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Anotada de Cirurgia II de 2007
Semiologia em Reumatologia
HISTÓRIA CLÍNICA
Identificação:
Algumas doenças reumáticas são mais prevalentes em certos grupos
populacionais:
Sexo
Sexo masculino: Gota úrica, Espondiloartropatias (ex. espondilite anquilosante
(EA)).
Sexo feminino: Artrite Reumatóide (AR), Lúpus Eritematoso Sistémico (LES).
Raça
Raça caucasiana: Arterite Temporal, Granulomatose Wegener.
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Idade
Jovens: LES, Febre Reumática
Meia-idade: Gota úrica, AR
Idosos: Artroses, Osteoartrite
Profissão/hobby/desporto
Sintomas Major:
DOR
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Ritmo Inflamatório:
• Dor que é mais intensa durante a noite e de manhã ao acordar e que agrava
com o repouso, aliviando com o movimento.
• A dor é acompanhada de rigidez matinal, e melhora ao longo da manhã.
• Este ritmo é característico das doenças inflamatórias.
2. Topografia
Certas patologias têm topografia característica (afectam mais uma determinada
articulação):
Artrite Reumatóide: atinge preferencialmente, de forma bilateral e simétrica, as
articulações metacarpofalângicas e interfalângicas proximais;
Osteoartrose: atinge preferencialmente as grandes articulações; é geralmente
oligoarticular e assimétrica;
Artrite psoriática: atinge preferencialmente as interfalângicas distais e é
acompanhada de distrofia ungueal (diagnóstico diferencial com osteoartrose);
Espondilite Anquilosante: sacroileíte assimétrica.
RIGIDEZ
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TUMEFACÇÃO
INCAPACIDADE FUNCIONAL
MANIFESTAÇÕES SISTÉMICAS
1. Febre
2. Emagrecimeto
3. Astenia
4. Pele, olhos (espondilartropatias estão associadas a psoríase e uveíte)
5. Revisão de sistemas (nomeadamente aparelho genitourinário,
gastrintestinal e cardiopulmonar)
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Doença Actual:
Antecedentes Pessoais:
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Antecedentes Familiares:
1. Psoríase
2. Gota
3. Artropatias degenerativas (osteoartrose erosiva das mãos,
poliosteoartrose)
4. Espondilite Anquilosante
5. Artrite Reumatóide
6. Lúpus Eritematoso Sistémico
7. Doenças endócrinas
8. Fractura do Colo do Fémur
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EXAME OBJECTVO
Coluna Vertebral 1:
1. Posição Ortostática
• Curvaturas fisiológicas e alteração das mesmas
• Horizontalidade dos ombros, omoplatas e cristas ilíacas
• Teste Adam
• Tipo de Escoliose (equilibrada/desequilibrada)
• Flexão/extensão/inclinação lateral/rotações da coluna dorsal e lombar
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O EO da coluna vertebral deve contemplar a observação e a caracterização da marcha, e o indivíduo deve ser observado nas
posições ortostática, sentado e deitado.
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A B
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2. Sentado2
• Flexão/extensão/inclinação/rotação cervico-dorsal
• Exploração segmentar - palpam-se as apófises espinhosas e as articulações
interapofisárias posteriores (IAP) que se localizam a cada lado das anteriores.
Na hiperlordose existe artrose destas articulações e a sua palpação
desencadeia dor.
3. Deitado
• Exame segmentar
A exploração segmentar das apófises espinhosas e das articulações IAP
dorsais e lombares deve ser efectuada com o doente em decúbito ventral.
Na região glútea deve proceder-se à palpação das articulações sacroilíacas,
detectar pontos dolorosos (incluindo a palpação da tuberosidade isquioglútea) ou
com contractura muscular.
4. Manobras semiológicas
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A posição sentada é a mais adequada para avaliar os movimentos de flexão, extensão, inclinação lateral e rotações da coluna
cervical e dorsal alta.
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− Decúbito dorsal:
Manobra de Volkmann (fig. 3 A) - Pressão nas espinhas ilíacas ântero-
superiores, afastando as cristas ilíacas. É considerada positiva se desencadear dor
na face posterior, nas articulações sacro-ilíacas;
Manobra de Lewin (fig. 3 B) - Pressão simultânea numa crista ilíaca com
quadril contralateral em rotação externa e joelho flectido;
Flexão do quadril e joelho contra-lateral (fig. 3 C).
− Decúbito lateral:
Compressão Lateral (fig. 3 D) – com o doente em decúbito lateral esquerdo e
direito, exerce-se pressão vertical na crista ilíaca homolateral, que pode
desencadear dor na articulação sacro-ilíaca, ao induzir o afastamento dos bordos
articulares.
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A B
C D
Manobra de Fabere
Teste realizado em decúbito dorsal, com a anca em posição de Flexão +
Abdução + Rotação Externa. Para obter a associação destes três movimentos
posiciona-se o calcanhar sobre o joelho oposto.
Este teste permite a avaliação da articulação coxo-femoral nos seus três níveis:
muscular, ligamentar e ósseo. Desencadeia dor em patologias da articulação coxo-
femoral, mas também pode evidenciar sacro-ileíte ao provocar dor na região glútea.
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Tracção Cervical
O médico coloca as mãos sob as regiões mentoniana e occipital, de forma a
exercer força de baixo para cima. É considerado positivo se o doente tiver alívio da
dor nos membros superiores.
Pontos Fibromiálgicos
O diagnóstico de fibromialgia consiste num dianóstico de exclusão. É uma
patologia caracterizada por dor e rigidez dos tecidos moles como os músculos, os
tendões e os ligamentos, sendo uma patologia não articular.
Além do quadro álgico pode também existir fadiga, astenia, cefaleias, síndrome
do cólon irritável, dismenorreia, hipersensibilidade ao frio e Raynaud.
A existência de dor mais intensa nos 18 pontos fibromiálgicos é sugestiva desta
entidade.
As manifestações nucleares da fibromialgia são:
- Dor generalizada
- Pontos dolorosos sensíveis à pressão
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Membro Superior 3
1. Ombro
• Articulação Gleno-umeral
• Articulação Acromio-clavicular
• Bolsa sub-acromiodeltoideia
• Coifa dos Rotadores, particularmente o tendão do Supra-espinhoso
• Longa porção do tendão do bicípite
• Abdução/adução
• Arco doloroso/rot. Coifa
• Flexão/extensão/rotação
• Palpação
Uma forma de avaliar o ombro de uma forma global é pedir ao doente para
levantar o braço, colocar a mão atrás da cabeça e atrás das costas. Se não existir
dor em nenhuma destas posições, não existe patologia reumatológica do ombro.
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O exame do membro superior deve contemplar o estado do ombro, do cotovelo, do punho e da mão.
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Arco Doloroso
Provoca o aparecimento de dor na face ântero-
externa do ombro quando, durante a abdução do
membro, o braço alcança os 60º e que desaparece
cerca dos 120º com a continuação do movimento até
ao seu limite máximo. É indicativo de lesão aguda ou
crónica da coifa dos rotadores (nomeadamente a
tendinite do supra-espinhoso) ou da bolsa sub-
acromiodeltoideia.
Manobra de Jobe
Testa o músculo supra-espinhoso.
Consiste na abdução contrariada do membro superior com este em pronação e
o polegar em extensão a apontar para o chão.
Teste POSITIVO: Se o doente não consegue resistir à pressão exercida pelo
examinador é indicativo de rotura do tendão do músculo supra-espinhoso. Se o
doente resiste apenas alguns segundos é indicativo de tendinite do supra-espinhoso.
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Palm-up test
Avalia o tendão da longa porção do bicípite.
É realizado com o membro superior em extensão e supinação. Pede-se ao
doente para flectir o membro a partir da horizontal, contrariando-se o seu
movimento.
Teste POSITIVO: se existir dor com o movimento, na localização topográfica do
tendão da longa porção do bicípite.
Manobra de Yergason
Com o cotovelo flectido a 90º, pede-se que faça uma supinação contrariada do
antebraço. A manifestação da dor indica, como no teste anterior, a presença de
tendinite bicipital.
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2. Cotovelo
• Flexão/extensão/pronação/supinação
• Epitrocleíte/epicondilite/bursite olecraneana
• “flexo” (flexão parcial para diminuição da dor, com incapacidade de efectuar
a extensão completa - frequente nas artrites crónicas)
3. Punho e mão
• Flexão/extensão
• Palpação das articulações do punho, 1ª carpo-metacárpica,
metacarpofalângicas (MCF) e interfalângicas
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Nota 6:
Parestesias diurnas: etiologia cervical (compressão das raízes cervicais)
Parestesias nocturnas: etiologia no canal cárpico (compressão do nervo
mediano)
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Manobra de Finkelstein
Deve executar-se quando existe suspeita de patologia do tendão do 1º dedo –
tenossinovite de De Quervain. O doente flecte os dedos sobre o polegar apoiado na
palma da mão, procedendo-se de seguida à mobilização da mão no sentido cubital.
A manobra é considerada positiva quando desencadeia dor ao nível da face externa
do punho e da base do 1º dedo.
Membro Inferior 4
1. Anca
• Flexão/extensão/rotação/abdução/adução
• Teste de Thomas (flexo anca)
Teste de Thomas
É usado para identificar contracturas da anca.
Com o doente em decúbito dorsal, pede-se para flectir a anca normal de forma
a fixar a pelve. Pede-se ao doente que a mantenha nessa posição. Se positivo, há
flexão concomitante da coxofemoral contralateral, sugerindo contractura no membro
em extensão.
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O exame do membro inferior deve contemplar o estado da anca, do joelho, da tibiotársica e do pé.
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Teste de Trendelenburg
Permite identificar fraqueza nos músculos abdutores da anca. Pode ser útil na
avaliação de patologia neurológca e nos casos de luxação congénita da anca.
Consiste na observação da altura relativa das duas cristas ilíacas enquanto o doente
se apoia alternadamente em cada um dos pés. Na pessoa saudável, observa-se a
elevação da bacia do lado não apoiado; quando existe patologia do médio glúteo e
não ocorre contracção dos abdutores contralaterais ao pé apoiado, a pelve cai para
o lado oposto e o tronco inclina-se excessivamente.
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2. Joelho
• Flexão/extensão/rotação
• Choque rótula
• Estabilidade ligamentar (gaveta e lateralidade)
• Teste Apley
• Bursite anserina e bursite pré-patelar
Choque da rótula
Para pesquisar a existência de líquido intra- articular.
O observador coloca a mão esquerda sobre o fundo de saco quadricipital,
esvaziando o fundo de saco supra-rotuliano. Com o indicador da mão direita,
pressiona a rótula, e nesse momento, se existir presença de líquido intra-articular,
sente-se a deslocação de líquido contra a mão e a rótula a flutuar.
Teste da gaveta
Testemunha a integridade dos ligamentos cruzados anterior e posterior do
joelho.
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Teste de Apley
Para testar lesão meniscal.
Com o doente em decúbito ventral e o joelho flectido a 90º, o médico imprime
uma rotação interna e externa à perna, acompanhada primeiro de uma tracção para
cima e depois de uma pressão para baixo. Se, aquando do movimento para cima,
surgir dor, a lesão é capsular ou ligamentar. Quando a dor surge também ao
pressionar a perna para baixo, a lesão é meniscal.
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3. Tibiotársica e pé
• Flexão plantar/dorsal
• Eversão/inversão
• Podoscopia (importante para detectar alterações da base do pé e para
avaliar as curvaturas a conformação do mesmo)
• Metatarsalgias
• Fasceíte plantar
• Tenosinovites tibiais (posterior e anterior) e peroneais
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A maior parte das patologias que os indivíduos pensam ser nas articulações,
são na verdade patologias das estruturas peri-articulares, e não da articulação em si!
Daí a importância de realizar um bom exame objectivo.
Glossário:
Mono-articular: existe uma articulação envolvida;
Oligo-articular: entre duas e quatro articulações envolvidas;
Poli-articular: cinco ou mais articulações envolvidas;
Artralgia: dor articular;
Artrite: inflamação numa articulação independentemente da causa;
Artrose: patologia degenerativa que habitualmente cursa com artralgia de ritmo
mecânico com rigidez de curta duração;
Omalgia: dor no ombro;
Gonalgia: dor no joelho.
Bom estudo
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