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Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas 


Departamento de Química e Engenharia Química (DEQ) 
ENQ 271 – LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I 

Nomes: Adriana Marques  Matrículas: 86463 


              Jean Silva                       90376 
              Larissa Cardoso             90394  

Prática 02 – Tubo de Venturi  Turma: 3 

1 INTRODUÇÃO
Os medidores de vazão são classificados em: mecânicos, por pressão diferencial,
de área variável, magnéticos e ultrassônicos (ALVES, 2005). O funcionamento dos
dispositivos de medição por pressão diferencial consiste em determinar a vazão
medindo a queda de pressão do fluido ao passar por uma restrição na tubulação.
Dentre eles, o tubo de Venturi foi criado por Giovanni B. Venturi para análise e
resolução de problemas do meio industrial no século XVIII. Consiste em um método
amplamente utilizado, pois apresenta a vantagem de ocasionar menor perda de carga, se
comparado a dispositivo tipo placa de orifício, e ser mais preciso que diafragmas e
bocais. Entretanto, é um medidor de construção mais complexa e custo relativo elevado.
É aplicado para medir vazão em muitas instalações industriais (tratamento de água,
condução de gases e produtos corrosivos) e pode ser construído de diversos materiais, a
depender do processo (IBARS, 2004).
O tubo de Venturi possui três partes sequenciais: a convergente, a garganta e a
divergente. A seção cônica convergente possui ângulo geralmente entre 20 e 30º,
enquanto na divergente o ângulo varia comumente de 5 à 14º (SILVA, 2010). Além
disso, sua seção transversal pode ser circular ou poligonal. Para o dimensionamento do
duto e determinação das grandezas relevantes, utiliza-se das equações básicas da
mecânica dos fluidos, como a de conservação de massa, de energia e de quantidade de
movimento, a fim de garantir a uniformidade do movimento e a precisão do método
(CAETANO, 2014). O esquema de um tubo de Venturi com comprimento (L), diâmetro
de garganta (d) e diâmetro das seções de entrada e saída (D) está representado na Figura
1.
Figura 1 – Esquema do tubo de Venturi
Fonte: Caetano (2014)

Em um dispositivo bem dimensionado, as hipóteses necessárias à aplicação da


equação de Bernoulli são respeitadas com boa aproximação. Para um escoamento
permanente e incompressível, em regime laminar e considerando as perdas de carga
desprezíveis, a equação pode ser escrita como:
1
p+ ρ V 2+ ρgz=constante (1)
2
1 1
p1 + ρV 12 + ρg z 1= p2 + ρV 22 + ρg z 2 (2)
2 2
Em que:
p – pressão estática do fluido (Pa)
ρ – massa específica do fluido (kg m-3)
V – velocidade do fluido (m s-1)
z – elevação da tubulação (m)
g – aceleração da gravidade (m s-2)

Aplicando a equação sobre uma mesma linha de corrente não há variação de


elevação (z1=z2), resultando em:
p1 1 2 p2 1 2
+ V = + V2 (3)
ρ 2 1 ρ 2
1 2 p 2 − p 1 1 2
V1 = + V2 (4)
2 ρ 2
Por sua vez, a equação da continuidade é expressa por:
Q= A 1 V 1= A 2 V 2=constante (5)
A V D2
V 2= 1 1 = 12 V 1 (6)
A2 D2
Em que:
Q – vazão volumétrica (m3 s-1)
A – área da seção transversal (m2) com diâmetro D
V – velocidade do fluido (m s-1)
Substituindo a Equação (6) na Equação (4) obtém-se:

2 2
1 2 p 2− p1 1 D1
2
V1 =
ρ
+
( V
2 D 22 1 ) (7)

2(p 1− p2 )
V 1=

√(
ρ
D 14
D 24
−1
) (8)

Sendo ∆h a diferença de altura de líquido observada, a diferença de pressão é


calculada por:
p1− p2= ρg ∆ h (9)

A partir do cálculo da diferença de pressão, conhecendo o diâmetro dos tubos e a


densidade do fluido, determina-se a velocidade por meio da Equação (10). Por ela
também é possível calcular o número de Reynolds para o escoamento.

Re = ρVD/μ (10)
Em que:
D - diâmetro do tubo (m)
V - velocidade do fluido (m s-1)
ρ - massa específica do fluido (kg m-3)
μ - viscosidade do fluido (Pa.s)

Já a vazão volumétrica é calculada segundo a relação Q=A1V1. Nos diferentes


tubos do dispositivo, conforme a área das seções diminui, a velocidade do fluido
aumenta, respeitando a equação da continuidade. Esse processo resulta em uma
diminuição da pressão que, na prática, é observada pela diferença na altura do líquido
em cada tubo.

2 MATERIAIS E METODOLOGIA 
Materiais utilizados:

- Bancada hidráulica volumétrica


- H5- Aparato Venturi Meter
- Água da rede
- Tomada 220 V
- Termômetro
O experimento foi realizado com água à temperatura de 26,0°C, valor medido
pelo termômetro. O perímetro da seção transversal circular da tubulação foi medido
com fita métrica na aula anterior, obtendo 9,0 cm com incerteza de 0,05 cm. Sendo
assim, a partir do comprimento 2πR= 9,0 cm obtemos o raio R=1,43 cm.

Iniciou-se o experimento com a abertura da válvula em uma volta completa.


Após o fluxo de água se estabilizar, foram registradas as alturas de cada coluna de água
identificada pelas letras de A a L no medidor de Venturi. Em seguida, o experimento foi
realizado novamente para 1,5 e 1,25 voltas na válvula. A válvula da bancada
permaneceu com abertura de duas voltas durante todo o procedimento.

 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
As alturas das colunas de água no medidor, referentes a cada abertura da válvula
(cada vazão), foram registradas na Tabela 1:

Tabela 1 – Alturas da coluna de fluido


Vazão 1 Vazão 3
Vazão 2
(1,0 volta na (1,25 volta na
(1,5 volta na válvula)
válvula) válvula)
h h h
A 325 348 340
B 320 332 330
C 287 220 248
D 235 45 117
E 243 85 148
F 270 168 207
G 285 215 243
H 292 248 265
J 298 267 280
K 302 280 290
L 305 290 297

Os diâmetros do tubo de Venturi (indicados no equipamento) foram registrados


na Tabela 2:
Tabela 2 – Diâmetros do tubo de Venturi
Diâmetro (mm)
DA= 26,00
DB= 23,20
DC= 18,40
DD= 16,00
DE= 16,79
DF= 18,47
DG= 20,16
DH= 21,84
DJ= 23,53
DK= 25,21
DL= 26,00

Cálculo da vazão volumétrica


Combinando as Equações (8) e (9), podemos calcular a velocidade V (m/s) para
cada abertura de válvula, tomando duas alturas da coluna de água e seus respectivos
diâmetros.
A partir desse valor encontrado para a velocidade é possível calcular a vazão
volumétrica Q (L/s), partindo da definição de vazão, como sendo o produto da
velocidade V e da área da seção transversal do tubo. O valor adotado para a gravidade é
de 9,81 m/s2.
Para a abertura de válvula de 1 volta, tomando os pontos A e F:
hA = 0,325 m DA= 0,026 m V = 0,550 m/s
hF = 0,270 m DF = 0,01847 m Q = 0,353 L/s

Para a abertura de válvula de 1 volta, tomando os pontos B e G:


hB = 0,320 m DB= 0,02320 m V = 1,059 m/s
hG = 0,285 m DG = 0,02016 m Q = 0,680 L/s
Para a abertura de válvula de 1,25 volta, tomando os pontos A e F:
hA = 0,340 m DA= 0,026 m V = 1,329 m/s
hF = 0,207 m DF = 0,01847 m Q = 0,853 L/s

Para a abertura de válvula de 1,25 volta, tomando os pontos B e G:


hB = 0,330 m DB= 0,02320 m V = 1,477 m/s
hG = 0,243 m DG = 0,02016 m Q = 0,948 L/s

Para a abertura de válvula de 1,5 volta, tomando os pontos A e F:


hA = 0,348 m DA= 0,026 m V = 1,799 m/s
hF = 0,168 m DF = 0,01847 m Q = 1,155 L/s

Para a abertura de válvula de 1,5 volta, tomando os pontos B e G:


hB = 0,332 m DB= 0,02320 m V = 3,539 m/s
hG = 0,215 m DG = 0,02016 m Q = 2,272 L/s
Cálculo da vazão mássica
A vazão mássica pode ser calculada a partir da vazão volumétrica através do
produto dessa última pela massa específica da água, na temperatura de trabalho. O valor
adotado para ρH2O,26C = 996,783 kg/m3, segundo Perry's Chemical Engineers' Handbook.

Tabela 3 – Cálculos da vazão mássica


1 volta 1,25 volta 1,5 volta
Pontos A e F 0,352 kg/s 0,850 kg/s 1,151 kg/s
Pontos B e G 0,678 kg/s 0,945 kg/s 2,265 kg/s

Cálculo do número de Reynolds


Como a velocidade do fluido foi calculada, é possível obter o número de Reynolds
para o escoamento, pois são conhecidos o diâmetro da tubulação, a massa específica e a
viscosidade do fluido na temperatura de trabalho.

Tabela 4 – Cálculos da vazão mássica


1 volta 1,25 volta 1,5 volta
Pontos A e F 18001,6 43498,42 58881,61
Pontos B e G 34661,27 48342,49 115832,1

De acordo com a teoria já estudada, para números de Reynolds maiores que


4000 o regime é considerado turbulento. Dessa forma, pode-se considerar que devido a
agitação, o fluido perde carga manométrica mais facilmente ao longo da redução da área
do tubo. Em relação à vazão mássica, esperava-se que fosse constante ao longo de todo
o tubo de Venturi, e isso não ocorreu no experimento.
Uma possível fonte de erros para o experimento podem ser as bolhas presentes
na tubulação, que acabam por alterar a vazão volumétrica de água. Além disso, no início
do experimento, a bomba de ar usada para injetar ar e equilibrar a pressão nos
piezômetros (“tubos” onde mede-se a altura da coluna de água), estava com problemas e
isso pode ter afetado a medição da altura da coluna de água e por consequência as
medidas de pressão.

4 CONCLUSÃO 
O Tubo de Venturi é um medidor de vazão com qual podemos verificar
mudanças de velocidade e pressão dentro do tubo. Um aumento de energia cinética no
fluido é compensado pela perda de pressão, isto sendo explicado pela conservação de
energia. Em comparação com outros medidores de vazão mais simples, como os
estudados na primeira prática, o tubo de Venturi tem um custo maior, porém há uma
perda de energia menor e por consequência, é mais preciso.
Nesse experimento, foi possível analisar a reação de um líquido e seus efeitos
quando eles passam por um Tubo de Venturi. As variações de velocidade ao longo do
tubo são claramente relacionadas a variação da área e pressão, e puderam ser
comprovadas pelos cálculos manuais.
Em relação ao resultado final, não foi o esperado. Uma vez que a vazão mássica
foi diferente para diferentes pontos, existe uma contradição. O tubo de Venturi deveria
apresentar vazão mássica constante, mas essa diferença pode ser explicada por erros de
execução no experimento.
Além disso, o princípio de funcionamento do tubo de Venturi afirma que as
variações suaves de área desde a entrada até a saída, leva à redução considerável das
regiões de recirculação e de turbulência, e encontramos valores altos para número de
Reynolds. Ou seja, o regime com alta turbulência também pode ter afetado os
resultados.
5 REFERÊNCIAS
ALVES, J. L. L. (2005). Instrumentação, controle e automação de processos. Rio de
Janeiro: LTC Ed., p. 270, ISBN 9788521614425 (broch).

CAETANO, N. M. (2014). Modelagem e simulação do escoamento em um Venturi.


Monografia (Graduação em Engenharia Mecânica) - Departamento Acadêmico de
Mecânica - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa.

IBARS, R. A. F. (2004). Desenvolvimento e avaliação de tubos de Venturi para


medição de vazão. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade de São Paulo,
São Paulo.
SILVA, G. A., et al. (2010). Avaliação de Medição de Vazão para Baixas Vazões com
Tudo de Venturi. Trabalho final (Medições Térmicas). Escola de Engenharia -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

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