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ESTUDO DE CASO 3

Mandado de Segurança

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA SELEÇÃO


JUDICIARIA DO ESTADO

MARIA SOUZA, nacionalidade, estado civil, professora,


portadora da carteira de identidade son n° xxxxx, residente
e domiciliada na rua xxxxx, Bairro xxxxxx, Cidade xxxxxxx,
CEP xxxxx, e-mail, vem perante vossa excelência,
representada nesse ato por seu advogado regularmente
constituído, inscrito na OAB sob n° xxxxx.. com endereço
profissional xxxxxxx, endereço eletrônico xxxxx, com base
no artigo 5°,, LXIX da Constituição Federal e Lei
12.016/2009, para propor o presente

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR

Pelo rito especial, contra ato do Reitor da Universidade


Federal do estado xxxxxx, com endereço na Rua xxxxxx, pelos
fatos e fundamentos que se expõe a seguir.

I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Afirma a parte autora se a pessoa hipossuficiente, não


podendo custear as despesas advindas do presente processo
sem por e risco a substência sua e de sua família, razão
pela qual requer o deferimento da gratuidade de justiça,
conforme arts. 98 e seguintes do Código de Processo Civil.

II – DOS FATOS
Marcos Silva, aluno de uma Universidade Federal, autarquia
federal, inconformado com a nota que lhe fora atribuída em
uma disciplina do curso de graduação, abordou a parte
Autora e em meio a ameaças, exigiu que ela modificasse sua
nota. Nesse instante, a professora, com o propósito de
repelir a iminente agressão, conseguiu desarmar e derrubar
o aluno, que, na queda, quebrou um braço. Diante do
ocorrido, foi instaurado Processo Administrativo
Disciplinar (PAD), para apurar eventual responsabilidade da
professora. Ao mesmo tempo, a professora foi denunciada
pelo crime de lesão corporal. Na esfera criminal, a
professora foi absolvida, uma vez que restou provado ter
agido em legítima defesa, em decisão que transitou em
julgado. O processo administrativo, entretanto, prosseguiu,
sem a citação da servidora, pois a Comissão nomeada
entendeu que a professora já tomara ciência da instauração
do procedimento por meio da imprensa e de outros
servidores. Ao final, a Comissão apresentou relatório
pugnando pela condenação da servidora à pena de demissão. O
PAD foi encaminhado ao reitor da universidade para a
decisão final, que, sob o fundamento de vinculação ao
parecer emitido pela Comissão, aplicou a pena de demissão à
servidora, afirmando, ainda, que a esfera administrativa é
autônoma em relação à criminal. Em 11/01/2017, a servidora
foi cientificada de sua demissão, por meio de publicação em
Diário Oficial, ocasião em que foi afastada de suas
funções, e, em 22/02/2017. Em que pese toda a argumentação
usada para tal decisão, a mesma não encontra guarida no
ordenamento, razão pela qual a parte Autora requer a
segurança para evitar, assim, uma injustiça ainda maior.

 III DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

 DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR

 Como é de conhecimento, para concessão do que ora se


requer faz-se necessário a presença de dois elementos,
quais sejam, o fumus boni iuris e o periculum in mora.
O fumus boni iuris se caracteriza pela ilegalidade pratica
pela Autoridade coatora quando não notificou a autora
acerca do PAD, descumprindo assim o preceito do artigo 5º,
LV da Constituição Federal e art. 22 da lei 8.112/1990.
Ademais, não pode ser afastado do cerne da discussão o fato
da autora já ter sido absolvida na esfera criminal por não
existir ilicitude da sua conduta em razão da legitima
defesa. Frise-se que tal fato AFASTA a demissão ora
aplicada, por força de aplicação do art. 132, VII da lei
8.112/1990.
 De outro giro, o periculum in mora reside na precariedade
financeira a qual a autora se submete atualmente e
permanecerá assim caso não seja desfeito o ato de demissão,
visto que o labor como professora na referida universidade
consistia na sua única fonte de renda. Em sendo assim,
estando presentes ambos os requisitos, é irrefutável a
necessidade de concessão da liminar ora requerida.

 IV - DO CABIMENTO DA PRESENTE AÇÃO

 Conforme assinala o art. 5º, LXIX da Constituição Federal


e o art. 1º da lei 12.016/2009, o mandado de segurança se
presta a resguarda direito líquido e certo contra abuso de
poder ou ato ilegal praticado por autoridade. Conforme já
narrado, a situação fática se adéqua ao moldes da ação,
devendo ser concedida a segurança.

V - DO MÉRITO

É inegável que o art. 5º, incisos LIV e LV da Constituição


Federal garantem ao indivíduo o devido processo legal, o
contraditório e a ampla defesa.

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de bens sem o


devido processo legal;

LV - aos litigantes em processo judicial ou administrativo,


e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com meios e recursos a ela inerentes;

Ademais, ainda corroborando o direito da autora, o artigo


143 c/c o artigo 161, § 1º da lei 8.112/90 preceitua que o
PAD ou sindicância que se preste a averiguar conduta
ilícita de servidor público deve garantir ao mesmo o devido
processo legal.
No entanto, como resta muito claro e delineado na tratativa
dada a parte autora, a mesma somente veio tomar ciência de
que estava sendo submetida à uma PAD quando da publicação
da decisão do mesmo em diário oficial, após o ato de sua
demissão.

Em adição ao argumento exposto acima, o art. 65 do Código


de Processo Penal bem como os arts. 125 e 126 da lei
8.112/90 são claros em definir que decisão penal vincula o
conteúdo da decisão em seara administrativa.

Aplicando o texto ao caso concreto e sabendo que a decisão


penal absolveu a parte autora do que lhe foi imputado,
outra decisão não poderia se esperar, na luz da legalidade
que não o arquivamento do PAD eis que, como já dito, a
seara penal vincula a seara administrativa.

Mas se viu que o PAD prosseguiu e aplicou sanção de


demissão da parte autora ao arrepio da lei.

Ante o exposto, presentes todas as ilegalidades acima


expostas, não há outra alternativa senão a anulação do ato
demissional bem como que se determine a reintegração da
parte autora ao cargo público que ocupava bem como que se
apure e pague o valor não pago quando da sua suspensão, na
forma do artigo 28 da lei 8.112/90

VI - DOS PEDIDOS

Requer-se:

1. a concessão da gratuidade de justiça, na forma do art.


98 e seguintes do CPC;

2. a concessão da medida liminar para garantir a


reintegração da parte autora ao quadro de servidores
ativos da autarquia federal até que se prolate decisão
definitiva, na forma do art. 9º c/c art. 701 do CPC;

3. A citação do Réu para apresentar defesa, no prazo


legal;
4. a confirmação da tutela de urgência, com a anulação do
ato que demitiu a parte autora, condenando-se a parte
Ré a reintegrar a parte autora ao quadro de servidores
ativos da autarquia federal bem como ao pagamento dos
valores e vantagens que faria jus caso estivesse no
cargo;

5. a produção de provas admitidas em direito e


especialmente as que ora se anexa ao processo;

6. a condenação do Réu ao ônus de sucumbência;

VII - DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Local e data

Advogado

OAB/UF

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