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RAISDORFER, J. W.1; SOUZA, D. J.2; KRUCHELSKI, N.3; NIKKEL, S.4; TORRE, E. M.5;
LENCZUK, B.T.6; MEDEIROS, M. H. F.7
1
Engenheiro Civil, mestrando, Universidade Federal do Paraná. (janderwr@gmail.com)
2
Engenheiro Civil, mestrando, Universidade Federal do Paraná. (diegojesusdesouza@hotmail.com)
3
Graduando em engenharia civil, Universidade Federal do Paraná. (k.nilo@live.com)
4
Graduando em engenharia civil, Universidade Federal do Paraná. (silas.nikkel@gmail.com)
5
Graduando em engenharia civil, Universidade Federal do Paraná. (eduardo.mdelatorre@gmail.com)
6
Graduando em engenharia civil, Universidade Federal do Paraná. (brunatibes@hotmail.com)
7
Doutor em engenharia civil, Universidade Federal do Paraná. (medeiros.ufpr@gmail.com)
RESUMO
Neste trabalho será apresentado um método de previsão de vida útil de Obras de Arte Especiais,
baseado nos estudos de carbonatação. Este é um fenômeno natural nas estruturas de concreto, o qual
ocorre quando o CO2 se propaga através da interconectividade dos poros do material reagindo com
os minerais do cimento hidratado diminuindo o pH do concreto, causando a despassivação das
armaduras. Como consequência, o aço carbono pode iniciar a corrosão antecipadamente. O método
foi aplicado em 2 pontes sob concessão do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes), sob as condições do projeto de pesquisa entre o DNIT e a UFPR, “Desenvolvimento e
aplicação de metodologia de avaliação objetiva das condições funcionais e estruturais de obras de arte
especiais”. Ao término do projeto, o método será validado após a análise de, aproximadamente, 370
pontes. Este estudo consiste em avaliar a profundidade do concreto já carbonatado, mediante a
aplicação de indicadores químicos a base de fenolftaleína e a comparação com a idade da ponte, a
qual será obtida através da análise de seus projetos. Ao calcular a velocidade de carbonatação e sendo
conhecido o cobrimento de concreto que ainda protege o aço, foi previsto o tempo em que frente de
carbonatação alcançará o nível da armadura. Depois, somado ao tempo de corrosão do aço
despassivado, a vida útil das pontes e viadutos foi estimada, a fim de se obter uma estimativa da
previsão do fim da vida útil da ponte.
ABSTRACT
This work will present a method of service life prediction of bridges, based on carbonation studies.
Carbonation is a natural phenomenon in concrete structures, which occurs when CO2 propagates
through the material reacting with hydrated cement, decreasing the pH of the concrete and causing
depassivation. As a result, the corrosion of carbon steel starts before it should. The method was
applied to two bridges under concession of DNIT (National Department of Transport Infrastructure),
under the conditions of a research project between DNIT and UFPR, which aims to study bridges and
develop a ranking method. At the end of the project, the presented method will be validated after
analyzing approximately 370 bridges. This study analyses the depth of the concrete already
carbonated by applying chemical indicators based on phenolphthalein, and compares with the
bridges’ age, which will be obtained reviewing their projects. After the carbonation speed is
calculated and the size of concrete cover that still protects the steel is known, the remaining time
before the carbonation reaches the steel can be foreseen. Then, by adding the steel corrosion time, the
end of the bridges’ service life can be estimated.
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 = 5𝑡 (1)
Figura 1. Representação da evolução dos custos de reparo em função da fase da intervenção de Sitter.
CARBONATAÇÃO
Preparo de
Indicador de pH Intervalo de mudança de cor
Solução
Dissolver 10g de
reagente em 700ml de
Fenolftaleína
Incolor/vermelho carmim etanol e depois diluir
em 300 ml de água
Faixa de pH 8,3 – 10,0
destilada
Nos ensaios, para se determinar os pontos onde seriam realizadas as medições, foram levadas em
consideração: o posicionamento das armaduras, as regiões com possível exposição a agentes
agressivos, os locais em contato direto com a água e as zonas de transpasse, com elevadas taxas de
armadura.
Posteriormente foi realizada uma limpeza superficial utilizando um pincel, para que os resíduos de pó
não interfiram no ensaio. Com um borrifador aplicou-se a solução de fenolftaleína, medindo-se ao
final do ensaio a profundidade carbonatada com um paquímetro, assim como visto na Figura 4.
Figura 4. Visualização da frente de carbonatação.
Para se estipular a carbonatação em concreto existem vários modelos que simulam ensaios de
carbonatação baseados nos princípios físicos e químicos, quem transpõem resultados de carbonatação
acelerada para a carbonatação natural. Na grande maioria desses modelos, as configurações de
trabalho são muito especificas como temperatura, quantidade molar de hidróxido de cálcio, teor de
argamassa do concreto, umidade relativa, características que quando utilizadas em laboratório podem
ser perfeitamente utilizadas dando uma confiabilidade muito maior a pesquisa. Mas todo profissional
que atua em campo terá grande dificuldades na utilização desses modelos, logo a forma escolhida
pelo grupo para este trabalho é a utilização do modelo simplificado da difusão de Tuutti (1982)
aplicado a carbonatação, mostrado na equação (3), que embora não seja tão preciso quanto os modelos
mais novos, a grande maioria dos modelos mais modernos são variações em função deste modelo
simplificado.
𝐶𝐶 2
𝐶𝐶 = 𝐾 √𝑡 ↔ 𝑡 = ( ) (3)
𝐾
𝑡: tempo de exposição
𝑘: coeficiente de difusão
𝐶𝐶 : profundidade carbonatada (mm)
O modelo de Tutti avalia basicamente o tempo de difusão do CO2 para o interior da peça
O ideal é que o concreto ensaiado esteja saturado para evitar variações nas leituras devido a
quantidades diferentes de agua na estrutura porosa do material. O ideal é que sejam avaliadas áreas
sem a presença de armaduras, mas como em obras de artes especiais isso é praticamente impossível,
o detector de metais pode ser utilizado para identificar áreas com menos armaduras, realizando
leituras entre as armaduras. Posteriormente o aparelho é encostado no concreto realizando a leitura
da resistividade superficial (RAISDORFER, 2014)
Com a resistividade é possível realizar a determinação do período de propagação da corrosão das
estruturas estudas, utilizou-se o modelo proposto por Andrade (2004), conforme equação (4) até o
ponto de perda de 10% da seção da armadura.
𝑥𝑙𝑖𝑚 . ρ
𝑇𝑃 = (4)
𝐶
Onde:
𝑇𝑃 : período de propagação (anos)
𝑥𝑙𝑖𝑚 : valor limite da perda de seção (cm)
ρ: resistividade elétrica do concreto (kΩcm)
𝐶: constante 3.104 (µA/cm². kΩ. cm)
As obras objeto deste estudo são dois viadutos da rodovia BR-277, localizadas em Curitiba,
compondo o chamado Contorno Sul do município, onde há um intenso tráfego de cargas pesada.
Nomeadas nos arquivos de projetos de engenharia do DNIT como Viadutos da Estaca 640, a natureza
da transposição é a passagem sobre a Rua Ciro Pereira. De acordo com registros encontrados foram
construídas no ano de 1977, possuindo 38 anos de existência. Durante sua vida útil passaram por
obras de manutenção. Possuem comprimento de 50,0 metros de comprimento e largura total de 12,5
metros, duas pistas com sentido único de tráfego, acostamento e barreiras de concreto. O sistema
estrutural característico de ambas é a viga caixão de concreto protendido moldadas no local.
A classe de agressividade ambiental foi classificada como nível II, de acordo com a NBR-
6118/2014, meio urbano. De acordo com memorial de cálculo encontrado, a classe é 36, de acordo
com a norma ABNT NB 6/1960, vigente na época do projeto, ou seja, veículo tipo de projeto foi de
360 kN. Já a norma atual ABNT NBR 7188/2013 estabeleceria para uma obra com essa
configuração a classe 45, ou seja, veículo tipo de projeto de 450 kN. A identificação utilizada pelo
DNIT e também no presente trabalho para identificar cada um dos viadutos é 83.a e 83.b, de acordo
com a Figura 6.
83.b
83.a
Figura 6. Imagem de satélite com identificação das obras (Google Earth, 2012).
RESULTADOS
Para calcular o tempo restante até a carbonatação ao nível das armaduras foi realizado a leitura do
cobrimento das armaduras e profundidade carbonatada com aspersão de fenolftaleína. A partir destes
dois dados e da idade da estrutura foram calculadas estimativas da despassivação em relação a idade
da ponte, posteriormente descontada a idade da estrutura a fim de estimar o tempo remanescente até
a carbonatação ao nível das armaduras.
Nas estimativas mostradas na Tabela 01 e 02 para a vida útil de projeto, foram encontrados valores
de 74,95 anos para se despassivar a armadura. Esse valor pode ser alto para uma edificação, mas para
obras de arte esse valor deve ser superior a 100 anos segundo Helene (1993) e CEN/EM 206, 1994
apud Helene (1993), e para normas como a britânica BS7543 apud Helene (1993), deveriam ser
maiores que 120 anos.
Tabela 1. Período para a despassivação das armaduras para o viaduto 83a.
Leitura Estimativa para Tempo
K Cobrimento
Elemento carbonatada despassivação das remanescente
(mm/ano0,5) encontrado (mm)
(mm) armaduras (anos) (anos)
P2 17,8 2,88 25 74,95 36,95
P3 15,6 2,53 23 82,60 44,60
Nos casos citados, ainda há o fator agravante que os valores para os cobrimentos não foram
respeitados, logo em alguns pontos da estrutura podem haver situações mais críticas em que os
cobrimentos são mínimos, e a frente de carbonatação já pode ter passado pelas armaduras. E, por
consequência, o processo de corrosão pode já ter se instalado.
O período de propagação da corrosão foi calculado considerando 10% de perda de seção, e
considerando a resistividade elétrica checada em campo, chegaram-se aos valores das Tabelas 03 e
04.
Tabela 3. Período de propagação da corrosão para o viaduto 83a.
Resistividade Período de
Elemento
média (kΩcm) propagação (anos)
P2 67,0 28,65
P3 52,0 22,24
Com os resultados obtidos, observa-se um valor crítico quanto à durabilidade do pilar P3 do viaduto
83.b, pois o concreto apresenta baixa resistividade elétrica e, consequentemente, alta probabilidade
de corrosão. Logo, a manutenção deste elemento torna-se crucial para o desempenho satisfatório da
estrutura como um todo.
Cabe ressaltar ainda que, este pilar, apresentava fissuração mapeada devido a um ponto de incêndio
(Figura 7), o que facilita o avanço da frente de carbonatação e a permeação de umidade, a qual é
crucial para a propagação da corrosão, pois esta funciona como eletrólito para os pontos que atuam
como agente redutor e oxidante.
Os demais pilares estudados apresentaram tempo de propagação da corrosão quanto à perda de seção
de aproximadamente 25 anos, o qual pode ser considerado um valor satisfatório. Todavia, torna-se
essencial a manutenção de forma preventiva a este elemento, o que, em condições gerais, maximizará
a sua vida útil, e, de forma preventiva, o custo desta interação, o qual torna-se menor. Porém, deve-
se destacar que esta é uma Obra de Arte Especial de uso comum, de modo que estender a vida de
serviço deste tipo de obra é uma tomada de decisão racional em termos de beneficiamento da
sociedade. A partir das estimativas de propagação da carbonatação que representa a via útil de projeto
somado ao período de propagação representado a vida útil residual, podemos calcular a vida útil
última ou total que são expressas nas tabelas 05 e 06.
Este trabalho foi focado em apresentar um método simplificado da previsão de vida útil de pontes a
fim de facilitar os critérios para tomadas de decisões para equipes de inspeção de pontes. Embora
tenham sido analisadas apenas duas estruturas, pode-se criar a ideia de como prever a vida útil total
de pontes de maneira simplificada e rápida. Assim, torna-se possível uma estimativa de quando a
ponte estará chegando ao final de sua vida útil de projeto e, por consequência, precisará de inspeções
mais frequentes objetivando sua preservação.
Outro ponto forte do modelo é verificar se estrutura ou obra de arte está carbonatando mais do que o
previsto. A aceleração da frente de carbonatação pode se dar por diversas formas, no entanto, também
existem diversas maneiras de conte-la, dentre elas a aplicação de produtos para a proteção de
superfície, os quais podem ser vernizes, materiais hidrofugantes ou até mesmo pinturas a base de
água. Deste modo, a entrada do CO2 é dificultada e o processo de carbonatação é retardado.
Em casos mais graves, como os que o processo corrosivo já se instalou ou está prestes a se instalar,
devem ser tomadas medidas corretivas com o objetivo de retardar ou interromper o processo, assim
como a proteção catódica das armaduras ou até mesmo a realcalinização de toda a estrutura.
Há diversas soluções para os problemas encontrados, porém a tomada de decisão para a escolha
adequada da solução dependerá da experiência do profissional da das condições atuais da estrutura.
Portanto, este modelo objetiva auxiliar na tomada de decisão, evidenciando de forma mais direta o
estado atual da estrutura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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permeation properties: a review – Construction and Building Materials – v. 15, 2001.
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microestrutura e carbonatação do concreto – (Tese de doutorado) – Escola politécnica da
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MALHEIRO, R.; CAMÕES, A.; FERREIRA, A.; MEIRA, G. AMORIM, T.; REIS, R. Evolução da
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Portugal, 2014.
RIBEIRO, D. V.; LABRINCHA, J.A.; MORELLI, M.R. Efeito da adição de lama vermelha na
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TUUTTI, K. Corrosion of steel in concrete – Swedish Cement and Concrete Research, institute,
Stockholm, 1982.