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Cadernos do Cuidado

ISSN 2595-0886

RELATO DE EXPERIÊNCIA

CAMINHOS DO CUIDADO E A METODOLOGIA


ATIVA: PARCERIA DE LONGO
ALCANCE E RESULTADOS

Silvia Segóvia Araujo Freire1


Daianny Garcia do Nascimento2

RESUMO
O projeto caminhos do cuidado surge com uma nova perspectiva de cuidado aos usuários de álcool e outras
drogas, uma visão ampla do território e respeito à individualidade. Não diferente, a metodologia ativa busca
em um novo método de ensino, apresentar ao participante a possibilidade de exercer sua autonomia, respon-
sabilidade e compromisso em seu aprendizado, extrapolando as formas tradicionais que limitam o aprendi-
zado e sua abrangência. Ambos possibilitam uma inserção direta de todos os envolvidos proporcionando a
participação ativa e significativa no processo de cuidado e na aquisição do aprendizado, valorizando todo o
conhecimento prévio, experiências de vida, percepção e entendimento de todos, permitindo um olhar holístico
e compreensivo do usuário de álcool e outras drogas e suas necessidades de atenção e a sua inserção na rede
de cuidado da Saúde Mental. Esse trabalho tem como objetivo apresentar um relato de experiência de duas
profissionais que executaram a função de tutoras no Projeto Caminhos do Cuidado no município de Corumbá/
MS no ano de 2014. Como resultado observou-se a dimensão do projeto, sua efetividade e sua viabilidade na
capacitação dos profissionais das ESF ACS e ATEnf através da metodologia adotada. Concluiu-se assim a
possibilidade de mudança de pensamento e de atitudes através da necessidade do reconhecimento de seus
territórios e diante dos usuários de álcool e outras drogas e o quanto é importante o processo do cuidado, a
escolha correta da metodologia para realização da educação permanente e a valorização do trabalhador em
todo o processo.

Palavras-chave: Saúde Mental. Projeto Caminhos do Cuidado. Metodologia Ativa.

1
  Psicóloga pela UFMS-CPAN. Especialização em Dependência Química UNIDERP, Mestrado em Saúde e Desenvolvimento
na Região Centro-Oeste, UFMS-Campo Grande/MS. Atualmente, professora substituta da Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul – Campus do Pantanal, curso de Psicologia, e Facilitadora do Instituto de Ensino e Pesquisa Sírio-Libanês
do Curso de Gestão da Clínica nas Regiões de Saúde. Contato: silvinha.s.f@bol.com.br

  Psicóloga pela UFMS-CPAN. Especialização em Saúde Mental FIOCRUZ-ETSUS. Prefeitura Municipal de Corumbá/ MS.
2

Contato: daiannypsic@yahoo.com.br
CONVOCAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA AO Colônia em Barbacena, Basaglia presenciou as
CUIDADO DOS USUÁRIOS DE ÁLCOOL E crueldades destinadas aos internos do local, e não
OUTRAS DROGAS contente com o que constatou, apresentou através
O presente artigo tem como objetivo descrever da mídia sua indignação com o que foi observado no
a experiência e o aprendizado de duas facilitadoras local, demonstrando total repúdio às atrocidades ali
através do Projeto Caminhos do Cuidado e a aten- dispensadas às pessoas com transtornos mentais e
ção ao usuário de álcool e outras drogas, realizado que até então nunca havia presenciado tal situação
no município de fronteira Corumbá MS. em qualquer outro lugar do mundo, ainda compa-
O processo da Reforma Psiquiátrica surge em rando-o a um campo de concentração. Tal discurso
decorrência da Reforma Sanitária, movimento dos repercutiu por todo o Brasil e em diferentes países
anos 70 que buscou novos modelos de atenção à do mundo, de tal forma que se iniciou o processo da
saúde, formas de gerenciar as práticas de saúde, reforma em Barbacena em seus diferentes contex-
defesa da saúde coletiva, o acesso a todos os ser- tos (ARBEX, 2013).
viços de forma igualitária e realizar o protagonismo O movimento então passa a ter a defesa de gran-
dos trabalhadores e usuários dos serviços de saúde des nomes, profissionais, familiares, usuários que
nos processos de desenvolvimento das gestões, tec- conheciam a realidade e por pessoas que tinham
nologias e formas de fazer a saúde (BRASIL, 2015). consciência das atrocidades realizadas nas institui-
Embora contemporâneo da Reforma Sanitária, ções manicomiais que se destinavam ao cuidado do
o processo de Reforma Psiquiátrica brasileira tem paciente com transtorno mental.
uma história própria, inscrita num contexto inter- Apesar da reforma psiquiátrica ter início no final
nacional de mudanças pela superação da violência dos anos 70 e início dos anos 80, é na década de 90,
asilar. Fundado, ao final dos anos 70, na crise do marcada pelo compromisso firmado pelo Brasil na
modelo de assistência centrado no hospital psi- assinatura da Declaração de Caracas e pela reali-
quiátrico, por um lado, e na eclosão, por outro, dos zação da II Conferência Nacional de Saúde Mental,
esforços dos movimentos sociais pelos direitos dos que passam a entrar em vigor no país as primeiras
pacientes psiquiátricos, o processo da Reforma normas federais regulamentando a implantação de
Psiquiátrica brasileira é maior do que a sanção de serviços de atenção diária, fundadas nas experiên-
novas leis e normas e maior do que o conjunto de cias dos primeiros CAPS, NAPS e Hospitais-dia, e as
mudanças nas políticas governamentais e nos ser- primeiras normas para fiscalização e classificação
viços de saúde (BRASIL, 2005). dos hospitais psiquiátricos (BRASIL, 2005).
Vários países já realizavam processos de E somente em 2001 que o Brasil passa a contar
mudança na maneira de cuidar a saúde mental com uma Lei que defende os direitos das pessoas
nesse período, o modelo utilizado na Itália, serviu com transtorno mental. A Lei Federal 10.216,
como modelo para o Brasil. conhecida como a Lei Paulo Delgado, da Luta
Franco Basaglia, psiquiatra italiano e com ideais Antimanicomial, que dispõe sobre a proteção e os
de defesa dos direitos humanos e de resgate da direitos das pessoas com transtornos mentais e
cidadania das pessoas com transtornos mentais redireciona o modelo assistencial em saúde men-
iniciou o movimento da Luta Antimanicomial origi- tal (BRASIL, 2001). A partir desse momento surge
nando a Reforma Psiquiátrica na Itália, na segunda uma Política de Saúde Mental e os novos serviços
metade do século XX. Em 1979 quando veio ao Bra- de substituição ao modelo manicomial.
sil, sua estada possibilitou visibilidade à maneira Então, nos anos 2002 a 2005 que os serviços de
como a loucura era tratada no país. Ao visitar a substituição para atenção ao cuidado começam a

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ganhar de fato forma, regulamentações e normati- níveis preventivo, curativo, de reabilitação e promo-
zações quanto ao funcionamento e financiamento, ção à saúde, integrada com outros níveis de saúde e
normas para fiscalização de hospitais psiquiátricos construída de forma coletiva com outros profissio-
e expansão dos serviços. nais de saúde (CAMPOS et al., 2006).
Apesar dos avanços à equidade, o acesso ainda A partir da 8ª Conferência Nacional de Saúde
encontrava barreiras nesse processo, e com a neces- realizada em 1986 confirma se o conceito da saúde
sidade de expandir o cuidado ao paciente com trans- como um direito do cidadão e descreve as diretri-
torno mental e usuários de álcool e outras drogas em zes do SUS, fundamentada no desenvolvimento de
sua totalidade, a Portaria Nº 3.088, de 23 de dezembro estratégias que possibilitaram a coordenação, a
de 2011 institui a Rede de Atenção Psicossocial para integração e a transferência de recursos entre as
pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com instituições de saúde federais, estaduais e munici-
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e pais que estabeleceram os alicerces para a cons-
outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde, trução do SUS e a descentralização foi à estratégia
surge na tentativa de possibilitar essa expansão e para sua implantação (PAIM et al., 2011).
a concretização do cuidado (BRASIL, 2011a). Nessa A Atenção Básica torna se eixo central no SUS,
Portaria, os serviços da rede de saúde em suas dife- norteada pelo processo de descentralização, tor-
rentes esferas, atenção primária, atenção secundária nando se responsável por programas inovadores
e a terciária se tornam responsáveis pelo cuidado que objetivam oferecer acesso universal e serviços
integral de todo o paciente de seu respectivo terri- abrangentes, coordenar e expandir a cobertura
tório incluindo o paciente com transtorno mental e para níveis mais complexos de cuidado, assim como
usuário de álcool e outras drogas. implementar ações intersetoriais de promoção de
O Ministério da Saúde afirma que a Estratégia saúde e prevenção de doenças (PAIM et al., 2011).
de Saúde da Família (ESF) surge como dispositivo, A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é consi-
organizadora dos sistemas municipais de saúde derada um modelo de atenção básica que objetiva o
para reorganização do modelo de assistência, assi- cuidado através de ações preventivas, de promoção
nalada pelo primeiro contato da população com o e reabilitação, por meio de equipes que conheçam
serviço de saúde (BRASIL, 2009). as necessidades dos territórios as quais pertencem.
A atenção básica surge como eixo estruturante Tem foco na unidade familiar e comprometimento
do sistema, pois, além de ser “porta de entrada”, com atenção integral, agindo com perspectiva se
gerencia os encaminhamentos, coordena e integra superação do modelo hospitalocêntrico e produção
o trabalho realizado por outros níveis de atenção, de saúde centrada na doença (ANDRADE; BUENO;
outros equipamentos ou por terceiros que acompa- BEZERRA, 2006).
nha de maneira longitudinal, a saúde do paciente Dentro dessa perspectiva a atenção básica surge
durante toda a vida (GAZIGNATO; SILVA, 2014). como principal serviço de cuidado dos indivíduos de
Os termos Atenção Primária à Saúde e Atenção seus territórios, incluindo a população em situação
Básica têm sido utilizados como sinônimos, sem que de rua e/ou usuários de álcool e outras drogas.
se torne um problema conceitual e no Brasil, a expres- Trata se de um atendimento inicial, norteador e
são Atenção Básica foi oficializada pelo governo fede- continuo de cuidado a saúde.
ral (MELLO; FONTANELLA; DERMAZO, 2009). A Declaração de Caracas em 1990 defende a
De acordo com a Declaração de Alma-Ata a permanência do usuário no território de origem
APS – Atenção Primária de Saúde deve priorizar por meio de equipamentos substitutivos descen-
os principais problemas da população em todos os tralizados e territorializados integrados com redes

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sociais e propõe a reestruturação da atenção no território, utilizando da Educação Permanente,
psiquiátrica e sua vinculação à Atenção Básica busca identificar e ampliar as ferramentas do cui-
(GAMA; CAMPOS, 2009). dado em saúde mental dos trabalhadores da rede
De acordo com a RAPS, os CAPS são disposi- de saúde, proporcionando a autonomia dos Agentes
tivos de estratégia para a organização da rede de Comunitários de Saúde (ACS), Auxiliares e Técnicos
atenção em saúde mental. Atuam como regula- de Enfermagem (ATEnf) (TORRES et al., 2016).
dores da porta de entrada para a assistência em De acordo com a Portaria n. 2.488 que esta-
saúde mental e supervisionam a atenção em saúde belece a revisão de diretrizes e normas para a
mental na atenção básica (BRASIL, 2013). organização da Atenção Básica, para a Estratégia
Entretanto, frequentemente, os profissionais Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes
das equipes da atenção primária não se sen- Comunitários de Saúde (PACS), as atribuições dos
tem preparados para lidar com essas situações ACS estão o contato permanente com as famílias,
(DIMENSTEIN et al., 2009). desenvolvimento de ações educativas, acompanha-
Compreendendo que a desinstitucionalização mento de ações e programas de saúde no território,
não significa apenas fechar hospícios, é preciso que as visitas domiciliares, e outros. Entre as atribui-
os profissionais recebam capacitações para lidar ções dos ATEnf, estão realizar ações de educação
com o sofrimento mental e possam trabalhar esses em saúde, planejar e desenvolver atividades de
novos conceitos em rede e criar espaços coletivos Educação Permanente, e outras. Além das atribui-
para troca de saberes. Assim aos profissionais ções específicas, os trabalhadores da AB possuem
que atuam nos diversos componentes da RAPS, atribuições comuns no que diz respeito ao cuidado
propõe-se uma reorganização no processo de no território realizado pela equipe de saúde da qual
trabalho das equipes no atendimento aos usuários integra (BRASIL, 2011b).
com doença mental. Esse processo de trabalho Assim, no período de 2013 a 2015, mais de 290
precisa produzir saúde ressaltando o paciente mil agentes comunitários de saúde e auxiliares/téc-
como protagonista de sua vida, sua saúde, sua nicos em enfermagem foram capacitados, forma-
cidadania. O acolhimento também precisa ser dos com a temática “Saúde Mental: Crack, Álcool e
revisto, de modo a acolher o paciente de saúde outras Drogas” em todo o País, o projeto Caminhos
mental e produzir respostas rápidas (VIEIRA, 2017). do Cuidado permaneceu ativo em 2016, com foco
Dessa forma a atenção básica é descrita como na valorização do que foi produzido ao longo de dois
um dos primeiros e principais dispositivos da RAPS anos e no fortalecimento da Educação Permanente
– Rede de Atenção Psicossocial como serviço em Saúde, por meio da criação do Observatório
imprescindível e peculiar, e os profissionais envol- Caminhos do Cuidado (BRASIL, 2015).
vidos no cuidado devem se encontrar preparados, O Projeto Caminhos do Cuidado entende que
capacitados e conscientes diante de suas possibili- não existe uma fórmula pronta para o cuidado. São
dades de intervenção. processos, caminhos múltiplos como a diversidade,
a complexidade social e cultural que atravessam as
relações humanas. Esses caminhos também suge-
CAMINHOS DO CUIDADO E O CUIDADO À rem o movimento, a mobilização para a mudança.
SAÚDE O desafio de cuidar e garantir a cidadania dos usuá-
O Projeto Caminhos do Cuidado surge com o rios de drogas (BRASIL, 2015).
objetivo da integralidade da atenção ao usuário da Para que todo esse processo pudesse acontecer,
saúde mental, na expectativa do cuidado em rede e efetivar-se e principalmente os profissionais de

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saúde se sentissem partes integrantes, essenciais ção de conhecimento das ferramentas possíveis de
e responsáveis, o Projeto Caminhos do Cuidado cuidado ao usuário de álcool e outras drogas.
se preocupou em utilizar-se de uma metodologia Tais metodologias levam em consideração o
que proporcionasse todos os aspectos descritos indivíduo como um ser que constrói a sua própria
acima, mas também que os profissionais se sen- história, respeita o que cada um traz consigo de
tissem atuantes dentro de suas formações. Para aprendizagem, os conhecimentos adquiridos ante-
tanto, a equipe, de forma peculiar, embasou as riormente e os relacionam com a universidade,
atividades na Metodologia Ativa de Ensino, o que serviço e comunidade, possibilitando uma leitura e
proporcionou de forma rica o aprendizado e que intervenção consistente sobre a realidade, valori-
determinou toda diferença. zando todos os atores envolvidos e seus diferentes
De acordo com Paulo Freire, ensinar não é trans- conhecimentos no processo de construção, além
ferir conhecimentos, conteúdos, nem formar, é ação de garantir a liberdade na maneira de pensar e no
pela qual um sujeito criador dá forma, alma a um trabalho em equipe (LIMA, 2017; MITRE et al., 2008).
corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem As atividades descritas no Caderno do Aluno,
discência, as duas se explicam e seus sujeitos, ape- divididas através de Eixos, sendo Eixo 1 – conhe-
sar das diferenças, não se reduzem à condição de cendo o território, as redes de atenção, os conceitos,
objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar políticas e as práticas de cuidado em Saúde Mental
e quem aprende ensina ao aprender (FREIRE, 2011). e o Eixo 2 – a caixa de ferramentas dos agentes
As metodologias ativas estão alicerçadas em comunitários, auxiliares e técnicos de enfermagem
um princípio teórico significativo: a autonomia, algo na Atenção Básica, possibilitou aos participantes
explícito na invocação de Paulo Freire. A educação identificar e conhecer ferramentas, processos
contemporânea deve pressupor um discente capaz de trabalho, métodos de cuidado que estiveram
de autogerenciar ou autogovernar seu processo de e poderiam estar ao alcance de todo profissional,
formação (MITRE et al., 2008). mas que não reconheciam suas potencialidades. A
As metodologias de ensino-aprendizagem pro- forma como as atividades ocorreram, colocando-
põem desafios a serem superados pelos estudan- -os como responsáveis no processo de formação,
tes, possibilitando-os de ocupar o lugar de sujeitos proporcionaram a compreensão e abstração das
na construção do conhecimento, participando da possibilidades de cuidado, ampliou suas perspecti-
análise do processo assistencial, e colocando o vas e geraram críticas quanto a suas visões sobre o
professor como facilitador e orientador desse pro- usuário de álcool e outras drogas.
cesso (BRASIL, 2007). Essa formação oportunizou aos participantes
No entanto, na busca pela superação da peda- o conhecimento e/ou reconhecimento de seus
gogia da transmissão ou educação bancária, como territórios como um todo, tanto a identificação da
refere Paulo Freire (2011), há um movimento vol- população existente, como também dos serviços
tado à produção de mudanças, tanto em relação ao disponíveis na rede de saúde e demais serviços exis-
uso de metodologias ativas de ensino-aprendiza- tentes, ainda identificando as ferramentas de traba-
gem, quanto à promoção de uma educação trans- lho que possam contribuir para o cuidado, gerando
formadora (LIMA, 2017). novas e aumentando as possibilidades de atenção.
Através da metodologia ativa o Projeto Cami- “Assumir esse novo modelo na formação de
nhos do Cuidado se preocupou em colocar os profissionais de saúde implica o enfrentamento de
agentes comunitários de saúde e ATEnf como pro- novos desafios, como a construção de um currí-
tagonistas no processo de aprendizagem e aquisi- culo integrado, em que o eixo da formação articule

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a tríade prática – trabalho – cuidado...” (MITRE et conduzir as atividades não só orientávamos, mas
al., 2008, p. 2138). também aprendíamos e enriquecíamos nossos
Trata-se de novas formas de pensar o cuidado. conhecimentos prévios.
Para isso, um modelo de fluxo de assistência para Por ser uma metodologia que apresenta ao par-
nortear as equipes com relação aos serviços da ticipante o aprender fazendo, considerando todas
rede, referência e contrarreferência precisa ser as suas informações precedentes e principalmente
construído, visto que não estão bem estabelecidos que não existe o certo ou errado, esse processo de
os limites de atuação dos serviços e, tanto pacientes formação possibilitou ações ativas e sólidas durante
quanto profissionais, consideram várias as portas de sua construção. Experiências como se aproximar
entrada para o sistema de saúde (VIEIRA, 2017). do usuário de álcool e outras drogas, a maneira de
A utilização de estratégias educacionais que acolher, a escuta, o respeito aos direitos de escolha
permitam combinar ampliação de escala com uso foram relatadas no decorrer da formação em função
de metodologias de aprendizagem crítico-reflexi- das atividades práticas propostas pelo Projeto Cami-
vas visa enfrentar o desafio do tamanho continental nhos do Cuidado embasadas na Metodologia Ativa.
do país e contribuir para a construção de ondas que As atividades recomendadas para serem
expressem um movimento sanitário no qual organi- desenvolvidas em seus territórios geraram a des-
zações e profissionais de saúde assumem respon- coberta do até então considerado difícil ou mesmo
sabilidade pela melhora contínua da qualidade de impossível para os participantes. Relatos como se
atenção à saúde, agregando valor à saúde e à vida aproximar dos usuários de álcool e outras drogas e
das pessoas, assim como processo de trabalho no de alguma forma oferecer qualidade de vida ainda
SUS (LIMA; PEREIRA; SOEIRO, 2017). não sendo a considerada correta pela maioria em
nossa sociedade, permitiu aos participantes ações
simples, mas eficazes no processo de cuidado. Afe-
EXPERIÊNCIA E APRENDIZADO rir pressão arterial, orientação sobre hidratação à
A experiência como facilitadoras do Projeto importância do consumo de água, curativos, orien-
Caminhos do Cuidado e o contato inicial com a tações quanto aos serviços disponíveis nas unidades
metodologia ativas tratou-se de uma experiência básicas de saúde de seus territórios foram algumas
única, por vezes indescritível, que nos possibilitou ações desenvolvidas através da metodologia. Esta
colaborar com o aprendizado de todos os profis- aproximação possibilitou não só a atividade prática
sionais participantes, mas em especial com nosso do processo, a desmistificação do usuário como
crescimento profissional e pessoal. ações de redução de danos na melhora de vida das
O Projeto Caminhos do Cuidado, em todo o seu pessoas. Atividade como desenhar o mapa do ter-
percurso, em todas as suas atividades, colaborou ritório, em que os participantes inicialmente dese-
com o aprendizado dos participantes, mas de nharam seus territórios e em outra atividade futura
forma particular proporcionou às facilitadoras e/ elaboraram o PTS – projeto terapêutico singular
ou orientadoras um aprendizado único. Suas ativi- de acordo com o caso apresentado no caderno do
dades eram realizadas de modo que os participan- aluno, fez com que os participantes percebessem a
tes que criassem, concretizassem, interpretassem dimensão de seus territórios, os serviços existentes
todas as propostas apresentadas, e em todos os nos mesmos e as inúmeras possibilidades de inter-
momentos experiências de vida, de conhecimento venção através do trabalho em rede.
foram citadas, utilizadas e aprimoradas na forma- Conhecer o território, identificar os serviços
ção dos profissionais, assim nós responsáveis em existentes em cada um deles, reconhecer as

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Caminhos do Cuidado e a metodologia ativa: parceria de longo alcance e resultados
ferramentas de trabalho por vezes simples, mas usuários de álcool e outras drogas; em cada um, da
grandiosas em possibilidades de resultados gerou sua maneira e no seu tempo, houve de fato mudan-
aos participantes o despertar pelo fazer, agir, atuar ças nas relações.
e principalmente respeitar as individualidades, a Propiciar esse contato dos ACS e ATEnf com os
subjetividade e escolha de vida de cada um. usuários de álcool e outras drogas de seus terri-
A cada encontro uma nova experiência de tórios de forma diferente de qualquer metodologia
contato com os usuários de álcool e outras dro- utilizada pelos serviços anterior ao Projeto Cami-
gas eram relatadas pelos participantes do curso, nhos do Cuidado, fez com que as ações se tornas-
relatos de casos foram abordados e os integrantes sem mais “humanas”, sem que o medo e o receio
entre si já buscavam possíveis soluções. Ações fizesse desse processo obstáculos para o cuidado.
concretas como as visitas compartilhadas entre Percebe-se a sensibilidade do usuário em relação
Unidade básica de Saúde e CAPS foram colocadas ao sentir-se escutado, com implicações terapêuticas
em prática através de casos reais trazidos princi- diretas para seu tratamento (MAYNART et al., 2014).
palmente pelos agentes comunitários de saúde. Considera-se que, na saúde mental, o uso do
Foi notória a mudança em cada membro do curso, eu do terapeuta é fundamental na relação com o
de alguma forma foram tocados e inclusive parti- sujeito em sofrimento psíquico, na qual a escuta
cipantes do curso que tinham familiares com essa serve enquanto um dos elementos dessa relação
problemática da dependência, começaram a refle- é estabelecida no encontro face a face entre o
tir e ter ações mais eficazes no apoio e tratamento terapeuta e o usuário, ou seja, quando ambos se
dos seus familiares. comunicam compartilhando o mesmo tempo e o
Possibilitar o conhecimento, o aprendizado do mesmo espaço (NASI; SCHNEIDER, 2011). Pen-
outro respeitando as diferenças nos enriqueceu sando assim, os profissionais de saúde que estão
como profissionais por sabermos a importância de no território em contato direto com os usuários
respeitar as diferenças e o tempo de cada indivíduo. de álcool e outras drogas exercem esse papel de
Pessoalmente nos aproximou de profissionais e de terapeuta e essa relação deve ser o mais saudável
pessoas que contribuíram para nosso aprendizado e mútua possível.
através de seus conhecimentos, foi um período de Merhy, (2004, p. 7) descreve a “saúde como a
troca de saberes que não direcionou apenas aos par- capacidade de se gerar mais vida com o caminhar
ticipantes, mas a todos os envolvidos no processo. na vida; o que traduzo também como a capacidade
Observamos como o aprendizado e a troca de de indivíduos e coletivos gerarem redes que atam
conhecimentos ocorrem de formas prazerosas, vida e como tal produzem-na”.
exitosas, coletivas, participativas contribuindo não Os relatos, as experiências durante o curso vão
só para a aquisição de novas informações, atitudes, além do cuidado com a saúde. Para Gordon (1975)
mas também para modificar “pré-conceitos” esta- a personalidade é menos um produto acabado que
belecidos referentes a pessoas e/ou situações exis- um processo transitivo, ainda que tenha alguns
tentes que os indivíduos têm sem qualquer contato aspectos estáveis, está, ao mesmo tempo, conti-
prévio pessoal. nuamente sofrendo mudanças. Ao pensarmos na
Durante todo o processo os profissionais nos afirmação de Gordon (1975), sabendo que desen-
relataram a visão prévia, pré-criada dos usuários volvemos nossa personalidade ainda criança, mas
de álcool e o quanto o conhecimento modificou que a todo o momento podemos aprender e incluir
esse olhar. Essa mudança proporcionou através novas significações. Ainda de acordo com Jung a
dos relatos a aproximação dos profissionais com os dinâmica da personalidade está sujeita a influên-

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Caminhos do Cuidado e a metodologia ativa: parceria de longo alcance e resultados
cias e modificações de fontes externas, significa CONSIDERAÇÕES FINAIS
que a personalidade não pode atingir um estado de O Projeto Caminhos do Cuidado possibilitou a
perfeita estabilização (JUNG, 1948, 1953). nós facilitadoras do município de Corumbá/MS per-
O Projeto Caminhos do Cuidado foi além do sim- ceber o quanto as diferenças, o desconhecimento,
ples fato de orientar uma ação de cuidado, foi além as individualidades podem ser pormenorizadas e/
de uma ação de aprendizagem, mas proporcionou ou sanadas quando o ouvir, o considerar, o conhecer
também transformações, mudanças de compor- as diferenças, o respeitar passam a fazer parte do
tamentos e de significados. Foi um processo enri- nosso cotidiano individualista. Orientar o aprendi-
quecedor para os profissionais que através de seus zado aprender enquanto se ensina e ouvir quando
relatos durante o curso apresentaram mudanças se fala são aspectos que estiveram presentes no
não só em suas possibilidades de intervenção, mas Projeto Caminhos do Cuidado e que foram funda-
também em suas formas de ver o outro, de conside- mentais para o sucesso do mesmo.
rar escolhas alheias, perceber o usuário de álcool e A utilização das metodologias ativas foi extre-
outras drogas através de um olhar holístico. mamente assertiva na elaboração deste projeto
A imensa troca de experiências e de saberes de tamanha magnitude e importância. Destacando
também proporcionou às facilitadoras compre- que a experiência com essa metodologia aproximou
ender que muitas vezes o desconhecimento da a teoria da prática através de suas vivencias diárias
doença (no caso a dependência química e o alcoo- e da forma em que as atividades eram colocadas
lismo), o despreparo, desorientação quanto ao fun- facilitando esse contato imediato.
cionamento dos serviços e a falta de ferramentas Essa experiência nos fez refletir o quanto é impor-
adequadas, leva ao descuido, ao desinteresse pelo tante o processo do cuidado, através da educação
outro e esse processo não acontece simplesmente permanente, da escolha correta da metodologia e
por acontecer e sim por falta de conhecimento das principalmente da valorização do trabalhador que
diferentes possibilidades do fazer. está no cotidiano trabalhando com outros seres
Com as últimas atividades desenvolvidas com humanos. Assim reiteramos a importância deste
as turmas dos Agentes Comunitários de Saúde Projeto Caminhos do Cuidado na vida de todos que
(ACS) e Auxiliares e Técnicos de Enfermagem direta ou indiretamente foram modificados por ele.
(ATEnf) constatamos que ocorreu o deslocamento Dessa forma relatamos nossa experiência como
dos participantes e que ali havia ocorrido mudan- sendo algo enriquecedor, extraordinário para todos
ças significativas no olhar diante do usuário de os envolvidos independentes de suas funções.
álcool e outras drogas. As turmas perceberam
que, enquanto profissionais, tinham possibilidades
e agora ferramentas para poder fazer a diferença
na vida daquelas pessoas que sempre estiveram
no seu território e nunca haviam sido enxerga-
das como seres humanos que necessitavam de
atenção, cuidado, afeto sem julgamento ou discri-
minação. E nós tutoras tivemos a certeza que haví-
amos cumprido a missão que fora dada de forma
exitosa. Ficando a sensação de dever cumprido e
agradecidas pela oportunidade de tamanho cresci-
mento profissional e pessoal.

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Caminhos do Cuidado e a metodologia ativa: parceria de longo alcance e resultados
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INFORMAÇÕES SOBRE O ARTIGO

Recebimento – 07-09-2017

Aceite – 20-01-2018

71 Caminhos do Cuidado – Suplemento


Caminhos do Cuidado e a metodologia ativa: parceria de longo alcance e resultados

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