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Estudante da Escola de Música, Afonso Celso Jr.

vence concurso
nacional de violão
O violonista Afonso Celso Junior, estudante do mestrado profissional e
graduado pela Escola de Música da UFBA (Emus), ficou em primeiro lugar no
9º Concurso Nacional de Violão Fred Schneiter, realizado no mês de outubro
deste ano, no Espaço Guiomar Novaes – anexo da Sala Cecília Meireles, no
Rio de Janeiro. A competição, que é uma das mais importantes do Brasil e tem
revelado novos talentos do instrumento, aconteceu em paralelo à tradicional
Mostra de Violão homônima, que em sua décima sexta edição foi realizada
pela primeira vez em Salvador, com apresentações no Museu de Arte da
Bahia, no último dia 19/10.
Afonso Celso obteve ainda o prêmio de melhor intérprete da obra de confronto,
que nesta edição do concurso foram as músicas “Parafrase IV”, de Ricardo
Tacuchian, escolhida para a fase semi-final; e Dona Mab (do Álbum de
Família), de Schneiterm, música dedicada à mãe do compositor, que foi
escolhida para a fase final. Além destas, os candidatos deviam incluir em suas
apresentações obras de livre escolha. No repertório selecionado por ele,
fizeram parte “Estudo n. 5 (Villas-Lobos), “Sonata” (Leo Brouwer), e
Introduction et Caprice (Giulio Regondi), entre outras.
“Eu sempre quis ganhar esse concurso que homenageia um músico baiano,
Fred Schneiter. Em 20 anos de disputa, nunca um nordestino ou baiano havia
vencido”, ressalta Afonso, que acredita que a sua vitória é um estímulo aos
músicos da região e uma prova de que é possível competir com músicos do
eixo Sul-Sudeste, que, conforme ele destaca, contam com mais investimentos,
mais lugares para tocar e melhor infraestrutura.
Sobre o seu êxito na competição, ela ressalta o grande tempo de dedicação
exclusiva que foi necessário para se a perfeiçoar na prática do instrumento.
“Você acorda e dorme pensando em estudar e buscar os detalhes ao extremo,
para se preparar e melhorar sempre. Não se aprende a tocar (nesse nível) em
um ano ou dois. É uma vida inteira para alcançar a excelência”, explica.
Sobre a competição, diz: “na apresentação você está competindo com músicos
de qualidade do país inteiro e precisa dar o melhor de si”. Para o concurso, que
é realizado bienalmente, a pré-seleção dos candidatos é feita por meio de
vídeo e o limite de idade para os participantes é de 30 anos. Depois são
realizadas as etapas semifinal e final, quando os candidatos apresentam
recitais de 15 a 30 minutos para avaliação da banca de jurados, responsável
pelo anúncio do resultado com os vencedores do concurso.
Essa conquista, conforme avalia, será um impulso grande na sua carreira e vai
contribuir com o “sonho de viver da música”. Afonso Celso Jr. já venceu cinco
prêmios, entre nacionais e internacionais, entre os quais o XIV Concurso
Internacional de Guitarra de Uruguay “Raul Sánchez Clagget”, em 2016, além
de acumular premiações em outros 10 eventos de destaque. Ele também já
havia sido premiado na edição de 2017 do mesmo concurso, ficando com a
terceira colocação geral da competição e sendo escolhido como Melhor
Intérprete da Música de Marcos Lopes.
“Devo tudo o que sou ao professor Mário Ulloa, que é um exemplo como
músico e como pessoa. Continuo aprendendo a cada dia com ele, que está
sempre disponível, em todas as horas”, ressalta Afonso Celso em relação ao
renomado músico porto-riquenho e professor da Escola de Música, que foi seu
grande mestre e inspiração para seguir a carreira artística. Segundo ele, Ulloa
o orientou desde os primeiros dias de sua graduação na UFBA, concluída em
2017, sendo um exemplo também por sua formação humana e pela forma
como lida com as pessoas em geral.
“Evolui muito com a sua orientação. Tocar um instrumento é muito mais do que
a parte mecânica de segurar o violão e tocar. É algo mais complexo do que
pensar em notas musicais e questões técnicas. Tem a ver também com a
forma como você respira, como se alimenta e se relaciona com o público”,
afirma.
O professor Mario Ulloa relembra a rotina de estudos dos dois juntos nos cinco
anos do curso de graduação, com três ensaios semanais dedicados ao
instrumento. E acrescenta que o esforço pessoal do estudante envolvia cerca
de oito horas diárias de prática.
“São poucos os que encaram esse trabalho árduo. Ele é uma pessoa muito
dedicada e que dá continuidade ao trabalho diário. Sem essa constância você
não chega lá”. Além da dedicação e do espírito de luta, o professor ressalta a
sua sonoridade, a precisão e a consistência da interpretação. E também
destaca a importância da sua conquista em um dos mais prestigiados
concursos da área que reúne violonistas de todo o país.
O estudante ainda fala sobre a importância da UFBA na sua formação: “A
UFBA é minha casa, onde eu passei muito tempo. Praticamente vivia na
universidade, chegava às 6 horas da manhã e saia depois das 8 horas da
noite” relembra ele, celebrando o fato de a Emus ter se tornado um lugar de
referência para o ensino de qualidade do violão e incentivar a popularização do
instrumento entre novos talentos.
Nascido no interior do Estado, na cidade de Caculé/Ba, ele conta que teve o
primeiro contato com o instrumento por iniciativa própria e recebeu ajuda de
amigos que tinham algum conhecimento. Estudou no conservatório de música
de Vitória da Conquista, depois entrou para a graduação na Escola de Música
da UFBA, e atualmente cursa o mestrado profissional no programa de pós-
graduação da instituição.
Afonso recebeu, em 2017, bolsa de estudos da Hugh Hudson School of Music,
na Georgia, Estados Unidos, para estudo intensivo com Daniel Bolshoy. Em
sua formação, teve aulas com alguns dos mais importantes nomes do violão
mundial, como Fabio Zanon (Brasil), Eduardo Fernandez (Uruguai), Franz
Halasz (Uruguai), Eduardo Isaac (Alemanha), Luis Orlandini (Argentina), Jorge
Caballero (Chule) e Paulo Martelli (Peru). Seus planos para o futuro?
“Continuar estudando”, responde ele, que revela ainda o desejo de fazer uma
especialização na área de performance fora do país.
No encerramento da edição 2019 da Mostra Nacional de Violão Fred Schneiter,
no dia 19/10, em Salvador, o show musical ficou por conta de Luis Carlos
Barbieri, diretor musical da Mostra e presidente da Banca. No programa,
músicas de Schneiter e Tacuchian, além de Vicente Paschoal, Roberto Velasco
e autorais. Nos demais dias da programação, se apresentaram entre as
atrações Mário Ulloa, em duo com Daniel Guedes, com violão e violino, no dia
18/10, executando repertório com peças de Chico Buarque e Edu Lobo, João
Bosco e Aldir Blanc e Pixinguinha. Também participaram os músicos Mirta
Alvarez, Paulo Martelli, entre outros. 
A Mostra e o Concurso de Violão prestam homenagem ao violonista e
compositor baiano de grande destaque, Fred Schneiter, falecido em 2001.
Nesta edição, os eventos também homenageiam o compositor carioca Ricardo
Tacuchian, que neste mês de novembro completa 80 anos.

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