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Hidráulica e Hidrometria

Aula 9

Prof. João Carlos O. Pena


joao.cpena@pitagoras.com.br
Aula 9
Seção 3.3 – Perímetro molhado

Hidráulica e Hidrometria
Previamente foi visto!

Vimos nas aulas passadas sobre a parte introdutória e


energética dos escoamentos em canais.
A Seção 3.1 tratou da fundamentação introdutória dos
escoamentos em canais, elementos geométricos e
dimensionamento hidráulico, além de apresentar também a
seção circular parcialmente cheia e a de máxima eficiência.
A Seção 3.2 apresentou a questão energética dos escoamentos
em canais. Discorreu sobre a equação da conservação de
energia para canais abertos e sobre a energia específica deles

Hidráulica e Hidrometria
Seção de mínimo perímetro molhado

O perímetro molhado (P) é o comprimento total do canal que está em contato direto com o líquido
escoado.

Hidráulica e Hidrometria
Seção de mínimo perímetro molhado
Neste elemento hidráulico não se contabiliza a superfície livre, incluindo, assim, somente o
contato do líquido com o canal. Sabendo que a forma da seção tem influência no
perímetro molhado, a determinação do formato geométrico deve ser realizada antes do
seu dimensionamento.

Hidráulica e Hidrometria
Seção de mínimo perímetro molhado

Mantendo a inclinação de fundo e rugosidade da parede fixas,


Podemos analisar o efeito do mínimo perímetro molhado na
fórmula geral do dimensionamento:
𝑛𝑄
= 𝐴 ∙ 𝑅ℎ 2/3
𝐼𝑜
Destacando o fato de que para a máxima vazão deverá haver o
máximo raio hidráulico possível.
Como se sabe que o raio hidráulico (𝑅ℎ ) é obtido pela divisão
da área molhada (𝐴) pelo perímetro molhado (𝑃), logo, para o
menor perímetro molhado possível para determinada área,
haverá a máxima vazão conduzida pelo canal.
Hidráulica e Hidrometria
Seção de mínimo perímetro molhado

Pode haver dificuldade de aplicação da seção de mínimo


perímetro molhado na prática, como seção demasiadamente
profunda e largura de fundo pequena em relação à altura da
seção.
Independentemente da forma da seção do canal, deve-se
adotar, sempre que possível, a seção de mínimo perímetro
molhado.
Apesar da seção circular relacionar-se com a seção de mínimo
perímetro molhado para determinada área fixa, quando
comparada a outras formas, são de difíceis aplicações práticas.
Hidráulica e Hidrometria
Trapézio de mínimo perímetro molhado

Há diversas formas de se apresentar


a área e o perímetro molhados de
um trapézio. Segue uma proposta:
𝐴 = 𝑚 + 𝑍 ∙ 𝑦2
𝑃 = 𝑚 + 2 1 + 𝑍2 ∙ 𝑦
Podemos combinar as duas fórmulas
da seguinte forma:
1
𝐴2
𝑃 = 𝑚 + 2 1 + 𝑍2 ∙ 1
𝑚+𝑍 2

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Trapézio de mínimo perímetro molhado

1
𝐴2
𝑃 = 𝑚 + 2 1 + 𝑍2 ∙ 1
𝑚+𝑍 2

Onde:
Talude (𝑍)
Razão de aspecto (𝑚)
Posteriormente à deriva em relação
à razão de aspecto (𝑚) e igualando a
zero para área A constante, além de
desenvolvê-la, obtemos:
𝑚=2 1 + 𝑍2 − 𝑍

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Retângulo de mínimo perímetro molhado

O retângulo é um caso particular da forma de trapézio,


justamente quando o ângulo do talude é de 90°, ou
seja, 𝑍 = 𝑐𝑜𝑡𝑔90°. Assim, com base em Porto (2006),
substituindo na condição determinada para o trapézio,
obtém-se:
𝑚=2
Ou
𝑏
𝑚 = = 2 ∴ 𝑏 = 2𝑦
𝑦

Hidráulica e Hidrometria
Elementos hidráulicos da seção circular

As seções circulares parcialmente cheias


são comumente empregadas, sendo as
redes coletoras de esgotos seu uso mais
conhecido.
É necessário saber para uma
determinada lâmina d’água a relação
entre a vazão momentânea e a em
seção plena, assim como a velocidade,
pois há variação dos elementos
geométricos e hidráulicos em função da
altura da lâmina d’água. Essas relações
podem ser obtidas a partir de gráficos
ou tabela.

Hidráulica e Hidrometria
Elementos hidráulicos da seção circular

Vimos na aula passada os conceitos e as


fórmulas de diversos elementos
geométricos da seção circular, porém, vale
recordar alguns que necessitaremos.

𝑦
Ângulo: 𝜃 = 2 ∙ 𝑎𝑟𝑐𝑜𝑠 1 − 2
𝐷

𝜃−𝑠𝑒𝑛𝜃
Área Molhada: 𝐴 = 𝐷 2
8

𝑠𝑒𝑛𝜃
1− 𝜃
Raio hidráulico: 𝑅ℎ = 𝐷
4

Hidráulica e Hidrometria
Elementos hidráulicos da seção circular

Assim, podemos descrever as relações da


velocidade e vazão com suas respectivas
grandezas quando em seção plena
(completamente ocupadas pelo líquido
escoado), utilizando a fórmula de
Manning:
2
2
𝑉 𝑅ℎ 3 3 𝑅ℎ
= =
𝑉𝑃 𝑅ℎ𝑝 𝑅ℎ𝑝

2
3 2
𝑄 𝐴 𝑅ℎ 𝐴 3 𝑅ℎ
= =
𝑄𝑃 𝐴𝑃 𝑅ℎ𝑝 𝐴𝑃 𝑅ℎ𝑝

Hidráulica e Hidrometria
Elementos hidráulicos da seção circular

O autor ainda desenvolve essas relações


com base no fato da área do conduto
circular em seção plena ser 𝐴 = 𝜋𝑟 2 e o
𝐷
raio hidráulico, 𝑅ℎ𝑝 = .
4
Assim, as fórmulas descritas
anteriormente resultam nas seguintes:
2
𝑉 𝑠𝑒𝑛𝜃 3
= 1−
𝑉𝑃 𝜃
2
𝑄 1 𝑠𝑒𝑛𝜃 3
= 𝜃 − 𝑠𝑒𝑛𝜃 1−
𝑄𝑝 2𝜋 𝜃

Hidráulica e Hidrometria
Na prática!

Agora que você tem conhecimento da importância da seção de


mínimo perímetro molhado para a redução da perda de carga,
ou seja, para a eficiência do canal, resolva a seguinte questão
que lhe foi apresentada durante uma das reuniões da equipe
de projeto.
O canal trapezoidal de taludes 1,5𝐻: 1𝑉, declividade de fundo
𝐼0 = 0,001 𝑚/𝑚, revestimento em alvenaria de pedra seca em
condições regulares (𝑛 = 0,033) transporta a vazão de
𝑏
7,5𝑚³/𝑠. A razão de aspecto corresponde a 𝑚 = = 3.
𝑦
Esse canal tem seção de mínimo perímetro molhado?

Hidráulica e Hidrometria
Na prática!

Para que a seção trapezoidal seja de mínimo perímetro


molhado:
𝑚 = 2 1 + 𝑍 2 − 𝑍 = 2 1 + 2,25 − 1,5 = 0,61 ≠ 3.
Portanto, a seção descrita não é de mínimo perímetro
molhado.
Almeja-se essa seção por se tratar da disposição geométrica
mais eficiente, possibilitando a condução da máxima vazão
possível com reduzida perda de carga por atrito com a
superfície do canal.

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