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A RELAÇÃO ENTRE ESTRESSE E ESTILO DE LIDERANÇA

Autores:
ALEXSANDRA CARREIRA - UNOESTE
ARCHILEY MAYARA - UNOESTE
DIEGO ZAINA - UNOESTE
FELIPE CORREA - UNOESTE
GABRIEL GOMES - UNOESTE
LÍGIA BORGES – UNOESTE

Prof. Me. JOSELENE LOPES ALVIM

RESUMO
Esse trabalho buscou identificar o quanto o as equipes e os estilos de liderança
tem conexão com a presença do estresse. A relação entre o estresse e os lideres não
está claramente estabelecido. Em face do exposto, o objetivo deste trabalho é
discorrer sobre a relação entre o estresse e o estilo de liderança.
O estresse nos líderes costuma chegar quando há falta de promoção, recompensa e
benefícios, isso exerce um efeito mais intenso que os outros fatores. De sorte que
quanto melhor o clima percebido nesse aspecto, menor estresse é relatado nos
mesmos.

Palavras-chaves: Liderança. Motivação. Equipe. Estresse.

2021
INTRODUÇÃO
O comportamento humano dentro das organizações tem papel
preponderante no desenvolvimento das tarefas e seu sucesso. As
organizações têm investido na qualidade de seus funcionários tanto na parte
técnica quanto pessoal. A rapidez da atualidade e a pressão do mundo
moderno pode gerar estresse no ambiente de trabalho.
Bons líderes conseguem motivar e transformar grupos em equipes e
desenvolver um bom trabalho de forma que as metas sejam alcançadas sem
prejudicar o ser. Pesquisas mostram que organizações que trabalham em
equipe têm melhor rendimento e consequentemente metas alcançadas. A
motivação tem que ser pessoal, porém um bom líder é capaz de motivar toda
sua equipe quando conhece as qualidades e as dificuldades de cada
colaborador, enaltecendo as qualidades e melhorando o que não é tão bom.
O estresse pode ser um complicador quando não são observados os
primeiros sinais de que há um esgotamento físico e mental. Porém, na dose
certa é um fator motivacional.
As organizações atentas a estes fatores já desenvolvem um trabalho
com seus colaboradores evitando que o estresse interfira de forma negativa
nas atividades das mesmas.
Diante do exposto, questiona-se: Será que existe uma relação direta
entre o estilo de liderança e estresse do colaborador?
A hipótese adota neste estudo é de que, em sua atividade laboral, cada
indivíduo dentro da organização tem suas ambições, entusiasmos, expectativas
de serem bem sucedidos, melhorar as condições de vida da família, entre
outros. Entretanto, por outro lado, existem as expectativas que as organizações
possuem com relação ao desempenho profissional do colaborador para que
consigam atingir seus objetivos e metas.
No entanto, é comum no decorrer desta caminhada, surgirem às
dificuldades, que é normal existirem em toda e qualquer atividade profissional,
mas que, nem sempre as organizações, preparam aquele colaborador que
chegou cheio de entusiasmo e expectativas, para enfrentar estas situações.
Dentro deste contexto, é importante que essa relação seja harmonicamente
desenvolvida.
Partindo dos fatores citados é que surgem as dificuldades de se
estabelecer uma harmonia entre o colaborador e seu trabalho, podendo iniciar
neste momento os processos de adoecimento em consequência das
adversidades que surgem no decorrer do exercício da atividade e da percepção
que este profissional tem da realidade que o envolve.
Sabe-se que o estilo de liderança que predomina dentro das nas
organizações reflete no ambiente e nas relações de trabalho, bem como no
desempenho do colaborador. Deste modo, presume-se que a relação posta
entre o líder e seus liderados possa influenciar no aumento e elevação do nível
de estresse a que o colaborador é acometido.
Em face do exposto, o objetivo deste trabalho é discorrer sobre a relação
entre o estresse e o estilo de liderança.
Justifica-se a realização do presente estudo tendo em vista que, o
trabalho contribui no modo de vida das pessoas, pois gera interação social e é
um meio de sobrevivência. Deste modo, o comportamento do líder na
condução dos objetivos e metas da organização é relevante para influenciar o
desempenho dos colaboradores, refletindo na motivação e comprometimento
dos mesmos, e, por conseguinte, acaba por influenciar na saúde física e mental
dos colaboradores, pois um profissional mal preparado e fadigado não
consegue atingir as expectativas da organização, acarretando falta de
comprometimento e, em alguns casos, o estresse.

RELAÇÃO DO ESTRESSE E LÍDERES

Liderança e Estilo de Liderança

Por muitos anos, manteve-se a crença de que a inércia nas empresas se


dava pela má gestão financeira. Hoje, a história é outra: entende-se que
gestores que não sabem recrutar e manter sua força de trabalho são os
principais responsáveis pelo insucesso das empresas. A visão empresarial de
futuro está baseada no capital humano que, quando bem gerido, proporciona
redução das fraquezas da empresa.
Dentro deste contexto, em uma época de constante competitividade e
crescimento econômico entre as empresas, a gestão é o ponto fulminante para
o desenvolvimento das organizações. Devido ao rápido crescimento e
expansão das empresas, as quais falham ao inserirem profissionais mal
preparados para o cargo de gerência quando este não transmite suas aptidões
de forma a induzir o comprometimento das pessoas para com a organização.
Com a visão sistêmica, as empresas buscam lideres qualificados, que
possuam sede de conhecimento e aperfeiçoamento de suas habilidades. Isso
porque as funções exigem profissionais ágeis, que solucionam problemas,
monitoram sistemas e desenvolvam a motivação em equipe constantemente.
Segundo Goleman, Boyatzis e Mckee (2007), em alguns estilos de
liderança podem ocorrer o sucesso ou insucesso. Isso acontece não por falta
de conhecimento do líder, e sim por não saber como conduzir sua gestão
utilizando a inteligência emocional. Alguns aplicam sua autoridade de forma
indevida, sem obter o equilíbrio entre a razão e a emoção, tomando assim
atitudes que podem afetar de forma negativa o seu desempenho profissional e
de sua equipe
De acordo com Ramos et al. (2011), para as organizações, além do
fundamental talento, não deixa de serem importantes as três características da
competência de uma pessoa: o conhecimento, a habilidade e a atitude. Porém,
percebe-se que um profissional pode colocar tudo a perder se não se portar
adequadamente, sobretudo, na posição de líder onde é ainda mais complicado
encontrar a melhor atitude para lidar com a equipe.
Para Robbins (2003, p. 12),

à medida que as organizações ficam mais heterogêneas em termos


de gênero, idade, raça e etnia, a administração tem adaptado sua
prática de recursos humanos para refletir essas mudanças.
[...], muitas organizações – tanto pequenas como grandes – possuem
programas de diversidade de mão-de-obra. Tendem a concentrar-se
no treinamento dos funcionários e na alteração dos programas de
benefícios para torná-los mais “favoráveis à família”.

Ainda para o autor:

Os gerentes eficazes devem ser proficientes em quatro áreas gerais


de habilidades. Habilidades conceituais que dizem respeito à aptidão
mental para analisar e diagnosticar situações complexas, ajudando os
gerentes a perceber como as coisas se relacionam e tomar decisões
acertadas. Habilidades interpessoais que incluem a capacidade para
trabalhar em equipe, entender e motivar as outras pessoas, tanto
individualmente como em grupo. Considerando que os gerentes
conseguem que ações sejam efetuadas por outras pessoas, precisam
ter boas habilidades interpessoais para comunicar, motivar e delegar.
Todos os gerentes precisam ter habilidades técnicas para aplicar
conhecimento especializado ou experiência. Finalmente, os gerentes
precisam ter habilidades políticas para ampliar sua posição, construir
uma base de poder e fazer contatos corretos (ROBBINS, 2003, p.34).

No entendimento de Williams (2011), os gestores com habilidades


humanas trabalham eficazmente no interior dos grupos, incentivam outros a
expressar seus pensamentos e sentimentos, são sensíveis às necessidades e
pontos de vista dos demais, além de serem bons ouvintes e comunicadores.
Sobre as abordagens teóricas da liderança, Lino (2006, p.04) aponta
alguns traços que parecem estar relacionados ao sucesso de um líder:

- Alto nível de energia e tolerância ao estresse – ajuda a enfrentar o


ritmo acelerado e as exigências da maioria das posições de liderança,
os conflitos de papéis e a pressão de tomar decisões importantes
sem informações adequadas;
- Maturidade emocional – significa que um líder é menos
autocentrado, tem mais autocontrole, tem emoções mais estáveis e é
menos defensivo;
- Integridade – significa que o comportamento do líder é mais
compatível com os valores expressos e que a pessoa é honesta e
digna de confiança;
- Autoconfiança - torna o líder mais persistente na conquista de
objetivos difíceis, apesar de problemas e reveses iniciais.

Para Lino (2006), o poder de um líder é importante, não apenas para


influenciar subordinados, mas também para influenciar colegas, superiores e
pessoas fora da organização, tais como clientes e fornecedores. Neste
contexto, a liderança surge pelo uso do poder e da influência exercidos por
uma pessoa num grupo.
Já Chiavenato (2010) enfatiza que a melhoria do desempenho das
pessoas depende de reconhecimento que não é expresso apenas sob a forma
de dinheiro, mas também envolve a percepção de justiça nas recompensas que
recebem. Ainda, segundo o autor, uma empresa não admite apenas uma
pessoa que fará parte de seu quadro de colaboradores, com qualidades,
conhecimentos, aptidões e habilidades exigidas para determinado cargo vago,
e toda a história e carga emocional que essa pessoa possui.
Macarengo (2006, p.08) considera, no âmbito das competências dos
gestores, que:
a gestão de pessoas é um conceito a ser aprendido nas
organizações. A nova aprendizagem indica um caminho a ser trilhado
pela administração de recursos humanos e por gestores para a
construção de uma visão ampliada de competência aplicada ao
desenvolvimento do potencial do Ser Humano, envolvendo as suas
capacidades de pensar, sentir e agir, a introdução dos conceitos de
convivencialidade, a comunicação autêntica, a inteligência social e o
alinhamento entre conhecimento e sabedoria.

A autora acrescenta ainda que a competência aplicada ao


desenvolvimento do ser humano favorece ao indivíduo aprender a lidar consigo
mesmo, com seus talentos, limitações e desafios para aprender então a lidar
com o potencial e as limitações do outro.
Estas abordagens teóricas sobre liderança, referem-se a traços de
personalidade ou comportamentos, como se a liderança fosse algo que
dependesse dos atributos específicos dos gestores, levando-se em conta as
suas necessidades, as dos subordinados e das organizações. De acordo com
Ramos et al. (2011), observa-se na literatura especializada sobre liderança que
os gestores são identificados como um dos principais responsáveis pelo
sucesso das empresas, e que as emoções não são apenas importantes, mas
necessárias para liderar pessoas, tomar decisões, solucionar problemas,
enfrentar mudanças, entender os processos e alcançar o sucesso.
Por isso, são evidentes as dificuldades que envolvem os gestores para
selecionar pessoas e acompanhar toda a vida funcional delas, manter suas
lideranças e alcançar resultados que vão além dos interesses econômicos da
empresa. Dentre as principais dificuldades, está a impopularidade dos gestores
dado o descontrole emocional frente a alguma situação de forte pressão, ou
mesmo por causa de pequenos conflitos que geram estresse.
Não se pode afirmar o que é eficaz ou é melhor para superar essas
dificuldades, pois a eficácia depende do contexto em que os gestores estão
inseridos.
O controle da carga emocional é um fator complicador para que os
gestores ganhem a confiança de seus subordinados, desenvolvam uma
convivência profissional e social saudável e alcancem a produtividade e
desempenho esperados, ainda levando-se em conta as dificuldades
representadas por um mercado veloz, competitivo e de incertezas.
Considera-se, neste aspecto, que a autoridade dos gestores é baseada
na sua capacidade de manter o controle de suas emoções, de modo a não
permitir que as situações de estresse, conflito e insatisfações pessoais
atrapalhem a relação interpessoal no ambiente da empresa.
Nesse contexto, as pessoas ocupam um papel estratégico para que as
empresas e seus gestores possam superar os desafios que surgem no dia-a-
dia. É por meio delas que buscam e encontram as soluções para as questões
como: adaptação às mudanças, aceitação de inovação, compromisso com a
qualidade, bom atendimento aos clientes, redução de custos, entre outras.

Estresse e Liderança

Considerando estresse e pressão como dois prováveis fatores de


geração de conflito, Aylmer (2010) distingue os seus significados como
conceitos que andam juntos, mas não são necessariamente iguais. Aponta que
pressão equivale às demandas que requerem alguma espécie de adaptação.
Já o estresse abrange um conjunto de reações fisiológicas, as quais, a partir de
uma dada intensidade e duração podem causar danos, e, em casos extremos,
a morte.
Diante da importância do relacionamento entre gestores e liderados,
Chinaglia e Galerani (2011) acreditam que é indispensável que um gestor de
pessoas tenha conhecimento de seus sentimentos e emoções, assim como dos
sentimentos daqueles que fazem parte de seu convívio profissional. Um gestor
de pessoas emocionalmente inteligente relaciona-se melhor com os demais
membros de sua equipe, bem como com os demais colaboradores da empresa
e, desta forma, consegue maior êxito em sua carreira, além de melhores
resultados nos projetos que lidera.
Nessa condição, a comunicação como expressão das emoções entre as
pessoas, pode contribuir positivamente para a construção de um bom ambiente
de trabalho, para a resolução de conflitos, redução de tensões e frustrações e,
para o aumento da satisfação no desempenho profissional.
Já Caldas e Sales Jr (2009) asseveram que a liderança relaciona-se em
grande proporção à confiança, ao equilíbrio emocional do líder, por sua
inteligência emocional, a sua lealdade e compromisso para com o grupo. Os
autores definem uma liderança como carismática aquela em que o líder traz à
tona potencialidades dos liderados, por meio de suas emoções.
Com relação ao estresse, as situações geradoras do mesmo variam de
indivíduo para indivíduo e, para uma mesma pessoa, pode ter diferentes
reações em momentos distintos da vida, dependendo da situação e do
ambiente em que se encontra.
Vargas (2010) aponta as seguintes alterações emocionais provocadas
pelo stress: medo, ansiedade, inveja, cólera, ciúme, culpabilidade, vergonha,
tristeza e esperança. Como alterações comportamentais, a autora relaciona:
agressividade, passividade, alcoolismo, tabagismo, uso de drogas, café e
comida. A nível social, dá origem a atritos, conflitos, isolamento, apatia,
irritação, mal-estar e a ausências no trabalho.
Ainda para Vargas (2010), a libertação das emoções pode contribuir
para dar significado aos acontecimentos, permitir que os fatos, os sentimentos
e os pensamentos possam ser organizados de uma forma eficaz e ultrapassar
as dificuldades. A forma como um indivíduo lida com as situações de stress
depende de dois tipos de recursos:
- Pessoais – constituídos pela experiência adquirida na resolução de
crises anteriores, pela autoconfiança, pelas aptidões em resolver problemas e
pelas aspirações pessoais.
- Social – rede social em que o indivíduo está inserido e facilidade de
acesso a pessoas que possam prestar-lhe ajuda.
Considerando-se que estresse e conflito fazem parte do dia-a-dia dos
gestores, é comum se encontrar líderes infelizes e que acabam criando
situações preocupantes para as organizações, quando não conseguem
encontrar equilíbrio em ocasiões de pressão e que se isolam ou adotam
comportamentos agressivos, representados por atitudes ou palavras
agressivas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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gestão da pressão. 2010. 183f. Dissertação (Mestrado em Gestão Empresarial)
– programa de pós-graduação da Escola Brasileira de Administração Pública
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maio 2021.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos


humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

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GOLEMAN, Daniel; BOYATZIS, Richard; MCKEE, Annie. Os Novos Líderes:


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RBPAE, v.27, n.2, p. 265-283, maio/ago. 2011

LINO, Tiago Alexandre Lopes R. Liderança emocional. Psicologia.com.pt,


2006. Disponível em: <https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0055.pdf>.
Acesso em: 12 maio 2021.

MACARENGO, Isabel. Gestão com pessoas: gestão, comunicação e


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resultados humanos. 2006. 233f. Tese (Doutorado) – Escola de Comunicações
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RAMOS, André Luiz et al. Inteligência Emocional dos Gestores de Pequenas e


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<http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos11/23914207.pdf>. Acesso em: 12
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ROBBINS, Stephen Paul. Administração: mudanças e perspectivas. São


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profissional no bloco operatório: o caso dos enfermeiros. 2010. 193f.
Dissertação (Mestrado em Comunicação em Saúde) - Universidade Aberta.
Lisboa, 2010.

WILLIAMS, Chuck. ADM. Princípios de Administração. São Paulo: Cengage


Learning, 2011.

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