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FATORES E PROCEDIMENTOS

DETERMINANTES DA QUALIDADE DO
PROJETO DE PRODUTOS VISANDO A
COMPETITIVIDADE

Luiz Airton Consalter, M.Eng.


Faculdade de Engenharia - Depto. de Eng. Mecânica - UPF
99.001-970 - Passo Fundo / RS
v.3, n.1, p. 70-85, abr. 1996

Resumo

A influência da qualidade do projeto sobre a competitividade de um produto se exerce em


todos os estágios do seu ciclo de vida. Este artigo apresenta uma maneira sistematizada de
relacionar a qualidade do projeto do produto e a competitividade das empresas por meio dos
fatores influentes nessa relação, procurando salientar sua importância. Os diferentes
procedimentos usados para agregar qualidade são abordados de maneira que se possa
orientar as empresas na organização de suas equipes de projeto. A fase conceitual do projeto
é destacada como o foco dos esforços de qualificação do produto.

Palavras-chave: projeto do produto, qualidade, competitividade.

1. Introdução

A
qualidade no projeto do produto, A competitividade mundial encontra-se
visando a competitividade, é um em um nível tão acentuado, em diversos
tema suficientemente amplo para segmentos, que a qualidade do projeto do
que qualquer tentativa clássica de produto, em todos os estágios, e principal-
conceituação fique subjetiva e evasiva. mente na fase conceitual, precisa ser
Assim, é mais proveitoso tratar o assunto de perseguida utilizando-se todos os recursos
maneira a sistematizar e esclarecer os obteníveis. A vantagem competitiva reside
fatores e procedimentos que levam à em detalhes qualitativos do produto e do
qualidade do projeto do produto. processo de projeto, e por trás disso está
inserida uma série de procedimentos para a busca da qualidade. Sob esse ponto de vista,
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a qualidade do projeto do produto para a orientar as empresas na tomada de decisões.


competitividade não pode ser vista apenas a A quantidade relativamente grande de
partir do resultado de custos ou de caracte- fatores e procedimentos que levam à
rísticas técnicas e funcionais do produto, qualidade do projeto do produto, associada à
mas sim a partir das necessidades globais variedade de metodologias e recursos
dos clientes internos, intermediários e tecnológicos disponíveis, dificulta a
externos. organização das empresas para que se
O objetivo do presente artigo é elucidar a tornem ou se mantenham competitivas;
diversidade de fatores envolvidos na como esta condição se torna um requisito de
qualidade do projeto do produto, bem como mercado cada vez mais indispensável, é
sua relevância para a competitividade e, fundamental a sistematização dos procedi-
paralelamente, delinear procedimentos mentos das equipes de projetos para a
técnicos e administrativos no sentido de incorporação de qualidade ao produto.

2. Panorama da Competitividade do Produto

2.1. Competitividade do produto - É melhor sistematizar do que conceituar

A
habilidade de atrair e satisfazer assim, é preciso ser mais sistemático do que
clientes é a forma mais genérica de conceitual ao tratar da competitividade do
referenciar a competitividade do produto. Neste sentido, pode-se dizer que a
produto de uma empresa, obvia- performance do desenvolvimento do
mente, em relação aos seus concorrentes. produto, resultante da sua organização e
Esta forma de conceituar a competitividade gerenciamento, em paralelo à estratégia
não é suficiente para o entendimento do que mercadológica da empresa, é considerada,
deve ser levado em consideração num juntamente com outros fatores, o aspecto
produto para que procedimentos e ações determinante da competitividade, conforme
possam ser adotados de maneira que uma esquematizado na figura 1 (CLARK &
empresa possa tornar-se mais competitiva; FUJIMOTO, 1991).

Organização e Outros fatores


Gerenciamento no
Desenvolvimento do Produto
Performance do Competitividade
Desenvolvimento do Produto Global
Ambiente
Competitivo
(escolha estratégica)

FIGURA 1 - Fatores da performance do desenvolvimento do produto

No entanto, as colocações acima, quanto tos e os comportamentos que determinam


à performance do desenvolvimento do essa performance, bem como consider todos
produto, não deixam suficientemente os “outros fatores” mencionados na figura 1,
explícitos os meios de atingir a competitivi- pois não são fatores de importância secun-
dade. Para isso é necessário conhecer com dária. O conhecimento e a consideração de
maiores detalhes os fatores, os procedimen- todos os fatores envolvidos no projeto do
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produto, embora não constituam tarefa Desde que a qualidade em cada fator seja
simples, situam bem os aspectos dos quais considerada, a competitividade da empresa
depende a competitividade de um produto. como um todo será alcançada.

2.2. Rivalidade de produtos

A globalização da economia a partir dos regional está cedendo lugar à competição


anos 80 está associada à fragmentação dos direta “produto-a-produto” em larga escala;
mercados, às importações e às mudanças é a chamada rivalidade de produtos. Essa
tecnológicas, além dos fatores político- rivalidade passa a ser uma questão de
econômicos. Com isso, aumentou significa- sobrevivência competitiva em vários
tivamente a quantidade de competidores segmentos de mercado, nos quais empresas
habilitados para o mercado internacional. de diferentes setores e capacidades são
Em decorrência, a competição torna-se mais forçadas a competir diretamente para manter
intensa e, além disso, a concorrência suas fatias de mercado.

2.3. Vantagem competitiva

Nesta nova conjuntura, a vantagem com- inicial, o custo de operação e o custo de


petitiva passa a nortear as estratégias das manutenção, e que o comportamento destes
empresas; a meta das gerências volta-se para é conseqüência do projeto do produto, então
o desenvolvimento mais rápido e eficaz de o foco da competição passa a ser o desen-
produtos novos e com melhor qualidade, volvimento de novos produtos exigindo alta
menor custo e que satisfaçam os clientes. performance no seu desenvolvimento. Tem-
Cabe ressaltar aqui, que o custo representa se, assim, no projeto de produto a variável
uma parcela das prioridades competitivas diferenciadora da vantagem competitiva,
(entre custo, qualidade, desempenho das sendo que o comportamento dessa variável
entregas e flexibilidade) e, que essa parcela define a competitividade da empresa. É
isoladamente representa um papel estratégi- extremamente importante adiantar-se ao
co para as empresas, uma vez que, segundo concorrente, com produtos diferenciados,
ALVES et al (1995), a redução do custo sendo que essa diferenciação deve ser
propicia ganhos adicionais ou permite a buscada na capacidade própria de incorporar
redução dos preços. Considerando que os qualidade ao projeto do produto.
elementos que compõem o custo são o custo

2.4. Extensão da competitividade na empresa

A competitividade não se limita ao uso habilidade para definir prioridades visando a


de novas tecnologias ou da performance do performance internacional, sensibilidade às
desenvolvimento do produto com base na necessidades do cliente, liderança no projeto
capacidade de projeto e de produção da e na manufatura e competência mercadoló-
empresa, mas requer, sobretudo, visão gica.
daqueles que comandam a mudança,

2.5. Valores do produto

Os valores do produto estão na percepção dos consumidores; isso deve ser suficiente
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para que a empresa considere significativa- influem os seguintes aspectos: função,


mente este item no desenvolvimento do características, qualidade técnica, preço,
produto. A figura 2 ilustra a estratégia de disponibilidade e a perda da função
“capturar” o consumidor pelo valor do qualidade. O objetivo é ganhar a confiança
produto, considerando a tríade empre- do consumidor, proporcionando valor de
sa/concorrente/consumidor. A empresa deve destaque ao produto. Isso pode ser conse-
atrair o consumidor incorporando ao guido atuando-se convenientemente sobre
produto mais valores do que o seu concor- os setores de marketing, projeto, engenharia,
rente possa incorporar. Sobre esses valores produção, serviços e vendas.

FIGURA 2 - Estratégia competitiva: “Capturar” o consumidor pelo destaque no valor do


produto (TIPNIS, 1994)

Segundo SOHLENIUS (1992), a compe- deva estar previsto no planejamento


titividade de um produto é determinada por estratégico das empresas, pois os consumi-
três valores: qualidade, lead-time e comple- dores passam, cada vez mais, a avaliar o
xidade. Para ser competitivo um produto, produto tomando por base todos os pontos
deve ter alta qualidade, baixo lead-time e de interação com as empresas, em detrimen-
mínima complexidade. Na figura 3 está to da avaliação pelo produto isoladamente.
esquematizada a evolução do projeto do Este comportamento é um fator que agrega
produto visando a competitividade. Consi- valor ao produto.
dera-se que o desenvolvimento cooperativo
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FIGURA 3 - Competitividade do projeto do produto e sua evolução (SOHLENIUS, 1992)

2.6. Percepção das necessidades do cliente

Um dos principais problemas no projeto novas necessidades do consumidor. A figura


do produto, tipicamente em sua fase 4, elaborada a partir de informações obtidas
conceitual, é a dificuldade de percepção das na Alemanha (SOHLENIUS, 1992), indica
necessidades do consumidor, para que então uma tendência de que, para alguns segmen-
sejam traduzidas em decisões de engenharia. tos de mercado (eletrônica e computadores),
Portanto, um desafio para a empresa o desenvolvimento do projeto do produto
alcançar a competitividade mediante o seu deve melhorar e que nesse setor da empresa
produto é identificar necessidades importan- existe um espaço para buscar a vantagem
tes do consumidor e incorporá-las ao projeto competitiva. Esse espaço, representado pela
do produto. região sombreada da figura 4, apresenta um
Como o mercado é cada vez mais dinâ- comportamento crescente com o tempo,
mico e o ciclo de vida do produto diminui indicando a evolução das exigências do
continuamente, a equipe de projeto está consumidor e, conseqüentemente, a
sujeita a sofrer variações periódicas de necessidade de aprimoramento na identifi-
comportamento, tornando-se fundamental a cação destas exigências e na capacidade da
atualização rápida da informação sobre as empresa.
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FIGURA 4 - Região de busca competitiva (SOHLENIUS, 1992)

2.7. Comportamento do produto

Como mencionado anteriormente, o produto. Vale dizer que a escolha estratégica


consumidor avalia o produto por meio dos do tipo de produto e a forma pela qual este é
seus valores, considerando a interação com projetado irão determinar o seu comporta-
a empresa. Assim, o êxito ou o fracasso do mento no mercado e, conseqüentemente, a
projeto do produto repercutem significati- sua competitividade. Estão implícitos, neste
vamente na maneira pela qual a empresa irá procedimento, a qualidade, a produtividade
se comportar no mercado a longo prazo e, e a complexidade relacionadas ao produto.
conseqüentemente, no comportamento do

2.8. Apoio tecnológico

A mudança tecnológica dos últimos anos Entretanto, a competitividade do produto


acirrou a competição. Na busca da vantagem não é conquistada apenas com pesquisa e
competitiva, as empresas procuram apoio desenvolvimento, mesmo com apoio de
nas tecnologias disponíveis e em desenvol- equipamentos e softwares sofisticados; é
vimento, fundamentalmente para o projeto fundamental que a tecnologia seja usada no
de novos produtos, mais atraentes em tempo desenvolvimento de produtos de maneira
reduzido, ou seja, com base na diferencia- que resulte no eficaz atendimento aos
ção. anseios do consumidor. Para que esse apoio
Os sistemas computacionais com seus proporcione efetivo suporte ao projeto do
periféricos e programas aplicativos de produto é necessária, sobretudo, organiza-
recursos cada vez maiores, possibilitam um ção consistente do ambiente de trabalho.
ambiente de trabalho amigável, produtivo,
flexível e motivador.

2.9. Organização e gerenciamento

A organização consistente para o desen- envolver a empresa como um todo, tanto em


volvimento do projeto de produtos deve relação aos princípios e arquiteturas globais
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do sistema quanto no que se refere aos Por outro lado, a evolução das organiza-
níveis de detalhamento do trabalho, ções consistentes, em que a Engenharia
considerando habilidades, estratégias de Concorrente está presente, aumenta a
mercado e métodos de solução de proble- complexidade do processo de projeto e torna
mas. Ganham, assim, importância as o gerenciamento mais complexo. Em
práticas de engenharia e os modelos de contrapartida, surgem modelos de gerenci-
gerenciamento, sobretudo o gerenciamento amento para solucionar o problema, como o
do projeto do produto, que é fator determi- que foi proposto por KUSIAK & WANG
nante na competitividade. Visão, flexibili- (1993) baseado em algorítmo que considera
dade e resposta às necessidades do mercado a desvinculação de atividades interligadas e
são qualidades inerentes ao modelo de a seqüência dessas atividades, visando
gerenciamento. reduzir o tempo de projeto do produto.

2.10. Meio ambiente e estética

A dinâmica do comportamento humano prazo. Cada vez mais o consumidor tem


gerou diferentes paradigmas ao longo dos consciência de que o produto deve ser não-
anos, sob diversos pontos de vista. Particu- poluente e o projetista deve estar alerta para
larmente no setor de projeto e manufatura o que esta situação implica em termos de
estamos vivenciando o “Paradigma E”, custo, desperdício e reprojeto.
relacionado com a preocupação na preserva- Outro fator de significância na atualidade
ção do meio ambiente. A figura 5 ilustra a é o estilo de vida das pessoas, que influencia
evolução dos paradigmas. na competitividade do produto por meio da
Essa preocupação, atualmente, é motivo estética. Portanto, não é mais possível
de competitividade que deve ser considera- ignorar o aspecto visual no projeto do
do no projeto do produto. É preciso, produto, devendo-se considerar que a vida
entretanto, ponderar entre os lucros a curto estética do produto pode ser tão longa
prazo e as implicações ambientais a longo quanto a funcional.

FIGURA 5 - Evolução dos paradigmas (TIPNIS, 1994)


2.11. Necessidade da qualidade
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Deve-se ter em mente que em cada uma receptividade das necessidades do cliente
das diversas situações que levam à competi- em relação ao produto, na viabilidade de
tividade do projeto do produto há um conceitos consistentes, na viabilidade de
requisito fundamental: a exigência de “ser execução do projeto, na robustez da função
bem feito”, em todos os aspectos, ou seja, a qualidade, na economia de produção, no
qualidade é indispensável no projeto do sucesso da integração, na eficácia do
produto e é regente da competitividade da reaproveitamento e no impacto estratégico.
empresa. Temos, assim, vários fatores que levam à
Segundo CLAUSING (1994), a diferença qualidade total.
entre o êxito e o fracasso tem origem na

3. A Qualidade do Projeto do Produto na Competitividade

3.1. Conceito de qualidade para o projeto do produto

A
qualidade do projeto do produto produto para a competitividade, pois neste
não é mais um fator isolado no ciclo aspecto estão as expectativas do cliente que
de vida deste, mas é a qualidade sob comprou o produto, relacionadas com a
todos os fatores que determinam a função qualidade em todo o ciclo de vida
satisfação do consumidor. deste; portanto, são considerados uso,
A Sociedade Americana para o Controle manutenção, disponibilidade, serviços e
da Qualidade (ASQC) adota a seguinte instruções, entre outros.
definição para qualidade (SME, 1987): A amplitude do tema qualidade sugere
“Qualidade é o conjunto de características que, a exemplo da competitividade, é
de um produto ou serviço relacionado com a melhor sistematizar os fatores e procedi-
habilidade de satisfazer certas necessida- mentos que levam à qualidade, no caso, do
des”. Esta definição é condizente com projeto do produto, do que adotar conceitos
aquilo que se espera do projeto de um genéricos e abstratos.

3.2. Fatores que incorporam qualidade

A informação sobre as necessidades do O conhecimento tecnológico da equipe


consumidor é, talvez, o primeiro fator para de projeto do produto, sua habilidade para
qualificar o produto; é o meio pelo qual a entender as necessidades do consumidor e
engenharia de produtos pode incorporar os de repassá-las para o produto, bem como a
anseios do cliente no produto. criatividade, são fatores de incorporação da
Um processo de projeto bem estruturado, qualidade nos primeiros estágios do projeto
com integração e flexibilidade e sob do produto.
liderança responsável, produz um efeito A visão de negócio da gerência para
benéfico significativo sobre os requisitos captar necessidades de diferenciação no
fundamentais para a competitividade, como produto, de perceber novos estilos de vida e
baixo lead-time e alta produtividade, além novos paradigmas em tempo hábil para que
da qualidade inerente ao produto. o produto seja lançado antes que o concor-
Naturalmente que tanto o lead-time rente possa fazê-lo, caracteriza-se numa
quanto a produtividade serão melhorados estratégia relevante. Um fator considerável é
com ferramentas tecnologicamente atualiza- a capacidade de prever a qualidade do
das, como computadores, softwares produto já na sua fase conceitual.
aplicativos e metodologias de trabalho A consideração de preservar o meio
consagradas. ambiente é um fator qualitativo do projeto
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do produto, e pode-se dizer estratégico, com Os princípios e a sistematização do traba-


importância significativamente crescente, lho da equipe são fundamentais para
em âmbito mundial. corretas especificações no projeto do
A forte competitividade mundial exige produto; a qualidade para a competitividade
qualidade total no produto sendo que o também provém desse comportamento.
projeto deve incorporar essa qualidade em A equipe de projeto do produto deve
todos os sentidos e prevê-la em todo o ciclo levar em consideração a maneira pela qual o
de vida do produto. Assim, fatores como a consumidor percebe a qualidade, seja
estética do produto passam a ser fundamen- técnica ou funcional. Algumas formas de
tais. percepção da qualidade pelo consumidor,
segundo M RUP (1993), são: design,
tecnologia de fabricação, distribuição,
venda, assistência, disponibilidade e
descarte.

3.3. Quando incorporar qualidade ao projeto do produto

Existem algumas considerações significa- consumidor e, portanto, gerando competiti-


tivas para compreender que a fase de projeto vidade (BART & SCHNEBERGER, 1992).
conceitual é a mais representativa, no ciclo Além disso é importante considerar e evitar
de desenvolvimento do produto, para que o “efeito escala” do aumento do custo de
seja incorporada qualidade. alteração no produto em relação aos seus
Inicialmente, os dados que podem ser estágios de desenvolvimento (idéia, projeto,
observados na figura 6 (BART & SCHNE- protótipo, produção e lançamento); o atraso
BERGER, 1992) indicam que é vantajoso na detecção de problemas representa um
dedicar-se à qualificação do produto na fase aumento do custo de alteração, que cresce
de projeto, pois a maior parcela (70%) dos em progressão geométrica de razão 10
custos do ciclo de vida do produto é reflexo (BART & SCHNEBERGER, 1992).
somente da fase de projeto, em que é Se for considerado que a qualidade total
absorvido apenas 5% do custo total de incorporada ao produto resulta em dividen-
desenvolvimento do produto. Portanto, dos que superam a faixa de 200% - 600%
nessa fase o esforço de incorporar qualidade (BART & SCHNEBERGER, 1992), pode-se
ao produto tem menor custo e, nessa razão, estimar que devem ocorrer reduções
maior impacto competitivo. significativas de custos, melhoria funcional,
É importante também incorporar quali- enfim, maior satisfação do consumidor.
dade nos primeiros estágios do projeto do Cabe lembrar que, embora a preocupação
produto, ou seja, na fase conceitual e, a com a qualidade deva ser maior na fase
rigor, quando os requisitos do projeto estão conceitual, nas demais fases do desenvolvi-
sendo discutidos. A importância desta mento do produto também é necessário
colocação fica evidenciada pelo tempo de agregar qualidade para que a empresa se
lançamento do produto, que admite uma mantenha competitiva; também não se deve
redução de mais de 50% quando os proble- esquecer que a melhor maneira de medir a
mas são identificados e resolvidos com certa qualidade é verificar o grau de satisfação do
antecedência, reduzindo os tempos de consumidor.
manufatura e de resposta às necessidades do
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FIGURA 6 - Influência do custo de desenvolvimento do produto sobre os custos do seu ciclo


de vida

4. Procedimentos para Agregar Qualidade ao Projeto do Produto

A
ntes de abordar os procedimentos cia de qualidade do produto deve ser
isoladamente, ressalta-se o aspecto inerente ao cumprimento da função dos
da conscientização de agregar projetistas, sem imposição, e originária de
qualidade por parte de toda a equipe treinamento e filosofia de trabalho de cada
de projeto, independentemente da função empresa; a concepção para a qualidade deve
que cada pessoa deva executar. A consciên- ser assimilada por toda a equipe.

4.1. Requisitos do projeto

Como foi salientado anteriormente, um de competitividade. Porém, antes dessa


produto será competitivo se, fundamental- tarefa, é necessário ter, basicamentemente,
mente, satisfizer as necessidades dos dois cuidados: manter uma interface de
consumidores. Parte-se então do princípio comunicação com o consumidor e possuir
de que o consumidor deve ser ouvido e que habilidade para transformar as informações
seus anseios devem ser repassados ao em características do produto; o primeiro
produto. Assim, tem-se na definição dos cuidado é de competência predominante-
requisitos um meio relevante de qualificar o mente do pessoal de marketing, e o segundo
produto e, então, atingir níveis satisfatórios compete preferencialmente aos projetistas.

4.2. Interface com o consumidor

Para entender as necessidades do consu- produto. CLARK (1991) apresenta um


midor, e então transformá-las em requisitos modelo de fluxo de informações no ciclo de
de projeto, a empresa deve ter um sistema vida do produto, conforme mostrado na
de informação que “alimente” a equipe de figura 7.
projeto com dados relevantes para o

Desenvolvimento
Produção Marketing Consumidor
do Produto
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FIGURA 7 - Sistema de informações no ciclo do produto

Entretanto, o pessoal responsável pela Segundo M RUP (1993), a qualidade não


coleta de informações deve estar habilitado consegue ser alcançada considerando-se
para tal, o que significa conhecer profunda- individualmente o produto ou o consumidor,
mente o produto ou os recursos para projetar mas sim a interação de ambos em todas as
um produto. O ideal é que os responsáveis fases da vida do produto. A rigor, o fluxo de
pelo projeto do produto (p. ex. engenheiros informações deve ser considerado em
de projetos e de processos) executem essa relação a clientes interno, intermediários e
função de interface com o consumidor. externos.

4.3. Habilidade da equipe

A habilidade da equipe está relacionada à conceitual necessita de descoberta científica.


capacidade de incorporar no produto, de De acordo com JASANY (1994), poucos
maneira eficaz, as necessidades do consu- fabricantes americanos acreditam que as
midor. Para isso a equipe necessita : Universidades possam ensinar o know-how
formacão básica adequada e com conheci- da manufatura, e o sentimento é que este
mento científico, dominar atividades de conhecimento provém da experiência.
pesquisa e desenvolvimento, ter afinidade Considerando realísticas as informações
com descobertas científicas, possuir acima, isso caracteriza uma equipe despre-
experiência em projeto de produtos e parada para um ambiente de Engenharia
desenvolver pensamento analógico e de Concorrente.
síntese. A habilidade exclusivamente de Sobre o tema de educação na Engenharia
solucionar problemas, por mais aprimorada de Projetos encontram-se trabalhos desen-
que seja, não é suficiente. volvidos no sentido de propor ações para
No entanto, o panorama atual quanto a sua melhoria (RABINS et al.,1986), ou de
habilidade das equipes nas empresas em estudar e delinear princípios que deveriam
geral é precário. Uma investigação feita em ser estudados e pesquisados nas escolas
1992 por ANDERSSON (1993) em (DIXON, 1991), além de discussões sobre o
empresas suecas, revelou que nenhum papel das Universidades e das empresas na
gerente estava familiarizado com métodos educação de Engenharia de Projetos
de projetos e processos disponíveis na (DINSDALE, 1991). Este contexto revela a
literatura, ou outros propostos por pesquisa- carência de conhecimento das equipes de
dores. Segundo PHADKE (1989), a projetos de uma maneira geral.
melhoria da qualidade por meio do projeto

4.4. Engenharia Concorrente

O desenvolvimento do produto envolve Concorrente, que existe em decorrência da


vários setores funcionais de uma empresa e competitividade internacional e da evolução
muitas pessoas, sendo que os setores de tecnológica associada à evolução do
projeto e manufatura devem estar muito bem comportamento humano.
integrados a este modelo. É a Engenharia A Engenharia Concorrente agrega quali-
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dade ao produto mediante o aumento de processo de projeto que a Engenharia


produtividade, minimização de desperdícios Concorrente proporciona.
e, de maneira geral, reduz tempos e custos É preciso estar ciente de que a Engenha-
de manufatura, atendendo melhor às ria Concorrente exige definições claras de
necessidades dos consumidores. As projeto, verificação de resultados em vários
melhorias nos projetos dos produtos podem estágios de desenvolvimento do produto e
ser feitas nos estágios iniciais do desenvol- responsabilidade total com liderança.
vimento, o que, como mencionado anteri- Alguns resultados da aplicação da Enge-
ormente, é muito significativo. A equipe de nharia Concorrente mostram a sua impor-
projeto tem condições de avaliar e discutir tância no projeto do produto, como por
os problemas potenciais, evidentemente exemplo, reduções de 20% a 70% no tempo
antes que eles ocorram, dando tempo de desenvolvimento do produto, aumentos
suficiente para gerar novas alternativas. No de 20% a 100% na produtividade e aumento
entanto, para que a Engenharia Concorrente nas vendas, em empresas européias (BLAU,
tenha êxito, deve estar baseada em teorias 1994); reduções no desenvolvimento de
relevantes, ferramentas eficazes e gerencia- chaves elétricas, de 4 anos para 10 meses
mento dedicado. Este último requisito ganha em lead-time, e de 30 dias para 3 dias para
importância em função da complexidade do manufatura (SOHLENIUS, 1992).

4.5. Metodologias e ferramentas

Um projeto metódico é essencial para a produto. São vários os métodos e ferramen-


qualidade do produto e para isso é importan- tas disponíveis que podem ser usados
te a troca de informações tecnológicas e apropriadamente conforme as necessidades,
metodológicas entre os membros da equipe. podendo ser destacados os seguintes: QFD,
Os recursos das modernas tecnologias, FMEA, DFA, Taguchi, Análise de Valores,
principalmente com o uso do computador e CAE/CAD/CAM e outros softwares de
de métodos formalizados, constituem um análise e simulação.
poderoso apoio à qualidade do projeto do

4.6. Projeto robusto

O projeto deve ser concebido para que a alterações de parâmetros na performance do


qualidade seja melhorada, minimizando as produto, bem como dispor de um meio
diferenças entre o previsto e o realizável. eficaz de informações desses efeitos em
Neste sentido é importante ter-se um modelo todo o ciclo de vida do produto. Para
de engenharia de projeto sistemático e bem estimar a robustez do projeto, sob este ponto
estruturado, de maneira a reduzir a probabi- de vista, PHADKE (1989) indica dois
lidade de erros e, então, aumentar a métodos: a “razão sinal/ruído” que mede a
produtividade e diminuir custos e tempo de qualidade e os “arranjos ortogonais” usados
desenvolvimento ( lead-time ). para o estudo de muitos parâmetros
Para assegurar a robustez do projeto é simultaneamente.
necessário ter um indicador do efeito das

4.7. Projeto para o descarte

O Paradigma “E” não está mais restrito ao setor químico, mas faz parte dos assuntos
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estratégicos das empresas de vários setores proteger os usuários, os trabalhadores, a


importantes, como o de eletrônica e o auto- comunidade e o ecossistema contra efeitos
mobilístico. Considerando o ciclo de vida do danosos que o produto possa ter, desenvol-
produto, é preciso sobretudo ter consciência ver produtos prevendo-os não-poluentes e
dos riscos que corre a sociedade do futuro. recicláveis, informar os consumidores por
Assim sendo, as empresas devem passar meio de manuais e outros avisos bem
a adotar procedimentos para melhorar a qua- visíveis sobre o correto uso e descarte do
lidade do projeto do produto com a preocu- produto.
pação permanente do meio ambiente. Entre Uma preocupação constante que a equipe
estes procedimentos, destacam-se os seguin- de projeto deve ter, notadamente quanto a
tes: responsabilidade total da empresa em reciclagem de produtos, é a especificação de
todo o ciclo de vida do produto sobre riscos materiais facilmente separáveis e, mais im-
ao meio ambiente, reprojetar produtos, portante, a adoção de materiais compatíveis.

4.8. Outros procedimentos

A estética do produto é um fator a ser A criatividade da equipe pode significar a


considerado pela equipe de projetos. diferença competitiva necessária quando os
Considerando que a aparência de um competidores estão nivelados quanto a todos
produto pode ser analisada sob três aspectos os outros aspectos; cabe ressaltar que a
de satisfação estética (sensorial, formal e competitividade internacional leva a essa
simbólica), cada uma podendo ser desdo- situação. A criatividade deve estar presente
brada em vários aspectos (REDMOND, em todo o ciclo de vida do produto (incluin-
1993), a equipe de projeto deve desenvolver do gerenciamento, marketing, vendas,
a capacidade de observar, perceber, manufatura, etc.), mas é na fase de projeto
imaginar e criar concepções que atendam conceitual que ela mais se evidencia e se faz
aos anseios dos consumidores. Assim, a necessária. Como procedimento para
equipe, trabalhando integrada e tendo estas incorporar qualidade ao projeto do produto
preocupações pode conceber produtos que com base na criatividade estão disponíveis
atendam a faixas amplas de mercado. diversas técnicas, dentre as quais destacam-
Porém, a preocupação com a estética não se (BACK, 1983): Brainstorming, Método
deve interferir nos aspectos funcionais, de da Inversão, Analogia, Sinergia, Caixa Preta
manufatura e de uso do produto. e Método Morfológico.

4.9. Eliminação de barreiras à mudança

A qualidade do projeto do produto não Outra maneira para eliminar a estagnação é


será satisfatória se a equipe de projeto ter liderança atuante e dinâmica na equipe
conviver com barreiras às mudanças. de projeto, que oriente as atividades para o
RINGLEIN (1994) aponta seis barreiras à contínuo desenvolvimento e aprimoramento.
modificação do processo de desenvolvimen- A deficiência de interpretação, signifi-
to do produto: estagnação, deficiência de cando o erro de entendimento ou interpreta-
interpretação, resistência à mudança, falta ção de informações, pode ser eliminada com
de responsabilidade, inveja e conflitos constantes comunicações no ambiente de
quanto a recursos. projeto, fazendo-se uso de conferências,
A estagnação em uma empresa pode ser reuniões, filmes, comunicados verbais e
eliminada com uma mudança imperativa, outros meios de comunicação.
considerando os concorrentes, as expectati- A resistência à mudança nos componen-
vas dos consumidores e o ambiente futuro. tes da equipe pode ser eliminada principal-
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mente pelo convencimento de que a comunicação na equipe, o que pode ser


mudança proposta será interessante e conseguido com informativos mensais ou
benéfica para todos. Para isso são necessá- semanais.
rias constantes explicações, instruções, Os conflitos que surgem quando novos
meios motivadores e demonstrações. recursos de projeto são necessários para
A falta de responsabilidade ocorre quan- atender o mercado podem ser eliminados
do a pessoa se isenta de qualquer atribuição, das seguintes maneiras: concentrar esforços
delegando atividades a outros. Para eliminá- em determinadas características do projeto,
la, a melhor maneira é exigir que a pessoa sub-contratar serviços, eliminar característi-
expresse seus compromissos abertamente, cas que agregam baixo valor ao produto,
perante seus colegas, subordinados e unir esforços com concorrentes, aumentar a
superiores. eficiência da engenharia e redefinir priori-
A inveja e a mentira podem ser evitadas dades para projetos insignificantes.
mediante um planejamento antecipado para O somatório de procedimentos corretos
prevenir controvérsias relacionadas a pro- certamente resulta na agregação de qualida-
blemas de personalidade. Outro procedi- de ao projeto do produto e, então, é fator
mento é evitar longos períodos sem decisivo para a competitividade da empresa.

5. Conclusões

A
o setor de projeto de produtos cabe analisado criteriosamente, pois vários deles
uma responsabilidade vital para a estão disponíveis, abrangendo áreas
empresa, pois dali partem os tecnológicas, humanas, gerenciais, etc., mas
fundamentos que irão definir o seu somente agregarão valor se forem correta-
êxito ou fracasso, com base na qualidade mente utilizados. Esses procedimentos e
para a competitividade. A missão não é suas relações com a qualidade do projeto do
fácil, uma vez que é grande a quantidade e produto para a competitividade estão
diversidade de fatores a serem considerados delineados neste trabalho para que possam
para alcançar o êxito. É oportuno então servir de orientação às empresas envolvida-
sistematizar os fatores influentes e adotar das em um ambiente tão nebuloso que torna
procedimentos que somem qualidade ao difícil visualizar os caminhos para a
produto nas suas mais diversas maneiras, competitividade.
tendo sempre em mente que a qualidade do Com a evolução do comportamento
produto passa por todos os estágios do seu humano e as mudanças tecnológicas, os
ciclo de vida. Este é o aspecto fundamental consumidores passaram a ser impositores
que estabelece o elo de dependência entre a dos requisitos do projeto dos produtos, e
qualidade do projeto do produto e a com exigência crescente. Cabe, agora, às
competitividade. empresas a preocupação com fatores orga-
A definição do desenvolvimento de um nizacionais, comportamentais e de integra-
produto é feita com base no seu modelo, na ção, e não apenas com fatores técnicos.
linha de atuação de cada empresa e no A fase conceitual do projeto do produto é
supersistema no qual ela está inserida. o foco de concentração dos esforços para
Portanto, não se pode propor uma “receita” agregar qualidade ao produto, pois as mu-
em que estejam listados todos os procedi- danças que se fizerem necessárias após essa
mentos necessários para que um determina- fase muito provavelmente tornarão inviável
do projeto de produto seja executado de o produto no mercado. Portanto, é necessá-
forma a garantir competitividade para a rio agregar qualidade em todos os aspectos
empresa. O melhor conjunto de procedimen- quando o projeto está na fase conceitual.
tos é específico de cada caso e precisa ser
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Os procedimentos para agregar qualidade dependentes do comportamento das pessoas


ao produto visando a competitividade, da equipe; as barreiras que surgem no
depois de sistematizados, necessitam de desenvolvimento do produto são predomi-
gerenciamento eficaz, pois são muito nantemente de caráter humano.

Agradecimentos

O autor registra aqui o seu agradecimento crítica feita a este trabalho.


à Profa. Dra. Ingeborg Sell pela análise

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FACTORS AND PROCEDURES TO DETERMINE QUALITY IN PRODUCT


DESIGN FOR COMPETITIVITY

Abstract
The influence of the design quality on product competitivity takes place throughout the
stages of its life-cycle. This work deals with a systematic approach in order to relate the
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product design quality to enterprise competitivity by means of the influential factors in that
relation, seeking to emphasize its importance. The different ways available to aggregate
quality are discussed aiming to orientate the teamwork organization in product design
environments. The conceptual phase of the product design is emphasized as the focus of the
efforts to qualify the product.

Key-words: product design, quality, competitivity.

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