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Votação do PISO - no STF (não deixe de ler)

FONTE: CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação


Data: 15/03/2011

Está em pauta, no STF, para votação no dia 17 de março, a Ação Direta de


Inconstitucionalidade (ADI) 4.167. A ADI, impetrada em 2008 por cinco estados ((MS, PR,
SC, RS e CE), contesta alguns pontos da Lei 11.738, sancionada no mesmo ano, também
conhecida como Lei do Piso do Magistério.
A CNTE, entidade que representa aproximadamente dois milhões e meio de
professores e funcionários de escola, espera que o dia 17 de março seja a data em que a Lei
do Piso terá definitivamente que ser cumprida por todos os estados e municípios. "Nossa
expectativa é de que o Supremo respeite o desejo do povo que teve o apoio do Congresso
Nacional ao votar por unanimidade em favor do Piso", afirmou o presidente da CNTE,
Roberto Leão.

Entenda o caso
Em 2008, o então presidente Lula sancionou a Lei 11.738, conhecida como Lei do
Piso do Magistério e que regulamenta a base salarial dos professores em todo o Brasil. Na
época, a Lei determinava um valor de R$950,00, somados aí o salário e as gratificações e
vantagens para uma carga horária de até 40 horas semanais para os profissionais com
formação de nível médio. O valor ainda que não fosse o ideal e reivindicado pela CNTE,
dava forças para que a categoria seguisse confiante no trabalho e na luta por um salário
melhor.
Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Ceará contestaram
e, com o argumento de que não tinham recursos para pagar o valor determinado em Lei,
entraram no mesmo ano com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. Em dezembro de
2008, a Ação foi julgada (liminarmente) pelo Supremo que reconheceu a legitimidade da Lei,
porém com a limitação de dois dispositivos: o da composição do piso e o que trata da jornada
fora de sala de aula. Estes dois pontos ficaram para ser julgados mais tarde e são estes
pautados para julgamento no dia 17. Em janeiro deste ano o governador do Rio Grande do
Sul, Tarso Genro, pediu a exclusão do seu estado da Ação. Pedido que foi negado pelo
ministro Joaquim Barbosa, já que, no entendimento dele, o relatório já havia sido entregue.

Composição do Piso
Segundo os governadores que entraram com a ADI, os estados não estão preparados
para suportar a despesa de pagar um valor mínimo para os professores. Argumento que foi
arduamente contestado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Segundo ele, no texto
que criou o Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), em 2006, já havia a previsão para a
instituição de um piso nacional para os professores. "Eu entendo que essa ADI não deva
prosperar porque foi feita uma mudança na Constituição prevendo o piso. Então, se foi feita
uma emenda constitucional, não há porque julgar inconstitucional uma lei que regulamenta
esse dispositivo", alegou.
Além disso, o MEC anunciou que vai liberar este ano 1 bilhão de reais para as
prefeituras que comprovarem que a falta de dinheiro foi causada exclusivamente pela
implementação do Piso e seus reajustes. Em fevereiro, o MEC reajustou o valor do Piso de
R$1.024,00 para R$1.187,97.
Jornada extraclasse
A Lei define no parágrafo quatro do artigo 2º o cumprimento de, no máximo, 2/3 da
carga dos professores para desempenho de atividades em sala de aula. Sobre este ponto, os
governadores alegam que com o aumento das horas que cada professor terá que cumprir
para o planejamento das aulas e a consequente diminuição das horas dentro de sala de aula,
os estados vão ser obrigados a contratar mais profissionais. Com a aprovação da Lei do Piso
os mestres devem reservar 33% do seu tempo com planejamento. Para os governadores,
esta obrigação interveio na organização dos sistemas de ensino estaduais. A Lei de
Diretrizes e Bases (LDB) diz como seriam os sistemas de ensino nos estados, mas cada
estado tem sua autonomia.
Para a CNTE, o tempo destinado para o planejamento das aulas é importante para
elevar a qualidade do ensino. “Um professor sem tempo para planejar o que irá passar para
o aluno, acaba fazendo um mau trabalho. Esta jornada extraclasse não é para descansar.
Continua sendo mais uma etapa do trabalho”, explicou Leão.

Mobilização dos trabalhadores em educação


Desde então, a CNTE e as suas 41 entidades afiliadas se mobilizam para pedir
urgência no julgamento da Ação e que os ministros reconheçam a legitimidade da Lei. No
ano passado preparou um dossiê que reúne 159 depoimentos com as angústias dos
educadores de todo o país sobre o não cumprimento da lei do Piso. O documento foi
entregue no dia 16 de setembro do ano passado ao ministro da Educação, aos presidentes
da Câmara, do Senado e do STF.
A mobilização rapidamente surtiu efeito. Um dia após a manifestação, o ministro
relator Joaquim Barbosa entregou o relatório da Ação, documento que faltava para que a ADI
entrasse na pauta de votação do STF. “O não julgamento da Ação tem causado um
problema enorme que são as múltiplas interpretações que os gestores fazem da lei. Temos
que acabar com isso, para que possamos construir uma educação pública de qualidade”,
ressaltou Leão.

Reajustes
Além da luta pela implementação do Piso, a CNTE briga pela aplicação do reajuste
conforme estabelece a Lei. A lei aprovada pelo Congresso fixa como parâmetro o aumento
de gasto por aluno/ano no Fundeb. A divergência é se deve ser considerada a variação do
ano anterior, isto é, de 2009 e 2010, ou a atual, de 2010 para 2011. A Advocacia-Geral da
União (AGU) argumenta que, em 2011, só existe uma estimativa de receita e que seria
temerário dar um reajuste com base em previsões. Já a CNTE diz que a lei é clara e fala no
ano atual e aconselha os sindicatos a contestarem o Piso do MEC na justiça.
No ano passado o MEC reajustou o Piso de R$950,00 para R$ 1.024,67, mas a CNTE
reivindicou o aumento para R$ 1.312,85, que, infelizmente, não foi atendida. Para este ano, a
CNTE afirma que o reajuste deveria ser de 21,71%, o que elevaria o valor do Piso para
R$1.597,87. No dia 24 de fevereiro o MEC anunciou o reajuste de 15,84%, o que significa
que o valor do Piso dos Professores passa a ser de R$1.187,97. Uma diferença
considerável.
Para Roberto Leão é importante que a Ação seja julgada agora. “Temos muitos
estados em greve por culpa, principalmente, da má remuneração dos educadores.
Convocamos nossas afiliadas a lutar pela correta aplicação do Piso. Temos a convicção de
que não é justo protelar mais este julgamento e que o STF irá honrar a Casa votando não
apenas a favor dos professores, mas de toda a nação que depende de cidadãos bem
educados para levar o país rumo ao progresso”, concluiu. (CNTE)

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