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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO


DO SUL

FACULDADE DE ENGENHARIAS,
ARQUITETURA E URBANISMO E GEOGRAFIA

Leis de Kirchhoff

Caio Alexandre Navarro Antonioa, Gabriel Ferrazza de Oliveiraa, Marcelo


Guaraldo Fichmannª, Mariana Dias Camposª, Vinicius Kenzo Shishido
Terraª

ª Discente do curso de Engenharia Civil, 2019, Campo Grande-MS, Brasil

RESUMO algébrica das cargas existentes em um sistema


fechado permanece constante.
Para circuitos elétricos que não podem
ser reduzidos a circuitos simples utiliza-se as Já a 2ª Lei é chamada de Lei das
leis de Kirchhoff com o intuito de encontrar as Malhas, sendo aplicada aos caminhos fechados
intensidades das correntes. Constituídas por um de um circuito, os quais são chamados de
conjunto de regras, elas foram concebidas em malhas. Ela é uma consequência da conservação
1845 pelo físico alemão Gustav Robert de energia e indica que quando percorremos
Kirchhoff (1824-1887), quando ele era uma malha em um certo sentido, a soma
estudante na Universidade de Königsberg. algébrica das diferenças de potencial é igual a
zero.
A 1ª Lei de Kirchhoff é chamada
de Lei dos Nós e é aplica nos pontos do circuito
Palavras-chave: Circuito elétrico, diferença de
onde a corrente elétrica se divide. Ou seja, nos potencial, soma algébrica, malhas, corrente.
pontos de conexão entre três ou mais condutores
(nós). Ela indica que a soma das correntes que
chegam em um nó é igual a soma das correntes
que saem. A conservação da carga elétrica é
uma consequência dessa lei, pois a soma
1. INTRODUÇÃO

2.1 PRIMEIRA LEI DE KIRCHHOFF


Os circuitos elétricos são sistemas que
demonstram certo nível de flexibilidade na sua
A primeira lei de Kirchooff é definida
forma de apresentar. Em certas situações, pode-
como “a soma algébrica das correntes em um nó
se ter um circuito em que os resistores não estão
é igual a zero. ”Ou também como “ a soma das
ligados nem em série, nem em paralelo, sendo
correntes que chegam a um nó é igual a soma
considerados estes como circuitos complexos.
das correntes que saem”.
Para esses circuitos, foram criadas e
desenvolvidas as leis de Kirchhoff, físico
alemão que introduziu nos conceitos como nós,
malhas e ramos, facilitando a resolução de
problemas que ocorriam no cotidiano.

Para o entendimento das Leis de Kirchhoff,


é fundamental o entendimento dos seguintes
conceitos:

 Ramo: é um trecho do circuito


constítuidos de um ou mais bipolos
ligados em série. Em outras palavras, é
uma fração do circuito que não é
necessariamente fechado, mas liga
duas partes
 Nó: É um ponto do circuito elétrico
que se juntam dois ou mais ramos. Em
Figura 1
casos práticos, é a junção de pelo
menos três fios condutores.
 Malha: Toda poligonal fechada na qual
Considere o ponto A como o nó em
os lados são constituídas de ramos. Em
análise. Para o sentido da corrente tem-se a
termos práticos, é um caminho fechado
seguinte convenção:
pelo qual uma corrente elétrica pode
passar. Positivo: A carga é positiva para a corrente que
chega ao nó;

Negativa: A carga é negativa quando está saindo


do nó.
Com o enunciado da lei juntamente U1 + U2 + (-E1) +E3 = 0, ou então E1 = U1 +
com sua convenção, tem-se no caso acima a U2 + E3
seguinte situação:

I1 + I2 – I3 + I4 – I4 = 0

3. CONCLUSÃO
2.2 SEGUNDA LEI DE KIRCHHOFF

A segunda lei de Kirchhoff é definida Considerando que nem todos os


como “ A soma algébrica das tensões em uma circuitos possuem a mesma complexidade,
malha é zero” ou “ A soma das tensões temos que nem sempre é possível utilizar apenas
orientadas no sentido horário é igual a soma das as leis já estudadas, como a Lei de Ohm, para
tensões orientadas no sentido anti-horário” resolvê-los. Nesse contexto, temos que, nos
casos em que os circuitos não podem ser
reduzidos a outros mais simples, as Leis de
Kirchhoff tornam-se bastante úteis.

Com a Primeira Lei de Kirchhoff,


podemos ver que, em um nó, não há
acumulação de carga. Esta é a razão pela qual a
soma das correntes que chegam nele é igual à
soma das correntes que dele saem.
Figura 2
Com a Segunda Lei de Kirchhoff, por
sua vez, podemos notar que a soma algébrica
das forças eletromotrizes produzidas em
Considerando a figura acima e
determinada malha se iguala à soma das quedas
convencionando as tensões no sentido horário
de potencial que ocorrem nela. Isso acontece
como positivas e as tensões no sentido anti-
porque as tensões criadas são distribuídas para
horário como negativas, a segunda lei de
cada componente existente. Sendo assim,
kirchhoff diz que:
considerando os sinais, podemos dizer que a
Malha ABCA: soma algébrica das tensões em determinada
malha é sempre igual a zero.
U1 + (-E1) + U3 + E2 = 0, ou então E1= U1 +
U3 + E2

Malha ADCA:

(-E2) + (-U3) + E3 + U2 = 0, ou então E2 + U3


= E3 + U2

Malha BADCB:
A partir dessas informações, temos que
nem sempre é necessário reduzir determinado
circuito a outro mais simplificado. É possível,
mesmo sem fazê-lo, analisar características
como corrente e tensão. Para isto, basta que
sejam usadas Leis apropriadas, como é o caso
das Leis de Kirchhoff.
4 Exercícios

1. Identifique os nós, ramos e malhas


do circuito a seguir:
Pela conservação da carga total, sabe-se que:

∑ i entrada=∑ i saída

Então:

i3 = i1 + i2;

i3 = 4 + 8;

I3 = 12 A.

3. Analisando um trecho do circuito a


seguir, verifique se a primeira lei
de Kirchhoff é atendida, sabendo
que:
i1 = 10A
i2 = 7A
Nós: Ponto B e E;
i 3 = 3ª
Ramos: BE, BAFE, BCDE;

Malhas: BAFEB, BCDEB, AFDCA.

2. Sabendo que i1 = 4 A e i2 = 8 A,
qual a intensidade da corrente i3?

∑ i entrada=∑ i saída

i1 = i2 + i3;
10 = 7+3;
10 = 10 (Verdadeiro).
4. Considerando o sistema a seguir,
faça uma análise das tensões de
cada malha. 5. No circuito acima, o gerador e o
receptor são ideais e as correntes
têm os sentidos indicados. Se a
intensidade da corrente i1 é 5A,
então o valor da resistência do
resistor R é:

Percorrendo a malha ABCD (sentido


anti-horário)
Analisando a malha do lado esquerdo:

(sentido horário)
−i1.R1−E1−i1.R1+E2+i2.R2=0
Percorrendo a malha ADEF (sentido
horário) -60 + i1.4 + i.R = 0

-60 + 20 + i.R = 0
+i3.R1−E2+i3.R1+E2+i2.R2=0

i.R = 40

Analisando a malha do lado direito:


(sentido horário) Primeiro, vamos definir um sentido arbitrário
para as correntes e também o sentido que iremos
seguir na malha.
14 + i2.2 – i1.4 = 0
Neste exemplo, escolhemos o sentido conforme
14 – i2.2 – 20 = 0
esquema abaixo:

I2.2 = 6

I2 = 3A

Pela Lei dos nós

i = i1 + i2

i=5+3

I = 8A

Então:

O próximo passo é escrever um sistema com as


i.R = 40
equações estabelecidas usando a Lei dos Nós e
8.R = 40 das Malhas. Sendo assim, temos:

R = 5 Ohms
i1 = i2 + i3

20 – 4.i2 – 1.i1 = 0

6. No circuito abaixo, determine as 7 + 1.i3 – 4.i2 = 0


intensidades das correntes em
Por fim, vamos resolver o sistema. Começando
todos os ramos.
substituindo i3 por i1 - i2 nas demais equações:

20 – 4.i2 – i1 = 0
7 + i1 – i2 – 4.i2 = 0

Resolvendo o sistema por soma, temos:

27 – 9.i2 = 0

i2 = 3 A

Agora vamos encontrar o valor de i1,


substituindo na segunda equação o valor
encontrado para i2:

20 – 4.3 – i1 = 0 =>

20 – 12 – i1 = 0 =>
i1 = 8 A i1 + i2 = i3

Finalmente, vamos substituir esses valores Precisamos agora determinar a queda de


encontrados na primeira equação, para encontrar potencial em cada resistor, para isso usaremos a
o valor de i3: lei das malhas:

i3 = 8 – 3 = 5 A 8 – 1.i1 + 4 – 2.i1 – 6.i3 = 0

=> 3.i1 + 6.i3 = 12

7. Para o circuíto mostrado na figura 1, Agora percorrendo a malha interna da figura 2 e


determine: também no sentido horário (seta verde) e mais
uma vez partindo da bateria 1:
a) A corrente em cada resistor.
8 – 1.i1 + 4 – 2.i1 + 2.i2 – 4 = 0
b) A potência fornecida por cada fonte de força
eletromotriz. Quando percorremos um resistor no sentido da
corrente a variação no potencial decresce,
c) A potência entregue a cada resistor. quando percorremos no sentido contrário da
corrente a variação no potencial aumenta, por
isso que a variação de potencial no resistor R3
foi positiva.

- 3.i1 + 2.i2 = -8

Temos agora três equações com três incógnitas,


para encontrar as correntes devemos montar um
sistema com as equações e resolvê-lo.

3.i1 + 6.i3 = 12 (1)

- 3.i1 + 2.i2 = -8 (2)

i1 + i2 = i3 (3)

Portanto, fazemos:
a) Para determinar a corrente em cada
i3 = i1 + i2
resistor devemos usar as leis de
Kirchhoff. Substituindo i3 na primeira equação, temos:

3.i1 + 6.(i1 + i2) = 12

3.i1 + 6.i1 + 6.i2 = 12

9.i1 + 6.i2 = 12

i1 = (12 – 6.i2) / 9

Substituindo i1 na segunda equação, podemos


achar i2:

-3. [(12 – 6.i2) / 9] + 2.i2 = -8

-4 + 2.i2 + 2.i2 = -8

i2 = -1 A

Substituindo i2 em i1:

Podemos notar que as três baterias produzem i1 = [12 – 6.(-1)] / 9


três correntes diferentes, usando a lei dos nós, i1 = 18 / 9
que é uma das leis de Kirchhoff, podemos
escrever as três correntes como uma soma: i1 = 2 A
Substituindo i1 e i2 em i3, temos: PR1 = 4 W

i3 = i1 + i2

i3 = 2 + (-1) Para a potência entregue (ou dissipada) por R2.

i3 = 1 A

PR2 = R2.(i1)2

b) A taxa com que a energia é fornecida a um PR2 = 2.22


circuíto por uma fonte, ou a taxa com que esse
circuíto perde energia (potência), é dada para PR2 = 8 W
ambos os casos por P = iV.

Nesse caso estamos querendo saber a potência Para a potência entregue (ou dissipada) por R3.
fornecida ao circuíto, ou seja, a taxa com que a
energia elétrica é fornecida ao circuíto por cada
uma das baterias, assim sendo…
PR3 = R3.(i2)2
Para a bateria de 8 V temos.
PR3 = 2.(-1)2
P1 = 8.2
PR3 = 2 W
P1 = 16 W

Para a potência entregue (ou dissipada) por R4.


Para a bateria de 4V entre R1 e R2 temos.

P2 = 4.2
PR4 = R4.(i3)2
P2 = 8 W
PR4 = 6.12

PR4 = 6 W
Pois nesse ramal a corrente ainda é 2A, para a
bateria no ramal do meio.
8. No circuito abaixo determinar as correntes
P2 = 4.(-1)
nos ramos e seus verdadeiros sentidos.
P2 = -4 W

Em primeiro lugar a cada ramo do circuito


O sinal de menos indica que a corrente está atribuímos, aleatoriamente, um sentido de
sendo forçada através da fonte e que este fato corrente. No ramo GHAB temos a corrente i1
faz que ela gaste mais energia para fazer a no sentido horário, no ramo BC a corrente i2
corrente seguir para a junção. indo de B para C, no ramo CDEF a corrente i3
no sentido horário, no ramo CF a corrente i4

c) A potência entregue a cada resistor é a


potência dissipada por cada resistor, podemos
usar P = Ri² para calculara s potências, pois
conhecemos cada corrente.

Para a potência entregue (ou dissipada) por R1.

PR1 = R1.(i1)2 indo de C para F, no ramo FG a corrente i5 indo


de F para G e no ramo BG a corrente i6 indo de
PR1 = 1.22 B para G. Em segundo lugar para cada malha do
circuito atribuímos um sentido, também
aleatório, para se percorrer a malha. Malha α R3.i3 − E4 + R4.i3 − E3 = 0
(GHABG), malha β (BCFGB) e malha γ
(CDEFC) todas percorridas no sentido horário Substituindo os valores:
(figura 1). 1.i3 − 20 + 2.i3 − 10 = 0

3.i3 = 30
Aplicando a Lei dos Nós: i3 = 10A
A corrente i1 chega ao nó B e as correntes i2 e Substituindo os valores de i1 e i3 em (I), (II) e
i6 saem dele (III), temos com as equações (I), (II), (III) e (IV)
i1 = i2 + i6 (I) um sistema de quatro equações a quatro
incógnitas (i2, i4, i5 e i6):

i2 + i6 = 10

i2 − i4 = 10

i5 − i4 = 10

2.i2 + i5 = −30

Isolando o valor de i4 na segunda equação,


temos:

i4 = i2 – 10 (V)
A corrente i2 chega ao nó C e as correntes i3 e
i4 saem dele Substituindo a expressão (V) na terceira
equação, obtemos.
i2 = i3 + i4 (II)
i5 − (i2 − 10) = 10
As correntes i3 e i4 chegam ao nó F e a corrente
i5 sai dele i5 − i2 = 10 – 10

i5 = i3 + i4 (III) i5 = i2 (VI)

Aplicando a Lei das Malhas Substituindo a expressão (VI) na quarta


equação, temos:
Para a malha α a partir do ponto A no sentindo
escolhido, esquecendo as malhas β e γ, temos: 2.i2 + i2 = −30

R1.i1 − E2 + R6.i1 − E1 = 0 3.i2 = −30

Substituindo os valores do problema temos i2 = −10 A

1.i1 – 20 + 2.i1 – 10 = 0 Assim pela expressão (VI) também temos

3.i1 = 30 i5 = −10 A

i1 = 10 A Substituindo o valor de i2 na expressão (V),


obtemos
Para a malha β a partir do ponto B no sentindo
escolhido, esquecendo as malhas α e γ, temos: i4 = −20 A

R2.i2 + E3 + R5.i5 + E2 = 0 Substituindo o valor de i2 na primeira equação,


obtemos
Substituindo os valores:
i6 = 20 A
2.i2 + 10 + 1.i5 + 20 = 0
Como o valor das correntes i2, i4 e i5 são
2.i2 + i5 = −30 (IV) negativos, isto indica que seus verdadeiros
sentidos são contrários aos escolhidos na figura
Para a malha γ a partir do ponto C no sentindo
1.
escolhido, esquecendo as malhas α e β, temos:
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, Rômulo Oliveira. Analise de


circuitos em corrente contínua. 1 ed. São Paulo,
1987

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