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Stigler (1958) - Convertido PT PDF
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RICARDO E A TEORIA DO VALOR DO LABORO 95 r
G oeGE J. kTlGLElt*
AIr. Malthus shoz-s que, de facto, o valor permutável das mercadorias não é
exacto e proporcional à mão-de-obra que nelas foi empregada, o que não só
admito agora, como nunca neguei.
Ricardo, Works, II, 66.
O Ricardo tinha uma teoria de valorização do trabalho que ele acredita
que os valores relativos das mercadorias são governados exclusivamente
pelas quantidades relativas de trabalho necessárias para as produzir?
Um número considerável de historiadores da economia deram uma
resposta afirmativa e inequívoca a esta pergunta - um número
surpreendentemente grande de con- secundariza o facto de não existir a
mínima base para tal resposta". No decurso das suas exposições depara-se
com afirmações bastante notáveis, tais como "Ricardo assumiu que o
trabalho e o capital estavam numa proporção fixa em todas as indústrias",
ou que "Ricardo ... constantemente não dá atenção ao capital".
Presumivelmente, estes escritores não tiveram acesso aos príncipes de
Ricardo.
Os historiadores mais cuidadosos da doutrina reconheceram os vários e
importantes desvios de uma pura teoria do trabalho que Ricardo enfatizou
- aliado. Existe, de facto, um espectro quase contínuo de interpretações.
Num extremo desinteressante, alguns escritores argumentam que Ricardo
simplesmente se esqueceu ou não compreendeu a importância das
qualificações que fez. Um grupo muito importante avançou a opinião de
que Ricardo desejava manter uma teoria trabalhista de valor - Canan
encabeça o seu tratamento: "A Tentativa de Ricardo de Reviver a Teoria
do Trabalho Puro"* Eles sustentam que sob crítica adversa e auto-exame
honesto, Ricardo foi gradualmente forçado a introduzir em sucessivas
edições do Priitci uma série de qualificações de importância crescente,
para que no final
* O autor é professor de economia na Universidade de Columbia.
Alguns exemplos são E. Whitaker, A History oJ Economic Ideas, New York 1940, pp. 42.*-
25 ; P. C. Newman, The D erelo pment o f ñcoootnic Thought, New York 1952, p. 85 ; Emile
James, ffistoirc soinmairc de la pensfe fconomique, Paris 1955, pp. 88-89 ; e C. Gide e C. Rist,
d first or y oJ Economic Doctrines, 2nd ed, Nova Iorque, n.d., p. 164.
' G. Myrdal, The Political Element in the Dcycle pment oJ Economic Theor y, Cam- bridge
1954, p. 62; similarmente W. Stark, The History of Economies, New York 1944, p. 3fi.
' J. K. Ingram, A Histor y oJ Political Economy, Nez' York 1897, p. 121. d
Re-airte oJ EURcoaoi'iic Theor y, Londres 1929, p. 17a°.
não era realmente uma teoria do trabalho". Mas Ricardo não estava
disposto a abandonar completamente a teoria: "o seu coração agarrou-se
à teoria do trabalho puro",'' ou fez um "espectáculo corajoso" de
"identificar, na medida do possível, o valor e a quantidade de mão-de-
obra necessária para a produção"'.
Nas versões mais sofisticadas desta visão, a exposição formal da teoria
de Ricardo é, como creio, correcta e completa em substância, mas
persiste uma forte implicação de que Ricardo atribui mais do que
importância quantitativa ao trabalho na determinação dos valores".
Assim, depois de afirmar cuidadosamente "modificações" de Ricardo de
um teórico do trabalho3", St. Clair diz que Ricardo "varre-os a todos para
a base do lixo de papel"; pois "ele nunca se livrou inteiramente da ideia
com que começou, nomeadamente, que o trabalho é o único preço
exigido pela Natureza pelos seus dons". Os únicos economistas a
argumentar longamente que Ricardo tinha uma teoria do custo da
produção de valor, tanto quanto sei, foram Marshall, Diehl, e Viner - mas
que poderiam desejar mais conforto
aliados 7'°
A interpretação errada generalizada de uma doutrina líder de uma
névoa económica de primeira ordem não é um produto apenas de
pontos de vista e conhecimentos posteriores, pois já ocorreu durante a
vida de Ricardo. O presente ensaio procura expor com precisão qual
foi a teoria do valor de Ricardo, e examinar a interpretação que lhe foi
dada pelos seus principais contemporâneos.
I. A Teoria de Ricardo o| Valor
A formulação de Ricardo da sua teoria de valor foi muito influenciada
pelo seu desejo de corrigir o que ele acreditava serem os maiores erros da
teoria de Adam Smith. Para Smith, o valor a longo prazo de uma
mercadoria igualava
Esta "evolução" no pensamento de Ricardo foi aparentemente inventada por Hollander, "The
Development of Ricardo's Theory of Value", Qoort. A sua. Icon., 1903-4, XVIII, 435-91. Sraffa
demonstrou recentemente que se baseia numa concepção errada; Palavrase Correspondência de
David Ricardo, ed., "The Development of Ricardo's Theory of Value,". Piero Sraha, Cambridge,
Eng, 1951, I, xxxvii Se. (As referências subsequentes a este último serão dadas simplesmente
por volume e número de páginas).
Cannan, o fi. cit., p. 177.
Alexander Gray, The Dec elo pment o of Eco no sic Doctriae, New York 1931, p. 177.
Além do 0. St. Clair, pode-se citar A. C. Whitaker, H'ui tor y e Criticism oJ the Labor Theory of
Value, New York 1904, Ch. 5, p. 130-31, J. Schumpeter, Histor y oJ Economic Anal ysis, New York
1954, pp. 590-95, e H. Biaujeaud, Essai sur la théorie R.''cardieiine de la zaleur, Paris 1934.
A Ke y to Ricardo, New York 1957, pp. 40, 348.
" A discussão de Marshall está no Princie flee oJ Economics, 8ª ed. Londres, 1920, Appen- dix I. O
historiador líder da economia clássica inglesa fez notar que "Marshall tenta mostrar, desafiando todas
as evidências, que Ricardo nunca quis apresentar a pura teoria do valor do trabalho" ( Cannan, op. bit.,
p. 177 n). Viner criticou a posição de Cannan na sua distinta revisão do livro de Cannan, Economica,
1950, X, 78-80. O extenso, mas apenas moderadamente detalhado, relato de Karl Diehl encontra-se
em SozialwissenschaJtliche Erliiuterungeii zu David Ricardo's Grundgesetzen, Leipzig 1905, Pt I, pp.
1-50.
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Pelo menos dois historiadores de doutrina afirmaram o que eu considero ser a visão correcta