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O nome cabaça é utilizado para designar pelo menos duas espécies distintas. Existem
dois tipos de cabaça, um que nasce em árvores, também chamado cuité (Crescentia
cujete), e uma outra com o hábito de trepadeira (Lagenaria vulgaris). Os índios tupis já
a utilizavam, denominando a mesma de Ku ‘ ya, nome que foi incorporado por nós
como cuia.
Flor da cabaceira
A cabaça redonda (Crescentia cujete) é chamada nas casas de Candomblé por igbá,
nome que faz alusão a sua forma. Durante muito tempo seus frutos foram utilizados
como principal assentamento dos orixás, sendo substituído atualmente por tigelas de
materiais diversos como porcelana e vidro. Entretanto, algumas casas ainda preservam
essa tradição.
No culto de Ifá é usada como morada de Odú, esposa de Orunmilá, recebendo o nome
de Igbàdú. É nessa cabaça que céu e terra se unem, constituindo toda a existência e o
equilíbrio entre a representação masculina e feminina, o frio e o quente. Esse fato liga o
seu uso aos cultos de Obatalá, Oduduwá e Orunmilá.
Fruto da cabaça
A cabaça representa o Segredo (Awo), fato que é atestado durante uma cerimônia
conhecida por “Ideká”, ou mais popularmente, como “Entrega de Cuia”. O
termo ideká significa “transmissão de segredo”, fazendo parte do fechamento do ciclo
de iniciação. Durante essa cerimônia, que só pode ser realizada após sete (7) anos de
feitura, o iniciado ascende ao grau de Egbomí (irmão mais velho), podendo participar
ativamente de uma série de cerimônias e atividades que antes lhe eram vetados. É nesse
momento também que o mesmo pode receber (ou não) um Oye (cargo), que pode ser
deIya(Babá)lorisá ou outro qualquer (Iya Kekere, Iyábasé, Runsó (Jeje)). É interessante
ressaltar que, passar pelo Ideká é um direito de todo aquele que possua sete (7) anos de
iniciado e esteja com as obrigações em dia. Entretanto, em casas tradicionais, o
recebimento de Oye (cargo) não é para todos, e vai depender do odú individual. Ou seja,
nem todos os iniciados nascem para ocupar cargos, nem tão pouco para abrirem ilês.
É a cabaça também que ocupará lugar de destaque, durante o ritual do Asèsè,
representando a cabeça do falecido.. Local onde todos depositarão moedas.. Durante
o Ìpàdé, ritual de homenagem a Esú e todos os ancestrais masculinos e femininos (Iyá
Mí), novamente lá estará a cabaça recendo diversas oferendas.
Árvore da cabaça
As folhas de Lagenaria vulgaris, extremamente amargas, são utilizadas para apressar o
parto, porém seu uso freqüente e em grande quantidade pode causar hemorragias sérias.
A espécie Crescentia cujetetambém possui capacidade de induzir a contração uterina,
sendo considerada abortiva. Isso faz com que sejam consideradas folhas quentes (ewe
gún). A cabaça é também utilizada na confecção de berimbaus e outros instrumentos
musicais.
Artesanato de cabaça -Espaço de Capoeiragem Mestre Marujo ( Sede CPCAC)
Órùn a f’Èsù
Òdàrà kó ba l’ayo
Órùn a f’Èsù
Ase lè be kó ba l’O
Categories: Árvores sagradas, Axexê, Cantigas, Ewe Orixá, Vodun | Tags: Crescentia
cujete, erù iyawo, exu, Ideká, igba ori, Igbàdú, Ìpàdé, Lagenaria vulgaris, Legba | 2
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O ewé boyí é conhecido pelo nome popular de bétis cheiroso ou pimenta de macaco
Obs: Opeére é uma ave africana que está ligado ao culto de Ossayin. Assim como Eyé,
voa e informa ao seu Senhor tudo que acontece na Floresta Sagrada.
Categories: Orixá | 1 Comment
Aí vai o korin ewe para a folha do ewe itá (pitanga – Eugenia pitanga). Na verdade essa
cantiga também serve para a folha de étipónlá, conhecida como erva-tostão ou agarra-
pinto (Boerhaavia difussa).
Ifá owó Ifá omo
Etiponlá wa fi pá burúrú
Ita owó, ita omo
Etiponlá wa fi pá burúrú
Nós utilizamos para acabar com as complicações
Etiponlá que nós usamos para acabar com as complicações
A folha de Ita atrai dinheiro, Ita atrai filhos
Conhecimento Universal
Posted on 22 de outubro de 2009 by Gunfaremim
O intuito desse blog não é provar quem é detentor de mais ou menos conhecimento.
Estamos aqui para trocar informações, ensinar, aprender… Falar, ouvir… O
conhecimento absoluto só é permitido a Olodumare, Senhor dos Nossos Destinos.
Quanto a nós, podemos absorver apenas alguns fragmentos dessa Sabedoria
Universal.
Pois bem, diversas comunidades iniciáticas, que buscam o conhecimento como forma
de entender o que se esconde por detrás do que não está visível, costumam chegar a
algumas conclusões em comum. Podemos exemplificar as Grandes Lojas Maçonicas,
a maioria dos Covens (ou Conciliábulos), onde a Deusa é cultuada, e a Sociedade de
Ifá. Orunmilá nos ensina que um dos maiores conhecimentos que um homem pode
alcançar é a noção de respeito pelo irmão. Na verdade a partir desse pilar que vai ser
construída toda a base de outros conhecimentos. Quando respeitamos o irmão,
adquirimos o seu respeito. Orunmilá EXIGE de seus escolhidos uma rigidez com
relação a conduta e as palavras. A palavra proferida muitas vezes tem tanta força
quanto um sacrifício animal, seja cuidadoso. Respeite seus irmãos, seja polêmico, sim,
discorde. Mas nunca deixe de lado o respeito, a cordialidade. Faça o seu caminho,
mas não interfira de forma negativa no caminho do outro. A Lei Universal é severa.
Como dizem os Sacerdotes de Orunmilá: A boru A boye A bosise! Tudo de bom pra
você, tenha boa saúde e prosperidade!
Por Jonatas Gunfaremim
Categories: Orixá | Leave a comment
Ekodidé
Posted on 10 de outubro de 2009 by Gunfaremim
Ábèbè ni gbo wa
Ábèbè ni n’bó
Ewe ábèbè
Ábèbè ni gbo wa
Ábèbè ni n’bó
Ewe ábèbè
Tradução livre
É a folha de Abebe que iremos ouvir
Folha do Abebe
Esse blog me inspirou a criar o meu. Esse cara é uma das minhas principais
referencias no quesito Ewe Orisá. O seu livro Ewe é para mim uma espécie de Bíblia,
que estou sempre consultando. Os meus respeitos Tio Napoleão
Folhas no Candomblé
Posted on 23 de setembro de 2009 by Gunfaremim
Dois vídeos bem interessantes que falam sobre a Sassayin, ritual de sacralização das
folhas sagradas.
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=tfxsy4WR5dk&feature=related]
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=kh5LuyxvO-Y]
Folha de Ogum, Atinsá de fundamento no culto aos voduns. Atrai sorte e a proteção
do Senhor da Faca (Olobé). Gosto muito desse korin ewe, pois relembra um
importante itan orisá. Aféfé espalhou as folhas, cada orisá pegou a sua, porém quem
detona o asé é Ossayin. Ewe o!!!
Ewé kíkán kikán Oya gbálè ó
Ewé kíkán kikán Oya gbálè
Ewé mi l’Osayin Ewé mi kò sílè
Ewé kíká kikán Oya gbálè
Oyá espalhou as folhas do cajazeiro
Minhas folhas, são de Ossanhe
Oya não jogue minhas folhas no chão
Oyá espalhou as folhas do cajazeiro
Categories: Candomblé, Cantigas, Ewe Orixá, Lendas, Orin ewé, Orixá
| Tags: afefe, atinsá, caja mirim,cajazeira, okinkan, olobe, orika, spondias lutea | Leave
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Fitoterapia e Gestação
Posted on 23 de setembro de 2009 by Gunfaremim
Quando falamos em receitas para engravidar devemos ser muito
cuidadosos… Primeiro temos que saber a causa pelo qual não se engravida:
É espiritual apenas ou é de origem orgânica? Nós vivemos noaye (mundo
dos vivos), por isso nem tudo deve ser resolvido só pelo lado espiritual. Às
vezes é bom combinar os dois lados…
Toda planta possui um princípio ativo (a substância química que vai agir no
nosso corpo) que pode agir de formas variadas, dependendo do seu
metabolismo individual, condição de saúde, idade, etc. Existem diversas
ervas utilizadas para auxiliar na concepção e gestação. O seu uso deve ser
feito com precaução, nunca devemos esquecer que as plantas são remédio,
e o que pode separar o remédio do veneno pode ser, por exemplo, a dose.
Por isso muito cuidado na sua utilização, principalmente se for ingerir
através de chás.
Por exemplo, existem folhas que quando ingeridas afinam o endométrio (tecido
que reveste a parede interna do útero e onde o embrião vai se fixar e se
desenvolver durante a gestação). Uma mulher que faço uso contínuo desse tipo de
erva vai ter dificuldade para engravidar, pois o embrião não vai conseguir se
implantar. Outras ervas tem efeito citotóxico, ou seja podem intoxicar e afetar
negativamente o feto em desenvolvimento. Ainda existem aquelas que aumentam a
contração da parede do útero, levando ao aborto, a exemplo do
nosso jokonijé(cipó-mil-homens- Aristolochia sp.).
Bom, mas também existem as folhas que nos auxiliam… uma que costuma ser bem
utilizada é oÌyèye (aperta ruão- Piper mollicomum), folha da Senhora da Gestação,
Osun. Seu uso é feito na forma de banhos e sacudimentos em casos de dificuldade
em engravidar, não devendo ser ingerido, é abortivo. Outras folhas utilizadas em
banhos, também de Osún, são o gbági (pata de galinha- Eleusine indica),
o òrúru (tulipa africana- Spathodea campanulata) e a flor de Èsá pupade cor
amarela (mimo de vênus- Hibiscus sinensis).
Obs: Antes de utilizar qualquer folha procure o auxílio de alguém de sua
confiança, um sacerdote (sacerdotiza) que conheça os ewe (nsabas) e seus
segredos, ou até mesmo um fitoterapeuta sério. Lembre-se que uma erva
pode servir para mim e não ser indicada para você. O poder das folhas é
grande, uma folha bem empregada pode levantar uma vida, mas também
pode causar sérios problemas.
Ossayin na Santeria
Posted on 9 de junho de 2012 by Gunfaremim
Ossain e a MPB
Posted on 9 de junho de 2012 by Gunfaremim
Belíssima interpretação de Maria Creuza:
Bomgbo sé mi Aguê mirô aê aê
Bomgbo sé mi Aguê mi rô aê Aguê.
Categories: Cantigas, Ewe Orixá, Orin ewé, Ossayin, Vídeo | Leave a comment
FOLHAS SAGRADAS
Posted on 1 de junho de 2012 by Gunfaremim
Esse vídeo foi produzido há vários anos, sob a direção de meu Pai Flávio de Oguian, e
conta com a voz belíssima de sua esposa, companheira e Iyá Ilé de nossa casa, ekeji
Lucinha de Oxum. Também estavam na produção deste vídeo o Diretor Luiz Fernando
Sarmento e Raul Lody.
Ìpesán
Ìpesán elewa
Èiyé t’alo ké mo mase so
Lindo Ìpesán
Que ave te impediu de dar frutos?
Ataare
Ata kò ro ju ewé o
A lele kò ro ju ígbó-ògùn
Pimenta não é mais forte que folha
Vento não é mais forte que floresta de remédios.
Ìrókò
Èró ìrókò
Ìrókò ìso èró
Calma é de Iroko
Iroko não falha.
Ewé igbá ája/ Ewé inón
(Igbá) Ája wu’na góróró
(Igbá) Ája wú’na
A wu inón (Ewé inón)
(Igbá) Ája abre caminho estreito
(Igbá) Ája abre caminho
Caminho de fogo
Ábèbè
Ábèbè ni gbo waÁbèbè ni n’bó
Ewe ábèbè
Ábèbè ni gbo wa
Ábèbè ni n’bó
Ewe ábèbè
É a folha de Abebê que iremos ouvir
Folha que cultuamos sobre a ení
Folha do Abebe
Òdúndún
Òdúndún bàbá t’èrò re
Òdúndún bàbá t’èrò re
Bàbá t’èrò re
Monlè t’èrò
Òdúndún bàbá t’èrò re
Babá mi, má sùn o –Meu pai, não durma, vigie todos os seus filhos!
Quando o orixá Ikú se aproxima, e abraça alguém com seu hálito frio, Ele não torna
essa pessoa melhor nem pior, apenas restitui a terra o que dela saiu. Após a
passagem de Ikú, seremos lembrados pelas ações que tivemos quando vivos, sejam
elas boas ou más.
Por outro lado, aqueles que observam a passagem de Ikú têm a possibilidade de se
modificarem. De aprender que o orgulho, a vaidade e os pequenos ressentimentos de
nada nos servem, pelo contrário só nos atrasam e nos impedem de caminhar, de
sermos felizes..
Aprendi no Candomblé muita coisa boa, uma delas foi o sentimento de comunidade,
de espírito coletivo. Tudo que fazemos, realizamos junto com alguém, por isso
aprendemos a contar sempre com o outro. Ninguém toca um Candomblé sozinho.
Quando nascemos, somos cortejados pelos nossos mais velhos, que nos ajudam a
caminhar e alegremente cantam: Ikodidé, adupé ìyawó. Ofé re jé! Momento único nas
nossas vidas.
Aprendi que, assim como, quando nascemos não estamos sozinhos, quando partimos
também não ficamos solitários. Um iniciado nunca será apenas mais um, um número
frio e sem valor. Ele pertence a uma comunidade, a comunidade o acolheu e ele a
escolheu. Por isso a comunidade estará presente no momento em que o ará retornar
para a terra. Não é uma questão pessoal, mas espiritual.
De acordo com o dicionário tupi, a palavra “mbóia” ou “mboy” designa cobra, e “y”
seria água, em uma pronúncia gutural difícil de ser grafada. O nome jibóia tem origem
indígena e significa literalmente “cobra d’água”.
Segundo o Feng Shui, não se deve deixar que ela se enrole dentro do vaso, e sim que
ela suba pela parede. Nesse caso sua indicação seria para harmonização dos
ambientes e favorecimento do crescimento profissional, utilizada nos ambientes
fechados como escritórios e salas de reuniões.
A jibóia encontra-se na lista divulgada pela NASA das plantas de interior campeãs na
filtragem do ar. Essas plantas agiriam não só reciclando o dióxido de carbono (CO 2) e
liberando oxigênio, mas tambémretirando diversos poluentes do ar, como os gases
formaldeídos, utilizados na fabricação de corantes e vidros.
Filodendro e Costela-de-adão
Embora possua diversos aspectos positivos, devesse ter atenção redobrada com
relação a essa planta, principalmente em ambientes com crianças e animais
domésticos, pois como outros representantes de sua família (comigo-ninguém-pode e
o filodendro, por exemplo) acumulam cristais de oxalato de cálcio em seus tecidos,
tornando-se tóxicas quando mastigadas ou ingeridas. Esses cristais podem afetar a
orofaringe, causando irritação oral e inchaço das mucosas do trato gastrointestinal.
Talvez esse seja um dos motivos pelo qual a jibóia também é conhecida como era-do-
diabo..
Nas casas de Candomblé a jibóia é tida como uma ewé apa òsí, estando ligada tanto
ao elemento água como a terra, embora também transite pelo ar. Em seu nome ioruba
também trás alusão a cobra mítica, ewé dan, folha da serpente. Costuma ser
empregada com certa freqüência em alguma casas de Jeje, nos processos de
iniciação e em baixo das esteiras (enim/zocré) do vodunsi. Essa folha é consagrada ao
orixá Oxumare.
Na Nação Jeje, observamos não só uma ritualística própria, mas também toda uma
terminologia característica, que em alguns casos pode variar de acordo com o Asé ao
qual a casa descende. Dentre os principais rituais praticados podemos citar: o Pole, o
Tó, o Zandró, o Sanjebe, o Kuhan, o Gboitá, o Zô e o Sarapokan (Sapokan). É
costume entre os antigos dizer que alguém só pode ser considerado realmente um
vodunci se tiver recebido o Hungbe, ou seja, tenha passado por todos os rituais
necessários para uma verdadeira iniciação no culto aos voduns. É interessante
observar que muitos desses rituais tiveram que sofrer adaptações, devido à
proximidade com o meio urbano. Outros, como o ritual de Gra (ou Grau) apresentam-
se em quase extinção.
Roça do Ventura: Da esquerda para a direita, ogã Boboso (Ambrósio Bispo Conceição), vodunsi
Alda dos Santos Menezes da Silva, ogã Bernardino Pereira dos Santos e a vodunsi Alaide
Augusta da Conceição. Foto: MARCO AURÉLIO MARTINS
Alguns cargos empregados são:
*Doté/ Doné – Respectivamente Babalorisá e Iyalorisá. Quando o termo usado for
Tochê ou Nochê os respectivos significados são “meu pai” ou “minha mãe”. Também é
comum aos filhos responderem ao Doté ou Doné por Dê, que significa senhor, meu
Pai. Esses termos são utilizados por filhos dos voduns Kaviuno. Quando o vodun do
filho pertencer à família de Dan esse deverá chamar o sacerdote por Mejitó, da mesma
forma os filhos de divindades nagô-vodun chamarão seu iniciador por Gayaku.
*Huntó/ Runtó – É o encarregado de chefiar todos os demais tocadores de atabaque.
Na verdade o Huntó é um cargo equivalente ao de Ogan, podendo existir outros, como
Pejigan, Gaimpe e Abajigan.
* Vodunciponcilê – Cargo semelhante ao de Ekéji.
*Hosegan/ Gonzengan – Semelhante à Vodunciponcilê porém sua principal função é
cuidar das quartinhas (gonzen) e eventualmente dos Gra. Em determinadas linhagens
dessa nação são realizados orôs especiais com a finalidade de se invocar os Gra, que
antecedem o processo de feitura. São considerados uma forma de espírito selvagem,
que após ser concluído o processo iniciático não mais retorna.
*Hunso/Runssó – Mulher encarregada da cozinha do barracão.
*Dere- É a mulher encarregada de cuidar da vodunci durante sua iniciação, seria sua
mãe pequena.
*Adagan – Escolhida entre as filhas de santo mais antigas da casa, que por sua
experiência é encarregada de algumas cerimônias e rituais importantes como cuidar
de Legba, é um cargo exclusivo para mulheres exigindo também grande
responsabilidade. Cabe ressaltar a importância deste cargo, uma vez que em muitos
axés cuidar de Exú é tarefa restrita aos homens.
*Sidagan- É também uma filha de santo antiga, sendo a sua função auxiliar a Dagan.
Esses dois cargos são de tamanha importância, pois cabe a Sidagan recitar o ajebé,
cantiga secreta que quando entoada pode salvar uma pessoa da morte ou
restabelecer a saúde de alguém muito doente.
*Adogan – É o filho de santo (homem) encarregado de cuidar da roça, ou seja da área
aonde estão plantadas as árvores sagradas do terreiro.
*Vodunsi – O termo significa esposa do vodun e é equivalente á iyawô.
*Etemi- Vodunci iniciada para nagô-vodun e que já tenha mais de 7 anos de iniciação.
*Hurete/Arruretê – Pessoa que ainda não passou pelo ritual de iniciação, Abian.
Ainda observamos o termo Humbono, que é dado ao primeiro filho de santo iniciado
pelo zelador, cabendo a ele o direito de substituí-lo após o seu falecimento, até que
seja escolhido o seu sucessor.
Bessem/ Akóro Bessem é o vodun chefe de toda nação Jeje, senhor da riqueza e da
sabedoria, quem trás harmonia ao mundo. É o próprio arco-íris, a grande idan (cobra)
que desce à Terra para beber água e nos traz a fartura através da chuva que fertiliza o
chão.
Piton Africana (Python Regius)
TEXTO ESCRITO POR JONATAS GUNFAREMIM
Categories: Candomblé, Nações Africanas, Vodun | Tags: bessem, dan, jeje, kwe seja
unde, o Gboitá,o Kuhan, o Pole, o Sanjebe, o Tó, o Zandró, o Zô e o Sarapokan
(Sapokan), oxumare | 3 Comments
Amúnimúyè (Centratherum
punctatum)Balainho-de-velho, perpétua-
roxa, perpétua-do-mato
Posted on 10 de janeiro de 2012 by Gunfaremim
Conta a lenda que “Oxóssi, o grande caçador e rei da nação Ketu, foi avisado do
perigo que corria ao percorrer todos os dias os domínios de Ossain. Este orixá, dono
das “folhas” costumava prender junto a si aqueles que se aventuravam em suas
matas. Certo dia, deu-se o encontro e Oxóssi bebeu da poção que Ossain lhe
ofereceu, permanecendo junto a ele sem consciência de quem era, esquecendo sua
família e seus afazeres. Havia tomado amúnimúyè, a “folha do esquecimento” ou “a
que tira a consciência”” (PESSOA DE BARROS, 1994).
Balainho de velho (amúnimúyè)
A folha que nos referimos é conhecida nas casas de Candomblé como amúnimúyè,
que significa “aquela que se apossa de uma pessoa e de sua inteligência”. Devido a
suas propriedades mágicas é considerada importantíssima nos rituais de iniciação,
onde, associada a outros componentes, irá facilitar o transe e permitir que o orixá se
aproxime de seu filho. Embora esteja ligada ao transe, é considerada uma folha eró e
não gún. Seu principal aspecto é masculino e seu elemento é o ar.
Senecio abyssinicus
Um fato interessante dessa planta é que ela se destaca como uma das principais
flores visitadas pelas abelhas da espécie Apis mellifera, sendo excelente fornecedora
de néctar, ajudando assim no aumento da produção de mel. Segundo é bem
conhecido por todos no Candomblé, o mel é uma das principais kizilas (ewó/interdito)
de Oxóssi.. Dizem que quando ele come mel, fica completamente perdido, sendo
facilmente dominado.. Igual a Barú quando come ilá (quiabo).. Lembram da lenda que
contamos? Ossain não era bobo e sempre carregava amúnimúyèem sua grande
cabaça (igbá) do mistério.
Esse itan faz parte da série de programas ” A cor da Cultura”. Fala como Ossaim se
tornou o Senhor das Folhas e como cada orixá pegou a sua..
Folha de fogo
Dormideira: ewé ápéjè (Mimosa pudica)
Olho-de-santa-luzia: ojúoró (Pistia stratiotes)
Cabaceira: Igi Igbá (Crescentia cujete)
Jequiriti: wérénjéjé (Abrus precatorius)
Categories: Lendas, Ossayin, Vídeo | Tags: abrus precatorius, clidemia hirta, cor da
cultura,Crescentia cujete, Dracaena fragans, gossypium barbadense, itan, mimosa
pudica, ossaim, pistia stratiotes, video | 1 Comment
Garra de Exú
Planta que é muito conhecida nas casas de Candomblé pois é fundamental nos
assentamentos do orixá Exú, e também dos chamados “catiços”, recebendo por isso
os nomes de garra de exú, garra do diabo e unha de pomba-gira. Nesse caso, a parte
utilizada é a semente que possui um aspecto bem interessante, realmente lembrando
garras afiadas. Suas sementes (ou favas) são utilizadas principalmente para dar força
ao assentamento e garantir a proteção desejada. Não podemos esquecer que tudo
que é pontiagudo e cortante pertence a Exú.
Seu nome científico é Martynia annua e, segundo alguns estudos científicos, é fonte
de extração de diversas substâncias como o ácido hidróxi-benzóico, ácido palmítico,
ácido linólico e ácido oléico. O seu fruto teria propriedades anti-inflamatória e
analgésica, suas raízes utilizadas no tratamento de picada de cobra e a planta toda
teria ação anticonvulsivante.
Que Exú nos proteja sempre com suas garras, e que elas estejam sempre afiadas
para nos livrar de nossos inimigos..
Folhas Martynia annua
A pade Olonon e
Mo juba Ojisé
A pade Olonon e
Mo juba Ojisé
Awa sé awo,
Awa sé awo, awa sé awo
Mo juba Ojisé
E Elegbara
Elegbara Esú
Ó Sá kere kere
Akesan Bara Esú ó Sá kere kere
Elegbara Esú
Ó Sá kere kere
Akesan Bara Esú ó Sá kere kere
Garra de pomba-gira
Senhor da Força,
Senhor do Poder, Exu é o Dono do Mundo
Senhor da Força
Cumprimentamos o Chefe
Oriká..
Posted on 28 de novembro de 2011 by Gunfaremim
Òkikà
Idí l’ó ní kí osó àjé kí won ó dirù kí wòn ó máa lo
Òkikà l’ó ní kí won má yà s’ódò mi mó
Akikà l’ó ní won ó kó gbogbo erù won jáde nílé mi
Àjé òfòlé l’ó ní won kò níí lè fò lé mi
Igikígi ta egbò k’ó kan àsùrìn, yóò máa kú
Spondias mombin
Idí diz que tanto os bruxos quanto as bruxas devem fazer as malas e ir embora.
Òkikà diz que eles não devem voltar a mim nunca mais.
Akika diz que eles devem tirar toda a sua bagagem da minha casa.
Àjé ófólé diz que eles não conseguirão se empoleirar em mim.
Qualquer árvore que criar raízes para tocar a raiz de àsùrìn morrerá.
A raiz morta da árvore preencheu o espaço com a sua própria espessura.
“Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E
interpreta a partir de onde os pés pisam.”
Uma coisa fantástica de se conviver em comunidade é que cada um tem a sua forma
de pensar e agir, ninguém precisa concordar o tempo todo com o que outro diz. Essa é
uma das nossas maiores riquezas, conseguimos discordar e mesmo assim nos
respeitar. Concordo totalmente que a escravidão sempre será uma coisa horrorosa e
triste. Também concordo que as traduções são formas de interpretação dos fatos, que
muitas vezes vão favorecer a visão daquele que interpreta..
Ayrá òjo mo pè re'se. A mo pè re'se.
Só discordo totalmente quando alguém afirma que é contra o uso, “interpretação” ou
tradução da palavra escravo. Não acho que deixando de utilizar uma palavra iremos
apagar o seu significado. A História nos ensina isso.. Em 14 de Dezembro de 1890
todos os papéis, livros de registros fiscais e de matrículas do período da escravidão no
país foram queimados, por ordem de Rui Barbosa (Ministro da Fazenda). Embora
existam outras explicações menos nobres, se diz que foi para que esse período
tenebroso de nossa História fosse esquecido. Será que conseguimos esquecer? Claro
que não, pelo contrário, a escravidão está mais viva do que nunca.
Por outro lado, essa tentativa de esquecimento gerou um problema muito sério.. Com
a perda desses documentos foram perdidos os registros de procedência desses
homens e mulheres que chegaram aqui na condição de escravos.. Embora
trouxessem em sua alma todas as lembranças, não tinham mais como provar de onde
vieram.. Isso faz com que atualmente seja muito difícil, quase impossível, para algum
afro-descendente tentar provar legalmente que seu avô (ou bisavô) tenha sido
escravo, ou ainda qual era a sua origem: Angola, Zambia, Nigéria, Benin, Savalu..
Gostaria muito de comprovar legalmente minha(s) origem(ns) africanas, adquirir dupla
nacionalidade, mas como? Foi tudo queimado..
Placa de tombamento da Casa Branca. Resultado de muita resistência e luta.
No meu axé (Engenho Velho) costumamos realizar, no dia seguinte a festa do nome, a
cerimônia do Panan, onde será feita as quebras das kizilas do iyawo. Uma das etapas
dessa cerimônia é a compra do Iyawo, que é apresentado a todos como um escravo..
É feito uma espécie de leilão e aquele que der o maior lance fica com o iyawo. Para
uma pessoa mais desavisada o ritual pode parecer um ato de violência e sem sentido.
Expor alguém, como escravo, que absurdo.. Mas me recordo bem, meu pai sempre
explicava a todos ao final do ritual: “um filho de santo (iyawo) não se vende e nem se
compra, o valor de cada um é único e não há dinheiro que pague.” Aquele ritual nos
fazia recordar de todo o sofrimento de nossos ancestrais, mas ao mesmo tempo
também nos fazia mais fortes. Sabíamos que a partir daquele momento não
estávamos mais sozinhos, tínhamos um orixá a nos proteger, fazíamos parte de toda
uma comunidade, estávamos novamente ligados aos nossos ancestrais, sabíamos o
nosso valor. Teríamos que continuar resistindo..
Embora saiba que a escravidão não ocorreu exclusivamente com os povos africanos,
escrevo principalmente pensando nesse povo, já que são meus ancestrais mais
próximos. Não gosto da palavra “matar” ou “sacrificar”, entretanto sei que sempre
farão parte do culto, nas Casas de Candomblé, embora já existam pessoas querendo
modificar isso também. Como oferecer determinadas oferendas a Ogún sem cantar;
“èjè s’orò ‘ro Ògún pa o”? Quando uso a palavra eru como escravo, tenho o mesmo
pensamento. Embora possam carregar uma simbologia difícil de ser entendida para
alguns, faz parte da cultura que herdamos (que não é a cultura ocidental). E outra
coisa, sabemos o porquê e quando as utilizamos..
Com relação à frase “O pássaro, é escravo de Ossain, ainda que seja livre”, estava
apenas utilizando uma linguagem poética. Sou filho de Ogún, mas aprendi que não
devemos levar tudo na ponta da faca. Existem várias formas de prisão, que não
necessariamente acontecerão com correntes ou grades..
Oxum! Mãe do primeiro iyawo.. Senhora dos nossos corações.. Mãe do Amor..
Como nos diria Luiz Vaz de Camões: É querer estar preso por vontade;/É servir a
quem vence, o vencedor;/É ter com quem nos mata lealdade./ Mas como causar pode
seu favor/Nos corações humanos amizade,/se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Erú, o escravo..
Posted on 6 de novembro de 2011 by Gunfaremim
O pequeno òpéré voa e sempre retorna ao seu Senhor.. Òsaníyn. Desenho de Patrick de Ayrá
Apesar do ranço histórico que essa palavra carrega o termo “escravo” é amplamente
utilizado na cultura africana. As ewé érú (também chamadas ewé òfá) são conhecidas
como folhas escrava ou substitutas. Nesse caso a conotação não é pejorativa, mas
sim que essa folha está intimamente ligada a principal, são parentes.
Uma das traduções possíveis é “escravo das feiticeiras”. Estamos falando de Eleyé, as
Senhoras do Pássaro, ao qual Osányìn está ligado. Eyé é a ave que está subordinada
a Òsányin, a ele conta tudo. Eyé também presta serviços as Iya Mí Agbá, dizem que
as mesmas se transformam em um. O opéréé uma ave, relacionada ao mito de
Òsányin, voa alto, mas sempre retorna para o seu senhor, pousando em sua
ferramenta ou se aninhando dentro da cabaça (ado). Logo é seu escravo, mesmo
sendo livre.
Saci Pererê
Existe um mito (itan) que Òsányìn costuma ser acompanhado por outra entidade muito
pequenina, e que às vezes também é descrita com uma só perna. Essa entidade seria
Aronì. Os mesmos mitos citam Aroní como sendo escravo de Osányìn.. Em iorubá
poderíamos, de repente chama-lo “Òsányìn sí kékeré”.. O pequeno filho de Ossaim..
Existe uma korin ewé que nos remete a essa divindade: O igi igi otá Aronì o/ Igi igi otá
Aronì/ Ewé bo igi igi/ Ni a oró oògun man/Igi igi otá Aronì (A árvore é a pedra de Aronì,
as folhas e a árvore conhecem os segredos da medicina e da mágia, a árvore é onde
Aronì está assentado).
A palavra erú significa escravo, servo ou mensageiro, mas dependendo de como for
escrita (e acentuada) pode ganhar vários significados: carga, peso, medo.. Vamos
imaginar um rei, que não pode estar presente em um evento, manda a quem
representá-lo? Seu mensageiro, que muitas vezes é um escravo.. Quando não
conseguimos determinada folha, utilizamos a sua escrava (mensageira).
Oriká
Ewé oriká
E Ogun mo lo mo
Irè Ogun mo mo
Ewé òkiká kiki
Ogun mo lo mo
Irè Ogun mo
Òkiká kiki
Ogun mo lo mo
Caja mirim, cajazeira, cajá-miúdo, cajá amarelo, taperebá
Ogum é o orixá que voce conhece
Ogum a reconhece
SACI PERERÊ
Hoje comemoramos em todo o território brasileiro o “Dia do Saci”, figura que povoa o
imaginário popular e faz parte de nossa cultura brasileira. Existem diversas
explicações para a sua origem, uma delas é que teria surgido entre populações
indígenas e depois recebido a influência dos povos africanos, sendo então
representado com uma perna só, com a pele negra, um gorro vermelho e com um
inseparável cachimbo.
Seu arquétipo está associado ao de um menino, muito esperto e alegre, que está
sempre disposto a realizar alguma traquinagem. Ele está a todo tempo pregando
alguma peça em quem caminha pelas matas ou em casas próximas delas. Ele gosta
de assustar os cavalos amarrando suas crinas, além de também esconder objetos
domésticos. É muito famoso por assustar os viajantes à noite, assoviando pela mata,
um assovio que ninguém consegue identificar de onde vem.. Dizem que quanto mais
fraco for o assovio mais perto ele está..
Uma cantiga muito conhecida de Oxalá nos ensina isso: “Elémówo alá si okan babá, É
ma awo é ma awo ala isê” (Senhor que conhece o segredo guardado em nossos
corações, sopro da vida). Quando Ele nos moldou, segundo o mito da Criação, tinha a
intenção de fazer todos iguais, as diferenças acabaram surgindo depois.. A matéria
prima foi a mesma (amon, a lama), depois é que foram acrescentados outros
ingredientes. Esses ingredientes fizeram com que cada um adquirisse uma
individualidade, mas não necessariamente que fizesse um ser mais valoroso que o
outro.
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