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Universidade Anhanguera-Uniderp

Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes

CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL/TURMA 27

IMAGINE QUE O JUIZ REJEITA UMA ALEGAÇÃO DO RÉU DE QUE


ESTÁ AUSENTE LITISCONSORTE NECESSÁRIO UNITÁRIO
PASSIVO, DECLARANDO SANEADO O PROCESSO, E DESIGNA
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO PARA OITIVA DAS
TESTEMUNHAS A SEREM ARROLADAS PELAS PARTES NO PRAZO
DETERMINADO PELO JUIZ. O JUIZ, DEPOIS DE OUVIR AS
REFERIDAS TESTEMUNHAS, PODE DETERMINAR A INTIMAÇÃO
DO AUTOR PARA QUE REQUEIRA A CITAÇÃO DO
LITISCONSORTE NECESSÁRIO AUSENTE SOB PENA DE
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO?

PAULO EDUARDO CIRINO DE QUEIROZ

ARACAJU/SE
2015
1. INTRODUÇÃO

Para saber se a não participação de um dos litisconsortes passivos resulta em


invalidade ou em ineficácia, devemos primeiro analisar qual o tipo de litisconsórcio estamos
lidando. A matéria era tratada superficialmente pelo Código de Processo Civil de 1973. Com
o novo código, houve um melhor tratamento da questão de falta de participação de um dos
litisconsortes.

2. DESENVOLVIMENTO

O Código de Buzaid estabelece que “o juiz ordenará ao autor que promova a citação
de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar
extinto o processo”. Já o novo Código acrescenta duas regras importantes sobre o tema, ao
definir os casos em que a não integração do contraditório acarreta a ineficácia ou a nulidade
da decisão.

Com relação a não participação de réu quando houver litisconsórcio necessário,


devemos atentar para as duas hipóteses de litisconsórcio necessário: por força de lei (simples)
e por natureza da relação jurídica (unitário).

O novo Código, no art. 115, inciso I, estabelece que, no caso de litisconsórcio


necessário unitário passivo, a decisão será nula quando não houver a participação de todos os
litisconsortes. Já o inciso II do aludido artigo reza que, nos outros casos, a decisão será
ineficaz para os que não foram citados.

Assim, percebe-se que, nos casos em que a formação do litisconsórcio passivo é


obrigatória por força de lei, como p. ex. os confinantes na ação de usucapião, a sentença com
resolução de mérito será válida e eficaz, neste ponto apenas para os confinantes citados.

No tocante ao litisconsórcio necessário unitário passivo, caso não haja a integração do


contraditório, a decisão será nula.

O busílis está em saber se mesmo após saneado o feito, quando se estabiliza o


processo, o juiz poderia determinar ao autor que promova a citação dos demais litisconsortes,
sob pena de extinção.
À luz dos princípios da cooperação, da economia processual e da razoável duração do
processo, apresenta-se mais adequado o entendimento no sentido de ser possível, ainda que já
saneado, pois entre dar prosseguimento a um processo fadado à nulidade e voltar a marcha
processual para regularizar o feito, esta opção coaduna mais com os princípios processuais.

Faz-se mister salientar, quando se tratar de litisconsórcio necessário simples, ainda que
a lei estabeleça a ineficácia da decisão para os réus não citados, caso no decorrer do processo
o juiz conheça da existência de litisconsorte, deverá requerer seja promovida sua citação, sob
pena de extinção. Não deve, portanto, prosseguir o processo, confiando na ineficácia quanto
aos não citados, pois o Poder Judiciário deve velar pelo Estado Democrático Constitucional,
cujo um dos pilares é a segurança jurídica, que, no processo, apresenta-se na estabilidade das
decisões.

3. CONCLUSÃO

Conclui-se, então, que, havendo ciência do juiz da existência de litisconsorte


necessário passivo não citado, deverá requerer ao autor que promova a citação a fim de
integrar o contraditório, sob pena de extinção sem resolução do mérito, ainda que já saneado o
feito; uma vez que deve preponderar os princípios da segurança jurídica, da economia
processual, da razoável duração do processo sobre meras regras de procedimento.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil – Introdução ao Direito Processual
Civil e Processo de Conhecimento. Vol. 1, 16a ed. Salvador: Jus Podivm, 2014.

MACIEL NETO, Pedro Benedito. Efeitos da não formação do litisconsórcio passivo


necessário-unitário. Âmbito Jurídico. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_l ink=revista_artigos_leitura&artigo_id=7533>. Acesso em:
11 mai/2015.

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