W W W. BAST TER .

COM JUNHO 2010 - NÚM ERO 0 6

Nesta EdiçãoJunho de 2010

Mais, Muito Mais.

A partir da edição do mês de junho, a Revista refeição ou se deixar de comer carboidratos
Bastter.com traz um conteúdo mais técnico, com realmente emagrece.
mais artigos sobre a Bolsa de Valores. Isso porque Índice
nós, da Baster.com, acreditamos que é o que você, Mais, na edição de junho você encontra uma
Portal Bastter.com 03
nosso leitor, precisa. Acreditamos que você precisa história ótima do mercado, de quando as opções
– e quer – saber mais a fundo sobre as operações foram introduzidas no mercado brasileiro, lá pela
que vai realizar e porque realizá-las. década de 80. A inflação chegou a 80% ao mês, Método Bastter Blue 04
quase 3% ao dia!!! Qualquer aplicação financeira
Para isso, contamos com o apoio de uma equipe tinha que ser rápida e o personagem da história
Histórias do Mercado 06
bem preparada para melhor orientá-lo e trazer faliu ao vender opções. Corra, leia lá, entenda
cada vez mais conteúdo para o seu investimento. como.
Mesmo assim, continuamos com as nossas dicas Fundamentos 08
Fora da Bolsa. Nessa edição em especial, conheça Enfim, a Bastter.com está recheadíssima de histó-
quais manias alimentícias que são ou não mitos, rias ótimas e muitas dicas para você. O que você
Renda Fixa 11
como saber se engorda beber enquanto faz uma está esperando? Vá para a próxima página!

Estratégia com Opções 13

Expediente
Revista Bastter.com - Junho de 2010 - Revista Virtual Mensal sobre Mercado Financeiro. Coluna do Forense 15
Diretor Geral - Maurício Hissa / Administrativo - Mary Hissa / Planejamento Gráfico e Editoração
Eletrônica - Lucas Mantuan / Revisão - Paula Fernandes e Regina Lopes / Redação - Ricardo Hissa,
Armando Hussein, Gustavo Dias, Leonardo Germano, Dennis Kac, Maurício Hissa, Lucas Mantuan, Fora da Bolsa 17
Paula Fernandes e Regina Lopes.

02
Portal Bastter.comBackpacker
Médias Móveis de 200 Dias
Mais uma ferramenta para o investidor acompanhar os movimentos do mercado.
Os usuários do Site Bastter.com ganharam mais
uma ferramenta para auxiliar nos estudos e deci-
sões no mercado: Médias Móveis de 200 dias do
Ibovespa.
A ideia do estudo é saber quantas ações da compo-
sição do Ibovespa estão acima de suas médias
móveis de 200 dias e quantas estão abaixo. E o que
eu faço com isso? Segundo a seguinte definição,
podemos ter um indicador nos mostrando o que
esperar do mercado: “Este indicador é usado para
determinar níveis de sobre compra ou sobre venda
no mercado. O mercado é considerado sobre com-
prado e sujeito a uma correção negativa, quando
mais de 75% das ações são negociadas acima de
sua média móvel de 200 dias.
Em contrapartida, se menos de 25% das ações são
negociadas acima da média móvel de 200 dias, o
mercado é considerado sobre vendido, o que signi-
fica que os investidores devem esperar uma corre-
ção positiva.” O estudo está dividido em três
partes: 1. % Composição do Ibovespa. Um indi-
cador que nos mostra de forma simples o percentu-
al de ações do Ibovespa que estão acima ou abaixo
de suas MM200.
2. Diário composição Ibovespa. O gráfico é o
acompanhamento diário da composição do Item 1
e também mostra a evolução do Ibovespa no
mesmo período, afim de observarmos alguma
relação.
3. Detalhe composição Ibovespa. Tabela com a
composição do Ibovespa utilizada nos cálculos e
gráficos dos itens 1 e 2, citados acima, com mais
algumas informações para cada ação: Ação –
Código da ação que faz parte da composição do
Ibovespa; Cotação – Cotação atualizada da ação;
MM200 – Média móvel aritmética de 200 dias da
ação; Distância – Distância entre a cotação da ação
e sua MM200; Indicativo – Indica se a cotação da
ação está abaixo ou acima de sua MM200;
A média móvel utilizada no estudo é aritmética, ou
seja, o cálculo é feito dividindo a soma das últimas
200 cotações da ação por 200. O estudo pode ser
acessado através do menu Bastter Blue > Estudos >
MM200 Ibovespa. Os valores do estudo são atua-
lizados a cada 15 minutos durante o pregão.
Gustavo Ferreira - Pós-Graduado em Engenharia de Software
pela UFRJ. Participou do desenvolvimento de diversos
sistemas financeiros para seguradoras e administradoras de
fundos de investimento.
03
Método Bastter BlueBastter

VDX
Entenda o marcador que vai auxiliar a sua decisão de venda.
Para auxiliar o operador de venda coberta na esco- Poderíamos resumir para entendimento, a fórmula e a distância. O VDX chega a um número que é o
lha de qual opção vender e quando vender, há um desta forma: resultado final da fórmula para cada opção.
marcador Bastter.com chamado VDX que pode
ser acompanhado no site no Painel ou no Quadro VDX = TAXA * (1 - TEMPO) * DISTÂNCIA Este número, o resultado final da fórmula tem
de Opções. Ele também está disponível na Plani- duas utilidades: 1. Verificar o maior VDX e 2.
lha de Opções. E assim estamos considerando os três fatores que Estabelecer parâmetros do tipo, só vendo acima de
nos interessam na venda de uma opção para lança- determinado VDX. Apenas para ter alguma base,
O VDX é um marcador que ajuda a definir qual mento coberto: A taxa (tamanho do VE), o tempo pode-se dizer que um VDX abaixo de 3 é pouco
opção vender. Mais do que isso, a grande impor-
tância dele é auxiliar na decisão de quando vender
ou na decisão de vender ou não. O VDX considera
os três fatores mais importantes para a venda de
uma opção e pondera eles em um número: Tama-
nho do VE (Só há VDX para opções OTM que
consistem apenas de VE), distância da opção para
o preço da ação e tempo que falta para o vencimen-
to das opções. Fórmula do VDX:

VDX = (OPÇÃO / AÇÃO) * (120 - DIAS CORRI-

DOS PARA O VENCIMENTO) * (STRIKE DA
OPÇÃO - ÚLTIMA COTAÇÃO DA AÇÃO)

04
Método Bastter BlueBastter
eficiente, começa a ficar interessante acima de 4 e
acima de 5 pode-se dizer eficiente para venda. Mas
estes padrões mudam de acordo com a volatilidade
do mercado e mercados mais voláteis tendem a
produzir VDX mais altos. Se as suas exigências são
maiores, tipo só vender com VDX acima de 5, vai
vender menos vezes, mas vendas potencialmente
mais eficientes.
Conforme diminui a exigência, vai vender mais
vezes e mais vendas potencialmente menos eficien-
tes. Abaixo de 3, normalmente deixa de ser interes-
sante e, para os iniciantes, recomendo não vender
VDX abaixo de 4. Vamos observar o VDX na
Planilha de Opções em VALE5 a 42,00 a 39 dias
úteis do vencimento das opções:
Observe que rapidamente o VDX seleciona as
opções que podem ser vendidas para remuneração
de carteira. Numa primeira olhada só sobram três:
44, 46 e 48. A 42 até tem VDX, mas, de 0,04, não
dá para considerar.
Cabe ao investidor, segundo suas características,
decidir qual vender, mas o VDX já faz o pente
fino, além de ponderar em um número a venda. Maurício Hissa - Médico formado em 1992 pela UFRJ. Prof. de
Para quem só vende VDX acima de 5, não teria Educação Física formado em 1990 pela UERJ. Agente Autôno-
mo de Investimentos. Palestrante Expomoney e de outros
venda neste momento. Para quem vende acima de congressos e feiras.
4 ou de 4,5 poderia escolher entre a 44 e a 46 e,
para quem vende acima de 3, entra também a 48.
O maior VDX está na 46, que parece mesmo ser a
venda mais interessante, por reunir um valor razo-
ável a uma boa distância mas, ainda assim, esta
decisão é pessoal, de acordo com a estratégia de
cada um. Então o VDX é o grande auxiliar para o
operador de venda coberta, pois ele considera os
três fatores importantes na definição de qual opção
vender e, além de definir as opções mais eficientes
para o lançamento, graduam a venda coberta,
fazendo com que o operador, mesmo não tendo
muita experiência em venda coberta, saiba onde
está pisando o tempo todo.
Para usar o VDX na prática basta determinar um
VDX mínimo para vendas e decidir se vai vender o
maior VDX ou a primeira OTM, além do maior
VDX e, assim, a Venda Coberta fica bem mais
simples e eficiente, mesmo para quem não tem
muita experiência.
05
Histórias do MercadoBurrão
Vender Opções e Falir
Uma história real de um tempo em que aplicação financeira precisava sempre ser rápida.
Na década de 80, quando foram introduzidas as
opções no mercado brasileiro, as ações escolhidas
foram Petrobras, em São Paulo, e a Vale do Rio
Doce, no Rio de Janeiro. As duas Bolsas funciona-
vam de maneira autônoma e as corretoras de uma
praça tinham correspondentes na outra para
operarem simultaneamente.
Foi uma década de inflação brutal, tendo chegado
a 80% ao mês em 1989. São quase 3% ao dia. Era
preciso ser rápido em tudo que se tratava de aplica-
ções financeiras. Nas Bolsas não era diferente. Se
um papel subisse 1,5% num dia, ainda ficava
devendo outra metade.
Ações eram consideradas ativo real, principalmen-
te as exportadoras, e eram mantidas em carteira
como proteção contra a inflação galopante. Imagi-
nem como oscilavam as opções!
Hoje em dia variações de 30% numa opção são
consideradas expressivas. Nesse período aconte-
ciam variações de 400% para cima. Não era nem
mais fácil nem difícil operar opções. O resultado
não era melhor nem pior que hoje. Era mais
rápido! Se era pra baixo, as vendas eram realizadas
e zeradas em poucos pregões.
Logicamente, as compras idem, em caso de alta.
Imaginem os juros embutidos em cada série! Me
lembro que, já na década de 90, logo depois do
plano Collor, quando a inflação voltou, havia
opções em Usiminas, que era só vender, esperar 4
ou 5 dias, zerar, e lançar outra.
Nesse aspecto, confesso que era fácil. Mas, vamos
ao que interessa, e neste caso são as opções da Vale
do Rio Doce. É claro que, mesmo com inflação
alta, não eram exercidas todas as séries abertas, até
porque não funcionaria. Por isso existiam muitas
series que mal começavam viravam pó e outras em
determinadas circunstancias valorizavam 1.000%
em alguns pregões. Como eu disse, tudo muito
rápido!
O nosso personagem é real e ainda hoje opera no
mercado, por isso muitos que estão lendo esta
página lembram-se do episódio. As opções da Vale
tinham uma característica interessante. Como
eram negociadas no Rio, foram logo ganhando
apelido. Claro que era para facilitar as transações
por telefone.
Ganharam nomes de bichos ou nomes femininos,
de acordo com as iniciais. Tínhamos então Alice,
Burro, Cavalo, Diva, Ernesto (esse era gay) Jacaré,
Kibon, e por aí vai. A série que vamos tratar é a
Maria. Pela distância no alfabeto dá pra perceber
que é uma opção com Strike alto.
Rolavam os pregões, sobe daqui, vende dali,
compra, zera, estopa, trava daqui, swap de lá e o
nosso herói resolve apostar na venda descoberta da
Maria.
Faltavam 10 pregões para o exercício e ele vendeu
10 milhões a 1,00 cruzeiro.Subiu um pouco e ele
convicto vendeu mais 10, afinal tinham margem
para bancar que não acabava mais (Petrobras à
vista).
Essa venda foi a 1,30. Mercado caia para 0,90, o
rapaz com medo que virasse pó naquele dia e não
desse pra vender mais, enfiou mais 20 milhões no
0,89. Terminou o pregão, tudo dentro da maior
normalidade, margens com folga para atender 50
vezes a quantidade em aberto, e tudo bem.
Dia seguinte, mesma balada, sobe um pouco, vai
no 1,50 e ele que não era bobo nem nada vende
mais 15 milhões para “melhorar o preço médio”.
Tranquilo, frio com nitrogênio nas veias, termina
13
06
Histórias do MercadoBurrão
o pregão, mesmo ritual e mais uma nota com
crédito. Quarta-feira, mercado começa comprador,
com o Alfredão (Grunser) comprando pra valer e
subindo. No 4,00 ele vende mais 5 milhões. Claro,
está subindo, vamos acompanhando o mercado,
pensava e dizia ele. Quando bateu 6,00 ele ficou
com raiva e enfiou com vontade 10 milhões.
Dizia, pensam que sou trouxa, estão puxando para
os vendidos zerarem. Se eu zerar agora, cai 1
minuto depois e eu fico com cara de babaca.
Assim, terminado o pregão, tudo em ordem,
vamos embora.
Quinta-feira, o mercado balança, faz que cai mas
não cai e o nosso herói só olhando. Se cai, vende
mais, se sobe também. Na situação dele não é fácil
decidir. Bateu 18,00 três vezes e voltou para os 8.
Estava pedindo pra vender, não é mesmo! Estava
na iminência de virar pó, como na maioria das
vezes. Para que perder essa chance de fazer um
precinho melhor. Resistiu. Mas não zerou é claro.
Continuou vendido.
Na sexta-feira o mercado já abriu rasgando para
cima. No 14,00 ele vendeu 5 milhões, já meio
desconfiado. Mas tinha que fazê-lo, segundo ele
seu preço médio tinha que acompanhar, era o Naji
fazendo escola já. Termina a semana e o nosso
companheiro, já um tanto desgastado, pois 5
pregões é muito tempo para manter uma posição
perdedora, mas gelo nas veias é para isso mesmo.
Margem continuava sobrando, então vai zerar com
prejuízo? E ainda ficar com cara de babaca? Não
senhor, de jeito nenhum. Começa a semana com o
mercado parado, variando pouco, 20,00 com
22,00; 18,00 com 20,00 e ele lá, só acompanhan-
do, telefone na orelha (LP) com o operador da
correspondente no Rio, até que, de repente,
começa a subir o raio da Maria.
Comprador a 25. Pagaram 28. Pagam a 30 sem
venda. E agora, está terminando o pregão 32,00 eu
não pago mesmo, dizia ele, “estão a fim de me
roubar”, já praguejava o coitado. Mas não zerou.
Vendeu mais no comprador, 3 milhões para acabar
com a alegria do trouxa lá do outro lado.
Terminado o pregão, preço médio lá embaixo,
margem ainda sobrando, o suor escorrendo, as
mãos um pouco trêmulas, 3 maços fumados, mas
vamos para casa. Naquela noite o Nosso Homem
do Gelo pouco dormiu, se dormiu. O pregão de
terça começa caindo, algumas notícias derrubando
a bolsa e a Maria chega a ficar vendedor a 22,00.
Era o sinal dos céus que faltava. Não falei, grita o
operador quase sem fôlego. Eu sabia que ia para o
pó, repetia eufórico. Comprador só a 14,00, avisa,
do outro lado da Dutra, o intermediário.
Sabe de uma coisa, depois de tanto sofrimento,
ainda estou perdendo, agora é pra rasgar. Enfia
100 no comprador. Só a 8,00 respondeu o inter-
mediário. É pra enfiar a mercado.
Eu disse A MERCADO! E foi a 8,00 a última
venda do Incrível Homem do Gelo! Margem ainda
dava apesar da quantidade assustadora vendida,
mas com certeza amanhã eu zero ou então deixo
virar pó, disse.
É bem verdade que nesse dia a Maria fechou a
22,00 comprador. Mas isso é detalhe, afinal, não ia
ser agora que nosso herói iria esmorecer. Quarta--
feira chuvosa. Dia perfeito para uma queda boa na
bolsa, só que no Rio estava um sol dos diabos! Céu
azul, limpinho dizia o intermediário, antes de
começar o pregão.
Tinha jogão do Mengo à noite, o intermediário
comentava a respeito, que iria ao Maracanã com os
colegas da corretora, enfim falavam de amenida-
des, sem sequer imaginar o que viria pela frente.
Começa o pregão, e como de costume mercado
quieto. À espreita! Bastaram 15 minutos para
começar o pesadelo. Comprador a 25,00 vendedor
só no 30,00. Tomaram do vendedor. Não tem
venda.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO DA REVISTA
AÇÕES E OPÇÕES.
13
07
FundamentosMille
O Valor Justo e o Pequeno Investidor
O que fazer para melhorar o desempenho de sua carteira.
O pequeno investidor que aplica em renda variável
deve, em minha opinião, desenvolver o máximo
possível sua capacidade de poupança e estudo,
conciliando com a atenção à família e sua saúde.
Depois que as etapas preliminares são dominadas
pelo investidor e começa a sobrar um montante de
dinheiro todo mês, o investidor com algum conhe-
cimento em renda variável pode querer começar a
usar algumas ferramentas que aprendeu para
melhorar o desempenho da sua carteira, sendo o
Fluxo de Caixa Descontado (FCD) uma das ferra-
mentas disponíveis para a escolha de ações.
Normalmente, para calcular o FCD, a pessoa pega
uma taxa de crescimento passada ou alguma taxa
de crescimento esperada para o futuro e projeta
essa taxa em um determinado número de anos e,
depois, perpetua a taxa normalmente, usando uma
taxa mais conservadora e, após isso, vem descon-
tando até o presente, usando uma taxa de desconto
escolhida por ele, podendo ter algum prêmio de
risco ou não, ou, usando um benchmarket simples
como SELIC, CDI, etc., o problema para o peque-
no investidor de LP, além dele não precisar de
estimativas tão complexas como essa, as variáveis
mudam toda hora, se o investidor calculou o FCD
de uma ação com uma taxa de crescimento de 15%
e uma taxa de desconto de 10%, como a estimativa
está projetada em um grande número de anos além
da perpetuação, basta, às vezes, que a empresa
cresça 14% AA e a SELIC vá para 11% AA que o
FCD vai ter uma variação enorme, muitas vezes a
ação em questão sai de subavaliada para superava-
liada por causa de mudanças pequenas nas variá-
veis, fazendo que o acompanhamento seja custoso
porque o investidor vai ter que girar mais a carteira
e vai ter que acompanhar mais o mercado e sempre
tendo que conferir se suas estimativas não muda-
ram.
Como para o pequeno investidor de LP basta ficar
comprando em grandes empresas, procurando
comprar as ações quando estão mais atrativas. Para
isso, o FCD pode ser importante para quando o
investidor quiser comprar alguma ação nova para
colocar na sua carteira, ele pode escolher entre
aquelas ações que ele estava estudando sem montar
posição, passando essas ações por seus filtros pré
estabelecidos e também pelo FCD, ou também
usar o FCD para aumentar posição das ações que
já estão na carteira do investidor, procurando com-
prar a(s) ações que estão mais atrativas no momen-
to.
Em 1938 John Burr Willians publicou sua tese de
doutorado THE THEORY OF INVESTIMENT
VALUE, oferecendo uma fórmula de calcular o
valor intrínseco de uma ação, que ficou conhecida
como fluxo de caixa descontado, como dissemos
anteriormente, a desvantagem dessa fórmula é que
não podemos prever o futuro.
Charles S. Mizrahi, através de seu livro MONTE
UMA CARTEIRA VENCEDORA (GETTING
STARTED IN VALUE INVESTING), nos apre-
08
FundamentosMille
senta uma maneira de calcularmos aproximada-
mente o valor justo de uma ação sem precisarmos
usar o FCD com toda sua complexidade e necessi-
dade de ajustes futuros
O primeiro passo é encontrarmos empresas exce-
lentes e que tenham a capacidade de ter lucros
consistentes e previsíveis no passado e tenham
perspectivas que esses lucros pelo menos se mante-
rão no futuro. Podemos continuar a escolha das
ações olhando os fundamentos delas e escolhendo
aquelas que passem em nossos filtros, em que cada
investidor deve definir quais serão os seus.
Vamos calcular o valor justo da PETR4 seguindo
Charles Mizhari, lembrando que esse cálculo pode
ser importante na hora de escolher alguma ação ou
mesmo em um aumento de posição, mas, como
tudo em renda variável, quem usar qualquer modo
de estudar ações deve ver todos os fundamentos
que acha importante, ter um bom plano e segui-lo
o melhor possível, (por exemplo vou calcular o
valor justo da ação, depois vou passar pelos meus
crivos, vou comprar somente se a ação atingir
todos os critérios, e vou recalcular a cada seis meses
ou um ano, etc). PETR4 - Valor R$ 29,00 - LPA
R$ 3,52 - P/L 8,27 - Crescimento em cinco anos
8,7% - Taxa de pay out de dividendos que espera-
mos 25%.
1. O primeiro passo para determinar o preço que
desejamos pagar pela ação é projetar o crescimento
do LPA nos próximos cinco anos e o P/L. Para
projetar o LPA nos próximos cinco anos, Charles
usa uma fórmula simples, com apenas duas variá-
veis.
Se o crescimento do LPA da empresa for maior que
15% AA nos últimos anos, usaremos 15% AA
como projeção. Se o crescimento do LPA for
menor que 15% nos últimos anos, usaremos 10%
AA como projeção. Podemos usar somente duas
variáveis porque escolhemos empresas com bom
histórico de lucro e consistente, então, depois,
basta monitorar se a empresa continua constante,
fazendo alterações quando o plano do investidor
requerer, principalmente se a empresa não atingir o
que se projetou.
LPA PETR4 R$ 3,52X + 10% 1 Ano = R$ 3,87
LPA PETR4 R$ 3,87X + 10% 2 Ano = R$ 4,26
LPA PETR4 R$ 4,26X + 10% 3 Ano = R$ 4,68
LPA PETR4 R$ 4,68X + 10% 4 Ano = R$ 5,15
LPA PETR4 R$ 5,15X + 10% 5 Ano = R$ 5,67
2. Projetar o P/L, mais uma vez Charles usa uma
abordagem simples: Se o P/L for maior que 20,
usaremos um P/L de 17 e Se o P/L for igual ou
menor que 20 usaremos um P/L de 12.
Charles diz que, historicamente, o mercado de
ações obteve uma média de P/L de 17 nos últimos
50 anos. Muitas poucas empresas foram capazes de
serem negociadas a um P/L igual ou superior a 20.
3. Multiplicar o P/L estimado pelo LPA no fim do
quinto ano. Como o P/L da PETR4 é menor que
20, vamos usar o P/L 12 na nossa fórmula, o lucro
por ação da PETR4 no fim do quinto ano foi de
R$ 5,67, multiplicando R$ 5,67 por P/L de 12
temos o preço da Petr em R$ 68,04 reais para
daqui a cinco anos.
4. Calcular os lucros em forma de dividendos.
Vamos supor que a PETR4 pague somente o
09
FundamentosMille
mínimo legal de 25% dos lucros na forma de
dividendos a conta seria essa R$ 3,87 + R$ 4,26 +
R$ 4,68 + R$ 5,15 + R$ 5,67 = Total de lucro
projetado para a PETR4 em cinco anos = R$
23,63. Multiplicando R$ 23,63 pelo pay out de
dividendo esperado da PETR4 que é de 25% a
conta seria R$ 23,63/25% = R$ 5,90 de dividendos
esperados em dinheiro para os próximos cinco
anos.
5. Obter o preço total das ações. Ao somarmos o
preço da PETR4 no final do quinto ano R$ 68,04
+ R$ 5,90 de dividendos esperados obtemos o
valor de R$ 73,94.
Então descobrimos que, se a PETR4 conseguir
aumentar o LPA em aproximadamente 10% AA
durante cinco anos e que se o P/L dela for aproxi-
madamente 12 o preço justo da ação seria algo em
redor de 74 reais, o próximo passo é calcular o
valor a ser pago hoje pela PETR4, como podemos
escolher essa taxa da maneira mais confortável que
quisermos, escolherei uma diferente do autor
Charles Mizhari, pois representa melhor a renda
fixa brasileira que seria a SELIC + 50% de prêmio
de risco, pegamos 10% da SELIC + 5% do prêmio
de risco dá uma taxa de desconto de 15% AA,
então calcularemos o valor da ação que obtivemos
para cinco anos, trazendo de volta hoje.
Valor da PETR4 daqui a 5 anos R$ 73,94, quinto
ano R$73,94/15% R$ 64,29. Valor da PETR4
quarto ano R$ 64,29/15% R$ 55,90. Valor da
PETR4 terceiro ano R$ 55.90/15% R$ 48,61.
Valor da PETR4 segundo ano R$ 48,61/15%
R$42,27. Valor da PETR4 primeiro ano R$
42,27/15% R$36,76.
6. Passo final, estudar o resultado obtido e analisar
os diversos cenários possíveis dos quais você acha
mais provável. Bem, pessoal, eu não sou dono da
razão e cada pessoa é livre para analisar o resultado
conforme seu conhecimento e plano, bem como a
pessoa pode fazer esse cálculo usando a taxa de
crescimento, P/L e taxa de desconto que achar
mais adequada.
Eu usei as duas primeiras que o autor sugere e a
terceira que fez mais sentido para mim, então,
voltando à análise, como o valor justo da ação está
mais alto do que o mercado, eu vejo dois cenários,
ou a capitalização está funcionando como um
problema de CP/MP que está tornando as ações da
Petrobras momentaneamente subvalorizadas e,
consequentemente, transformando suas ações em
pechinchas, ou o mercado tem razão e a capitaliza-
ção vai afetar os fundamentos e lucros da empresa
durante um bom tempo fazendo que as taxas de
crescimento e P/Ls que usamos se tornem total-
mente inadequadas e conseqüentemente a ação
não está subavaliada, quem tem razão só o futuro
dirá, mas na verdade pouco importa, o que impor-
ta para o pequeno investidor é o monitoramento
constante de suas ações, fazendo correções quando
seu plano indicar, sem tentar adivinhar para aonde
o mercado vai.
João Bosco Oliveira - Colaborador do site Bastter.com.
10
Renda FixaDepiné

Capital Financeiro x Capital Humano

Uma nova abordagem sobre macro alocação de recursos.
Tomei conhecimento do conceito básico de Capi-
tal Financeiro e Capital Humano há um ou dois
anos, quando estava escrevendo um artigo para
conclusão de pós-graduação. O autor que me apre-
sentou o assunto foi Luis Viceira (Overcoming the
saving slump, 2008) e recomendo para quem
quiser aprofundar-se no assunto. O autor teve o
mérito de estruturar um conhecimento que é
aparentemente simples e intuitivo.
Define-se capital financeiro para fins de aposenta-
doria como toda reserva financeira disposta pelo
indivíduo para transformar em consumo após
cessar a vida profissional. Esse capital pode estar
distribuído em imóveis, ações, poupanças, fundos
de previdência, fundos de investimento financeiro,
moeda estrangeira, etc...
De modo geral, para o trabalhador médio, o capi-
tal financeiro no início da carreira é muito baixo,
tendendo a zero, enquanto o capital humano é
bastante alto, conforme podemos observar no
exemplo retratado no gráfico 01.
Veja a simulação no gráfico, considerando um
salário inicial de R$1.000 (1% ao ano de cresci-
mento real), com uma poupança mensal de 15%
(R$150), aplicadas a uma taxa de 5% ao ano. A
linha vermelha mostra o capital financeiro do indi-
Financeiro
Humano
Total
víduo, que cresce de forma exponencial ao longo
dos 36 anos de vida laborativa (efeito dos juros
compostos).
Observa-se também o decréscimo do capital
humano (linha azul) de forma quase idêntica ao
crescimento esperado do capital financeiro. Para
descontar o capital financeiro também foi utiliza-
da uma taxa de 5% ao ano. A linha preta no gráfi-
co representa o capital total, ou seja, a soma de
capital humano e financeiro, que se mantém razo-
01

Capital humano, por sua vez, trata-se dos salários

e demais rendimentos futuros a receber durante a
vida produtiva do trabalhador, descontados a valor
presente por uma taxa de juros a ser determinada.
11
Renda FixaDepiné
avelmente estável ao longo de toda a vida laboral
do indivíduo simulado.
Agora vem a parte mais interessante desse concei-
to. Viceira argumenta, em seu estudo, que quanto
mais seguro e estável for a remuneração de um
trabalhador, maior a semelhança de seu salário
com os rendimentos de um título de renda fixa de
baixa volatilidade. Dessa forma entende-se que, no
início e até pelo menos a metade da carreira, todo
trabalhador está super alocado em renda fixa.
De forma a exemplificar essa situação, tomemos no
exemplo acima o instante de 10 anos de trabalho.
Nesse momento o trabalhador está com um capital
Renda Fixa
Ações
financeiro de R$25 mil, enquanto seu capital
humano é de R$212 mil.
Dessa forma, mesmo que o trabalhador seja arroja-
do e aloque 50% de seu capital financeiro em
ações, na somatória dos dois, considerando o capi-
tal humano como uma alocação inevitável em
renda fixa, o trabalhador estará exposto apenas 5%
em ações, conforme podemos observar no gráfico
abaixo.
Ao contrário do que sugere a teoria das finanças,
percebe-se que todo trabalhador com remuneração
estável e previsível (tipicamente um funcionário
público) possui uma tendência natural à alocação
excessiva em renda fixa no início da carreira, justa-
02
mente no momento em que seria adequado uma
alocação mais forte em ações e ativos de maior
risco.
De modo análogo e inverso, um trabalhador com
renda incerta e volátil (tipicamente um empresá-
rio), que se assemelha de certa forma aos mercados
acionários e ativos de risco, tem um problema
oposto. Esse indivíduo estaria naturalmente super
alocado em renda variável e ações através de seu
capital humano e deveria, dessa forma, procurar
ativos de menor risco para investir seu capital
financeiro, mantendo, desde o início de sua vida de
poupador, uma grande parcela de sua reserva em
renda fixa, a fim de equilibrar sua carteira total.
Leonardo Germano Depiné - Engenheiro de Produção, Pós
Graduado em Finanças e Previdência Privada, atuou como
Analista de Investimento na indústria de Fundos de Pensão e
atua como Analista Financeiro na área de Geração de Energia.
12
Estratégia com OpçõesPredador
Reversão Coberta
Saiba o básico dessa operação, qual a margem e como calibrá-la .
A Reversão Coberta (RC) consiste em, para cada
1000 ações, fazer N travas de baixa.
Margem
Antes de fazer RC devemos transferir o papel da
carteira de custódia para a carteira de garantias,
onde o papel serve de margem pelo financeiro.
Hoje em dia a maioria das corretoras faz isso auto-
maticamente, mas é sempre bom conferir.
Tendo o papel, fazemos travas de baixa no dia em
que comprarmos o papel e mantemos essas travas
enquanto tivermos o papel. O que pode acontecer
é, no mercado de lado, a trava virar pó e o operador
ter que fazer outra.
Na queda normalmente não vira pó porque vende-
mos mais. Ou seja, é para estar permanentemente
posicionado nas duas pontas Papel e Travas de
baixa. Para estudo sempre usando o lote de 1.000
papel.
Calibrando a Reversão Coberta
O padrão é vender 3.000 reais para cada 1.000
papel. Acreditando num mercado de baixa ou
querendo proteger-se mais, podemos vender mais,
até, no máximo, 5.000 reais. No caso que o opera-
dor acredite na alta, pode vender menos, no
mínimo, 1.500/2.000, esse também seria o caso do
iniciante. Então essa é a primeira forma de calibrar
partindo de um padrão de vender 3.000 reais por
cada 1.000 papel. Quanto mais eu vendo, mais eu
calibro para a baixa e, quanto mesmo eu venda, eu
calibro para a alta.
O ideal é sempre fazer travas de baixas vendidas
em VE para haver ganho no mercado de lado e até
na pequena alta. Mas, quanto mais vender VE,
mais risco existe na alta. Por isso que é bom
manter o padrão 3.000 a 3.500 de reais tirados do
mercado em trava de baixa, no máximo. Outra
forma de calibrar é posicionar a opção vendida
ITM, ATM e OTM.
ITM - É raro porque não vende VE, mas é uma
estratégia altista, pois, na opção vende menos lotes
com menos risco.
ATM - É o padrão. Vai posicionar a RC para o
mercado de lado, mas é eficiente na alta e na baixa.
OTM - Normalmente não é utilizada porque cria
mais lotes para tirar a mesma grana, gerando
muito risco. Quando o mercado sobe com volatili-
dade e aumenta o VE, surge a oportunidade que
deve ser aproveitada de fazer OTM.
A forma final de calibrar é tentar colocar a ponta
comprada das travas de baixa o mais OTM possí-
vel (pulando 1 ou mais), porque o risco máximo da
trava de baixa é na ponta comprada. Então, se a
ponta comprada é bem OTM quanto o papel
chegar no ponto de risco máximo da trava de
baixa, o papel já ganhou muito.
Um marcador importante é: Quanto Reais Defen-
13
Estratégia com OpçõesPredador
de de Baixa = (Reais Recebidos na Trava de Baixa)
/ Lote. Exemplo: Para um lote de 1.000 VALE5
faço (G48 -2000 G54 +2000) recebo 3200 reais.
Quantos reais defende na baixa = 3200/1000 =
3,2.
Observação: No exemplo VALE5 está 47,14 o risco
máximo = 54,00. No 54,00 papel já ganhou 6.860
e a reversão perdeu 8.800. 1.914 de prejuízo mas
agora se subir a trava de baixa não perde mais.
Então a partir de 55,91 a operação se torna vence-
dora porque o papel ganha mais que a reversão
perde. Mas repare, só existe perda financeira 52,50
e 55,91 sendo que, no máximo, de 1.914 (quanto
mais se afasta do 54 o prejuízo é menor). Esse é o
famoso buraco negro. Existem duas formas de
lidar com o buraco negro:
1. A ideal, na semana anterior à semana do venci-
mento, já ter rolado as travas de baixa para o venci-
mento seguinte e 2. Se, a 10 dias do vencimento, o
papel estiver na faixa do buraco negro, montar
borboletas ou mesas nessa faixa.
Relação Papel – Trava de Baixa
Isto é para os vencimentos de alta acima do strike
da ponta vendida da operação calcular: a. Quanto Regra de Ouro
o papel ganha; b. Quanto a reversão perde ou
ganha; c. Saber o resultado = resultado do papel – Entrar na semana do vencimento com toda posi-
resultado da reversão e d. Calcular até o limite de ção vendida já na série seguinte. Na série atual, no
perdas da reversão porque a partir dai a reversão máximo compra ou boi.
não perde mais e o papel ganha 1000 reais para
Ricardo Hissa - Programador, Economista, Professor de
cada 1 real que o papel subir (lote de 1000).
História e Agente Autônomo de Investimentos. Opera na
Bolsa de Valores há mais de 20 anos.
Gerenciando a RC
Na minha opinião, o melhor é utilizar o método
Bastter Blue onde: No Nível 3 vai fazer operações
cobertas financeiramente (sem buraco negro) e no
Nível 4 vai ter o Limitex - que controla o risco
presente e o Thex - que controla o risco futuro.
Técnicas Básicas de RC
Na Baixa: Rolar a trava de baixa para dentro do
dinheiro com a dívida em 2.000 alerta, 1.500 ideal
e 1.000 obrigatório (vendido em pó). Mas só vale
a pena se a grana da rolagem compensar. Em
geral, não compensa.
Na alta, comprar lotes onde está vendido
(gerenciar compras tem que soltar as compras se
cair), rolar onde está vendido para a série seguinte,
gradualmente.
14
Coluna do ForenseSandro Schmitz dos Santos
Capitalização de Empresa
Capitalização de empresa por meio de divida: saiba quais os riscos a serem considerados.
Dentre as diversas modalidades existentes na
captação de recursos para empresas ou projetos,
está a capitalização da empresa por meio da assun-
ção de dívida assumida junto a investidores.
Quando realizadas, as mesmas são feitas por meio
de debêntures, no caso das Sociedades Anônimas,
e por meio do Contrato de Mútuo, por parte das
Limitadas. Na crise ocorrida em outubro de 2008
tivemos situações emblemáticas em algumas
empresas.
Uma das situações mais complexas ocorreu com
uma empresa da região sul que havia captado
recursos com a obrigação de pagar em diversas
parcelas o capital buscado junto a investidores.
Contudo, para baixar o custo financeiro da capta-
ção, estabeleceu que, caso inadimplisse alguma das
parcelas, a dívida venceria em sua integralidade
para os credores. Esse contrato fora assinado em
março de 2008, quando a taxa entre real/dólar
estava em R$ 1,69 = US$ 1. Ocorre, porém, que no
final de outubro de 2008 a relação real/dólar era de
R$ 2.39 = US$ 1. Ou seja, a dívida aumentou em
R$ 0.70 (setenta centavos de real) por dólar da
dívida, moeda em que estava indexada, resultando,
daí, a inadimplência do devedor.
Tal situação deixou a empresa em estado alarman-
te, pois a quebra de contrato não é prática comum
na maior parte dos países, portanto era muito
incerta a revisão de contrato por parte dos credo-
res. Ajudou, em muito, a crise ter tido proporções
globais, o que flexibilizou os ânimos dos credores,
que aceitaram a revisão contratual, mas a mesma
poderia não haver ocorrido.
Todavia, é necessário que sirva de exemplo às
empresas os riscos envolvidos em uma operação de
capitalização por débito. Temos, hoje, uma situa-
ção de empresas listada em bolsa de valores que,
apesar de possuir bons fundamentos, possui
debêntures emitidas no valor de 120% (cento e
vinte por cento) do total que suas ações são nego-
ciadas no mercado secundário. Isso significa que
suas ações na totalidade negociadas pelo valor de
R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) e o valor
total das debêntures emitidas eram de R$
1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais).
Consideremos que todas essas debêntures pudes-
sem ser convertidas em ações, a companhia já
estaria vendida na atualidade.
Certo que existem debêntures conversíveis e não--
conversíveis em ações, contudo, em qualquer
modalidade dessa operação, a mesma deve ser
iniciada com um processo de severo valuation. Ao
sabermos de maneira exata, podemos ter uma ideia
clara da quantidade perfeita de ações que podem
ser comprometidas por meio de debêntures. Um
ponto por vezes desconsiderado por muitos gesto-
res, é que ações e títulos mobiliários são títulos
passíveis de constrição por meio de ação judicial.
Podemos entender valuation como o processo de
avaliação de ativos de uma empresa de maneira a saber
de forma exata o real valor da mesma. Dentre esse proces-
so chegamos ao valor exato de cada ação da companhia.
Um tema muito desconsiderado pelas empresas é o
fato de que a debênture se constitui em Título
Executivo Extrajudicial, com validade plena e
oponível contra todos, visto que é registrada junto
a órgãos governamentais, portanto, passível de se
dispensar o processo de conhecimento. Ou seja,
possibilita que se parta de forma direta ao processo
de execução e pode determinar a penhora de ativos
da empresa para solver a dívida ou, ainda, a penho-
ra de cotas acionárias da empresa.
Existem aqueles que irão arguir que, caso a empre-
sa integre o Nível 1 do Novo Mercado, o que
15
Coluna do ForenseSandro Schmitz dos Santos
implica a utilização da arbitragem para resolver
seus conflitos de interesse. Ainda assim a situação
não é simples, visto que, por representar uma
dívida conhecida e reconhecida pelo mercado, não
cabe discussão no que se refere à mesma, visto ser
incontroversa. Em caso de arbitragem iremos ter
soluções muito semelhantes ao que poderia ser
decidido pelo Judiciário: pagar a dívida, renegociar
a dívida ou, ainda, converter em ações da empresa.
No caso das Limitadas, uma das formas mais
simples de se obter capital junto a investidores é
por meio de contrato de mútuo, que nada mais é
que uma forma de empréstimo de capital. Esse
contrato é relativamente simples de ser feito, toda-
via possui algumas especificações a serem observa-
das.
Primeiro no que se refere ao prazo. O mútuo é um
contrato cujo tempo máximo é de 24 meses,
portanto, um tempo relativamente curto para a
lucratividade de alguns projetos. Isso implica que,
em muitos casos, o mesmo terá de ser renovado,
momento em que pode vir a onerar sobremaneira a
empresa.
Da mesma forma que as debêntures, o mútuo se
constitui em uma dívida reconhecida pelo deve-
dor, portanto Título Executivo Extrajudicial,
possuindo, desta forma, as mesmas possibilidades
judiciais que aquelas. Todavia, o maior risco das
limitadas de pequeno e médio porte ao realizarem
esse contrato se encontra em detalhes específicos
do contrato.
Em nosso país as empresas costumam iniciar de
pequeno ou de médio porte, registrando seu
contrato social com valores pequenos em sua
origem. Isso se deve por diversas razões, sendo
uma das principais as de natureza fiscal e tributá-
ria.
Ocorre que o porte, a capacidade de endividamen-
to e outros fatores da empresa são considerados
sobre seu capital social, que muitas vezes não
representa a real situação da empresa. Isso gera
situações bem complexas, visto que, muitas vezes,
esse documento sequer é observado e a dívida
contraída representa a totalidade do capital social,
ou seja, a quem veja o contrato o mesmo poderia
(poderá) ser, judicialmente, em contrato de
compra da empresa.
Apenas a título de exemplo, recentemente uma
empresa de médio porte localizada no Rio Grande
do Sul, recebeu um aporte de capital que represen-
tava 20 vezes o valor da mesma por meio de
contrato de mútuo. Quando foi questionado o
mesmo judicialmente, a empresa foi duramente
questionada pelo Judiciário se a intenção real do
proprietário não seria vender a empresa e o contra-
to fora utilizado para fraudar a Receita.
A título de conclusão... Por óbvio que essas são
formas úteis de uma empresa se capitalizar por
meio de investimentos, todavia qualquer das
modalidades apresentadas demanda uma profun-
da análise técnica antes de serem consideradas,
visto que geram uma dívida para a empresa que,
em muitos casos, podem comprometer seriamente
a saúde financeira da mesma. Dessa forma devem
ser consideradas individualmente, jamais como
uma prática comum, assim como jamais se tornar
rotineira, sob pena de não se observar as particula-
ridades da operação. Outro ponto a ser observado
é que as considerações feitas nesse artigo se
aplicam apenas à capitalização da empresa como
entidade, não a capitalização feita para projetos da
empresa na modalidade de Project Finance. Isso
porque a remuneração do investidor irá ser feita
por meio do fluxo de caixa do próprio projeto e
não sobre o patrimônio da empresa, como nos
casos acima descritos.
Sandro Schmitz dos Santos - Analista e Consultor Internacio-
nal. Doutorando em Direito pela Universidad Del Museo
Social Argentino (UMSA). Consultor em Direito Societário e
Comparado.
Você também pode usar este espaço para
colocar seu artigo, sua opinião, sua experiência.
Envie um e-mail com sua sugestão para
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Fora da BolsaAndressa Jasmin Edde
Mitos Sobre Nutrição
Conheça alguns mitos famosos sobre nutrição.
A nossa cultura nos ensina muitas coisas, mas boa
parte delas estão erradas. Quando o assunto é
alimentação e, mais especificamente, emagreci-
mento, as técnicas e dicas são as mais diferentes
possíveis. Todas com a garantia de que funcionam.
Mas será verdade ou mito?
Mito: Água quente em jejum queima gordura.
Beber água quente em jejum ou chá quente depois
das refeições não elimina nenhum grama de
gordura ingerida ou acumulada.
Queimar gordura e perder peso depende da relação
entre ingestão de calorias e gasto calórico. Ou seja,
o ideal é reduzir a ingestão de alimentos (sempre
com orientação e moderação) e aumentar ao
máximo a prática de atividade física (também com
orientação).
Mito: Beber líquidos durante as refeições
engorda. Vai depender da qualidade e quantidade
deste líquido. Não é recomendada a ingestão de
líquidos durante a refeição, mas, se for beber, o
ideal é restringir para um copo pequeno de água
sem gás.
Em relação aos outros líquidos, a quantidade reco-
mendada é a mesma, mas deve-se atentar para as
calorias, caso contrário a resposta para esta questão
é positiva. As bebidas gaseificadas e concentradas
(sucos) não são recomendadas pelo efeito no
funcionamento digestivo.
Pode “empurrar” os alimentos aumentando o
volume do estômago, diminuir a velocidade de
esvaziamento gástrico ou, ainda, competir com a
digestão dos alimentos, dificultando o aproveita-
mento dos nutrientes. Para quem tem gastrite ou
hérnia de hiato nunca são indicados líquidos às
refeições, para não distender o estômago.
Mito: Comer à noite engorda. À noite o metabo-
lismo é mais lento. Mas não é por isso que não
devemos comer neste horário, até porque o que
realmente engorda é o jejum. O importante é esco-
lher alimentos leves, de fácil digestão, como legu-
mes, saladas, carne magra (como peixes e frango),
sopas e frutas.
Quanto ao carboidrato, se for consumi-lo à noite,
prefira aqueles ricos em fibra e pobres em gordura:
fruta, cereais integrais, grãos... Cuidado com a
composição e a quantidade do jantar, esses são
fatores importantes para a manutenção do peso.
Se a refeição da noite for basicamente carboidrato,
com pouca ou nenhuma proteína (carnes ou quei-
jos) e ainda sem fibras (legumes e verduras), a
absorção dos carboidratos fica muito facilitada e o
nível do açúcar no sangue aumenta rapidamente.
Enquanto o nível de açúcar está alto, o organismo
utiliza esta fonte de energia e inibe o uso de gordu-
ra corporal como forma de energia.
Mito: Não comer carboidratos emagrece. Uma
dieta com restrição de carboidratos deixa de forne-
cer o combustível principal para o corpo gerar
17
Fora da BolsaAndressa Jasmin Edde
energia. Como forma de defesa, o organismo retira
a energia necessária de suas reservas (glicogênio,
que é a reserva de carboidrato, e músculo).
A perda destas reservas leva à perda de água e,
consequentemente, à perda de peso, mesmo em
curto espaço de tempo; mas, no retorno à dieta
normal ou habitual, o músculo e o glicogênio se
recuperam e o peso aumenta. E a gordura? Em
curto prazo, continua intacta, no mesmo lugar.
Outro fator prejudicial decorrente da retirada dos
carboidratos é a hipoglicemia. A queda do açúcar
no sangue diminui as funções cerebrais, ocasio-
nando moleza, sonolência, perda de memória,
menor concentração e muita dor de cabeça. Em
alguns casos, desmaios com risco de acidentes.
Então, não esqueça: o excesso de carboidratos
aumenta a gordura corporal rapidamente, mas a
retirada total é muito prejudicial.
Mito: Carne vermelha é ruim para a saúde.
Carne vermelha, frango, porco e peixe contêm
gordura saturada e colesterol. Porém, contêm
nutrientes que são importantes para a saúde, como
proteína, ferro e zinco. O consumo de carnes deve
ser regular, pois, além de fornecer proteínas, é a
maior fonte de cinco vitaminas (tiamina, niacina,
riboflavina, B6 e B12) as quais estão relacionadas
ao crescimento, à capacidade de equilíbrio,
concentração e aprendizado.
A carne contém, também, importantes minerais,
dos quais se destacam o ferro e o zinco, presentes
em maior quantidade na carne vermelha do que na
branca. A carne vermelha possui, ainda, uma
particularidade: 50% de seu conteúdo de ferro é
formado por "ferro-heme", um tipo de ferro absor-
vido mais facilmente pelo organismo.
O ideal é alternar os tipos de carne, mantendo em
maior quantidade as brancas (peixe e frango sem
pele) e escolher pedaços de carne que têm menos
gordura, retirando qualquer gordura extra antes de
cozinhar e aquela aparente após pronta. Exemplos
de carnes mais magras: lagarto, coxão mole e duro,
alcatra, patinho, músculo.
Mito: Fazer jejum emagrece. O jejum pode ser
muito perigoso para o organismo, pois, como uma
forma de defesa, o metabolismo torna-se mais
lento e a perda de peso não ocorre de maneira
normal. Ou seja, além de fazer mal à saúde, a
perda de peso é basicamente às custas da perda de
líquidos e massa muscular e, portanto, não é
eficaz.
No retorno à dieta normal ocorre justamente o
contrário: o organismo se recupera e passa a
aumentar o peso, pois absorve mais os alimentos
para tentar manter uma reserva maior de energia
(gordura armazenada) para se prevenir no caso de
um próximo jejum, onde esta reserva será necessá-
ria.
Mito: Comendo bananas não terei mais cãim-
bras. Normalmente as pessoas associam as cãim-
bras à falta de potássio, e como a banana é uma
fruta rica em potássio, acreditam que o consumo
da mesma inibe o aparecimento da cãimbras.
Isto realmente acontece, mas não é esta a causa
principal. Cãimbras normalmente aparecem com
esforço muscular e aumento de ácido láctico
(derivado do glicogênio) nos mesmos, pela incapa-
18
Fora da BolsaAndressa Jasmin Edde
cidade do organismo remover este “lixinho” dos
carboidratos utilizados nos músculos. As outras
prováveis causas são deficiência de cálcio e a
desidratação, que leva a perdas importantes de
sódio e potássio (comum com uso de diuréticos e
grandes perdas de suor no exercício).
Ambos alteram a capacidade de contração e
descontração muscular, levando a cãimbras.
Assim, a falta de potássio não é a primeira causa de
câimbras. Sem dúvida a banana pode ajudar, mas
como a falta de potássio e outros nutrientes não são
a única causa para o aparecimento das cãimbras,
não se pode dizer que apenas o consumo de
alimentos ricos em potássio e cálcio seja a solução.
Além disso, é melhor procurar um especialista da
área, no caso de repetições frequentes.
Mito: Macarrão engorda. Dependendo das
quantidades e situações, horários, todos os alimen-
tos engordam. O macarrão é composto basica-
mente por carboidratos e quase totalmente isento
de gorduras. O que normalmente engorda é a
forma de preparo (quando se usa muito óleo) e os
molhos adicionados a ele, além do queijo ralado,
todos ricos em gordura. O macarrão com molho rar o aproveitamento da energia ingerida e propi-
de tomate - menos calórico - pode fazer parte de ciar um adequado funcionamento do organismo.
uma dieta para perda de peso desde que consumi-
Andressa Jasmin Edde - Nutricionista.
do com moderação.
Mito: Pão integral engorda menos que o pão
branco. O pão integral tem a mesma quantidade
de calorias que o pão branco, porém com a vanta-
gem de apresentar um maior conteúdo de fibras,
que poderão contribuir para a saciedade, melhor
funcionamento do intestino e absorção de carboi-
dratos de forma mais lenta.
Mito: Alimentos Orgânicos são mais nutritivos
que não orgânicos. Alimentos orgânicos e não
orgânicos contêm os mesmos nutrientes e quanti-
dades destes. A vantagem dos orgânicos é que eles
não têm agrotóxicos ou esses estão presentes em
menor quantidade.
Mito: Vitaminas e minerais engordam. As
fontes de calorias (energia) não são vitaminas e
minerais, e sim, carboidratos, proteínas e gorduras
(macronutrientes). O que alguns micronutrientes
(vitaminas e minerais) têm como função é melho-
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