Você está na página 1de 3

AS NOTAS DO KINDLE PARA:

Experiência de doença e narrativa (Coleção Antropologia


e saúde)
de Míriam Cristina Rabelo, Paulo César B. Alves, Iara Maria A. Souza

Visualização instantânea gratuita do Kindle: https://a.co/gsVddqd

14 destaques | 1 nota

Destaque (Rosa) | Posição 1561

Insurgindo-se contra tal tendência, a antropologia médica tem procurado demonstrar que a aflição, a doença, o
corpo são realidades profundamente imersas em domínios culturais e contextos sociais particulares.

Destaque (Rosa) | Posição 1564

Definir e explicar uma experiência de aflição, dotá-la de sentido, envolve atos de interpretação, que não são
redutíveis nem à mera projeção de significados subjetivos, nem a uma reprodução dos significados já
previamente dados na cultura. Tentar conferir uma ordem à ameaça de desordem que acompanha a enfermidade
é um processo que se desenrola em um mundo compartilhado com outros, composto de uma pluralidade de
vozes com as quais se dialoga, negocia, debate, para produzir definições e modos de manejar a doença.

Destaque (Azul) | Posição 1568

O aparecimento de uma doença mental consiste em uma situação problemática que põe em movimento um
complexo processo social para se lidar com ela e, ainda que este processo se possa iniciar pelo indivíduo em
aflição, na maioria das vezes se desencadeia pelos membros de suas redes de relações, que, percebendo algumas
alterações nos modos de interação social rotineiros, definem tais perturbações no comportamento como
resultado de problema mental e, partindo desta definição, (re)orientam suas ações para com o indivíduo.

Destaque (Amarelo) e nota | Posição 1572

rede social.

Rede social no sentido de rede de relacões.

Destaque (Azul) | Posição 1574

Além disso, lidar com um problema mental pode reafirmar, criar ou mesmo destruir determinadas redes sociais,
bem como pode modificar a trajetória da vida social não só do indivíduo que apresenta o problema, mas também
daqueles que estão envolvidos com ele.
Destaque (Azul) | Posição 1576

O estudo das redes sociais que se mobilizam em torno de um problema mental é, portanto, um dos pontos
essenciais para compreensão da construção do problema mental em contextos sociais específicos.

Destaque (Azul) | Posição 1626

Os estudos que tratam de redes sociais e saúde não adotam uma perspectiva muito distinta. A questão que
normalmente apontam diz respeito aos efeitos da estrutura das redes sociais na busca de ajuda médica,
permitindo, por exemplo, que indivíduos, de acordo com as redes em que estão envolvidos, tenham mais
probabilidade de recorrer ao médico ou ao psiquiatra (Price, 1981).

Destaque (Azul) | Posição 1822

Há, portanto, uma certa margem de negociação na atribuição do status de doente. Em geral, o núcleo de pessoas
mais próximas do doente procura afirmar e difundir explicações para o problema que minimizem os danos à sua
identidade.

Destaque (Amarelo) | Posição 2082

A história de Nando chama a atenção, assim como a de Zelinha, para o fato de que a existência de um alto grau
de interconexão em uma rede social não implica necessariamente consenso acerca do problema.

Destaque (Azul) | Posição 2165

Por outro lado, este episódio nos sugere também que as redes sociais que se mobilizam nos casos de doença não
são exclusivamente individuais, mas são, em grande medida, redes ligadas à família. Ε como é a mulher, a
mãe, a principal articuladora destas redes de relações, sua ausência (ou o fato de a mãe não conseguir
estabelecer bem as conexões) pode significar para o indivíduo a perda, pelo menos parcial, da capacidade
de poder contar com apoio.

Destaque (Azul) | Posição 2191

As pesquisas que centram a análise basicamente na investigação dos vínculos com o cônjuge, parentes próximos
e amigos íntimos partem do pressuposto de que os significados atribuídos a tais relações são claros, não
ambíguos. Não consideram, na devida medida, que os padrões normativos, as expectativas ligadas ao casamento
e à relação com parentes, as avaliações de proximidade e intimidade variam amplamente, de acordo com a
sociedade, certos setores dentro de uma sociedade e entre os indivíduos.

Destaque (Rosa) | Posição 2194

Tomam-se como supostos termos como 'amigos íntimos', 'família', 'parentes', sem que se analisem os
significados que adquirem em contextos sociais específicos.
Destaque (Azul) | Posição 2239

A atribuição a alguém de um papel de 'doente', ou do rótulo de 'louco', emerge de um processo interativo que
envolve a participação de vários atores pertencentes às redes sociais. Importa ressaltar, portanto, que se as redes
sociais possuem uma dimensão que induz e constrange o comportamento dos indivíduos, levando-os a tomar
certas decisões, possuem também um papel produtivo e construtivo, pois ser doente não é apenas uma condição
biológica ou psicologicamente dada, mas um produto constituído com base nas definições e reações dos outros.

Destaque (Azul) | Posição 2254

Como os dados do Nordeste de Amaralina nos mostram, ao longo de um processo de doença as redes sociais não
se mantêm estáticas; laços sociais se mobilizam (e desmobilizam) em momentos distintos, relações se criam e
rompem à medida que a enfermidade segue seu curso. As redes sociais podem ter um caráter transitório, isto é,
certas relações podem permanecer muito tempo em uma espécie de estado de latência e só se mobilizar em
certos contextos situacionais, em que um indivíduo, ou uma família, são lançados na dependência de outros, por
acontecimentos com os quais não podem lidar sozinhos (Janzen, 1964; Boswell, 1969).

Você também pode gostar