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Circ.

EE 05015093437/2011/SG/CUT
São Paulo, 25 de março de 2011
Às
Estaduais da CUT, Estrutura Vertical e Entidades Filiadas.

Assunto: resolução política da Direção Nacional da CUT – 24 e 25 de março


de 2011.

Reunida na cidade de Brasília nos dias 24 e 25 de março de 2011, a


Direção Nacional da CUT aprova a seguinte resolução:
O agravamento da crise internacional, com todos os seus desdobramentos
(político, econômico, financeiro, energético e militar) coloca desde já a
responsabilidade da CUT fortalecer sua atuação defendendo a soberania nacional
e o direito dos povos à auto-determinação, condenando enfaticamente a política
de terrorismo de Estado das grandes potências imperialistas.
Este ambiente de crise internacional reforça a necessidade, para nós no
Brasil, de ampliarmos a defesa do fortalecimento do papel do mercado interno, da
valorização dos salários, da ampliação dos investimentos públicos em
infraestrutura, na geração de empregos e na manutenção dos direitos sociais e
trabalhistas. Este foi o caminho adotado pelo governo Lula e que demarcou campo
contra as concepções neoliberais e privatistas que teriam fragilizado a economia
nacional, deixando o país mais vulnerável aos impactos da crise. Neste sentido, a
CUT também reitera a necessidade da redução das elevadas taxas de juros – as
maiores do mundo – que ao fomentar a especulação, comprometem a produção
nacional, a geração de empregos e o acesso ao crédito.
São mudanças na política macroeconômica que a Central Única dos
Trabalhadores vê como fundamentais, aprofundadas em nossa Jornada pelo
Desenvolvimento e explicitadas na Plataforma da CUT, para que o Brasil não vire
presa fácil da lógica do deus mercado e de suas graves consequências para o
desenvolvimento sustentável.

Jornada pelo Desenvolvimento


Esta reunião da Direção Nacional da CUT ocorre logo após a mobilização
que realizamos no dia 23 de março no Congresso Nacional, que reuniu mais de
400 dirigentes e militantes cutistas representando as Estaduais da CUT e os
Ramos, com o objetivo de pressionar os/as parlamentares e o governo para que
aprovem as reivindicações prioritárias da Central, que possibilitem o
desenvolvimento com valorização do trabalho, expresso em mudanças na política
econômica e na estrutura tributária, privilegiando assim o crescimento com
distribuição de renda. Além disso, inserem-se nesta pauta, a reforma política, a
reforma agrária que democratize o acesso à terra e amplie a produção de
alimentos, a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, o fim do fator
previdenciário e a valorização das aposentadorias, o combate às demissões sem
justa causa e às terceirizações, e o fim do imposto sindical.
Estas ações, que envolvem debate e pressão junto ao parlamento e ao
Executivo devem ser estendidas para todo o Brasil. A Direção Nacional delibera
que as Estaduais da CUT e as Entidades Filiadas organizem mobilizações durante
o mês de abril, para apresentar e discutir a pauta cutista junto aos Governos
estaduais e municipais, às Assembléias Legislativas e Câmaras de Vereadores.
As propostas de panfleto e documentos atualizados estarão disponíveis em nossa
página na internet (www.cut.org.br) a partir do dia 30 de março. Esta jornada de
debates nos estados e municípios será um momento para ampliarmos a
mobilização de nossa base para a construção de um Dia Nacional de Lutas e
Mobilizações, com indicativo para o mês de junho. E no retorno do Congresso
Nacional, após o recesso de meio de ano, a CUT realizará nova ação junto ao
Legislativo, Executivo e Judiciário.
A mobilização que realizamos no dia 23 de março teve como um dos
resultados o compromisso do Ministro Gilberto de Carvalho de agendar uma
reunião para o dia 29 de março, envolvendo a CUT e outras centrais que tenham
representação no setor e nas empresas da construção civil, para encaminhar o
debate levado pela CUT, sobre um protocolo nacional para a construção civil que
preserve os direitos dos/as trabalhadores/as, garanta a fiscalização e punição das
irregularidades em obras do PAC e outras financiadas com dinheiro público –
como nas Usinas de Jirau e Santo Antônio - além de reiterarmos a necessidade de
contrapartidas sociais nestes investimentos.

Liberdade e Autonomia Sindical: Campanha pela Ratificação da Convenção


87 da OIT
A CUT defende que a classe trabalhadora se organize com total
independência frente ao Estado e autonomia em relação aos partidos políticos.
São os/as trabalhadores/as que devem decidir livremente suas formas de
organização, filiação e sustentação material. Neste sentido, a CUT tem como um
de seus princípios fundamentais e históricos a luta pelos pressupostos
consagrados nas Convenções 87 e 151 da OIT, objetivando assegurar a definitiva
liberdade sindical para os/as trabalhadores/as brasileiros/as.
Reiteramos ao Governo Federal que encaminhe ao Congresso Nacional um
anteprojeto de lei que institua a contribuição negocial e acaba com o imposto
sindical, conforme estabelecido em um termo de compromisso assinado por todas
as centrais sindicais em agosto de 2008. Essa medida, associada a uma
legislação de combate às práticas antissindicais, direito à negociação coletiva e à
organização no local de trabalho são pressupostos para consolidarmos uma nova
estrutura sindical de acordo com os princípios cutistas.

Progressividade é o caminho da justiça tributária, porque tributo é o preço


da cidadania
É preciso aumentar a capacidade do Estado de planejar e investir para a
conformação de um padrão de desenvolvimento com sustentabilidade, segundo os
princípios democráticos, assentado na ampliação e garantias de direitos –
especialmente os do trabalho. Por isso, a estratégia de desenvolvimento não pode
prescindir de uma política econômica ousada, que deve ser articulada às demais
políticas públicas, de forma a orientar o país para alcançar elevadas taxas de
crescimento com sustentabilidade ambiental, redução da pobreza, da
desigualdade de renda, das disparidades regionais e um sistema de proteção
social adequado. Para reafirmar o papel redistributivo do Estado, o sistema
tributário deve ser forte instrumento, no caminho inverso do construído nas últimas
décadas.
A CUT entende que é necessário alterar a estrutura tributária brasileira,
injusta e regressiva, em que os ricos pagam menos impostos do que os mais
pobres, em que há alta sonegação e as empresas com uso intensivo de mão de
obra pagam mais do que empresas que empregam menos e tem alto faturamento;
em que o investimento produtivo é bem mais taxado que o especulativo. Por isso é
imperativo uma reforma tributária que institua a progressividade como princípio e
amplie a tributação sobre a propriedade, lucros e ganhos de capital; que as
políticas sociais tenham fonte exclusiva de orçamento, que a produção seja
favorecida frente aos ganhos financeiros, e se elimine a guerra fiscal entre estados
e municípios.
Assim, a CUT, nesse próximo período, desenvolverá ações nos Estados
com o conjunto de suas entidades filiadas, para divulgar as propostas, construir
alianças com outras organizações da sociedade civil e pressionar o Governo e o
Parlamento para aprofundar o debate com a participação dos trabalhadores/as e
aprovar uma legislação tributária que seja justa.

Pelo fim da intervenção militar na Líbia


A Executiva Nacional da CUT, em sua reunião de 1º de março deste ano,
adotou uma resolução apoiando a luta dos povos e trabalhadores/as do norte da
África e do Oriente Médio. Em particular sobre a Líbia, a resolução afirmava que “é
com preocupação que a CUT acompanha movimentos por parte de grandes
potências, como os EUA, que deslocam navios para o litoral líbio, prenúncio de
uma intervenção militar externa inaceitável. Cabe ao povo líbio, assim como aos
povos do Egito e da Tunísia, decidir de forma soberana, sem ingerência
estrangeira, os seus próprios destinos.”
A Direção Nacional da CUT, reunida em 25 de março em Brasília, constata
que, sob cobertura de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, que
não foi unânime, iniciou-se em 19 de março uma operação militar contra a Líbia,
por parte dos governos dos EUA, França, Reino Unido, Itália, Espanha, sob
comando da OTAN que, com o cínico pretexto de proteger a população civil da
repressão de Kadafi, vem bombardeando o país, inclusive o palácio de governo
em Trípoli, provocando mortes de civis e desencadeando uma nova guerra cujo
objetivo é o petróleo, além de exercer uma pressão contra os processos de luta
em curso nos vizinhos Egito e Tunísia visando controlá-los.
A hipocrisia dos governos que decidiram bombardear a Líbia, os mesmos
que nos últimos dez anos elogiavam o hoje “sanguinário” Kadafi como modelo de
luta contra o “terrorismo da Al-Qaeda” e sua política de privatização do petróleo,
fica evidente quando não dizem uma palavra sobre a intervenção militar da Arábia
Saudita no Bahrein, para reprimir os protestos contra o governo local.
A CUT exige o fim imediato dos bombardeios na Líbia, reafirma que a
intervenção militar externa é inaceitável e atentatória à soberania nacional dos
povos e que seu pretexto “humanitário” não passa de um artifício para uma
operação de manutenção dos interesses das potências imperialistas e suas
multinacionais na região.
A CUT se somará aos atos e mobilizações pelo fim da intervenção militar da
OTAN e da ONU na Líbia, pela cessação imediata dos bombardeios, pois cabe ao
povo líbio, e apenas a ele, a decisão sobre o seu próprio destino.

DIREÇÃO NACIONAL
CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES

QUINTINO SEVERO
SECRETÁRIO GERAL

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