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ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FREDERICO GUILHERME SCHMIDT

ESCOLA TÉCNICA INDUSTRIAL

MEDIDAS ELÉTRICAS

2004. ( V1 )

1. Objetivos da disciplina
O resultado de uma medida dependerá, como vimos, de vários fatores.Tratar com estas
variáveis, e exercitar os conhecimento de eletricidade, através das medidas elétricas, são os objetivos
da disciplina de medidas elétricas I. Para atingir nosso objetivo, dividimos nossas atividades em três
partes, quais sejam:
1. conhecer as principais características dos instrumentos de medidas;
2. estudar o processo de medida, quanto aos erros, fatores de multiplicação e precisão de
leituras;
3. diversas atividades práticas com o objetivo de familiarizar-se com o manuseio dos
instrumentos , exercitar os conceitos teóricos estudados e revisar a matéria de eletricidade.

2. Pré-requisitos
A disciplina de medidas elétricas é baseada na disciplina de eletricidade, tanto para entender o
funcionamento dos instrumentos, como para definição dos métodos de medidas e para avaliação dos
valores medidos. Assim, um bom conhecimento em eletricidade teórica é um pré-requisito importante
para estudarmos a disciplina de medidas elétricas.

3. Conteúdos
Para atender aos objetivos estabelecidos, teremos os seguintes conteúdos, durante o semestre:
1. Introdução à disciplina.
2. Sistema de unidades de medidas ( SI ).
3. Métodos de medidas
4. Processos de leituras
5. Instrumentos de medidas analógicos
5.1 Principais partes.
5.2 Tipos
6. Instrumentos Analógicos-Eletromagnéticos:Principio de funcionamento e principais
características
6.1 Bobina móvel
6.2 Ferro móvel.
7. Erros de Medidas Elétricas
- Tipos de erros de medidas
- Determinação da classe de precisão dos instrumentos
- Cálculo do erro absoluto e erro relativo percentual da medida.
8. Processos de medidas
-Fator de multiplicação da leitura( fator K )
-Medidas de Tensão e de Corrente
9. Propagação dos erros.
10. Efeito de carga dos instrumentos
-Característica ohm/volt dos voltímetros e Rg dos amperímetro

4. Bibliografia recomendada

- Instrumentos de Medição Elétrica – Raul Peragallo Torreira – Ed. Hemus

- Manual de Instrumentos de Medidas – Francisco Ruiz Vassalo – Ed. Hemus

- Fuundamentos de Medidas Elétricas – Solon de Medeiros Filho – Ed. Universitária

- Máquinas Elétricas e Ensaios de Máq.Elétricas- Angelo Martignoni – Ed. Exped

- Elementos e Técnica modernas de Medição Analógica e Digital – Alfons Leopoldi


Mioduski – Ed.Guanabara Dois S.A.

1. INTRODUÇÃO

1.1. O que é medir?


Medir é comparar uma medida com a unidade padrão, determinada por convenção.
Exemplos: padrão do metro, padrão do Ampére, etc..

1.2. Por que medir?


Através das medidas elétricas podemos avaliar, conferir, diagnosticar, aferir, calibrar e
conhecer as várias grandezas elétricas e seus relacionamentos em circuitos e equipamentos. Assim é
imprescindível as medidas elétricas nos vários ramos da Eletrotécnica.
“ Se você medir aquilo sobre o que você fala e expressar por um número, você sabe algo sobre
o assunto; mas se não puder medi-lo, seu conhecimento é pouco ou insatisfatório”. Lord Kelvin

1.3. O que medir?


Grandezas elétricas: Praticamente todas as grandezas elétricas são passíveis de medições,
podemos citar como exemplos: tensão elétrica, corrente elétrica, resistências elétricas, potências
( ativa, reativa, aparente), capacitância, indutância, impedância, fator de potência, etc.
Grandezas não elétricas, mas importante para a eletrotécnica, também são mensuráveis, tais
como: rotações, temperatura, nível de iluminamento, etc.

1.4. Como medir?


O resultado de uma medida elétrica dependerá da qualidade dos instrumentos utilizados e da
precisão dos métodos empregados. Logicamente chegaremos aos melhores resultados, com melhores
instrumentos, métodos corretos e máximos cuidados para evitar e/ou minimizar erros. Assim, devemos
considerar:
- Precisão
- Facilidade x Dificuldade de manuseio
- Velocidade de resposta
- Confiabilidade
De uma maneira geral, para que a medição de uma grandeza elétrica seja correta, devemos
observar:
- escolha correta do instrumento;
- definição adequada do método de medida;
- avaliação dos valores medidos.

Não basta medir, é necessário avaliar as medidas efetuadas.

2. SISTEMA DE UNIDADES

O uso de vários sistemas de unidades ( MKS, cgs, técnico ou Industrial, e outros), sempre gerou
problemas, devido principalmente à:
- necessidade de se manter uma grande quantidade de padrões diferentes;
- diferentes formas nas equações da Física (definição de qual sistema)
- necessidade de se converter os valores das grandezas quando fosse preciso comparar duas
medidas ou dois valores técnicos (Tabelas de conversão);
- complicação no ensino e aprendizagem das ciências físicas, e
- dificuldades nas transações comerciais.
Em 11.10.1960, em Paris, na XI CONFERÊNCIA GERAL dos Pesos e Mediadas –CGPM, foi
aprovado o Sistema Internacional de Medidas – SI -, tendo as seguintes características:
- Homogênio: fixadas as grandezas e suas unidades Fundamentais é possível Derivar das
mesmas outras grandezas e unidades.
- Coerente: a multiplicação ou a divisão de duas ou mais grandezas origina a unidade de uma
Nova Grandeza.
- Absoluto: as unidades fundamentais são inalteráveis.
- Decimal: as unidades das grandezas são sempre Múltiplos ou Submúltiplos de 10.
O Sistema Internacional de Medidas (SI) foi adotado no Brasil, através do D.L. 81621 de
03/05/1978 está constantemente sendo atualizado, e baseia-se em:

A) 7 grandezas fundamentais

FUNDAMENTAIS Unidades
Nome Símbolo Nome Símbolo
Comprimento
Massa
Tempo
Intensidade de corrente elétrica
Temperatura termodinâmica
Quantidade de matéria
Intensidade luminosa

B) 2 suplementares

SUPLEMENTARES Unidades
Nome Símbolo Nome Símbolo
Ângulo plano
Ângulo sólido

C) Derivadas

Deduzidas direta ou indiretamente das unidades de base (fundamentais ou suplementares),


eliminando assim todos os equivalentes e os fatores numéricos de conversão.Vejamos alguns
exemplos:
C1) grandezas e unidades geométricas e mecânicas

Grandeza Unidade Relações


Nome Símbolo Nome Símbolo
Área
Volume
Velocidade
Força
Pressão
Trabalho/Energia

C2) grandezas e unidades elétricas e magnéticas

Grandeza Unidade Relações


Nome Símbolo Nome Símbolo
Carga elétrica
Tensão elétrica
Potência(ativa)
Resistência
Indução Mag.
Fluxo Mag.
Indutância
Fluxo Luminoso
Iliminamento

D) Múltiplos e Submúltiplos (Decimais)

MÚLTIPLOS SUBMÚLTIPLOS
Fator de Prefixos Fator de Prefixos
Multiplicação Nome Símbolo Multiplicação Nome Símbolo
24 -1
10 10
1021 10-2
1018 10-3
1015 10-6
1012 10-9
109 10-12
106 10-15
103 10-18
102 10-21
101 10-24

O PADRÃO de cada uma das grandezas fundamentais é:


Metro: é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo, durante o intervalo de tempo
de 1/299 792 458 de segundo.

quilograma: massa do protótipo internacional do quilograma (cilindro de uma liga de platina e


irídio).

segundo: duração de 9 192 631 770 períodos de radiação correspondente à transição entre dois
níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133.
ampére: corrente elétrica invariável que mantida entre dois condutores retilíneos, paralelos, de
comprimento infinito e de área de secção desprezível e situados no vácuo a 1 metro de distância um do
outro, produz uma força igual a 2x 10-7 Newton, por metro de comprimento destes condutores.

kelvin: fração 1/273,16 de temperatura termodinâmica do ponto tríplice da água.

mol: quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades elementares quanto são
os átomos contidos em 0,012 quilograma de carbono 12.

candela: intensidade luminosa, numa direção dada, de uma fonte que emite uma radiação
monocromática de freqüência 540x1012 Hz e cuja intensidade energética naquela direção é 1/683 W
por esterradiano.

E para as Suplementares, temos:


radiano: ângulo central que subtende um arco de círculo de comprimento igual ao respectivo
raio.

esterradiano: ângulo sólido que tendo como vértice no centro de uma esfera, subtende na
superfície uma área igual ao quadrado do raio da esfera.

3 MÉTODOS DE MEDIDAS

Basicamente os métodos de medidas são:

3.1. Método Zero Central


Método utilizado em Laboratórios de Precisão para calibrações de equipamentos e medidas de
Força Eletromotriz (Fem), conforme exemplo no desenho abaixo:

Ep = Pilha Padrão
Ex = Pillha Desconhecida

3.2. Método de Substituição

Também utilizado em Laboratórios de Precisão para calibrações de equipamentos, embora não


seja tão preciso quanto ao método anterior (zero central).
Exemplo:
3.3. Método de Indicação Direta
É o método mais utilizado, tanto em laboratórios como em medições industriais. O valor
medido é indicado diretamente na escala graduada do instrumento.

4. PROCESSOS DE LEITURAS

Os instrumentos elétricos de medições, conforme o modo de indicação do valor das grandezas


medidas, classificam-se em:

4.1. Indicadores
Indicação do valor da grandeza diretamente sobre uma escala graduada.

4.2. Registradores Registram o valor da grandeza a ser medida sobre um rolo de papel graduado.
Após a retirada do papel do instrumento tem-se uma idéia da variação da grandeza medida durante o
período de tempo em que este instrumento esteve ligado.

Atualmente existem modernos instrumentos microprocessados que fornecem registros de várias


grandezas elétricas, as quais podem ser editadas através de software específico. São os chamados
Medidor Universal de Grandeza (MUG) ou Analisador de Energia.

4.3 Acumuladores ou Totalizadores


O mostrador destes instrumentos indicam o valor acumulado da grandeza medida, desde o
momento em que os mesmos foram instalados. Um bom exemplo destes instrumentos de medidas são
os medidores de energia elétrica, que podem ser de dois tipos:
tipo relógio

tipo ciclométrico

Em ambos os tipos para saber o consumo mensal, basta efetuar a subtração entre a leitura atual
e a do mês anterior.

5. INSTRUMENTOS DE MEDIDAS ELÉTRICAS


ANALÓGICOS

Principais Partes
São instrumentos que servem para medir as principais grandezas dos circuitos
elétricos.Distingui-se duas partes: Parte móvel e Parte Fixa. Dentre estas, as principais partes são:

5.1.1. Caixa de proteção


Invólucro, serve de sustentação e proteção às outras partes. É também a base do manuseio do
equipamento.
Dependendo da aplicação pode ser de diversos tipos quanto:
a) ao tamanho  grandes, pequenos

b) à forma  quadrados, retangulares, redondos

c) ao material  metal, plástico

d) ao uso  Laboratório, para medidas de precisão e de caráter técnico-científico, bancadas.


Industriais, para medidas em campo – manuais ou de painel.

Classe de Isolamento ou Tensão de Prova


É máxima tensão com que o instrumento pode ser operado com segurança, ou seja, é o valor
máximo de tensão que o instrumento pode receber entre suas partes interna e externa.
Identificando a Classe de Isolamento de um instrumento:

Classe de isolamento – 500 V

O número dentro da estrela indica em kV, a classe de isolamento.

O fabricante não garante a classe de isolamento

5.1.2 Escalas graduadas de leituras


Constituídas por um conjunto de divisões que permitem determinar o valor da medida.
Quanto às divisões das escalas graduadas, em função do princípio de funcionamento do
instrumentos, podem ser:
a) Escalas Homogêneas:
Também denominadas de lineares, possuem divisões uniformes, mantendo do início ao fim da
graduação a mesma distância entre uma divisão e outra.
b) Escalas Heterogêneas:
Possuem divisões mais concentradas no início e/ou no fim da graduação, mantendo uma certa
homogeneidade no centro.

Obs: Há ainda, escalas do tipo logaritmas, que estudaremos em Medidas Elétricas II.

Ainda, em relação às escalas graduadas, devemos observar a RESOLUÇÃO da mesma, isto é,


o valor da menor divisão da escala.
Exemplos: Defina as resoluções das escalas abaixo:

Nas escalas graduadas de leitura, vem gravado o símbolo da unidade de medida caracterizando
o instrumento em função da grandeza elétrica que o mesmo mede. Vejamos alguns exemplos:
Complete o quadro abaixo:

SÍMBOLO INSTRUMENTO O QUE MEDE UND. DE MEDIDA

A  Amperímetro mede corrente elétrica em Ampère

V  _______________________ mede _______________ em ____________________


  _________________________ mede ________________ em _____________________

Var  __________________________mede _________________ em _____________________

Hz  __________________________ mede __________ _____ em _____________________

cos  _________________________ mede ________________ em _____________________

mA  _________________________ mede ________________ em ____________________

V ___________________________ mede _________________ em ______________________

____________________________mede ________________ em ______________________

W____________________________mede __________________ em _____________________

Em alguns instrumentos apresenta-se um pequeno espelho logo abaixo da escala graduada. A


função deste espelho é eliminar o efeito do “ erro de paralaxe”.
Erro de paralaxe
- desvio do ponteiro (golpe de vista) devido a má posição de quem está
medindo.
- Com o espelho, deve-se fazer confundir o ponteiro com a sua imagem refletida,
acusando assim a posição(perpendicular) correta da leitura.

5.1.3 Ponteiros
Preso à parte móvel, se desloca sobre a escala graduada.
Tipos:

Lança: indicar/monitorar leituras a distância

Faca: Aumentam a precisão da leitura. São Os mais usuais.

Fio: Maior precisão ( instrumentos de laboratório)

obs: ajuste a zero mecânico.

5.1.4 Amortecedores
Evitam os deslocamentos bruscos do conjunto móvel ao retornar à zero e as oscilações do
ponteiro em torno do valor de medida. Os sistemas de amortecimentos mais usuais são:
a) a Ar comprimido
b) por Contra-peso
c) Magnético (corrente de foucault)
O tipo a ser usado em cada instrumento dependerá do principio de funcionamento do mesmo.

5.1.5 Suspensão
É a parte mais delicada na construção de um instrumento elétrico de medição analógico. A
suspensão do conjunto móvel (mancais) deve ser feita de tal perfeição a proporcionar um movimento
praticamente sem atrito. Os tipos de suspensão mais utilizados são:
a) Suspensão à fio

- alta sensibilidade
- alta precisão
- instrumentos de laboratório

b) Suspensão por eixo (pivot)

- é o sistema mais utilizado


- instrumentos industriais

d) Suspensão magnética: é utilizada em instrumentos de eixo vertical e basicamente em


medidores de energia, pois a ausência de atrito prolonga a vida útil do instrumento. Um
pequeno ímã permanente é preso ao eixo do conjunto móvel e um na parte fixa do
instrumento, conforme desenho abaixo:
A suspensão magnética pode ser do tipo “repulsão” ou do tipo “atração”. O guia indicado na
figura serve para evitar que o conjunto móvel saia da posição em que deve trabalhar e é feito de
material não magnético.

O eixo (suspensão) pode ser vertical, horizontal ou inclinado em um determinado ângulo.


Assim, devemos ter o cuidado de utilizar o instrumento na posição correta, indicada pelo fabricante.
Identificando a posição de uso

a) posição vertical de uso

posição horizontal de uso

c) posição inclinada de uso. O ângulo  determina a inclinação

5.1.6 Bornes de ligação


Ligações fixas ( em painéis) ou de engate rápido (para laboratórios ou trabalhos de campo).

5.2 Tipos
Os instrumentos de medidas elétricas, baseiam-se nos efeitos da corrente elétrica e, em casos
particulares, em outros efeitos, como por exemplo, o efeitos das cargas eletrostáticas, efeito
termoelétrico, efeito hall, etc.
Temos assim os seguintes tipos de instrumentos de medidas, em função da base científica do
seu funcionamento:
5.2.1. Térmicos
- Fio aquecido (ação direta)
- Termopar (ação indireta)
5.2.2. Eletromagnéticos
- Bobina móvel
- Ferro móvel
- Ímã móvel
5.2.3. Eletrodinâmicos
- com núcleo de ferro
- sem núcleo de ferro
- bobinas cruzadas
5.2.4. Indução
- campo girante
5.2.5. Eletrostáticos
- Eletroscópio
- Eletrômero
5.2.6. Eletrônicos
- Analógicos
- Digitais
- Microprocessados

Vimos acima uma relação de tipos de instrumentos de medidas, classificados de acordo com a
base científica do seu funcionamento. Há outros, tais como: eletroquímicos, lâminas
vibráteis,oscilógrafos, efeito Doppler para velocidade, etc. Concluindo, um instrumento de medidas
elétricas, transforma um fenômeno em movimento (proporcional), devendo consumir o mínimo de
energia possível. Todos estes tipos de instrumentos possuem sua importância, embora alguns sejam de
utilização específica, e estudar todos demandaria um tempo não disponível. Para atender os objetivos
da disciplina de Medidas elétricas I, estudaremos a seguir, os instrumentos Eletromagnéticos, por
terem aplicação em eletrotécnica, tanto em laboratórios como a nível industrial. Em Medidas Elétricas
II, estudaremos os Eletrodinâmicos e Eletrônicos.

6. INSTRUMENTOS ANALÓGICOS - ELETROMAGNÉTICOS


Principio de funcionamento e principais características
6.2 Bobina Móvel
No campo de um ímã permanente, é montada uma bobina apoiada em mancais podendo girar
livremente. A corrente elétrica é levada até a bobina por meio de molas espirais que também são
responsáveis pelo conjugado de oposição ao deslocamento da bobina. Preso a esta bobina, temos um
ponteiro que se desloca sobre uma escala graduada.
A corrente elétrica ao circular pela bobina, cria na mesma um campo magnético, que faz a
bobina deslocar-se no seu eixo para esquerda ou para a direita, atraída ou repelida pelo campo
magnético criado pelo do ímã permanente no núcleo de ferro.

Este instrumento também é conhecido por mecanismo medidor de D’Arsonval. Vejamos o


desenho esquemático acima:

Características do “Bobina Móvel”:


 Escala Linear (homogênea), isto é, o espaço entre as divisões é sempre igual. O ângulo de
deslocamento do ponteiro depende somente da corrente I, sendo diretamente proporcional a esta.
 Instrumento polarizado, serve somente para corrente contínua (CC).Se for aplicada corrente
alternada na freqüência comercial de 60 Hz, o ponteiro ficará vibrando, atraído ora para um
sentido, ora para outro, o que danificará o mesmo.
 Instrumento de excelente precisão. Qualquer mínima variação de corrente, haverá a correspondente
manifestação da bobina e por conseguinte do ponteiro.
 O amortecedor é o próprio carretel de alumínio onde está montada a bobina, que serve como freio
(correntes de Foucoult)
 A corrente de carga (medida) passa pela bobina móvel. Esta situação caracteriza o uso destes
instrumentos, podendo ser encontrado instrumento eletromagnético do tipo bobina móvel usado
como:
Galvanômetro: Instrumento com alta sensibilidade, usado para medir pequenos valores, como por
exemplo:
Microamperímetro ( A )  mede correntes elétricas na ordem de 1A a 999 A
0,000001 A a 0,000999 A

Milivoltímetro( mV ) mede tensões elétricas na ordem de 1mV a 999mA


0,001 V a 0,999V
Nota: Como o instrumento de bobina móvel é polarizado (mede CC ) o ponteiro do aparelho
pode deflexionar tanto para um lado como para outro, permitindo assim que se construa um
galvanômetro que apresenta uma escala com zero central.

Amperímetro – bobina móvel: Para que um bobina móvel possa funcionar como um
Amperímetro, isto é, possa medir valores acima da unidade, devemos colocar um resistor em paralelo
( Shunt) com a bobina. Vejamos o esquema abaixo:

O Resistor Shunt, em paralelo com a bobina, divide a corrente total It, limitando a corrente na
bobina ao seu valor nominal Ig. O valor de Rs deve ser pequeno ( bem menor que RB)

Voltímetro – bobina móvel: Como vimos, a bobina dos galvanômetros recebem tensões de
valores reduzidos. Assim, para que um bobina móvel possa trabalhar com valores mais elevados de
tensões, é necessário usar um resistor em série com a bobina, para dividir a tensão aplicada no
instrumento, limitando a tensão sobre a bobina no seu valor máximo (Ug ).Vejamos o esquema abaixo:

Símbolo

O instrumento eletromagnético bobina móvel é identificado pelo símbolo:

6.3 Ferro Móvel


Se magnetizarmos duas placas de ferro, elas irão adquirir as mesmas propriedades e polaridades
magnéticas, e quando estas placas interagirem entre si irão repelir-se (pólos de mesmo nome se
repelem).É baseado neste principio que o instrumento de medida “ferro móvel” funciona.Vejamos o
esquema abaixo
Quando circular corrente pela bobina fixa, irá se criar no núcleo um fluxo magnético que irá
magnetizar as placas ( a fixa e a móvel) e conforme já vimos, a força de repulsão nestas placas
exercem um conjugado sobre o eixo do ponteiro. Há uma mola montada sobre o eixo do ponteiro que
desenvolve um conjugado oposto aos das placas, levando o ponteiro à zero, quando parar de circular
corrente pela bobina, isto é, quando o instrumento for desligado.Observa-se ainda que, mesmo com a
inversão no sentido da corrente, na bobina, as placas são novamente magnetizadas de forma idêntica ,
e continuam se repelindo.

Características do “Ferro Móvel”:

 A escala de leitura não é uniforme, ou seja, é heterogênea. Isto se dá devido ao fato que a força
magnética responsável pela deflexão do ponteiro não é proporcional à corrente na bobina, mas
sim ao quadrado desta corrente. Isto significa que uma corrente duas vezes maior ocasionará
uma deflexão do ponteiro quatro vezes mais. Por isto, a escala de leitura do “ferro móvel” tem
intervalos diferentes no inicio e no fim da mesma, e uma graduação mais uniforme dentro de
uma faixa contida entre dois pontos bem destacados sobre a escala.Veja um exemplo:

 É um instrumento robusto e de baixo custo;


 De uso industrial;
 Não passa corrente pela móvel;
 Mede tanto CC como CA;
 Não possui a precisão de um bobina móvel, mas apresenta uma boa precisão;
 Amortecedor a ar comprimido.
Estas características definem o uso deste instrumento, podendo ser encontrado instrumento
eletromagnético do tipo ferro móvel usado como Amperímetro e Voltímetro.
Ambos possuem basicamente a mesma estrutura interna, diferem apenas quanto à bobina fixa,
sendo que:

Voltímetro – Ferro Móvel


A bobina deve ter uma impedância que absorva a tensão do ponto a ser medida, com o menor
consumo de energia possível, sendo assim confeccionada com “muitas espiras de fio fino”. (alta Z ).
Amperímetro – Ferro Móvel:
Como os amperímetros são ligados em série, toda a corrente a ser medida deve passar pelo
instrumento e, por conseguinte, pela bobina fixa do mesmo.Assim, as bobinas dos Amperímetros
de Ferro Móvel são confeccionadas com “poucas espiras de um fio grosso”.(baixa Z)

SÍMBOLO
O instrumento eletromagnético ferro móvel é identificado pelo símbolo:

7. ERROS DE MEDIDAS ELÉTRICAS


Mesmo que tenhamos empregado instrumentos de alta qualidade e precisão e escolhido o
método de medida mais adequado, os erros serão inevitáveis, isto é, na prática sempre haverá um erro
em qualquer medida efetuada, o qual podemos reduzi-lo, mas jamais eliminá-lo.
Assim, para podermos avaliar a qualidade de uma medida, é necessário uma análise dos
possíveis erros existentes nela, e seu impacto no valor final, para julgar se esta informação serve ao
fim a que se destina. Portanto, nosso objetivo é efetuar a medida de uma grandeza elétrica com o
mínimo de erro possível.
As causas que produzem erros de medidas são as mais variadas possíveis. Modernamente,
existem classificações bastante abrangentes das categorias de erros, principalmente no estudo de
Metrologia. Para atender aos objetivos da disciplina, ficaremos com a Classificação de Erros, abaixo
discriminada:
Erro Humano

São devidos à displicência ou deslizes de quem está efetuando a medida, ou falhas cometidas
durante esta. Podemos dar como exemplos:
- Erro de paralaxe;
- Erro de Interpolação;
- Leitura errada na escala;
- Registro da leitura com transposição de valores, como por exemplo: valor lido 12,4 e
valor
registrado 14,2;
- Não observância do efeito de carga dos instrumentos;
- Não observância do ajuste a zero, etc...
-
Erro de Instalação

Consiste basicamente em usar o método de medida errado.


Exemplo: Usar o método de indicação direta para a medida da Fem de uma pilha.

Erro de Fabricação

São erros inerentes ao instrumento, isto é, fazem parte do mesmo e serão tanto maiores quanto
maior forem as imperfeições do mesmo. Se relacionam principalmente com a classe de exatidão,
determinado pelo fabricante, em função da instabilidade, não linearidade,consumo interno, etc... do
instrumento.
Erros Ocasionais
São constituídos por causas externa ao processo e não percebidas ou avaliadas durante uma
medida, como por exemplo: temperatura, interferência de campos magnéticos, vibrações, mau
contatos, umidade, sujeiras, ruídos, etc..
Resumidamente, podemos anunciar o critério informador da teoria dos erros, baseado no
postulado de Gauss, que Diz:
“ Caso várias medidas de uma mesma grandeza inspirem a mesma confiança, o valor mais
provável é a média aritmética destas medidas”

Na prática temos:

Valor Exato ( E )  é o valor igual ao Padrão da Unidade.

Valor Medido ( M )  é o valor obtido de um instrumento, dentro de um processo de medida.

Erro Absoluto ( EA )  é a diferença algébrica entre o valor medido e o valor exato.

EA  M  E donde podemos escrever: E  M  EA

Erro Relativo ( ER )  é a relação entre o erro absoluto e o valor exato.

EA M  E
ER  
E E

é comum expressar o erro relativo em percentagem. Temos então:

EA M E
ER %   100 ou ER%   100
E E

Determinação da Classe de Exatidão de um Instrumento


A Classe de exatidão ou precisão de um instrumento (indica EA) é o número que indica
“quantos” por cento do valor final da escala( ou valor selecionado) é o erro absoluto do instrumento,
sendo que, este valor vale para qualquer medida do instrumento. Este número vem indicado junto aos
símbolos de identificação do instrumento, situados nas escalas dos mesmos.
Exemplo:

Pela definição, o erro absoluto deste voltímetro, bobina móvel, é de 1% de 200V, ou seja:
EA=  2 V.
Teremos assim:

1º medida

Valor Medido (M)=___________________


Valor Exato (E)= _____________________

Erro Absoluto (EA)= __________________

Erro Percentual (ER%)= ________________

2º medida

Valor Medido (M)=___________________

Valor Exato (E)= _____________________

Erro Absoluto (EA)= __________________

Erro Percentual (ER%)= ________________

3º medida

Valor Medido (M)=___________________

Valor Exato (E)= _____________________

Erro Absoluto (EA)= __________________

Erro Percentual (ER%)= ________________

4º medida

Valor Medido (M)=___________________

Valor Exato (E)= _____________________

Erro Absoluto (EA)= __________________

Erro Percentual (ER%)= ________________

Conclusão-___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
_
__________________________________________________________________________________

Classes Padronizadas

Laboratórios de Precisão

Instrumentos de Laboratório

Instrumentos Industriais

Obs: agora você pode terminar a identificação e a classificação dos instrumentos do


exercício anterior.

8. PROCESSOS DE MEDIDAS

Uma vez definido corretamente o instrumento a ser utilizado, procede-se a medida elétrica e a
respectiva leitura para a definição do valor real da grandeza elétrica que está sendo medida.
Basicamente os métodos de medidas são:
1. Direto
É o sistema mais usual. A leitura é feita diretamente na escala graduada do instrumento,
através do ponteiro, e o valor lido corresponde ao valor real medido.

1.1 Medida direta de Tensão


O Voltímetro é ligado em paralelo com a tensão nos pontos a serem medidos.
Exemplos:

Medida A  Medição de Tensão na rede


Medida B  Medição de Tensão na Carga (Resistor)
Resistência interna do voltímetro Rg deve ser de alto valor. O consumo do instrumento é dado
por: Pg  U 2 Rg

1.2 Medida direta de Corrente

O Amperímetro deverá ser inserido em série no ponto a ser medido a corrente elétrica.
A Rg do amperímetro deve ser a menor possível. O consumo do instrumento será dado por:
Pg  I 2  Rg
2. Direto com Seletor
Com o objetivo de alcançar um espectro mais largo na faixa de medidas e possibilitar uma
maior precisão da mesma, há instrumentos com diversas escalas de medidas (ranges ou
calibres)definidas num seletor.
Exemplo

Observando o instrumento acima, verificamos que a escala graduada de leitura é no máximo


150 (posição II), porém podemos através do seletor termos valores máximos de 100 (posição I) e 300
na posição III.
Nestes casos, o valor real da medida será o valor lido ( VL ) multiplicado pelo fator de
multiplicação (K ) da leitura.

K= Valor selecionado no seletor


Valor máximo da escala de leitura

O valor máximo da escala de leitura, também é conhecido como valor de fundo de


escala.Temos então:

VR = VL x K , ou seja: o valor real da medida é o valor lido multiplicado pelo fator de


multiplicação (K).
É comum usarmos uma tabela, denominada tabela de leitura:

Tensão
Leitura VL k VR
1
2
3
4

9. EFEITO DE CARGA DOS INSTRUMENTOS


Efeito de carga dos instrumentos de medidas elétricas é a influência que estes produzem,
quando inseridos no circuito, provocando diferenças nas medições reais das características destes.
Instrumentos que provocam menores diferenças, significa que necessitam de menor quantidade de
corrente elétrica para funcionar, portanto são considerados mais sensíveis.
Assim, o instrumento de medidas elétricas é considerado de boa sensibilidade quando ao ser
inserido no circuito, não altera de modo significativo as características deste.
Nos VOLTÍMETROS a sensibilidade é caracterizada pela relação Ohms/Volt, sendo esta
propriedade definida como sendo a resistência existente no circuito de entrada do instrumento, em
função da escala utilizada. Exemplo:
- Considera-se um voltímetro, bobina móvel, escala de 0 – 2,5 – 10 – 50 Vcc, com uma
sensibilidade de 20 k / V. Teremos assim:
- A) com a escala em 0 – 2,5 Vcc, a resistência de entrada (Rg) do voltímetro será:
Rg =  / V . V ou seja Rg = 20.000  / V . 2,5 V = 50.000, ou 50 k

Determine a Rg deste voltímetro para as outras escalas:

Nos AMPERÍMETROS o efeito de carga é caracterizado pelo valor da sua Resistência ôhmica
interna, ou seja: quanto menor for o valor da resistência interna do amperímetro, mais sensível será o
instrumento.
Exemplo.
- Consideramos um circuito com 6V de tensão e uma R igual a 3.Temos, pela lei de ohm,
uma corrente elétrica neste circuito, de 2 A.Suponha, agora que você queira conferir este
valor de corrente, usando um amperímetro , bobina móvel, esccla 0 – 3 A, e Rg de 1. Qual
será o valor de corrente que o instrumento irá indicar?

Para concluir, vale lembrar que quanto maior for os valores de tensão e de corrente a ser
medidos, menor será a influência dos instrumentos (efeito de carga), porém nas medições de tensão
e/ou de corrente de pequenos valores, maior deverá ser o cuidado, na escolha dos instrumentos que
serão utilizados, em relação às suas sensibilidades.

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