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O PROCESSO DE FLEXÃO VERBAL: PADRÕES ESPECÍFICOS - As


problemáticas encontradas no livro do 6° ano “Língua Portuguesa 6 - projeto
universo”.

Erika de Sousa Monteiro¹


Gustavo Nascimento Barbosa²
Josilene Barros da Cruz³
Poliana da Conceição Pereira4

RESUMO
O processo de flexão verbal é um dos elementos da gramática brasileira de maior complexidade, a
tratar do padrões específicos então, são os que geram mais dúvidas e transtornos para alunos em
processo de formação do ensino fundamental II. O trabalho a seguir, tratará do processo de flexão
verbal, relacionados aos padrões específicos. Será exposto os pontos de problemáticas encontrados no
livro didático à respeito, não só dos verbos irregulares, mas do processo verbal como um todo. A
pesquisa feita sobre o livro didático Língua Portuguesa 6(2012), encontrou problemáticas significativas
no que diz respeito ao conteúdo, nível de maturidade do aluno, interação das ideias prévias do aluno e,
também, no que diz respeito ao nível de contextualização.
Palavras-chave: Flexão verbal. Flexão. Problemática.

RESUMEN
El proceso de flexión verbal es uno de los estudios de la gramática de lengua portuguesa que más
presenta un determinado grado de complejidad, sobre todo al tratarse de Patrones Específicos, lo que
permite la frecuencia de dudas y trastornos a los alumnos en su proceso de formación en la educación
primaria y secundaria.Este trabajo tratará del proceso de flexión verbal en su modalidad específica. Se
expondrán los puntos problemáticos encontrados al hacer el análisis del libro didáctico intitulado
Língua Portuguesa- Projeto Universo 6 ano,2012. La investigación hecha sobre el libro citado obtuvo
resultados significativos con relación al contenido, el nivel de madurez del alumno, interacción de
ideas previas del estudiante y, también, con respecto al nivel de contextualización del libro con la
realidad del alumno.
Palabras clave: Flexión verbal. Libro. Análisis.

1 - INTRODUÇÃO
O presente trabalho trata de como os verbos irregulares são trabalhados no
livro didático de Língua Portuguesa do 6ª ano do Ensino Fundamental. Este tema
ainda causa muita confusão quando os alunos precisam estudar ou conjugar tais
verbos morfologicamente. Entendemos essas dificuldades quando crianças ou até
mesmo adultos praticam a conjugação dos verbos. Como a criança apenas está
começando a conhecer a língua portuguesa, é normal que produza formas regulares
para toda e qualquer forma verbal.

Nota-se, nestes casos, que ela não consegue ter em mente tal irregularidade

¹ Graduanda de Letras-Espanhol pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA.


²Graduando de Letras-Espanhol pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
³Graduanda de Letras-Espanhol pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
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Graduanda de Letras-Espanhol pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
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desses verbos em questão. Um bom exemplo disso é o verbo caber e medir no


presente do indicativo. Sem o auxílio do professor ou do seu material didático, a
criança não aprenderá a conjugá-lo de forma adequada, podendo resultar a seguinte
frase: “Eu não cabo nesta cama”, quando o usual da língua é caibo. Da mesma
forma, resulta dizer “Eu mido meu tamanho com fita métrica” em vez de meço. Isso
acontece devido à lógica que sem tem dos verbos regulares.

Chamamos de verbos irregulares aqueles que apresentam um paradigma de


conjugação, ou seja, aqueles que apresentam formas fixas graças às regras gerais de
flexão. Assim como na flexão, o radical nos verbos regulares também é invariável,
o que facilita a vida dos falantes nativos de língua portuguesa. Entretanto, ao lado
destas categorias existem os chamados verbos irregulares apresentam
especificidades em sua estrutura.

Os verbos irregulares, diferentemente do que acontece com os verbos


irregulares, não apresentam formas fixas, situação que os afastam do modelo de
conjugação ao qual pertencem. Mattoso Jr (1970) afirma que a irregularidade na
conjugação apresenta variações de flexão, assim como variações nos radicais. São,
por tanto, passíveis de dúvidas, pois na tentativa de igualar esse tipo de verbo aos
verbos irregulares, comete-se erro na escrita e desvios na modalidade padrão.
Os termos “padrão geral” e “padrão especial” foi proposto por Câmara Júnior
(1970), segundo ele:
“O que nossas gramáticas alinham, em ordem alfabética, como “verbos
irregulares”, deve ser entendido como um desvio do padrão geral
morfológico, que não deixa de ser “regular”, no sentido de que é
suscetível a uma padronização também”. (CÂMARA JR., 1970, p. 110).

Segundo esta explicação, Câmara vê nos verbos irregulares que por mais
que sejam irregulares, haverá uma estrutura a eles, mesmo de maneira inexplicável.
Cunha e Cintra também exemplificam a irregularidade dos verbos na 1ª pessoa do
singular (como caber e medir) no modo indicativo e subjuntivo:

A irregularidade de um verbo pode estar na flexão ou no morfema


lexical. Se examinarmos, por exemplo, a 1ª pessoa do PRESENTE DO
INDICATIVO dos verbos dar, verificamos que a forma dou, não recebe
desinência normal –o da referida pessoa. (CUNHA; CINTRA, 2001,
p.413)
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A partir dessa complexidade de estudo dos verbos irregulares, ou padrões


especiais, proposto por Câmara Jr, este trabalho trata de analisar como é a
metodologia trabalhada no livro didático de Língua Portuguesa do 6º ano do Ensino
Fundamental, como se dá sua precisão conceitual, a adequação ao nível de
maturidade do aluno, as ideias prévias do aluno com o conhecimento científico e o
nível de contextualização do material escolhido para a análise.

2 - CONTEÚDO TEÓRICO-METODOLÓGICO
Dentre os materiais envolvidos nas atividades escolares que são
denominados de material escolar, encontra-se o livro didático, que é utilizado
sistematicamente no ambiente escolar em aulas e cursos. Estes livros didáticos vêm se
consolidando como uma das formas de transmissão do saber da língua portuguesa das
escolas em geral, da comunicação oral ou pessoal e os textos escritos.
Tendo em vista que o Livro Didático é utilizado pelos professores como um
instrumento para ministrar melhor suas aulas, faz-se necessário que os professores o
conheçam melhor para que sua prática docente mediada por este instrumento possa
trazer contribuições significativas no ensino-aprendizagem de língua portuguesa.
O livro escolhido para análise foi- Língua Portuguesa: Projeto Universos- do
ano de 2012. O livro analisado dispõe do conteúdo do 6º ano do ensino fundamental e,
da Editora SM, São Paulo, 2012, sendo analisado na 2ª edição a qual faz parte do
PNLD 2012. É utilizado na rede pública de ensino. De acordo com o Guia Didático
do Ensino Fundamental, este livro deve abordar os seguintes conteúdos: Variação
linguística, Tipos e Gêneros Textuais, Narração, Ordem Linear e Não Linear, Sentido
denotativo e conotativo, Descrições de personagens, Substantivos, Adjetivos, Artigos
definidos e indefinidos, Numeral, Verbos (Modo Indicativo), dentre outros. No livro,
observamos que nem todos os conteúdos citados anteriormente são trabalhados de
maneira regular.
O livro é dividido em capítulos os quais apresentam, ao final, uma proposta
de projeto à disciplina, este algo que esteja relacionado com a cultura do Brasil ou de
países de fala portuguesa ou da comunicação escrita e/ou oral desta língua. Em alguns
capítulos são trabalhados temas transversais a fim de envolver tanto conteúdo
gramatical quanto os alunos na aula e ao final são cobradas perguntas de algum tema
gramatical estudado.
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Com relação aos verbos irregulares, tema principal deste trabalho, o livro não
trabalha de uma maneira objetiva e lúdica. Ele traz perguntas/atividades onde os
alunos devem conjugar verbos por meio de palavras inventadas fazendo com que
resultem em suas respectivas conjugações. Na unidade em que os verbos são
trabalhados, não se trabalha exatamente com textos ou temas transversais (visto que
esta unidade denominada MAIS GRAMÁTICA se encontra no apartado final do livro
didático). Trabalha-se com perguntas muito diretas sobre um conhecimento
gramatical que nem o próprio livro trabalha ou explica, dependendo, desta forma, do
desempenho do professor na sala de aula.
Em todos os modos verbais (indicativo, subjuntivo e imperativo), os verbos
irregulares são abordados irregularmente, por exemplo, na explicação do imperativo
afirmativo é proposto um mini cartaz onde os alunos devem conjugar ou analisar os
verbos no imperativo e, posteriormente, responder as demais conjugações nas pessoas
gramaticais do verbo. É frequente o uso de tabelas de verbais onde há espaços para as
respostas das conjugações do tempo verbal correspondente.
Em suma, a metodologia presente no livro didático de língua portuguesa
analisado apresenta pontos positivos e negativos. Um dos pontos positivos, é que
sempre, em cada capítulo, a questão cultural do Brasil se vê presente, como as lendas
rurais e urbanas, contos infantis, fábulas a fim de trabalhar as produções escritas e oral
do estudante. Vale ressaltar que um dos pontos negativos é como o material didático
aborda a questão gramatical (verbos irregulares) aos alunos, pois através de perguntas
mal redigidas, fazem com que os alunos se percam no assunto que é de extrema
importância em seu aprendizado.

3 - ADEQUAÇÃO AO NÍVEL DE MATURIDADE DO ALUNO

Ao analisar o livro Língua portuguesa 6 (2012), foi percebido a presença de


palavras “inventadas” para a explicação e exemplificação de flexão verbal. No
entanto, sabendo que um aluno do 6° ano, tem por volta de 11/12 anos de idade,
estabelece uma dificuldade no processo de aprendizagem desse, com relação ao
conteúdo ministrado, que nesse caso, é a Flexão verbal.
A presença de palavras como “Funtar” (presente no livro), aliado ao
conhecimento de mundo (até então) do aluno, evidência uma carência de maturidade
desse aluno para a compreensão de um elemento irreal. Isso, por sua vez, gera um
bloqueio no estudante, que não consegue, assim, aplicar esse processo de flexão
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verbal nos elementos da sua realidade. O fato do livro didático não apresentar
elementos da realidade de um aluno do 6° ano, evidencia esse distanciamento do
material didático ao cotidiano da criança, ou seja, à sua realidade. O livro utilizado
para avaliação, usado em escola pública, apresenta um processo de ensino de flexão
verbal que não condiz com a realidade desses alunos.
Outro fator preponderante à respeito do livro Língua portuguesa 6 (2012), é o
fato do material didático não apresentar uma divisão e exemplificação de verbos
irregulares. Todo o capítulo exemplifica somente verbos regulares. Esse fator, aliado
as palavras inexistentes, sem conceituação e conhecimento prévio do aluno, reforça
que tal livro didático exige um nível de maturidade superior ao estimado em uma
classe do 6° ano do ensino fundamental II. Porém, a falta de explicação e
exemplificação de padrões verbais específicos, revela um nível inferior do livro
didático, levando em consideração que verbos são trabalhados no 6° ano do ensino
fundamental II.
A ausência de imagens também é um ponto de carência no livro didático. Um
aluno de 11/12 anos, ainda está diante de uma fase de construções de conhecimento e
também a passagem de criança para adolescente. Esse desenvolvimento varia de aluno
para aluno e, por isso, a utilização de imagens para fixação do conteúdo, gera um
método de aprendizagem mais eficaz.
O livro didático também se vale de perguntas diretas ao aluno. Essas
perguntas diretas, aliadas nelas, as palavras inventadas, também é um fator de
desnivelamento do livro com a idade da criança e o cotidiano da criança. O fato do
livro colocar textos de diferentes capítulos para trabalhar um capítulo seguinte e a
forma como o livro didático ensina o processo de flexão verbal, motiva a conclusão
que o livro didático apresenta um nível elevado ao compreendido para um aluno de
11/12 anos, de rede pública.

4 - INTERAÇÃO DAS IDEIAS PRÉVIAS DO ALUNO COM O


CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O livro analisado, Língua Portuguesa 6 (2012), discorre acerca de como a
flexão verbal é trabalhada. Segundo o currículo nacional do ensino fundamental, o
conteúdo trabalho está de acordo com ano ao qual ele pertence. Entretanto, o nível de
maturidade do aluno não se encontra nivelado, ao que diz respeito a flexão verbal.
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Sabendo que o livro didático é apenas um instrumentos auxiliador para que o


professor ministre suas aulas, o livro selecionado para análise, apresenta em seu corpo
um raso conteúdo ao que diz respeito aos padrões específicos verbais. Onde, ao
analisar seu conteúdo, é possível notar as explicações científicas expostas de maneira
densa, deixando, assim, de aclarar corretamente a aprendizagem dos alunos a cerca
dos aspectos verbais: pessoa, número, tempo e modo. Essa falta de conceituação mais
aclarada e específica, dificulta o ensino-aprendizagem dos alunos em questão.
No livro,ao analisar o conteúdo verbal, pode-se notar sua afinidade mais
direcionada a alunos do 9° ano do ensino fundamenta II, pois, é evidente que o aluno
necessita de um conhecimento prévio sobre: tempo, pessoa, modo e número. E nota-
se que os exercícios propostos no livro didático elegido para análise, serão
prontamente respondidos por alunos pertencentes ao 9° ano do ensino fundamental II,
devido ao seu nível de maturidade.
Mesmo utilizando como defesa que os alunos são falantes da Língua
portuguesa, e que por essa razão, deveriam compreender o conteúdo verbal, um aluno
da Educação Básica necessita do auxílio do livro para sua formação não só
educacional, mas também social. Ao relacionar essas ideais ao que o livro discorre
sobre verbo, pode-se perceber que não há um auxílio do material didático para que o
aluno, em processo de formação, possa dominar o sistema morfológico de sua própria
Língua. E, por essa razão, a adequação do material didático, não condiz com o nível
de maturação e nem com os conhecimentos do aluno.

5 - NÍVEL DE CONTEXTUALIZAÇÃO
Em relação ao nível de contextualização, o livro apresenta mais questões
referentes a outros estados do Brasil, a começar pela primeira unidade, onde ele inicia
abordando a temática cultural, porém, de uma realidade diferente de um estudante do
Maranhão, que seria um desperdício para o aluno maranhense que mora em uma terra
demasiado cultural. Com relação aos textos trabalhados no decorrer do livro são de
autores paulistas, cariocas, ele não aborda um poema ou texto com de autoria
maranhense.
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6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em resumo, o processo de flexão verbal apresentado no livro, apresenta
alguns fatores problemáticos, que, por sua vez, geram transtornos efetivos no processo
de ensino-aprendizagem dos alunos que o utilizam.
Segundo os dados e problemáticas exibidos nos pontos anteriores, o livro
didático apresenta carências de alterações significativas em relação ao conteúdo
verbal. Porém, o fato de haver problemas na interpretação dos verbos, não significa
em resumo, que o livro é problemático, mesmo porque não houve uma análise de
todos os conteúdos elencados no livro.
Vale ressaltar que o material didático avaliado acima, deve ser relacionado
com os conhecimentos do professor, para que assim possa haver um bom processo de
aprendizagem dos alunos em questão. Com auxílio de um professor, que ao constatar
carências no material didático, ele intervenha de tal forma que a dependência ao livro
não seja em sua totalidade. É evidente que, para isso, é necessário que o professor seja
um bom formador e percebedor das carências de tal material.
O papel da direção da escola, por fim, é um fator a ser ressaltado, pois, a
função desse profissional não deve limitar-se em somente “comprar” o material
didático, elencando, para isso, o baixo custo do livro didático; mas sim, unido com os
profissionais da área, estabelecer reuniões para que a escolha do livro didático seja
nivelada a realidade dos alunos.

REFERÊNCIAS

CÂMARA JR, J. M. Estrutura da Língua Portuguesa. Ed. Vozes, Petrópolis, 2004.


Coordenação de Ensino e Aprendizagem. Gestão da aprendizagem: do institucional
para a sala de aula. Instituto de desenvolvimento e pesquisa - INSPER. Disponível
em:https://www.insper.edu.br/portaldoprofessor/manual-docente/wp-
content/uploads/2013/08/Anexo-19-Gestão-. Acesso em: 18 de Dezembro de 2019.
CUNHA, C,; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo, Editora
Nova Fronteira, 3. ed., 2001.
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DUARTE, Vânia. Compreendendo as flexões verbais. Disponível em:


https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/compreendendo-as-
flexoes-verbais.htm. Acesso em: 19 de Dezembro de 2019.
MARREGA, Stella Nolla. O desenvolvimento e aprendizagem das crianças na
Educação Infantil. Disponível em:
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/o-desenvolvimento-e-
aprendizagem-das-criancas-na-educacao-infantil/57711 . Acesso em: 19 de Dezembro
de 2019.
Ministério da educação: Base nacional curricular. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_sit
e.pdf. Acesso em: 19 de Dezembro de 2019.
Projeto Universo: Língua Portuguesa 6. Língua portuguesa 6, 2ª ed, São Paulo:
Editora SM 2019.
Site do PNLD. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=668id%3D12391option
%3Dcom_contentview%3Darticle. Acesso em: 18 de Dezembro de 2019.

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