinando em uma escola para crianças surdas na


Austrália, Em sem saber reabilitou seus dedos feridos e recuperou sua
capacidade de tocar violino. Era um caminho infernal para chegar aqui,
mas agora ela e Michael estavam fazendo música, misturando peças
clássicas com batidas techno. E o mundo da música a recebeu de braços
abertos. Ela foi contratada para apresentações por anos, e as faixas
techno já haviam atingido um milhão de downloads.

13
Vivaldi – Referência ao compositor Antonio Vivaldi

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KRISTA SANDOR
─ Como você está indo? ─ Nick Kincade perguntou quando sua
esposa Lindsey se juntou a eles.

Sam inclinou a cabeça para o lado. ─ Vamos ver. Eu tenho um


restaurante e uma padaria funcionando com força total na minha
cozinha. O status de celebridade de Gabe e Monica está chegando três
vezes ao negócio a que estamos acostumados, e eu tenho uma equipe
saindo de lá para a esquerda e para a direita.

─ Então, apenas mais um dia no Park Tavern? ─ Lindsey ofereceu


com um sorriso gentil.

Ele riu. Cristo, ele estava feliz por seu velho amigo Nick Kincade ter
decidido se estabelecer em Langley Park, e ele não podia estar mais feliz
que Nick e Lindsey se encontraram. Nick colocou a filha na dobra do
braço. A menina murmurou e sorriu para ele enquanto seus amigos se
cumprimentavam e seguiam pelo restaurante até a mesa reservada.

Resolvido.

Conteúdo.

Amado.

Embora nenhum dos caminhos fosse fácil, todos em sua vida


haviam encontrado aquela pessoa especial.

Risca isso. Quase todos. Então, novamente, com a capa e a adaga


de Zoe agindo nessas últimas semanas, talvez ela também tivesse. Ele
passou as mãos pelas mechas rebeldes quando olhou para o irmão e
Monica à mesa. Eles devem ter passado por ele. Uma coisa fácil a ver com
o quão lotado era o lugar e sua mente focada em Zoe. Jonah estava na
mesa conversando com Monica. Ele amava o garoto, mas o menino tinha
um dom para tagarelar.

Ele se moveu pelo restaurante e bateu no ombro de Jonah. ─ Jonah,


o que eu disse sobre conversar com as moças bonitas?

─ Desculpe, Sam! Vou checar as batatas fritas.

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KRISTA SANDOR
─ Boa ligação, garoto. ─ Ele deu um tapinha no ombro do
adolescente e olhou em volta, novamente procurando por Zoe.

Monica colocou a mão no braço dele. ─ Você está procurando


alguém?

Ele mudou de posição. ─ Zoe entrou com você e Gabe? ─ Talvez ele
sentisse sua falta, e ela estivesse no banheiro ou algo assim.

Monica estreitou o olhar. Um olhar perplexo cruzou seu rosto, e ele


sabia o porquê. No que dizia respeito a todos, ele e Zoe eram amigos
íntimos. A platônica Lucy e Desi de Langley Park estão prontas para fazer
você rir a qualquer momento. Por que a outra metade da equipe de
comédia não sabia o que estava acontecendo com seu melhor amigo?

Ela balançou a cabeça. ─ Não, ela não fez. Mas você sabe que ela
está trabalhando uma história. Ela está perseguindo uma liderança há
algum tempo.

Ele olhou por ela para a cozinha, tentando indiferente. ─ Ela te


contou alguma coisa sobre isso?

Ele encontrou o olhar dela. Aquele olhar perplexo estava na época,


ela olhou por cima do ombro dele e sorriu. ─ Não precisa se preocupar.
Eu a vejo agora. Ela está vindo por aqui.

O alívio inundou seu sistema e ele se virou. Apenas a alguns


centímetros de distância, Zoe recuou, vacilante da quase colisão. Ela
encontrou seu olhar, e a respiração ficou presa em sua garganta. Algo
estava diferente. Um brilho duro e determinado brilhou em seus olhos.
Ela abriu os lábios para falar. Ela precisava dizer alguma coisa, mas nada
saiu. Ele era amigo dela, certo? Um amigo pode estar preocupado com
outro amigo. Mas sua mente não conseguia pousar em uma coisa maldita
a dizer. Ela o observou por um instante, depois dois antes de Em quebrar
seu silêncio tête-à-tête.

─ Que bom que você conseguiu, Z. Agora, venha e segure meu filho.
Eu acho que o rosto de Gabe está começando a assustá-lo. Zoe sustentou
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KRISTA SANDOR
seu olhar por mais tempo, depois voltou sua atenção para a mesa. Mas,
em vez de retribuir um comentário sarcástico ou uma farpa hilariante,
ela não disse nada.

Finalmente, seu cérebro entrou em ação e a conexão com a boca foi


reiniciada. ─ O que é isso, Zoe?

Ela cruzou os braços e sorriu. O peito dele se apertou. Esse não era
o seu verdadeiro sorriso. Ele a viu usar esse sorriso várias vezes nos dias
após a morte de Sara. Este foi o seu apaziguador, não se preocupe, eu
tenho tudo sob controle, sorriso.

─ Me desculpe, pessoal. Eu não posso ficar para um brunch, ela


respondeu.

Jenna franziu a testa. ─ Nem mesmo para uma mimosa?

O aperto no peito afrouxou uma fração. Se havia alguém que poderia


fazer Zoe ficar, era sua cunhada. Mas esse alívio durou pouco quando ele
pegou Zoe erguer o queixo.

Ela balançou a cabeça. ─ Não, nem mesmo por uma. Eu tenho que
ir. Estou saindo de Langley Park.

O chão mudou. Pelo menos ele teria jurado que sim. Deixando? Ela
estava saindo de Langley Park?

─ Como assim, você está saindo?

Sam olhou para ver seu irmão Ben. Ele ficou de pé, com o rosto
inundado de confusão e preocupação. Ele ficou agradecido ao amigo por
dizer o que não podia.

─ Sim, tia Zoe! ─ Kate falou. ─ Você prometeu que, assim que eu
descobrisse os nove fatos da multiplicação, íamos ao The Scoop e
pedíamos o maior sundae de sorvete que eles pudessem fazer.

Todos na mesa pararam de falar, seus olhares saltando de Kate para


Zoe.

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KRISTA SANDOR
O rosto de Zoe se suavizou, e a ponta dura com a qual ela entrou
recuou. Ela olhou ao redor do grupo. ─ Para o registro, Kate não usou
palavrões. Mas todos vocês me conhecem, e isso poderia ter sido muito
pior.

Seus amigos e familiares deram um aceno coletivo.

Zoe foi até Kate e torceu o final de sua trança. ─ Só vou embora por
alguns dias, Jellybean. Prometo que, quando você memorizar seus noves,
acertaremos o The Scoop como o maior, ela olhou para o irmão que a
olhava como um falcão,─ o mais delicioso sundae que você puder
imaginar.

A menina ainda não estava satisfeita. Kate cruzou os braços e


estudou suas feições, um truque que ela havia aprendido com o pai. ─
Então, onde você está indo?

─ Sim, Zoe, você não mencionou nada sobre uma viagem,


acrescentou Em.

─ É apenas uma coisa para uma história em que estou trabalhando


no sudeste do Kansas. Volto até o final da semana.

─ Você pode nos dizer o que está investigando? ─ Perguntou Lindsey.

Seu sorriso apaziguador estava de volta. ─ É apenas uma pequena


pesquisa. Eu nem tenho certeza se há uma história. Eu ainda estou
juntando as peças. Ela olhou para o relógio. É melhor eu seguir em frente.
Eu só queria parar e dizer olá. Minha agenda está um pouco louca. Me
desculpe se eu parecia distante.

─ Você sabe que estamos sempre aqui para você, Zoe. Se algum de
nós puder ajudar, basta perguntar - disse Jenna, estendendo a mão e
apertando a mão dela.

─ Ah minha Nossa!

O olhar de todos saltou de Zoe para Oma, parecendo bastante


irritado.

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KRISTA SANDOR
─ Bom sofrimento! Deixe a mulher trabalhar! Vá, Zoe! Vá e relate e
garanta que o povo do Kansas seja informado!

Oma não mediu palavras, e sua interjeição imediatamente mudou a


vibe. As sobrancelhas franzidas desapareceram e os rostos outrora
preocupados enfeitaram o grupo relaxado.

Sam observou Zoe trabalhando na mesa, passando de pessoa para


pessoa. Ela pegou a sobrinha e a menina tirou um bracelete do pulso e o
entregou à tia antes de lhe dar um último abraço. Então ela foi em direção
à porta, ignorando-o completamente.

Ele a seguiu. ─ Ei?

Ela entrou pela calçada e entrou na calçada.

─ Zoe! Pare!

Ela fez o que ele pediu, mas não se virou para encará-lo. ─ Sam, eu
preciso ir.

─ Sim, eu estava lá quando você contou a todos. Você pode não ter
me notado porque mal olhou para mim.

Ela se virou e encontrou o olhar dele de frente. ─ Melhor?

─ É um começo. O que está acontecendo? Somos amigos, Z. Você


pode me dizer qualquer coisa.

Suas bochechas floresceram escarlate. ─ Você quer saber para onde


estou indo?

Ele estreitou o olhar. ─ Pare de jogar.

Os olhos dela se arregalaram. ─ Eu parar de jogar? E esse jogo que


jogamos nos últimos cinco anos? ─ Ela balançou a cabeça. ─ Esqueça!
Eu só tenho muito em mente com esta história.

Um nó se formou em sua garganta. Essa era a mudança que ele


temia desde o dia em que ela retornara a Langley Park.

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KRISTA SANDOR
Ele deu um passo em sua direção. ─ Onde você vai?

Ela olhou para o céu e riu. ─ Um retiro de casais.

Ele congelou, cada músculo tornado incapaz de movimento. Porra!


Havia mais alguém.

─ Quem? ele perguntou em um sussurro apertado.

─ Quem o quê? ela atirou de volta.

─ Com quem você vai?

Cristo! Ele queria saber?

─ Ninguém! Meu acompanhante teve que cancelar. A esposa dele


entrou em trabalho de parto.

─ Jesus, Zoe! Você está tendo um caso com um homem casado e


uma esposa grávida?

Ele odiava admitir, mas pela maneira como ela estava agindo nessas
últimas semanas, um caso faria sentido.

Ela balançou a cabeça e riu.

─ Não vejo o que há de tão engraçado nisso?

─ Você é quem fala, disse ela, sem deixar vestígios de diversão.

─ Vamos lá, Z, o que está acontecendo?

Ela suspirou. ─ Cam, você sabe, Cameron Baxter, da KPR. Ele iria
comigo, mas Suzie entrou em trabalho de parto algumas horas atrás,
pouco antes do horário em que Cam e eu deveríamos sair.

─ Espera! Você e Cam são... Ele não podia nem dizer as palavras.
Ele conhecia Cam e Suzie. Eles ficavam o tempo todo juntos quando ele
ia a Lawrence para visitar Zoe.

Ela cruzou os braços. ─ Cam e eu não estamos nos escondendo pelas


costas de Suzie. Acontece que o retiro está perto de uma instalação que

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KRISTA SANDOR
estou tentando investigar. Ir ao retiro me daria uma maneira de me
aproximar e tentar observar o que está acontecendo lá sem que ninguém
saiba.

─ Então, você e Cam estavam...

─ Íamos fingir que somos casados. Veja. Zoe procurou em sua bolsa
e tirou um punhado de anéis.

Ele olhou para as alianças. ─ Como você vai agora?

Ela andava de um lado para o outro. ─ Eu só vou falar besteira, dizer


a eles que meu marido esta atrasado ou algo assim. Eu só preciso dar
uma olhada neste centro de detenção juvenil para meninas.

─ Espere, o que você acha que está acontecendo neste lugar, Z? Isso
é perigoso?

Ela olhou para os anéis. ─ Isso é importante, Sam.

─ Isso não é uma resposta.

Seu lábio inferior tremia. ─ Joguei muita coisa para baixo do tapete
quando voltei para Langley Park após a morte de Sara.

Um torno apertou seu coração. Dor tão aguda que ele havia
esquecido que vivia com o coração partido por tanto tempo.

─ Zoe...

Os olhos dela queimaram nele. ─ Deixe-me terminar, Sam.

Ele assentiu.

Ela soltou um suspiro lento. ─ Eu não sou um tipo de santa que


deixou um emprego de repórter sofisticado em DC apenas para ficar com
meu irmão e sobrinha enlutados. Eles me despediram. Fui demitida cinco
minutos antes de receber a ligação de Michael dizendo que Sara havia se
matado.

─ Zoe, eu estou...

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KRISTA SANDOR
Ela levantou a mão. ─ Fui demitida porque estraguei uma
investigação. Uma investigação sobre um centro de detenção juvenil para
meninas perto da fronteira com a Virgínia e a Virgínia Ocidental, onde eu
sabia, eu sabia, de relatos terríveis de abuso e negligência estavam sendo
cometidos com as meninas lá dentro.

─ A instalação ao lado do retiro de casais que você e Cam estavam


indo, fica ao lado de um centro de detenção para meninas, não é? ele
perguntou, colocando tudo junto.

Ela assentiu. ─ Várias semanas atrás, conheci uma adolescente em


uma abertura de um clube de meninas e meninos que acabara de ser
libertada de um centro de detenção juvenil para meninas no sudeste do
Kansas. Ela não vai gravar, mas o relato de seu tempo no interior
corresponde ao que estava acontecendo nas instalações que eu estava
investigando quando ainda estava em Washington ─ Por que vocês estão
se esgueirando por aí então? Por que você não pode simplesmente obter
os registros deles e denuncia-los as autoridades?

Um rubor quente subiu por seu pescoço. ─ Não funciona assim.


Estas são instalações de propriedade privada. Eles não são obrigados a
relatar e muito menos manter esse tipo de informação. Mas veja bem, eu
tenho outra chance, Sam, e não vou estragar tudo dessa vez. Pulei a arma
em Washington. Coloquei tudo em uma garota traumatizada de dezessete
anos que retratou sua história e me deixou sem nada. Nenhuma história.
Sem emprego. Sem reputação. Pior que isso, decepcionei todas as garotas
que tiveram a infelicidade de passar por esses portões desde então, e
agora acho que o mesmo está acontecendo aqui, em uma instalação do
Kansas.

─ Zoe, não é seu trabalho derrubar esses lugares sozinha.

Sua mandíbula se apertou. ─ Ela está morta, Sam. Minha fonte para
a história de DC, ela teve uma overdose e sua mãe me culpa. Ela me
escreveu uma carta e disse que eu causei a morte da filha dela.

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Ele passou as mãos pelos cabelos, simpatia, angústia e frustração
percorrendo suas veias. ─ Z, você precisa saber, isso não pode ser
verdade. Tenho certeza de que a mãe dela estava em um mundo de dor.

Ela cruzou os braços. ─ Ainda devo isso a ela e à filha. Devo isso a
todas as meninas que sofreram abusos nessas instalações. Eu preciso
expor as pessoas que permitem isso, e preciso fazê-lo com evidências
sólidas. Eu estou indo, Sam. Goste ou não, você não tem voz nisso.

─ Então eu vou com você. Eu vou tomar o lugar de Cam.

Ela apontou para o prédio. ─ E o Park Tavern e todas as suas


responsabilidades aqui?

Uma batida passou, e uma ideia despertou. ─ Gabe voltou. Ele pode
lidar com a administração do lugar.

Ela assentiu, mas não parecia feliz. O rubor em seu pescoço ficou
escarlate. ─ Então, você quer fingir ser meu marido?

As palavras o atingiram como uma bala de canhão no estômago, e o


torno apertou seu coração. ─ Quero ajudá-la a descobrir a verdade.

Ela bufou. ─ A verdade.

─ Sim, amigos fazem isso um pelo outro, ele retrucou.

─ Você quer a minha verdade, Sam?

O torno apertou com mais força.

Aqueles olhos cinza-azulados o capturaram. ─ Eu te amei por toda


a minha vida. E você sabia disso. Todos esses anos, eu sei que você sabia
como eu me sentia. Ela deu um passo à frente, diminuindo a distância
entre eles. ─ Pensei que tê-lo na minha vida, mesmo que fosse apenas
como amigo - seria suficiente. Mas não é. Eu não sou a garota boba
satisfeita por ser sua companheira. E tenho certeza absoluta de que não
sou a mulher que está bem com essa farsa. Estou cansada de fingir, Sam.
Estou cansada de fingir com você. Você quer falar sobre a verdade? Você

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KRISTA SANDOR
me conta o que aconteceu depois que me deixou naquela manhã. Você
me diz por que tive que acordar sozinha, confusa e completamente
destruída.

As memórias que ele trancou voltaram à tona e seu corpo ficou


tenso. Ele segurou o olhar dela. ─ Se eu contar a verdade, você me deixa
ir com você? Você vai me deixar ajudá-la?

Surpresa brilhou em seus olhos. Ela não esperava que ele aceitasse
seu desafio, mas assentiu.

─ Onde fica a instalação? ele perguntou.

─ Nos arredores do condado de Garrett. Não muito longe de Sadie's


Hollow.

O torno estava de volta, apertando outra fração. Mas isso não


importava. Seu coração já havia implodido em si mesmo. Zoe estava
prestes a conhecer a verdade.

Ele se firmou. ─ Você quer a verdade? Aqui está. Você está com sorte.
Vou apresentá-la à minha esposa. Ela está em Garrett.

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KRISTA SANDOR
11
Esposa.

Zoe não pronunciou uma palavra desde que Sam jogou aquela
bomba. Agora ela estava sentada no seu caminhão e os olhos treinados
na estrada. Momentos depois que ele disse a ela que tinha uma esposa,
seus pensamentos ficaram confusos. Ele entrou no Park Tavern - ela
supôs que era para falar com o irmão - depois eles pararam na casa dele,
e ele fez uma mala. Ela deixou o carro no bangalô dele e, depois de tudo
isso, por algum milagre da cinesiologia e neurologia, acabou sentada ao
lado dele, indo para o sul em direção a Garrett.

Como ela não sabia que ele tinha uma esposa? Durante todo o tempo
que passaram juntos nos últimos cinco anos, ela nunca - nem por um
segundo - pensou que ele fosse casado. E com quem diabos ele era
casado? Quem ficaria bem com o marido vivendo uma vida em outro
lugar? Especialmente à parte de Sam, cuja bondade e generosidade
brilhavam como o sol.

Pare com isso.

Zoe engoliu em seco. Talvez Sam Sinclair não fosse o homem que ela
pensava que era. Cristo em uma bolacha! Ela era jornalista. Ela deveria
saber mais do que ninguém o que as pessoas são capazes de fazer. Os
segredos. As mentiras. O engano. Quantas histórias ela poderia citar
sobre uma esposa vivendo uma vida secreta? O namorado perfeito que
também era o assassino perfeito. O homem de negócios viajante com
outra esposa e filho há alguns estados.

Mas este era Sam.

Sam, que havia se dedicado a Ben e Kate.

Sam, que recebeu todos de braços abertos.

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Sam, que a beijara como se quisesse valorizar cada pedaço de sua
alma.

A queda do cascalho de um pneu a tirou de seus pensamentos. Eles


devem estar perto. Ela olhou pela janela e viu acres e acres de trigo,
brilhando dourados ao sol da tarde. Garrett era o nome da cidade, mas
também era o nome do Estado, que incluía muitos terrenos abertos e
várias cidades com sinais de parada no sudeste do Kansas. Hoje em dia,
não havia muito aqui além da agricultura. Esta área foi atingida
duramente anos atrás, quando uma fábrica de cimento nas proximidades
faliu e muitas pessoas perderam o emprego.

Zoe manteve os olhos fixos no cenário. As cores do outono estavam


no auge. Carvalhos brilhavam em copas brilhantes de vermelho ardente,
com gramíneas de pradaria tecidas em ouro, verduras e marrons. Se
estivessem aqui em circunstâncias diferentes, a beleza do Kansas
durante o outono teria despertado seu ânimo. Memórias de dias passados
chocando camadas e mais camadas de folhas no parque e escalando os
longos galhos dos carvalhos para ficarem escondidas em meio ao cobertor
brilhante de folhagem deveriam ter lhe trazido conforto. Agora, ela queria
tirar cada memória, cada instantâneo de sua infância, e rabiscar todos
os exemplos do rosto de Sam. Como uma adolescente zangada, armada
com a fotografia de um infeliz primeiro amor e uma caneta esferográfica,
ela queria pressionar tanto com cada golpe de raiva que rasgava a foto.

Sam continuou pela estrada rural e eles passaram por um celeiro


em ruínas. Em outros tempos, isso deveria ter sido a fazenda de alguém.
Seu estômago estava com um nó. Cada batida de seu coração a
aproximava de uma realidade que ela ainda não conseguia entender: Sam
tinha uma esposa.

Esposa.

Mais uma vez, a palavra cortou através dela.

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KRISTA SANDOR
Sam parou o caminhão na beira da estrada e parou o veículo. Ele se
virou para ela, seus olhos verde-esmeralda brilhavam com uma tristeza
tão profunda que ela não conseguia parar o fio de compaixão que se
envolvia em seu coração. Parecia um homem sendo servido em sua
última refeição. Ela queria confortá-lo e matá-lo, tudo ao mesmo tempo.
Ela queria estender a mão e segurar a bochecha dele na mão. As pontas
dos dedos lembraram as cócegas de sua nuca. Só era preciso um toque e
tudo ficaria bem. Tudo voltaria ao que era.

Ela controlou suas emoções e estudou suas feições. Ela conseguiu


mais do que apostou quando exigiu a verdade? Olhando para Sam, seu
intestino disse que a resposta era sim.

─ Precisamos sair daqui, disse ele, a voz quase um sussurro.

Seu estômago torceu em nós. ─ Tudo bem.

Houve um frio no ar de outubro, mas o sol ainda estava brilhando.


Eles passaram pelos campos e por um caminho de terra que serpenteava
através das ervas altas em direção a um pequeno aglomerado de choupos,
suas folhas brilhando laranja-dourado contra o grande céu do Kansas.
Uma pequena área fechada apareceu, mas nenhuma casa, nenhuma
cabana. Nenhum sinal de que alguém morasse aqui. Ela seguiu alguns
passos atrás dele. Ele estava familiarizado com este lugar. Ela podia
sentir isso no passo dele. Não era a primeira vez que ele andava por esse
caminho poeirento.

Quando se aproximaram, a palavra Henshaw apareceu, as letras


maiúsculas em metal no topo do portão.

Sam parou na entrada, sua postura rígida. ─ Estava aqui.

Ela olhou em volta. Os nós em sua barriga se foram. Agora, a raiva


fervia em seu peito. Aqui? Eles não estavam em lugar nenhum! Ela estava
pronta para desencadear uma série de palavrões até que ela olhou para
baixo. Dentro do portão, quase escondido pela sombra dos choupos,
pedras lisas e polidas espreitavam através da grama alta.

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KRISTA SANDOR
Este era um cemitério. Muito provavelmente, um cemitério familiar
- não é incomum em áreas rurais.

─ Este é o cemitério privado da família Henshaw, disse Sam,


confirmando sua presunção.

─ Sua esposa está aqui? Ela está morta? Zoe deixou escapar. Ela
não pôde evitar.

Sam não respondeu. Em vez disso, ele abriu o portão e a levou a


uma lápide negra.

Kara Henshaw Sinclair foi esculpida no granito liso e preto.

Kara.

Um calafrio percorreu a espinha de Zoe. Naquela noite em Sadie's


Hollow, Gabe mencionou o nome da namorada de Sam era Kara. Ela
respirou fundo. Ela queria sacudir a história dele, mas não podia permitir
que suas emoções dominassem. Se ela queria entender a verdade, tinha
que ser paciente e ter de ser perspicaz. Ela olhou para as dezenas de
lápides. Alguém esteve aqui. Não todos, mas alguns dos mais recentes
haviam sido limpos, as ervas selvagens do Kansas arrancavam ervas
daninhas.

Sam olhou para a laje. ─ Na manhã seguinte a um mergulho no lago,


acordei porque ouvi algo do lado de fora da janela do seu quarto.

Seu pulso vibrou quando seu corpo se lembrou daquela noite, e ela
se forçou a respirar e a ouvir.

Trate isso como uma história. Trate as palavras dele como se ele
estivesse registrado.

Sam olhou para cima e ela assentiu.

─ Era minha ex-namorada, Kara. Ela estava do lado de fora batendo


no meu caminhão. Nós finalmente terminamos. Eu tentei terminar com
ela tantas vezes antes, mas no dia em que sua família partiu para o

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KRISTA SANDOR
Arizona, pensei que ela realmente tivesse entendido. Eu não queria
machucá-la, mas ela não era racional. Ela torceu as coisas em sua mente
e...

─ E ela era como sua mãe? Zoe forneceu.

Ele se virou e assentiu. ─ Sim.

─ Mas como você acabou se casando com ela, e como ...

Zoe parou e olhou para a data da morte de Kara Henshaw Sinclair.


Foi três dias depois que Em se machucou no buraco todos esses anos
atrás.

O pulso dela acelerou. ─ Por quanto tempo você ficou casado?

─ Menos do que uma semana.

Seu olhar saltou entre a lápide e o rosto dolorido de Sam.

Ele esfregou a barba. ─ Ela estava grávida.

Zoe congelou, o olhar trancado no canto da pedra e a imagem


simples e gravada de uma mãe segurando um filho.

─ Quando eu te encontrei no estacionamento do hospital, eu queria


te contar tudo, mas... Ela encontrou o olhar dele. ─ Eu não deixei você
falar.

A picada ácida da bílis cobriu sua garganta quando suas palavras


voltaram rapidamente. Ela disse a ele que nunca mais queria vê-lo. Ela
disse que o odiava. Ela disse para ele voltar para a namorada.

Ele assentiu. ─ Depois que Kara morreu, eu não consegui voltar à


minha vida normal. Eu abandonei a escola. Eu pulei de um lugar para
outro, pegando trabalhos de construção, trabalhando como segurança,
tentando escapar do que tinha feito com você, Kara e aquela criança
inocente.

Zoe olhou para baixo. As mãos dela estavam tremendo. Ela os


juntou. ─ Você tem certeza que o bebê era seu? Ela teve que perguntar.
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KRISTA SANDOR
Sam olhou para o céu. ─ Acho que sim. No começo, eu não sabia
como isso aconteceu. Sempre usamos proteção, mas depois chequei os
preservativos que ela guardara na bolsa. À luz do dia, pude ver que todos
estavam pontilhados de pequenos furos. Eu só podia supor que ela fez
isso com as que usamos.

─ Oh, Sam, ela sussurrou quando o gemido agudo da velha


dobradiça do portão cortou o ar.

─ É assim que você honra sua esposa morta?

Zoe virou-se para o portão e encontrou um homem de uniforme de


policial.

Ela se endireitou. ─ Quem diabos é você?

Um músculo se contraiu na mandíbula do homem. Ele parecia um


pouco mais velho do que ela, mas não muito, com uma pitada de cinza
entrelaçada em seu cabelo escuro e rente. ─ Sou o cunhado de Sam,
Conrad Henshaw.

Ela olhou para a placa de metal presa acima do bolso dele.

C. Henshaw

O policial olhou para ela e olhou para Sam. ─ Eu pensei que tinha
lhe dito, você não é bem-vindo aqui. Preciso lhe dar outro olho roxo para
entender meu ponto de vista?

Sam encontrou o olhar do homem. Conrad, já faz anos. Eu carreguei


a dor da morte de Kara comigo, como eu tenho certeza que você tem.

─ Isso é ótimo! Desde que você é a razão pela qual minha irmãzinha
está enterrada a um metro e oitenta do chão . O homem cruzou os braços.
─ E que tipo de homem leva uma vagabunda no túmulo de sua esposa?

Quase sem respirar, Sam estava cara a cara com o homem. ─ Você
pode dizer o que diabos você quiser de mim, Conrad. Outra palavra sobre
a dama e teremos um problema.

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KRISTA SANDOR
Zoe colocou a mão no braço de Sam. ─ Vamos todos acalmar um
pouco, rapazes.

Sam tinha vários centímetros em Conrad, mas o homem se


sustentava. Uma batida passou, depois duas antes de cada uma dar um
passo atrás.

Conrad desviou o olhar de Sam para ela. ─ E quem é você?

─ Você não precisa... Sam começou, mas ela o interrompeu.

─ Eu sou Zoe Stein.

O silêncio se estendeu entre eles. Ela estava pronta para o policial


responder, mas o homem empalideceu, sua pele ficando fantasmagórica.

─ É ela? Ela é a única? Perguntou Conrad.

Zoe inclinou a cabeça para o lado. ─ O que, o que?

Como diabos o irmão de Kara sabia a primeira coisa maldita sobre


ela?

Sam assentiu.

Nada disso fazia sentido.

─ Sam, do que ele está falando?

─ Meu diário, ele respondeu.

O olhar dela saltou entre os homens. ─ Eu preciso de mais.

─ Kara e eu nos casamos horas depois que deixei você naquela


manhã. O pai dela é juiz. Tudo aconteceu rapidamente.

─ Era um juiz, interrompeu Conrad. Ele também está morto. Se


foram sete anos agora. Mas acho que você ainda não chegou à lápide
dele?

Sam soltou um suspiro. ─ Sexta à noite, na noite da festa em Sadie's


Hollow, eu disse a Kara que precisava deixar uma cerveja para Michael e

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meu irmão, e ela insistiu em ir junto. Quando meu irmão mencionou que
você estava lá, Kara ficou agitada quando ouviu seu nome. Ela não
gostava que eu fosse amigo de outras garotas, e eu sabia que isso poderia
provocá-la. Depois que saímos do buraco e chegamos em casa -
morávamos aqui em uma casa na propriedade de seu pai - ela passou
pelo meu carro e pegou meu diário. Eu não acho que ela sabia disso, mas
ela sabia. Ela deve ter lido porque conseguiu entender que Zoe deve ter
sido a pessoa chamada Z sobre a qual eu escrevi.

─ O que você escreveu sobre mim?

Conrad chutou um pedaço de terra. ─ O suficiente para fazer minha


irmã pular de uma ponte. Ela passou três dias em coma antes de ela e
seu filho morresse . Seu namorado contou tudo isso?

Sam deu um passo em direção ao homem. ─ Conrad, você e eu


sabemos que Kara não estava bem. Quando cheguei à casa principal e
lhe disse que ela estava chateada e foi embora, foi você quem soube para
onde ela foi. Você deve ter pensado... Você deve ter tido uma idéia...

A expressão de Conrad ficou estranhamente vazia. ─ Você tem


exatamente dois minutos para fazer o que precisa fazer aqui. Mais um
segundo, e estou prendendo vocês dois por terem invadido propriedade
privada.

Uma folha do choupo flutuava no ar manchado de sol à sua frente.


Zoe assistiu até pousar a seus pés. Quando ela olhou para cima, Conrad
não se mexeu e seu olhar estava fixo nela.

Sam veio ao seu lado. ─ Eu não conhecia seu pai, Conrad. Eu sinto
muito. Nós terminamos aqui. Peço desculpas por ter vindo para a sua
terra.

O oficial assentiu. Ele segurou o olhar de Sam, mas não antes de lhe
dar um último olhar. O homem endireitou os ombros, depois se virou e
os deixou.

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─ Sam, eu... ela começou, mas parou. Ele deixou o lado dela e se
ajoelhou para escovar algumas folhas da lápide de Kara e então se
levantou.

─ Aqui não, Zoe. Aqui não. Ele parou mais um momento antes de se
virar para ela. ─ Vamos lá.

Eles desceram o caminho e voltaram para o caminhão. O oficial


Henshaw, estacionado uns bons dez metros adiante, permaneceu em seu
carro, vigiando. Sam a seguiu até o lado do passageiro e abriu a porta.
Ela entrou, com a mente acelerada.

Como ele escondeu isso de todos?

Seu irmão. O pai dele. Primo dele. Seus amigos mais próximos, Ben
e Nick. E ela. Jesus, ela pensou que tinha esse homem descoberto. Claro,
houve lapsos no tempo que ela não sabia, mas nunca em seus sonhos
mais loucos ela pensou que Sam havia sido casado. Ela foi um passo
além. Se Kara não tivesse morrido, Sam poderia ser pai agora.

A porta do lado do motorista se fechou e Sam colocou o cinto de


segurança e ligou o motor. Ele fez uma inversão de marcha e eles
voltaram para a estrada principal. Ele não disse uma palavra. Ela queria
dar-lhe algum espaço. Ela queria dar-lhe tempo, mas o silêncio era
sufocante. A cada minuto que passava, sua respiração ficava mais difícil.
Eles ainda estavam no meio do nada, no Condado de Garrett, quando ela
bateu os punhos no painel.

─ Pare! Pare o carro! Pare com isso agora!

A cabeça de Sam chicoteou seu caminho. ─ Zoe, o que é isso?

A visão do túnel estava se instalando. ─ Estacione! Eu não estou


brincando, Sam!

O caminhão parou, cuspindo poeira e pedaços de pedra quando ela


saltou do veículo e começou a andar.

─ Zoe!

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Ela deu alguns passos e se preparou, as mãos segurando os joelhos,
sugando a respiração.

Ele se agachou na frente dela. ─ Apenas respire, Z. Você quer


sentar?

Ela balançou a cabeça, olhou fixamente para um girassol solitário


que crescia ao lado da estrada, murchava pelas noites frias e pela falta
de sol do verão, e respirava lentamente. Uma vez que seu campo de visão
completo foi restaurado, ela se endireitou, com as mãos nos quadris. Sam
estava na frente dela, o olhar fixo em algum lugar distante atrás dela.

─ Olhe para mim, Sam!

Ele respirou fundo, mas obedeceu.

Ela se firmou. ─ Por que Kara se jogou de uma ponte?

Ele mudou de posição. ─ Ela não estava bem, Zoe. Ela era
manipuladora, controladora e delirante. Eu não vi quando estávamos na
faculdade. Mas ela precisava de ajuda. Eu simplesmente não sabia como
ou o que fazer naquela época. E quando tentei, já era tarde demais.

Seu lábio inferior tremeu, mas ela se manteve forte. ─ Isso não é
uma resposta.

Ele balançou sua cabeça.

Ela deu um passo em sua direção e bateu o dedo no peito dele. ─


Pare de pensar que você é algum tipo de mártir condenado a levar isso
sozinho. Você poderia ter me contado tudo isso a qualquer momento nos
últimos cinco anos. Você tem que saber que não é sua culpa. Assim como
não é culpa de Ben o que aconteceu com Sara. Por que você não contou
a ninguém? Por que você não deixou nenhum de nós ajudá-lo?

Ele passou as mãos pelos cabelos rebeldes e andava de um lado para


o outro como um animal enjaulado. ─ Eu estava ficando louco, Zoe! Era
como estar na Zona do Crepúsculo. Eu era casado. Fodido casado com
uma mulher que não estava lá, e que agia como minha mãe. Tudo o que

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KRISTA SANDOR
ela queria era conversar sobre o bebê. Eu não aguentava. Eu disse a ela
que precisava trabalhar no meu caminhão. Eu apoiei o capô e comecei a
escrever. Eu precisava divulgar tudo. Escondi o caderno no meu carro.
Eu acho que ela nem sabia disso. Mas você vê, foi o que ela fez. Quando
estávamos namorando, ela examinou todas as minhas coisas. Cadernos
de endereços, correio, recibos de compras, registros de talões de cheques,
revistas, livros didáticos. Cristo, ela provavelmente passou pelo meu lixo.
Ela não estava bem. Ela estava apaixonada por mim. Mas nunca pretendi
que nada disso acontecesse. Zoe balançou a cabeça. Raiva e fúria a
invadiram. ─ Me responda! Por que o irmão de sua esposa morta sabe
meu nome?

Seus olhos verdes brilharam selvagens e desequilibrados. Ele a


pegou pela mão e a puxou para o caminhão. Ela tentou protestar, mas
com um movimento rápido e limpo, ele a levantou sobre o capô do veículo.
Agora, olho no olho, ele se inclinou, os rostos a milímetros de distância.
Ele agarrou seus quadris, segurando-a no lugar, e caramba, se suas
mãos fortes não enviaram uma onda de calor direto para seu núcleo.
Suas respirações saíram ofegantes quando ela segurou o olhar dele.

Os dedos dele cravaram na carne dela. ─ Porque a última palavra


que Kara disse foi o seu nome. Ela repetiu seu nome repetidamente
enquanto estava no parapeito de pedra daquela ponte, enquanto o irmão
e eu tentávamos convencê-la. Ela segurou meu maldito diário no peito
quando se jogou da ponte.

Zoe nunca havia sido atingida por um raio, mas a insana onda
elétrica de excitação e total confusão a atravessou como uma corrente
viva. Ela caiu para a frente e caiu sobre ele. As pernas dela o envolveram
quando ele a apertou com força e balançou entre as pernas. Com a cabeça
enterrada na dobra do pescoço dele, ela agarrou o tecido da camisa dele.
Ela prendeu a respiração quando uma das mãos dele se moveu para as
costas dela, pressionando-a para mais perto, enquanto a outra se
enroscava em seus cabelos. Ela levantou a cabeça e encontrou o olhar
dele.
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KRISTA SANDOR
Deus a ajude, aqueles olhos verdes, torturados e nadando com
desejo, a possuíam. Ela queria odiá-lo por esconder isso dela. Mas ela
também queria os lábios dele, a língua e as mãos. Ela queria que ele
arrancasse sua calcinha, tirasse as calças e a fodesse até que ela não
pudesse ver direito. Foda-se até que tudo desapareceu. Seu corpo
lembrava cada centímetro de seu comprimento duro, esticando-a,
enchendo-a, prendendo-a na cama e reivindicando seu corpo, um
delicioso golpe de cada vez.

─ Sam , ela respirou, seus lábios tão perto.

Ele apertou seu corpo. O tempo passou entre eles. Mas antes que
seus lábios pudessem se encontrar, ele soltou-se e deu um passo para
trás, deixando-a deslizar pela lateral da caminhonete. Joelhos fracos.
Corpo tremendo.

─ Zoe! ele gritou, a palavra cheia de dor e arrependimento tão aguda


que perfurou sua alma.

Ela colocou os braços em volta do peito, como se estivesse se


segurando de explodir em um milhão de pedaços. Da cabine do
caminhão, uma campainha suave seguiu pela estrada rural. Por um
momento, ela não conseguiu identificar, seus pensamentos muito
dispersos. Seu corpo doía por mais do toque de Sam. Depois de mais
alguns segundos, isso a atingiu.

Era o telefone dela e o lembrete de que ela era esperada no retiro de


casais com a intenção de investigar o centro de detenção juvenil das
meninas.

─ Sam, ela sussurrou.

Ele encontrou o olhar dela. Seus olhos arregalados e dilatados, como


se ele tivesse acabado de acordar de algum sonho louco.

─ Temos de ir. Somos esperados no retiro de casais.

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Quase parecia insano que a vida real pudesse invadir esse momento.
Como esta estrada rural existia em alguma dimensão alternativa, e nada
de suas vidas reais deveria poder tocá-la. Ele assentiu e eles entraram no
caminhão. Sam ligou o motor e segurou o volante, com os nós dos dedos
brancos, a mandíbula cerrada.

O corpo dela ainda tremia com o toque dele. Santo inferno! O que
acabara de acontecer? Ela fechou os olhos e concentrou-se no som da
estrada de cascalho e no estrondo do motor do caminhão quando inalou
o perfume sutil de Sam, hortelã-pimenta e sabão, e tudo a atingiu como
um soco no estômago. Ela precisava se concentrar em seu plano para
quando eles chegassem ao retiro, mas não podia. Ela queria soluçar. Ela
queria gritar. Uma jovem grávida - a esposa de Sam - saltou para a morte
e sua última palavra foi Zoe.

O nome dela.

O que Sam escreveu que desencadeou tal resposta? Ela balançou a


cabeça. É claro que qualquer mulher que furasse preservativos e
obrigasse um homem a se casar com ela estava doente mental e
seriamente perturbada. Mas ela ainda precisava saber o que Kara tinha
lido.

Os caminhões diminuíram a velocidade até parar. Zoe abriu os


olhos. Eles chegaram a uma bifurcação na estrada.

─ Você tem instruções para o local? ele perguntou, olhando para


frente.

─ Sim. Ela enfiou a mão na bolsa e tirou o mapa. Parece que devemos
virar à direita e depois seguir por essa estrada rural por cerca de 24
quilômetros. A confirmação que recebi do retiro diz que deveria haver
uma placa marcando a saída para chegar à propriedade. Acho que a
estrada nem tem nome.

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Eles continuaram na estrada rural. Depois de alguns minutos, ela
se virou para ele. ─ Eu preciso saber o que Kara leu. Eu preciso saber o
que você escreveu sobre mim.

Ele balançou a cabeça e apertou mais. ─ O que isso mudaria, Zoe?


Não traz Kara ou o bebê de volta. Isso não desfaz o que eu fiz.

Ela sentiu as bochechas esquentarem. ─ Acabei de saber que uma


mulher se matou depois de ler algo escrito por você sobre mim. Eu quero
saber o que diabos é isso.

─ Nós não vamos lá. Você acha que quer saber. Você pensa que,
porque sabe tudo sobre todos, precisa saber disso. Você não. Eu vivi com
isso por quase metade da minha vida. Apenas deixe para lá, Z!

─ Deixe ir? Como eu vou deixar isso passar? O que? Você só quer
voltar a ser melhores amigos, melhores amigos? Zoe e Sam, parceiros no
crime. Tenho um problema? Compartilhe com a dupla platônica de
Langley Park! Eles não têm vida própria. Então, eles ficarão felizes em
ajudar a resolver todos os seus problemas de relacionamento!

Ele soltou um suspiro frustrado. ─ Não basta que você saiba? Você
sabe sobre Kara. Você sabe sobre o bebê. Você sabe que monstro eu sou!

─ Monstro? ela atirou de volta.

─ O que mais você chamaria de alguém que causou esse tipo de dor?

Ela nem sabia por onde começar. ─ Mas você não pretendia. E Kara
não estava bem.

─ Tudo o que fiz, as escolhas que fiz. Eles nos mancharam, Zoe.
Minhas escolhas deixaram uma mancha em qualquer coisa que
possamos ter.

Suas palavras a atingiram como um tapa na cara.

─ Você sabe o que eu sinto por você, Sam! Você sempre soube - ela
sussurrou.

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Ele balançou sua cabeça. ─ Essa é a parte mais difícil.

─ O que? O que há de tão difícil em eu te amar? Todos os nossos


amigos venceram as chances de ficarem juntos. Por que não podemos?

─ Porque o que eu carrego me mata um pouco a cada dia. E eu tenho


certeza que não vou fazer isso com você!

Lágrimas brotaram em seus olhos, mas ela piscou de volta. ─ Você


nem tentaria?

Ele balançou a cabeça e não disse nada.

Eles dirigiram em silêncio por um longo tempo, a estrada aberta


estendendo-se diante deles. Zoe fechou os olhos, tentando se concentrar,
desejando ter prestado mais atenção às divagações de meditação de sua
mãe.

Depois de mais alguns minutos, o caminhão diminuiu a velocidade


e parou.

─ Eu acho que é isso, disse Sam.

Ela olhou para fora e viu a placa para o retiro. ─ Sim, é isso.

O lugar parecia mais um complexo do que uma fazenda. Um muro


cercava o que eles podiam ver da propriedade, e um portão imponente os
cumprimentou. Estava aberto, mas quando fechado, deve ter parecido
bastante formidável.

Sam começou a virar para o caminho de cascalho em direção à


fazenda, mas ela o deteve. ─ Você deveria ser meu marido. Ela enfiou a
mão na bolsa e tirou os anéis. ─ Encontre um que se encaixe.

Ele pegou os anéis. Um por um, ele experimentou.

─ Todos se encaixam, disse ele, olhando as alianças .

─ Escolha o que você mais gosta, disse ela.

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Sam tocou em cada aliança e depois escolheu a trançada de ouro
branco que ela comprou na loja de antiguidades. ─ Este.

Ela desejou que suas mãos não tremessem, pescou a aliança


trançada correspondente e deslizou-a no dedo anelar.

Ele colocou o anel e estendeu a mão. Zoe colocou a mão ao lado da


dele. Eles combinavam perfeitamente, mas isso a fez querer vomitar.
Alianças de casamento deveriam ser um símbolo de amor eterno. Mas
esses pedaços de metal apenas a provocavam. Símbolos gritantes do que
ela nunca teria com ele. Parecia uma reviravolta cruel do destino que ela
tinha que fingir ser a esposa de Sam.

A segunda esposa dele.

Ela puxou a mão de volta. ─ Eles parecem bem. Vamos lá. Já


estamos atrasados.

Sam engatou o caminhão. ─ Que tipo de coisa de casal é essa?

─ É uma nova era que aprimora a sua conexão conjugal. Eu não


olhei muito no itinerário. Imaginei que estaria aqui com Cam, tentando
encontrar algum tempo para dar uma olhada no centro de detenção. Além
disso, eu sofri anos dos Budas e cristais e respirações de limpeza de
minha mãe. Isso não pode ser muito pior que isso.

Um músculo em sua bochecha se contraiu quando o sussurro de


um sorriso triste apareceu em seus lábios antes de desaparecer. Ela
desviou o olhar. Por que isso tinha que ser tão difícil? Por que ele não
podia contar tudo a ela?

O caminhão virou uma esquina e uma fazenda apareceu. Com dois


andares de altura e celeiro pintado de vermelho com detalhes em branco,
a estrutura parecia nova ou recentemente reformada. Também era
bastante grande, com uma varanda envolvente e pontilhada de cadeiras
de balanço. Sam estacionou o caminhão ao lado de três outros carros -
todos minivans, provavelmente seus casais se retiraram.

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─ Você está pronta? ─ ele perguntou. Mas ele não estava olhando
para ela. Ele estava olhando para o anel na mão esquerda.

─ Você só precisa usá-lo quando estamos com o grupo, disse ela,


pegando sua bolsa.

─ Zoe, eu quero te ajudar. Eu farei o que você precisar.

Ela olhou para ele.

─ Z.

Ela fechou os olhos. ─ Eu não quero mais que você me chame assim.
Você pode fazer isso por mim?

Quando ela abriu os olhos, ele ainda a estava observando. Ela podia
ver a luta, sentir a tensão dentro dele. Ou era a própria energia dela,
oscilando loucamente entre luxúria, amor, raiva e fúria?

Ele deixou cair o queixo no peito. ─ Sim, eu posso fazer isso.

Ele tirou as malas da caminhonete e as levou para casa. Uma grande


placa com Namaste escrita em uma fonte encaracolada pairava sobre a
porta.

Zoe apontou para a placa. ─ Veja, não pode ser tão ruim assim. Será
como passar os próximos dias no estúdio de yoga da minha mãe.

Ela bateu na porta.

Havia pessoas lá dentro. Ela podia ouvir o zumbido de suas


conversas. Uma batida passou, e então a porta se abriu. Usando óculos
cor de rosa e um vestido que caberia em Woodstock, uma mulher que
parecia ter cinquenta e poucos anos, sorriu amplamente, vários cristais
pendurados em correntes de ouro e prata em volta do pescoço. Zoe
esperava que ela pegasse uma pilha de cartas de tarô ou começasse a
falar em línguas.

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Ela balançou a mão com joias em anéis turquesas. ─ Vocês dois
devem ser Zoe e Cam! Entrem! Vocês são os últimos a chegar. Agora
podemos ficar nus.

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KRISTA SANDOR
12
─ É Sam.

Ele olhou para a mulher. Onde diabos eles acabaram? Poderia ficar
estranho na merda do Kansas, mas parecia um pouco cedo no retiro para
ficar nu. E então o atingiu. Se ele não estivesse com Zoe, ela estaria
ficando nua com outro cara. O peito dele se apertou. Sim, teria sido seu
amigo, Cam - felizmente casado com Suzie, Cam. Mas a mesma onda de
raiva que o invadiu anos atrás, quando aquela foda descarada no bar
agarrou a bunda de Zoe.

A mulher hippie deslizou os óculos escuros pelo nariz. ─ Eu sinto


Muito. Você disse que seu nome não é Cam? É Sam?

Zoe colocou a mão em volta do braço e apertou. O toque dela disse


cale sua boca. Ele olhou para ela. Ela estava exibindo um sorriso de
plástico e fazendo o papel. Se ele quisesse fazer outra coisa senão partir
o coração dela - de novo - ele entraria no maldito programa e também
tocaria junto.

Zoe discou seu sorriso falso. ─ Devo ter digitado errado quando me
registrei. Eu sou Zoe e ele é Sam.

A mulher olhou para ela. ─ Bud!

Zoe olhou para ele e depois de volta para a mulher. ─ Você está bem?
Eu não quis aborrecê-la.

A mulher olhou por cima do ombro quando um homem magro


vestindo uma camiseta com 100% de cânhamo escrito na frente se juntou
a eles na porta.

─ Você vê isso? ─ a mulher perguntou ao homem que tinha que ser


Bud.

O homem assentiu. ─ Sim, entendo, Harmonia.

Harmonia e Bud. Claro, esses seriam os nomes deles.


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Zoe olhou de um lado para o outro. ─ Veja o que? Esta é a intimidade
agora que os casais recuam, certo?

Ele não se sentiu tão mal. Até Zoe - que conseguia manter suas
coisas juntas melhor do que ninguém - estava começando a se perder
com essas pessoas.

─ São suas auras, disse Harmony como um médico fazendo um


diagnóstico. ─ Você chegou até nós bem a tempo. Seu relacionamento
precisa de cura.

Isso foi um eufemismo.

A dama hippie virou-se para o homem. ─ Bud, você sabe o que fazer.

Isso foi loucura! Eles nem chegaram pela porta da frente. Ele espiou
por cima da cabeça da mulher. Três casais de aparência normal
sentavam-se juntos a uma mesa grande, totalmente vestidos. Graças a
Cristo!

Bud voltou em um instante com um maço de galhos verdes


amarrados com barbante.

─ Nós apenas precisamos fazer um ritual rápido de manchas. Não


posso deixar você entrar com tudo isso. A mulher gesticulou para o ar ao
redor deles.

─ O que é tudo isso? Zoe perguntou.

─ Todo aquele vermelho lamacento, disse a mulher, acenando para


Bud, que começara a acenar com um incenso perfumado ao redor deles.

─ Você quer dizer ele. Zoe apontou em sua direção.

Bud fez uma pausa. ─ Você não.

Os olhos de Zoe se arregalaram. ─ Eu?

Harmony assentiu. ─ É a sua aura. Bem, são as suas duas auras.

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Ela deslizou os óculos cor de rosa pelo nariz, olhando entre eles. ─
Todos os seres vivos têm uma aura. São faixas de luz, som e vibrações
que compõem seu campo psíquico.

Cristo Todo-Poderoso! Esse dia teve que ser registrado como um dos
dias mais emocionantes, dolorosos e agora totalmente ridículos de sua
vida - e ainda não havia terminado. Depois que eles passassem pela
besteira da Nova Era desta noite, teriam que conversar sobre Kara. Se
havia uma coisa que ele sabia sobre Zoe, era que ela não desistia. Cinco
anos dançando ao redor do que havia acontecido. Cinco anos se
agarrando a ela da única maneira que ele sabia como explodiram em seu
rosto tão espetacularmente quanto os fogos de artifício sobre o lago Boley,
em quatro de julho.

Zoe cruzou os braços. ─ Então, é a nossa energia psíquica que está


impedindo você de nos deixar entrar?

Harmony estreitou o olhar. ─ Sim, mas está melhorando. Eu pensei


que poderia haver algum preto lá dentro. Mas eu estava errado. É verde,
muito escuro e tentando clarear e avançar.

─ Somos contagiosos? ele perguntou.

Zoe deu uma cotovelada na caixa torácica. Jesus! Depois de tudo o


que ela passou hoje, pelo menos ela ainda tinha coragem. Ele não sabia
nada sobre auras ou energia psíquica. Ele olhou para Zoe, que colara o
sorriso de plástico no rosto dela.

─ Essa é uma boa pergunta, Sam. Harmony examinou o espaço ao


redor de seus corpos enquanto Bud mexia no incenso. ─ O vermelho
lamacento, isso é raiva. Muito comum para casais que chegam aqui. Mas
o preto é uma cor implacável e sem coração. Não fica mais escuro.

Seu sangue ficou frio e um calafrio percorreu sua espinha. Sem


coração. Era o que ele era. Sem coração para não querer se comprometer
com a mulher que carrega seu filho. Sem coração para manter a mulher
que ele amava à distância e ele quase escorregou. Ele chegou tão perto

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de lhe dizer o que Kara tinha lido e depois levá-la ali mesmo no capô de
sua caminhonete.

─ Não, o que eu achava que era preto era apenas verde tentando
abrir caminho. Verde mantém energia criativa e amorosa.

─ Não se esqueça do gritador do feller, Bud acrescentou com uma


risada.

─ O quê? Zoe perguntou.

─ Há um pouco de amarelo escondido na aura de Sam. Pertence à


inteligência e inspiração.

Ele queria sorrir. Hoje não tinha acontecido e se eles não estavam
tentando entrar em um retiro de encontros matrimoniais, ele só podia
imaginar o que Zoe poderia fazer com uma pessoa hippie dizendo que ele
era inteligente.

Sam? Inteligente? Se ele tivesse outro cérebro, seria solitário.

Você deve estar enganado. Sam é a prova de que a evolução pode dar
o contrário.

Um fio miserável enrolou-se em torno de seu coração. Eles voltariam


a isso? Ele veria aquela centelha nos olhos dela novamente? Aquele brilho
especial que ela só deu a ele.

Harmony empurrou os óculos de volta para a ponta do nariz. ─ Eu


acho que eles estão bem.

─ Podemos entrar? Zoe perguntou.

─ Claro! Harmony respondeu, os anéis em seus dedos estalando


quando ela os chamou para dentro. ─ Mas você precisará entregar seus
telefones celulares. ─ Ela pegou uma bolsa de lona e a abriu. ─ Não
queremos que o mundo exterior interfira no trabalho que fazemos aqui.

Ele imaginou que Zoe protestaria, mas ela tirou o telefone da bolsa
e o deixou na bolsa. Harmony bateu na bolsa e ele tirou o telefone do

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bolso e enfiou na bolsa ao lado da de Zoe. Então ele viu os arredores.
Enquanto Bud e Harmony pareciam morar em um ônibus Volkswagen a
partir dos anos sessenta, a fazenda era o oposto completo. Com pisos de
madeira reluzente, armários caiados de branco, áreas de estar macias e
plantas e velas decoradas com bom gosto nos balcões e mesas laterais, o
interior da casa da fazenda parecia algo direto de um catálogo do Pottery
Barn.

─ Você tem uma casa bonita, disse Zoe. Ele podia ouvir a surpresa
na voz dela.

─ Oh, isso, disse Harmony, clicando novamente enquanto acenava


cinco quilos de turquesa. ─ Tentamos fazer nossa parte neste mundo.
Coisas materiais não significam nada para nós.

Pela aparência deste lugar, as coisas materiais significavam


bastante para alguém.

Passaram por um armário com a porta entreaberta. Zoe parou e


espiou dentro. ─ Isso é uma bomba de infusão?

Harmony fechou a porta, tirou um chaveiro do bolso do vestido


esvoaçante e trancou-o. ─ Você é uma médica? ela perguntou, um ligeiro
toque em seu tom.

Zoe balançou a cabeça. ─ Não, eu me ofereci em um hospital quando


adolescente. Acabei de reconhecê-lo.

Harmony sorriu. ─ Tivemos um convidado que solicitou um


tratamento de infusão enquanto eles estavam aqui. A empresa de
suprimentos médicos ainda não atendeu.

Zoe assentiu e eles entraram na sala principal onde os outros casais


estavam sentados, e Harmony bateu palmas. ─ Amigos, eu gostaria de
apresentar Sam e Zoe Stein.

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Os olhos de Zoe abriram caminho. Um aviso. O que ela achou? Ele
corrigia a mulher e dizia que o sobrenome deles era Sinclair? Sua aura
era amarela. Ele não era um idiota.

─ Zoe e Sam, disse Bud, gesticulando para os casais. ─ São John e


Marta Payne.

Um casal rígido e de aparência anti-séptica produziu um sorriso


tenso.

─ Aqui, nós temos Lee e Leanne Morehead.

Sam acenou com a cabeça para o casal que mais parecia irmãos do
que cônjuges.

─ E estes são os Cobbledicks, Stu e Candy.

Um casal que parecia pronto para ir à Strip de Las Vegas acenou.

Zoe ficou rígida. ─ Eu sinto muito?

─ Somos Candy e Stu Cobbledick de Emporia, Kansas. ─ disse a


mulher, sorrindo para eles como se ela não tivesse dito apenas.

─ Sam e Zoe, por que você não se senta junto ao Moreheads, disse
Harmony, apontando em direção a duas cadeiras no final da longa mesa.

Ele não se atreveu a olhar para Zoe. Ele ouvira muitos nomes
incomuns em suas viagens, mas Cobbledick teve que pegar o bolo. Entre
a limpeza da aura da Nova Era e os sobrenomes cômicos, Morehead
também era muito bom, ele só conseguia imaginar o que estava
acontecendo na mente de Zoe.

Zoe sentou-se ao lado de Leanne e ele ocupou a cadeira ao lado dela.


Ele arriscou um olhar e olhou para ela. Ela apertou os lábios em um
sorriso tenso. Este foi o olhar dela segurando sua língua . Ele tinha visto
esse rosto muitas vezes quando ele estava saindo com Kate. Os dedos de
Zoe roçaram seu pulso, e ela tocou gentilmente o bracelete trançado de
amizade que sua sobrinha havia lhe dado antes de partirem. Uma

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sensação quente encheu seu peito. Ela deve ter pensado em Kate
também.

Harmony colocou algumas penas na mesa, junto com mais paus


amarrados com barbante. ─ Tudo bem, pessoal. Um pouco de limpeza
antes de começarmos. Seus quartos estão lá em cima. Você encontrará
seus nomes na porta da sala que será seu santuário sexual pelos
próximos dias.

Zoe enrijeceu e torceu o bracelete.

Jesus! Como ele iria passar por isso? Tudo o que ele queria fazer nos
últimos cinco anos foi deixado de lado o passado e ceder ao seu desejo.
Em vez disso, ele viveu como um monge, sabendo que amizade era tudo
que ele podia oferecer. Foi mais fácil nos primeiros dois anos depois que
ela voltou a Langley Park. O foco estava em Ben e Kate - e mais ainda em
Kate. Ela era tão pequena naquela época. Passava a maior parte do tempo
juntos para que Ben pudesse se concentrar no trabalho. Levando-a para
o parque. Indo para a biblioteca. Passeando pelos Jardins Botânicos de
Langley Park. Apesar da tristeza que envolveu aqueles primeiros anos,
foram alguns dos dias mais felizes de sua vida. Zoe estava tão preocupada
com a sobrinha, que ele poderia tê-la sozinha e não se preocupar com ela
querer mais dele, mas a sensação de calor que essas lembranças
costumavam trazer ficou viscosa e fria.

Ele era um bastardo. Um bastardo para acreditar que Zoe estava


ocupada demais para amá-lo. Ele encobriu o desejo em seu olhar. Ele
mascarou sua consciência de seu amor, esperando que ela parasse de
querer mais. Que tolo! Quando Zoe parou de lutar por algo em que
acreditava?

Os casais sentaram-se em silêncio enquanto Bud contornava a mesa


distribuindo pequenas tigelas de pedra e isqueiros.

─ Enquanto Bud está distribuindo o restante dos itens necessários


para o nosso ritual, só quero lembrar a todos que você assinou uma

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renúncia para participar das atividades do retiro. Nem eu nem Bud temos
treinamento formal em aconselhamento de casais. Tudo o que
compartilhamos com você nos próximos dias vem de nossas próprias
experiências como seres sexuais. No entanto ─ Harmony acrescentou
com um brilho nos olhos. ─ O Bud fez vários cursos on-line de Tantra e
foi recentemente ordenado.

Bud assentiu e Sam engoliu em seco. Ele olhou para Zoe. Ela estava
tentando esconder, mas parecia igualmente assustada.

─ Hora de ficar nu, disse Harmony tão sério quanto um ataque


cardíaco.

Os casais olharam em volta da mesa nervosamente. Os Paynes de


juntas brancas pareciam aterrorizados.

Os Moreheads começaram a desabotoar as camisas, mas Harmony


os deteve. ─ Não suas roupas. Seus anéis. O símbolo do seu compromisso
um com o outro. Você vai tirar seus anéis e vamos deixar o sábio em
chamas se livrar da negatividade em torno desses objetos sagrados. Esses
anéis guardam sua história. Queremos garantir que eles sejam limpos de
qualquer negatividade.

─ Para que serve a pena? Stu Cobbledick perguntou.

─ Para espalhar a fumaça nos anéis, respondeu Bud.

Sam soltou um suspiro. Isso não foi tão ruim. Ele podia jogar fumaça
em anéis. Mas quando ele olhou para Zoe, ela não encontrou o olhar dele.
Como antes de deixar o Park Tavern, ela estava se afastando de propósito,
e isso o cortou até os ossos.

Zoe tirou o anel do dedo e o colocou sobre a mesa, e ele fez o mesmo.
Ele o usava há menos de uma hora e já estava nu sem ele.

Bud mostrou-lhes como acender o bastão de sálvia, e logo eles


estavam lançando a fumaça na direção dos anéis. Zoe ainda não olhava

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para ele, seu olhar treinado nas faixas trançadas. Depois de alguns
minutos, Harmony chamou sua atenção.

─ Eu quase esqueci! ela ofegou. ─ Precisamos de uma intenção!


Casais, apague suas bengalas, dê as mãos e repita comigo: Esses anéis
são um símbolo do nosso vínculo inquebrável.

Ele cuidou do sábio, depois se virou para Zoe e estendeu as mãos.


Ela abriu os punhos e os colocou nos dele, tão pequenos, mas tão
perfeitamente compatíveis que o fizeram querer chorar.

Bud bateu no ombro dele. ─ Bem, continuem, vocês dois. Você


primeiro, Sam.

─ Esses anéis são um símbolo do nosso vínculo inquebrável.

Como um encantamento mágico, o ar zumbiu. A energia mudou. O


calor encheu seu peito e irradiou em direção a seus membros. Quando
ele falou palavras como estas para Kara, foi um casamento de espingarda.
Seu pai tinha um rifle de verdade montado na parede de seus aposentos,
onde eles recitaram votos destacados. As palavras que ele falara naquele
dia haviam caído, cada sílaba um peso de chumbo, puxando-o para o
abismo. Era nada. Foi um vazio. Foi o inferno. Era o oposto polar do que
pulsava em suas veias enquanto ele falava com Zoe.

Agora, nesta casa de fazenda com ela, tudo estava vivo. O calor das
mãos dela. Sua respiração suave. O sábio da terra misturou-se com seu
doce aroma que o lembrou de risadas e longos dias de verão.

─ Agora você, Zoe.

Ela olhou para Bud e depois voltou a olhar para ele. As mãos dela
tremeram. ─ Esses anéis são um símbolo do nosso vínculo inquebrável.
Ela recitou as palavras e afastou as mãos trêmulas.

Ele engoliu em seco. Eles seriam capazes de levar três dias disso?

─ Maravilhoso! Harmony disse, cortando seus pensamentos. ─


Agora, a última atividade que faremos antes do jantar é um exercício de

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aterramento de quatro minutos. Sem tocar com este. Agora vire e encare
o seu parceiro.

Ele deu um suspiro de alívio. Eles poderiam passar por quatro


minutos. Isso não foi nada. Isso passaria em um piscar de olhos. Ele
inclinou o corpo na direção dela. Para encaixar, Zoe deslizou suas pernas
finas entre suas musculosas e poderosas coxas, e ele não pôde evitar a
explosão de luxúria que a atravessava. Imagens dela em seu caminhão
passaram por sua mente. Levaria menos de um segundo para tirá-la da
cadeira e entrar em seu colo. Ela poderia estar montando nele, seu corpo
pressionado contra o dele no espaço de um segundo. Ele respirou e se
firmou.

─ Para este exercício, você vai olhar nos olhos um do outro,


continuou Harmony.

─ Podemos conversar um com o outro? Lee Morehead perguntou.

Harmony balançou a cabeça. ─ Sem conversa. Só olhando. Avisarei


quando o tempo acabar. Agora comece.

Ele se sentou à frente e focou o olhar nos olhos de Zoe. Ele nunca
tinha feito algo assim antes. Ele podia ver a alma dela. Sua visão ficou
confusa e o tempo se sobrepôs. Imagens de Zoe sorrindo e penduradas
de cabeça para baixo em um galho de árvore colidiram com a sensação
de seu corpo dobrado calorosamente contra ele enquanto dormiam em
sua cama. O respingo de água enquanto ele empurrava dentro dela. O
brilho em seus olhos quando ela chamou bingo travesso. O carrossel de
memórias girava cada vez mais rápido. Então tudo diminuiu a velocidade
e ele a viu, banhada em luz rosa, segurando um bebê - o bebê deles.

─ Eu não posso! Zoe chorou, empurrando a cadeira para trás, as


pernas gritando contra o chão. Ela saiu do quarto e foi em direção a uma
grande escadaria.

─ Não precisa se preocupar, pessoal, acalmou Harmony. ─ Essas


coisas acontecem. Volte a focar no seu cônjuge e depois continuaremos.

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KRISTA SANDOR
Sam olhou ao redor da mesa. O olhar de todos estava treinado nele.
─ Eu só vou...

Foda-se! Ele não conhecia essas pessoas. Ele se levantou e foi para
as escadas. Quando chegou ao segundo andar, foi de porta em porta até
encontrar aquele com Zoe e Cam escritos em um quadro retangular e
limpo, com um centímetro de giz pendurado em um pedaço de barbante.
Ele apagou o C em Cam com o dedo e fez um S.

Ele bateu uma vez e abriu a porta. A sala, como o resto da casa, era
aconchegante e chique, com tons quentes e tecidos ricos. Ele deu um
passo hesitante para dentro e fechou a porta. Ela estava sentada em uma
pequena mesa ao lado da cama, braços cruzados, queixo no peito.

─ Eu poderia ter feito muito com Morehead.

O aperto em seus ombros afrouxou uma fração. Ele veio pronto para
outra luta. Mais uma rodada de perguntas. Por misericórdia ou talvez por
autopreservação ele não sabia qual ela voltou ao ritmo deles. Aquela
camada de humor que eles usavam para se separar da verdade que
dançavam por anos.

Ele se sentou ao lado da cama. ─ Eu sei.

─ Então Cobbledick, disse ela em um suspiro, segurando um soluço.

Isso o matou ao vê-la sofrendo, mas ele precisava brincar junto. ─


Sim, eu não sei como você se segurou.

Ela levantou o queixo e encontrou o olhar dele, os olhos brilhando


com lágrimas não derramadas. ─ Estou tão brava com você, Sam.

Ele olhou para o anel no dedo. ─ Eu sinto muito.

Ela se virou e se inclinou para frente. ─ Eu preciso saber.

Ele balançou sua cabeça. Eles estavam de volta a isso. ─ Eu não


quero te perder, Zoe.

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KRISTA SANDOR
Seu lábio inferior tremia, e ela o capturou com aqueles assombrosos
olhos cinza-azulados. ─ Como você pode me perder? Você sempre me
teve.

A dor dessas palavras cortou sua alma. ─ Eu não mereço você.

Ela recostou-se. As lágrimas se foram. Agora a raiva aqueceu suas


bochechas. ─ Por que você não me deixa decidir o que eu não mereço!

─ Eu te disse... ele começou, mas ela o interrompeu.

─ Você não precisa se repetir. Eu lembro do que você me disse. Você


disse que era uma mancha. Você não vai me dizer o que havia naquele
diário, apenas que isso nos deixou uma mancha. Uma carta escarlate que
você veste que você nem começará a tentar me ajudar a entender.

Ele pegou as mãos dela nas dele. ─ É porque eu me importo com


você. Eu me importo muito com você.

Ela puxou as mãos das mãos dele e foi até a janela. ─ Eu não posso
mais fazer isso, Sam. Eu não posso ser sua amiga. Não mais.

─Z.

Os olhos dela brilharam raiva. ─ Eu disse para você não me chamar


assim.

─ Então, o que vamos fazer quando voltarmos para o parque


Langley? Agir como se não nos conhecêssemos? Pelo menos assim,
ficamos juntos.

Ela soltou uma risada latida. ─ Estar juntos? É isso que você acha
que está acontecendo entre nós? Você nos consideraria juntos?

─ É melhor do que nada

Ela balançou a cabeça. ─ Não, eu pensava assim. Eu costumava


pensar que isso era suficiente. Mas isso não é.

Uma fatia de silêncio se estendeu entre eles.

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KRISTA SANDOR
Ela passou as pontas dos dedos pelo comprimento da vidraça. ─ Sou
amiga do diretor de programa da WBUR em Boston. Vou ver como ser
contratada lá ou talvez Denver. Conheço um repórter da Rádio Pública
do Colorado. Mas não posso ficar em Langley Park. Eu não preciso mais
estar lá. Ben e Kate têm Jenna. Eles não precisam de mim como
costumavam. Ela se virou da janela e encontrou o olhar dele. ─ Depois
de terminar essa investigação no centro de detenção, é hora de seguir em
frente. Está na hora de eu deixar você ir.

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
13
─ Você pode ouvir isso?

Zoe estava sentada em um tapete de ioga no meio de um campo de


girassol, tentando ouvir qualquer coisa além do som do seu coração se
partindo.

─ Esse é o som da sua mente se conectando com as vibrações da


Mãe Terra, disse Harmony, conduzindo as mulheres através de uma
meditação guiada ao ar livre.

Os casais se separaram após o café da manhã para ter um encontro


com colegas, com as mulheres indo com Harmony e os homens com Bud.
Uma benção depois da noite que ela teve com Sam.

Ela acordou sozinha na cama king size. Ele dormiu no sofá na


acolhedora sala de estar do quarto. Suas longas pernas estavam
penduradas ao lado do pequeno sofá, e ele parecia tão dolorido em seu
sono quanto na noite passada. Ela odiava machucá-lo, mas alcançara
seu ponto de ruptura, e não podia continuar como eles fizeram nos
últimos cinco anos.

E então havia o que ela viu nos olhos dele.

Tudo. Ela viu tudo. Como um livro de recordações que nunca seria
dela, ela viu seu futuro, ao lado de Sam. De manhã, emaranhados juntos
na cama, fazendo amor. As noites, encarando as estrelas, se
aconchegavam na cama de sua caminhonete. Ela viu luz, amor e risadas.
Mas quando o rosto do bebê mais doce que ela já vira brilhou em seus
olhos esmeralda, ela o perdeu. Não importa o que ela viu, ela não poderia
construir uma vida com um homem que os via manchados. Todos esses
anos, ela esperava que algo mudasse. Alguma mudança seria acionada
e, como todos os seus amigos mais queridos, ela também a receberia para
sempre.

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KRISTA SANDOR
E embora sentisse falta de seus amigos e familiares, não era como
se Denver ou Boston estivessem a um mundo de distância. Algumas
horas em um avião são o suficiente para voltar para casa.

Casa .

Era hora de ela parar de estrelar como o alívio cômico na vida


daqueles que amava e começar a escrever sua própria história. Uma
história em que Sam Sinclair não era o herói parado no fim de um arco-
íris.

─ Respirar. relaxar. Refocalize. Harmony persuadiu.

Zoe exalou um longo suspiro. Voltar a focar. Era o que ela precisava
fazer. Ela não estava aqui para resolver seus problemas de
relacionamento - as coisas com Sam estavam além do reparo. Ela estava
aqui para obter informações sobre o centro de detenção de meninas. E
até agora, ela não tinha aprendido nada de novo.

Harmony mudou para uma posição de pernas cruzadas em seu


tapete. ─ Tudo bem, senhoras. Vamos compartilhar outra história. Zoe,
você acordou.

Esta manhã não tinha sido tão diferente do que passar uma manhã
no estúdio de ioga de sua mãe. Muita respiração. Muito alongamento.
Exceto que, entre as explosões de ioga que Zoe tinha certeza de que
Harmony não estava dando certo, ela nunca tinha ouvido falar da pose
de um vibrador virado para baixo, as mulheres foram incentivadas a
compartilhar o que as levou ao retiro do Intimacy Now.

Os Paynes possuíam uma prática odontológica movimentada nas


planícies do Kansas e tiveram dois filhos. Entre os pacientes, os negócios
e as crianças, eles se separaram. Os Moreheads estavam lá exatamente
por esse motivo. Morehead queria mais cabeça e mais de tudo o mais no
que se refere às escapadas dos quartos. Mas com seis filhas, todas
ginastas competitivas que precisavam ser transportadas por toda a

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
cidade para aulas e competições, Leanne estava exausta demais no final
do dia para participar de piruetas carnais com o marido.

E os Cobbledicks?

Ambos eram herpetologistas. Zoe quase soltou seu bloqueio de raiz


ou sua Mula Bonda - sua mãe ficaria orgulhosa de ter se lembrado do
termo ioga - e se irritou diante de Candy Cobbledick, Ph. D. explicou que
a herpetologia era o estudo de anfíbios e répteis. Ela e Stu haviam deixado
recentemente as posições de professor em uma faculdade em Las Vegas
e se mudaram para Emporia, Kansas, para ensinar e estar mais perto de
sua família. Eles desfrutaram do lado mais excêntrico da Strip de Vegas
e estavam achando difícil arranhar a coceira agora que estavam vivendo
no estado de girassol.

Zoe olhou para as mulheres. Apesar de suas impressões iniciais


sobre o grupo, as mulheres eram gentis e abertas. Eles vieram para o
retiro da Intimidade, na esperança de melhorar seus relacionamentos.
Ela não podia culpá-los por isso. Até Harmony, que ela tinha noventa e
nove por cento de certeza, era alta como uma pipa, ouviu e ofereceu
palavras úteis.

Zoe limpou a garganta. ─ Sam e eu estamos aqui porque temos


problemas de comunicação.

─ Ele quer que você use uma cinta, e você não gosta disso? Candy
Cobbledick, Ph. D. perguntou.

─ Hum, não. Não é isso. Respondeu Zoe. ─ Ele tem um segredo e


não me diz o que é.

─ Que tipo de segredo? Marta Payne perguntou.

Zoe fez outra varredura do grupo. O que ela tinha a perder? ─ Um


segredo sobre sua ex-esposa morta. Isso é terrível, certo?

Leanne ofereceu um sorriso compreensivo. ─ Não necessariamente.


Você já disse a ele que quer falar sobre isso?

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KRISTA SANDOR
─ Sim várias vezes. Ele não quer me machucar. Ele diz que se eu
souber esse segredo, isso me trará mais dor do que não saber. Mas aqui
está a coisa. O não saber, está me matando. Que ele não pode confiar em
mim com isso, que duvida que meu amor seja forte o suficiente para
suportar isso. É isso que está me despedaçando.

Candy estendeu a mão e deu um tapinha na mão dela. ─ Oh, Zoe!


Sinto muito, não é a questão da cinta. Isso parece muito mais fácil de
consertar do que as coisas pesadas pelas quais você e Sam estão
passando.

Harmony bateu palmas. ─ Eu sei! Vamos chamar os quatro cantos


da nossa amiga Zoe. Todo mundo, feche os olhos.

Zoe obedeceu, mas a desesperança se instalou. Ela estava enviando


suas intenções para o universo, só Deus sabe quanto a tempo. Ela soltou
um suspiro apertado. O que machucaria?

─ Saudações aos guardiões da torre de vigia! E Harmonia começou.

Zoe abriu um olho. Era do The Craft.14 Um inferno de um filme de


bruxa adolescente, com certeza. Ela assistiu com Sam e enlouqueceu
com as partes de cobra e insetos.

Harmony levantou as mãos no ar. ─ Pedimos que você cure o


relacionamento de Sam e Zoe e traga luz onde há trevas, traga
honestidade onde há engano, traga confiança onde houver desconfiança.

Zoe esperou. No filme, a merda começou a soprar por toda parte,


mas tudo o que ela sentiu foi o deslize suave de algo esfregando contra o
lado de sua perna.

─ Zoe, querida, Candy Cobbledick disse suavemente.

─ Hmm? Zoe perguntou, olhos fechados.

─ Não mexa um músculo. Fique realmente quieta.

14
The Craft – filme de jovens bruxas

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KRISTA SANDOR
─ Por quê? Zoe perguntou quando a suave sensação de esfregar
desapareceu.

─ Ok, você está bem. Eu não sabia dizer se era venenoso ou não de
onde estava sentada.

Os olhos de Zoe se abriram e ela pulou. ─ Se o que era venenoso?

─ Só aquela pequena serpente passando por você nesse grupo de


terra.

Zoe começou a esfregar a perna freneticamente. Cristo em uma


bolacha! Isso é o que ela ganha por brincar com bruxaria. Ela assistiu
The Craft um zilhão de vezes. Você não mexeu com os cantos.

Harmony deu um tapinha nas costas dela. ─ Zoe, você está bem. A
natureza tem seu jeito de se comunicar conosco.

Zoe pulou, dando um tapa em suas extremidades. ─ Da próxima vez


que estiver em comunhão com a natureza, Harmony, peça que mandem
um coelho ou pássaro. Eu tenho medo de cobras desde que eu era
menina.

Harmony deu-lhe um último tapinha e depois se virou para o grupo.


─ Tudo bem, senhoras, está ficando tarde. Vamos terminar nosso tempo
de meditação com um passeio pela fazenda. Isso vai ser bom para você,
Zoe. Isso ajudará a drenar todo o amarelo da sua aura.

─ Inteligência? Como Sam tem? ela perguntou. Ela parou de pular e


passou a procurar na clareira qualquer outro arauto da natureza.

─ Não, não, sua aura é amarela brilhante. Esse é o medo de perder


o controle.

─ Oh, ela respondeu, pegando seu tapete de ioga e se juntando aos


outros para passear pelos caminhos de terra. As coisas com Sam podem
estar fora de controle, mas uma caminhada a ajudaria a ganhar controle
sobre seu real objetivo de vir aqui: aprender sobre o centro de detenção
de meninas.

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KRISTA SANDOR
O retiro estava situado em uma fazenda de dois mil acres. Em sua
caminhada até a clareira no campo de girassol hoje de manhã, eles
passaram por vários prédios menores. Ao longe, vira uma estufa com
jornais cobrindo todas as janelas, um silo, alguns celeiros e um estábulo.
Mas ela não tinha visto nenhum animal. O centro de detenção das
meninas ficava a leste deles. Se o programa de mapas de satélites dela
estivesse correto, a instalação deveria passar por algumas pequenas
lagoas de retenção e outro grande campo de girassol. Parecia haver uma
cerca, mas ela não podia dizer muito sobre isso a partir da imagem de
satélite.

Marta, Leanne e Candy seguiram em frente, mas Zoe ficou com


Harmony para cavar um pouco.

─ Você e Bud estão aqui há muito tempo? ela perguntou, sacudindo


o encontro da cobra e mudando para o modo repórter.

A mulher cruzou as mãos na frente dela. ─ Há pouco mais de um


ano. Vamos aonde o vento e a oportunidade nos levam.

Zoe olhou em volta. ─ Não há muito por aqui. Apenas sua fazenda e
aquela prisão, certo?

Harmonia se arrepiou. ─ Não é uma prisão. É um centro de


reabilitação juvenil para meninas. Não há ameaça de criminosos
perigosos na área.

Zoe assentiu. Harmony sabia uma coisa ou duas sobre os vizinhos.


Ela precisava continuar cavando. ─ Você já teve meninas entrando em
sua propriedade?

─ Como se eles estivessem tentando fugir? ─ Harmony perguntou,


um fio de incredulidade em seu tom.

─ Claro, eu não deixaria passar um adolescente problemático, Zoe


ofereceu, vendo se Harmony morderia.

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KRISTA SANDOR
─ Não, não temos nada a ver com eles. Eles ficam do lado da cerca
e nós ficamos do nosso. Yin e yang - Harmony acrescentou, os anéis
clicando enquanto ela gesticulava para frente e para trás.

Zoe olhou em volta. A fazenda possuía uma rede de trilhas para


caminhadas que não pareciam muito parecidas com fazendas. Ela
apertou Harmony nele. ─ E por que todas as trilhas?

─ Bud e eu gostamos de incorporar muitas caminhadas e passeios


na experiência do retiro.

Zoe estava atacando, mas a intuição que ela tinha quando estava
trabalhando em uma história dizia que havia algo aqui. Ela simplesmente
não conseguia identificar o que era aquilo. Ela tentou de novo. ─ A estufa
deve ser agradável de ter no inverno. Por que você precisa cobrir as
janelas com papel?

Harmony não respondeu e apressou o passo.

Zoe encontrou seu ritmo. ─ Eu também estava pensando...

─ Zoe, vá devagar, disse Harmony, estreitando o olhar através dos


óculos cor de rosa. ─ Deixe a terra e o ar equilibrar você. Encontre um
lugar tranquilo.

Zoe fechou a boca e assentiu. Isso soou como algo que sua mãe diria.
A Harmony alcançou as outras mulheres, mas Zoe ficou para trás. Ela
olhou para o caminho à procura de criaturas rastejantes quando um
pedaço trançado de tecido trançado chamou sua atenção. Ela atendeu.
Alguém havia feito o que parecia ser uma pulseira de papel higiênico e
algo estava escrito em uma das folhas retorcidas. Zoe gentilmente
desembrulhou o papel para revelar cinco letras: L, A, N, E, Y.

Laney

─ Você vem, Zoe? Candy chamou, acenando para ela.

Zoe olhou para o pedaço de papel torcido. Algo parecia importante


nessa peça de joia improvisada. Cuidados foram postos em torcer e

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trançar. Ela olhou para cima e encontrou Candy em pé na frente dela
com um sorriso gentil.

─ Sim, eu vou, Zoe disse e colocou a pulseira na cintura de sua calça


de yoga.

─ Tudo bem, homens! Eu acho que este é um bom lugar.

Sam diminuiu o passo. As últimas horas do homem incluíam


madeira talhada, cortada e depois empilhada. Ele não tinha certeza se
toda essa atividade madeireira deveria ter alguma correlação com a
madeira matinal, mas estava agradecido pela distração. Ele passou a
maior parte da manhã e agora a tarde ouvindo os homens
compartilharem suas razões para vir ao retiro. Depois que você vasculhou
toda a besteira, ela se resumiu mais ou menos a uma coisa.

John Payne queria mais sexo.

Lee Morehead queria mais sexo.

E Stu Cobbledick... sim, mais sexo.

Os homens não são tão complicados.

Depois do Wood Skills 101, eles haviam percorrido vários caminhos


na propriedade, passando por alguns campos e indo em direção a um
lago sereno. Passando por cima de arbustos e galhos para descer ao
banco, Sam seguiu os homens na parte de trás da mochila. Foi um dia
quente. O outono pode ser assim no Kansas. Um frio no ar um dia, no
dia seguinte, trinta e cinco graus e sol. Ele arregaçou as mangas, expondo
as tatuagens em seus braços musculosos. Ele olhou para a tinta preta e
a imagem de uma bota de combate cravejada. A bota de Zoe. A tinta
começou como um ritual para lembrar de suas viagens. Mas, depois da
morte de Kara e do filho que ainda não nascera, seu desejo por um pedaço
de casa e uma parte de Zoe havia sangrado nos desenhos. Zs cursivos
sutis entrelaçados nos padrões, mantendo cada elemento unido.

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O peito dele se apertou. Zoe era a cola que mantinha todos unidos.
Seus amigos. A família deles. A cidade deles. Seu coração tinha amor
suficiente por tudo isso e ele estava prestes a perdê-la, prestes a afastá-
la. Ele engoliu em seco pelo nó na garganta.

Ele não teve escolha.

Bud parou perto da beira da água e levantou as mãos para o céu. ─


É um dia glorioso, pessoal. É o momento perfeito para praticar a
importante arte de criar confiança. O homem virou-se para ele. ─ Sam,
você ficou muito quieto. Stu, Lee e John compartilharam bastante, mas
mal ouvimos falar de você. Depois da noite passada, e Zoe saindo da mesa
durante o exercício de ancoragem, eu queria lhe dar uma chance de
conversar. Bud apontou para o lago. ─ Deixe a água acalmar sua alma.
Libere os encargos que você carrega e compartilhe com o grupo.

Sam andava de um lado para o outro e passava as mãos pelos


cabelos.

─ Aposto que sei, ofereceu Stu Cobbledick. ─ Zoe quer usar uma
cinta e você não acha que gosta. Mas tenho que lhe contar, pela minha
experiência...

Sam levantou as mãos. ─ Stu, eu vou parar você aqui. É um pouco


mais complicado que isso.

Stu coçou a cabeça como se nada pudesse ser mais complicado do


que um enigma.

─ Ela quer sexo de manhã, e você quer de manhã, meio-dia e noite?


Lee Morehead pressionou.

Sam balançou a cabeça. Lee não estava errado. Ele queria Zoe há
anos, anos de merda. Ele repetiu a memória dos dois dias juntos tantas
vezes que sulcos devem ter sido usados nas sinapses da memória em seu
cérebro. E com o passar dos anos, ela só ficou mais bonita, mais
independente, mais atrevida e mais sarcástica. Mais Zoe.

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Ele olhou para a água e estava de volta com ela no lago Boley. Lábios
pressionados contra os dela sob a superfície da água. Mãos segurando
sua cintura, puxando-a contra ele. Aqueles seios perfeitos e molhados
pressionados contra o peito. E esse sentimento - estava além do desejo
sexual. Era como encontrar um lugar secreto. Um lugar onde apenas os
dois existiam. Era o paraíso na terra, e ele tinha estragado tudo.

Ele fechou os olhos. ─ Eu machuquei Zoe. Eu machuquei muitas


pessoas por minhas ações. Isso veio à tona recentemente, e agora acho
que a perdi para sempre. Ela vai embora.

John Payne colocou a mão no ombro dele. ─ Por que você não pode
simplesmente dizer a ela o que ela quer saber?

─ Eu acho que isso a machucaria mais, ele respondeu, mas a


resposta pareceu obsoleta.

─ Você acha que machucaria mais do que perder o que vocês dois
têm juntos? Bud perguntou.

─ Eu acho que se ela soubesse a verdade, isso também a afastaria.


Eu perco não importa o quê. Pelo menos eu consegui mantê-la perto de
mim por tanto tempo.

─ Eu não acho que você está dando a Zoe crédito suficiente, disse
Stu.

O corpo de Sam ficou rígido. ─ O que você quer dizer? Tudo o que
eu sempre quis fazer foi proteger a felicidade dela.

John apontou para ele. ─ E se você é a felicidade dela? E se você


estiver se protegendo da reação dela? E se isso não for sobre Zoe?

Sam cruzou os braços. ─ Eu terminei de compartilhar. Eu aprecio o


que vocês estão tentando fazer. Só não acho que funcione para Zoe e eu.

Bud assentiu. ─ Obrigado por compartilhar, Sam. Você pode não


estar pronto para dar o salto e contar a Zoe seu segredo agora, mas nunca
sabe o que o universo reserva.

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Sam soltou um suspiro apertado. Ele sabia exatamente o que o
universo tinha reservado para pessoas como ele. Nada. Ao contrário de
seus amigos e familiares que encontraram o amor, ele sempre seria
aquele cara ao fundo, servindo bebidas e contando piadas.

Uma batida passou, e então Bud fez um gesto para o grupo se reunir.
─ Tudo bem, homens! Agora, nós nos despimos.

Os olhos de Sam se arregalaram. O que havia com esse lugar e nu?

─ Despir? John Payne ecoou, passando de um lado para o outro.

Bud, mais uma vez vestindo sua camiseta 100% de cânhamo,


passou a roupa por cima da cabeça e a jogou em um galho de árvore
saliente. ─ Absolutamente! Nós descobrimos nossas almas. Agora vamos
comungar com a natureza como homens!

Sam ficou lá, congelado. Certamente, nenhum dos caras iria fazer
isso. Mas assim que o pensamento passou por sua mente, Stu Cobbledick
e Lee Morehead deixaram cair as calças.

Jesus! Eles estavam fazendo isso.

O olhar de John Payne dançava nervosamente entre os homens


despidos. ─ Posso manter minha boxer?

Bud jogou suas tetas brancas no galho de árvore com o resto de suas
roupas. ─ Claro! Seja lá o que você estiver confortável.

John encontrou seu olhar. ─ Sam, me ajude.

Porra! Algo sobre o seu tamanho parecia fazer os caras menores, os


nerds, agradarem-no. Não de qualquer forma sexual, mas era como se
soubessem que ele lutaria contra qualquer valentão que lhes desse
problemas. Era assim que ele passara a escola e o traço ainda ressoava.

Sam deixou cair o queixo no peito. ─ Sim, cara, eu vou ficar de cueca
também.

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Ele se despiu e olhou ao redor do grupo, com cuidado para manter
o olhar acima do umbigo. Ele não era de julgar, mas depois de ouvir
algumas das histórias que Stu compartilhou sobre as predileções sexuais
do Cobbledick, ele ficou surpreso que o pênis do cara ainda estivesse
preso e em bom estado de funcionamento.

Bud bateu palmas. ─ Homens, este é um exercício de confiança. Nós


vamos nos revezar caindo. Você vai deixar completamente ir e confiar que
nós, seus companheiros nus, vamos pegá-lo. Você terá que desistir do
controle e acreditar que temos o que é preciso para não deixar você cair
no chão.

Sam olhou ao redor do grupo. Lee Morehead era um cara de


tamanho decente, e ainda tinha pelo menos dezesseis e quarenta libras
no homem. Em seguida, ele verificou o chão. Folhas cobriam o banco.
Quando ele bateu no chão - algo que ele tinha certeza de que iria
acontecer quando chegasse a sua vez - não deveria ser tão ruim.

Um por um, os homens se revezaram em queda. Coisas bastante


comuns de formação de equipes, menos os paus expostos. Quando
chegou a vez de John Payne, o homem parecia pronto para vomitar.

─ Não se preocupe, John. Nós vamos pegá-lo. Bud assegurou.

Sam assentiu. ─ Sim, você está seguro, amigo.

John ficou mais pálido. ─ Não posso machucar minhas mãos. Esse
é o meu sustento. Um dentista não pode simplesmente dizer a alguém
como fazer um canal radicular em si mesmo. Não posso orientá-lo na
maneira correta de impressionar uma coroa.

Lee Morehead revirou os olhos. ─ Nós entendemos. Cuidado com as


mãos.

John subiu o banco até o local onde Lee, Stu e Bud haviam se
lançado.

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─ Lembre-se, John, começou Bud. ─ Você vai aceitar essa confiança
e aplicá-la ao seu casamento. Isso ajudará a abrir abertura e um novo
entendimento do seu relacionamento com sua esposa.

John olhou para o homem com uma expressão vazia.

─ Isso também deve te proporcionar mais sexo, acrescentou Bud.

John assentiu e olhou em sua direção.

Sam deu um sorriso encorajador. ─ Você ficará bem, John. Aproveite


sua energia. Porra! Ele não sabia o que dizer. Ele com certeza não era
especialista em confiança.

John virou as costas para o grupo.

─ Vou contar com você, John, disse Bud.

O homem assentiu.

─ Três, dois...

Mas, antes que Bud chegasse a um, John trêmulo se jogou para trás
e girou no ar. Os outros homens saíram do caminho do homem agora
debatido, mas Sam ficou parado. Braços abertos e tentando avaliar como
esse filho da puta louco iria cair, ele pegou o homem por uma perna e um
braço. Eles foram para o lado do banco quando algo cortou seu traseiro.

─ Porra, inferno! ele gritou, ficando de pé.

John se levantou. Ele moveu as mãos, testando cada dígito. ─ Estou


bem! Minhas mãos estão bem.

─ Estou feliz que suas mãos estão bem. Sorte sua que minha bunda
sofreu o impacto da sua queda - ele disse, e congelou ao ver uma cobra
de cor cobre com um corpo bronzeado recuado para atacar novamente.

─ Puta merda! Ele pulou fora do caminho. ─ Essa coisa me mordeu?

Os olhos de Stu Cobbledick se iluminaram. Certamente que sim.


Posso dar uma olhada?

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─ Minha bunda? Você quer dar uma olhada mais de perto na minha
bunda?

─ Sim, é isso que eu faço, acrescentou Stu.

─ Você é proctologista? ─ Lee Morehead perguntou.

Stu balançou a cabeça. ─ Não, sou herpetologista.

─ Isso não é herpes, cara. Acho que fui mordido por um chefe de
cobre - disse Sam. Aqueles pequenos bastardos eram perigosos.

─ Sim, você fez. Cabeça triangular, cor cobre. Olhos em forma de


gato. Faixas de ampulheta correndo ao longo do corpo. A copperhead é
bastante comum no leste do Kansas - comentou Stu, tão frio quanto um
pepino.

Sam tentou manter a calma. ─ Esses bastardos são venenosos,


certo?

Stu assentiu. ─ Eles certamente são.

John Payne franziu a testa. ─ Então, você é proctologista, mas sabe


muito sobre cobras?

─ Não, sou herpetologista. Candy também. Estudamos répteis e


anfíbios. Atualmente, estamos investigando os fatores ambientais que
podem estar afetando os rituais de acasalamento da copperhead. Você
vê, durante a reprodução, os machos se tornam bastante agressivos. Até
as fêmeas entram e tentam combater um macho que quer se reproduzir.
Aqui está um boato interessante. A fêmea copperhead sempre rejeita um
homem que recua de uma briga com ela.

─ Aqui está outro boato interessante, Sam interrompeu, seu nível de


pânico aumentando um pouco. ─ Aquele filho da puta peçonhento me
mordeu!

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Stu sorriu. ─ Claro, a copperhead te atacou. São como cascavéis por
terem sensores de calor. Foi assim que essa cobra em particular soube
morder você. Você invadiu o espaço dela.

─ A bunda de Sam é quente? Por isso que ela mordeu? perguntou


Lee Morehead, inclinando a cabeça para dar uma olhada na bochecha
mordida de Sam.

Stu entrou no modo professor. ─ Todos os nossos bumbuns são


quentes para uma cobra com sensores de calor.

Os homens assentiram como se estivessem assistindo a uma porra


de uma aula sobre natureza.

Sam esticou a cabeça, tentando dar uma olhada na mordida. ─ Ei,


Dr. Herpes! O que vai acontecer comigo?

Foi isso? Ele iria morrer de uma picada de cobra cercada por um
grupo de homens nus que ele mal conhecia? Sua cabeça começou a girar.
Seus pensamentos ficaram confusos. Então tudo ficou claro como cristal
e ele viu um rosto. Uma pessoa. Seu único amor.

Zoe.

Ele realmente a deixaria ir? Tudo o que ele queria fazer era protegê-
la de seu passado, mas isso só lhe trouxe dor.

Ele agarrou o braço de Bud e olhou ao redor do grupo, os olhos


implorando. ─ Eu preciso que você envie uma mensagem para Zoe.
Preciso que você diga a ela que a amo, e se eu tivesse a chance, contaria
tudo a ela. Ela poderia me questionar como Tom Cruise em Questão de
Honra, exceto que eu não puxaria uma merda de Jack Nicholson, 'você
não pode lidar com a verdade'. Não, eu contaria tudo a ela. Eu diria
qualquer coisa a ela. Porque você sabe o que?

Os homens se aconchegaram ao seu redor.

─ O que? John Payne perguntou.

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─ Ela pode lidar com isso. Ela é mais forte do que qualquer pessoa
que eu conheço. Eu tenho sido um tolo. Um gigante, idiota por anos. Ele
olhou de Bud para Lee e John. Ele não sabia onde diabos Stu estava,
mas isso não importava. Esses homens podiam dizer a Zoe que ele estava
errado.

─ Mas Jack Nicholson contou tudo a Tom Cruise, disse Lee


Morehead.

John Payne assentiu. ─ Sim, ele está certo. Tom Cruise diz: ─ Você
pediu o código em vermelho? ─ E então Nicholson é como, 'Você está
certo, eu fiz!'

Sam fez uma careta. Cristo, sua bunda está doendo! ─ Bem! Então
diga a Zoe que eu puxaria um total de Jack Nicholson. Eu contaria tudo
a ela. Eu pediria o código. O que ela quisesse, eu faria!

Os homens começaram a discutir os pontos mais delicados de


Questão de Honra quando Stu Cobbledick reapareceu.

─ Você não vai morrer, Sam.

Stu deve ter ficado atrás dele o tempo todo olhando para sua bunda!

─ Eu olhei a mordida na sua bunda. Está um pouco inflamado, mas


quase não há inchaço. Tudo que você precisa fazer é lavá-lo com água e
sabão.

Sam ofegou. ─ O que? Dói como um inferno!

─ Sim, você foi mordido por uma cobra venenosa. Mas você está
andando por aí, gritando coisas, e sua respiração é normal. Muito poucas
dessas mordidas são fatais, especialmente para um homem do seu
tamanho. O olhar dele caiu.

Sam pegou sua cueca boxer que havia caído quando ele caiu
pegando o dentista com as preciosas mãos do caralho. Ele se ajustou,
certificando-se de que todas as suas partes impertinentes não fossem

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KRISTA SANDOR
expostas. Ele encontrou o olhar de Stu. ─ Eu não preciso de antiveneno?
Não preciso ser levado às pressas para o hospital?

Stu balançou a cabeça. ─ Não, acho que você ficará bem. Você não
é criança. Você não é idoso. Suponho que você não esteja tomando um
medicamento imunossupressor.

Sam respirou fundo quando uma onda de alívio caiu sobre ele. ─ Eu
vou ficar bem?

─ Sim, você deveria ficar bem.

O olhar de Sam saltou entre os homens. Um sorriso do tamanho do


Texas se estendeu por seu rosto. ─ Posso dizer a Zoe que a amo e que
quero contar tudo a ela?

Bud bateu palmas nas costas. ─ Sim, Sam, você pode! Que avanço!

Sam olhou para a água, sentindo-se como um novo homem. ─ Eu


estou indo fazer isso! Eu tenho que fazer isso!

─ Vamos ajudá-lo, Sam! O que podemos fazer? ─ John perguntou


quando os homens assentiram.

─ Tem que ser grande, pessoal. Eu realmente estraguei tudo.

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KRISTA SANDOR
14
─ Vocês tem certeza de que isso vai funcionar?

Sam olhou em volta para os homens - todos correndo de cueca. Na


pressa de voltar para Zoe, ele havia esquecido sua camisa e calça. Stu,
Lee e Bud tiveram o bom senso de vestir a roupa de baixo, mas não o
grande senso de pegar todas as roupas. Ainda assim, esses homens
estavam indo para ajudá-lo a recuperar Zoe. Vestido ou parcialmente
vestido, ele lhes devia um grande tempo.

John Payne tentou recuperar o fôlego. ─ Nós cantamos duas vezes.


Não é perfeito, e você parece uma merda absoluta, Sam. Mas é o gesto, e
é a única música que todos conhecemos. Apenas cante o refrão e você
ficará bem.

Em sua corrida quase nua de volta para a fazenda enquanto


discutiam gestos românticos, descobriu-se que Lee, John e Stu haviam
cantado em grupos de homens a cappella na faculdade, e a única música
que todos se lembraram foi Boyz II Men ─ Me ajoelho aos seus pés.

Brega pra caralho! Mas foi o melhor que eles tinham, e já que ele é
um gigante e extravagante ruivo, ele já sabia as palavras. Porque no final
do dia, era realmente uma música infernal.

─ O canto deve trazer Zoe para fora, e então eu vou me ajoelhar e


implorar, disse Sam enquanto corriam pelo caminho de terra e a casa da
fazenda apareceu.

John concordou. ─ Acho que é o melhor que temos agora. Você


sempre pode mostrar a ela a picada de cobra na sua bunda. Isso pode
lhe dar um pouco de simpatia.

─ Não, eu vou liderar com todo o Jack Nicholson, eu sei que você
pode lidar com a coisa da verdade.

─ Você tem certeza que ela viu o filme? Perguntou Lee.

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─ Sim, todo mundo já viu esse filme. Assistimos a isso alguns anos
atrás e encenamos.

Os olhos de Stu se arregalaram. ─ Na cama?

Sam balançou a cabeça. ─ Não, cara, não na cama! Quem diabos


interpreta esse filme na cama?

Stu encolheu os ombros.

─ Acabamos de brincar com o papel de 'lidar com a verdade' na voz


de Jack Nicholson. Jesus, Zoe foi adorável naquela noite. De pé no sofá
dele. Copo de vinho na mão. Rosto comprimido, encenando a cena. Eles
riram por horas fazendo isso.

─ Você usou brinquedos sexuais? ─ Stu pressionou.

Sam precisava se concentrar, mas o doutor herpetologista aqui


estava tirando ele da pista. ─ Stu, cara! Não! Nós estávamos apenas
brincando.

Mas não havia tempo para outra execução. Eles chegaram na casa
da fazenda, mas as mulheres não estavam lá dentro. Estavam sentados
em cadeiras de balanço na varanda da frente, passando por coisas que
pareciam cilindros de vidro. Sam parou bruscamente nos degraus que
levavam à varanda, e os homens se espalharam ao redor dele.

Zoe apontou uma coisa de tubo de vidro para ele. ─ Onde estão suas
roupas?

As mulheres olhavam para os homens, as sobrancelhas unidas em


expressões perplexas. Marta Payne parecia pronta para dizer algo quando
o marido estalou os dedos e os contou. Em quatro batidas rápidas, os
homens mal vestidos estavam cantando uma introdução decente de a
capella, com Bud adicionando um barítono bastante adorável à mistura.
Sam balançou a cabeça. Ele tinha que entrar no jogo. Essa era sua
grande chance.

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Ele caiu de joelhos e olhou para a varanda. Zoe estava diante dele.
Agora, mais perto, parecia que ela estava segurando um pênis de vidro
gigante.

Foco!

Os homens fizeram alguns oohs e ahhs e uma fantasia soando uma


coisa de capella que realmente parecia funcionar antes dele se juntar. O
queixo de Zoe caiu quando ele cantou seu coração. Ele lançou um olhar
para as outras mulheres. Agora, elas estavam todas sorrindo.

Jesus! Talvez isso funcione!

Ele voltou o olhar para Zoe, que parecia boquiaberta - um termo que
ele não usava de ânimo leve - e seus olhos azul-acinzentados brilhavam
com lágrimas quando ele terminou de cantar o refrão.

Os homens pararam de cantar.

Sam engoliu em seco. ─ Zoe, eu não quero te perder.

─ Sam, eu

Ele estendeu a mão para ela. ─ Espera! Deixe-me dizer o que preciso
dizer.

Seu lábio inferior tremia, mas ela assentiu.

─ Eu estraguei tudo. Eu retive as coisas de você. Não fui o homem


que você precisava ou mereceu nos últimos anos.

Uma lágrima escorreu por sua bochecha.

─ Isso tudo muda agora. Ele respirou fundo e canalizou Jack


Nicholson. ─ Eu sei que você pode lidar com a verdade.

Zoe inclinou a cabeça para o lado. ─ O que?

Sam balançou a cabeça. Era muito cedo para citar o filme. ─ O que
eu quero dizer é que eu responderei todas as perguntas que você tiver.
Tudo o que você quiser saber, eu vou lhe dizer. Ele respirou fundo. Eu te

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amo, Zoe Stein. Eu te amo desde quando eu jogava você na piscina e
observava você se pendurar nos galhos das árvores. Eu te amo desde que
arrastei sua bunda para fora daquele bar de merda em Kansas City. Eu
te amo desde que você ligou para o bingo malcriado na casa dos idosos.

Ela deu um passo mais perto e enxugou outra lágrima da bochecha


com a uma mão e a na outra segurando um vibrador gigante de vidro.

Ele pressionou. ─ Se você quer ir para Boston, nós iremos para


Boston. Se você quer ir para Denver, nós iremos para Denver. Seu irmão,
meu irmão, meu primo, nossos amigos, todos encontraram amor e
fizeram um lar. Você é minha casa, Zoe. Nossa história começa agora. A
história de Zoe e Sam começa aqui e agora.

Ela desceu da varanda, enxugou outra lágrima e apontou o vibrador


para ele. ─ Você tem que me prometer não mentir mais. Você tem que me
contar tudo, não importa o medo que você tem que possa fazer isso
comigo.

Ele assentiu. ─ Sou um livro aberto, Z. Amo muito você. Quero-te


tanto. Eu até me masturbo ouvindo você no rádio às vezes.

Sua boca formou um oh chocado.

Droga! Muita informação.

─ No rádio? ─ Perguntou Candy Cobbledick.

Zoe olhou de volta para a varanda. ─ Estou na Rádio Pública do


Kansas. ─ disse ela, em seguida, encontrou o olhar dele com aquele brilho
perfeito nos olhos. ─ O que mais você faz?

Seu coração estava na garganta. Essa tentativa maluca de recuperá-


la estava funcionando. Ele engoliu em seco a emoção. ─ Eu tenho uma
barra daquela montanha-russa da qual eu te carreguei, uma haste de
cereja daquele sundae e uma mecha de cabelo com pontas rosadas em
uma caixa na minha gaveta de meias.

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Ela piscou para conter as lágrimas. ─ Isso é assustador, serial killer,
Sam, mas eu estou totalmente bem com isso.

Suas bochechas estavam molhadas. Jesus! Agora ele estava


chorando. ─ Uma cobra me mordeu na bunda hoje, Z.

Os olhos dela se arregalaram.

─ Era uma cobra venenosa, e eu não tinha certeza se iria viver ou


morrer.

Stu balançou a cabeça. ─ Ele nunca iria morrer.

Sam acenou para o médico de herpes. ─ A questão é que eu pensei


que estava. E tudo o que eu queria nesses últimos minutos foi lhe dizer
que queria estar com você. Que eu faria qualquer coisa para provar meu
amor. Não estamos manchados, Z. Nada pode manchar o amor que temos
um pelo outro. Nada. Eu sei disso agora. É tão claro quanto o pênis
gigante que você está segurando.

Zoe olhou para o pau de vidro, rindo entre lágrimas.

Ele falou. ─ Posso beijar você agora, Z?

─ Aguente! Bud chamou, realmente aumentando o momento. ─


Vamos pressionar a pausa naquele beijo.

─ Por quê? ele e Zoe perguntaram em uníssono.

Bud olhou para a esposa. ─ Está na hora. Você sente isso, Harmony?

A mulher se juntou a eles. ─ Na Intimacy Now, adicionamos uma


cerimônia de renovação de votos. Este é o momento perfeito para fazer o
seu.

─ Renovação? Zoe ecoou.

Bud assentiu. ─ Fui ordenado recentemente, então essa renovação


de votos é tão legítima quanto uma cerimônia de casamento real.

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─ Você quer dizer, isso contaria como nos se casar se ainda não
estivéssemos casados? ─ Zoe pressionou.

─ Sim, seria. Eu sou o verdadeiro negócio. Você está pronto? ─ Bud


perguntou.

O olhar de Zoe mudou de Bud e caiu sobre ele.

Ele pegou a mão dela. ─ O que você diz, Z? Eu nunca quis mais nada
em toda a minha vida. Quer se casar comigo... de novo? ele acrescentou,
quase esquecendo que eles já deveriam ser um casal.

Ela sustentou o olhar dele, e ele viu tudo o que sempre desejara em
seus olhos.

Ela sorriu. ─ Sim, eu vou casar com você.

Seu coração estava pronto para explodir. Em pé na frente de uma


casa de fazenda em sua cueca boxer, ele sorriu como um idiota para a
mulher que ele amava toda a sua vida que tinha acabado de concordar
em se casar com ele enquanto empunhava um pau de vidro gigante.

Verdade seja dita, ele não teria tido outra maneira. Essa situação
louca, bizarra, cômica e bonita era deles.

─ Todo mundo, gritou Harmony. ─ Venham ao redor deles!

Os casais se uniram. Marta Payne se juntou ao marido e beijou sua


bochecha. ─ Você não canta há anos, John.

Leanne pegou a mão de Lee. - Nem você, Lee. Isso me lembrou


quando você costumava cantar para mim antes de termos as meninas,
disse ela, os olhos brilhando de lágrimas.

Candy tomou seu lugar ao lado de Stu. Um brilho travesso brilhou


em seus olhos. ─ Você deu uma boa olhada na mordida de cobre na
bunda de Sam?

─ Ah, sim, respondeu Stu da maneira mais assustadora possível: ─


Ah, sim

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Mas Sam não se importou se Stu Cobbledick esboçou sua bunda e
pendurou na geladeira. Ele estava prestes a se casar.

─ Por favor, tire seus anéis e entregue-os para mim, Bud dirigiu.

Zoe olhou para o pênis de vidro. ─ Alguém poderia levar isso? ela
perguntou, como uma noiva pronta para entregar seu buquê à madrinha
da noiva. Exceto que, no caso deles, era um vibrador.

─ Eu aceito isso, ofereceu Candy.

Sam tirou o anel e entregou a Bud, e Zoe fez o mesmo.

Candy se inclinou para ver melhor seus anéis. ─ O design trançado


de suas alianças me lembra a pequena cabeça de cobre que passou por
você hoje, Zoe.

─ Você teve uma corrida com uma cobra também? ─ Sam perguntou.

Zoe assentiu. ─ Sim, passou por mim e roçou minha perna quando
estávamos meditando no campo.

─ O que eu te disse, Zoe? Harmony entrou na conversa. ─ Você e


Sam foram visitados por uma cobra, e isso mudou o curso do seu
relacionamento. ─

Zoe assentiu com relutância. ─ Eu ainda odeio as malditas coisas.

Ele pegou as mãos dela. ─ Depois de hoje, eu também não gosto


desses bastardos escorregadios, Z. Mas eu seria feliz de ser mordido mil
vezes se isso levasse a se casar com você.

─ Começaremos? Bud perguntou.

─ Sim, Zoe sussurrou, segurando o som por mais um segundo como


um silvo de cobra.

Cristo Todo-Poderoso! Essa mulher!

Bud começou a ficar poético, divagando sobre os mistérios do


universo, mas Sam não conseguia se concentrar em suas palavras.

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Diante dele estava a luz de sua vida. Felizmente, seu cérebro sintonizou
quando Bud falou as palavras que ele apenas sonhava em ouvir.

─ Zoe, você considera Sam como seu legítimo marido ?

Os olhos dela brilhavam com lágrimas. ─ Eu faço.

─ Sam, você aceita Zoe como sua legítima esposa?

Ele soltou as mãos dela e segurou suas bochechas. ─ Antes de dizer


que sim, quero fazer três promessas, Z.

Ela descansou as mãos sobre as dele. ─ OK.

─ Eu prometo nunca esconder nada de você novamente, e prometo


nunca ser um saco de paus que arrasta os dedos.

─ Essas são duas boas, disse ela, piscando para conter as lágrimas.
─ Qual é o terceiro?

─ Prometo sempre honrar sua força e seu espírito todos os dias pelo
resto da minha vida.

─ Obrigado, ela sussurrou.

Ele largou as mãos e olhou para Bud.

O homem assentiu. ─ Agora, Sam, você considera Zoe sua legítima


esposa?

Ele segurou o olhar de Zoe. ─ Eu faço.

─ Os anéis, disse Bud, entregando seu anel a Zoe.

─ Coloque o anel no dedo de Sam e repita, com este anel que eu te


torno meu legítimo esposo.

Zoe deslizou a aliança no dedo e repetiu a frase.

─ Sua vez, Sam

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Ele segurou a mão dela. Uma mão que ele conhecia tão bem quanto
a sua e gentilmente passou a faixa trançada pelo dedo dela. Ele olhou
nos olhos dela. ─ Com este anel, eu te torno minha legítima esposa.

─ Pelo poder investido em mim pela Get Ordained Fast ponto com,
agora eu os declaro marido e mulher. Sam, você pode beijar sua noiva.

No espaço de uma respiração, Zoe pulou em seus braços. Ela


colocou as pernas em volta da cintura dele. ─ Parabéns, Sr. Stein. ─
Cristo! Eu amo você ─ ele disse quando seus lábios se uniram.

Ele a segurou no lugar com uma mão apoiando sua bunda enquanto
a outra enfiava seu cabelo. Alívio, luxúria, euforia e adoração correram
através dele. Era como esperar uma vida inteira para abrir uma garrafa
de preço inestimável do seu vinho favorito e descobrir que tinha um sabor
ainda melhor do que você imaginava. O passado, o presente e o futuro se
sobrepuseram. Nada existia, exceto essa mulher e seu vínculo
inquebrável. Ele aprofundou o beijo, traçando a costura dos lábios dela
com a língua. Ela abriu e suspirou em sua boca.

Quando ele a beijou ontem, ele foi movido pela luxúria e desejo. Ele
permitiu que a culpa e a dor o segurassem exatamente como o segurara
todos esses anos. Agora ele estava livre. Livre para amá-la. Livre para ser
seu marido, seu verdadeiro parceiro.

Ele endureceu, seu comprimento grosso desesperado por estar de


volta dentro dela. Zoe balançou contra ele, e ele apertou sua bunda. Ela
apertou seu aperto, balançando os quadris de um lado para o outro,
moendo contra seu pênis.

─ Hum... Sam? Zoe?

A voz de Bud rompeu sua pequena bolha de luxúria. Zoe se afastou


e olhou em volta.

Droga! Ele havia esquecido que oito pessoas estavam assistindo. Zoe
soltou seu aperto, e ele gentilmente a colocou no chão.

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Bud estendeu uma chave. ─ Parabéns!

─ Para que é isso? ─ Zoe perguntou, pegando o pedaço brilhante de


metal.

Harmony sorriu. ─ Vocês dois vão passar a noite no bangalô do


amor.

─ O amor o que? ele perguntou.

─ É uma cabana isolada na propriedade. Guardamos para casais


que fizeram um avanço significativo, respondeu Bud. ─ Basta seguir o
caminho que tomamos para voltar para a fazenda e virar à direita na
lagoa.

─ Aproveite sua noite de renovação do casamento! ─ Harmony


adicionou.

Candy Cobbledick estendeu o pênis de vidro gigante. ─ E não se


esqueça disso.

─ Oh, obrigada, Candy! Importa-se de deixá-lo no nosso quarto? Eu


não acho que vamos precisar disso esta noite, disse Zoe, graciosamente
virando o pau para baixo.

Isso deu a ele um segundo para avaliar sua situação de roupas ou


falta de roupas. ─ Dê-me dois segundos. ─ disse ele, olhando para seu
enorme tesão. ─ Eu acho que gostaria de vestir algumas roupas e
encobrir a ereção gigante? ela forneceu com um sorriso travesso.

─ Isso ─ e está ficando um pouco frio, ele respondeu, jogando uma


piscadela para ela. Ele não deu a mínima para quem viu seu tesão
gigante. Nada poderia acalmar seu ânimo, mas com o sol começando a
se pôr, ele sabia que o clima de outono no Centro-Oeste poderia mudar
rapidamente.

─ O frio não pareceu afetar sua... Stu Cobbledick começou, mas Zoe
o interrompeu.

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─ Vá vestir algumas roupas, mas não me deixe esperar muito tempo.

Como um velocista do quarteirão, ele correu para dentro da casa,


subiu as escadas e entrou no quarto deles. Agarrando um par de jeans e
um moletom, ele correu para o corredor, quase caindo de bunda
enquanto descia as escadas ainda puxando uma perna da calça. Ele
irrompeu pela porta e saiu para a varanda.

Zoe ofegou. ─ Isso foi assustadoramente rápido.

─ Parece que alguém está pronto para sua segunda lua de mel,
acrescentou Lee Morehead.

Leanne acariciou o braço do marido. ─ Eu poderia fazer uma


reencenação da nossa lua de mel.

Sam examinou o grupo. Uma vez tensos e desconfortáveis, os casais


agora se encaravam carinhosamente. Olhe para isso! Ele não só tinha
pegado a garota. Seu esquadrão de homens também parecia estar no
caminho de recuperar o êxito conjugal.

Ele e Zoe se despediram e seguiram o caminho. Depois de alguns


minutos, ele olhou para Zoe, que ficou quieta.

Ela estava na cabeça dela. Ele apertou a mão dela. ─ Você quer que
eu conte o que escrevi agora?

Ela olhou para ele. ─ Eu certamente não quero que você comece a
se masturbar com a minha voz. Então, é melhor eu deixar você falar.

Ele riu. Lá estava ela aquela alma linda que sempre podia aliviar a
carga. Ele a viu fazer isso centenas, talvez milhares de vezes. De
estranhos a seus amigos e familiares mais próximos, ela tornou tudo
mais fácil, mais brilhante e mais seguro. Ela fez o que pesasse em sua
mente um pouco mais leve, uma medida mais administrável. Ele pensou
que isso seria difícil. Riscar isso. Ele nunca pensou nisso porque jurou a
si mesmo que nunca iria compartilhar os detalhes da morte de Kara com
ninguém - especialmente Zoe. Durante anos, ele envolveu a morte de

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Kara em camadas e mais camadas de culpa e dor. Ele deixou de ser uma
lembrança e se tornou mais como um peso que ele carregava, todos os
dias o arrastando para baixo.

Mas não mais.

Os grilhões estavam soltos. Apenas a ideia de que ele iria


compartilhar esse segredo com ela o deixou mais leve. Eles continuaram
o caminho e se voltaram para a lagoa, onde uma pequena cabana com
um balanço solitário na varanda ficava ociosa ao pôr do sol.

Eles andaram pelo caminho, e ele apontou para o balanço. Ele


queria fazer isso aqui fora. Uma vez que ele a trouxe para dentro, a única
conversa que ele queria ter era uma conversa suja.

Ela sentou-se e ele andou pela varanda aconchegante, reunindo


seus pensamentos. Ele olhou para cima e a encontrou observando-o.
Aqueles olhos cinza-azul inteligentes o observavam. Possuí-lo. Confiando
nele. Ela deu um salto infernal com ele. Era hora de cumprir sua
promessa.

─ Eu disse que Kara tinha encontrado meu diário.

Zoe assentiu, deixando-o falar.

─ O que ela leu foi uma carta que eu escrevi para ela. Eu a deixaria
para ficar com você. Prometi ajudá-la a criar o bebê sustentá-los
financeiramente e ser um pai de verdade para a criança. Mas eu não
poderia ficar casado com ela. Não quando meu coração lhe pertence. Eu
ia conversar com meu tio e ver como se divorciar ou anular. Eu não sabia
o que você pensaria de toda a situação de eu ter uma esposa e um bebê.
Eu apenas tinha a sensação de que poderíamos sobreviver.

─ Então tudo foi para o lado, disse ela.

Ele assentiu. ─ Sim. Ela entrou em casa gritando e agitando meu


diário. Ela pegou minhas chaves, pegou a sua e saiu no carro. Eu não
podia ir atrás dela a pé, então corri para a casa principal. Conrad estava

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lá. Eu disse a ele o que tinha acontecido. Eu disse a ele o que ela tinha
lido e que havia saído. Eu vi algo realmente assustador nos olhos dele.
Veja bem, o pai deles - o juiz - tentou deixar a mãe quando Conrad e Kara
eram jovens. Ela estava grávida na época também. Ela saiu e pulou de
uma ponte logo depois que ele confessou que a estava deixando por outra
mulher. Conrad compartilhou tudo isso em nosso caminho para a ponte.

Zoe pressionou a mão no coração. ─ Oh, Sam.

─ Eu não sabia nada disso, Z. Eu sabia que a mãe de Kara faleceu


quando era mais jovem, mas ela me disse que sua mãe havia morrido
durante o sono de um ataque cardíaco - uma condição de saúde que ela
não sabia que tinha. Mas isso não era verdade. Assim que contei a
Conrad o que ela lera, era como se ele soubesse o que ela faria.

Zoe deu um tapinha no lugar ao lado dela no balanço. ─ Eu odeio


que você tenha que carregar isso sozinho.

Ele se juntou a ela, e eles balançavam para frente e para trás, o ritmo
tão calmo agora como quando costumavam balançar lado a lado quando
crianças. Ele soltou um suspiro apertado. Lamento não ter lhe contado.
No começo, eu simplesmente não queria que essa loucura a tocasse. Eu
estava preocupado que você sentisse algum tipo de responsabilidade ou
sentisse que desempenhou algum papel na morte de Kara.

Ela pegou a mão dele. ─ Eu também não deixei você falar quando
me encontrou no estacionamento do hospital. Eu sabia que você tinha
algo que precisava dizer, mas não quis ouvi-lo.

Ele balançou sua cabeça. ─ Não, eu poderia ter encontrado um


tempo para lhe contar. Mas então, eu estava com tanto medo de perder
você. Quando você voltou a Langley Park após a morte de sua cunhada,
pelo menos, eu a tinha como amiga. Com o tempo, me senti preso, como
se não pudesse fazer a coisa certa, não importa o que acontecesse. Eu
não queria que você sentisse culpa ou dor por Kara e pela morte do bebê,
mas sabia que estava machucando você, mantendo-a a distância.

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─ Olhe para mim, Sam.

Ele levantou o queixo. Ele estava olhando o anel na mão dela.

─ Você é o homem mais gentil que eu conheço. Você passou a vida


inteira colocando as necessidades dos outros acima das suas.

─ Mas e as suas necessidades, Z?

Ela olhou para o pôr do sol. ─ Aprendi bastante sobre a vida sendo
repórter. Eu já vi pessoas no seu melhor e pessoas no seu pior. Eu
conheci muitas pessoas em circunstâncias difíceis. A vida muitas vezes
oferece escolhas bem ruins. As pessoas são forçadas a escolher entre
alternativas terríveis. Mas há uma coisa que separa as pessoas boas das
ruins - e essa é a intenção. Ela se virou e segurou o olhar dele, aqueles
olhos cinza-azulados o acalmando. ─ Você nunca teve a intenção de Kara
fazer o que ela fez. Você tentou fazer o certo por ela. Você nunca
abandonaria seu filho. Você não é sua mãe. Você não é, Sam. Kara
prendeu você em uma situação terrível. Você fez o melhor que pôde.

─ Ainda assim, eu deveria ter confiado em você, Z. Eu deveria ter


confiado em sua força. Eu estava muito fraco. Com muito medo de perder
você. Com muito medo de machucá-la mais do que eu já tinha
machucado.

─ Você não é fraco, Sam. Parte meu coração saber que você perdeu
um filho? Sim. Mas o que dói ainda mais é que você teve que carregar a
dor sozinho. A partir deste momento, o que quer que a vida jogue contra
nós, nós a carregamos juntos.

Ele segurou o rosto dela na mão. ─ Como eu tive a sorte de ter você
como minha esposa?

Ela sorriu quando uma lágrima solitária desceu por sua bochecha.
─ Eu realmente gosto de machos muppets ruivos gigantes, e nunca amei
e nunca amarei alguém do jeito que eu te amo.

Foi isso. A absolvição. O perdão. A aceitação. A remissão.

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Havia o amor que ele conhecia sempre existia, mas estava assustado
demais para correr o risco de perder. Ele se inclinou e pressionou seus
lábios nos dela, e ela se derreteu em seu beijo, assim como na primeira
vez em que seus lábios se encontraram, quentes e aconchegantes em sua
cama. Só foi preciso um suspiro doce, e ele estava duro como uma rocha.
Ele a levantou no colo e ela montou nele. Ele agarrou sua bunda, e ela
pressionou os seios em seu peito, girando os quadris e esfregando contra
seu comprimento duro, seus corpos voltando ao ritmo sensual que nunca
haviam esquecido.

Ele enfiou a mão sob o suéter dela e apalpou um peito doce. Ele
aplicou pressão no mamilo, e ela empurrou os quadris. Era como se não
houvesse tempo. A primeira vez que eles fizeram amor não pareceu a
primeira vez. Mesmo naquela época, ele conhecia o coração dela. Ele
conhecia o corpo dela. E agora? Ele passou os últimos cinco anos
memorizando tudo sobre ela. Ela era toda a sua fantasia. Ele imaginou
cada toque, cada lambida, cada impulso. Ele poderia ter morrido um
homem feliz, transando seco em um balanço na varanda, mas eles
tinham um chalé inteiro para si, e ele tinha anos de desejo reprimido de
soltar o corpo dela.

Ele se levantou com ela ainda em seus braços. ─ Onde está a chave?

─ Bolso, ela respirou, beijando uma trilha na orelha dele.

Uma onda de calor encheu seu peito, lembrando-se da primeira


noite em que a carregou para dentro da casa dos pais dela. Exceto agora,
ele não estava carregando a irmã caçula de seu amigo, que ele tinha a
tarefa de ficar de olho. Ele estava carregando sua esposa e não precisava
sentir nenhuma culpa por todas as coisas sujas e deliciosas que ele
queria fazer com ela. Não, ela era dele, e ele era dela, e nada poderia
acontecer entre eles.

Ele pegou a chave do bolso dela. ─ Você se lembra daqueles shorts


jeans que você usava na primeira noite?

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Ela pegou o lóbulo da orelha dele entre os dentes e ele respirou
fundo. ─ Sim, eu sei de qual você está falando, ela ronronou.

─ Você ainda os tem?

Ela sorriu contra o pescoço dele. ─ Eles estão na minha penteadeira


na casa dos meus pais. Por quê?

─ Estamos pegando aqueles shorts assim que voltarmos ao Langley


Park, ele rosnou, pressionando-a contra a porta.

Ela encontrou o olhar dele. ─ As botas ainda estão lá também.

Ele apertou seu aperto na bunda dela. ─ Cristo! Eu te amo, Z.

─ Abra a porta, marido, ela sussurrou. ─ Eu tenho algo debaixo das


minhas roupas que acho que você vai gostar.

Ela não precisava dizer isso duas vezes. Ele a amaria em um saco
de batatas. Mas o brilho travesso em seus olhos lhe disse para não
esperar serapilheira. Ele destrancou a porta, fechou-a atrás deles e a
pressionou contra a parede, salpicando o pescoço com beliscões e beijos.
Estava escuro dentro da sala. Ele bateu na parede, procurando por um
interruptor de luz. Ele queria absorver cada centímetro dela. Depois de
um momento, sua mão apertou um botão e ele ligou.

─ Puta merda, Sam! Olhe para este lugar!

Ele virou a cabeça e quase deixou a esposa cair. Ele nunca tinha
visto uma suíte de lua de mel antes. Mas esse lugar parecia em parte
barraco de amor e em parte filme de terror. Uma cama gigante em forma
de coração estava no canto da sala principal. As paredes, pintadas de
vermelho sangue, estavam afixadas com correntes e algemas. Um poste
de stripper brilhava na luz ao lado de uma mesa coberta com alguns dos
brinquedos sexuais mais assustadores que ele já tinha visto.

Ele encolheu os ombros. ─ Pelo menos, estamos começando a usá-


lo antes dos Cobbledicks.

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Ele a colocou no chão e ela foi até o poste de stripper. ─ Não podemos
dizer que nossa noite de núpcias não será memorável.

─ Estou pensando em fazer desta uma das noites mais memoráveis


da sua vida

Ela passou a mão pelo mastro. ─ Eu tenho um pouco de experiência


com isso. Jenna me arrastou para um desses lugares.

─ Um clube de strip? ele perguntou, completamente deslumbrado.


A esposa de Ben, uma professora de leitura e uma garota bastante
esperta e adequada, não parecia do tipo que coloca notas de dólar nas
cordas-G.

Zoe colocou a perna em volta do poste. ─ Não, uma aula de pole


dance.

─ Uma aula de stripper?

Ela deslizou pelo poste. ─ Não! Bem, sim, mais ou menos. É um


treino e tanto. Fazer isso parecer fácil e não é.

Ele desejou ter trazido sua carteira. ─ Você está fazendo parecer
fácil.

─ Eu só fui a algumas aulas com ela.

─ Como eu não sabia que você estava tendo aulas de stripper?

Zoe colocou a perna em volta do poste e recostou-se, encontrando o


olhar de cabeça para baixo. ─ Uma mulher precisa ter alguns segredos.

Ele assentiu. A conexão entre seu cérebro e sua boca não parecia
estar funcionando.

Ela agarrou a vara. ─ Eu sei alguns movimentos. Você quer vê-los?

Outro aceno.

Ela apontou para as calças de ioga e a jaqueta de lã. ─ Todas essas


roupas dificultam.

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─ Você definitivamente deveria tirá-las, sugeriu. Graças a merda,
seu cérebro estava funcionando novamente especialmente porque todo o
sangue estava correndo para seu pênis.

Ela abriu o zíper, jogou-o no chão e revelou um sutiã vermelho de


renda. Uma onda de calor foi direto para seu pênis.

Mas ela não terminou.

Polegada por polegada, ela deslizou as calças de ioga pelas pernas,


descobrindo o fio dental mais sexy que ele já tinha visto. Ela chutou as
calças para se juntar a sua blusa de lã e deu outra volta no poste.

Foi isso. Ele oficialmente não tinha sangue viajando para o cérebro.
Seu pênis havia assumido o controle do navio e não abandonaria o
controle tão cedo.

Ela deu um sorriso sexy. ─ Veja como isso funciona. Na ponta dos
pés. Segure a vara com a mão dominante.

─ Eu sabia.

─ Oh sim? Você é especialista em pole dance? ela brincou.

─ Não, eu sei que você é destra. Quando eu fantasio sobre você, essa
é a mão que você sempre usa em mim.

Ela passou as pontas dos dedos pelo poste. ─ Você não precisa mais
imaginar isso.

Sua respiração veio em suspiros apertados. Como diabos ele iria


passar por essa lição?

Ela agarrou a vara, deu alguns passos e começou a girar. Vestida


com a lingerie mais sexy que ele já viu, ele desabotoou a calça e pegou o
pênis na mão.

─ Senhor, disse ela com um ronronar e outro olhar para trás. ─ Esse
tipo de comportamento é reservado para a sala de champanhe.

─ Eles têm uma sala de champanhe na sua classe?


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KRISTA SANDOR
─ Não, eu só estou indo com essa coisa de sedução de stripper. Como
eu estou indo?

─ Estou prestes a explodir aqui, então eu diria que você está


acertando.

Ela fez outra volta. Desta vez, abrindo as pernas em um V largo


enquanto descia o poste.

Foi isso. Se seu show de stripper durasse mais um segundo, ele iria
perdê-lo. Ele fechou a distância entre eles e passou o dedo pela clavícula
dela. ─ Precisamos chegar a esta sala de champanhe agora.

─ Você parece um grande gastador, senhor...

─ Stein. Eu sou Sra. Zoe porra Stein.

Ela riu. ─ Inferno, sim, você é.

Ele nunca se cansaria daquele brilho nos olhos dela. Isca ele.
Desafiando ele. Ele passou as mãos em volta da cintura fina e a levantou
do chão. Ela colocou os braços em volta do pescoço dele e o beijou com
uma fome que ele conhecia muito bem.

Ele a levou para a cama e deitou seu corpo na superfície sedosa. Ela
mordeu o lábio enquanto ele traçava um dedo em seu estômago e o
enganchou na faixa do minúsculo pedaço de tecido posando de calcinha.
─ Você parece Natal.

─ Eu me perguntava por que precisava fazer minhas medições


quando me inscrevi. Acontece que lingerie e a festinha de brinquedos
sexuais em que vocês entraram fazem parte do retiro. Esse pequeno
número e aquele pau gigante de vidro estão voltando para casa conosco.

Seu pênis se contraiu. ─ Nós vamos atingir todos os retiros. O tempo


todo.

Outra risadinha doce. ─ É assim que você pode adicionar à sua


coleção de brinquedos sexuais de vidro?

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KRISTA SANDOR
Ele passou o moletom por cima da cabeça, tirou a calça e a cueca e
depois subiu na cama. ─ Pensando bem, acho que somos muito bons no
departamento de atração. Acho que não precisamos de retiros do Intimity
Now para nos ajudar a alcançar nosso pico de platô sexual.

─ Conversa extravagante, Sr. Stein. Como vamos fazer isso?

Ele beijou uma linha do lóbulo da orelha dela pelo corpo e se


estabeleceu entre as coxas. ─ Eu pensei em começar por aqui, disse ele,
removendo seu fio dental.

─ É um ótimo lugar para começar, ela ofegou quando ele passou a


língua sobre as delicadas dobras dela.

Tão doce. Sua excitação revestia seu núcleo, e ele lambia cada gota
antes de agarrar sua bunda e trabalhar. Zoe subiu nos cotovelos, seu
olhar encontrando o dele enquanto ele punha um ritmo lambendo e
chupando seu lugar mais sensível. Não havia nada mais quente do que
assistir a esposa morder o lábio e gemer de prazer. Ela era a perfeição, e
ela era toda dele.

─ Sim, Sam! ela respirou.

Ele deslizou um dedo dentro de seu calor úmido, enviando-a para o


limite. Seu corpo resistiu contra ele, cavalgando onda após onda de
prazer. Depois de provar cada gota do prazer dela, ele encontrou o olhar
dela e lambeu os lábios. Com um olhar satisfeito, ela passou a mão pelo
cabelo dele, depois torceu as mechas e puxou. A sensação foi direto para
seu pênis, doendo de desejo.

─ Beije-me, disse ela, guiando-o pelo comprimento de seu corpo.

Com o gosto dela ainda na língua dele, suas bocas se encontraram


em uma troca acalorada de necessidades arbitrárias. Ela se abaixou e o
pegou nas mãos, acariciando-o lentamente. ─ Eu acho que gosto mais
deste que do que eu tinha quando me casei com você.

Ele sorriu contra os lábios dela. ─ Você fez…

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KRISTA SANDOR
─ Use, ela forneceu, passando a língua pela costura dos lábios dele.
─ Não, ainda não. Tudo o que eu quero é isso. Ela o acariciou com mais
força.

Exatamente como ele gostava.

Mas esta noite não estava prestes a terminar com um trabalho de


mão.

Gentilmente, ele a deteve, pegando o pulso dela e prendendo-o acima


da cabeça. ─ E tudo que eu quero é isso, disse ele, empurrando seu pau
dentro dela. Ela estava tomando pílula. Ele sabia disso. Ele viu o pequeno
estojo no banheiro dela e a queria nua, assim como a tinha quando
fizeram amor no lago Boley.

Ela arqueou para ele, e ele prendeu o outro pulso acima da cabeça.
Seus seios haviam se libertado da meia-taça rendada. Seus mamilos
estavam apertados de excitação, pérolas perfeitas em cima de seus seios
gostosos. Ele se afastou e empurrou novamente, observando os seios dela
saltarem enquanto a dirigia repetidamente, bombeando e empurrando.

Ele aumentou o passo. ─ Nunca esqueci como é sentir você. Nós nos
encaixamos perfeitamente, Z. Você é o meu par perfeito em todos os
sentidos. Você é meu tudo perfeito.

Ela lambeu os lábios, observando-o, os olhos escuros de desejo. Ele


manteve os pulsos magros acima da cabeça com uma mão enquanto a
outra deslizava pelo corpo dela e segurava seu quadril. Ela ofegou, e seu
olhar passou por ele, então seus olhos se arregalaram.

Ele olhou para cima. Claro, este lugar tinha um espelho no teto. Ele
se viu transando com ela, músculos apertando e ondulando enquanto se
movia acima dela, moendo e bombeando. As pernas dela o envolveram.
Seus seios balançavam a cada movimento. Eles eram gloriosos, mas o
verdadeiro show estava embaixo dele. Ele soltou os pulsos dela e
pressionou o polegar entre as coxas, encontrando seu feixe de nervos
sensível, liso com sua excitação.

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KRISTA SANDOR
─ Sam, é... ela gemeu.

─ Somos nós. É tudo. É para sempre, Z. ele rosnou, a voz tensa de


esforço.

Ela chamou, corpo tenso, olhar colado no espelho. Ela gostava de


assistir. Que porra louca excitante! Ele dobrou o passo, tão perto, mas
também determinado a torcer cada gota de prazer.

Ela enfiou os dedos nos dele. ─ Sim!

Ele não conseguiu se segurar. Ele teve que se juntar a ela. Com outra
série de bombas pesadas que tiveram as molas da cama rangendo e a
cabeceira batendo contra a parede, ele encontrou o que queria. Em uma
onda de luxúria e amor que tudo consome, ele conheceu seu orgasmo
como um tornado que encontra um maremoto. O calor surgiu através
dele enquanto seus corpos suados se moviam em perfeita harmonia. Ele
segurou o rosto dela, pegando seu olhar, compartilhando esse momento,
essa promessa tácita de que eles sempre seriam o único um para o outro.

─ Tudo começa agora, Zoe, ele respirou, afastando alguns fios soltos
da testa dela.

Ela segurou sua bochecha. ─ O que começa agora?

─ Nossas vidas juntas. Nossa história. Um novo capítulo começa


hoje. Um capítulo em que eu mostro o quanto eu te amo e começo a
adorar esse corpo incrível todos os dias pelo resto de nossas vidas.

Ela deu um sorriso doce. ─ Como uma garota poderia dizer não a
isso?

Ele olhou nos olhos dela e estava em casa. Desse dia em diante, ele
acordava com esses olhos, os mesmos olhos cinza-azulados da garota que
ele amava a vida inteira.

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
15
Zoe acariciou a bochecha de Sam. Quente e segura em seu abraço,
ela olhou para seu lindo rosto. Quantas noites ela dormiu com a imagem
do sorriso fácil dele flutuando em sua mente enquanto pairava à beira da
consciência? Demais para contar. Ela passou as pontas dos dedos sobre
o plano duro de seu abdômen, e uma onda de calor foi direto para seu
lugar mais sensível. Tudo naquele homem era grande, duro e forte.

Eles optaram por renunciar aos grilhões e brinquedos sexuais, mas


tiraram vantagem dos espelhos. E quando eles tiveram um momento para
olhar ao redor da cabana, descobriram que aqueles objetos estavam por
toda parte.

Ela nunca pensou em si mesma como uma voyeur, mas assistir Sam
empurrando e bombeando nela era hipnotizante. Era quase demais para
aguentar, vê-lo manipular seu corpo, observando-o guiá-la para cima e
para baixo em seu eixo duro enquanto ela segurava o poste de stripper.
A qualidade erótica. O desejo de ceder às necessidades mais desonestas
e vê-lo perder o controle, os dedos pressionando a carne dela quando
encontrou sua libertação, fez seu corpo doer por mais.

─ Olá, esposa, ele sussurrou, puxando-a para mais perto.

─ Marido. A palavra tinha um sabor doce como açúcar e sol.

Ele virou o corpo dela, e suas costas descansaram contra seu peito
largo. A mão dele roçou seu estômago e depois se moveu mais baixo para
envolver seu sexo. Ele fez movimentos quentes e preguiçosos contra seu
ponto ideal. Ela ficou molhada, seu corpo formigando de antecipação
quando o comprimento duro dele passou por sua entrada.

Sob as cobertas, não havia espelhos. Esse sexo era diferente. Antes,
seus corpos tinham sido digitados, famintos por contato, como um
viciado que precisava de outro golpe. Mas agora, enquanto ele se movia
dentro dela em um ritmo lento e sensual, esse ato de amor falava de dias

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KRISTA SANDOR
chuvosos e banhos quentes. Era o lugar oculto e confortável onde você
encontrava a paz perfeita.

O arranhão de sua nuca causou arrepios na espinha quando ele


beijou seu pescoço. A respiração dele ficou quente contra a pele dela. Ela
girou os quadris, subindo cada vez mais alto, o pênis dele a enchendo,
esticando-a em movimentos lentos e medidos enquanto a mão dele a
trabalhava, sabendo exatamente o ritmo que ela precisava para encontrar
alívio. Em um emaranhado de suspiros e gemidos, eles se reuniram na
escuridão. Dois corpos sempre quiseram ser um.

─ Você está fazendo isso difícil, ela respirou.

─ Eu vou te mostrar duro. Ele beijou a pele sensível atrás da orelha


dela.

─ Não, ela riu com um suspiro. ─ Você está dificultando que eu saia
da cama.

─ Por que você precisaria sair da cama? ele perguntou, sua mão
segurando seu peito, seu polegar esfregando círculos suaves sobre seu
mamilo apertado.

─ Eu não quis te acordar.

Ele parou. ─ O que está acontecendo, Z?

Ela ficou tensa nos braços dele. ─ Eu queria dar uma olhada... fora.

─ Você queria tentar dar uma olhada no centro de detenção?

Ela assentiu. ─ A fronteira não está longe de onde estamos. Não


queria te acordar.

─ Você ia se esgueirar e me deixar aqui?

Ela se virou nos braços dele. ─ Eu sou a esposa mais insensível?


Pelo menos não vou deixar você por esse vibrador de vidro.

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KRISTA SANDOR
Ele riu. ─ Não, você não é insensível, e tenho certeza de que posso
fazer você vir mais rápido do que aquele pedaço de vidro. Então, não
estou muito preocupado com você fugindo.

Ela deu um beijo na bochecha dele. ─ Verdade.

Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. ─ Z, você é


atenciosa e motivada. Eu sempre amei isso em você. Mas aqui está a
coisa. Somos uma equipe. Você não precisa passar a noite sozinha.
Fazemos isso juntos.

─ Você não se importaria de correr por um campo, escondendo-se


nas sombras às duas da manhã só para dar uma olhada nas instalações
de detenção juvenil de meninas?

Ele acariciou sua bochecha. ─ Cantei uma músca pop dos anos 90
a cappella e casei com você de cueca. Acho que estabelecemos que não
há muito que eu não faria por você.

Ela ficou de joelhos e acendeu a lâmpada. Banhados pela luz quente,


os cabelos de Sam brilhavam em tons de vermelho e castanho escuro.
Ela correu um dedo pela bochecha dele e estava prestes a sair da cama
quando seu olhar caiu no antebraço dele. ─ São todos os Zs?

Ele sentou-se e traçou alguns com o dedo indicador. ─ Sim.

─ Como eu não percebi isso? ela disse, torcendo o braço dele e


congelando. ─ Eles são para mim?

─ Tudo é para você, Zoe. Depois que Kara morreu, eu me mudei


bastante. Mas eu sempre me certificava de ter tinta para levar um pedaço
de onde quer que estivesse comigo. Alguns meses após sua morte, eu
estava andando pelas ruas de Calgary quando uma garota passou por
mim usando botas de combate como você costumava usar. Encontrei o
estúdio de tatuagem mais próximo e pedi para incorporar um Z e uma
bota no design. Eu estava tão sozinho. Eu senti tanto sua falta.

─ Essa é a minha bota, disse ela, olhando mais de perto.

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KRISTA SANDOR
─ Eu vi você em todos os lugares. Era a minha maneira de manter
você comigo, mesmo que eu não pudesse ter você.

Este homem.

Ela pensou que tinha sido tão fácil para ele mantê-la à distância.
Acontece que ela foi tatuada em cima dele por mais de uma década.

Ela piscou para conter as lágrimas e segurou sua bochecha. ─ Você


vai conseguir um para o nosso casamento?

─ Claro! Eu estava pensando em nossos anéis e talvez uma cobra


torcendo através deles.

Ela ofegou. ─ Sem cobras, Sam! .

Ele sorriu. ─ Tudo bem, minha intrépida repórter, sem cobras.


Agora, o que está na agenda para hoje à noite?

Ela se abaixou e pegou sua jaqueta de lã e cavou dentro do bolso. ─


Este. Ela estendeu um pedaço de papel. ─ É um esboço básico da fazenda
e do centro de detenção. Estava aqui. A imagem de satélite que tirei da
internet mostra alguns edifícios menores e o que acho que pode ser uma
estufa.

Sam assentiu. ─ Caminhamos um pouco hoje. Há uma estufa bem


grande e alguns prédios menores. As trilhas não fazem muito sentido. Eu
sei que isso deveria ser uma fazenda, mas talvez seja tudo para mostrar.

─ Por que você diz isso? ela perguntou.

Ele se inclinou e olhou para o jornal. ─ Não sei muito sobre


agricultura, mas os girassóis e o milho pareciam bastante apanhados.

─ Insetos? Pássaros? ela ofereceu. Ela sabia tanto sobre agricultura


quanto astrofísica.

─ Eu não sei. E para esta época do ano, você pensaria que já seria
colhida agora.

─ Tudo poderia ser para o ambiente de um retiro de fazenda?


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Ele assentiu. ─ Claro, quero dizer, olhe todos os labirintos de milho
que você pode fazer no Kansas. Tudo isso parece ser para mostrar. Eu
não acho que eles colhem esse milho - pelo menos, não para as pessoas
comerem.

Ela bateu no queixo. ─ As instalações na fronteira da Virgínia


também ficavam perto de uma fazenda. Eu não prestei muita atenção
nisso naquela época.

Ele cruzou os braços. ─ Acho que essas instalações de detenção são


provavelmente muito remotas. Você sabe como as pessoas ficam.
Ninguém quer uma prisão ao lado da escola de seus filhos, mesmo que
seja para adolescentes.

─ Sim, isso faz sentido, e eles podem impulsionar a economia de


pequenas cidades. Foi isso que também me causou problemas quando
estava na Zipline Media. Os congressistas não gostam de falar em fechar
uma casa lucrativa fácil para seus eleitores.

─ Dinheiro fácil? ele perguntou.

─ Sim, eles podem cobrar uma fortuna para prender as crianças.


Eles são operados de maneira privada e, portanto, mal precisam relatar
algo. E é um grande negócio. Os principais contratados podem arrecadar
milhões por ano em salário.

Sam franziu o cenho. ─ Isso soa como uma receita para o desastre.

─ Isto é. Se eu quiser fazer uma mudança real e ajudar essas


garotas, preciso ser inteligente dessa vez.

─ O que você quer fazer essa noite?

A emoção de uma investigação a zumbiu. ─ Quero dar uma olhada


na cerca que divide as propriedades. Quero ver se podemos olhar para
dentro do prédio.

─ Não estamos muito longe?

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KRISTA SANDOR
─ Estaremos em terreno mais alto, não muito, mas achei que poderia
nos dar uma chance melhor de olhar para dentro.

─ Tudo bem, parece um plano, disse ele, pegando suas roupas


quando o anel de papel trançado caiu de suas calças de ioga. ─ O que é
isso, Z? ele perguntou, segurando-o.

Ela pegou o papel e gentilmente o torceu. ─ Eu não sei. Encontrei


hoje. Isso me lembrou uma pulseira. Olha, alguém escreveu LANEY.

─ De onde você acha que veio? Alguém no retiro?

─ Não, eu não penso assim. São oito mil para vir aqui. Duvido que
qualquer mulher que frequenta esse tipo de baile sofisticado use jóias
feitas de papel higiênico.

Os olhos de Sam se arregalaram. ─ Oito mil dólares?

─ Sim, encontrar seu prazer conjugal não é barato.

─ O KPR pagou por isso?

─ Não, usei parte do dinheiro que meus avós me deixaram anos


atrás, quando morreram.

─ Zoe!

─ Sam, isso é importante para mim.

Ele pegou as mãos dela. ─ Eu sei. Entendi. Eu fiquei surpreso. Bud


e Harmony estão entrando.

Ela assentiu. Uma batida passou antes que ela encontrasse seu
olhar. ─ Algo está acontecendo neste centro de detenção, Sam. Eu sinto
isso no meu intestino.

Ele apertou as mãos dela. ─ Então, de um jeito ou de outro, nós


vamos descobrir.

─ Obrigado, Sam. Obrigado por me receber. Obrigado por não me


dizer que sou louca ou perseguida por um ganso selvagem.

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KRISTA SANDOR
Aquele sorriso fácil se estendeu por seus lábios. ─ Z, eu amo você.
Sou seu marido. Qualquer que seja a batalha que você esteja travando,
também é minha batalha.

Eles se vestiram e deram uma última olhada no mapa quando ela


puxou o telefone do outro bolso do casaco .

─ Eu pensei que tínhamos que entregar nossos telefones?

─ Aquele era apenas um telefone falso. Adicionei alguns aplicativos


para fazer parecer que eu o usava, mas queria ter meu telefone comigo,
caso precisasse documentar alguma coisa. Eu disse a você, Sam, que
preciso obter evidências reais se quiser que as pessoas acreditem em mim
─ especialmente depois do que aconteceu quando eu estava na Zipline
Media. ─ Se eu estragar tudo de novo, sou apenas uma repórter charlatã
com uma vingança pessoal contra esses lugares. Eu pareço o cara mau.

─ Entendido. Vamos lá. Ela abriu a porta, e uma onda de ar fresco


e o som assustador da brisa agitando os campos os encontraram em um
véu de escuridão. Uma lasca de lua fornecia uma fonte fraca de luz, mas
ela havia esquecido o quão escuro podia ficar no meio do nada. Uma
criatura passou por eles no caminho, algo mole pendurado em sua
mandíbula, e ela congelou.

Sam pegou a mão dela. ─ É apenas uma raposa. Ele está mais
interessado nesse esquilo do que em você.

Ela apertou a mão dele. ─ Eu tenho a lanterna no meu telefone. Eu


poderia ligá-lo, mas não queria chamar a atenção para nós.

─ Isso é inteligente, disse ele, inclinando o relógio em direção ao luar.


─ Mas se quisermos continuar indo para o leste, precisaremos atravessar
esse campo de girassol.

─ Você tem uma bússola nessa coisa?

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─ Sim, quando não estou dirigindo o Park Tavern, sou um homem
de mistério e espionagem. A bússola é útil ele disse, seu tom de
provocação aliviando sua mente enquanto a guiava entre os altos talos.

Ela nunca gostou de girassóis, e não havia nada muito mais


assustador do que a planta murcha à noite. Como cabeças pesadas
demais para suportar o pescoço, as flores se curvavam como fileiras e
mais filas de doces moribundos. Eles caminharam em silêncio, a batida
dos pés na terra uma trilha sonora assustadora para um lugar já
assustador.

─ Até onde você acha que precisamos ir? ele perguntou depois que
eles estavam andando por quinze minutos.

─ Uma milha. Talvez um pouco mais.

─ Deveríamos estar chegando perto então, disse ele, segurando um


grande talo caído quando um zumbido mecânico chamou sua atenção.

─ O que é isso? ela perguntou.

Sam balançou a cabeça. ─ Um alarme?

─ Poderíamos ter tropeçado em alguma coisa? Talvez um alarme


para manter os animais fora dos campos?

─ Está vindo à nossa frente.

Ela deu alguns passos à frente. ─ Do centro de detenção?

─ Acho que sim.

Eles continuaram, o som ficando mais alto.

─ PARE! chamou uma voz ao longe.

Eles se agacharam e Sam a puxou para perto.

Ele espiou entre as ações. ─ Eu não acho que isso seja para nós.

─ Vamos! Temos que estar perto da cerca - ela sussurrou,


avançando.

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KRISTA SANDOR
─ Eu vejo-a! Eu vejo-a! veio outra voz masculina profunda.

─ Pegue ela!

Na escuridão, soluços intensos e tecidos com respirações trêmulas


se aproximaram.

Zoe aumentou o ritmo, quase correndo em direção ao som.

Quem estava lá fora estava tentando escapar.

─ Não, por favor, não! veio um grito fraco e sem fôlego.

Zoe se moveu para avançar, mas Sam a agarrou pela cintura e a


puxou entre os caules. ─ Zoe, fique para trás!

Eles chegaram à cerca uma monstruosidade pesada com arame


farpado dispostos em longas espirais ao longo do topo.

A situação se desenrolou diante deles quando duas lanternas


balançaram não muito longe de uma adolescente, correndo descalça. A
garota olhou para frente e para trás em movimentos selvagens, como se
estivesse esperando que parte da cerca desaparecesse. Em segundos, os
guardas desceram sobre ela, derrubando-a no chão. Quando caiu, jogou
algo por cima da cerca, mas os guardas não pareciam notar. Um riu
enquanto o outro usava um taser no adolescente. Seu corpo ficou rígido
quando a repugnante fenda de eletricidade zumbiu no ar.

Zoe pulou para frente, mas, novamente, Sam a segurou. ─ Nós não
podemos ajudá-la, Z. Eles vão pensar que estávamos em sua tentativa de
fuga.

Ela rangeu os dentes. Droga, ele estava certo. Mas ela queria
destruir aqueles guardas idiotas com as próprias mãos. Dois homens
crescidos armados com tasers contra um adolescente leve e descalça.
Que tipo de monstro sai machucando crianças? Mas assim que a
pergunta passou por sua mente, ela sabia a resposta. Muitos homens
conseguiram seus chutes dessa maneira. Seu trabalho era ser mais

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esperta do que esses malandros e fazê-los pagar. Ela pegou o telefone e
ligou o gravador. Ela sentira falta do taser, mas conseguiria o que podia.

A garota girou no chão quando um dos guardas a puxou para cima.


Por uma fração de segundo, a adolescente olhou através da cerca e
encontrou o olhar de Zoe na escuridão.

Zoe levantou a mão e murmurou: ─ Está tudo bem. Ela não


conseguia pensar no que mais dizer naquele pequeno pedaço de tempo
antes que os guardas a arrastassem para longe.

─ Jesus, Sam, ela respirou, inclinando-se para ele na escuridão.

─ Eu sei. Devemos chamar a polícia?

Ela balançou a cabeça. ─ O que diríamos a eles? Uma garota tentou


escapar, e os guardas a detiveram? Ela fez uma pausa. ─ Mas eu a vi
jogar alguma coisa.

─ Eu também vi isso. Um saquinho? Você acha que podem ser


drogas?

Ela soltou um suspiro lento, tentando acalmar os nervos. ─ Eu não


sei. Vamos tentar encontrar o que quer que fosse.

Eles se moveram devagar, mãos batendo na terra. Ela quase disse a


Sam que voltariam ao amanhecer quando sua mão roçou o plástico.

─ Eu encontrei, ela sussurrou, ficando de pé.

─ O que tem dentro?

Ela abriu a bolsa. ─ Uma pedra, ela respondeu, passando o dedo


sobre a superfície lisa e fria.

─ É isso aí?

Ela olhou para ele. ─ Sim.

─ Que diabos? Por que a pobre garota jogaria uma pedra por cima
da cerca? ele perguntou.

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KRISTA SANDOR
─ Sinta-se por perto. Talvez algo mais tenha acontecido. Deve haver
mais.

Ela caiu de joelhos com Sam fazendo o mesmo a alguns metros de


distância, mas eles não conseguiram encontrar nada.

Sam ficou de pé. ─ Vamos levá-lo de volta para o bangalô . Talvez


algo esteja escrito na sacola que não possamos ver no escuro. Podemos
sempre voltar de manhã, Z ele disse, oferecendo-lhe a mão.

Ela pegou o telefone. ─ Não, eu preciso ver agora.

Sam olhou em volta. ─ Vamos ficar um pouco mais longe da cerca.


Não queremos arriscar.

A adrenalina ainda bombeando em suas veias, ela soltou um suspiro


lento e assentiu. Eles caminharam até chegarem à beira do campo e a
pequena cabana apareceu.

Sam olhou em volta. ─ Ok, devemos estar longe o suficiente.

Zoe bateu no telefone e a tela ganhou vida. Ela apertou os olhos


quando seus olhos se ajustaram à luz e ofegou.

─ O que é isso, Z?

─ Segure isso. Ela entregou-lhe o saquinho.

─ Z, me diga!

Zoe segurou a pedra sob a luz. ─ Não pode ser.

─ Não pode ser o que? Z, você está me assustando aqui.

Ela apontou a pedra para a luz para ele ver. ─ Olha, existem
números escritos a lápis ao longo da superfície.

O olhar de Sam dançou entre ela e a pedra. ─ Ok, mas por que você
parece ter visto um fantasma?

─ Esses números.

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─ E eles? ele perguntou.

─ É um número de telefone.

─ Como você sabe disso, Z?

Seu pulso disparou quando os cabelos na parte de trás do pescoço


ficaram em atenção. ─ Eu conheço esse número.

Ele tocou a pedra. ─ O que é isso?

Ela encontrou o olhar dele. ─ É a principal linha telefônica da Rádio


Pública do Kansas.

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KRISTA SANDOR
16

Sam, balançou a cabeça e olhei para o vibrador de vidro. Eles


chegaram ao último dia do retiro e, Jesus, veja o quão longe eles
chegaram em apenas alguns dias! De duas pessoas que se apegam a uma
amizade taxada por um fio, a se tornar marido e mulher.

Zoe Stein era sua esposa.

Embora isso parecesse quase irreal, ele mal conseguia se lembrar de


como era a vida antes de colocá-la ao lado dele na cama, aconchegada
perto, sua esposa adormecendo nos braços.

Ela colocou uma sacola de produtos de higiene em sua mala. ─ O


que é isso?

Ele levantou o vibrador gigante de vidro. ─ Não queremos esquecer


isso.

Zoe fechou a mala e sorriu. ─ Nem todo mundo se casa segurando


um pênis gigante de vidro. Uma tradição que tenho certeza de que
passaremos por gerações. Aqui, entregue para mim. Tenho espaço para
isso no meu saco de maravilhas da Mary Poppins.

Eles haviam completado o retiro do Intimacy Now, e estava na hora


de partir. Depois da noite no chalé testemunhando a tentativa de fuga do
centro de detenção, eles fizeram o possível para voltar àquele local no
campo. Mas entre os casais Twister e outras atividades de construção de
intimidade igualmente bizarras, não foi fácil encontrar um motivo para
deixar o grupo.

Felizmente, eles encontraram uma oportunidade de se aproximar da


cerca durante o dia. Ontem, Zoe havia declarado que precisava se
conectar apenas com o marido em meio aos girassóis, e realmente
funcionou. Bud e Harmony lhes permitiram pular o seminário sobre

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KRISTA SANDOR
animais espirituais, e passaram algumas horas vasculhando o campo na
esperança de encontrar outra coisa. Algo que poderia explicar por que o
número de telefone do KPR havia sido escrito em uma pedra lançada por
uma garota trancada dentro de um centro de detenção juvenil.

Mas a busca deles não obteve respostas.

─ O que acontece agora? ela perguntou, colocando a mala na cama.

─ Agora, vamos para casa.

─ E esses? Ela apontou para os anéis deles. ─ E isto? ela


acrescentou, segurando a certidão de casamento que Bud lhes dera.

Ele passou as mãos em volta da cintura dela e olhou nos olhos dela.
─ Dizemos a todos que somos casados.

─ Bem desse jeito?

Um sentimento pesado se instalou em seu peito. ─ Eu gostaria de


poder ter conversado com seu pai e pedido sua mão e tudo mais.

Eles te adoram, Sam. Eles estarão sobre a lua. Além disso, amo
meus pais, mas não preciso da permissão de ninguém para se casar. Eu
poderia me casar com uma cabra chamada Chuck. E seria toda a minha
decisão.

Ele sorriu. ─ Então, foi entre mim e uma cabra chamada Chuck?

Os olhos cinza-azulados cintilaram. ─ Sim, mas você tem polegares


oponíveis. Foi isso que te deu vantagem.

Ele a levantou, e ela colocou as pernas em volta da cintura dele. ─


Eu posso te mostrar o que posso fazer com esses polegares oponentes. ─
disse ele, deslizando a mão entre as coxas dela.

Ela se inclinou e o beijou, suspirando em seus lábios quando ele a


acariciou.

Ele perdeu a conta de quantas vezes eles fizeram amor nos últimos
três dias. Depois de viver basicamente como um monge nos últimos anos,
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KRISTA SANDOR
seu pênis estava decidido a compensar o tempo perdido, e o corpo de Zoe
estava na mesma página. Um pincel na ponta dos dedos. Um olhar do
outro lado da sala. Não foi preciso quase nada para fazê-lo duro e pronto
para ela.

Ela olhou ao redor do quarto. ─ Temos tempo?

Ele beijou a orelha dela. ─ Nós temos todo o tempo agora, Z.

Ela estava usando um pequeno vestido de suéter com botas e sem


leggings.

Jackpot15.

Com uma mão, ele desfez a braguilha e, em segundos, ele afastou a


calcinha e estava dentro dela.

Ela ofegou. ─ Como esperamos tanto tempo por isso? ─ Você sempre
valeu a espera, ele rosnou.

Ele a levou para o banheiro adjacente e colocou sua bunda no


balcão.

Zoe olhou para o espelho. ─ Você gosta de assistir. ─ Eu gosto de


assistir você, respondeu ele, puxando-a e virando-a para levá-la por trás.

Zoe agarrou a borda da pia quando ele a empurrou, seus olhos se


encontrando no espelho. Ele massageava seu lugar mais sensível e, em
segundos, ela encontrou sua libertação. Seus olhos se fecharam quando
um doce e sujo gemido escapou de seus lábios. Ele não estava muito
atrás. Observá-la entrar em suas mãos tornou-se uma droga. Quanto
mais ele a tinha, mais ele queria. Ela ofegou, e seu apertado e molhado
centro agarrou seu comprimento duro. Ele veio com força, seu orgasmo
colidindo com seu corpo.

Ela abriu os olhos e encontrou o olhar dele. ─ Agora eu entendi.

15
Um jackpot é um prémio acumulado em máquinas de cassinos ou em sorteios de loterias, onde o
valor do prémio aumenta sucessivamente com cada jogo efetuado e não contemplado com o prémio
máximo

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KRISTA SANDOR
─ Entendeu o que? ─ ele perguntou, escovando os cabelos para o
lado e beijando seu pescoço.

─ Nossos amigos. Cada um deles sempre parece tão...

Ele deu um sorriso irônico. ─ Recém fodido?

Ela riu, mas então sua expressão ficou séria. ─ Eu sempre soube
que seria bom entre nós. Esses dois dias...

Ele sorriu. Apenas a menção daquele tempo despertou emoções


profundamente dentro dele. ─ Eu sei, Z. Eu me lembro de cada segundo
desse tempo.

Ela mordeu o lábio. ─ Parece brega, mas quando acordei naquela


primeira manhã e você estava na cama comigo, eu sabia que não tinha
imaginado que havia algo entre nós. Eu sabia que você era minha alma
gêmea. Ela se encolheu. ─ Eu sei, isso é uma palavra estúpida.

Ele pressionou outro beijo em seu pescoço e saiu dela. ─ Não é uma
palavra estúpida, Z. É exatamente o que somos. Você é minha para
sempre. Você é minha esposa.

Ela sorriu. ─ Diga isso de novo.

─ Você é.

Ele beijou a orelha dela.

─ Minha esposa. Ele beijou sua mandíbula.

─ Bolo de Bundt16! veio a voz de Harmony do corredor.

Zoe pressionou a mão na boca e ele conteve uma risada.

Uma batida ecoou pela sala. ─ Zoe e Sam, tenho um doce em cima
da mesa. Todo mundo está se despedindo, e temos o pessoal da limpeza
chegando.

16
Bolo de Bundt – bolo feito na forma bundt, fica em camadas

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
─ Nós já sairemos. Obrigado, Harmony, ─ Zoe chamou.

─ Parece que é hora de fechar. Você não precisa ir para casa...

─ Mas você não pode ficar aqui, ─ ela terminou.

─ Não tenha pressa, ─ disse ele, dando-lhe alguma privacidade no


banheiro.

Ele pegou suas malas e as colocou no corredor.

─ Sam, ─ ela o chamou.

─ Sim, ─ ele respondeu, encontrando-a na sala segurando a pedra e


o mapa.

─ Eu não quero deixar a área ainda.

─ O que você está pensando, Z?

Ela apontou para um ponto no mapa. ─ A fazenda faz fronteira com


o centro de detenção no lado oeste. Quero ver se havia uma maneira de
dar uma olhada no leste. Parece que pode haver uma estrada antiga que
corre paralela.

─ Claro, vale a pena tentar.

Ela colocou a pedra e o mapa na bolsa e se juntaram aos outros


casais do lado de fora na entrada da frente. Harmony não estava
brincando sobre fechar a loja. Ela tinha pequenas sacolas com duas
fatias de bolo de Bundt, colocadas em um banco, prontas para entregar
aos casais quando eles partissem. Zoe saiu do lado dele para se despedir
das mulheres e foi até os homens.

Ele apertou a mão de John Payne. ─ Eu acho que é isso.

─ Sam, sua renovação de voto com Zoe mudou tudo para Marta e
eu.

─ Sim, Lee Morehead concordou. ─ Cantar lembrou Leanne de por


que ela se apaixonou por mim.

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KRISTA SANDOR
─ Nós também, acrescentou Stu Cobbledick. ─ Ontem à noite no
chalé, prender Candy na parede nos ajudou a lembrar por que nos
apaixonamos.

Sam assentiu, secretamente tão feliz por ele e Zoe terem chegado à
casa antes dos Cobbledicks. ─ Acho que todos estamos saindo daqui em
um lugar melhor com nossas esposas. Eu não poderia tê-la recuperado
sem vocês. Se você estiver em Langley Park, procure-nos.

─ Casais, vamos nos reunir para um último suspiro de limpeza antes


de sair ─ chamou Harmony.

Ele olhou em volta. Bud não estava lá.

Zoe se juntou a ele e pegou sua mão. Candy Cobbledick nos


convidou para visitar a Emporia. Você pode imaginar um fim de semana
no Cobbledicks?

Ele apertou a mão dela e olhou dentro da bolsa, onde o vibrador de


vidro estava entre a carteira e o creme para as mãos. ─ Provavelmente
não precisaria levar isso.

Ela sorriu para ele, um brilho travesso nos olhos.

Harmony olhou para o relógio. ─ Todo mundo, inspire. Todo mundo,


expire. E vamos devolver seus telefones. acrescentou ela, dando a cada
casal a sacola com seus dispositivos.

Zoe pegou a bolsa e jogou o conteúdo na bolsa. ─ Eu acho que é isso.


Eu sei que este lugar era bonito por aí, mas sem ele...

Ele abriu a porta do passageiro para ela. ─ Concordo. Nem quero


pensar onde estaríamos sem ele.

Eles esperaram os outros casais partirem antes de começar a longa


viagem. Depois de alguns minutos dirigindo em silêncio, ele bateu na
perna dela.

─ Tudo certo?

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
Ela balançou a cabeça. ─ Quase não parece real.

Ele olhou para ela. ─ É real. Tão real quanto a cobra que mordeu
minha bunda e tão real quanto os anéis em nossos dedos.

Ela sorriu. ─ Você sabe o quão feliz isso vai fazer Kate?

─ Ela também é minha sobrinha, disse ele, pensando nos dias que
levavam uma Kate pequena para brincar no parque.

─ Oh droga! Zoe disse, puxando uma tonelada de coisas da bolsa. ─


O bracelete! Deixei a pulseira de Kate. Eu o colocava na gaveta da
escrivaninha por segurança e esquecia totalmente de embalá-lo.

─ Poderíamos ligar e pedir para Harmony nos enviar por correio


quando voltarmos a Langley Park , ele ofereceu.

Zoe soltou um suspiro frustrado. ─ Não, Harmony disse que o


pessoal da limpeza estaria lá a qualquer momento. É uma pulseira de
corda, Sam. Eles provavelmente só vão jogar fora. E você conhece Kate.
Ela vai me dar o olhar de Ben, exceto que os dela realmente cortam.

─ Sim, essa garotinha pode lançar um inferno de um olho. Ele fez


uma inversão de marcha e eles voltaram para a fazenda.

─ Pegamos a pulseira e depois dirigimos pelo lado leste da instalaçã,


disse ela, assinalando uma lista de tarefas nos dedos. ─ E preciso
aprender mais sobre esta área.

─ Eu posso ajudá-lo um pouco. Anos e anos atrás, tenho certeza de


que tudo isso costumava ser a Fazenda Anderson. Como no começo das
dezoito centenas, quando eles faziam tudo com cavalos e guardavam seus
produtos perecíveis em porões subterrâneos.

Ela assentiu. ─ Também preciso obter mais informações sobre as


pessoas que administram as instalações de detenção. Até agora, tem sido
uma empresa de fachada após a outra. E eu preciso descobrir uma
maneira de entrar. Uma maneira em que eles não sabem que eu sou
repórter.

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
─ Uma coisa de cada vez, Z, disse ele, entrando no círculo do retiro
do Intimacy Now. As minivans foram embora, mas uma pequena van
branca estava estacionada perto da entrada da casa.

─ Centro de Reabilitação Garrett Grove, disse Zoe, lendo as palavras


impressas na lateral do veículo.

Ele franziu a testa. ─ Por que uma van do centro de detenção estaria
aqui?

─ Eu não sei, mas vamos entrar, respondeu ela.

Eles nem precisaram bater. A porta da frente da fazenda estava


escancarada. Eles entraram, mas foram recebidos em silêncio.

Zoe subiu os degraus. ─ Alguém tem que estar aqui.

Ele a seguiu. ─ Vamos para o nosso quarto primeiro. Pegue a


pulseira e depois dê uma olhada. Não há nada suspeito em voltar para
um item perdido.

Ela assentiu quando chegaram ao topo da escada e se dirigiu para o


quarto deles quando o som de um vácuo clicando rompeu o silêncio.

Zoe girou a maçaneta e entrou no quarto. Ele estava um passo atrás


dela, mas quase caiu quando viu a jovem correndo pelo vácuo.

A garota olhou para cima e encontrou seu olhar. Sam? O que você
está fazendo aqui?

Zoe virou-se para ele. ─ Você conhece ela?

─ Sim, ela trabalhou no Park Tavern. ─ Ele foi até a garota e colocou
a mão no ombro dela. ─ TJ já faz meses. Estávamos todos preocupados
com você. Addison disse que você pode ter se metido em algum problema.

A garota piscou para conter as lágrimas e esfregou a barriga


arredondada. ─ Se você chama ser atropelada com o bebê de um viciado
morto e ficar presa por violar problemas de liberdade condicional, então
eu diria que você está certo.

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KRISTA SANDOR
─ Jesus, TJ!

Zoe olhou para a bochecha da garota. ─ TJ? Você é Tessa Jackson?

A adolescente encontrou o olhar de Zoe e cobriu a marca de


nascença em forma de coração no rosto. ─ Ninguém mais me chama de
Tessa. Quem diabos é você?

Zoe deu um passo mais perto. ─ Sua irmã é Brooke, certo?

─ Você conheceu minha irmã? ─ TJ perguntou em um sussurro


apertado.

─ Eu te conheci antes, Tessa, mas você era muito jovem. Eu me


ofereci no hospital em Langley Park, onde sua irmã estava sendo tratada
de leucemia. Nós nos tornamos bastante próximos.

Os olhos da garota se arregalaram. ─ Você é essa Zoe?

Zoe segurou a mão de TJ. ─ Sim! Onde esta sua familia Onde está
sua irmã? Eles sabem que você está aqui?

Sam suspirou. ─ Os TJ estão no sistema de assistência social.

─ Foster care? Zoe repetiu.

TJ levantou o queixo. ─ Tivemos um acidente de carro. Eu tinha onze


anos. Minha irmã tinha acabado de se formar na faculdade de medicina
quando um motorista bêbado nos bateu. Brooke se tornaria oncologista
pediátrica. Ela havia vencido a leucemia. Sempre que ela falava sobre
esse tempo, ela sempre mencionava que foi seu apoio que a levou a passar
por isso. Mas ela nunca teve a chance. Eles não conseguiram. Meus pais
morreram no impacto, e Brooke morreu alguns dias depois.

Zoe envolveu a garota em seus braços. ─ Tessa, eu sinto muito. Eu


não tinha ideia de que ela faleceu. Brooke e eu escrevemos um para o
outro algumas vezes depois que ela terminou seus tratamentos, mas
perdemos contato ao longo dos anos.

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
Sam soltou um suspiro apertado. Ele conheceu TJ como uma garota
de boca cheia e esperta nas ruas durante o curto período em que ela
trabalhou no Park Tavern. Agora, a fachada da garota durona se foi, e ela
desmoronou nos braços de Zoe.

─ TJ, você falou com seu assistente social? ele perguntou.

─ Ela conseguiu um novo emprego em outro lugar, e fui designada


para um cara novo. Eu nem me lembro do nome dele, e depois fui pega
em furtos e acabei aqui em GiGi.

─ GiGi? Sam perguntou.

Zoe assentiu. ─ É o que algumas das meninas chamam de centro de


detenção. GiGi é a abreviação de Garrett Grove. Maggie me disse isso.

TJ ofegou. - Você falou com Maggie?

─ Sim, Maggie me contou como estão as coisas no centro de detenção


- como as meninas estão sendo feridas. Eu quero ajudar.

Só então, ele ouviu algo. Zoe e TJ devem ter ouvido isso também,
porque cada uma recuou no momento em que a porta se abriu.

Harmony estava na porta, segurando a maçaneta com a mão. ─ Zoe,


Sam, o que você está fazendo de volta?

TJ se virou e puxou os lençóis da cama.

Zoe foi até a mesa. ─ Deixei uma pulseira aqui. De costas para
Harmony, ela abriu a gaveta e removeu o pedaço de corda trançada, mas
antes de se virar, ela secretamente enfiou a mão na bolsa e deixou o
telefone falso na gaveta. Ela olhou para TJ que rapidamente encontrou
seu olhar e continuou com a cama.

Tranquilamente , Zoe levantou a pulseira. ─ Foi um presente da


minha sobrinha. Sinto muito por ter incomodado sua equipe de limpeza.

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KRISTA SANDOR
Harmony olhou de Zoe para TJ. ─ Sim, as meninas do centro de
reabilitação estão apenas fazendo algum serviço comunitário aqui. Estou
feliz que você encontrou sua pulseira. Eu vou levá-lo para fora.

Sam seguiu Zoe até a porta e fez um gesto para ela e Harmony irem
na frente dele. Harmony olhou para TJ antes de lhe dar um sorriso
caloroso e sair pelo corredor atrás de Zoe. Ele olhou para trás e viu TJ
pegar o telefone e enfiá-lo sob o moletom dela, e seu coração afundou.
Ele aprendeu bastante sobre gravidez com Em e Lindsey recentemente
dando à luz. O moletom de TJ escondia muito bem, mas se ele tivesse
que adivinhar, a colocaria grávida de sete meses - talvez oito. E jesus! O
que Zoe estava pensando? Se um guarda do centro de detenção
encontrasse um telefone com suas informações, ela estaria ferrada. Por
que arriscar?

Eles chegaram ao carro e começaram a estrada de partida


novamente. Harmony estava no meio do caminho, com os braços
cruzados enquanto ele acionava a ignição e se afastava da fazenda.
Segundos depois que eles deixaram a propriedade, o portão de ferro se
fechou.

Zoe pegou um bloco de notas da bolsa.

─ Você os viu, Sam? Contei pelo menos quatro outras garotas


limpando enquanto caminhávamos pelo corredor.

─ Harmony disse que eles estavam fazendo serviço comunitário.

Ela balançou a cabeça e folheou o caderno. ─ Aqui está. Perguntei a


Harmony sobre o centro de detenção. Ela me disse que ela e Bud não
tinham nada a ver com isso. Suas palavras exatas foram: 'Eles ficam do
lado da cerca e nós ficamos do nosso'.

Ele olhou para a estrada. ─ Talvez algo tenha mudado, Z. Talvez isso
seja uma coisa nova. Talvez Harmony estivesse envergonhada por você a
ter pego usando trabalho de prisão para limpar seu retiro de oito mil

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KRISTA SANDOR
dólares por pessoa. Mas o telefone, Z? Por que você deixou isso? É um
risco enorme para você e para o TJ.

Zoe levantou o queixo. ─ Sam, eu conheci Tessa quando ela era


criança. Sentei-me com a irmã em várias rodadas de quimioterapia no
verão antes de ir para a faculdade. Se essa garota precisar de ajuda,
quero que ela tenha uma maneira de entrar em contato comigo. Ela
perdeu a família. Ela está em um orfanato. Isso significa que ela não tem
ninguém. Estes são os tipos de meninas que são atacadas. E ela está
grávida. Você percebeu isso?

Ele assentiu. ─ Mas o telefone tem suas informações.

Um sorriso irônico apareceu no canto da boca. ─ Posso dizer que


perdi. Posso dizer que, quando voltamos para pegar a pulseira, devo tê-
la deixado cair. Não seria exagero pensar que uma garota trancada em
um centro de detenção embolsaria um celular abandonado. E agora
sabemos como aquela garota que tentou escapar deve ter conseguido o
número da Rádio Pública do Kansas. Maggie deve ter compartilhado de
alguma forma. Você sabe o que isso significa?

─ Algo ruim está realmente acontecendo lá dentro, disse ele.

Ela soltou um longo suspiro. ─ Eu preciso ajudar essas meninas,


Sam.

─ Você irá.

Zoe tamborilou com os dedos no joelho. ─ Eu preciso de uma


entrada.

Ele parou o carro quando chegaram a um cruzamento empoeirado.


─ Você ainda quer dar uma olhada no lado leste da propriedade?

─ Sim, disse ela, puxando o mapa.

Ele olhou para ele e encontrou a localização deles. ─ Parece que


estamos aqui.

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KRISTA SANDOR
─ Veja! Lá! Zoe disse, apontando para uma velha estrada de terra
com uma única corrente pendurada em dois postes, bloqueando o
caminho.

─ Eu não sei, Z? Pode ser propriedade privada.

Não há sinal. Nada foi publicado. Alguém vem, fingimos ignorância.


Dois viagantes da cidade perdidos nas estradas.

─ Deixe-me ir verificar a corrente e garantir que não haja


espingardas escondidas na sujeira.

Zoe recuou. ─ Espingardas?

─ Você nunca sabe por aqui, Z. Primeiro atiramos e fazemos


perguntas depois nessa terra. Sente-se firme. Eu vou dar uma olhada.

Ele saiu do carro e olhou para a corrente enferrujada. Escorregou


facilmente do poste de metal. Não era para manter as pessoas afastadas,
apenas para detê-las.

Ela se inclinou pela janela aberta. ─ O que você acha?

Ele olhou ao redor. Sem picos. Esta estrada provavelmente


costumava levar a uma fazenda uma vez. Ele desengatou a corrente e
começou a carregá-la para o outro lado quando um carro da polícia veio
andando na direção deles.

De todas as malditas estradas rurais.

O carro parou e Conrad Henshaw saiu do veículo. ─ Pensei ter


avisado você para ficar longe de propriedades particulares.

─ Esta não é sua terra, ele respondeu.

─ Também não é sua.

Sam levantou as mãos. ─ Nós estávamos indo dar uma volta,


Conrad. Não fizemos nenhum dano.

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KRISTA SANDOR
─ Você deixou a cidade grande e desceu até o Condado de Garrett
para dar uma volta por essa estrada rural?

─ Sim, nós fizemos, respondeu Zoe, caminhando em direção a eles.

Cristo! Ele não precisava que ela fosse presa.

Conrad olhou para ela. ─ Levando sua namorada para outro


cemitério da família, Sinclair? Isso é coisa sua?

Um músculo pulsou em sua mandíbula. Talvez fosse ele quem


estivesse sendo arrastado. ─ Ela é minha esposa. Tome cuidado com o
que você diz.

O olhar de Conrad voou para a mão esquerda de Zoe e depois para


a dele. Ele abriu os lábios para falar, mas Zoe o interrompeu.

─ Os proprietários desta propriedade declararam explicitamente que


não querem ninguém viajando por esse caminho? Não vejo sinalização?

O policial estudou seus traços. ─ Eles colocam uma corrente. Isso


me parece bastante explícito, senhora Sinclair.

Zoe cruzou os braços. ─ Você sabe muito sobre o que se passa no


seu país? Deve haver apenas quatro ou cinco policiais totais nessas
partes.

─ Somos dois.

Zoe lançou um bufo condescendente. Ela estava tentando irritá-lo.


─ Então é por isso que você parece não saber o que está acontecendo bem
debaixo do seu nariz.

As feições de Conrad endureceram. ─ Quem diabos é você, senhora?

Ela sorriu. ─ Apenas um cidadã preocupada. Eu sei que você tem


uma prisão por perto.

─ Não é uma prisão. É um centro de reabilitação particular para


meninas jovens.

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KRISTA SANDOR
─ É isso que é?

─ Que negócio é esse seu? ele perguntou.

─ Como eu disse, sou um cidadã preocupada.

Sam olhou entre sua esposa e Conrad. Ele precisava intervir.


Qualquer que fosse o jogo que Zoe estivesse jogando, ela estava andando
perto da borda.

─ Está ficando tarde, Z. É melhor pegarmos a estrada. Ele se virou


para Conrad. ─ Estamos livres para ir?

Conrad cruzou os braços. ─ Parece que você não violou nenhuma lei
ainda.

Ele encontrou o olhar de Zoe e viu aquela cintilação inteligente


dançar em seus olhos cinza-azulados. Ela estava tramando algo. ─ Pronto
para ir?

─ Sim, por enquanto , acrescentou ela, lançando um olhar para


Conrad antes de entrar no caminhão.

Ela entrou e eles foram em direção à estrada principal. Zoe pegou o


caderno e começou a escrever.

Ele soltou um suspiro apertado. ─ O que foi isso com Conrad?

A caneta parou de se mover. ─ Eu precisava senti-lo e ver se ele sabia


alguma coisa sobre o centro de detenção.

─ O que você acha?

Ela colocou o bloco de papel no colo. ─ Quão bem você o conheceu


quando você estava... ?

Os músculos do peito dele se contraíram. Ela queria saber o quanto


ele conhecia Conrad quando era casado com sua irmã.

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KRISTA SANDOR
Ele manteve o olhar treinado na estrada. ─ Nada bem. Sob as
circunstâncias, ele não estava muito feliz comigo. Se bem me lembro, ele
se tornaria policial.

─ Ele te deu uma vibe de policial suja? O pai dele era juiz. Isso é
muito poder para uma família em uma cidade pequena.

O aperto no peito se intensificou. ─ Ainda me lembro do olhar dele


quando lhe disse que Kara fugiu depois de ouvir que queria um divórcio.
Não era raiva. Era um medo cru. Ele tentou convencê-la. Acho que ele
sabia que ela estava incomodada como a mãe deles.

─ Mãe morta. Irmã morta. Pai morto. Esse tipo de perda pode fazer
algo com uma pessoa, disse Zoe.

─ Você acha que ele sabe o que está acontecendo no centro de


detenção?

Ela encostou a cabeça no assento e fechou os olhos. ─ Não tenho


certeza. Mas o que sei é que preciso descobrir uma maneira de entrar no
centro de detenção e isso precisa acontecer em breve.

The Story Of Home


KRISTA SANDOR
17
─ Estamos em casa, Z.

Zoe abriu os olhos. Estava escuro, mas ela conheceria o contorno do


bangalô de Sam's Langley Park em qualquer lugar. ─ Eu devo ter
adormecido.

─ É um trabalho árduo ser uma mulher casada e uma repórter, disse


ele, pegando a mão dela. Então sua expressão ficou séria. ─ Imaginei que
moraríamos aqui. Quero dizer, se é isso que você quer. Sempre
poderíamos ficar na sua casa em Lawrence perto da estação.

Ela encontrou seu olhar vidrado com um dos seus. ─ Eu nem tinha
chegado tão longe.

Ele beijou a palma da mão. ─ Eu não me importo onde moramos,


desde que tenha você ao meu lado todas as noites. Não posso voltar a
viver longe de você.

Um formigamento percorreu sua espinha e se estabeleceu entre suas


coxas. ─ É tão real agora, não é?

Ele assentiu, aquele sorriso fácil de volta no lugar. ─ A coisa toda do


Sr. Stein está realmente afundando.

─ O que nós vamos passar?

─ Eu sei que você provavelmente vai me chamar de peido de gengibre


ou concha ruiva de vez em quando, mas tudo bem, porque não importa
quais combinações de palavras fantasticamente criativas você tenha, a
única coisa que sempre serei é seu marido.

Ela encontrou o sorriso dele com um dos seus. ─ Concha de pau


ruivo? Essa é boa, marido. Ela bocejou. ─ Você sabe o que mais?

─ O que, dorminhoca?

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KRISTA SANDOR
─ É uma pena que não tenhamos fotos da nossa cerimônia de
casamento.

Ele riu. ─ Você pode imaginar, todos os caras apenas de cueca?

─ Temos o vibrador gigante de vidro. Sempre podemos mostrar isso


aos meus pais.

Ele a puxou para perto. ─ Tudo parecia tão romântico quando


estávamos na fazenda.

Ela beijou sua bochecha. ─ Foi romântico, Sam. Eu não teria tido
outra maneira.

Ele deu um beijo na ponta do nariz dela e abriu a porta do carro. ─


Espere aqui. Nós vamos fazer essa parte pelo livro.

Ele correu pela frente do caminhão e abriu a porta dela.

─ Que parte?

─ Esta parte, disse ele, pegando-a para fora do veículo e em seus


braços.

Ele a carregou pela passarela e para a varanda escura.

─ Vou carregá-la acima do limiar como um marido adequado e


depois estragar seu cérebro no balcão da cozinha.

Ela segurou sua bochecha. ─ Eu amo você, minha concha ruiva


gigante.

─ Continue falando assim, e talvez não cheguemos à cozinha.

Ela se mexeu nos braços dele, largando a bolsa na varanda e colocou


as pernas em volta da cintura dele. ─ Tenho certeza que os vizinhos não
se importariam com um pequeno show.

Ele a pressionou de volta na porta, e ela inclinou a cabeça para


encontrar seu beijo. Seus lábios se juntaram, e ela suspirou, a doce

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KRISTA SANDOR
atração do desejo, alívio e amor se manifestando a cada lambida, cada
pincel de pele sobre pele.

Ele passou a língua pela costura dos lábios dela. Vamos entrar.
Tenho todo tipo de idéias sobre o que podemos fazer com uma lata de
chantilly.

─ Diga-me que você também tem calda de chocolate, ela respirou.

─ Eu tenho o maior recipiente que eles fazem.

─ Você tem sorvete?

─ Morango e chocolate, ele respondeu, levando o lóbulo da orelha


dela entre os dentes.

Ela cantarolou sua alegria. ─ E cerejas Maraschino?

─ Que tipo de aberração você pensa que eu sou? Um sorvete sem


uma cereja no topo? Claro, eu tenho cerejas Maraschino.

Ela mordeu o lábio dele. ─ O que você está esperando? Vamos dar a
festa mais desagradável que o Langley Park já viu.

Ele tirou as chaves do bolso, inseriu a chave da casa na fechadura


e girou a maçaneta. Ele se abaixou e pegou a bolsa dela e fechou a porta
atrás deles. Ela se inclinou para outro beijo quando todas as luzes dentro
do bangalô de Sam se acenderam, e as câmeras dos smartphones
começaram a clicar, tirando fotos.

─ SURPRESA! Veio um coro de vozes.

Zoe piscou, tentando se ajustar à explosão de luz e som.

─ Ah Merda! Sam sussurrou.

─ Por que Sam está carregando tia Zoe? veio a voz curiosa de Kate.

Zoe encontrou o olhar do marido. ─ Se eu olhar por cima do ombro,


vou ver todos os nossos amigos e familiares?

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KRISTA SANDOR
Ele assentiu. ─ Você esteve tão ocupada com o trabalho. Nós nunca
comemoramos seu aniversário. Todo mundo queria te surpreender.

─ Esta é uma festa surpresa? Para mim?

Suas bochechas ficaram vermelhas como beterraba. ─ Sim, eu perdi


a noção dos dias com a gente indo para o retiro de casais.

─ Olhe para isso, Monica! veio outra explosão de conversa animada


da sobrinha. ─ É um rolo como os que você tem na padaria, mas este é
transparente!

Zoe conteve uma risada. ─ Sam, você sabe o que acabou de sair da
minha bolsa?

Ele conseguiu escurecer outro tom.

─ É melhor você me colocar no chão, ela sussurrou.

Sam concordou, e ela se virou para encontrar a sobrinha segurando


o vibrador enquanto seus amigos e familiares mais próximos olhavam, de
queixo caído, todos usando chapéus de festa ridículos.

Zoe gentilmente pegou o pau de vidro da menina. ─ Este é um rolo


muito chique. Vou lhe contar tudo quando você for mais velha, Kate.

─ Sobre o meu cadáver, disse o irmão Ben, ainda congelado como o


resto da gangue, exceto que ele recuperou o poder da fala.

Ela examinou o grupo atordoado. Além de sua sobrinha e seu irmão,


sua cunhada Jenna estava lá, juntamente com Em e Michael, Monica e
Gabe, Lindsey e Nick.

Ela encontrou o olhar mortificado de seu irmão. ─ Mamãe e papai?

─ Papai está de plantão e teve que ir ao hospital, e mamãe e sra. G


estão cuidando dos bebês na casa de Em e Michael, ele respondeu, ainda
o único adulto na sala capaz de falar.

Zoe soltou um suspiro aliviado. Graças a Deus ela não teve que
explicar um vibrador gigante de vidro para seus pais esta noite. Ela se
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KRISTA SANDOR
abaixou e pegou a mão da sobrinha. ─ Aposto que seu pai e Jenna não
se importariam se você fosse ao quarto de hóspedes de Sam e jogasse
alguns videogames.

─ Uau! Papai, Jenna, posso? Eu posso? Eu posso?

─ Se a escolha for entre videogames ou jogar com o que acabou de


sair da bolsa da sua tia Zoe, sim, Jellybean, você pode jogar videogames.
Você pode jogar todos os videogames.

A menina bateu palmas e partiu em direção aos fundos da casa.

Quando a porta da sala dos fundos se fechou, Em encontrou seu


olhar com um sorriso brincalhão. ─ Você pode nos contar um pouco sobre
o pênis gigante de vidro que acabou de sair da sua bolsa?

Zoe combinou com a expressão de sua melhor amiga. ─ Hum, olá,


você é quem fala, senhorita Colar de Pérolas. E vocês dois. Ela apontou
para Monica e Gabe. - Devo ligar para vocês, Sr. e Sra. Danadinho
Strudel? E Nick e Lindsey, ninguém precisa de tanta corda náutica.
Estamos no Kansas, pelo amor de Deus. E meu querido irmão e sua
adorável noiva, tenho uma boa idéia de por que sua despensa sempre
parece um tornado. Ela levantou o pau de vidro. ─ Agora, não estou
dizendo que isso é coisa nossa. Mas se fosse, vocês deveriam ser os
últimos a julgar.

─ Não ouvi nada depois que ela disse colar de pérolas. Eu acho que
os genes do meu irmão realmente começaram e temporariamente
desligaram minha capacidade de ouvir ─ disse Ben enquanto Jenna
esfregava suas costas.

Zoe respirou fundo. ─ OK! Agora que abordamos o vibrador, um


pouco de limpeza. Número um, Sam e eu estamos casados, e número
dois, sou sua segunda esposa.

Em sorriu como um idiota. ─ Vocês dois se casaram?

─ Legalmente? Michael perguntou, entrando no modo advogado.

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KRISTA SANDOR
Sam tirou o certificado da bolsa e entregou a ele. ─ O negócio real.
Fiz uma serenata para ela e cantei a capela com um monte de caras que
eu mal conhecia de cueca e depois propus. Nos casamos ali mesmo.

Gabe compartilhou um olhar com Em e Michael. ─ Você é um cantor


terrível.

Em se irritou. ─ Todas essas músicas mostram! Levou anos antes


que eu pudesse tocar qualquer coisa de Rodgers e Hammerstein.

─ Entendi, acrescentou Nick. ─ Eu vivi com Sam apenas alguns


meses. Foi tortura.

─ Hey, disse Sam, cortando. ─ Eu não sou tão ruim.

Michael cruzou os braços. ─ Na verdade, você é.

─ Foi um gesto romântico, disse Sam, gesticulando amplamente.

─ Você não poderia simplesmente ser amigo dela para sempre? Ben
perguntou.

Sam deu um passo à frente e segurou o olhar de seu irmão. ─ Queria


ter conversado com você e seus pais primeiro, Ben. Tudo aconteceu tão
rápido. Mas aqui está a coisa. Eu amo Zoe. Eu me apaixonei por ela
quando você foi para o Arizona com seus pais, e você me pediu para ficar
de olho nela todos esses anos atrás. Jesus, eu provavelmente a amei
antes disso. Só não me deixei ir lá porque ela era sua irmãzinha. Mas eu
prometo a você e vou contar isso para sua mãe e seu pai também, vou
amar, apoiar e proteger Zoe todos os dias pelo resto da minha vida. Ela é
dona do meu coração, cara. Ela sempre fez. Foi apenas uma situação
louca para nos fazer perceber que pertencemos um ao outro.

Jenna sorriu para o marido. ─ Você pode imaginar uma combinação


melhor para sua irmã?

─ Um convento?

Zoe suspirou. ─ Somos meio judeus.

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KRISTA SANDOR
─ Um convento de meio período?

─ Vamos, irmão mais velho. Você de todas as pessoas deve saber


que eu amei Sam por basicamente toda a minha vida.

─ É verdade, disse Em, compartilhando um olhar com Michael. ─


Acho que vi isso acontecer. Você caiu daquela árvore. Você sabe, aquela
perto do lago. Sam correu até você e a levou todo o caminho de casa. Eu
poderia dizer - o jeito que você estava olhando para ele. Ele era seu herói
e seu protetor, tudo em um.

Michael passou o braço em volta de Em. Lembro-me daquele dia


também. Tínhamos oito, talvez nove anos de idade.

Monica se inclinou para Gabe. ─ Isso é muito fofo.

─ E depois houve o incidente da cobra, disse Ben, lançando


finalmente uma expressão calorosa. Ele sorriu. Zoe viu uma cobra na
água no lago Boley e subiu nos braços de Sam. Demorou quase uma hora
para ela se soltar.

─ Foi uma cobra que me fez propor. Uma cabeça de cobra me


mordeu na bunda, acrescentou Sam.

Michael fez uma careta. ─ Uma cobra cabeça de cobre mordeu sua
bunda?

─ Eu meio que caí nisso. Eu sabia que eles eram venenosos. Eu


tinha ouvido falar de pessoas morrendo de picadas de cobra. Quero dizer,
eu estava no meio do nada. Eu pensei que esses seriam meus últimos
momentos vivos ─ basicamente nus com um monte de caras, e tudo que
eu queria era Zoe. Ele pegou a mão dela. ─ Eu disse a mim mesma que,
se sobrevivesse, não queria passar mais um minuto como apenas seu
amigo. Eu queria tudo dela. Eu queria tudo.

Em, Jenna, Lindsey e Monica lançaram um suspiro coletivo e


sonhador.

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KRISTA SANDOR
Zoe olhou para as amigas. ─ Eu sei, o mais doce, certo? Ele correu
com esse grupo de homens de cueca cantando 'On Bended Knee'.

Gabe conteve um sorriso. ─ Sério, mano? Boyz II Men?

Zoe acenou para ele. ─ Eu estava com um monte de mulheres


aprendendo sobre brinquedos sexuais de vidro quando todos
apareceram. Eu estava segurando aquele pênis transparente quando
Sam propôs.

As mulheres suspiraram novamente.

Ben balançou a cabeça. ─ Eu gostaria que minha audição se fosse


novamente.

─ Então, em vez de um buquê, você segurava um pênis de vidro


gigante? Lindsey perguntou, fazendo o possível para dar o giro mais doce
em algo bem travesso.

É simplesmente adorável. É quase como uma obra de arte,


acrescentou Jenna, acenando para Lindsey e, novamente, esfregando as
costas do marido.

Michael franziu a testa e voltou ao modo advogado. ─ Esta é uma


história interessante, todos os vibradores de vidro, serenatas nuas e
picadas de cobra. Mas podemos rebobinar a fita e conversar sobre a
segunda parte da esposa?

─ Sim, disse Gabe. ─ Como não sabíamos que você era casado?
Quando você foi casado?

Zoe pegou a mão de Sam. ─ Que tal nos sentarmos, todo mundo?

A turma se reuniu na aconchegante sala de estar do bangalô e ela


se sentou ao lado de Sam, perto da lareira. Ele ficou tenso, mas ela
apertou a mão dele, e sua expressão nervosa dissipou um pouco.

Todos ficaram em silêncio por um instante antes de Em falar.

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KRISTA SANDOR
─ Sam, você sempre foi como um irmão mais velho para mim. Seja
o que for que você tem a nos dizer, saiba que todos nós amamos você,
não importa o quê.

─ Em está certa, Sam, disse Ben. ─ Você esteve lá por todos nós.
Não há ninguém sentado nesta sala cuja vida você não tenha tocado.

Sam assentiu e depois começou a falar. Ele contou tudo a eles. Ele
falou sobre Kara. Os preservativos com os orifícios. O bebê. O casamento
de espingarda. Como ela lera o diário dele. Como ele queria um divórcio.
A ponte era um tópico mais difícil. A dor daquela noite ainda pesava em
sua alma. Mas enquanto ele falava, ela sentiu uma paz passar por ele.
Ele finalmente estava se despedindo do fantasma de Kara. Como o
primeiro suspiro de um homem libertado da escravidão, a salvação de
compartilhar seu segredo mais sombrio o tornou mais leve, mais livre.
Ele mascarou sua dor com humor, assim como ela mascarou a dor de
sua rejeição. Para os dois, as correntes de ferro se foram. O único metal
compartilhado entre eles agora eram as faixas trançadas em seus dedos
anulares.

Os amigos deles ouviram. Silenciosamente. Atentamente.


Respeitosamente.

Aquele episódio da vida de Sam aconteceu ao mesmo tempo em que


Em se machucou. Gabe tinha acabado de sair para Nova York. Monica
para Paris. Com todas as mudanças, desgosto e emoção, todo mundo
tinha acabado de supor que Sam tinha ido à Nova Zelândia para o período
de outono. Foi quando eles se afastaram. Ela estudara em Iowa. Em para
a Austrália. Todos foram espalhados pelo vento - vida, dor e obrigação
separando-os.

Sam examinou o grupo. ─ Agora todos vocês sabem tudo.

Michael se inclinou para a frente e apoiou o queixo nos dedos.

Em olhou para ele e suspirou. ─ Segure seus chapéus, pessoal. Meu


marido ainda está bancando advogado.

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KRISTA SANDOR
Michael apertou o joelho da esposa, a sugestão de um sorriso
puxando o canto da boca. ─ Eu só quero esclarecer os fatos.

─ Claro que sim, respondeu o grupo.

─ Ei, eu represento cada um de vocês. Eu me orgulho de ser


meticuloso. E esta pergunta é para Zoe.

─ Pergunta à vontade.

─ Eu pensei que você tivesse ido em uma viagem de trabalho? Ser


mordido por cobras e brincar com brinquedos sexuais parece uma tarefa
infernal. Para onde você foi?

Ela compartilhou um olhar com Sam. ─ Para explicar isso, esta é a


parte em que também me refiro a algumas coisas. Ela se virou para o
irmão. ─ Eu não deixei meu emprego na Zipline Media em DC para ficar
com você e Kate depois que Sara morreu. Eu fui demitida.

Os olhos de Ben se arregalaram. ─ Demitida?

─ Eu estava perseguindo uma história sobre supostos abusos


ocorridos em um centro de detenção juvenil de meninas de propriedade
privada na Virgínia. Eu tinha uma fonte confidencial que acabara de sair.
Era deplorável o que estava acontecendo com aquelas garotas. Eu queria
impedir, mas depois que publiquei minha primeira história, minha fonte
se retratou. Meu editor estava chateado. Todas as minhas informações
vieram de uma menina de dezessete anos com um registro cuja mãe dizia
que era uma mentirosa patológica. A garota teve uma overdose e morreu
pouco depois disso. A mãe me culpou.

─ Zoe, disse Em, estendendo a mão e pegando a mão dela.

Zoe acenou para a amiga e enxugou uma lágrima da bochecha. ─


Eu sempre pensei que alguém tinha chegado à mãe. Essas instalações
privadas operam sob muito pouca supervisão. Reivindicações de abuso e
negligência são varridas para debaixo do tapete. Existem tantas
empresas de fachada envolvidas em alguns desses lugares que é difícil

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KRISTA SANDOR
discernir quem está no comando. As finanças também são bastante
incompletas ─ muito dinheiro entrando e muito pouca supervisão. Mas
há alguns meses, conheci uma jovem em um centro de recreação juvenil
em Kansas City. Ela acabara de ser libertada de uma dessas instalações.
Uma que abriu há pouco tempo no condado de Garrett.

─ Perto do buraco? Michael perguntou.

─ Sim, mas mais longe e muito mais remoto. Há uma fazenda que
faz fronteira com o oeste. As pessoas que o possuem dirigem um retiro de
casamento por lá. Inicialmente, Cam do trabalho iria comigo. Eu queria
tentar dar uma olhada mais de perto neste lugar sem que ninguém
soubesse que eu era repórter. Mas a esposa de Cam entrou em trabalho
de parto exatamente como deveríamos sair, e Sam exigiu que ele viesse
comigo. Foi assim que acabamos lá juntos.

─ Você já não deveria estar casados? Jenna perguntou.

Sam se inclinou para frente. ─ Sim, mas todo mundo estava em um


lugar bem ruim com a esposa. Não surpreendeu ninguém quando eu
disse a eles que pensei que Zoe iria me deixar. Quando toda a coisa da
picada de cobra aconteceu e eu professei meu amor por ela na frente do
grupo, Harmony, essa é uma das pessoas que dirige o retiro, sugeriu que
renovássemos nossos votos. O marido dela, Bud, foi ordenado e ele fez
isso exatamente no local.

Michael olhou para a certidão de casamento. ─ Hmm.

─ Somos casados, Michael, disse Sam, o olhar endurecendo. ─ Em


todos os aspectos que importam, Zoe é minha esposa. Se precisarmos ir
até a prefeitura e preencher um formulário ou pagar uma taxa, nós o
faremos.

─ Não estou dizendo que você não é casado. Deixe-me segurar o


certificado e verificar algumas coisas. É isso que as pessoas disse
Michael, olhando para o grupo é por isso que é bom estar relacionado a
um praticante da lei.

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KRISTA SANDOR
Gabe sentou-se. ─ Então é isso que está acontecendo todos esses
meses com você, Z.

Zoe sentiu suas bochechas esquentarem. ─ Eu sinto muito. Eu sei


que estou preocupada. Eu sei que cancelei um monte de encontro com
vocês ultimamente. Mas essa história é importante. Minha fonte não quer
gravar o depoimento, mas ela me contou um pouco, e seu relato do que
acontece nas instalações de Garrett parece quase idêntico ao que estava
acontecendo na Virgínia. Eu preciso acertar desta vez. Eu preciso obter
evidências reais. Provas concretas. Eu preciso ajudar essas garotas.

─ Você foi capaz de aprender alguma coisa com a sua estadia no


retiro de casamentos? Perguntou Lindsey.

─ Não muito, mas o suficiente para saber que o que minha fonte me
disse é provavelmente verdade.

─ Qual é o próximo passo? Nick pressionou.

─ Eu preciso encontrar uma maneira de entrar. Nenhuma garota vai


falar no gravador. Elas estão com muito medo. Preciso de uma maneira
em que eles não saibam que sou repórter.

Em estalou os dedos. ─ Como um músico famoso que gostaria de


fazer um pequeno serviço comunitário trabalhando com jovens
problemáticos?

Monica ofegou. ─ Ou uma personalidade da TV para fazer uma


pequena demonstração de culinária.

─ Espera! Sam, Michael e Gabe disseram em uníssono.

Em encontrou o olhar de Monica. ─ Não, é perfeito! Zoe poderia ser


nossa assistente.

Monica assentiu. ─ Poderíamos simplesmente aparecer e dizer que


queríamos conversar com o diretor, o que for.

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KRISTA SANDOR
Em virou-se para Monica. ─ Sim! Emboscada! Pegue-os
desprevenidos! Eu poderia ser diva da música se eles nos causassem
problemas.

─ Nem um pouco, disse Michael, baixinho.

Monica bateu palmas. ─ Eu poderia trazer um strudel. Ninguém


nunca foi capaz de recusar o meu esforço. Quero dizer, foi assim que
desembarquei Gabe. Peitos e torta.

Todos os olhos caíram em Gabe. ─ Eu mentiria se dissesse que isso


não é parcialmente verdade.

─ Vocês, disse Em, uma faísca determinada em seus olhos. Está


perfeito. Monica e eu somos de alto nível. Se algo acontecesse conosco,
causaria muitos problemas para eles.

─ Você sabe quem está no comando? ─ Monica perguntou.

Zoe começou a clicar em seu telefone. ─ Dwain Q. Leonard está


listado como Diretor Executivo.

─ Me passe seu telefone, disse Monica. ─ Esse nome parece familiar.


Eu acho que ele está no meu fã-clube!

Gabe virou-se para ela. ─ Você tem um fã-clube?

─ Sim, para o programa de TV. Você tem um também.

─ Eu tenho?

Monica deu um tapinha na bochecha de Gabe e depois se virou para


Zoe. ─ Nós já sabemos que esse cara me conhece, e todo mundo no
planeta conhece Em.

─ Vocês dois têm certeza? Zoe perguntou.

Monica e Em trocaram um olhar.

Em olhou do marido para Gabe. ─ Na melhor das hipóteses, Zoe é


capaz de olhar em volta e obter algumas evidências. Na pior das

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hipóteses, fazemos o possível para dar a essas garotas um descanso de
uma situação terrível.

Michael pegou as mãos de Em e beijou os nós dos dedos. ─ Se você


não fosse um gênio musical, poderia ter sido um inferno de advogado.

─ Eu não sei, disse Sam, balançando a cabeça.

Zoe sustentou o olhar do marido. ─ Sam, isso poderia funcionar.

─ Então eu vou com você.

Ela balançou a cabeça. ─ Não, essas meninas estão traumatizadas


por homens. Se fôssemos apenas eu, Em e Monica, teríamos uma chance
melhor de fazê-las se abrir.

Ele franziu a testa. ─ Eu vou ficar em Garrett. Eu vou ficar na cidade.


Eu quero estar por perto. Ele se virou para o irmão. ─ Eu odeio deixar
toda a responsabilidade de administrar o restaurante em você. Você já
teve algum problema com o Park Tavern?

Gabe inclinou a cabeça para o lado. ─ Problema?

Sam abriu um sorriso. ─ Eu sei que você é um chef de celebridades


e tudo isso. Eu queria ter certeza de que você não tem muito no prato
com o show e o restaurante.

─ Estou bem, irmão, e te devo. Você dirigiu o Park Tavern sozinho


por anos. Você está de folga.

Em bateu palmas. ─ Está acordado! Vamos despejar Sam em um


restaurante em Garrett e depois vamos entrar no centro de detenção. Ela
olhou ao redor do quarto. ─ Agora podemos começar esta festa de
aniversário? Cheirar todos os bolos e doces que Monica e Gabe trouxeram
está quase me matando! ─ Não é mais uma festa surpresa de aniversário,
é? É uma festa de casamento. Disse Ben com sua expressão sentimental
raramente usada.

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KRISTA SANDOR
─ Espera! Lindsey apontou para o colar de Monica. ─ O que há ao
lado do seu medalhão?

A mão de Monica voou até o decote e ela tocou delicadamente um


anel pendurado ao lado do medalhão.

As bochechas de Gabe ficaram rosa. ─ Pedi para Monica se casar


comigo esta manhã.

Monica sorriu para o seu noivo agora. ─ Eu tenho assado muito. Eu


não queria ter tudo embaçado. Coloquei o anel na minha corrente para
mantê-lo perto. Íamos contar a todos depois da festa.

Zoe assistiu enquanto o grupo circulava Monica e Gabe. Sam veio


para ficar atrás dela, e ela se inclinou para ele.

Ele passou os braços em volta da cintura dela. ─ Você tem certeza


disso, Z? Pode ser perigoso para você.

Ela se virou e passou as mãos pelo peito sólido dele. A preocupação


nublou seu olhar, e uma onda de culpa tomou conta dela. Mas ela
empurrou a emoção de lado. Por mais que ela o amasse, essa era sua
única escolha. Ela teve que seguir com esse plano. Como ela poderia viver
consigo mesma se pelo menos não tentasse?

Ela passou as pontas dos dedos pelos antebraços dele, pintados com
dezenas de Zs intrincados. Ela localizou um e encontrou o olhar dele. ─
Você sabe que eu tenho que fazer isso. É a melhor chance que eu tenho.
Eu tenho que pegar.

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KRISTA SANDOR
18
Sam escovou uma mecha de cabelo do rosto de Zoe e colocou-a atrás
da orelha. Por muitos anos perdidos, ele se deitou nesta cama, sozinho,
imaginando como seria tê-la ao lado dele. Claro, ele imaginou fazer muito
mais do que apenas mentir ao lado dela. Mas nesses momentos, quando
ele a tinha toda à luz do amanhecer, murmurando em seu sono,
enrolando-se nele. É quando isso o atingiria. Ela era dele. Ele era dela.
Zoe e Sam não eram mais a dupla platônica de Langley Park. Não, agora
eles se juntaram às fileiras de seus amigos alegremente felizes e recém-
casados.

Eles estavam casados há três semanas. Três semanas perfeitas. Três


semanas em que ele acordou sem se importar com o mundo... até hoje.

Hoje, Zoe, Em e Monica estavam tentando entrar no Centro de


Reabilitação Garrett Grove para meninas. Hoje era o dia em que todos os
horários ocupados estavam alinhados e, em poucas horas, eles iam até o
condado de Garrett, e o momento em que ele temia se tornaria realidade.
Zoe poderia se controlar. Ela não era uma idiota de olhos de corça. Ainda
assim, esse desejo protetor dentro dele não a queria em perigo. Mas ele
sabia com quem se casara e nunca atrapalharia o trabalho dela.

Ele passou o polegar sobre os lábios entreabertos. Ela suspirou, a


sugestão de um sorriso puxando no canto da boca enquanto ela dormia.

Na semana passada, eles foram com seus amigos e familiares ao


tribunal e agora estavam sob todas as medidas legais no estado do
Kansas, graças ao primo, casados. Os pais de Zoe Stein Sinclair deram a
eles uma festa de casamento após a cerimônia civil, onde ele colocou um
anel de noivado em diamante rosa no dedo dela. Ele tinha visto a jóia rara
na janela de um joalheiro alguns dias antes da data do tribunal, e a
imagem de Zoe, de dezoito anos, com cabelos rosados, botas de combate
e aquela faísca perversa nos olhos lhe disse que o anel foi feito para sua
esposa.

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KRISTA SANDOR
─ Você está me assistindo dormir, seu esquesito, ela bocejou,
abrindo os olhos.

─ Rastejador? O que aconteceu com beijo de picles ou conchas de


pau?

─ Estou com muito sono para ser hábil com verborragia.

─ Destreza? Palavreado? Não sei o que você acabou de dizer, mas


parecia sexy como o inferno.

Ela fechou os olhos e se espreguiçou. ─ É toda a minha aptidão


mental.

─ Qualquer coisa que você diz me deixa duro, então continue


falando, ele rosnou, inclinando-se para beijá-la.

Toda a respiração quente e membros soltos, ela colocou os braços


em volta do pescoço dele. Embora qualquer tipo de sexo com sua esposa
tenha sido incrível, esqueça os trigos ou shakes de proteína. O sexo
matinal era de longe a melhor maneira de começar o dia. Acordar Zoe
com um minúsculo fio-dental e nada mais o faria querer ir antes que ele
estivesse totalmente consciente.

Ela o empurrou de costas, tirou a calcinha sexy e subiu em cima


dele. Ela segurou o olhar dele, seus olhos cinza-azulados nadando com
luxúria enquanto afundava em seu comprimento grosso e duro. Ela
apertou as mãos contra o peito dele, levando cada centímetro dele em seu
calor doce e úmido.

Ele se casou com uma deusa. Lentamente, Zoe montou em seu


pênis, subindo e descendo enquanto raios de sol iluminavam o balanço
de seus quadris, a curva de seu pescoço. Como a canção de ninar de uma
sereia, seus gemidos e suspiros sensuais o hipnotizaram, deixando-o
faminto por mais e completamente enfeitiçado.

─ Como está o show? ela perguntou, moendo nele.

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KRISTA SANDOR
Ele olhou para cima. Sim, eles foram lá. O que parecia uma
luminária sofisticada era na verdade um espelho. Eles também
adicionaram um espelho acima da cômoda e um pequeno perto da porta.
Depois de encontrar o que Zoe chamava de bangalô no Kansas, não havia
como voltar atrás.

Ele agarrou seus quadris, pressionando as pontas dos dedos na


deliciosa carne de sua bunda e empurrando nela. ─ Deveria ser ilegal ter
seios tão perfeitos.

Ela olhou para o espelho acima da penteadeira dele. Se ele já não


estava tão excitado como o inferno, ver Zoe se ver cavalgá-lo como uma
vaqueira travessa foi o suficiente para mandá-lo ao limite.

Ela se virou do espelho e encontrou o olhar dele. Eles podem gostar


de assistir, mas quando ela estava perto de se libertar, ela sempre se
voltava para ele. Olhando bloqueado, ele angulou seu corpo,
aproximando-a enquanto seu lugar mais sensível esfregava contra ele em
deliciosos golpes. Camada após camada de prazer construído dentro dele,
e ele dobrou o passo. No momento em que ela perdeu o controle e
encontrou seu orgasmo, ele estava logo atrás dela, montando cada onda
sensual do clímax conjunto.

Ela caiu no peito dele, e ele a abraçou. Ela aninhou-se na dobra do


pescoço dele, e ele apertou mais.

─ Com medo de me afastar? ela perguntou.

─ Não, eu só quero te abraçar um pouco mais esta manhã.

Ela beijou o pescoço dele e depois apoiou-se em um cotovelo. ─ Eu


vou ficar bem, Sam. Estarei com Em e Monica o tempo todo.

Ele sabia disso. Ele sabia disso.

─ Eu sei. Mas acabei de pegar você.

─ Você não vai me perder, beijador molenga.

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KRISTA SANDOR
─ Aí está minha garota.

Zoe olhou para a mesa de cabeceira onde ela guardava o telefone.

Ele passou a mão pelo braço dela. ─ Basta verificar.

Ela estava esperando ouvir de TJ. Sempre que o telefone tocava, ou


bipava, um hiper-alerta semelhante ao de um cara da SWAT que ficava
sabendo de uma situação de refém tomava conta. Mas até agora, ela não
ouvira nada.

Não é um texto. Nem uma ligação.

─ Ela pode ficar bem, Z , disse ele.

─ Ou o telefone poderia ter sido confiscado. Ou poderia ter ficado


sem suco. Faz semanas.

Ele acariciou o braço dela. ─ Se ela não o ligou ou mal o utilizou, há


uma boa chance de a bateria ainda estar pelo menos parcialmente
carregada.

Ela estreitou o olhar, cética.

─ Estou falando sério! Um cara entrou no Park Tavern na outra


noite. Acabara de voltar de seis meses no exterior. Ele estava me dizendo
que deixou o telefone carregado na mesa. Ele disse que estava em setenta
e dois por cento quando o ligou - após seis meses. TJ só tinha esse
telefone algumas semanas.

Ela assentiu. ─ Eu sei.

─ E você estará lá hoje. Há uma chance decente de vê-la.

Ela puxou seu lábio. ─ Provavelmente com aqueles guardas tontos


supervisionando tudo.

─ É melhor que nada, certo?

Zoe suavizou o olhar. ─ Sim. Só estou um pouco empolgada.

─ Um pouco.

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KRISTA SANDOR
Ela soltou um suspiro apertado. ─ Muito.

Ele se recostou nos travesseiros e ela apoiou a cabeça no peito dele.


Ele esfregou o ombro dela. ─ Qual é o plano do jogo hoje?

Ela passou as pontas dos dedos para cima e para baixo no plano
duro do estômago dele. ─ Em vai dirigir, e todos nós vamos no carro dela.
Ela está trazendo teclados e dois violinos. Monica está trazendo um
monte de coisas de panificação. Nós pensamos que se todos nós
dirigíssemos juntos, nos daria um pouco mais de tempo para debater.

─ Vou segui-la no meu caminhão e ficar em Garrett até que você


termine, disse ele e esperou um momento para ela protestar. Mas ela
ficou quieta.

─ Tudo bem, ela sussurrou, sua respiração quente contra o pescoço


dele.

─ Essa foi fácil.

Ela empurrou um cotovelo. ─ Eu entendo por que você quer vir. É a


mesma razão que você não está me dizendo para desistir da ideia.

─ Estou atrás de você, Z. Sempre.

Ela lambeu os lábios quando aquele brilho sexy e perverso brilhou


em seus olhos. ─ Atrás de mim? Isso pode ser divertido.

Sam seguiu o Range Rover de Em até que eles pararam em quatro


direções. Foi aqui que eles se separaram. Zoe se virou e se despediu do
banco de trás do carro de Em enquanto o Rover continuava para o sul
em direção ao centro de detenção. Ele ligou o pisca e seguiu para o leste
em direção ao centro da cidade de Garrett. Depois de um minuto, seu
telefone tocou e ele olhou para a tela.

Vou ligar para você em breve. Não entre em muitos problemas. xxoo

Zoe.

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Ele pensou em voltar para a manhã deles com dois rebatedores.
Cristo! Ele a amava. Ele não podia imaginar a vida sem ela. Era difícil
imaginar quanto tempo eles viveram negando sua atração. Apenas o
pensamento dela enviou uma faísca aquecida ao longo de sua espinha.
Mas hoje, os nervos estavam bloqueando aquele formigamento de calor.

Ele dirigiu pela rua principal de Garrett. Havia um restaurante não


muito longe, mas ele não estava com fome. Ele estava empolgado demais
para ficar parado pelas próximas duas horas. Ele passou pela cidade e
dirigiu por ruas aleatórias, sua mente e sua caminhonete vagando. Se ele
fosse esperto, teria se vestido para correr para acabar com a
preocupação. Ele continuou por uma estrada rural até que o atingiu. Seu
subconsciente o levou ao cemitério da família Henshaw.

Ele estacionou sua caminhonete na beira da estrada e olhou para o


bosque de choupos além do campo de trigo loiro. Quando ele e Zoe
chegaram aqui há pouco mais de três semanas, era o pico das cores do
outono, as árvores repletas de folhas laranja-douradas. Hoje, apenas
alguns se atreveram a ignorar a Mãe Natureza e se agarraram a galhos
finos, tremulando desafiadoramente à brisa. Quando ele estava sentado
em sua caminhonete, uma folha desonesta perdeu a batalha e caiu
suavemente no chão, e uma sensação de paz tomou conta dele.

Assim como aquela folha, estava na hora dele deixar ir também.

Ele caminhou pelo caminho do cemitério e passou pelo portão


desgastado pelo tempo. O chiado das dobradiças não o cortou como na
última visita. Hoje, o som não foi doloroso. Em vez disso, a sensação era
mais como esfregar a pele levantada e espessa de uma velha cicatriz.

Sempre com você, mas não mais uma ferida aberta.

Ele foi até a lápide de Kara, agachou-se e pegou uma folha de


algodão dourado. Ele torceu o caule, observando o sol passar por sua pele
quebradiça e banhada pelo sol. ─ Você sempre fará parte da minha vida.

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KRISTA SANDOR
Me desculpe por ter te magoado. Sinto muito por não ter podido ajudá-
la, Kara.

─ Ela nem sempre foi assim.

Sam olhou por cima do ombro. Do lado de fora do portão, vestindo


jeans e uma jaqueta verde de caçador, estava um policial uniformizado
Conrad Henshaw. Talvez fosse a falta de policiamento, mas Conrad não
parecia estar carregando a ponta afiada que ele teve durante o último
encontro.

Sam mordeu a isca ─ Ela não costumava ser assim?

Conrad abriu o portão e ficou a alguns passos dele. Manipuladora.


Maníaca. Delirante. Quando ela era pequena, eu costumava empurrá-la
nos balanços. 'Mais alto! Mais alto! ' ela me dizia, e eu continuava
empurrando-a. Ela estaria naquele ponto em que estava subindo tão alto,
a corrente se dobraria no ar e ela ficaria tão brava comigo se eu não
continuasse ─ quando eu dizia a ela que ela se machucaria ela saía . Ele
pegou uma pedra e a jogou no campo. Acho que foi o que aconteceu com
ela quando se tratava de você, Sam. Ela não parou. Ela foi longe demais
e não conseguiu se recuperar. Ela era muito parecida com minha mãe.

Sam levantou-se e encostou-se na cerca ao lado do homem. ─ Eu


ainda desejava poder tê-la ajudado.

─ Eu também. Mas você não pode assumir toda a culpa - disse


Conrad, soltando um suspiro lento. ─ Eu pensava que era minha culpa.
Estou começando a entender que não é culpa de ninguém. Isso acabou
de acontecer. Se não tivesse sido algo que ela leu em seu diário, teria sido
outra coisa. Ela era como uma bomba-relógio qualquer coisa poderia tê-
la desencadeado.

Uma batida passou e Conrad apontou para sua mão. ─ Você é um


homem casado agora.

Sam olhou para a aliança trançada. ─ Sim eu sou.

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─ Isso é bom, respondeu Conrad.

Sam olhou para o homem. ─ E você? Você tem alguém?

Conrad cruzou os braços. ─ É complicado.

Sam assentiu. ─ Se há uma coisa que aprendi, é que, embora as


coisas pareçam complicadas, distorcidas ou fora de alcance, se houver
amor, você terá uma chance.

O canto da boca de Conrad se contraiu. ─ Oh, há amor. Exceto que


sou policial em uma pequena cidade conservadora do Kansas, e a pessoa
por quem me apaixonei se chama Darren.

Sam virou-se para ele, mas estava perdido.

─ O que? Um cara não pode ser policial e gay? Conrad perguntou,


mas havia uma curva provocadora em suas palavras.

Sam balançou a cabeça. ─ Nenhum homem! Não estou dizendo nada


disso. Apenas nunca me ocorreu que você era.

Conrad assentiu. ─ Eu odeio admitir, mas tem sido mais fácil desde
que meu pai morreu. Ele nunca teria entendido. Ele era um cara bastante
imponente, definido em seus caminhos.

─ Oh, eu lembro, disse Sam, compartilhando um olhar com o


homem. ─ Eu posso ter trinta e cinco, mas vocês dois me assustaram
quando eu tinha vinte e um.

Conrad riu. ─ A espingarda que ele mantinha na parede em seus


aposentos não ajudou.

─ Não, certamente não, respondeu Sam.

Conrad encontrou seu olhar. ─ Darren me ajudou muito com isso.


Quando eu te vi aqui há algumas semanas, abriu tudo o que eu tranquei
sobre a morte de Kara. Eu nunca me deixei lamentar. Eu segurei a culpa.
Eu segurei a raiva. Darren me ajudou a ver como isso estava me
segurando. Eu era como um homem preso, frustrado. Isso faz sentido?

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Sam deu um tapinha no ombro de Conrad. ─ Isso faz total sentido
para mim. Eu tenho vivido da mesma maneira por todos esses anos
também.

─ Parece que você encontrou o seu caminho. Você se casou com a


garota que sempre amou.

Apenas a menção de Zoe o fez sorrir. ─ Sou e sou grato. Mas não foi
um caminho fácil para chegar aqui. Você descobrirá uma maneira com
Darren. Eu sei que você vai.

O homem assentiu. ─ Posso perguntar sobre algo que sua esposa


disse?

─ Claro, ele respondeu quando uma sensação espinhosa tomou


conta.

Conrad mudou de posição. ─ Ela mencionou o centro de reabilitação


de meninas. Ela disse que as coisas estavam acontecendo bem debaixo
do meu nariz. Você sabe do que ela estava falando?

Sam olhou para o homem. Este coração para coração parecia


genuíno, mas ele precisava jogar tão perto do colete. ─ Ela está tentando
aprender um pouco sobre o lugar. Você tem muita interação com eles?

Ele balançou sua cabeça. ─ Não, e eu não gosto disso. Um


empreiteiro particular administra a instalação. Eles lidam com tudo
internamente. Eu ofereci ajuda. Eu poderia conectar as crianças que
saíam para serviços locais de saúde mental e juventude, mas me deparei
com uma parede de tijolos.

─ O que eles te dizem? Sam perguntou.

─ Eles citam a confidencialidade de menores e uma série de


desculpas e besteiras. Eles têm uma equipe de advogados e, pelo que
ouvi, os agentes de detenção juvenil precisam assinar acordos de
confidencialidade. Ninguém que trabalha lá pode dizer algo de valor sobre
o local, e contratou vários jovens da região para trabalhar como guardas.

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KRISTA SANDOR
─ Eles estão fornecendo empregos. Isso tem que ajudar na economia
das cidades pequenas, Sam ofereceu, lembrando o que Zoe havia lhe dito.

Conrad assentiu. ─ Pode ser que sim, mas esse não é o tipo de
homem que eu gostaria em torno de meninas vulneráveis.

Todos os músculos do corpo de Sam se contraíram. ─ Como assim?

─ Alguns deles têm condenações por agressão. Eu sei porque fui eu


quem os prendeu. E em um momento ou outro, eu levei cada um deles
para uma conduta bêbada e desordenada. Eles também parecem ter
muito dinheiro para gastar. A maioria dos guardas da prisão não está
bancando dinheiro, mas esses jovens parecem ter muito dinheiro.

─ As pessoas estão reclamando? As famílias das meninas estão


contatando você?

─ Essa e a coisa. Nem um pio. Nem uma queixa maldita.

─ Hmm, Sam cantarolou, não estou gostando nem um pouco.

─ Eu sei que sua esposa é repórter, Sam. Eu a procurei depois do


nosso encontro há algumas semanas.

Ele encontrou o olhar de Conrad. ─ Ela é uma mulher inteligente.


Ela está apenas olhando sob algumas pedras, vendo se há algo lá.

Conrad assentiu. ─ Pude ver que ela não seja do tipo tímida, Sam.
Apenas diga a ela para se cuidar. Não consigo apontar o dedo, mas algo
está errado com esse lugar.

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KRISTA SANDOR
19
─ Tudo bem, senhoras! É hora de ir! ─ Em disse, diminuindo a
velocidade quando se aproximaram do portão de segurança.

Dois jovens esguios, vestidos com bonés e uniformes escuros, se


animaram e jogaram algo atrás de uma lata de lixo.

─ Podemos ser a coisa mais emocionante que acontece com eles hoje,
disse Monica.

Em franziu a testa. - Sim, mas dois guardas do centro de reabilitação


juvenil de meninas? Parece um pouco excessivo.

Zoe assentiu, mas sua atenção estava nos itens escondidos por trás
da lixeira.

Garrafas de cerveja.

Não é muito profissional estar bebendo no trabalho - mesmo que


fosse uma posição chata como o inferno. O mais alto dos guardas enfiou
um saquinho no bolso, enquanto um guarda mais baixo e corpulento
apareceu na janela - cada um com uma arma no cinto.

Em abriu a janela. ─ Boa tarde, senhor, sou Em MacCaslin e essa é


Monica Brandt. Estamos orientando em trabalho comunitário

Eles decidiram que a abordagem de emboscada era a melhor. Monica


havia apresentado a ideia de entrar em contato com o membro do clube
de fãs, o diretor da instalação, o Sr. Dwain Q. Leonard, antes do tempo,
mas Zoe havia argumentado contra isso. Eles precisavam pegar o centro
de detenção desprevenido. Se a instalação tivesse semanas para se
preparar, tudo o que receberiam era um show de cães e pôneis.

─ E quem é ela? ─ o guarda mais alto perguntou, apontando para


ela no banco de trás.

Monica se inclinou sobre o console e deu uma espiada no guarda. ─


Uma assistente. Ninguém.
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O homem encarou uma batida, depois duas, depois três.

O atarracado deu uma cotovelada no lado dele. ─ Vocês estão aqui


para?

Em tamborilou com os dedos no volante. ─ Nosso pessoal de relações


públicas nos disse que tínhamos um compromisso de serviço
comunitário aqui.

Os neurônios no cérebro do guarda alto devem ter se reiniciado e ele


estalou os dedos. ─ Você é a musicista famosa com a bunda maravilhosa
de Langley Park, e ela é a cozinheira gostosa da TV!

Zoe apertou os lábios e rezou para que a amiga não desse um tapa
no sorriso estúpido do rosto desse idiota.

─ Olha, Monica! Em respondeu em um tom exagerado. ─ Dois fãs!

─ Que maravilha! Seu diretor, o honorável Dwain Q. Leonard, é um


membro do meu fã-clube, respondeu Monica, combinando a rotina de
garotas elegantes de Em.

Zoe conteve uma risada. A parte honrosa foi um toque agradável e


pareceu funcionar. Os guardas meio cozidos, provavelmente preguiçosos,
provavelmente estavam comendo nas mãos de suas amigas.

O atarracado olhou para uma prancheta. ─ Hum, não temos você na


lista.

Monica ofegou. ─ Isso simplesmente não pode estar certo! Ligue para
o seu diretor. Diga a ele que Monica Brandt e Em MacCaslin estão aqui
para o alcance da nossa comunidade. Eu vou fazer uma demonstração
de culinária, e Em vai ensinar as meninas um pouco sobre música.
Completamente inofensivo!

─ Sim, e estamos um pouco atrasadas. Por que você não abre o


portão e nós vamos de carro enquanto você avisa o honorável diretor
Leonard que estamos aqui?

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Os guardas se entreolharam e depois para a prancheta.

─ Oh, eu quase esqueci! ─ Monica disse, pegando uma pequena


caixa de doces. ─ Esses cupcakes são para você!

Ela abriu a tampa e dois bolinhos de chocolate alemães estavam lado


a lado em toda a sua glória de chocolate.

─ Oh, cara! o guarda alto disse.

Sim, esses dois foram assados. A distração do cupcake foi uma boa
decisão.

O guarda pegou a caixa, mas Em levantou a mão. ─ Portão primeiro.


Cupcakes segundo.

O alto correu para o posto de guarda e apertou um botão, enquanto


o atarracado encarava com força a caixa. Ele olhou para o portão. No
momento em que foi aberto, ele pegou os cupcakes.

Em colocou o carro na direção. ─ Tenha um bom dia!

─ Realmente não deve ser tão fácil. ─ Monica disse baixinho.

Zoe assentiu, mas eles não estavam ainda. ─ Isso foi muito bom.
Vamos continuar jogando o cartão da diva. Espero que eles não peçam
para ver a identificação.

─ Se o fizerem, apenas pediremos à Monica que tire mais cupcakes,


disse Em. ─ Quantos você trouxe?

Ela lhes deu um sorriso travesso. ─ Seis dúzias.

─ Cacete! Em piou. ─ Com seis dúzias de cupcakes, provavelmente


poderíamos tomar este lugar em quinze minutos se todos aqui estiverem
tão altos quanto os dois.

─ Você cheirou o álcool neles? Monica perguntou.

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─ Isso não é um bom sinal, disse Zoe, entrando no modo repórter. ─
Falta de supervisão. Falta de treino. Falta de profissionalismo. Todas
essas coisas são um mau presságio para as meninas trancadas lá dentro.

Monica virou-se na cadeira e encontrou seu olhar. ─ Você está certa.


Precisamos ter cuidado.

Em virou em um pequeno estacionamento. ─ O que precisamos


fazer, é seriamente bancar as Panteras17 para cima deles.

Zoe olhou entre as amigas. ─ Eu não quero colocar vocês em


nenhum problema.

Em estacionou o carro. ─ Zoe, queremos ajudar. Agora, pare de ser


uma fatia crocante de pão Wonder preocupada de um dia e conte-nos o
melhor cenário de como você quer que isso aconteça.

─ Eu aprecio isso. Mais do que você jamais saberá - disse Zoe.

─ Bom uso da fatia crocante de pão Wonder de um dia, Monica


elogiou. ─ Eu poderia ter ido com um farejador de pudim.

Zoe balançou a cabeça. ─ Agora vocês estão apenas se exibindo. Ela


olhou para o prédio. Ninguém veio cumprimentá-los ainda. Eles tiveram
algum tempo.

Zoe começou a contar com os dedos. ─ Primeiro, eles provavelmente


vão querer que você deixe seu telefone com eles. Eu tenho um telefone
extra comigo que darei a eles, mas meu telefone real está embalado com
o violino de Em.

─ Ok, continue, Monica disse, assentindo.

─ Número dois, divida e conquiste. Monica, você pede para ser


levada para a lanchonete ou para onde quer que eles tenham fornos. Em,
você precisa pedir um espaço para configurar os teclados. Se dividirmos
a atenção deles, há uma chance melhor para eu bisbilhotar.

17
Refere-se ao filme As Panteras

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Em compartilhou um olhar com Monica. ─ Sim, nós podemos fazer
isso.

─ Número três, uma distração seria ótimo. Poderia me dar mais


tempo para olhar em volta.

─ Você quer que eu finja desmaiar? Em perguntou.

Zoe balançou a cabeça. ─ Não, isso pode parecer muito suspeito.

Um sorriso tímido apareceu nos cantos dos lábios de Monica. ─ Se


tudo der certo, eu vou assar.

Zoe inclinou a cabeça para o lado. ─ Sim e?

─ E... as coisas podem queimar. Massa folhada pode ser muito


temperamental. Monica acrescentou com uma piscadela.

─ Aposto que um lugar como esse não gostaria que o corpo de


bombeiros viesse atacar, disse Em.

Monica assentiu. ─ Sim, se as coisas ficassem um pouco


enfumaçadas, os guardas seriam os que lutariam para sair do local. Um
acidente de cozimento não pareceria deliberado. Não estou familiarizado
com os fornos deles. É um erro fácil de cometer.

Zoe tamborilou com os dedos no joelho. Isso parecia loucura.


Absolutamente louco. Mas era tudo o que ela tinha. Ela olhou para cima
e viu um homem de terno escuro vindo em sua direção. ─ Acho que temos
o Dwain Q. às doze horas.

Monica enfiou a mão na bolsa. ─ Aguente! Aquele homem tem cerca


de cem fotos minhas no meu avental postadas em seu blog de culinária.
Eu vou jogar.

─ Bom toque! Zoe disse.

Monica colocou um avental branco por cima da cabeça e enfiou um


pano de prato no bolso enquanto um homem de aparência suada se
aproximava do Range Rover.

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Monica saiu do carro, toda estrela de TV, ex-supermodelo, sorrindo.
─ Você deve ser o diretor Dwain Leonard.

Uma mancha de café na gravata, o olhar do homem pairava alguns


centímetros abaixo do queixo dela. Lamento ter demorado tanto para
cumprimentá-la, Srta. Brandt. Eu não sabia que você estava vindo. Não
tivemos sua visita na lista aprovada. O advogado do centro geralmente
aprova qualquer consulta externa, mas ele esteve fora da cidade nos
últimos dias.

─ Oh céus! E eu estava tão pronta para ensinar suas garotas a fazer


o famoso strudel de maçã da minha avó.

Os olhos do homem se arregalaram. ─ É a receita com passas e


canela?

─ Você sabe? Monica perguntou, realmente trabalhando o ângulo de


entrada.

O homem apertou as palmas das mãos. ─ Claro! Eu sou um grande


fã do seu show. Não é tanto o cara, mas você, você é a minha favorita.

─ Esse cara é muito assustador, Em sussurrou enquanto eles


ouviam a conversa.

Zoe assentiu. ─ Ele atingiu uma categoria quatro assustadoramente


para mim.

─ Não são cinco? ─ Em sussurrou de volta.

─ Não, eu estou economizando cinco para quando ele


espontaneamente ter orgasmos por todo o strudel de Monica.

─ Em! Monica disse, acenando para eles. ─ Venha conhecer o


diretor, Dr. Leonard.

─ É apenas o Sr. Leonard. Para você, Dwain.

─ Em, conheça Dwain, disse Monica, tocando da maneira certa.

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Zoe precisava ser tão interessante para esse homem quanto secar a
tinta. As estrelas eram Em e Monica. Ela foi a ajuda contratada. Ela foi
até a traseira do carro, puxou o carrinho e começou a carregá-lo quando
Monica apresentou Em ao diretor, que instantaneamente começou a cair
sobre si mesmo.

Boa! O homem estava nervoso e desequilibrado. Apenas onde eles o


queriam. E que sorte ter o advogado da instalação fora da cidade. Ela
levou o carrinho para a frente do carro e manteve o olhar nos sapatos.

─ Parece que estamos prontos para ir! ─ Monica disse. Oh espere!


Eu quase esqueci os cupcakes. Você pode carregá-los, Dwain? Eu tenho
minhas mãos cheias com minha massa folhada caseira.

─ Você trouxe cupcakes?

Monica suspirou. ─ Apenas seis dúzias.

O intestino já amplo de Dwain parecia pronto para apertar um botão


em sua camisa, em antecipação. Ele lambeu os lábios. ─ Algum deles é
bolo de chocolate alemão?

Monica se inclinou. ─ Eles são todos bolos de chocolate alemães.

─ Ela realmente fez a lição de casa, Em disse baixinho.

Zoe assentiu. ─ Se ainda tivermos cupcakes, provavelmente


poderíamos roubar um banco com ela depois disso.

─ Ou dominar um país pequeno , respondeu Em.

─ Barbados?

Em sacudiu levemente a cabeça. ─ Muito sol. Não é bom para


gengibre. Liechtenstein. Europa. Compras melhores. Mais nuvens.

─ Você tem um pouco de equipamento, disse Dwain, olhando para


trás.

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Em passou o braço pelo dele. ─ São apenas alguns teclados e dois
violinos. Eu também trouxe meu violino pessoal. O que eu toquei para a
rainha da Inglaterra.

Os olhos de Dwain se arregalaram. ─ A rainha da Inglaterra!

Em olhou para ela e piscou. Seus amigos eram Angel's de Charlie a


merda dessa farsa.

Eles chegaram à porta e Dwain acenou para que um guarda os


chamasse para dentro.

O batimento cardíaco de Zoe aumentou. Eles fizeram isso! Mas a


ansiedade começou quando um guarda de aparência severa olhou para
sua bolsa.

─ Senhor, disse o guarda, olhando as mulheres. ─ Precisamos


coletar os telefones celulares e quaisquer outros dispositivos.

─ Não é um problema. ─ Monica tirou o telefone da bolsa.

Em fez o mesmo.

Então o guarda veio até ela. Ele encontrou o olhar dela com um olhar
avelã endurecido. ─ Telefone?

Zoe tirou o celular fictício do bolso e o entregou ao homem quando


uma explosão de adrenalina a atravessou. Ela reconheceu a voz dele. Ele
era um dos guardas que perseguiram a garota tentando escapar.

Ela engoliu em seco pelo nó na garganta. ─ Aqui está.

─ Tudo bem, senhoras, disse Dwain. ─ Vamos para o meu escritório.

─ Senhor, eu preciso verificá-los.

─ Parece que seu guarda não nos reconhece, Dwain, Monica disse
com um grande bico falso.

O suor brilhava nos lábios do diretor. ─ Baumgartner, você não tem


um bloco que precisa verificar?

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─ Mas -

─ Sem mas, Baumgartner. E informe à equipe que faremos algo


diferente hoje. Temos convidados famosos fazendo demonstrações de
culinária e música.

─ Claro, senhor, o homem disse com um aceno de cabeça apertado.

─ Vem vem! Peço desculpas. Dwain enxugou o lábio com um lenço.


─ Tenho certeza que você entende, precisamos manter um nível de
segurança para proteger as meninas.

─ Claro, para as meninas, Em ecoou.

Em e Monica ocuparam as duas cadeiras na mesa de Dwain


enquanto ele trocava seu amplo corpo em uma confortável cadeira de
balanço de couro. Zoe ficou de pé no fundo da sala com a bolsa e conteve
um sorriso triunfante.

Elas estavam dentro!

E sem verificação de identificação.

Tão casual quanto possível, ela olhou ao redor da sala. Nada dentro
do escritório parecia fora do comum. Algumas fotografias emolduradas
de viagens de pesca. Pastas que revestem as estantes de livros. Ela estava
prestes a começar a encarar os sapatos e a brincar com o solteirão
quando uma pasta marcada com datas de vencimento estava sob uma
pilha de papéis. Seu intestino torceu quando ela pensou em Tessa. Ela
não sabia o quão longe a garota estava, mas ela tinha que estar perto de
dar à luz.

Em bateu no queixo. ─ Dwain, como estamos dentro do cronograma,


achamos melhor fazer nossas demonstrações separadamente.

Monica deu um sorriso de mil watts. ─ Sim! Eu estava esperando


por uma cozinha ou refeitório. Em algum lugar com um forno.

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─ Embora eu precise de uma sala grande o suficiente para instalar
alguns teclados, acrescentou Em.

Dwain levantou a mão como um mágico, preparando a platéia para


uma grande revelação. Ele pegou o walkie-talkie em sua mesa. ─
Baumgartner, mande as meninas do Bloco A para a cafeteria e as
meninas do Bloco B para a sala auxiliar.

Em segundos, um Baumgartner com arranhões confirmou a ordem.

─ Posso apenas dizer, Monica disse, fingindo admiração, ─ você é


muito dominador.

─ Muito comandante, Em ecoou quando o homem sorriu.

Monica ajeitou as alças do avental. ─ Há um problema.

O rosto de Dwain caiu. ─ Você esqueceu as passas?

─ Não, eu tenho as passas. Ela diminuiu a potência em seu sorriso.


─ Mas como você pode ver, Dwain, estou sem assistente. Vou precisar do
meu próprio assistente pessoal. Alguém para ficar ao meu lado o tempo
todo que estou assando e nunca sair do meu lado.

Zoe resistiu ao impulso de revirar os olhos. Como um cão treinado,


Dwain Q. Leonard se animou.

─ Eu não quero tocar minha própria buzina, mas eu diria que sou
um excelente padeiro.

─ Dwain, você poderia me ajudar hoje? Monica perguntou como se


estivesse recrutando o homem para uma operação secreta da CIA.

─ Seria uma honra, disse ele com igual medida de drama.

O walkie-talkie apitou. ─ Senhor, as meninas estão no lugar.

Dwain bateu palmas. ─ Excelente!

Em e Monica se levantaram e foram em direção à porta.

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─ Não é essa porta, senhoras. Disse Dwain com um brilho nos olhos.
─ Esta porta. Ele abriu a estante atrás dele para revelar um corredor
estreito.

─ Uma passagem secreta! Que legal! Monica disse.

Em olhou para trás e Zoe pegou o olhar de sua amiga. Este lugar
ficava cada vez mais estranho.

─ Para que serve a passagem? Em perguntou.

O diretor parou. ─ Medidas de segurança.

Monica apontou para as caixas de cupcakes. ─ Não esqueça aqueles.

Dwain pegou as caixas e partiu pelo corredor. Em e Monica estavam


logo atrás dele com Zoe na parte traseira. Quando chegaram ao final do
corredor, Dwain equilibrou as caixas em uma mão, tirou um cartão-chave
do bolso e acenou-o através de um sensor. A porta se abriu.

─ Deixe-me ajudá-lo, disse Monica, segurando a porta.

O grupo saiu da passagem para um corredor, mas pouco antes da


porta se fechar, Monica deixou cair o pano de prato que tinha no bolso.
Zoe, a última a sair, chutou a toalha na porta. Ela puxou a porta quase
fechada, permitindo que a toalha impedisse que ela ficasse fechada.

As Panteras no seu melhor.

Se ela pudesse voltar aqui sozinha, essa poderia ser sua chance de
procurar no escritório do diretor.

Eles seguiram Dwain por um corredor em direção a dois guardas.

O diretor olhou entre os homens. Baumgartner, você vem comigo.


Foley, você acompanha a senhorita MacCaslin até a sala auxiliar.

─ Senhor, você queria as meninas do Bloco C? Foley perguntou.

Dwain estreitou o olhar. ─ Não, apenas A e B. ─

─ Por que não as meninas do bloco C? Monica perguntou.

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─ Elas são delicadas. Medicamente frágil - respondeu Dwain, depois
acenou com a cabeça em direção à cafeteria. ─ Devemos?

Monica virou-se para Em. ─ Tenha um ótimo tempo! Vejo você daqui
a pouco.

Era isso.

─ Senhora, por aqui, disse Foley, gesticulando na direção oposta


pelo corredor.

Em assentiu e seguiu um passo atrás do guarda.

Estava quieto, mortalmente quieto para um centro de ─


reabilitação─ cheio de adolescentes. Os corredores eram pintados em
cinza-louça. O cheiro forte dos produtos de limpeza deu à instalação uma
qualidade anti-séptica, semelhante a um laboratório.

Foley abriu a porta não precisava de cartão-chave e eles entraram


em uma sala grande. Um conjunto de tirantes na parede oposta continha
três fileiras de adolescentes vestidas com calças de moletom cinza e
suéteres combinando - todos com os olhos fixos no chão.

Jesus! O que estava acontecendo com essas garotas? Um


adolescente que parecia ter cerca de treze ou catorze anos estava sentado,
com os joelhos saltando para cima e para baixo. Outra garota estendeu
a mão, deu um tapinha nas costas e o movimento parou. Você podia
sentir o cheiro do medo, palpável e pungente. Essas meninas estavam
sob ordens de se comportar.

Em encontrou seu olhar. ─ Meu estojo de violino, por favor.

Zoe removeu cuidadosamente o violino de Paul Bailly de Em. Feita


de reluzente pinho de chalé Swill, ela entregou o instrumento à amiga.
Em foi falar com as meninas. O guarda, satisfeito com o caso de Em,
carregava apenas o violino dela, voltou sua atenção para as meninas.
Rapidamente, Zoe enfiou a mão no bolso fino dentro da caixa e pegou seu
telefone, deslizando-o para dentro da calça jeans.

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Sem uma palavra, Em levou o violino ao queixo. Ela não começou
com Chopin ou Shostakovich. Não, Em mediu sua audiência e começou
com uma versão de violino dos hits de Taylor Swift. As cabeças das
meninas se levantaram, ouvindo as músicas familiares. Até Foley bateu
no pé.

Enquanto Em tocava, Zoe desempacotou os teclados. Eles


planejaram dividir as meninas em grupos, atribuí-las a um teclado e
ensinar o básico. Em tinha feito compromissos comunitários de
divulgação como esse em várias escolas da região e tinha um sistema que
lhes daria um tempo individual com cada garota.

Em tocou as últimas notas de ─ Shake It Off. ─ e as meninas


sorriram e aplaudiram.

─ Isso é melhor. ─ disse Em, dirigindo-se ao grupo.

Todas as garotas, exceto uma, focavam nela.

Foley deu um passo à frente. ─ Dina, olhos para a frente!

A menina continuou olhando para os sapatos.

─ Ela não pode ouvi-lo, senhor, disse uma jovem, tocando esta Dina
no ombro dela. A garota se virou, um aparelho auditivo no ouvido.

─ Ela tem um aparelho auditivo. Não deve estar funcionando. Você


não tem pilhas novas? Em perguntou ao guarda.

─ Eles foram ordenados, ele respondeu. Não há mais toques ou


sorrisos.

Em virou-se para a garota. ─ Você sabe a linguagem dos sinais? ela


perguntou gesticulando as palavras enquanto falava.

Os olhos da adolescente se iluminaram e ela gesticulou de volta.

─ Tudo bem, Em disse e fez os gestos, sorrindo calorosamente para


o adolescente.

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Quando menina, Em aprendeu a linguagem dos sinais com a avó
surda e também trabalhou em uma escola para crianças com deficiência
auditiva por quase uma década. Falando enquanto fazia a linguagem dos
sinais, ela se apresentou ao grupo e explicou que eles estavam
aprendendo algumas habilidades básicas de piano. Ela enviou as
meninas para os teclados e as instruiu a encontrar o C médio e praticar
acordes simples enquanto Foley se apoiava na parede, desinteressado.

Zoe foi até Em. O som de adolescentes batendo em oito teclados


forneceu uma boa cobertura.

Ela olhou por cima do ombro. ─ Precisamos tentar conversar com


uma delas antes que o guarda intervenha.

Em assentiu. ─ Vamos ver se Dina vai conversar.

─ Mas ela não pode ouvir.

─ Ela pode gesticular, Z. Isso é ainda melhor. Aposto que a fã


número um de Taylor Swift ali não conhece um pouco de linguagem de
sinais. Dina é a nossa melhor opção.

Zoe assentiu e eles seguiram para o grupo de Dina.

─ Você não precisa se preocupar com ela, disse Foley, apontando


para Dina. ─ Ela não pode ouvir.

─ Ela pode sentir as vibrações. Vamos trabalhar com ela


individualmente por um tempo . ─ Em respondeu, em seguida, designou
as meninas para se juntar a outros grupos de teclados.

O olhar de Dina saltou entre eles.

─ Está bem. Você pode falar conosco. Queremos ajudá-la Em fez os


sinais, sussurrando a tradução enquanto suas mãos se moviam
rapidamente.

Dina gesticulou rapidamente e depois tocou uma tecla no teclado.

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Boa. Essa garota entendeu que eles precisavam manter o truque da
aula de música.

─ Ela não quer ter problemas, traduziu Em.

─ Diga a ela que ela não vai. Diga a ela que eu sou Zoe Stein. Eu
acho que algumas das meninas sabem meu nome aqui. Diga a ela que
sou amiga de Maggie e TJ.

Em assentiu e foi trabalhar, dedos voando.

─ Maggie? Dina sussurrou e depois começou os sinais.

Em virou-se para ela. ─ Ela sabe quem você é. Maggie conseguiu


enviar uma mensagem para uma das outras garotas aqui. Qualquer
pessoa capaz de fugir deve tentar entrar em contato com você. Eles
disseram que você quer ajudá-las.

─ Sim, Zoe respondeu e apertou a mão da garota.

Em começou os sinais . ─ Deixe-me perguntar a ela há quanto tempo


o aparelho auditivo não funciona.

A garota gesticulou de volta e Em sorriu.

─ O que? Zoe perguntou.

─ Ela não consegue ouvir há algumas semanas, mas ela lê os lábios.


Eles limpam o escritório de Leonard, pensando que ela não os entende.

Zoe engoliu em seco e olhou para o guarda. Ele deixou a parede e


começou a andar pelo perímetro da sala. ─ Não temos muito tempo.
Pergunte a ela sobre Tessa e todas as meninas grávidas.

Em e Dina foram indo e voltando, rapidamente fazendo os sinais.


Então o rosto de Em caiu.

─ O que? Zoe perguntou.

─ As meninas grávidas são separadas de todos os outros. Há um


túnel que vai do centro de detenção até a fazenda. É assim que eles

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movem as meninas para frente e para trás. É para onde elas são levadas
quando entram em trabalho de parto. Mas elas nunca voltam.

Zoe congelou e lembrou-se da pulseira que havia encontrado no


campo. Isso poderia ter vindo de uma adolescente grávida sendo
transferida para a fazenda? Ela se virou para Em. Ela precisava ter
certeza de que eles estavam conversando sobre o mesmo lugar. ─
Certifique-se de que é a fazenda ao lado. Pergunte a ela se é a fazenda a
leste do centro de detenção.

A garota assentiu antes que Em tivesse a chance de assinar. Ela leu


os lábios.

─ E o que você quer dizer com eles não voltam? ─ Zoe perguntou.

Dina fez os sinais com Em.

─ Oh meu Deus! Em disse em uma expiração apertada.

─ O que?

─ Ela disse que ninguém nunca voltou depois de ter um bebê. Eles
acabaram de sair.

Zoe encontrou o olhar de Dina. ─ Tessa ainda está aqui? Você pode
conhecê-la como TJ?

A menina assentiu.

Foley estava se aproximando, e a mente de Zoe estava acelerada. ─


Pergunte a ela sobre abuso. Pergunte a ela se as meninas estão sendo
feridas aqui.

Novamente, Em não precisava dos sinais. Dina entendeu e assentiu.

─ Você se machucou? Zoe perguntou.

A garota levantou a manga para revelar os recortes em forma de S


em volta do pulso, pelas restrições.

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─ Ela está bem. Ela simplesmente não pode... Foley começou, mas
um sinal sonoro agudo o interrompeu.

─ O que é isso? Em perguntou.

Foley olhou em volta. ─ Merda!

─ Se isso é um alarme de incêndio e meu violino sofre algum dano


de fumaça, estou culpando você e esta instalação.

─ Tenho certeza que não é nada. Isso acontece o tempo todo. Ele
bufou.

─ Disposto a apostar um violino de cem mil dólares? Ela perguntou,


no modo diva. ─ Essa madeira é de pinheiro suíço. Até a sugestão de
fumaça poderia torná-la inútil.

Foley ficou de pé, de queixo caído.

Em apontou para a porta. ─ Estou enviando meu assistente para


trazer meu violino para fora.

─ Hum, disse o homem.

Em encontrou seu olhar. Sua amiga amava seu violino, mas o fogo
em seus olhos dizia que queria derrubar ainda mais esse lugar. Ela
entregou-lhe o violino. ─ Vai!

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KRISTA SANDOR
20
Zoe pegou a caixa de violino, segurou o instrumento e saiu pela
porta, deixando um Foley frustrado gritando para as meninas se
alinharem. O salão estava vazio, mas ela ainda se movia rapidamente, os
olhos correndo para a esquerda e para a direita. A adrenalina aumentou,
e uma onda de determinação e euforia a invadiu.

O plano delas funcionou!

Ela teria um minuto, duas partes superiores no escritório do diretor


antes que alguém notasse que ela não estava do lado de fora com o violino
ou algum guarda teve a brilhante idéia de verificar o escritório do diretor.
Ela encontrou a porta que dava para a passagem. Segurando a maçaneta,
ela fechou os olhos. ─ Om, Buda, universo, me ajude. Ela sussurrou
quando a porta se abriu, a fechadura desengatada devido ao pano de
prato.

Ó sessenta e nove! Bingo!

Zoe pegou a toalha e correu pelo corredor estreito, seu pulso subindo
um degrau a cada passo até que ela estava na porta secreta.
Cuidadosamente, ela abriu uma fração e espiou dentro da sala.

Esvaziar!

Ela colocou a caixa de violino em cima da mesa e foi direto para a


pasta marcada com as datas de vencimento. Ela pegou o telefone de onde
o enfiou nas calças e apertou o ícone da câmera.

─ É dia da foto, seu filho abusando de cintilação, disse ela baixinho,


abrindo o arquivo.

Lá dentro, ela encontrou um horário de ônibus e uma passagem de


ida para Oklahoma City. Abaixo disso, ela encontrou uma planilha. A
primeira coluna parecia iniciais. A segunda coluna, datas. A terceira
coluna, mais datas. Mas essas datas eram próximas às da segunda

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coluna. A quarta coluna apresentava valores em dinheiro que variavam
entre vinte e quarenta mil dólares.

Zoe passou o dedo pela lista de iniciais e congelou.

TJ

─ Tessa Jackson! Tem que ser!

A data da primeira coluna era amanhã. A próxima coluna estava em


branco. Mas a quarta coluna, onde havia montantes em dólares em todas
as outras listagens, tinha mais letras.

CL / JR

─ C, L e J, R, ela murmurou, tentando descobrir o que isso poderia


significar.

Ela balançou a cabeça, levantou o telefone e tirou uma foto. Agora


não era hora de tentar analisar. Isso foi o equivalente a um sucesso. Ela
olhou através da mesa do diretor, empurrando cuidadosamente
envelopes e material de escritório.

─ Droga! Tem de ter mais.

Ela puxou a gaveta de baixo, se inclinou e jogou um grampeador no


chão.

─ Merda!

Ela se abaixou para pegá-lo quando notou que a mesa tinha um


segundo compartimento escondido atrás dele. Ela puxou a gaveta e
descobriu uma pasta.

─ Vamos ver o que você tem a dizer.

Ela abriu a primeira página.

NLR Holdings. Registros mestre de cobrança.

Nenhuma empresa de cima para cima mantinha seus registros de


faturamento em um compartimento oculto. Não, isso foi salvo para

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bandidos, agenciadores de apostas e criminosos de colarinho branco. Os
olhos dela se moveram pela página. O Centro de Reabilitação Garrett
Grove para meninas juvenis cobrava duas vezes mais por uma variedade
de serviços, usando o que parecia a NLR Holdings como intermediário.

Zoe trabalhou rápido, fotografando cada página. ─ O governo não


gosta de fraudes e vocês, bastardos, estão mergulhando duas vezes.

Serviços de saúde mental. Serviços médicos. Treinamento GED.


Mobiliário caro. Um barco cheio de dinheiro para o que pareciam
produtos de jardinagem. Zoe sabia de suas conversas com Maggie,
nenhuma dessas coisas estava sendo fornecida nas instalações. Esses
bastardos gananciosos estavam cobrindo seus bolsos com fundos de
contribuintes que deveriam ajudar jovens garotas vulneráveis.

E depois houve as alegações de abuso.

Ela deslizou o fichário de volta ao seu esconderijo e fechou a gaveta.


─ Pessoal, disse ela, olhando para a estante de livros. Ela precisava dos
nomes dos guardas.

Estrondo! Uma pasta com a inscrição Funcionários Atuais estava


entre um catálogo de móveis de aparência moderna e uma lista telefônica.
Do jeito que a sorte estava indo, ela deveria comprar um maldito bilhete
de loteria a caminho de casa.

Ela olhou as primeiras páginas e viu o formulário de inscrição


original de cada guarda, juntamente com uma fotografia e um relatório
de verificação de antecedentes. Ela folheou as páginas. Eles fizeram isso
para todos. Ela examinou vários relatórios. Assalto e bateria. Dirigindo
embriagado. Violações de armas. Conduta desordeira. Mais criminosos
trabalhavam aqui do que estavam trancados lá dentro! Ela provou bile,
mas conteve a raiva, conteve a emoção. O excesso de aversão a havia
manchado pela última vez. Desta vez, a evidência falaria por si mesma.
Ela pegou o telefone. Clique! Clique! Clique! Página após página, ela
documentou negligência grave. Incompetência bruta. Ameaça infantil.

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Ela fechou o fichário e o deslizou de volta na prateleira, assim que
os bipes pararam.

─ Ei! veio uma voz de fora do escritório. ─ Onde está a senhora?

Aquele era o Foley.

─ Que senhora?

E havia Baumgartner.

─ O assistente que deveria estar do lado de fora com o violino de três


trilhões de dólares, continuou Foley.

Ela enfiou o telefone nas calças e sentou-se em uma das cadeiras do


lado oposto da mesa. ─ Olá! Eu estou aqui! Não havia ninguém aqui para
me informar, então eu pensei que o lugar mais seguro para o violino da
sra. MacCaslin era no escritório do diretor.

Zoe cruzou os dedos das mãos e dos pés.

Vamos senhora sorte!

Ela não sabia se isso era verdade a maldita porta da frente poderia
estar totalmente aberta, mas era a melhor linha de besteira que ela
poderia inventar.

─ Você não pode estar aqui, disse Baumgartner, os olhos correndo


pela sala.

Ela pegou o violino e saiu para a área de recepção. ─ Eu não sabia


mais o que fazer. Está tudo bem?

Ele assentiu com cautela. ─ Eles queimaram algo durante a


demonstração de panificação.

─ Certamente que sim, veio a voz de Monica do outro lado do


corredor. Em estava ao lado dela, com o diretor lutando para acompanhá-
los.

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─ Meu violino? Em perguntou, conseguindo fabricar algumas
lágrimas. ─ Está em ruínas?

Zoe balançou a cabeça. ─ Não tenho certeza. Como não consegui


sair, entrei no escritório do diretor. Não acho que tenha havido fumaça.

─ Mas você não tem certeza! Em cantou como uma atriz de novela.

O diretor Leonard torceu as mãos. ─ Senhora. MacCaslin, tenho


certeza que seu violino está bem. Havia apenas uma quantidade mínima
de fumaça a maior parte dela na cafeteria.

Monica pressionou a mão no peito. ─ Pensei em colocar o forno em


três e vinte e cinco. Acontece que eram cinco e vinte e cinco.

─ Pelo menos os cupcakes que você trouxe estão bem, ofereceu


Dwain.

Em ignorou o diretor, ainda agitando o drama da TV durante o dia.


─ Precisamos sair imediatamente!

─ Claro que sim, Monica disse, esfregando as costas de Em.

─ Sim absolutamente! Dwain apoiou e depois olhou para o guarda.


─ Baumgartner, por favor, devolva os telefones das mulheres.

O guarda caminhou atrás do balcão e colocou uma bacia com seus


smartphones sobre a mesa.

Ainda fazendo o papel de assistente, Zoe o seguiu. Ela pegou os


telefones, mas Baumgartner puxou o contêiner de volta.

Ele estreitou o olhar frio e castanho. ─ Algo está errado.

Jason Baumgartner. Idade 24. Roubo de veículos a motor. Conduta


bêbada e desordenada. E essa foi apenas a página um.

Zoe encontrou seu olhar duro com um dos seus. ─ Telefones, agora.

Com a maturidade de uma interpolação mimada, ele deslizou a bacia


em sua direção.

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─ Não foi tão difícil, foi? ela disse com um sorriso foda-se.

─ Pressa! Em ligou. ─ Precisamos sair.

Zoe deixou o guarda e sua expressão sombria e se juntou a Em e


Monica na porta.

─ Mas seus teclados? o diretor solicitou.

─ Eu vou mandá-los! Agora, por favor, eu preciso sair! Eu preciso


que meu violino seja verificado o mais rápido possível!

─ Vai com elas, Baumgartner! o diretor chiou.

A porta se abriu e Em atacou com Monica e Zoe logo atrás. Eles


entraram no carro e Em deslizou a chave na ignição. ─ Agora só temos
que passar pelo portão.

Ela estava certa. Ainda não estavam salvas.

Zoe recuperou o telefone, aquele com todas as evidências, e enviou


cópias de todas as fotos que ela havia tirado no e-mail do trabalho e no
endereço de e-mail de Sam apenas por precaução. Se o telefone ou o email
dela estavam comprometidos, ela precisava dessa evidência em outro
local seguro. Ela olhou para cima quando o carro parou no portão. Os
mesmos guardas ainda estavam ocupando seu posto. Monica abaixou a
janela e acenou.

O guarda alto olhou uma batida depois duas.

─ O que eles estão esperando? Em perguntou.

Monica se inclinou para frente. ─ Estamos com pressa. Uma


pequena ajuda com o portão seria adorável!

Depois de mais alguns segundos que pareciam anos, o homem


caminhou até o posto de guarda e apertou o botão.

As mulheres soltaram um suspiro coletivo enquanto Em passava


pelos portões e deixava o centro de detenção .

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─ Você conseguiu alguma coisa? Monica perguntou.

Zoe assentiu. ─ Oh sim! Tenho provas de fraude, abuso e negligência


grave. Agora eu preciso passar por isso e me certificar de que o que tenho
permaneça.

E as meninas? As garotas grávidas? Você encontrou alguma coisa


para onde eles poderiam ter enviado depois do parto? Em perguntou.

─ O que? Monica exclamou.

Em a contou tudo o que elas souberam com Dina.

─ Onde elas estão? Monica perguntou.

Um calafrio percorreu a espinha de Zoe. ─ Encontrei um arquivo


chamado datas de vencimento. Parece que eles acompanham as datas de
vencimento das meninas e suas datas de entrega. Havia outra coluna
listando os valores em dólares. A instalação tem cobrado demais e
cobrado duas vezes por todos os tipos de serviços que eles não fornecem.
Eu preciso investigar mais. Esse número pode ser o que eles cobraram
pelos cuidados de uma menor grávida presa. Eu não sei. Mas havia
também um horário de ônibus e uma passagem de ida para Oklahoma
City.

─ Jesus! Você acha que eles colocaram essas garotas em um ônibus


logo após o parto? Em perguntou.

Zoe engoliu em seco. ─ Não tenho certeza.

Monica ofegou. ─ Quem poderia ser tão cruel?

Muita gente.

Havia um lado sombrio neste mundo. Como repórter, Zoe estava


profundamente ciente do que as pessoas eram capazes de fazer por
dinheiro e poder. Essas meninas vulneráveis podem ser transportadas
para longe e os bebês podem ser vendidos pelo melhor preço, porque
Deus sabe o quê. As meninas que tinham famílias provavelmente tiveram

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mais chances de escapar desse destino. Mas, para os adolescentes
sozinhos neste mundo, os órfãos, os filhos adotivos, os que a sociedade
deveria fazer de tudo para proteger, muitas vezes se tornaram vítimas
fáceis.

Zoe olhou para o telefone e rezou para que ela tivesse conseguido
provas suficientes.

Monica virou-se para encará-la do banco do passageiro. ─ Você vai


descobrir, Zoe. Você vai ajudar essas garotas. Nós conseguimos, Zoe! Nós
realmente entramos. Quase não consigo acreditar.

Em balançou a cabeça. Não sei como conseguiu, Monica. Dwain P.


Leonard fez minha pele arrepiar.

─ Você pode agradecer meus anos no mundo da modelagem. Dwain


P. Leonards é uma moeda de dez centavos lá.

Zoe se virou para olhar pela janela enquanto eles continuavam


dirigindo em direção ao centro de Garrett. O sol estava baixo no céu de
novembro. Ela clicou no ícone da foto em seu smartphone e começou a
ver as fotos. Um por um, ela se debruçou sobre a informação. Isso deve
ser suficiente para iniciar uma investigação formal. O Centro de
Reabilitação Garrett Grove para meninas juvenis não podia se esconder
atrás de seu status de instalação e operação de propriedade privada
agora. Não com esse tipo de evidência pairando sobre a cabeça deles.

Ela tinha acabado de chegar à imagem da planilha de vencimento


quando o telefone de Em tocou.

Monica levantou o telefone. ─ É Michael.

Em assentiu e apertou um botão no volante. ─ Você está no alto-


falante, querido.

─ Todas estão bem? ele perguntou.

─ Estamos bem. Mas as garotas naquele lugar abandonado por Deus


não estão, respondeu Em.

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─ Você conseguiu encontrar alguma coisa, Zoe?

─ Sim, eu encontrei. Eu acho que é o suficiente para derrubá-los,


mas eu ainda preciso passar por isso mais.

─ Para onde você está indo agora? ele perguntou.

─ Casa. Devemos voltar em algumas horas, respondeu Em.

Houve uma pausa no final de Michael.

─ Algo está errado? Está tudo bem com o bebê? Em perguntou.

─ Billy está bem, mas há algo que eu queria discutir com Zoe.

Zoe olhou para as fotos. ─ Vá em frente, Michael.

─ Há algo que me pareceu estranho com sua certidão de casamento,


Z.

Zoe franziu a testa. ─ Eu pensei que a cerimônia civil cuidava de


tudo?

─ Sim, mas eu ainda queria dar uma olhada no oficial da Intimidade


Agora.

─ Bud?

─ Sim, diz Bud Roberts no seu certificado. Mas esse não é o nome
verdadeiro dele.

─ Bud poderia ser o apelido dele. Não vejo qual é o problema?

─ O nome verdadeiro dele é Robert Riggs. Em seu pedido para se


tornar um oficial de casamento, ele citou seus negócios como NLR
Holdings, não Intimity Now.

Zoe ofegou quando uma nova explosão de adrenalina a atravessou.


─ Pare o carro!

Em olhou de volta para ela. ─ Jesus, Zoe! O que é isso?

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Zoe olhou em volta. Eles chegaram à faixa principal de Garrett. ─
Você pode estacionar no estacionamento do restaurante! Por lá ela disse,
apontando para o restaurante mais próximo.

─ O que está acontecendo, Zoe? Monica perguntou.

Zoe pegou uma caneta e um caderno da bolsa. Sua mente estava


girando. ─ Michael, você ainda está aí?

─ Sim estou aqui. Eu não queria te assustar, Z. Só queria que você


soubesse que esse cara de Bud Roberts e Robert Riggs pode ser uma má
notícia. A licença oficial é legítima, mas ele está envolvido em alguns
processos relacionados a remédios e suplementos de ervas. Pesquisei um
pouco sobre a empresa NLR e, do ponto de vista jurídico, parece
incompleto. Eles parecem ter os dedos em muitas tortas. Contratação de
serviços de saúde, clínicas de saúde mental. Muitas coisas do governo.
Isso me pareceu estranho.

Zoe escreveu furiosamente, rabiscando as informações de Michael.


Intimidade Agora e o Centro de Reabilitação Garrett Grove para meninas
juvenis foram conectados através da NLR Holdings.

─ Michael, você pode fazer cópias impressas dos documentos que


viu conectando a Bud à NLR Holdings?

─ Claro, mas por que Z? Seu casamento é completamente legal.

─ Isso não tem nada a ver com o meu casamento. Quando estávamos
no centro de detenção, me deparei com uma pasta com a NLR Holdings.
Continha o que parecia um sistema fraudulento de cobrança dupla.

Michael assobiou, o som estalando nos alto-falantes.

Ela digitalizou suas anotações. ─ Você disse que o nome verdadeiro


de Bud era Robert Riggs. Isso é R, eu, G, G, S?

─ Sim, é isso, Z. Isso soa uma campainha?

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Zoe circulou o nome uma vez, depois duas. ─ Quando morei em
Washington e trabalhei na Zipline Media, o sobrenome do editor-chefe
era Riggs.

Ninguém disse uma palavra.

Zoe olhou de Em para Monica.

─ Pode ser uma coincidência, Michael ofereceu, cortando o silêncio.

Zoe circulou o nome novamente. ─ Poderia ser. Você tem tempo para
cavar um pouco mais fundo por mim?

─ Claro, Z. Eu voltarei para você assim que souber mais.

Zoe olhou para suas anotações enquanto Michael e Em se


despediram.

─ Você acha que há uma conexão entre seu antigo chefe e o centro
de detenção? Monica perguntou depois que Em terminou a ligação.

─ Eu não sei. ─ respondeu ela, mas os cabelos na parte de trás do


pescoço diziam que havia algo lá. Algo grande e escuro e possivelmente
perigoso.

Outro bolso de silêncio. Ela precisava de um tempo sozinha para


pensar.

Zoe olhou para as amigas. ─ Ouça, está ficando tarde. Eu sei que
você precisa voltar para Billy, Em, e eu sei que você tem que checar a
padaria, Monica. Eu vou ficar aqui em Garrett. Quero revisar minhas
anotações, além de precisar ligar para Sam e informá-lo que estamos
bem. Eu vou para casa com ele.

Em franziu os lábios. ─ Você tem certeza? Podemos esperar com


você?

Monica assentiu. ─ Não é problema.

─ Vai escurecer em breve. Você deveria voltar. Sério, eu vou ficar


bem. Sam não pode estar muito longe.
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Em deu-lhe um aceno relutante. ─ Vou garantir que Michael ligue
para você no minuto em que encontrar alguma coisa ─ e você nos ligue
se precisar de alguma coisa. Podemos ir com as Panteras nesses idiotas
a qualquer momento que você precisar.

─ Absolutamente! Nunca subestime o poder dos cupcakes e uma


blusa decotada, acrescentou Monica com um sorriso malicioso.

Em estreitou o olhar. ─ E não faça nada estúpido. Veja suas


anotações. Ligue para o seu marido. Vá para casa.

Zoe jogou seu caderno e telefone na bolsa. ─ Sim, sim, capitão, disse
ela, saindo do Range Rover.

Zoe acenou quando suas amigas partiram para o norte em direção


a Langley Park, depois se viraram e olharam para dentro da lanchonete.
Era um lugar agradável o suficiente, mas ela não queria entrar. Seu
tempo no centro de detenção deixara sua pele arrepiada e seu corpo
doendo por ar fresco e espaço aberto.

Ela se sentou em um banco perto da entrada e pegou seu caderno.


Bud poderia estar relacionado com seu antigo chefe? E se fossem, por
que eles se envolveriam em fraudes do governo? Ela não pensava em Jack
Riggs há anos. Ele ainda fazia parte da Zipline Media? Ela pegou o
telefone. Uma simples pesquisa na Internet poderia lhe dar essa
informação. Mas antes que ela pudesse abrir o navegador da internet,
uma série de textos passou por eles.

A respiração ficou presa na garganta.

Ela sabia o número das mensagens recebidas.

Era o telefone que ela dera a Tessa.

Ela abriu o primeiro texto. Foi adiado e enviado há mais de uma


hora.

Eu acho que estou em trabalho de parto.

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Próximo texto apenas alguns minutos depois.

Eu preciso de ajuda. Eles vão levá-lo.

A mente de Zoe disparou. Ela não pôde enviar uma mensagem de


volta. Ela não podia arriscar o telefone fazendo nenhum som. Ela não
podia chamar a polícia. O que ela diria? Acabei de entrar nas instalações
das meninas, e tenho certeza de que estão abusando de adolescentes
grávidas e roubando seus bebês.

Ninguém acreditaria nela.

Ela deu vida ao telefone, pressionou a lista de contatos e discou para


o marido. Sam atendeu no primeiro toque.

─ Onde está voce? Eu acho que Tessa pode ter entrado em trabalho
de parto!

─ Espera! Como você sabe disso? Z, você está bem?

Ela respirou fundo. ─ Sim, estou bem. Saímos do centro de detenção


há pouco tempo. Eu consegui bisbilhotar e encontrei provas de que a
instalação está atolada em atividades ilegais. Enviei a você todos os
arquivos por e-mail para o caso de algo acontecer ao meu telefone ou e-
mail.

─ Jesus! ele disse. ─ Mas Tessa? Como você sabe que ela está em
trabalho de parto?

─ Um texto com essa informação veio do telefone que dei a ela. Foi
ligado. A cobertura aqui fora é uma merda!

─ Você tem certeza que é dela?

─ Boa pergunta, ela respondeu.

Ela tinha que considerar que Tessa poderia não ter sido a remetente.
Mas seu intestino disse que esses textos frenéticos vieram de uma garota
assustada. Zoe balançou a cabeça. ─ Eu não sei. Os textos pareciam em
pânico. Eu acho que é ela.

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─ Onde você está, Z?

Ela se levantou, precisando se mover, precisando pensar. Ela andou


pelo comprimento do estacionamento. ─ Estou em um restaurante em
Garrett, logo na Main Street. Eu disse para Monica e Em irem para casa.
Queria examinar minhas anotações sobre tudo o que encontrei no centro
de detenção e não queria mantê-las aqui.

─ Jesus, Zoe! Você está sozinha?

─ Sim, mas eu estou bem. Todas nós estamos. Em e eu conhecemos


uma garota na instalação que foi capaz de confirmar que as meninas
estão sendo abusadas, e então entrei no escritório do diretor e encontrei
evidências de fraude e negligência. Você escolhe. Esses bastardos
provavelmente fizeram isso.

─ Devagar, Z! Estou tentando acompanhar você!

Ela estava girando, tentando juntar todas as peças. Onde você está,
Sam? Você está perto?

Uma pausa.

─ Fui ao cemitério da família Henshaw.

─ Você fez?

Ela não estava esperando isso.

─ E eu encontrei Conrad.

Ela congelou. ─ Você está bem? Ele patrulha em outro lugar que não
seja o cemitério de sua família?

─ Estou bem. Nós resolvemos algumas coisas. Mas ainda estou com
ele. Ele está com a mudança para um apartamento no caminhão dele e
eu estou ajudando-o a mudar.

─ Quando você acha que pode ir ao restaurante? Precisamos


descobrir o que fazer a seguir. Eu acho que eles podem ter levado Tessa
para...
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─ Senhora. Stein?

Zoe olhou para cima para ver um homem. Ele exibiu algum tipo de
distintivo.

Ela levantou o dedo indicador. ─ Deixe-me ligar de volta, disse ela,


depois encerrou a ligação. Seu marido não seria feliz, mas ela precisava
descobrir quem era essa pessoa.

Alguém na polícia se aproximando dela imediatamente depois que


ela havia acabado de se infiltrar em um centro de detenção juvenil, não
parecia coincidência.

Ela encontrou o olhar do homem. ─ Sim, eu sou Zoe Stein.

─ Senhora. Stein, sou agente do FBI. Estamos monitorando o Centro


de Reabilitação Garrett Grove. Eu preciso que você venha comigo.

O que?

─ Quem é você? Preciso ver seu distintivo novamente.

Sou o agente Tobin. Eu tenho trabalhado ao lado da polícia de


Garrett, monitorando o centro de reabilitação de Garrett Grove.

─ Você tem? ─ Zoe perguntou.

─ Sim, você foi flagrada entrando e saindo da instalação. Gostaria


que você fosse comigo à delegacia de Garrett. Esperamos que você tenha
evidências que possam nos ajudar a avançar em nossa investigação.

Ela observou o homem por um instante.

Suas feições se suavizaram. ─ Por favor, Srta. Stein, a vida das


meninas está em jogo.

Ela assentiu. ─ Sim, eu tenho informações. Deixe-me pegar meu


saco. Deixei no banco.

O homem assentiu e ela voltou para o restaurante. Ela pegou sua


bolsa e se lembrou de Sam. Rapidamente, ela deu vida ao telefone e

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enviou uma mensagem para ele. Ela apertou enviar, em seguida, virou-
se para encontrar o agente, mas assustou-se quando encontrou um
jovem com um olhar frio e castanho.

Zoe Stein, entregue seu telefone. Ambos. Você vem conosco.

21
─ Era minha esposa ligando, disse Sam, passando a entrada para
Conrad.

Conrad ergueu os olhos e protegeu os olhos dos últimos raios do sol


do fim do outono. ─ Está tudo bem?

─ Ela está em Garrett.

Conrad colocou o macaco embaixo do caminhão e parou. ─ Ela está


olhando para o centro de detenção juvenil?

Sam estudou suas feições. Sua esposa havia acabado de entrar em


um centro de detenção para meninas, encontrou evidências de atividade
criminosa e acabou de receber uma mensagem do telefone que ela havia
dado a Tessa. As coisas estavam se movendo rapidamente. E conhecendo
Zoe, ela gostaria de se mover mais rápido.

Ele cruzou os braços. ─ Se vamos falar sobre isso, preciso que você
não se proteja e confie em mim.

Conrad bufou uma risada divertida. ─ Nunca é um bom sinal


quando alguém me pede para fingir que não sou policial.

─ Estou confiando em você, Conrad.

O homem descansou o macaco na estrada de cascalho e se levantou.


─ Eu te disse. Eu tenho um mau pressentimento sobre esse lugar. Mas
minhas mãos estão atadas ao quanto posso fazer.

Sam encontrou o olhar do homem. ─ Eles podem não estar mais


empatados.

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─ O que aconteceu?

─ Ela conseguiu entrar e encontrou evidências de atividade ilegal.

Conrad deu um passo para trás, os olhos arregalados. ─ Como ela


entrou e onde encontrou evidências?

─ Esta é a parte onde eu preciso que você-

─ Entendi. Continue.

Sam explicou a conexão deles com Em e Monica, e como eles haviam


elaborado um plano para aparecer em um falso projeto de serviço
comunitário, na esperança de obter acesso às instalações.

Jesus, Sam! Eles precisam ter mais cuidado! Tivemos um aumento


no crime relacionado às drogas no condado. Acho que o centro de
detenção pode estar conectado a ele.

Os músculos da mandíbula de Sam se contraíram. ─ Deixe-me ligar


de volta. Ela saiu de repente. Acho que as amigas dela voltaram. Não sei
quem mais ela conheceria em Garrett.

Ele bateu na tela, abriu as informações de contato de Zoe e fez a


ligação.

Tocou direto no correio de voz.

─ Ela não está atendendo, disse ele, tentando novamente.

Conrad limpou as mãos. ─ A cobertura pode ser irregular aqui.

Sam balançou a cabeça. ─ Mas ela acabou de ligar.

Ele tentou de novo.

Correio de voz.

Ele clicou em seus contatos e ligou para Em.

Ela atendeu imediatamente. ─ Ei! Você e Zoe estão voltando para


Langley Park?

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─ Não, ainda não cheguei à lanchonete. Estou tentando encontrar Z
agora. Estávamos conversando, mas ela desligou de repente.

─ Você tentou ligar para ela de volta? Em perguntou.

─ Eu fiz. As chamadas foram direto para o correio de voz. Pensei que


talvez você e Monica voltassem ao restaurante. A última vez que falei com
ela, ela acabou de receber uma mensagem de Tessa.

─ Oh meu Deus! Do telefone que deu a ela?

Seu intestino torceu. Se Zoe não desligou o telefone com ele para Em
e Monica, com quem diabos ela estava? Ele não deixaria passar uma
carona até o centro de detenção se isso significasse tentar ajudar Tessa.
Mas ele não tinha muito o que continuar. Se ele quisesse descobrir o
próximo passo dela, precisaria de mais informações sobre o que as
mulheres descobriram hoje.

─ Em, disse ele, pensamentos correndo. ─ Você aprendeu alguma


coisa sobre o que estava acontecendo com as adolescentes grávidas na
instalação? Você acha que se Tessa estivesse em trabalho de parto, eles
a levariam para o hospital em Garrett?

Acho que não, Sam. A garota com quem conversamos no centro de


detenção nos disse que as adolescentes grávidas geralmente eram
levadas para a fazenda. Foi aí que eles supostamente fizeram
atendimento pré-natal. Parece que o centro de detenção queria manter
em segredo as gestações. Só posso imaginar que é onde Tessa pode estar.

─ Na fazenda?

─ Sim, mas há mais sobre esse lugar. Zoe falou sobre o cara que
casou vocês?

Ele andou pela estrada. ─ Não, foi uma conversa curta. Ela disse
que vocês encontraram evidências de atividade criminosa e que Tessa
mandou uma mensagem para ela que estava em trabalho de parto. Então
ela saiu bruscamente.

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Em suspirou. ─ Há muito mais. Michael fez algumas escavações. A
fazenda e o centro de detenção estão associados a uma empresa chamada
NLR Holdings.

─ Ele encontrou mais alguma coisa?

─ Sim, uma estranha coincidência. Você conhece aquele Bud que se


casou com você e Zoe?

─ Certo. Bud Roberts.

─ O nome verdadeiro dele é Robert Riggs, e o editor de Zoe quando


ela trabalhava na Zipline tinha o mesmo sobrenome.

Ele parou de andar. ─ Empresa?

Zoe foi demitida da Zipline Media por sua investigação em um centro


de detenção juvenil para meninas perto de DC, e agora um dos principais
atores dessa decisão pode estar relacionado a um homem que mora ao
lado do estabelecimento juvenil de outra garota. Algo assim não
aconteceu por acaso. As peças estavam lá. Ele tentou montá-las, mas
algo estava faltando.

─ Sim, disse Em, entrando em sua linha de pensamento. ─ Nós não


sabíamos o que fazer disso. Pode ser uma coincidência. Mas não gosto
que você não possa alcançá-la.

─ Eu também não gosto, respondeu ele.

─ Sam, você precisa ir ao restaurante. Você precisa encontrar Zoe.

─ Eu vou. Estou saindo agora, mas estou a uns vinte minutos daqui.
Você pode me fazer um favor, Em?

─ Qualquer coisa.

─ Ligue para Michael de volta. Peça a ele para encontrar Gabe, Nick
e Ben. Deixe que eles saibam que posso precisar deles em Garrett.

─ Você acha que ela está em perigo?

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─ Eu não sei. Mas eu quero estar pronto.

Ele terminou a ligação com Em e virou-se para encontrar Conrad


observando-o, com as mãos nos quadris.

─ O que diabos está acontecendo com sua esposa?

Sam olhou para o telefone. Ele recebeu um novo e-mail de Zoe. ─


Deixe-me temtar chama-la mais uma vez. Ele apertou o ícone do rosto
sorridente de Zoe. ─ Atenda, Z, ele sussurrou como uma oração.

Mas sua oração foi para a porra do correio de voz.

Ele tirou as chaves do bolso. ─ Conrad, precisamos deixar seu


caminhão e chegar ao restaurante.

─ Por quê?

─ Eu não consigo falar com Zoe.

Assim que ele falou essas palavras, seu telefone tocou uma
mensagem de texto recebida.

Graças a Cristo! Era um texto dela. Ele verificou o carimbo do tempo


e então xingou baixinho. A maldita coisa foi enviada quase trinta minutos
atrás. Ela deve ter enviado uma mensagem para ele logo depois de
desligar.

Mudança de planos. Encontre-me na delegacia de Garrett. Indo com o


agente do FBI Tobin. Ele está trabalhando com a polícia de Garrett
investigando o centro de detenção.

─ É minha esposa, disse ele. ─ Precisamos ir para a delegacia de


Garrett.

─ A estação? Eu pensei que ela estava no restaurante?

─ Parece que ela se encontrou com um agente do FBI que também


está investigando o centro de detenção.

─ Qual agente do FBI em Garrett?

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Sam estendeu o telefone para Conrad ler a mensagem.

O homem sacudiu a cabeça. ─ Sam, o departamento de polícia de


Garrett não está coordenando com o FBI. Eu seria o primeiro a dizer se
estávamos. Não sei quem diabos é esse cara Tobin.

Sam rangeu os dentes. Ele sabia que desde o segundo em que o texto
chegava do telefone que ela deu a Tessa, as coisas tinham ido para o lado.
Zoe tropeçou em algo grande. Algo que foi além das alegações de abuso
em um centro de detenção juvenil no meio do nada Kansas.

─ Conrad, vou precisar da sua ajuda. Não sei quem levou minha
esposa, mas tenho uma boa ideia de onde eles estão indo.

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22
Zoe torceu os pulsos, tentando afrouxar as algemas. Ela queria
gritar. Ela deveria ter inspecionado o crachá mais de perto. Deveria saber
que algo estava errado quando pediu para vê-lo novamente e ao agente
Tobin ou a quem diabos ele estava ignorando seu pedido.

Droga!

Baumgartner sentou-se ao lado dela no banco de trás do carro


enquanto Tobin dirigia. O guarda olhou para ela. Embora agora estivesse
escuro, ela podia sentir os olhos castanhos e frios vazios de calor que a
perfuravam.

O homem deu uma risada. ─ Quão estúpido você pensa que somos?
Você acha que não temos câmeras no escritório do diretor?

Ela ergueu o queixo e olhou pela janela os raios de luz projetados na


estrada vazia. Ela não tinha pensado nisso. Na área da recepção, com
certeza, haveria câmeras. Nos corredores, é claro. Mas ela assumiu que
o escritório do diretor recebia algum nível de privacidade.

─ Para onde você está me levando?

─ Você não reconhece a unidade, senhorita Stein? Ou devo dizer,


senhora Sinclair? Tobin respondeu.

Um calafrio percorreu sua espinha quando os faróis iluminaram o


sinal para o retiro Intimacy Now. O pulso dela acelerou. Tessa poderia
estar lá. Ela poderia ajudá-la. Ela descobriria algo. Zoe limpou a
garganta. ─ Exijo que você me deixe ir. Isso não precisa terminar mal
para ninguém.

Baumgartner se inclinou para ela. ─ Você exige? ─ Ele puxou um


taser do cinto e apertou o gatilho. O dispositivo estalou, quente e elétrico,
iluminando o banco traseiro em um flash de luz azul.

Zoe gritou e se afastou do homem.

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Então o som crepitante parou e Baumgartner deu uma risada cruel.

Seu corpo tremia, mas ela se forçou a respirar. Ele não o havia
implantado. Ela ainda podia se mexer. Ela estava bem... por enquanto.

─ Pare de brincar, Tobin chamou do banco da frente. ─ Você sabe o


que precisamos fazer.

Zoe engoliu em seco pelo nó na garganta quando eles pararam no


portão que levava à fazenda. O motorista digitou um código e um motor
de trituração zumbiu quando o portão se abriu e eles continuaram em
direção à casa da fazenda.

Ela precisava de um plano. Sam saberia que ela estava desaparecida


agora. Mas ele esteve com Conrad e, se o policial estivesse envolvido, o
marido dela também poderia estar em perigo.

Pense Zoe! Pense!

Bud e Harmony estavam conectados à instalação. Havia a


possibilidade de Bud e seu antigo chefe, Jack Riggs, serem parentes. Mas
não estava somando. Jack Riggs era um editor respeitado. Ele lutou por
justiça. Ele empurrou para descobrir a verdade.

Ou ele fez?

Ela publicou essa história na Zipline sem a aprovação direta dele.

A reunião em seu escritório era sobre controle de danos.

Ele também poderia estar conectado à NLR Holdings?

O carro parou e ela olhou para o pátio o lugar onde se casara com
Sam. O lugar onde eles deixaram o passado e decidiram construir um
futuro. O rosto de Sam brilhou diante de seus olhos. Ele tinha que ficar
bem. Ele era forte. Ele era maior que Conrad. Mas Conrad estaria
armado.

Pare!

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KRISTA SANDOR
Ela não podia deixar sua mente ir para lá. Ela tinha um objetivo.
Escapar. Se Tessa estivesse em trabalho de parto, ela precisaria sair dali
e entrar em contato com o verdadeiro FBI. Se Tessa não estivesse em
trabalho de parto e a ligação fosse um ardil, o plano seria o mesmo.

Cair fora.

Obter ajuda.

─ Saia! veio a voz de Baumgartner.

Zoe se assustou quando o guarda a agarrou pelas algemas e a puxou


para fora do carro. Era uma noite fria de novembro. O dia estava
relativamente quente para esta época do ano. Pelo menos se ela tivesse a
chance de fugir, não morreria de frio. Baumgartner a jogou contra o
carro, seu corpo batendo contra o lado.

─ Jason, não há necessidade disso.

Bud estava parado na varanda da frente, vestindo uniforme médico.

─ Traga a nossa convidada, acrescentou ele e entrou na casa.

Baumgartner agarrou-a pelos cabelos, torceu as fechaduras e a


puxou pela porta.

Os móveis caros da cozinha e da sala estavam empurrados contra


as paredes, cobertas com folhas de plástico. Agora, parecia um quarto de
hospital improvisado, equipado com monitores, uma mesa com
instrumentos médicos e, no centro da sala, uma cama contendo uma
Tessa Jackson contida e muito grávida. Sua cabeça pendeu para o lado,
olhos fechados, boca escancarada.

Zoe ofegou.

Ela tentou ir até a garota, mas Baumgartner a segurou.

Zoe torceu contra o porão do guarda. ─ Ela está morta?

A testa de Bud franziu. ─ Céus, não! Harmony a sedou.

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KRISTA SANDOR
─ Sedada?

Bud assentiu como se fosse normal ter uma adolescente grávida em


coma deitada em sua sala de estar. ─ Sim, é muito mais fácil para as
meninas.

Meninas.

Zoe rangeu os dentes. ─ Que diabos está errado com você?

Harmony entrou na sala também vestindo avental. ─ Eu pensei que


fizemos algo sobre a aura dela. Mas não, está muito escuro, não é, Bud?
ela disse, depois levantou uma agulha.

Zoe ofegou. ─ O que é isso?

Harmony acenou para ela. ─ É apenas Pitocin. Faz o útero contrair


para que possamos acelerar o trabalho de parto. Este bebê é um presente.

─ Um presente? Zoe ecoou.

Este lugar era como a Zona do Crepúsculo. Zoe se libertou do aperto


de Baumgartner e olhou de Bud para Harmony. ─ Essa garota precisa
estar em um hospital. Ela precisa de cuidados médicos adequados.

─ Ela tem os devidos cuidados. Harmony é enfermeira, respondeu


Bud.

─ E... Harmony solicitou.

Bud sorriu. ─ E um praticante de medicina psicodélica. Zoe virou-


se para a mulher. ─ Seja o que for, você deve saber que isso não está
certo. O que você está fazendo com essas garotas, o que está acontecendo
nas instalações de detenção, é uma injustiça grosseira.

Harmony adicionou o Pitocin ao IV de Tessa.

A garota piscou lentamente. ─ Zoe, disse ela, em uma exalada


arejada.

─ Você conhece ela? Harmony perguntou.

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Zoe ignorou a mulher e tentou pegar o olhar tonto de Tessa. ─ Vai
ficar tudo bem, Tessa, ela respondeu, com a mente acelerada.

Goste ou não, este bebê estava chegando.

Bud virou-se para Baumgartner. ─ Nós podemos remover as


restrições de Zoe, Jason. Não consigo imaginar que ela tentaria fugir.
Além disso, temos um guarda na porta da frente. Tobin ainda está por aí,
certo?

Com um aceno sombrio, o guarda abriu as algemas.

Bud apontou para a mesa da cozinha. ─ Sente-se, Zoe.

Ela se sentou, olhando fixamente para Tessa. O adolescente


começou a se mover em mini convulsões.

Harmony inclinou a cabeça para o lado. ─ Oh céus! Eu posso ter


entendido errado a dosagem da psilocibina.

A boca de Zoe caiu aberta. Psilocibina? Como cogumelos? Como


drogas alucinógenas?

Harmony sorriu. ─ Sim, estou trabalhando em um regime de


dosagem.

─ Para mulheres grávidas? Zoe perguntou, estupefata.

É ciência. ─ Eu sou herbalista, respondeu Harmony.

─ Não, você não é um herbalista. Você é louca!

Harmony a ignorou e virou-se para Baumgartner. ─ Jason, vou


precisar da sua ajuda para colocar as pernas do nosso paciente nos
estribos.

O guarda deu um passo à frente, mas Harmony o deteve. ─ Sem


armas. Sem tasers. Não posso ter essa energia ao meu redor enquanto
trabalho.

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KRISTA SANDOR
Baumgartner soltou um suspiro, colocou as armas em uma mesa
próxima e manobrou o corpo flácido do adolescente.

Harmony foi até o fim da mesa. ─ A cabeça está coroando!

Zoe assistiu horrorizada quando Harmony deu à luz o bebê de Tessa.


A adolescente mal se moveu, drogada, o pulso algemado nas laterais da
cama, as pernas curvadas para fora. Ela não merecia isso. Ninguém
merecia.

Estou indo para a frente com Tobin. ─ Eu odeio essa merda, disse
Baumgartner, fazendo uma careta ao sair de casa.

Apenas um minuto se passou antes que Harmony estivesse


segurando o bebezinho de Tessa. Bud foi até Harmony e levou a criança
enquanto ela permanecia aos pés da cama do hospital, tendendo ao corpo
flácido de Tessa.

─ O nascimento é uma coisa linda, disse Bud, enquanto os


inconfundíveis gritos de um recém-nascido cortam o ar. Ele a acenou
para uma mesa com uma bacia de água. ─ Venha ver Zoe. Venha e veja
o serviço que prestamos aos outros.

Caminhando devagar, Zoe manteve o olhar fixo em Tessa. Ela olhou


para o chão e viu um anel torcido de papel higiênico perto do lado da
cama, semelhante ao que ela havia encontrado no campo. Ela se abaixou
e pegou.

Harmony tirou as luvas descartáveis. ─ Não ligue para isso. As


meninas gostam de fazer pulseiras de papel higiênico.

Zoe desvencilhou. T, H, O, M, A, S. Thomas foi escrito exatamente


como Laney havia escrito naquele que ela encontrou. As meninas tinham
nomeado seus bebês. Eles usavam essas pulseiras como sua única
reivindicação à sua carne e sangue.

Zoe engoliu em seco. Não era hora de perdê-lo.

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─ Zoe, Bud chamou. Ele limpou o corpo do bebê e o envolveu em um
cobertor.

Ela olhou as bochechas rosadas perfeitas do bebê e foi atingida por


uma onda de reconhecimento. Semanas atrás, na cozinha a menos de
três metros de distância, ela viu esse rosto nos olhos de Sam. Ela viu essa
criança, esse menino. Isso a abalou profundamente. Agora, aqui estava
ela olhando para baixo, a personificação viva e respiratória de sua visão.

Ela olhou de volta para Tessa. ─ Bud, você parece um homem


razoável. Isso precisa parar. Tudo isso precisa acabar. O que quer que
você esteja envolvido, não pode melhorar para você se algo acontecer com
Tessa ou o bebê dela.

─ Este bebê não é de Tessa, disse ele, colocando o bebê enrolado em


uma cesta acolchoada sentada na mesa da cozinha.

Um calafrio percorreu a espinha de Zoe.

O que eles fariam com o bebê de Tessa?

Antes que ela pudesse perguntar, a porta da frente bateu. Zoe olhou
para cima e viu um Jack Riggs bravo vindo em sua direção e, seguindo
um passo atrás, Cheryl Laughlin com uma expressão comprimida.

O ar ficou preso em sua garganta. ─ Jack. Sr. Riggs, você precisa


fazer alguma coisa!

Ele a ignorou, ignorou o bebê e ficou cara a cara com Bud. ─ Tudo
o que você precisava fazer era vigiar as instalações de detenção. Como
favor, contratei seu cunhado idiota para administrar o local. Eu até fechei
os olhos para o retiro de casais de asnos e suas besteiras da fazenda de
cogumelos mágicos, desde que tudo funcionasse conforme o planejado.

Plano? Eles estavam todos nisso.

Bud deu um passo para trás. ─ Acalme-se, irmãozinho. Nós temos a


repórter. Nós ficaremos bem. E os casais se retiram e os fitoterápicos não
são besteira, Jack. É o nosso chamado divino.

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─ Seu chamado divino? Jack bufou. ─ Você é um professor de
química do ensino médio. Ela é uma enfermeira que usa opióides. E,
graças ao seu último chamado de tentar ficar rico com a metanfetamina,
vocês dois perderam suas licenças. E agora temos que lidar com isso, ele
disse, apontando para Zoe.

Ela congelou, olhando entre os homens.

Eles eram irmãos. Família emaranhada em uma rede de atividades


ilegais.

Bud levantou as mãos. ─ Não sabíamos quem ela era quando veio
ao retiro de casamentos, Jack.

─ Bem, graças a Cristo, tenho pessoas mais inteligentes do que


Dwain trabalhando para mim. Aquele idiota não conseguiu conectar dois
pontos em um pedaço de papel sem se perder.

─ Você sabe sobre tudo isso? Você está bem com isso? Zoe
perguntou.

Ainda havia uma chance de Jack ajudar. Ele tinha sido uma lenda
no mundo das notícias. Ele foi um dos motivos pelos quais ela se
candidatou para trabalhar na Zipline Media.

Jack olhou para ela. ─ Eu deveria ter ficado de olho em você. Ouvi
dizer que você estava em Kansas City fazendo trabalhos para rádio
pública. Mas eu deveria saber que, no momento em que você sentisse o
cheiro do centro de detenção de outras garotas, você estaria nele como
um cachorro até os ossos.

─ Mas você é um bom homem. Você luta contra injustiças.

Jack riu, um som vazio e sem alma. ─ Você quer saber o que eu
aprendi tentando defender a justiça, Zoe? Não há escolha certa. Não há
mocinhos ou bandidos. Este mundo tem dois tipos de pessoas:
vencedores e perdedores. Você está no topo ou está empurrando a merda
deles no fundo. Eu terminei de cavar merda. E garotas assim. Ele

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apontou para Tessa. ─ Ninguém se importa com elas. Elas não são nada.
Eu também poderia ganhar dinheiro com seus jumentos viciados em
drogas e prostitutas.

A raiva ardia em seu peito. ─ Você é um bastardo! Você não decide


isso! Você não é Deus!

Jack se inclinou. ─ Mas você vê, eu sei. Você acha que pode salvar
o mundo, Zoe. Eu já fui como você. Eu trabalhei meus dedos até os ossos.
E para quê? Pagamento de merda e um tapinha nas costas? Cheryl me
mostrou como é o verdadeiro poder. E adivinha? É fantástico estar no
topo. Eu posso ter o que quiser sempre que quiser. Você quer ser uma
santa, Zoe? Você quer salvar todo mundo? Eu tenho novidades para você.
Eles não valem a pena.

Zoe balançou a cabeça. ─ Eu sei sobre a NLR Holdings. Eu vi os


livros, Jack. Isso é fraude. É tudo ilegal.

─ É como você joga, garotinha, ele rosnou.

Cheryl bateu o dedo contra a madeira. ─ Eu avisei que isso poderia


acontecer, Jackie. Você foi quem me implorou para trazer seu irmão para
o negócio.

Jack passou a mão pelos cabelos. ─ Baby, eu vou controlar isso.

Jackie? Baby?

Zoe olhou para as mãos deles. Nem se casou quando ela trabalhou
na Zipline. Agora cada um usava uma aliança de casamento. E se Jack
queria dinheiro e poder, Cheryl era sua melhor aposta. A família dela era
poderosa. Eles se autodenominavam capitalistas de risco, mas Zoe agora
apostaria em sua vida que sua fortuna era construída com base em
fraudes e no sofrimento de outras pessoas.

Cheryl pressionou a mão nas costas de Jack. ─ Vou te contar o que


vai acontecer. Essa jornalista intrometida já tem um histórico de
reportagens desonestas e, hoje, conseguiu acesso a um centro de

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reabilitação seguro para meninas sob falsos pretextos. Ela é obcecada.
Ela está fora de controle. E se ela voltasse às instalações com uma arma?

Os lábios de Jack se curvaram em um sorriso. ─ Eu poderia escrever


a pista maldita agora. Repórter armado e obcecado com um rancor ataca
o centro de reabilitação juvenil. Os guardas não tiveram escolha a não
ser atirar.

Zoe olhou ao redor da sala. ─ Bud? Harmony? Vocês não podem


permitir isso. Vocês devem saber que isso está errado!

Bud sorriu. ─ Zoe, há um equilíbrio neste mundo. Harmony e eu


trabalhamos para manter esse equilíbrio. Aconselhamos casais.
Oferecemos experiências medicinais terapêuticas. Nós encontramos bons
lares para bebês inocentes.

Zoe balançou a cabeça. ─ Não, você engana casais, vende drogas e


rouba bebês de suas mães e os coloca no mercado negro pelo maior lance,
sem mencionar a fraude e abuso ocorridos nas instalações de detenção.

Bud cruzou os braços. ─ Você entendeu tudo errado. Veja a situação


como está, Zoe. O universo está reconhecendo nosso trabalho e nos
recompensando por isso. Você, por outro lado, não tem tanta sorte.

Ela se virou para Jack. ─ Você acredita em tudo isso?

Ele endureceu o olhar. ─ Acredito no que quer que continue me


fazendo dinheiro.

Harmony se juntou a eles. ─ Zoe, é uma pena que sua história


termine assim. Eu pensei que fizemos tanto progresso durante o retiro.

─ Terminar como o quê? Zoe perguntou.

Harmony levantou outra seringa. ─ Eu não posso ter você


atrapalhando o tempo de Jack e Cheryl com o novo filho deles.

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─ Notícias sobre? Cheryl latiu. ─ O que faz você pensar que eu quero
um desses bebês? ─ O rosto da mulher ficou tenso. Ela olhou para Jack.
─ Você disse a eles?

Ele levantou as mãos. ─ Eu pensei que eles poderiam nos ajudar!


Não podíamos arriscar passar pelos canais normais de adoção.

Cheryl levantou o queixo. Ela olhou para Zoe. ─ Cuide disso. Ela
gesticulou para o bebê. ─ E lide com isso. Eu nunca mais quero ver
nenhum deles. Estou indo embora. Estou pegando o carro e estou
voltando para o aeroporto. Você pode encontrar o seu próprio caminho
de casa, Jack.

Cheryl saiu furiosa, a porta batendo atrás dela.

Uma veia pulsou na testa de Jack. Ele abriu os lábios, mas antes
que ele pudesse falar, Tessa lançou um grito de parar o coração. O corpo
dela convulsionou violentamente. Harmony correu para a cama do
hospital. O sangue encharcou os lençóis quando as gotas caíram no chão
como chuva ensanguentada.

Harmony vestiu um par de luvas descartáveis. ─ Ela está com


hemorragia! Bud, preciso que você a segure. Jack, vá buscar mais toalhas
no armário de roupas de cama.

Zoe congelou quando Tessa se virou para ela. ─ Salve-o, ela ofegou,
os olhos selvagens e aterrorizados.

Salve ele.

O bebê.

Zoe olhou ao redor da sala. Ela só teve segundos. Havia mamadeiras


pré-fabricadas com fórmula infantil no balcão. Ela bateu um. Então ela
correu para a mesa e olhou para o bebê, dormindo docemente, sem
perceber o caos que irrompeu ao seu redor.

─ Segure-a, Bud! Harmony gritou.

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Essa era a chance dela. Zoe abriu o zíper, pegou o bebê e o segurou
entre o corpo e o tecido quente. Ela olhou para Tessa e encontrou seu
olhar vidrado. O fantasma de um sorriso tocou seus lábios antes de seu
corpo ficar mole.

Uma dose de adrenalina percorreu as veias de Zoe, ação e


determinação dirigindo cada movimento. Ela pegou o taser da mesa e
correu em direção à porta dos fundos.

─ Bud! Zoe levou o bebê! Harmony chamou por trás.

Zoe girou a maçaneta e abriu a porta. Um Baumgartner assustado


estava na frente dela.

─ Eu recebo uma comissão de cada criança que eles vendem. Não


vou deixar você sair com aquele bebê.

Zoe levantou o taser. ─ Hoje não, seu idiota vendedor de bebês,


abusando de pica-pau! Ela implantou o taser, e um Baumgartner
atordoado caiu no chão.

Então ela correu.

Segurando o bebê perto e se movendo o mais rápido que se pode


carregar um recém-nascido, ela correu pelo caminho em direção aos
campos.

O campo de girassol!

Ela poderia se esconder lá. Nuvens haviam rolado, e apenas uma


fatia de lua iluminava o céu noturno. Rapidamente, ela foi em direção ao
campo escuro, quando a colheita murcha se espalhou diante dela,
misteriosa e silenciosa.

─ Eu odeio girassóis, Tommy, ela sussurrou para o bebê. Mas esse


cemitério de plantas em decomposição era sua melhor chance de escapar
da captura.

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Ela abriu caminho entre as flores altas, afastando as cabeças caídas.
Então ela parou.

Rachadura, rachadura, rachadura.

Alguém estava lá. Ela começou de novo, balançando e tecendo o


melhor que pôde através do campo.

Trituração, trituração, trituração.

Merda! Eles estavam se aproximando.

Zoe virou outra linha quando uma forma escura emergiu, e uma mão
agarrou seu ombro.

─ Peguei vocês!

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KRISTA SANDOR
23
Sam estabilizou sua esposa. ─ Sou eu, Zoe! Sou só eu!

Ela olhou para ele. Sam! Graças a Deus você está segura!

Ele a puxou para perto e sentiu um solavanco. Ele olhou para baixo.
─ É aquele-

─ É o bebê de Tessa.

─ Onde está Tessa?

Zoe balançou a cabeça e apertou o bebê. ─ Ela morreu, Sam. Ela


morreu bem no meio da sala de Harmony e Bud após o parto. Eles forçam
as meninas grávidas a entregar os bebês na fazenda. Então eles vendem
os bebês. ─ Jesus! E o que acontece com as meninas?

─ A Harmony os droga durante o trabalho de parto. Não sei ao certo


o que matou Tessa, se foram as drogas ou algo relacionado à gravidez.
Ela estava sangrando muito. Ela olhou para mim, Sam. Ela me implorou
para salvar seu bebê. Não vamos deixar que essas pessoas o machuquem.

Ele apertou a mandíbula e controlou a raiva. ─ Não, eles não estão


pegando esse bebê. Eu posso te prometer isso. Eu morreria antes do que
deixar essas pessoas prejudicarem outro ser humano.

Ela segurou sua bochecha. ─ Como você se afastou de Conrad?

─ Eu não fiz.

─ Ele não está envolvido nisso tudo?

─ Não, Z. Ele está de volta ao meu caminhão estacionado perto do


portão, esperando por ajuda. Mostrei seu e-mail com as evidências. Ele o
encaminhou para um cara que ele conhece no FBI. Só temos esperança
de que eles cheguem aqui em breve e possam entrar. Harmony e Bud têm
esse lugar selado como Fort Knox. Eu tive que pular uma cerca para

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KRISTA SANDOR
entrar na propriedade. Mas eu tinha uma boa ideia de que quem quer
que pegasse você a levaria até aqui.

─ Eram os guardas do centro de detenção, disse ela, ofegante. ─ Eles


tinham uma câmera no escritório do diretor. Eles sabiam que eu tinha
invadido. Eles estão com o meu telefone. Graças a Deus esse e-mail com
todas as evidências chegou até você.

Um estrondo de trovão interrompeu a conversa quando uma garoa


fria de novembro começou a cair.

─ Vamos lá, disse ele, envolvendo o braço em volta dela. ─ Dois


homens correram atrás de você. Eles não estarão longe. Precisamos
encontrar algum abrigo para esperar isso antes que a ajuda chegue aqui.

─ Você tem certeza de que a ajuda está chegando? ela perguntou.

─ Temos que confiar que Conrad pode chamar o FBI, e falei com Em.
Eu disse a ela para deixar Michael, Nick, Gabe e seu irmão saberem que
eu precisava deles aqui.

Ela assentiu. ─ Onde vamos? Onde devemos nos esconder?

Ele olhou ao redor. ─ A estufa não está longe.

Eles teceram através dos girassóis, com os pés pesados de lama. Zoe
segurou o bebê perto, puxando o casaco sobre ele para impedir a chuva.
A estufa apareceu, e ele a levou pelo caminho.

Ela girou a maçaneta. ─ Trancado.

─ Afaste-se, disse ele.

Zoe se afastou. Ele recuou e bateu na porta. Ele se abriu, a


fechadura não era páreo para cento e vinte quilos de músculo sólido.

─ Lembre-me de nunca mais provocar você sobre ser um gigante de


gengibre novamente.

Ele a seguiu, e o cheiro quente e almiscarado de sujeira e fertilizante


encheu o ar. Eles não haviam entrado na estufa durante o tempo em que
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estavam no retiro, e com as janelas cobertas de papel pardo, ele não tinha
idéia do que estavam cultivando.

Havia uma razão para isso.

As luzes de cultivo banhavam o espaço em uma névoa rosada,


enquanto fileiras e fileiras de plantas e banheiras de maconha repletas
de cogumelos enchiam a sala.

Bud e Harmony tiveram bastante ação acontecendo aqui.

─ Harmony chama a si mesma de herbalista e médica psicodélica.

Sam assobiou. ─ Ela tem um monte de ervas e mais cogumelos do


que eu já vi em um só lugar. Vou dar isso a ela.

O bebê murmurou e se mexeu nos braços de Zoe. Ela puxou a


garrafa do bolso, sacudiu-a e inclinou o bico em direção à boca dele. ─
Ele não comeu nada ainda. Eu só consegui pegar uma garrafa.

Déjà vu tomou conta dele. ─ Eu já vi você fazer isso antes, Z.

Ela sorriu para ele com um sorriso cansado. ─ Claro que você já viu.
Entre os bebês de Em e Lindsey, eu sou uma estrela do rock carregando
garrafas.

─ Não, Z. Na primeira noite no retiro, quando olhamos um para o


outro. Eu vi você segurando um bebê. Você foi banhado em luz rosa
assim.

Ela ofegou. ─ Vi o rosto de um bebê quando olhei nos seus olhos.


Era o rosto dele, Sam. Era o rosto de Tommy.

─ Como você sabe que o nome dele é Tommy?

─ Lembra como eu encontrei a pulseira no chão com Laney escrita


nela?

Ele assentiu.

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KRISTA SANDOR
─ Tessa teve um. Ela tirou e caiu no chão. Peguei e destorci o jornal.
Uma lágrima escorreu pela bochecha de Zoe. ─ Ela o nomeou. Ela o
nomeou e nunca conseguirá segurá-lo.

─ Ninguém vai machucar esse bebê, Z. Nós vamos sair daqui. Nós
três vamos ficar bem.

Cristo! Ele esperava que isso fosse verdade.

─ E as meninas no centro de detenção? ela perguntou.

─ Conrad está trabalhando nisso também.

Ela olhou em volta. ─ Existe algum lugar para se esconder aqui?

Ele examinou o vasto espaço. ─ Veja! Eu vejo alguns barris no canto


de trás. Vamos lá.

Enquanto desciam a fileira estreita, lanternas entraram na estufa.

─ Eu vejo eles! ─

Droga! A ajuda tinha que estar a caminho. Ele tinha que confiar que
Conrad e seus amigos iriam passar.

─ Zoe, esconda-se atrás dos barris e fique abaixada!

Uma mesa havia sido montada no canto da estufa. Casos de


remédios para resfriado foram empilhados em fileiras organizadas com
tanques de propano alinhados abaixo. Ele leu os rótulos nas outras latas
dispostas em cima dos refrigeradores. Acetona. Amônia anidra. Fósforo
vermelho.

Zoe colocou o bebê nos braços e olhou em volta. ─ Por que existem
sacos de lixo para gatos?

─ Não toque em nada, Z. A maior parte disso é inflamável. Ele viu


um prato quente e seu palpite foi confirmado. ─ Eles têm um pequeno
laboratório de metanfetamina acontecendo aqui.

─ Metanfetamina? Zoe ofegou e se afastou dos tanques.

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KRISTA SANDOR
─ Lá estão eles! Na esquina!

Bud e um jovem que parecia vagamente familiar correram pelo


corredor, derrubando as plantas à medida que se aproximavam. Eles
pararam a alguns metros de distância, e o jovem levantou uma arma.

─ Você não quer disparar essa coisa, disse Sam.

─ Por que não? ele latiu de volta.

─ Você sabe o que é fósforo vermelho?

O homem apertou mais a arma, mas permaneceu em silêncio.

─ Está em chamas e fósforos. É altamente inflamável. O mesmo


acontece com a acetona e o propano. Um tiro perdido, uma pequena
faísca, e você está levando todo mundo a esse lugar.

Bud riu. ─ Você deve ter prestado atenção na aula de química.

─ E você deve ter estado ausente no dia em que eles te ensinaram


que essa merda arruina a vida das pessoas. Isso destrói comunidades.

─ É o fim de um meio. É o yin e o...

─ Poupe-me as besteiras de yin yang, Bud. Você está prestes a estar


em um mundo de mágoa.

Harmony correu para a estufa. ─ Onde está o bebê?

─ Você não está colocando as mãos nessa criança. ─ Zoe falou,


chegando ao lado dele. Este é o fim. As autoridades sabem o que está
acontecendo aqui. Ela voltou o olhar para o jovem. ─ Esse jóquei de botão
é Baumgartner. Ele é um dos guardas que me sequestraram. Ele também
é o guarda que vimos usar um taser naquela pobre garota.

Sam assentiu. Sim, ele já tinha visto aquele bastardo de olhos


mortos antes.

A vibração zen de Harmony se foi. Parecendo um rato enlouquecido


e molhado, ela se virou para Bud, rosto apertado, mãos cerradas em

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punhos apertados. ─ Não voltarei a essa vida em Tampa. Não vou voltar
para o estacionamento de trailers. Eu não vou fazer isso.

─ Relaxe, Dwanda, disse Bud.

Dwanda? Eles deveriam saber que poser-yogi18 não se chamava


Harmony.

Bud pressionou a mão nas costas da esposa. ─ Meu irmão foi para
o centro de detenção. Ele está enviando todos os guardas disponíveis. Ele
apontou para eles. ─ Zoe e Sam estão encurralados. Não há para onde ir.
Nosso pessoal chegará aqui, e isso terminará.

Harmony, Dwanda, qualquer que fosse seu nome verdadeiro,


passeava como um animal enjaulado. ─ E a garota morta sangrando por
todo o meu tapete novo?

─ Tobin está cuidando de tudo isso, respondeu Bud friamente.

Zoe levantou o queixo. ─ Você não vai se safar disso, Dwanda! Você
está muito fundo. Você as mata. Você machucou esse bebê. Você só está
cavando sua cova um pé mais fundo.

Harmony parou de andar. ─ Ela está falando a verdade?

Baumgartner sacudiu a cabeça. ─ Ela não tem nada. Eu apaguei


todas as fotos do telefone dela.

Sam olhou para Zoe. Ela encontrou o olhar dele. Uma troca rápida
e consciente passou entre eles. Eles não tinham ideia de que as
evidências haviam sido enviadas por e-mail e estavam em segurança em
várias caixas de entrada.

Bud tocou a bochecha de sua esposa. ─ A polícia não pode nos


tocar, Harmony. Isto é propriedade privada. O centro de reabilitação
também é administrado de forma privada. Eles não têm justa causa para
vir aqui.

18
poser-yogi – posição de yoga

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KRISTA SANDOR
Harmony passou os braços em volta de si mesma. ─ Eu não posso
voltar para essa vida.

Zoe deu um passo à frente. ─ Você vai implorar por Tampa, Dwanda!
Todas aquelas fotos que seu guarda excluiu já chegaram às autoridades.

─ Isso é verdade? ─ Harmony gritou.

O sorriso desapareceu do rosto de Baumgartner e, antes que ele


pudesse responder, o zumbido de um motor zumbiu na estufa. Raios
luminosos do céu penetravam no papel marrom que cobria o vidro.

Harmony olhou para cima. ─ Isso era um avião?

─ Esse é o Nick? Zoe perguntou.

Sam assentiu e segurou o olhar de Bud. ─ Você pode literalmente


pousar um avião em qualquer lugar do Kansas. Existem regras zero de
aviação neste estado.

─ Quem é Nick? Harmony gritou, puxando seus cabelos.

─ Você está chamando no seu calvário. Eu já chamei o meu, ─


respondeu Sam.

─ Me dê a arma! ─ Harmony gritou. Ela agarrou o pulso do guarda.


Ele se virou.

─ Harmony! Não! ─ Bud chamou, tentando tirar a esposa do homem.

─ Você sabe o que estava no telefone dela, Bud! Você me prometeu


que ninguém saberia o que estava acontecendo. Você disse que era à
prova de falhas!

Sam olhou em volta. Harmony tinha perdido, e eles precisavam sair


dali. Ele viu uma grande banheira de areia.

─ Z, eu vou jogar aquele recipiente através do vidro. Preciso que você


corra pela abertura e fique o mais longe possível daqui.

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KRISTA SANDOR
Ele olhou para o trio. Bud agarrou a cintura da esposa, mas
Harmony balançou o braço e coçou o rosto de Baumgartner. Ele recuou
e largou a arma.

Sam pegou a banheira.

O lábio inferior de Zoe tremeu. ─ Eu não vou embora sem você, Sam!

─ Z, eu te amo e preciso que você faça isso. Você precisa correr. Você
corre por Tessa. Você corre pelo bebê.

─ Eu não posso te perder.

Ele forçou um sorriso. ─ Eu estarei logo atrás de você.

Ele olhou por cima. Harmony se levantou, a arma nas mãos.

─ Eu prometo, Z.

Ela segurou o olhar dele. ─ Eu vou te matar se você não for!

Com cada grama de força, ele levantou a banheira pesada e a jogou


ao lado da estufa. O som do vidro quebrando em cascata, afiado e
cortante, enquanto fragmentos choveram nas plantas. Ele se virou para
verificar Harmony. O som a surpreendeu momentaneamente.

─ Vá Z! Vai!

Zoe embrulhou o bebê dentro de sua jaqueta e saiu pela abertura.

─ Eu não vou voltar para aquela vida! Harmony gritou.

Sam encontrou seu olhar. ─ Não, você está indo direto para o
inferno, senhora!

─ Você é ingrato... ela começou, mas o ruído das pás do helicóptero


abafou seu discurso retórico.

Ela deu um passo à frente e disparou a arma.

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KRISTA SANDOR
Ele mergulhou para a abertura. Vidro irregular cortou seus braços
quando lascas afiadas caíram livres do buraco aberto. Ele se levantou e
olhou para Zoe correndo em direção a uma pequena cabana de tijolos.

Pop!

Harmony disparou outro tiro, e então ela soltou.

Rodadas ecoaram atrás dele quando ele bateu seu passo e fechou a
distância entre ele e Zoe.

─ Não, Dwanda! Não é o tanque de propano! Bud gritou.

No espaço de uma respiração, Sam alcançou Zoe quando o som


estrondoso de uma explosão enviou um flash de luz brilhante e explosão
de calor. Ele agarrou seus ombros, tomando cuidado para não machucar
o bebê, e a puxou para trás da estrutura.

Outra explosão cortou o ar da noite. Ele se envolveu em torno de sua


esposa e do bebê, enquanto explosão após explosão balançava a fazenda.

─ Eu tinha medo que você não fosse sair, disse Zoe, inclinando-se
para ele.

Ele segurou o rosto dela nas mãos. Ele passou o polegar por
pequenos cortes nas bochechas dela. ─ Não havia nenhuma maneira de
eu deixar nossa história terminar aqui. Você está preso com esse gengibre
gigante por toda a vida.

As sirenes gritavam ao longe quando um helicóptero passou por


outra passagem pela fazenda, e o bebê começou a chorar.

─ Está tudo bem, pequeno. Zoe apertou a articulação dos dedos


contra os lábios dele e ele fechou os olhos, sugando o dedo dela. Ela
soltou um suspiro cansado. ─ Sam, é...

─ Acabou, Z. Você conseguiu. Você vai ajudar muitas garotas. Elas


vão ficar bem - e nós também.

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KRISTA SANDOR
Luzes brilharam e sirenes soaram quando veículos de emergência
atravessaram o campo, pisoteando os girassóis mortos. Sam puxou Zoe
e o bebê para perto e a firmou seu aperto em torno da única garota que
ele já amou e da criança que ele sabia que logo chamaria de filho.

─ Ele é um bebê tão doce, Z. Quanto tempo eles querem que ele fique
no hospital? Em perguntou, acariciando o punho minúsculo de Tommy.

Zoe estava sentada, balançando Tommy, um movimento suave e


constante que embalara o bebê a dormir. As últimas horas haviam se
desfocado em uma enxurrada de atividades. Após a explosão, o FBI e os
serviços de emergência invadiram a fazenda, e ela, Sam e o bebê foram
levados de ambulância ao Hospital Comunitário Garrett.

Ninguém na estufa sobreviveu.

Ela e Sam apenas sofreram cortes e contusões nada que precisasse


de mais do que alguns pontos.

Era a saúde do bebê que tinha sido sua principal prioridade.

Além do Pitocin, ela não tinha ideia do que Harmony havia


administrado a Tessa durante o trabalho de parto, e também não sabia
se a pobre menina sequer recebeu o pré-natal adequado. Os primeiros
minutos com o pediatra foram alguns dos mais difíceis que ela já
suportou. Com o braço de Sam em volta dela, eles observaram o médico
examinar Tommy. Ela chorou quando a mulher o envolveu de volta em
seu cobertor, entregou-o a ela e depois pronunciou as palavras que ela
rezou para que ouvissem.

Ele é um menino saudável.

Zoe acariciou a bochecha do bebê. ─ Os médicos querem mantê-lo


aqui algumas noites para observação, como se ele tivesse um parto
normal.

A imagem de Tessa, olhos suplicantes, passou por sua mente.

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KRISTA SANDOR
Salve ele.

─ Você vai ficar com Tommy? Monica perguntou.

Zoe olhou para Sam. Ele sorriu, mas a preocupação nublou seu
olhar. ─ Ainda não sabemos, respondeu ela, tentando manter a voz firme.

Seus amigos e familiares chegaram ao hospital pouco depois de


terem sido internados. A façanha de Nick pousando seu Cessna19 no
campo de girassol da fazenda, carregando seu irmão, Michael e Gabe,
não havia agradado o FBI que estava vigiando o perímetro. Mas uma vez
que eles descobriram suas identidades, um agente os levou ao hospital.
Depois que Sam falou com Em, ela e Monica decidiram voltar para
Garrett, onde haviam esperado em um restaurante até Michael ligar com
as notícias da explosão. Seus pais chegaram logo depois, seguidos por
Jenna, Kate e Lindsey trazendo o bebê Billy e o bebê Skylar.

A turma toda estava aqui.

Ela queria ser feliz, mas ainda havia muitas incógnitas.

Ela e Sam poderiam adotar Tommy?

Ela seria capaz de manter sua promessa a Tessa?

E o que aconteceu com as meninas no centro de detenção?

Dois agentes do FBI a interrogaram anteriormente. Graças a


Conrad, eles já tinham as fotos que ela havia tirado no escritório do
diretor. Ela respondeu a todas as perguntas, recontando o sequestro, o
tempo que passou na fazenda e a terrível fuga da estufa. Se ela ainda não
estivesse com adrenalina, provavelmente já teria entrado em colapso.

Ela olhou para o relógio na parede.

Tick. Tick. Tick

19
Cessna - modelo de avião de pequeno porte

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KRISTA SANDOR
Sam falou baixinho com Michael perto da janela, mas ela o pegou
verificando o tempo também, e ela sabia o que ele estava pensando.

Por favor, não tire o bebê de nós.

Eles amavam Tommy. Eles fizeram. Eles o tiveram apenas por


algumas horas, mas a conexão foi imediata e, como um círculo se unindo,
eles estavam completos.

A mãe de Zoe puxou uma cadeira ao lado dela e deu um tapinha na


cabeça do bebê. ─ É como se equilibrar em um precipício fino como uma
navalha, com terror de um lado e alegria absoluta do outro.

Zoe mudou um Tommy adormecido em seus braços. ─ O que é, mãe?

─ Amar uma criança.

Zoe se firmou e piscou para conter as lágrimas. ─ Você está certa.

Uma batida na porta acalmou as conversas na sala, e Conrad


Henshaw entrou.

─ Eu pensei que você gostaria de uma atualização, Sra. Sinclair,


disse ele sem um pingo de malícia.

Zoe levantou-se da cadeira de balanço com Tommy nos braços e Sam


veio para o lado dela.

─ Nós gostaríamos disso, respondeu Sam.

─ Onde estão as garotas? ela perguntou, a repórter entrando.

─ Elas estão seguras. Elas estão sob custódia dos Serviços de


Proteção à Criança.

─ E Tessa Jackson?

O queixo de Conrad abaixou uma fração. ─ Ela está aqui, no


necrotério.

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KRISTA SANDOR
─ Gostaria de ter certeza de que ela descansará com os pais e a irmã.
Nós cuidaremos de qualquer despesa, ela acrescentou, trabalhando para
manter a voz calma.

─ Claro, ele respondeu.

─ Estou feliz que as meninas estejam seguras, disse ela.

Uma batida passou e ninguém falou.

─ Tem mais, senhora Sinclair.

─ Mais?

─ Sim, mas não está registrado.

Zoe olhou para Tommy e segurou o olhar de Conrad. ─ Acho seguro


dizer que estamos muito fora do registro.

O oficial assentiu. ─ Graças às informações que você forneceu ao


FBI, ataques em quatro outros estados estão acontecendo enquanto
conversamos em centros de detenção juvenil associados à NLR Holdings.
Eles também descobriram um telefone celular escondido dentro das
instalações de Garrett Grove. Pelo que entendi, continha imagens de
guardas abusando das meninas. Não há dúvida de que as crianças foram
maltratadas e as leis foram violadas.

Murmúrios suaves começaram quando seus amigos e familiares


reagiram às notícias.

Zoe exalou, e o peso que ela carregava desde DC diminuiu. Como


toda experiência, todo toque, toda lágrima, fazia parte dela.

Mas isso não a definia mais.

Não mais.

─ Você conseguiu, Zoe, Em sussurrou.

─ Nós conseguimos, ela sussurrou, compartilhando um olhar


conhecedor com Em e Monica.

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KRISTA SANDOR
─ Anjos de Tommy20, Monica disse com um sorriso choroso.

Conrad pigarreou. ─ Nós também devemos discutir o bebê.

Sam passou o braço em volta dela e ela se inclinou para ele.

─ Falei com a equipe dos Serviços de Proteção à Criança, começou o


policial.

Zoe levantou o queixo. ─ E? ela perguntou, aço infundido na palavra.

Ninguém estava tirando Tommy dela. Ela endureceu o olhar.

─ Eu entendo que você disse ao assistente social do hospital que


gostaria de cuidar dele.

Ela manteve a expressão neutra. ─ Gostaríamos de mais do que isso,


mas isso é um começo.

Ele assentiu. ─ Bom, porque a resposta é sim. Eu puxei algumas


cordas. O bebê pode ficar com você e Sam enquanto nós desembaraçamos
e resolvemos a situação.

Alívio e gratidão a invadiram em uma onda de emoção, mas ela se


assustou quando Sam soltou um forte soluço. Ele limpou as lágrimas das
bochechas e depois se virou para os amigos.

─ Ninguém diz uma palavra sobre mim chorando. Você, Michael


MacCarron, passou por uma caixa de lenços de papel quando Billy
nasceu. Ele apontou para Nick. ─ Você, capitão Nick, se encaixaria bem
com as garotas do pop em um show de Justin Bieber na primeira vez que
você viu Skylar.

─ Você chorou quando eu nasci, papai? uma Kate sonolenta


perguntou, com a cabeça no colo de Jenna.

Ben assentiu. ─ Eu fiz, Jellybean.

20
Tommy Angel’s em inglês. Trocadilho com Charlie’s Angels, As Panteras.

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─ Bem-vindo ao clube, disse o pai, dando um tapinha nas costas de
Sam. ─ Prepare-se para perder muito sono.

O grupo riu e Tommy soltou um bocejo doce.

─ Obrigado, Conrad, disse Zoe, em seguida, deu-lhe um sorriso


irônico. ─ No entanto, para constar, não há nenhuma maneira de eu
deixar alguém tirar essa criança de mim.

Sam esfregou as costas dela. ─ Ela pode ser pequena, mas Zoe Stein
sempre foi uma durona.

Conrad riu. ─ Você não precisa me dizer isso, Sam. Todos os sinais
estão apontando para o fato de que sua esposa pode ter derrubado um
enorme anel de corrupção e fraude e salvado muitas e muitas meninas
de terríveis abusos. De onde estou, as mulheres não ficam muito mais
duras que sua esposa.

Conrad virou-se para sair, mas Sam o chamou de volta. ─ Preciso


que saiba, Conrad, que pensamos em você como uma família. Ele
apontou para as pessoas na sala. ─ Você faz parte de tudo isso louco
agora. Quando tudo se acalmar, gostaríamos que você e Darren viessem
nos visitar em Langley Park.

O oficial estoico corou. ─ Eu gostaria muito disso, e tenho certeza


que Darren também, ele respondeu e com um aceno de cabeça, saiu pela
porta.

Kathy sorriu para o bebê. ─ Este é um novo capítulo em sua história.

Zoe olhou para o marido. ─ Um novo capítulo. Como devemos


chamá-lo?

Os olhos de Sam brilhavam com lágrimas. ─ Não tenho certeza, mas


posso lhe dizer isso. Você sempre teve meu coração, Z. E agora Tommy
também. Deste dia em diante, você e Tommy são minha casa.

Ela levantou o queixo e empurrou os dedos dos pés. Sam se inclinou


e segurou o rosto dela com as mãos fortes e quentes.

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─ E assim começa a história de casa, ela sussurrou contra os lábios
dele.

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Epílogo
Sam abriu os olhos quando o sol da manhã de fevereiro apareceu
através das cortinas. Ele acariciou a bochecha de sua esposa e colocou
uma mecha de cabelo atrás da orelha. Ela cantarolou em seu sono e se
aconchegou nele, seu corpo quente, seu perfume doce.

Fazia oitenta e sete dias desde a explosão na fazenda.

Se alguém dissesse a ele oitenta e oito dias atrás que ele estaria
morando em uma casa nova com um bebê novo, ele teria rido na cara
deles.

Mas aqui estava ele, um marido e um pai.

Ben, irmão de Zoe, havia reformado recentemente uma casa estilo


Tudor dos anos 30 em Langley Park, com a intenção de abri-la. O
momento não poderia ter sido mais perfeito. Com um bebê novo, ele e
Zoe precisavam de mais espaço do que o bangalô oferecia, e eles
compraram a linda casa e se mudaram há um mês.

Ele e o irmão haviam contratado um gerente assistente na Park


Tavern e havia tirado várias semanas de folga para ajudar a cuidar de
Tommy. Como ele esperava, as notícias de Zoe descobrindo abusos
generalizados nas instalações da NLR Holdings abalaram o país.

Jack Riggs usava a Zipline Media como sua própria máquina de


propaganda para encobrir e esmagar qualquer história que ameaçasse
seus interesses comerciais ilegais. Ele e Cheryl haviam sido presos
apenas alguns dias após os eventos na fazenda, e Zoe havia trabalhado
com o FBI para ajudar a desembaraçar a NLR Holdings, que ela descobriu
ser de Newcastle, Laughlin e Riggs.

A família de Cheryl tinha laços comerciais com a mesma empresa


que administrara e abusara de garotas no centro de detenção na fronteira
com a Virgínia. Jack havia trazido seu irmão e sua esposa, Dwanda ─
Harmony ─ Leonard-Riggs, para o distrito de Garrett County. O acordo

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era que, desde que Bud e Harmony garantissem que as instalações de
Garrett Grove continuassem a defraudar secretamente o governo por
milhões, cobrando uma taxa a mais e cobrando duas vezes, ele não se
importaria com o que seu irmão e cunhada faziam para ganhar dinheiro
com o lado. As drogas. O retiro do casamento. Os bebês. Estes foram os
esforços ilusórios de Bud e Harmony para encher os bolsos. Eles se viam
como gurus espirituais e eram vítimas de suas próprias besteiras. Nas
revistas que o FBI encontrou na casa da fazenda, ficou claro que
Harmony e Bud pensavam que estavam à beira de uma maneira
iluminada de pensar e viver. Era pura insanidade.

E depois havia as mães adolescentes e os bebês. Foi descoberto que,


em um ato de pura crueldade, apenas alguns dias após o parto, Harmony
e Bud os colocariam em um ônibus destinado a uma cidade onde não
conheciam ninguém e não tinham nada. A única graça salvadora era que
Dwain Q. Leonard mantinha registros de todos os destinos das meninas
e era capaz de fornecer informações sobre o paradeiro dos bebês
roubados.

O trabalho de Zoe, destacando os abusos de muitos centros privados


de detenção juvenil, iluminou um setor que antes estava envolto em
escuridão. Através de seus relatórios, ela descobriu mais esquemas e
mais fraudes. Graças ao seu trabalho, legisladores e ativistas estavam
trabalhando juntos para acabar com essas práticas abusivas e criar salva
guardas no sistema de justiça juvenil.

O cuspe de uma mulher que não tinha medo de chamar um homem


com o dobro do tamanho de um saco de pau que arrasta os nós dos dedos
o tinha feito.

Zoe cantarolou novamente e pressionou as pontas dos dedos em seu


peito nu. ─ Você está me assistindo dormir, seu esquesito?

─ Nós não descansamos tanto hoje em dia. Então, sim, estou


demorando um pouco para olhar para minha linda esposa.

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KRISTA SANDOR
Um sorriso preguiçoso apareceu nos cantos de sua boca. ─ Esposa
linda? Bem, se você colocar dessa maneira, disse ela, passando a mão
pelo abdômen e pela cueca.

Jesus! Ele amava essa mulher.

Ela estava lutando contra a injustiça e enfrentando o mundo


enquanto dava uma mamadeira a Tommy, e ele mal conseguia combinar
as meias depois de quatro horas de sono.

Mas ele não mudaria nada. Nem uma coisa maldita.

Ele acordou com força. Foi o que aconteceu quando você dormiu ao
lado de Zoe Stein Sinclair. Um pequeno suspiro, um gemido sonolento, e
seu corpo queria o dela da maneira mais primitiva.

Ela acariciou seu pênis, para cima e para baixo, apertando ainda
mais, mas ele não estava disposto a deixar esse encontro terminar em
um trabalho de mão.

Ele se inclinou e pegou o lóbulo da orelha dela entre os dentes. ─


Você quer assistir?

Ela gemeu um som doce e ofegante que enviou outra onda de luxúria
colidindo através dele.

─ Já faz um tempo, ela sussurrou.

Faz. Cuidar de um bebê era um compromisso de vinte e quatro por


dia e sete dias por semana, mas o universo devia estar do lado deles esta
manhã. O monitor de bebê na cômoda não deu um gemido.

Zoe olhou para cima e seu sorriso sonolento foi substituído por um
sorriso sexy.

Sua esposa adorava assistir. E ele também não conseguiu o


suficiente.

Ele fez questão de trazer a luminária espelhada especial do bangalô.


Ele instalou antes mesmo de abastecer a geladeira com cerveja - e isso

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estava dizendo algo. Eles também tinham um espelho de chão completo
e adequado no canto do quarto que eles usaram exatamente para o
oposto de prim e adequado. Não, aquele espelho era para cair e sujar.

Ele tirou a cueca e Zoe lambeu os lábios. Ele se sentou e a levou com
ele, depois deslizou a blusa por cima da cabeça e puxou o fio dental pelas
pernas. Ele inclinou seus corpos em direção ao espelho e a manobrou em
seu colo. De costas para o peito, o espelho o deixava ver cada centímetro
dela sexy como corpo pecador e aqueles seios perfeitos.

Ela ajoelhou-se e depois afundou, envolvendo seu comprimento


duro em seu calor doce e úmido. No espaço de uma respiração, ele a
puxou para perto, uma mão massageando seu peito e a outra no ápice
de suas coxas, trabalhando em seu lugar mais sensível. Ele amava
transar com ela dessa maneira, seu corpo se contorcendo, seus quadris
balançando. Ela arqueou as costas, depois girou os quadris e o levou
mais fundo.

Ela era uma visão gloriosa de se ver. Seus olhos nublaram com
luxúria, ela viu seus corpos se moverem em perfeita harmonia.

─ Eu quero mais.

Ah, e alguns dias, ela gostou disso.

Sim, ele era o cara mais sortudo do planeta.

Ele se afastou e ela deitou na cama. Ele cobriu o corpo dela com o
dele. Impulsos primordiais assumindo o controle, ele lambeu uma trilha
do umbigo dela até a curva do pescoço dela, depois dirigiu com força, seu
pênis desesperado por estar de volta dentro dela.

Ela arqueou para ele, olhos arregalados, observando o corpo dele


triturar e empurrar no espelho no teto.

─ Eu amo assistir você me foder, ela respirou contra seus lábios.

─ Isso é bom porque eu realmente gosto de fazer isso.

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Ela riu, mas ele limpou aquele sorriso do rosto dela quando ele
dobrou o passo. Ele agarrou o quadril dela, depois capturou os pulsos e
os segurou acima da cabeça. Ele mudou seu corpo esfregando contra seu
pacote sensível de nervos exatamente como ela gostava.

Seus corpos se reuniram em um frenesi de paixão febril, e eles foram


além do limite, ondas de felicidade lavando-os em deliciosas ondas
pulsantes. Ele beijou cada suspiro, cada gemido e cada respiração
enquanto seus corpos se acalmavam.

Ele soltou seus pulsos, e ela colocou os braços em volta do pescoço


dele.

Ela torceu os dedos nos cabelos na nuca dele. ─ Eu precisava disso


hoje.

Ele beijou a pele delicada abaixo do lóbulo da orelha. ─ É um grande


dia.

Hoje foi o que eles aprenderam muitos pais adotivos chamados


Gotcha Day. Em poucas horas, eles encontrariam Michael, que estava
atuando como consultor jurídico, no tribunal e em uma cerimônia
privada na sala do juiz, assinando o decreto de adoção e oficialmente se
tornando os pais de Tommy. A adoção mudou rapidamente. Com seus
pais biológicos falecidos e nenhum parente de ambos os lados se
apresentando para reivindicá-lo, eles foram capazes de iniciar o processo
de visitas de assistentes sociais e montanhas de papéis apenas alguns
dias depois de o terem trazido para casa. No dia do Sim, eles decidiram
uma cerimônia privada com uma festa no Park Tavern marcada logo
depois com todos os seus amigos e familiares.

Sam rolou de costas e Zoe descansou a cabeça em seu peito. Eles


permaneceram quietos, o corpo dela pressionado contra o dele, os dedos
dele torcendo e destrancando uma mecha do cabelo dela.

─ Nós conseguimos, ela sussurrou.

Ele beijou o topo da cabeça dela. ─ Nós fizemos.


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KRISTA SANDOR
─ Você está nervoso?

─ Eu acho que seria estranho se não estivéssemos.

─ Quero dar-lhe uma boa vida. Quero que Tessa saiba o quanto seu
filho é amado.

Ele se virou para o lado e encontrou o olhar de sua esposa. ─ Eu


acho que ela sabe, Z.

─ Quando ela me pediu para salvá-lo, e eu assenti, algo passou entre


nós. Uma promessa? Um entendimento? Não tenho certeza do que você
chamaria, mas era real. Tão real quanto o amor que sinto por você e
Tommy.

─ Nós vamos dar uma boa vida a ele. Ele vai crescer cercado de amor.

Uma batida passou.

─ Vamos ter que ficar de olho em minha mãe. Você sabe que ela vai
tentar esconder estátuas de Buda por toda a casa nova.

─ Ela faz isso porque te ama.

Ela deu um sorriso choroso. ─ Eu sei. Só estou tentando não ficar


toda irritada.

Ele olhou nos seus brilhantes olhos cinza-azulados e viu todas as


partes dela: a jovem, a adolescente mal-humorada, a mulher dirigida. ─
Acho que ganhamos um pouco de idiotice.

─ Você acha que seremos bons pais?

No momento em que ela fez a pergunta, o monitor de bebê ganhou


vida, e as doces manhãs de Tommy flutuavam pela sala.

─ Esse é o seu filho ponderando sobre essa questão, disse ele.

─ E o que ele está dizendo?

Sam franziu a testa e coçou o queixo, fingindo ouvir com atenção. ─


Ele está dizendo que sabe que você vai amá-lo e protegê-lo.

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KRISTA SANDOR
Zoe inclinou a cabeça para o lado. ─ Você fala bebê agora?

─ Um pouco, ele disse com um sorriso.

O bebê falou.

─ O que ele está dizendo agora? Zoe perguntou.

Sam fez seu pensamento pensar novamente. ─ Isso foi bom para 'eu
realmente quero que a mamãe troque todas as fraldas fedorentas'.

Ela balançou a cabeça. ─ Estamos prontos para hoje?

Ele segurou a bochecha dela na mão. ─ Hoje, amanhã, daqui a vinte


anos, juntos, Z, não há nada que não possamos lidar.

Zoe segurou Tommy nos braços e Sam abriu a porta do Park Tavern.
Aplausos começaram quando eles entraram no restaurante. Uma faixa
com o título Happy Gotcha Day se estendia por todo o bar. Balões azuis
encheram o espaço. Os Moreheads, os Cobbledicks e os Paynes estavam
sentados com Conrad Henshaw e seu namorado, Darren. Onde quer que
olhasse, via rostos sorridentes. Parecia que todo o Langley Park tinha
vindo celebrar a adoção de Tommy com eles.

─ É oficial! Zoe e eu somos os pais de Thomas Jackson Sinclair! Sam


chamou, segurando o decreto de adoção para outra rodada de aplausos.

Eles decidiram fazer o sobrenome de Tessa, Jackson, o nome do


meio de Tommy. Eles queriam que ele crescesse com um pedaço de sua
mãe biológica que sempre estaria com ele.

─ Pegue um copo! Pegue um copo! Monica disse, entregando-lhes


taças de champanhe enquanto seus amigos e familiares se reuniam ao
seu redor.

Michael deu um passo à frente e se dirigiu ao grupo com um sorriso


largo. ─ Como advogado e testemunha de Zoe e Sam, posso dizer-lhe que
sim, um juiz considerou essas duas pessoas como pais apropriados. Em

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KRISTA SANDOR
- ele disse, olhando para sua esposa, o sorriso se transformando em um
sorriso irônico. ─ Agora não precisamos nos preocupar com Billy sendo o
primeiro garoto do quarteirão a lançar a bomba-f.

O grupo riu.

─ Todos nós tentamos decidir quais serão as primeiras palavras de


Tommy, disse Gabe.

Em assentiu. ─ Eu disse canoa de ducha.

Lindsey balançou a cabeça. ─ Nick e eu acho que vai ser um batedor


de peidos.

─ Eu estava pensando que a pepita caseira tinha um toque legal,


acrescentou Jenna.

Zoe riu. ─ Vocês são todos pepitas caseiras. E mesmo que a primeira
palavra do meu filho seja asno, vou me certificar de ensiná-lo a usá-la
corretamente. Tipo, essas pessoas em Langley Park são um monte de
idiotas. Ela fez uma pausa e olhou em volta do grupo. ─ Mas, falando
sério, eu sei que posso falar por Sam quando digo que estamos muito
felizes em ter todos vocês aqui para comemorar conosco.

─ Nós não poderíamos ter chegado aqui sem você. Obrigado a todos.
Sam acrescentou.

─ E isso nos leva a brindar, disse a mãe, acompanhando o pai para


ficar ao lado dela.

Neil Stein arregalou os olhos com um lenço. ─ Zoe Christine Stein


Sinclair, eu não sou um homem especialmente emocional, mas ver você
se tornar mãe é um dos dias mais felizes da minha vida.

Kathy Stein bateu nas bochechas. ─ Não poderíamos estar mais


orgulhosos da mulher que você se tornou, e não poderíamos estar mais
felizes do que não apenas ter Sam como nosso genro, mas também ter
Tommy como nosso neto.

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─ Oh, mãe, ─ disse Zoe, com lágrimas nos olhos.

─ E eu prometo, acrescentou Kathy com um sorriso choroso. ─ Há


apenas um ou dois Buda escondidos no quarto do bebê.

Zoe compartilhou um olhar com o marido. ─ O que eu disse-lhe?

─ Pode haver outro na sua despensa, acrescentou a mãe.

Zoe se concentrou em Ben e Jenna. ─ Falando em despensas.


Encontrei Cheerios no chão quando nos mudamos para a casa que você
virou e vendeu para nós. Preciso que minha mãe queime um pouco de
sálvia lá?

Ben olhou para sua esposa que tinha ficado rosa. ─ Não tenho
certeza de como eles chegaram lá.

Zoe inclinou a cabeça para o lado. ─ Essa é a sua história?

Jenna sorriu. ─ É uma despensa muito agradável.

Sam olhou para baixo e abaixou a voz. ─ O que há de errado com a


nossa despensa? É ótimo! Tem uma escada.

Zoe balançou a cabeça. ─ Eu te conto depois.

O pai deu um passo à frente e bateu na taça de champanhe com


uma colher para chamar a atenção do grupo. ─ Não podíamos concordar
com apenas um brinde, então pensamos em deixar todo mundo
compartilhar um pouco.

─ Eu gostaria de começar. A sra. G, amada professora aposentada


de Langley Park e atual gerente da firma de arquitetura de Ben, levantou
o copo. ─ Conheço Zoe e Sam desde antes de eles estarem no jardim de
infância. Sam, mesmo em tenra idade, você sempre foi o protetor, sempre
defendendo o rapaz, sempre tentando acalmar uma disputa. Eu sei que
Tommy vai aprender o significado de devoção e bondade com você.

─ Obrigado, Sra. G, disse Sam, a voz cheia de emoção.

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─ E você, Zoe. Não surpreenderá ninguém quando digo que você era
minha aluna com as habilidades linguísticas mais criativas. Na terceira
série, quando você chamou Harold Henderson de rodo de esfíncter, tive
que lembrá-lo de usar a linguagem apropriada, mas ainda ri disso.

─ O que Harold está fazendo hoje em dia? Zoe perguntou.

A sra. G conteve uma risada. ─ Eu acredito que ele é um


proctologista em Ohio.

Zoe sorriu. ─ Ele realmente deveria me agradecer pelo conselho de


carreira.

A sra. G sorriu. ─ Zoe, você tem um dos maiores corações de quem


eu conheço. Você sempre se importou ferozmente com as pessoas que
ama. Pelo seu exemplo, tenho certeza de que seu filho também terá essa
qualidade.

Zoe piscou para conter as lágrimas. ─ Obrigado, sra. G.

Gabe levantou o copo. ─ Zoe, eu te conheci a vida toda, e Sam, um


cara não podia pedir um irmão mais velho melhor. Vocês dois estavam lá
para mim e Monica. Não sei o que teríamos feito sem você.

A avó alemã de Monica, Oma, para todos na cidade, deu um passo


à frente. ─ Zoe e Sam, vocês dois ajudaram a tornar realidade o meu
sonho de uma Oktoberfest de Langley Park. Vocês dois se importam
profundamente com esta comunidade. Vocês serão pais maravilhosos.
Mas você deve me prometer uma coisa.

─ Qualquer coisa, Oma , respondeu Sam.

─ O primeiro strudel que seu filho come deve vir da minha padaria.

─ Essa é uma promessa fácil de fazer. Nós nunca iríamos para outro
lugar por strudel. Zoe respondeu.

O bebê murmurou e todos riram.

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KRISTA SANDOR
Oma levantou o queixo. ─ Veja! Até os bebês sabem que minha
receita de torta é a melhor.

Com o bebê Skylar na dobra de um braço, Nick ergueu o copo. ─


Sam, nós nos conhecemos desde que éramos homens jovens, mas eu
sabia que desde o momento em que te conheci, seríamos amigos para
toda a vida. Depois de anos vivendo de uma mala, você foi a força motriz
para me ajudar a decidir fazer de Langley Park minha casa. E se não fosse
por isso, eu não seria casado com o amor da minha vida e criaria a nossa
linda filha. Nick se inclinou e beijou sua esposa, em seguida, encontrou
o olhar de Sam. ─ Eu devo tudo a você, Sam.

Lindsey escovou uma lágrima da bochecha. ─ E Zoe, você foi uma


das primeiras pessoas que conheci em Langley Park. Você é alguém que
largará tudo para ajudar um amigo. Estou tão animada por nossos filhos
crescerem juntos.

─ Vocês estão me fazendo chorar por todo o meu bebê, disse Zoe.

Em deu um passo à frente. ─ Prepare-se para aumentar o sistema


hidráulico, irmã. Z, somos amigos desde que éramos pequenos. Ela olhou
ao redor do quarto. ─ Sam e Ben costumavam me levar, Michael, Gabe e
Zoe ao parque para escalar as árvores quando éramos mais jovens, e Zoe
sempre era a mais alta. Ela era destemida até então. E Sam, você é o
gigante gentil e gentil de um irmão mais velho que nunca tive.

Michael abraçou a esposa e levantou o copo. ─ Nós amamos vocês


dois e não poderíamos estar mais felizes por vocês.

Zoe olhou para Sam e ele a puxou para perto, com lágrimas nos
olhos.

─ E isso nos deixa, disse Ben, de pé com Jenna e Kate.

Jenna levantou o copo. ─ O Park Tavern foi o primeiro lugar que


cheguei depois de retornar ao Langley Park. Foi um momento difícil na
minha vida, mas o calor deste lugar me atraiu. Sam, você não me
conhecia, mas me mostrou bondade e, quando Zoe entrou, acho que algo
The Story Of Home
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dentro de mim sabia que, de alguma forma, eu acabaria aqui. Não sei
onde estaria agora se não fosse por vocês dois.

Ben levantou o copo. ─ Zoe, você sempre foi uma boca cheia
irmãzinha.

Todos riram.

Zoe escovou uma lágrima da bochecha. ─ E deixe para o meu irmão


matar a vibe sentimental.

O irmão dela sorriu. ─ Não estou pronto ainda. Acho que nunca
agradeci a vocês dois por tudo que fizeram por Kate e por mim,
especialmente naqueles anos depois que Sara faleceu. E então, quando
pensei que tinha perdido Jenna para sempre, Zoe, você foi quem
descobriu aonde ela tinha ido.

─ É verdade, Zoe, disse Jenna. ─ Graças a você, eu tenho uma


família e um lar real.

Ben pegou a mão de sua esposa e a beijou. ─ Como muitos nesta


sala, devemos nossa felicidade a vocês dois. Acho que é seguro dizer que
Zoe e Sam são o coração de Langley Park, e seu Tommy é um garoto de
sorte por ter dois pais tão amorosos e carinhosos.

A sala ficou em silêncio por um instante e o ar zumbiu com


nostalgia, passado e presente borrando junto com a promessa de doces
lembranças ainda por vir.

Sam virou-se para ela, aqueles olhos esmeralda brilhando. ─ Para


minha esposa, nunca vou me cansar de dizer isso. Eu queria construir
uma vida com você por tantos anos, mas nem em meus sonhos mais
loucos eu esperava ser tão feliz e abençoado, acrescentou, deixando
Tommy envolver sua pequena mão em seu dedo.

─ Eu também te amo, seu sentimental, gigante

Com o filho nos braços, ele a deteve com um beijo. Um beijo unindo-
os. Um beijo infundido com devoção eterna. E embora nenhuma vida seja

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KRISTA SANDOR
perfeita, esse beijo dizia que, independentemente da vida que eles
abrissem, eles enfrentariam juntos.

─ Para Zoe e Sam, o coração de Langley Park, disse Ben enquanto


todos levantavam o copo.

Kate gemeu e cobriu os olhos. ─ Eca, todo esse beijo! Eu odeio todas
essas coisas piegas de amor.

Zoe compartilhou um olhar com Sam e depois encontrou o olhar de


sua sobrinha. ─ Quando você for mais velha, poderá ter uma opinião
diferente sobre o amor.

A garota torceu o rosto. ─ Por que tia Zoe?

Zoe olhou ao redor de Park Tavern e viu seus amigos e familiares,


todos sorrindo, todos rindo. Todos eles em casa. Ela bateu no peito de
Kate, logo acima do coração. ─ Porque, menina doce, o amor sempre
vence em Langley Park.

Fim

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