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FINANÇAS
RESUMO
PALAVRAS-CHAVE
ABSTRACT
The strong negative correlation between the Brazil-US Exchange Rate (Ptax) and the
index of the stock market (Ibovespa) has been widely documented in the academic
literature. The exchange rate volatility index (FXvol) represents the future exchange
rate uncertainty of investors regarding one month ahead.These two pieces of evidence
motivate us to ask what the relationship between FXvol and future returns of the ex-
change rate and the stock market index, as the volatility index is seen as an investor
uncertainty thermometer one period ahead. Investigating then the contemporary rela-
tionship between FXvol, the Ptax and the Ibovespa, and the FXvol’s ability to capture
the possible relationship between the present level of uncertainty in the market and
future relative changes in the exchange rate and stock index.The findings provide ev-
idence that the FXvol observed today describe the behavior of the Ptax and Ibovespa
for future periods, thus acting as a leading indicator of these variables.
KEYWORDS
90 R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte v. 15 n. 3 p. 88-106 jul./set. 2016. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)
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tes regressões múltiplas para avaliar a exis- intuito de verificar se o índice de volatili-
tência de relação pertinente: dade tem a capacidade de funcionar como
um indicador antecedente, ou seja, se ob-
servações muito altas (baixas) de expecta-
tiva futura para a volatilidade correspon-
Sendo uma variável binária, zero um, dem a retornos futuros do mercado mais
que adquire valor zero (um) quando o re- altos (baixos). A ideia por trás do teste é
torno for positivo (negativo) e . Dessa for- que períodos de volatilidade alta indicam
ma se anulará o terceiro (quarto) termo incerteza no mercado, o que leva os agen-
da equação, caso o retorno seja positivo tes a aumentarem a taxa de desconto do
(negativo). fluxo de retorno dos ativos, gerando queda
A partir dessas equações, o autor pre- nos preços. Essa situação seria uma opor-
tendeu avaliar se haveria uma relação entre tunidade para entrada em posições long.
os retornos positivos ou negativos da bolsa O autor fixa então uma janela móvel de
e o índice de volatilidade implícita. Os re- dois anos e verifica se, em um dado instan-
sultados obtidos apontaram para uma re- te de tempo t, o valor observado do índice
lação estatisticamente relevante entre am- está relativamente alto ou baixo em rela-
bos os retornos; entretanto, os retornos ção aos valores da janela. Armazenada essa
negativos demonstraram maior impacto, informação, é verificado o retorno do mer-
i.e., tem valor absoluto superior a . cado em um horizonte futuro de tempo.
O autor ainda realizou teste estatístico Os resultados indicam uma boa capacidade
para verificar se a diferença entre os valo- preditiva do índice de volatilidade.
res era estatisticamente relevante, pois o
trabalho foi elaborado com diversos cortes Base de Dados e Metodologia
amostrais ao longo do tempo, e o resulta- Dados utilizados
do apontou para a relevância da diferença, Neste estudo, foram utilizadas as sé-
constatando assim a assimetria de impacto ries históricas diárias do FXvol, Ptax e o
entre os retornos negativo e positivo. índice Ibovespa, fornecidas pelo sistema de
Após apontar essa correlação linear, Giot recuperação de dados da BM&FBovespa.
(2005) acrescentou duas variáveis ao mode- Apesar de o FXvol iniciar sua divulgação
lo empregado anteriormente, com o intuito em julho de 2007, foi possível recuperar a
de verificar se o quadrado dos retornos po- série desde outubro de 2005, em razão de
deria conter alguma informação adicional. o Prof. Alan de Genaro Dário ter cedido,
Os valores obtidos para o retorno quadrá- gentilmente, a série de dados reconstruí-
tico não se mostraram estatisticamente re- da sinteticamente em seu trabalho. Sendo
levantes. Além disso, o poder de explicação assim, as análises foram realizadas, conside-
do primeiro modelo para o segundo não foi rando o período de outubro de 2005 até
alterado, fato que deixou clara a não cor- fevereiro de 2015.
relação entre os retornos quadráticos e o
índice de volatilidade implícita. Análise Estatística e Análise das
Em uma segunda fase do estudo, Giot Relações Contemporâneas
(2005) implementa uma metodologia com Inicialmente, foi feita uma análise pre-
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radas as análises descritivas, análise da assi- a fevereiro de 2015. Nota-se a relação negati-
metria na variação diária da série e as rela- va presente entre o índice Bovespa e a Ptax,
ções entre o FXvol e a Ptax e o Ibovespa. principalmente durante a crise de 2008. Da
A Figura 1 mostra a evolução diária do mesma maneira, percebe-se que níveis mais
logaritmo do índice FXvol. O índice apresen- altos do FXvol estão atrelados a quedas no
ta um comportamento bastante volátil, com índice da bolsa e a aumentos na Ptax.
uma oscilação entre setembro de 2008 e de- A forte correlação negativa entre a Taxa
zembro de 2009, período em que o mundo de Câmbio Brasil-EUA (Ptax) e o índice
enfrentou o início da crise econômica do do mercado de ações (Ibovespa), ilustrada
subprime (apesar de a crise ter seu início em na Figura 3 e na Tabela 1, já foi amplamen-
julho de 2007, seus impactos mais relevantes te documentada na literatura acadêmica,
foram percebidos no período citado). como, por exemplo, em Silva e Coronel
Nesse período, o índice, cuja média his- (2012), Grôppo (2006) e Pimenta Júnior e
tórica é de aproximadamente 2,67, chegou Scherma (2005).
a atingir valor superior a 4,17. Outro perí- O FXvol representa a incerteza futu-
odo de alta ocorre no final de 2011, pos- ra dos investidores em relação a taxa de
sivelmente resultado do impacto causado câmbio. Essas duas evidências nos motivam
pela rápida redução na taxa básica de juros a questionar se FXvol tem relação com o
da economia, a Taxa Selic. No restante do Ibovespa e, mais, se seria um bom indica-
período, o índice se mantém em baixos ní- dor antecedente para o comportamento
veis, embora bastante volátil. do mercado de ações, visto que ele seria
A Figura 2 mostra o logaritmo das três sé- um termômetro da incerteza do investidor
ries históricas estudadas, de outubro de 2005 um período a frente.
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ta-se o mesmo na Figura 4, que contém o • Momento 3: janeiro de 2010 até fe-
retorno diário das três séries. vereiro de 2015.
Na tabela a seguir, são apresentados os
Relação entre o FXvol e o Ibovespa resultados da regressão para o índice
Em um primeiro momento, a regressão foi Ibovespa, com a série histórica completa.
calculada para a série como um todo. Em se- Os resultados da regressão indicam que
guida, procurou-se avaliar se o cenário de crise o retorno negativo do mercado acionário
influencia a relação entre as variáveis, Sendo está associado com um maior impacto no
assim, a série foi dividida em três períodos: índice de volatilidade cambial que os re-
• Momento 1: outubro de 2005 até tornos positivos. Um aumento de 1% no
julho de 2008; índice acionário reduz o FXvol em 0,68%,
• Momento 2: setembro de 2008 até enquanto uma redução de 1% gera um au-
dezembro de 2009; mento de 1,09%.
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Como era esperado, retornos positivos que o FXvol age como um captador do
do Ibovespa estão associados com redução medo do mercado, pois retornos negativos
do FXvol, enquanto que retornos negativos do Ibovespa estão atrelados a um aumento
estão associados a aumentos no FXvol, re- no índice de volatilidade cambial.
fletindo a relação próxima entre mercado
acionário e cambial no Brasil. Além disso, Relação entre o FXvol e a Ptax
diferente do que ocorre no mercado ame- O mesmo procedimento aplicado ao
ricano exposto por Giot (2005), os retor- Ibovespa foi aplicado à Ptax, sendo exposto
nos negativos sofrem um amortecimento na Tabela 6 o resultado da regressão reali-
de 0,005%. Apesar de estatisticamente dife- zada para toda a série histórica.
rente de zero, esse valor é muito pequeno, Os resultados da regressão apontam
mostrando-se assim de pouca influência. para uma associação entre valorização do
A Tabela 5 apresenta o resultado das re- dólar e o aumento da volatilidade, assim
gressões para os momentos 1 a 3. como associação entre desvalorização do
Os resultados apontam para uma insen- dólar e redução da volatilidade. O resultado
sibilidade do FXvol ao retorno positivo, era esperado, pois a valorização da moeda
a partir da crise de 2008. Nota-se que, no americana evidencia uma piora no cenário
momento 1, os retornos tinham um impac- nacional, dado que a taxa de câmbio refle-
to assimétrico, ainda que pequeno, e, após a te a desproporcionalidade entre as econo-
crise, apenas a associação entre o retorno mias. Nota-se a assimetria entre a valoriza-
negativo e o aumento da volatilidade persis- ção e desvalorização da moeda americana,
tiu em intensidade menor, momentos 2 e 3. mostrando que a piora no cenário nacional
Esse fato sugere uma mudança na reali- impacta o índice de volatilidade em quase
dade do mercado acionário, que vem des- três vezes mais do que a melhora. Assim
de a passagem dos piores efeitos da crise, como ocorreu com o Ibovespa, o retorno
com um comportamento de “carangue- negativo da Ptax sofre um amortecimento
jo”, andando para o lado. Nesse contexto, que, apesar de estatisticamente relevante,
apenas as notícias ruins têm importância, mostrou-se de pouca influência.
desconsiderando-se o impacto das notícias Seguiu-se a análise da regressão para os
boas, seja por falta das mesmas, seja por três momentos estudados.
insensibilidade, devido ao momento vivido. A Tabela 7 mostra os resultados das úl-
De maneira geral, os resultados mostraram timas três regressões calculadas. Nota-se
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Momento 3
Variáveis Coeficiente Erro-padrão Estatística t p-valor
-0,0098 0,0027 -3,6197 0.0003***
-0,0131 0,0020 -6,5768 7.021e-11***
4,6924 0,6105 7,6866 3.021e-14***
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Baixa Volatilidade 0,00 -0,26 -0,75 -4,12 -0,02 0,11 0,49 3,34
Alta Volatilidade 0,08 0,80 2,30 10,30 0,02 -0,02 -0,61 -3,34
Fonte: Dados coletados no sistema da BM&FBovespa e na Bloomberg.
Nota: Retornos médios apresentados pela Ptax e pelo Ibovespa 1, 10, 21 e 63 d.u. após uma observação de baixa ou alta vola-
tilidade. São classificadas como baixa volatilidade as observações classificadas entre os 5 primeiros quintis da distribuição das
volatilidades diárias observadas entre outubro/2005 e novembro/2014. São classificadas como alta volatilidade as observações
classificadas entre os 5 últimos quintis, no mesmo período. Valores expressos em % ao período.
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REFERÊNCIAS
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