Você está na página 1de 4

Para Marx a relação entre o capitalismo e proletariado.

Karl Marx (1818 – 1883) foi um sociólogo, filósofo e economista alemão, e que
apesar de nascer numa família de classe média, teve uma vida muito difícil, o que
muitos dizem ter colaborado para com a sua luta pelos operários. Três dos seus seis
filhos morreram já na infância por problemas decorrentes da desnutrição,
provavelmente pelas péssimas condições financeiras a que a família estava submetida1.
Marx sofria de freqüentes enfermidades que o impediam de trabalhar, tinha muitos
admiradores, mas poucos amigos, entre eles, destacava-se Engels, amigo e grande
colaborador, que lhe prestava grande ajuda financeira.
Marx foi o responsável pelas primeiras observações de um sistema capitalista.
Ele dizia que na história de todas as sociedades há um fato comum: a exploração do
homem pelo homem. Toma como ponto de partida o conceito de exploração para poder
analisar através dos seus métodos (o materialismo histórico2 e dialético3), essas relações.
De acordo com ele, a luta de classes é a força que move as grandes revoluções da
história, explica que essas lutas começam com a criação da propriedade privada e dos
meios de produção. Seu pensamento surge no ápice das idéias de liberalismo
econômico4, em meio às cidades saturadas de operários com baixos salários, colocando
em foco o explorador e o explorado, a burguesia e o proletariado.
Essa relação é peça chave do sistema chamado de Capitalista, que Marx define
como um modo de produção de mercadorias que têm a finalidade de serem trocadas
(por moeda ou outro produto) e esses meios estariam nas mãos dos chamados
capitalistas, ou, burgueses. A mercadoria possuiria duas características essenciais, o
valor de uso e o valor de troca. Onde, no valor de uso o produto tem a finalidade de
satisfazer as necessidades humanas, possui valor apenas para quem a obtém no mercado

1
Podemos ter uma idéia da pobreza em que se encontrava num trecho de uma carta que Marx escreveu a
seu amigo Inglês: 08 de setembro de 1852.
“...Minha mulher está doente; Minha filha Jenny está doente; Heleninha está com uma espécie de febre
nervosa; Não pude, nem posso chamar o médico por falta de dinheiro para os remédios. Há oito dias que
alimento minha família unicamente com pão e batatas. E não sei se ainda vou poder comprar pão e
batatas para hoje...”
2
O materialismo histórico é um método quem que Marx fazia a analise da sociedade a partir de fatos
históricos, utilizando sempre uma classe exploradora e uma explorada, como por exemplo, no feudalismo,
os senhores e seus servos, no capitalismo da época, burguesia e proletariado.
3
O materialismo dialético considera a matéria como única realidade e nega a existência da alma, de outra
vida ou de Deus. Dando importância apenas para o que era objetivo, e excluindo o subjetivo.
4
Defende a não-intervenção do Estado na economia, por acreditar que a dinâmica de produção,
distribuição e consumo de bens é regida por leis que já fazem parte do processo – como a lei da oferta e
da procura – que estabelecem o equilíbrio. EconomiaNet. (s.d.). Fonte: EconomiaBr.net:
http://www.economiabr.net/
e não para o seu produtor. Já o valor de troca é quando o trabalho humano gera lucro e
se torna uma mercadoria, tendo aí mais importância para o produtor. Dentro desse
contexto de Capitalismo, Marx engloba também as relações sociais estabelecidas com a
vinculação do indivíduo ao trabalho, ele divide o trabalho em dois conceitos, o trabalho
útil e o trabalho abstrato5. Enquanto nos outros sistemas, as relações entre os homens
são pré-estabelecidas e mantidas por tradições e obrigações recíprocas, no capitalismo
isso se extingue, pois o homem se torna um ser livre dessas obrigações sociais. Outra
característica desse sistema é que o indivíduo emprega esforço físico, que Marx define
como “força de trabalho”. Esses indivíduos não detêm os meios de produção, que são as
ferramentas (onde se inclui também a mecanização) e a matéria-prima. A partir daí, a
força de trabalho é transformada em mercadoria podendo ser comercializada.
O Capitalismo traria o homem do campo para os grandes centros, ilusoriamente
oferecendo melhor qualidade de vida, acaba fornecendo um salário medíocre ao
trabalhador pelo seu trabalho exaustivo e alienado, pois a exploração dessa força de
trabalho tira do trabalhador sua capacidade criadora e qualquer outro atrativo, visando
apenas o lucro, que Marx definia como o montante real de mais-valia6 explorada pelo
capitalista. Na sua visão essa alienação era piorada pela divisão do trabalho (mais
comum nas fábricas), onde cada trabalhador realizava apenas uma tarefa
(continuamente), não tendo conhecimento do resultado final do seu trabalho, nem
conhecimento algum sobre a finalidade do que fabrica, ao contrário do autônomo que
produzia seus bens sozinho e tinha conhecimento sobre todas as etapas da produção.
Para entender essa relação em que Marx fixou sua atenção, é preciso que
primeiro estabeleçamos as relações de cada classe com o capital. A burguesia, classe
opressora, emprega o trabalhador assalariado e são as donas dos meios de produção,
para Marx, a burguesia camuflava suas intenções na religião7 e na política8, na religião,
Marx dizia que ela gera um sentimento de “criatura oprimida” que a burguesia alimenta,

5
Trabalho útil é aquele que cria valor de uso ou utilidade, trabalho abstrato cria valor de troca ou
simplesmente valor.
6
É basicamente o valor que o dono do meio de produção coloca a mais no produto e este não é repassado
ao trabalhador, é o trabalho desempenhado pelo operário em que apenas o dono lucra.
7
“Esta análise deve mais ao neo-hegelianismo de esquerda, que concebe a religião como a alienação da
essência humana, que à filosofia das Luzes (a religião como conspiração clerical). Na realidade, no
momento em que Marx escreveu este texto, ele era ainda um discípulo de Feuerbach; quer dizer, um neo-
hegeliano ele próprio. Sua análise da religião é, portanto, "pré-marxista". Mas ela não é menos dialética,
pois compreende o caráter contraditório do fato religioso: enquanto justificação do mundo existente,
enquanto protesto contra ele.” – Marxismo e religião, por Michael Lowy.
8
“...O executivo no Estado moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de toda a
classe burguesa.” Marx e Engels, O Manifesto Comunista, pag. 42.
oferecendo meios (por exemplo, financiando projetos religiosos) para que o clero
manipule as pessoas humildes mantendo-as assim, na escravidão.
Com o desenvolvimento da burguesia, desenvolve-se também o proletariado,
classe desfavorecida que vende sua mão de obra como mercadoria, geralmente
ocupando-se de trabalhos simples e de fácil aprendizado, limitando assim o seu
conhecimento, fazendo com que se torne cada vez mais alienado, com isso a fábrica
paga a esse trabalhador um salário baixíssimo, fazendo dele mera peça da indústria. E
que com crescimento dessa indústria, cresce também o número de proletários,
comprimindo-se em massas cada vez maiores, e conforme a indústria se mecaniza e
necessita de um menor número de proletários, eles são simplesmente descartados.
Marx diz que os operários “só vivem enquanto têm trabalho e só têm trabalho
enquanto seu trabalho aumenta o capital” e que até mesmo para oprimir uma classe, era
necessário fornecer condições que lhe permitiriam ao menos uma existência servil e
aqui começa a relação que o proletário tem com o capital. Ela age de forma cíclica: O
burguês aplica seu capital em uma fábrica, esta contrata os operários que fornecem sua
força de trabalho, gerando a mercadoria e conseqüentemente, o lucro. A partir daí, a
burguesia acumula esse capital, havendo assim o excesso de trabalhadores sem emprego
nas cidades (devido ao êxodo rural9), criando uma reserva de operários (excedentes no
mercado), com isso temos a concorrência ente operários que gera um salário de
subsistência, que faz com que o burguês acumule através da mais-valia o capital
excedente, onde recomeça o ciclo.
Ao contrário do que muitos pensam, Marx tem uma razão para a abolição da
propriedade privada, ele deseja que ela seja distribuída, para que a acumulação de
capital por meio de uma minoria que detém o lucro não exista, fazendo com que não há
nem classe opressora, nem classe oprimida, apenas uma mesma classe de pessoas
trabalhando em prol do mesmo objetivo, a evolução econômica e social da sociedade.

9
Quando o homem do campo migra para as cidades, em busca de melhor qualidade de vida.
Bibliografia
EconomiaNet. (s.d.). Fonte: EconomiaBr.net: http://www.economiabr.net/
K. Marx & F. Engels. (1848). O Manifesto do Partido Comunista. Londes.
André Carvalho. (1987). Capitalismo. Belo Horzonte.

Você também pode gostar