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O que é Epistemologia?

Adriano Miranda dos Santos1

Conforme o autor, a sobrevivência da escola é baseada em dois sujeitos essenciais: o


professor e o aluno. Com ausência de um destes atores a escola deixa de ser escola. Neste
sentido, o autor traz a necessidade da conscientização dos docentes em relação á importância do
seu trabalho dentro do contexto educacional.
A atuação do professor na escola passa pelo conhecimento de “sua clientela”, ou seja,
seus alunos, estabelecendo relações e criando laços com a família dos alunos com a comunidade
da qual a sua escola faz parte. É imprescindível que o professor conheça como se dá o
aprendizado dos seus alunos, como ele aprende. Com base nisso, o professor irá pautar as suas
ações, métodos e direcionamentos dentro da sala de aula.
O professor deve, de posse das teorias epistemológicas, ou teorias do conhecimento
fazer uma reflexão de como o aluno aprende para direcionar as suas ações pedagógicas. A
forma como o professor entende que se dá o aprendizado é a maneira que ele vai agir na sala de
aula e vai ministrar a sua aula.
O objetivo do professor é extrair do aluno aquilo que ele tem de melhor, o professor é
acima de tudo um educador. Educamos para a autonomia do aluno, para que ele aprenda a
caminhar por ele mesmo, não sendo um reflexo dos pensamentos alheios.
Mais a frente o autor traz alguns modelos epistemológicos de acordo com Fernando
Becker: A pedagogia diretiva, a não diretiva e a relacional.
No modelo pedagógico diretivo, o professor tem uma fisionomia séria, carrancuda,
fechada, de braços cruzados. As carteiras são dispostas na sala de forma enfileirada, o professor
é o centro das atenções.
Neste modelo a aula se dá da seguinte forma:

 O professor fala e o aluno escuta;


 O professor ensina e o aluno aprende;
 O professor dita e o aluno copia;
O modelo diretivo se dá nesse formato devido ao fato dele ter sido criado, por ter
aprendido deste jeito. “Assim eu fui educado, assim eu vou educar”. É uma concepção de
epistemologia que é chamada de Teoria Empirista. De acordo com esta teoria o aluno é uma
“tábula rasa”, uma “folha de papel em branco”, cabendo ao professor que é detentor do
conhecimento, imprimir nesta página em branco (o aluno) o conhecimento que ele possui. Esta
teoria, segundo o autor está desvinculada da aprendizagem.
Existe separação entre ensinar e aprender. O professor está ali pra ensinar, se o aluno
quiser ou não aprender, não importa, na concepção do professor, ele fez a sua parte. O objeto
(professor) determina o sujeito (aluno). A figura mais importante no processo ensino
aprendizagem nesta teoria é o professor. O aluno não tem conhecimentos prévios, cabendo o
professor “despejar” o seu conhecimento adquirido, nos alunos.
O modelo pedagógico não diretivo, como diz o nome, é o inverso do modelo anterior.
O aluno escolhe onde quer se sentar, dispõe a carteira da forma que ele quer, escolhe o que quer
aprender, determina seus horários e escolhe os livros que ele quer utilizar e se quer ou não fazer
anotações ou trabalhar em grupo. Neste modelo a figura do professor é diminuída, é apenas um
facilitador do processo ensino-aprendizagem. O professor deve interferir o mínimo possível no
aprendizado do aluno. O aluno deve aprender por ele mesmo. Neste modelo temos a concepção

1
Discente do Curso de Especialização Lato Sensu em Educação e suas Tecnologias do Instituto Federal
da Bahia, Campus Valença
epistemológica apriorista. Nela, os alunos já têm um conhecimento advindo de sua bagagem
genética. O professor tem o papel de fazer aflorar essa bagagem de conhecimentos nos seus
alunos. O sujeito (aluno) determina o objeto (professor). A ação pedagógica do professor não é
valorizada como deveria ser.
Por fim, é trazido o modelo pedagógico relacional. Neste modelo, professores e alunos
têm uma relação de igual para igual, onde um ajuda ao outro. Professores e alunos ensinam e
aprendem. Um não se sobrepõe a ação do outro. Os interesses e ideias dos alunos são
valorizados. O professor tem seu planejamento, não desprezando o que é de interesse do aluno.
O currículo, os planejamentos feitos para as disciplinas não são desconsiderados, mas
direcionados e adaptados de acordo com as necessidades dos alunos. Ele faz as pontes
necessárias entre o que foi planejando, inserindo aquilo que vai surgindo ao longo do
desempenho das atividades com base nas reações dos sujeitos (os alunos).
As ações do professor influenciam as ações do aluno e tende a modificá-las, aperfeiçoá-
las e vice versa. Só aprendemos quando problematizamos. Assim, a epistemologia que embasa
este modelo pedagógico é a Construtivista.

Análise e Discussão

Com base no vídeo, vemos que é de suma importância para nós docentes termos base e
conhecimento das teorias epistemológicas. Saber como o aluno aprende para determinar qual
metodologia iremos implementar na sala de aula é o primeiro passo para a nossa atuação em
sala de aula.
Estes três modelos, abordados anteriormente me remetem à algumas situações pelas
quais eu passei durante a minha trajetória acadêmica, quando discente do curso de Licenciatura
em Computação, na disciplina de Estágio IV. Traçamos um planejamento com base nos
métodos que vínhamos abordando nos estágios anteriores, seguindo ementas, planejamentos e
conteúdos comuns da área de informática. Porém, ao começarmos a empreitada nesta turma de
EJA, vimos que teríamos que adaptar a nossa metodologia de acordo com o perfil da turma.
Percebemos neste sentido que se tratássemos estes alunos como “tábulas rasas” nós realmente
iríamos “esgotar” o conteúdo proposto, porém o mesmo não teria nenhum significado para os
mesmos. Desta forma, mudamos a nossa abordagem para um modelo relacional, onde pudemos
identificar as necessidades destes alunos e readaptamos todo o nosso planejamento com base
nas necessidades destes alunos.
Outra situação pela qual me vi transitando nestes modelos citados anteriormente foi já
no lócus profissional, como professor de informática numa escola municipal. Como o município
não tinha uma matriz curricular para a disciplina, eu segui um modelo prévio de conteúdos com
base no que utilizei na graduação. Porém foi perceptível que aquele método não estava fluindo
com aquele público. Neste sentido, procurei adaptar novos métodos que englobassem os
mesmos conteúdos, mas com uma abordagem mais próxima da realidade destes alunos.
Concluo enfatizando a necessidade que nós professores temos de compreender as
diferentes realidades e formas com as quais os nossos alunos aprendem para que possamos
formar seres pensantes e cumprir o nosso papel como educadores, extraindo deles o seu melhor
e formando seres pensantes e autônomos.

REFERÊNCIAS
EPISTEMOLOGIA E TEORIAS PEDAGÓGICAS - PROF. ANTONIO MOURA. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=6RRZcZDHcIE. Acesso em: 20/05/2020.

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