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TAREFA 3.

Explique as fases evolutivas da Responsabilidade Civil do Estado e identifique


em que fase de evolução nos encontramos atualmente.

Por responsabilidade civil do Estado, entende-se a obrigação imputada à


Administração a repor danos causados a terceiros por seus agentes no exercício da
função pública.

É como Meirelles (2005) nos ensina:

“Responsabilidade civil da Administração é, pois, a que impõe à Fazenda


Pública a obrigação de compor o dano causado a terceiros por agentes públicos, no
desempenho de suas atribuições ou a pretexto de exercê-las. É distinta da
responsabilidade contratual e da legal.”

A primeira a surgir é a Fase Subjetivista da Responsabilidade Estatal

Até meados do século XIX, a esse respeito era chamada a Irresponsabilidade


do Estado, ou seja, o ente não tinha qualquer culpa ou responsabilidade pelas
consequências dos atos de seus agentes.

Art. 178:

“os empregados públicos são estritamente responsáveis pelos abusos e


omissões praticadas no exercício das suas funções, e por não fazerem efetivamente
responsáveis os seus subalternos” (BRASIL, 1824)

Com o advento do Estado de Direito, a irresponsabilidade estatal foi


substituída pelo entendimento da Teoria da Responsabilidade com Culpa, na qual o
Estado seria responsabilizado nas ações as quais seus agentes públicos teriam
agido de maneira culposa a terceiros. Nota-se aqui que o ato culposo deveria ser
originário da atuação culposa de agente público, e não do Poder Público em si,
chamada de ato de império.

Art. 82

“Os funcionários públicos são estritamente responsáveis pelos abusos e


omissões em que incorrerem no exercício de seus cargos, assim como pela
indulgência ou negligência em não responsabilizarem efetivamente os seus
subalternos” (BRASIL, 1891)
Em seguida, surge a Teoria da Culpa Administrativa, e, com ela, o Estado
passou a ser responsabilizado também pelos atos culposos praticados pelo Poder
Público, os atos de império, e não somente por atos de gestão praticados por
agentes públicos em exercício de sua função; bastava que a pessoa lesada
declarasse mau funcionamento do serviço público de modo geral, e não era mais
necessário apontar o agente específico causador do dolo.

Art. 15

“As pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveis por atos
dos seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros, procedendo
de modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito
regressivo contra os causadores do dano” (BRASIL, 1917)

Então, na Fase Objetivista da Responsabilidade Estatal, temos que:

Surge a Teoria da Responsabilidade Objetiva a partir da Carta Magna de


1946, e com ela, o entendimento de que para se responsabilizar o Estado, basta que
seja comprovada relação causal entre o fato e o dano, independente de haver ou de
se comprovar culpa no fato danoso; basta que a conduta lícita ou ilícita estatal cause
dano a terceiros para que o ente seja responsabilizado por ela.

Art. 194

As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis


pelos danos que os seus funcionários, nessa qualidade, causem a terceiros.
Parágrafo único. Caber-lhe-á ação regressiva contra os funcionários causadores do
dano, quando tiver havido culpa destes” (BRASIL, 1946)

Por fim, a última fase da responsabilidade estatal é a que surge a partir da


Teoria do Risco Administrativo, a qual dá o entendimento de que o Estado passa a
ser obrigado a indenizar terceiros por ato lesivo segundo o desempenho do serviço.

É o que trata o Código Civil em seu art. 43:


“As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por
atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado
direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou
dolo.”
É a fase na qual nos encontramos hoje, na qual o ápice foi a União ser
inclusive responsável por danos causados a terceiros de bens e pessoas
provocados por atos terroristas, de guerra, contra aeronaves de matrícula
brasileira, dada a redação da lei 10.744 de 2003.
Tem-se como exemplo as jurisprudências:
“O § 6º do artigo 37 da Magna Carta autoriza a proposição de que somente as
pessoas jurídicas de direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que
prestem serviços públicos, é que poderão responder, objetivamente, pela reparação de
danos a terceiros. Isto por ato ou omissão dos respectivos agentes, agindo estes na
qualidade de agentes públicos, e não como pessoas comuns. Esse mesmo dispositivo
constitucional consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do particular,
possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público, ou de
direito privado que preste serviço público, dado que bem maior, praticamente certa, a
possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto,
em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante
a pessoa jurídica a cujo quadro funcional se vincular. (RE 327.904, Rel. Min. Carlos
Britto, julgamento em 15-8-06, DJ de 8-9-06).”

Maria Catharina Melo Lima de Souza – Unyleya 2021

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