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Advogados:

Osmar Vieira da Silva Priscila Santana Vieira


Gislaine A. Gobeti Mazur Victor Manoel Cardoso Pires

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 4ª VARA CÍVEL


DA COMARCA DE LONDRINA – PR

AUTOS Nº: 003904-85.2020.8.16.0014

GISLEIDE MARIA GOBETI MAZUR, já devidamente


qualificado nos presentes autos de AÇÃO INDENIZATÓRIA que lhe move
EDUARDO HENRIQUE CARNEIRO, vem, mui respeitosamente, perante Vossa
Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO, com base nos fatos e fundamentos
jurídicos que passa a expor:

SÍNTESE DA DEMANDA

Trata-se de Ação de Indenização por acidente de trânsito


proposta por EDUARDO HENRIQUE CARNEIRO, onde se pleiteia indenização por
danos materiais, morais, estéticos e pensão por alegada redução de capacidade
laborativa.

Conforme se vê na inicial, assim se resumem os pedidos


deduzidos pelos autores:

“2.a) Requer-se o pagamento de indenização a título de

Rua João Wyclif, 111, sala 1609 - Londrina/PR


CEP 86050-450 – Fone/Fax (43) 3356-8090
E–Mail: vem.secretaria@gmail.com
danos morais, a ser fixado por arbitramento, sugerindo-se, todavia, a Vossa
Excelência, a quantia de R$ 50.0000,00 (cinquenta mil reais), pelos motivos
expostos, ou em valor a ser arbitrado por Vossa Excelência, de acordo com os
princípios da proporcionalidade e razoabilidade, bem como, preponderando a
função punitiva e/ou pedagógica do dano moral;

2.b) Requer-se a indenização ao dano corporal/estético, a ser


igualmente fixado por arbitramento, em conformidade com o artigo 950, parágrafo
único do CC, condizente com a gravidade das cicatrizes e deformações, extensão
e local das lesões e sequelas deixadas pelo acidente, em que a parte autora terá
que suportar, dentre outros parâmetros, tomando-se a liberdade de sugerir a Vossa
Excelência a importância de R$ 50.0000,00 (cinquenta mil reais), que tanto poderá
ser aumentada ou diminuída ao Vosso exclusivo arbítrio;

3) Requer pagamento de pensão mensal (art. 950 do CC),


proporcional ao percentual de diminuição da capacidade laborativa do autor, ou da
depreciação sofrida, conforme perícia médica a ser realizada, aplicando sobre a
remuneração percebida na época do acidente, calculado na forma prevista pela
Súmula 490 do STF e artigo 950 do CC, tendo como termo inicial a data em que
ocorreu a consolidação das lesões sofridas, devendo ser paga vitaliciamente e
considerando a expectativa de vida da parte autora, segundo IBGE;”

Todos os pleitos da autora na exordial se baseiam na


presunção de estar caracterizada a responsabilidade civil do ora requerida,
entretanto, os requisitos ensejadores de tal responsabilidade não ficaram
demonstrados nos presentes autos, conforme demonstrados a seguir;

I. PRELIMINARMENTE
I.I. DENUNCIAÇÃO DA LIDE

Conforme dito acima, restará demonstrado que a requerida


não teve culpa no referido acidente, antes, porém, em conformidade com o artigo
125,II do Código de Processo Civil, vem denunciar à lide a empresa securitária
ALLIANZ SEGUROS S/A, com sede em São Paulo, Capital, Avenida Eugênio de
Medeiros, 303, CEP 05425-000, que, conforme a apólice anexa, tem obrigação
contratual pela cobertura do sinistro reportado na exordial, nos limites figurados no
próprio documento.
Nesses termos, cumpre trazer à tela, o artigo 125, II do Código
de Processo Civil que dispõe:

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"Art. 125 – É admissível a denunciação da lide promovida por
qualquer das partes:
(...)
II – àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a
indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido
na demanda.”

O presente caso amolda-se perfeitamente ao disposto no artigo


citado, pelo que requer:
a) a citação da ALLIANZ SEGUROS S/A, no endereço acima
indicado, através de via postal com AR, para integrar a lidel;

b) Requer, por fim, que seja condenada a denunciada a ressarcir


o que, na eventualidade, tiver de pagar a denunciante, em decorrência do referido
contrato de seguro e até o limite do mesmo, se condenado for no presente
processo, com a condenação também, de honorários advocatícios a serem
arbitrados por Vossa Excelência, e demais cominações legais de praxe.

I.II. DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA REQUERIDA

A legitimidade das partes é, consoante o disposto no artigo


17, do CPC, uma das condições da ação, sem a qual é inviável a análise do mérito
da demanda. A legitimidade passiva, segundo a valiosa lição de Wambier, in Curso
Avançado de Processo Civil, Volume 1. 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2006, p. 131, consiste na “relação de sujeição diante da pretensão do autor”.

No presente caso, a requerida não é parte legítima par


responder à presente demanda, vez que esta não foi a causadora do acidente
objeto da presente.

Conforme se observa do relato da requerida no Boletim de


Ocorrência, esta foi surpreendida, logo após uma curva, por um veículo que estava
dando ré de uma “garagem” de revenda de veículos (X5 Veículos – Revendedora
de carros usados), o que a levou a frear e desviar um pouquinho para a direita, a
fim de evitar uma colisão no veículo Honda Civic, placas FIZ 5663, momento este
que o requerente, que vinha trafegando em alta velocidade e tentando
ultrapassagem pela direita, e desatento no trânsito (o que não é de se espantar vez
que sequer possui carteira de habilitação) colidiu com a traseira e lateral do veículo
da requerida.

Portanto, os reais culpados pelo acidente foram o motorista

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da revenda de veículos que adentrou em marcha ré em via pública sem a devida
cautela e o requerente que não observava as normas de trânsito, surpreendendo
os motoristas logo após uma curva na via.

Assim, carece a requerida de legitimidade passiva, devendo


o feito ser extinto, sem resolução de mérito, por carência de ação, a teor do disposto
no artigo 485, inciso VI, do Código de Processo Civil.

I.III. DA INDICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO

Tendo em vista a ilegitimidade passiva da requerida, esta


indica, desde já, as partes legítimas para figurarem no pólo passivo da demanda

A incumbência imposta pelo artigo 339 do CPC, de que o réu


deva indicar o real sujeito passivo, é uma homenagem ao princípio da economia
processual pois visa à inserção do verdadeiro responsável pelos efeitos da
condenação no mesmo processo, dispensando a propositura de ação regressiva.
Assim, conforme se depreende do artigo 339, do NCPC, que institui a
obrigatoriedade da indicação do sujeito passivo da relação jurídica discutida,
sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais
e ainda indenizar o autor por eventuais prejuízos decorrentes da falta de indicação.

No caso em tela, o causador do acidente, em concorrência


com o requerente, foi o Sr. DENILSON RODRIGO DA PAIXAO, brasileiro, inscrito
no CPF 095.961.889-92, RG nº 12700737-3, com endereço na Rua Benício Camilo,
471, Jardim Maria Lucia, Londrina, o qual dirigia um HONDA CIVIC e deu ré sem o
mínimo de cautela em via rápida, veiculo este pertencente a ZURICH MINS BRASIL
SEGUROS S/A, CNPJ 17197385007900, de placas FIZ 5663, sendo estes os que
devem figurar no pólo passivo da presente.

II. MÉRITO
II.I. DA INEXISTÊNCIA DE CULPA DA RÉ/ CULPA
EXCLUSIVA DE TERCEIROS OU DA CULPA CONCORRENTE
Caso ultrapassada a preliminar supra de ilegitimidade
passiva, o que se admite somente para efeitos de argumentação, ainda assim a
presente demanda não merece prosperar, ante a culpa de terceiro e também à
culpa da vítima. Senão vejamos:

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De suma importância esclarecer que o requerente, condutor
da motocicleta, é pessoa não habilitada para dirigir veículo automotor ou pilotar
motoclicleta vez que NÃO POSSUI E JAMAIS POSSUIU CARTEIRA NACIONAL
DE HABILITAÇÃO.
Importante ainda destacar que a motocicleta que este
pilotava, qual seja, HONDA CG/TITAN, Renavam 00904564851, de propriedade de
Jaderson Quintino Mansan, PLACAS AOI 1359 NÃO POSSUI DOCUMENTOS, vez
que não se pagavam os impostos há muito tempo, conforme se vê do extrato em
anexo, cujos débitos já se encontram inclusive em dívida ativa do Estado, tanto é
que foi apreendida no dia do sinistro, onde se encontra até a presente data.
Portanto, conforme se vê, o requerente não é pessoa afeita a
cumprir as leis, tanto que em momento algum nos presentes autos apresentou sua
CNH ou os documentos da motocicleta.
Conforme já relatado, a requerida vinha transitando pela
Avenida Duque de Caxias quando ao sair de uma curva foi surpreendida pelo
veículo Honda Civic em manobra de marcha ré no meio da pista, sem qualquer
cautela do manobrista, funcionário de uma garagem de automóveis.
De acordo com o que pode se observar do relato do Boletim
de Ocorrência, trata-se de via de mão única com duas pistas, e, portanto, com
espaço suficiente até mesmo para um veículo maior desviar da colisão, caso
quisesse ou tivesse habilitado para tanto.
A largura da via permite a qualquer condutor mediano desviar
para esquerda ou direita com um considerável espaço, de modo a evitar uma
colisão.
Conforme se comprova pelo relato da requerida, o requerente
vinha desatento no trânsito e não respeitava o distanciamento necessário, pois
caso fosse habilitado e estivesse respeitando as normas de trânsito (as quais ele
não tem conhecimento) teria conseguido desviar do veículo da sua frente, o qual
precisou frear para não bater no veículo que havia invadido a pista de rolamento.
Não se pode ignorar o fato de que o requerente sequer tentou

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frear a sua motocicleta, batendo na traseira e lateral do veículo da requerida, vez
que não prestava atenção ao trânsito e o que estava acontecendo à sua frente,
sendo que poderia ter evitado toque no carro da requerida com o simples desvio
para a direita ou então uma simples pressão nos seus freios.

Vejamos o que nos diz o Código do transito Brasileiro em seu


artigo 28:

Art. 28. “O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de


seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis
à segurança do trânsito”.

Ainda, vejamos o disposto no artigo 29, incisos II e IX:

Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à


circulação obedecerá às seguintes normas:
II - o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e
frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista,
considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da circulação,
do veículo e as condições climáticas;

IX - a ultrapassagem de outro veículo em movimento deverá


ser feita pela esquerda, obedecida a sinalização regulamentar e as demais normas
estabelecidas neste Código, exceto quando o veículo a ser ultrapassado estiver
sinalizando o propósito de entrar à esquerda;

Ainda, o artigo 57:

Art. 57 – Os ciclomotores devem ser conduzidos pela direita


da pista de rolamento, preferencialmente no centro da faixa
mais à direita ou no bordo direito da pista sempre que não
houver acostamento ou faixa própria a eles destinada,

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proibida a sua circulação nas vias de trânsito rápido e sobre
as calçadas das vias urbanas.

Conforme se vê, o condutor requerente não observou as


normas de trânsito previstas no Código de Trânsito Nacional, na medida em que
não mantinha a distância necessária do veículo à sua frente, estava tentando
ultrapassagem de risco pela direita, não dirigia com a atenção necessária, pois
assim o fosse teria conseguido desviar do veículo da requerente e ainda pilotava
motocicleta sem nenhuma documentação com dívida já inscrita em dívida ativa e
SEM carteira de habilitação.

Assim, surpresa ficou a requerida ao receber a citação da


presente demanda, pois o requerente sempre soube que o veículo Honda Civic
invadiu a pista o que levou a requerida a frear seu veículo, sabendo inclusive que
caso estivesse atento teria conseguido desviar do veículo dela.

Vejamos trecho de conversas trocadas com a esposa do


requerente após o acidente, onde ele reconhece e afirma que o motorista do Civic
teria invadido a pista, tanto que relatou para a esposa:

PRINT DO CELULAR

Segue abaixo prints do local exato do acidente:

////////////////////////////////////////

Além de tudo há que se destacar a velocidade que o requerente trafegava,


pois, se estivesse a uma velocidade menor, (e compatível com a prudência) poderia
facilmente ter evitado a colisão.
Ao constatar a colisão, a requerida prestou assistência imediatamente ao
requerente e aguardou até que o SIATE o atendesse.
Ainda, de suma importância destacar que o requerente pediu por diversas
vezes que não fosse chamada a polícia, momento em que a requerente afirmou
que era necessária a realização de B.O e também era sua obrigação chamar o

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SIATE, etc.
Quando da chegada da polícia ao local, a requerente verificou a
possibilidade de que a motocicleta não fosse apreendida, momento em que o
policial informou que não seria possível a liberação da moto pois esta não tinha
documentos para trafegar bem como o condutor não tinha habilitação.

Portanto, conforme se vê, o sinistro se deu por culpa exclusiva do terceiro


e da vítima no presente caso, devendo a demanda ser julgada totalmente
improcedente.

Sucessivamente, caso assim não entenda V.Exa., o que se admite por


argumentação, requer seja reconhecida a culpa concorrente das partes, ante o fato
de restar comprovado que o requerente não estava observando as normas de
trânsito bem como pelo fato de que este não poderia estar pilotando veículo em via
pública, já que não é habilitado para isto.

III. DOS DANOS ALEGADOS

O requerente pleiteia na presente demanda indenização por


danos materiais, morais, estéticos e pensionamento mensal. Porém, para que se
caracterize o dever da requerida em indenizar o requerente é necessário que
estejam presentes os requisitos ensejadores da responsabilidade civil, quais sejam,
ação ou omissão, dano, nexo de causalidade e culpa.

No caso ora em análise é incontroverso que houve um evento


fático envolvendo o requerente e a requerida, consistente em um acidente
automobilístico, conforme se infere do B.O em anexo.

Ocorre que a requerente, na exordial, faz entender que a


culpa está presumida no presente caso, o que não ocorreu. Note-se que em
momento algum este informou que não possuía habilitação, aliás, QUE NUNCA
POSSUIU HABILITAÇÃO, o que leva a crer que este jamais poderia estar
circulando com veículo automotor por via pública, principalmente levando-se
em conta que o veículo, assim como o condutor, não possui documento para estar
nas vias.

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Tal fato demonstra que o requerente não é afeito a cumprir
normas e regras, bem como demonstra que este não tem noção de tráfego, já que
nunca sequer assistiu uma aula de direção defensiva, cuidados no trânsito etc, o
que teria evitado tal acidente.

Ainda, há que se destacar que, desde o início, mesmo antes


de qualquer tratamento e mesmo sem saber se o tratamento teria eficácia ou não,
o requerente já havia contratado advogado para representá-lo. Note-se que o
acidente ocorreu no dia 08/01/2020 e já no dia 10/01/2020, ou seja, somente DOIS
DIAS depois, ainda no hospital este já assinou procuração ao ilustre causídico, o
que nos leva a crer que a intenção deste já era a obtenção de lucro fácil, pois sequer
sabia qual seria o resultado do tratamento e se haveriam sequelas.

Assim, todos os pedidos devem ser rejeitados. Senão


vejamos:

III.I DOS DANOS MATERIAIS

Alega o requerente que a requerida deve indenizá-lo por


danos materiais no valor de R$ 1.399,99 decorrentes de despesas com
medicamentos, juntando, para tanto, uma série de notas fiscais.

Ocorre que em momento algum demonstrou que tais notas se


referem ao tratamento do requerente, vez que não apresentou nenhuma receita
médica vinculada às referidas notas, sendo que os medicamentos podem ter sido
comprados por qualquer pessoa para qualquer tratamento, e não necessariamente
vinculado ao sinistro.

Ressalte-se ainda que o requerente já recebeu uma


indenização do seguro DPVAT que cobre tais despesas, ressaltando-se que
somente o recebeu tendo em vista que o veículo da requerida estava com
documentação em dia, pois caso dependesse do seguro da motocicleta jamais teria
recebido tal valor.

Diante disso, requer seja julgado improcedente o pedido de


indenização por dano material, vez que não há comprovação nos autos de que
sejam decorrentes do tratamento médico do requerido.

III.II DA ALEGAÇÃO DE REDUÇÃO DA CAPACIDADE


LABORATIVA

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Pleiteia o requerente pensão vitalícia sob o fundamento de
que havia ocorrido redução da capacidade laborativa em razão de sequelas
permanentes.

Ocorre que, novamente o requerente não apresentou


qualquer prova de que tenha havido redução na sua capacidade de trabalho,
limitando-se a fundamentar seu pedido somente com base em atestados médicos
e pagamento de DPVAT.

Note-se que não foi apresentado nenhum laudo médico


afirmando sobre tal redução de capacidade laborativa, ou perícia do INSS
afirmando tal redução, até porque o mesmo encontra-se em tratamento médico, o
qual certamente demanda de fisioterapias, etc, para que, posteriormente seja
constatada ou não a redução da capacidade laborativa temporária ou permanente

Ademais, com os documentos acostados, que demonstram o


tratamento e cirurgia ocorrida, de fácil presunção que houve a recuperação da lesão
ou de que tal recuperação seja totalmente viável, não tendo que se falar em pensão
mensal vitalícia.

Ainda, há que se ressaltar que, conforme afirmado pelo


próprio requerente, caso realmente tenha ocorrido, trata-se de redução de
capacidade laborativa e não incapacidade total para o trabalho. Assim, certo é que
não poderia ser acatado pensionamento vitalício, vez que se tratam de situações
completamente distintas e o requerente não estaria incapacitado para o trabalho.

Para fazer jus a tal pedido, necessária seria a comprovação


de qual atividade exercia antes do sinistro e qual foi a redução da capacidade
posterior, a fim de que se demonstrar que o mesmo não teria mais condições de
exercer a mesma função.

Assim, caso tenha havido redução de capacidade laborativa,


O QUE SOMENTE PODERÁ SER COMPROVADO ATRAVÉS DE PERÍCIA
MÉDICA, necessário se faz auferir qual o percentual dessa redução, para posterior
análise e fixação do percentual da renda que faria jus a título de pensão mensal.

Oportuno ainda destacar que em momento algum o


requerente comprovou renda que estaria recebendo vez que encontrava-se
desempregado na época e tampouco qual a sua profissão, vez que redução mínima
em capacidade laborativa não o impede de trabalhar.

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Ainda, destaque-se que não foi demonstrado em momento
algum que este percebia renda superior a 1 salário mínimo, sendo que, em qualquer
função que este venha a laborar futuramente certo é que sua renda mínima será
de 1 salário mínimo, presumindo que nenhum brasileiro possa ter renda inferior.

Portanto, não existindo nenhuma prova nos autos com


relação à redução definitiva da capacidade de trabalho, o pleito deve ser rejeitado.

III.III. DO DANO MORAL E DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

O Requerente pleiteia ainda indenização por danos morais no


montante de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), pedido este que não merece
prosperar, senão vejamos:

Para que exista a responsabilidade civil e o dever de indenizar


por danos morais ou materiais exige-se a concorrência de três pressupostos legais:
o dano, a culpa do autor do dano e a relação de causalidade entre o fato culposo e
mesmo dano, o que não ocorreu no presente caso.

Conforme se vê, trata-se de acidente de trânsito que se deu


em face da culpa da vítima, a qual não observou as normas de trânsito de
distanciamento do veículo da frente bem como a velocidade que trafegava e
desatenção no trânsito e ainda o fato de não estar habilitado para circular pilotando
motocicleta em via pública.

Na inicial, o requerente afirma ter direito ao dano moral vez


que sofreu “ofensa a sua dignidade”, que teria sido “humilhado”, que foi exposto a
“condição vexatória”.

Ora Exa., quão absurdas são tais alegações pois, ainda que
o requerente fosse pessoa habilitada, cumpridora das leis, e ainda que a requerida
tivesse tido qualquer culpa no acidente (o que não é o caso), as situações acima
relatadas jamais existiram. Por qual razão a pessoa que sofre um acidente de
trânsito onde a outra pessoa envolvida presta total assistência no momento, chama
a SIATE, acompanha o atendimento até o final, avisa a esposa do requerente por
telefone do que teria ocorrido, informando a ela inclusive para onde ele estaria
sendo levado, afirma que foi ‘humilhada” e exposta a “situação vexatória”???

Por certo que ninguém que está no trânsito pensa em se

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envolver em acidentes, mas fato é que na vida cotidiana qualquer um que estiver
na rua está sujeito a tal situação, porém, afirmar que por isso foi humilhado
ultrapassa o limite do razoável.
Para ser merecedora de indenização por dano moral, a
circunstância constrangedora por que passa a vítima há de ser acima do normal;
os inconvenientes da vida moderna (como um acidente de trânsito por exemplo),
dos quais se espera fugir mas, não causam surpresa, não bastam a configurá-lo.

A banalização do Dano Moral, haja vista os inúmeros pedidos


inócuos e extremamente oportunistas fomentados por uma lacuna derivada de um
rigoroso subjetivismo em relação ao seu quantum, é que atualmente vem sendo
combatida pelos Tribunais pátrios.

Isto porque o instituto transformou-se em objeto de inúmeras


ações que abarrotam nosso Poder Judiciário, muitas delas absolutamente
descabidas, revelando o intento pernicioso dos autores dessas demandas, que
visam pretensões absurdas, visando auferir um “lucro fácil”, como é o caso dos
autos.
Ainda, no que tange ao valor pleiteado, há que se ressaltar
que o dano moral deve ser fixado observando-se o caso concreto, analisando-se o
grau de culpa de cada envolvido, a situação financeira do “ofensor” e também do
“ofendido”, de maneira a não levar ao enriquecimento ilícito da parte, sendo os
critérios da razoabilidade e proporcionalidade recomendáveis para se apurar um
justo valor.

Neste diapasão, verifica-se que o pedido postulado pelo


Requerente, correspondente a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), em nada condiz
com os princípios da razoabilidade de proporcionalidade, haja vista que por
demasiado exacerbado.

Conforme já dito, a situação econômica das partes deve ser


levada em conta para a fixação do dano moral e, no presente caso, a requerida não
tem a condição financeira que o requerente imagina, devendo ser observado
também que o requerente é pessoa de pequenas posses e baixa renda, tanto que
é beneficiário da assistência judiciária gratuita, sendo portanto, o montante
pleiteado em total desacordo tanto com a situação econômica tanto do requerente
quanto da requerida, não podendo utilizar a ocorrência de um acidente como fonte
de enriquecimento sem justa causa, vez que os valores pleiteados são excessivos
e ultrapassam o caráter de mera reparação.

Diante disso requer sejam julgados improcedentes os pedidos

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referentes ao dano moral vez que não restou configurada a culpa pelo acidente,
bem como pelo fato de que nenhum dano moral foi efetivamente comprovado, já
que o fato de sofrer acidente de trânsito por si só não configura o dano moral, vez
que teve toda assistência durante o ocorrido, ou, caso não seja esse o
entendimento de Vossa Excelência, requer sejam observados os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade para a fixação do quantum devido.

III.IV. DO DANO ESTÉTICO

Além do pedido de indenização por dano moral no valor de


R$ 50.000,00, pensionamento vitalício, o requerente ainda pleiteia indenização por
danos estéticos no valor de R$ 50.000,00.
Entretanto, melhor sorte não assiste ao Requerente no seu
pleito a título de dano estético, eis que, quedou-se inerte em provar os danos
estéticos que afirma existir, ou ainda, a necessidade de cirurgia reparadora ou de
clínica de recuperação, bem como, se a natureza do dano é de efeito duradouro.

Não basta simplesmente alegar o dano, para emergir o dever


de reparar o dano estético, é necessário que a lesão seja profunda capaz de colocar
o ofendido em constrangimento. Assim, manifesta a doutrina:

"Para que exista dano estético é necessário que a lesão que


enfeitou determinada pessoa seja duradoura, caso contrário
não se poderá falar em dano estético propriamente dito (dano
moral) mas em atentado reparável à integridade física ou
lesão estética passageira que se resolve em perdas e danos
habituais." ( Rui Stoco - Resp. Civil - 3º ed. Pág. 518).

Diante do entendimento doutrinário, bem como da


inexistência de provas que justifiquem a indenização por dano estético, melhor
sorte não assiste aos Requerentes também neste pleito, pois não provando a
existência de tais danos, a ação somente comporta a total improcedência.

Porém, ainda que o requerente fizesse jus à indenização por


supostos danos estéticos há que se levar em conta qual foi a modificação por ele
sofrida comparando-se a situação atual ao que era antes do acidente, devendo
ainda analisar-se os constrangimentos sofridos em decorrência da deformidade
que, após a lesão, carrega consigo, pois, “dano estético” seria aquele que causa
afeamento da pessoa, algo que possa gerar sentimento de humilhação, vergonha,

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que cause repulsa da sociedade, elementos não constatados no quadro clinico do
requerente pelas provas por ela apresentadas.

Ainda, há que se levar em conta que o valor pleiteado é


extremamente excessivo, pois, ainda que tais danos fossem devidos, o valor
correspondente a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), a título de danos estéticos, é
absurdo, em especial somado ao fato que pleiteia anda R$ 50.000,00 por danos
morais, além de pensionamento mensal vitalício.

Assim, indispensável se faz a realização de perícia médica


para se apurar a eventual ocorrência de danos estéticos permanentes ou se estes,
caso existam, possam ser corrigidos através de cirurgia plástica reparadora.

No presente caso há de se observar que o requerente não


apresentou nenhuma prova médica do suposto dano estético e nem ao menos
qualquer indício de prova, sequer uma foto do local onde ocorreu o dano e as
sequelas, apresentando-se o antes e depois, a fim de se provar que restou sequela
que não pode ser resolvida e que ficaria de forma permanente, o constrangendo a
tal ponto de ser merecedor da referida indenização.

Diante do exposto, requer sejam julgados improcedentes os


pedidos com relação ao dano estético vez que não comprovado nos autos, ou, caso
assim não entenda V. Exa., requer seja realizada perícia médica a fim de se
determinar se é possível reverter tal dano através de cirurgia plástica ou, caso não
seja possível, que sejam aplicados os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, vez que impossível a cumulação do pleito de indenização por
cirurgia plástica e indenização por danos estéticos.

IV. PEDIDOS
a) Seja acolhida a preliminar arguida, a fim de se reconhecer
a ilegitimidade passiva da requerida, tendo em vista que esta não teve culpa no
acidente ocorrido, determinando-se a inclusão do Sr. DENILSON RODRIGO DA
PAIXAO, brasileiro, inscrito no CPF 095.961.889-92, RG nº 12700737-3, com
endereço na Rua Benício Camilo, 471, Jardim Maria Lucia, Londrina, e da
proprietária do veículo, ZURICH MINAS BRASIL SEGUROS S/A, CNPJ
17197385007900, situada na Av. Getúlio Vargas, 1420 - Funcionários, Belo
Horizonte - MG, 30112-021

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b) Sucessivamente, caso ultrapassada a preliminar supra, o
que se admite somente para efeitos de argumentação, requer seja deferida a
denunciação da lide da empresa ALLIANZ SEGUROS S/A, para responder nos
termos da ação como litisdenunciada e em caso de procedência do pedido inicial
que responda até os limites e valores da apólice, citando-se a seguradora por carta
AR na Avenida Eugênio de Medeiros, 303, CEP 05425-000, São Paulo, SP, e ao
final condenando-a ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários;

c) No mérito, requer a total improcedência dos pedidos uma


vez que NÃO houve culpa da requerida no evento, o que de consequência leva a
improcedência de todos os pedidos formulados, conforme fundamentação,
condenando o requerente em custas e honorários;

d) sucessivamente, caso assim não entenda V. Exa, haja o


reconhecimento de culpa concorrente no acidente, reduzindo-se eventual valor da
condenação, conforme fundamentação;

e) requer a improcedência dos pedidos de danos materiais,


morais e estéticos tendo em vista não existir nenhuma prova nos autos da
ocorrência de tais danos;

f) sucessivamente, caso assim não entenda V. Exa., seja


reconhecido o excesso no valor pleiteado a titulo de danos materiais, morais e
estéticos, bem como de pensão mensal, conforme fundamentação, aplicando-se os
princípios da razoabilidade e proporcionalidade na fixação da indenização;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidos, sem exclusão de nenhum, especialmente pela juntada de novos
documentos, pela oitiva de testemunhas cujo rol oportunamente será juntado, pelo
depoimento pessoal do autor, sob pena de confissão, e tudo o mais que exigir o
contraditório;

Termos em que,

Pede deferimento.

Londrina, 31 de julho de 2020

Gislaine A. G. Mazur

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OAB/PR 26.434

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