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Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas


Departamento de Química e Engenharia Química (DEQ)

ENQ 271 – LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I


Nomes: Adriana Marques Matrículas: 86463
Jean Silva 90376
Larissa Cardoso 90394

Prática 08 – Número de Reynolds Turma: 3

1 INTRODUÇÃO

Os fluidos podem se comportar de forma diferente de acordo com as condições em


que se encontram. Conhecer esse comportamento é de fundamental importância para
projetar e/ou selecionar equipamentos hidráulicos.

Um importante coeficiente envolvido no estudo do escoamento de fluidos é o


número de Reynolds (Re). Trata-se de um adimensional, que permite classificar o
movimento dos fluidos em laminar ou turbulento. Um escoamento é dito laminar quando
cada elemento do fluido segue uma trajetória regular, formando um perfil de velocidade
parabólico, e turbulento quando os elementos de fluido seguem trajetórias irregulares,
havendo cruzamento entre as linhas de fluxo. O número de Reynolds, proposto pelo
engenheiro inglês Osborne Reynolds, é definido por:

Re = ρvD/μ (1)
Em que

D = diâmetro do tubo em m

v = velocidade do fluido em m/s

ρ = massa específica do fluido em kg/m3

μ = viscosidade do fluido em Pa.s

O escoamento é classificado como laminar para baixos valores de número de


Reynolds (Re ≤ 2000), e turbulento para Re ≥ 2400. Para Re entre 2000 e 2400, tem-se o
chamado regime de transição.

Da análise da definição de número de Reynolds, é possível verificar que variações


no diâmetro da tubulação, na massa específica do fluido em questão, na velocidade de
escoamento e na viscosidade do fluido, podem causar alterações no regime de escoamento.

A Equação da Continuidade afirma que:

Qv = v.A (2)
Em que:
- Qv é a vazão volumétrica do fluido (m3/s);
- v é a velocidade (m/s);
- A é a área da seção reta da tubulação (m2).

Observando a Equação 2, nota-se que um aumento na vazão do escoamento do


fluido, mantendo a área da seção reta da tubulação constante, ocasionará um aumento na
velocidade do escoamento, e por consequência, um aumento no número de Reynolds
(aumenta o caráter turbulento do escoamento). Já uma diminuição na vazão, torna o regime
de escoamento com caráter laminar.

Outra forma de alterar o regime de escoamento é a partir de variações na


temperatura, pois tanto a viscosidade (μ) quanto a massa específica (ρ) são funções da
temperatura. Geralmente, aumentos de temperatura causam diminuição da massa específica
(o volume aumenta devido à dilatação), e, portanto diminuição em Re. Para o caso da água,
isso pode ser visto na Tabela 1:

Tabela 1: Densidade da água com a temperatura

Temperatura Densidade Temperatura Densidade


(0C) (g/mL) (0C) (g/mL)
15 0,9991 23 0,9975
16 0,9989 24 0,9973
17 0,9988 25 0,9970
18 0,9986 26 0,9968
19 0,9984 27 0,9965
20 0,9982 28 0,9962
21 0,9980 29 0,9959
22 0,9978 30 0,9956
Fonte: Handbook of Chemistry and Physics, CRC press, Ed 64

Com o aumento da temperatura, a energia cinética média das moléculas se torna


maior e consequentemente o intervalo de tempo médio no qual as moléculas passam
próximas umas das outras diminui. Assim, as forças intermoleculares se tornam menos
efetivas e a viscosidade diminui. Logo, o escoamento se torna mais turbulento (se μ diminui,
Re aumenta).

Tabela 2: Viscosidade da água com a temperatura

T μ (cP)
(oC)
15 1,1390
16 1,1090
17 1,0810
18 1,0530
19 1,0270
20 1,0020
21 0,9779
22 0,9548
23 0,9325
24 0,9111
25 0,8904
26 0,8705
27 0,8513
28 0,8327

Fonte: Handbook of Chemistry and Physics, CRC press, Ed 64

2 MATERIAIS E METODOLOGIA
Abriu-se a válvula de descarga na base do aparelho para ajustar o nível de água no
tanque acima do tubo de descarga, que devia ser mantido constante para ter-se as mesmas
condições de carga em todos experimentos. Primeiro se injetou a tinta para obter um fino
filamento no tubo de vidro, com vazão laminar. Depois, aumentou-se a abertura da válvula da
tinta até obter uma vazão turbulenta. Aferiu-se a temperatura da água e mediu-se a vazão
cronometrando a coleta de um volume conhecido de água na descarga. Foram avaliados três
regimes de vazão, todas medidas em duplicada. A temperatura foi variada com um modulo de
controle de temperatura, no qual se conecta uma alimentação de água, que vai ser aquecida e
usada para abastecer o experimento. Nessa parte a vazão foi mantida constante e utilizou-se
três temperaturas diferentes.
Figura 01 –Módulo utilizado no experimento

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como já descrito, na primeira etapa do experimento a temperatura foi mantida


constante e por consequência, a massa especifica e viscosidade dinâmica também foram
constantes, uma vez que essas são funções da temperatura. Todo o experimento foi realizado
medindo-se um mesmo volume de 500 mL. Portanto, temos:

Tabela 3: Dados padrões para ETAPA 1 do experimento.

ETAPA 1
Volume 0,5 L
Massa especifica 997,8 kg/m³
Viscosidade 0,000955 kg/m.s
Temperatura 22°C
Diâmetro 0,015915 m

Ao variar as vazões, obtivemos os seguintes resultados:

Tabela 4: Resultados obtidos a partir da variação de vazão.


Experimento T (s) Vazão (m³/s) Vazão (kg/s) Veloc. (m/s) Reynolds (-) Regime
1 130,11 3,8429E-06 0,00383 0,01932 321,6 Laminar
1 130,19 3,84054E-06 0,00383 0,01931 321,4 Laminar
2 43,1 1,16009E-05 0,01158 0,05832 970,7 Laminar
2 43,5 1,14943E-05 0,01147 0,05778 961,8 Laminar
3 13,27 3,7679E-05 0,03760 0,18941 3152,8 Turbulento
3 13,14 3,80518E-05 0,03797 0,19128 3184,0 Turbulento

A partir dos valores acima, foi possível calcular os valores médios para a ETAPA 1 do
experimento:

Tabela 5: Resultados médios obtidos a partir da variação de vazão


Experimento Tempo médio (s) Vazão média (m³/s) Reynolds (-) Regime
1 130,15 3,84172E-06 321,5 Laminar
2 43,3 1,15476E-05 966,3 Laminar
3 13,205 3,78654E-05 3168,4 Turbulento

Já na ETAPA 2 do experimento, a vazão foi mantida constante e a temperatura foi


variada. Para efeito de cálculos, a vazão foi medida em duplicada, apresentando o seguinte
resultado:

Tabela 6: Calculo de vazão média para ETAPA 2.


ETAPA 2
Volume (L) Tempo (s) Vazão (m³/s)
0,5 96,56 5,34416E-06
0,5 97,18 5,14509E-06
Vazão média (m³/s) 5,24463E-06

Assim, ao variar a temperatura, foram obtidos os seguintes resultados:

Tabela 7: Resultados da ETAPA 2 referente à variação na temperatura.


Temperatura (°C) Regime Observado
22 Laminar
45,5 Ondulado fraco = transição
54 Ondulado forte = turbulento

Vale ressaltar que essa etapa do experimento possui caráter visual, logo não houveram
cálculos para o número de Reynolds.

4 CONCLUSÃO

A prática permitiu aplicar conceitos importantes de fenômenos de transporte como de


escoamento incompressível e em regime permanente, vazão, número de Reynolds, equação da
continuidade, escoamento laminar, de transição e turbulento. Analisando os números de
Reynolds calculados em todos os experimentos, o regime de escoamento obtido coincidiu
com o visualizado. Obteve-se regime laminar para as duas primeiras vazões e regime
turbulento para a terceira, conforme o esperado. Um fator que pode ter contribuído para isso
foi ter analisado intervalos extremos de vazão, para que as mudanças no regime escoamento
pudessem ser facilmente observadas.

Para a variação da temperatura foi possível observar qualitativamente a influência da


temperatura no tipo de escoamento, uma vez que se alterou a viscosidade e densidade do
fluido. O aumento da temperatura contribui de forma mais expressiva para a redução da
viscosidade que da densidade, o que resulta em um aumento do número de Reynolds,
tornando o escoamento cada vez mais turbulento. Assim, pode-se concluir que o resultado do
experimento foi bastante satisfatório e os objetivos foram atingidos.

5 REFERÊNCIAS
FOX, Robert W.; MCDONALD, Alan T.; PRITCHARD, Philip J. Introdução à
mecânica dos fluidos. Rio de Janeiro, RJ: LTC Ed., 2006. xiv, 798 p. ISBN
9788521614685 (broch.).

WEAST, Robert C. CRC handbook of chemistry and physics: a ready-reference book


of chemical and physical data. 66.ed. Cleveland: Ohio,CRC Press, 1986. 1v. (várias
paginações)

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