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RESUMO: O artigo é uma apresentação das fontes históricas sobre Jesus de Nazaré: fontes 169
sinóticas, fonte Q, fontes afins à gnose, fragmentos de evangelho com material sinótico ou
joanino, evangelhos judeu-cristãos e outras fontes.
ABSTRACT: The article is a apresentation of the históric sources about Jesus of Nazareth. The
sinoptic Gospels, the fonte Q, sources akin to gnose and fragments of the Gospel with sinoptic
and johannines materials. The Jewish–Christian Gospels and other sources.
* Este artigo foi possível graças à Bolsa de Pesquisa, concedida pela Igreja nacional espanhola de
Santiago e Montserrat
** José Maria Melero Martínez é professor pesquisador na Facultade de Educação de Albacete, da
Universidade de Castilla–La Mancha.
Introdução
a) o evangelho de Marcos5.
1. O texto.
O EvMc é o evangelho mais antigo que se conserva, e vem a ser a fonte de
Mt e Lc. Teve presumivelmente varias edições.
3. fontes subjacentes.
O EvMc é um recompilador, porque reúne materiais da tradição escrita
e oral com uma clara diversidade formal e teológica: uma história da paixão,
antologias de relatos de milagres orais o escritos, tradições apocalípticas (Mc 13),
disputas , diálogos escolares (parábolas e ditos Mc 4).
4. Modelação teológica.
O EvMc é um teólogo modelador. Cria um evangelho que se poderia
definir como um relato da paixão com uma ampla introdução biográfica. à pessoa 171
de Jesus. É um mistério que se vai desvelando progressivamente.
c) O evangelho de Mateus7.
1. O texto.
O EvMt se conserva a partir do ano 200 em papiros e em citações de Padres
da Igreja. A integridade do texto redigido em grego não se questiona apesar da
opinião de Papias e Irineu de que Mt foi escrito originariamente em aramaico (ou
hebraico).
7 LUZ, U., El evangelio según san Mateo, 4 vol., Sígueme, Salamanca 1993‐2005.
2. fontes e estrutura.
Mt pressupõe Mc, a fonte dos logia e material heterogêneo. Mt segue
sobretudo a Mc, porém dentro de Mc 1–3 fez algumas reagrupações por temas
(reunião da atividade de Jesus em Mt 8–9); Mt inserir cinco grandes discursos:
sermão da montanha (5–7), discurso da missão (9, 35–10, 42), discurso parabólico
(13), discurso comunitário (18) e discurso escatológico (23–25).
d) O evangelho de Lucas8.
1. Texto, fontes e estrutura.
Lucas utiliza como fonte além de Mc e Q, um abundante material especial
que abarca quase a metade do evangelho.
A longa viagem (9, 51–19, 27) se baseia claramente no capítulo 10 de Mc.
8 BOVON, F., El evangelio según Lucas, 3 vol. Sígueme, Salamanca 1995‐2004; SABOURIN,
L., El evangelio de Lucas, Edicep, Valencia 2000.
2. o autor.
Lucas médico e companheiro de viagem de Paulo apresentado em Fm 24;
Col 4, 14; Tim 4, 11, escreveu, segundo a tradição eclesial, o evangelho que leva
seu nome e os Atos dos Apóstolos. Frente a esta opinião defendida ainda hoje por
alguns, muitos autores assinalam numerosos contrastes entre a exposição de Atos
e as cartas paulinas e por isso concluem que é indubitável que o desconhecido
autor da obra lucana não foi companheiro de Paulo.
a) O evangelho de João9.
1. O texto e sua integridade.
O EvJo está muito bem documentado por vários papiros do século II. O
texto sempre circulou na versão atual.
5. Traços teológicos.
Jesus como Revelador: Jesus, o Vivente; uma antropologia dualista onde o
mundo É desvalorizado, escatologia de apresente (o Reino do Pai ou dos céus) é
uma realidade supratemporal, origem e fim do ser humano que se conhece a si
mesmo; o seguimento como distanciamento do mundo; o EvT reflete uma gnose
em estado nascente.
11 VIELHAUER, P., História de la literatura cristiana primitiva, Sígueme, Salamanca 1991, pp.
691‐694.
3. Fragmentos de evangelho com material sinótico ou
joânico.
2. Conteúdo.
Um debate de Jesus com letrados e dirigentes. Oferece um claro perfil
joanino e finaliza com a anotação sobre uma tentativa de apedrejar Jesus.
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3. Discute-se a relação com os evangelhos canônicos e a antiguidade das
tradições reelaboradas pelo papiro Egerton.
As posturas são: a) dependência de todos os evangelhos canônicos (J.
Jeremias e outros), b) independência dos evangelhos canônicos (G. Maieda, H.
Köster e outro s), c) dependência literária do evangelho de Jo (C. H. Dodd).
4. Relação deste SMc com o EvMc canônico é difícil de precisar, duas opiniões:
a) SMc como uma expansão inicial de EvMc, b) uma reelaboração gnóstica de
EvMc canônico, aparecida em o s. II. Assim indica a ênfase no caráter “secreto”.
2. Conteúdo.
Relato da paixão de Jesus, desde o lava-mãos de Pilatos, a sepultura e a
guarda no sepulcro, a ressurreição diante dos testemunhas, o encontro do
sepulcro vazio pelas mulheres, o regresso dos discípulos a Galileia. Oferece um
diálogo entre o narrador em primeira pessoa, Pedro e Jesus, que é a fim com Mt
10, 16 e 2 Clem 5, 2–4.
2. Conteúdo.
A folha de 45 linhas que contem perícopes parciais, porém, conexas,
localizadas em Jerusalém. A conclusão é um discurso de Jesus a seus discípulos.
3. Antiguidade e relevância.
Demonstra uma certa familiaridade com o ritual do templo de Jerusalém, e
isto sugere uma possível procedência do s. I.
4. Evangelhos judeu-cristãos15.
2. Paulo poucas vezes fala expressamente de ditos de Jesus: 1 Cor 9, 14; 1 Cor
11, 24s; Rom 14, 14; 1 Tes 4, 15–17. Podem ser ditos de Jesus, porém também se
podem entender como mensagem comunicado a ele por uma revelação.
16 THEISEN G.‐MERZ, A., El Jesús histórico, Sígueme, Salamanca 1999, pp. 73‐77.
17 JEREMIAS, J., Palabras desconhecidas de Jesús, Sígueme, Salamanca 1996 (5 ed.), pp. 84–87, 67.
2. A Carta de Clemente é um sumário catequético da doutrina de Jesus
em sete logia que é muito afim ao sermão da montanha, porém que não pode
depender diretamente nem de Mt/Lc nem de Q. Presumivelmente remonta a um
original anterior a eles.
Traduziu: HR
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