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a l e b' ha /adlata a una ensanr desenvolvimentista 45

r a an ivtnth iuurais da burguesia industrial brasileira


auam fragiladak na ialis pundhativ ista. I um lado, a tinanceirização
ital vna kaArd misura eniw i aital da undustria e das tinanças.
wrsas rabnas nhtivas varam ad a contme de bancos e fundos de
e s n n a r Ik uuu k amkr m o conomista iuilherme Mello,
N daadasak taras k unv tmais, o onjunto do empresariado brasi-
kin soha niur hnaeim, umutu se em atividades puramente
nIsTAS, 1alrnhraiavrtera ue ganhos elevados em investimentos seguros
c okvaia ingunde: tvmpko HagTante serianmn asditicukdades atravessadas
Y C N a s Nmafutvas rasileirAs durante o estrangulamento hnanceiro

mundial 0 S . iortenentecnmpnnetiudas com operaçoes especulativas,


irant om apuns quando as merados entraram em convulsào.
A dupnla cwndaar uke industnais e entistas restringiria o grau de empenho
na nlaratama pantutv ista. onw capitdode industria. deseja crédito barato
Tanta aiuar udv junx. laiaia mopnoprietario de conglomerado que
c tambem hnannein, aspira a juns altos. que remunerem o dinheiro aplicado.
carater prmiominantemente pradutivo da atividade que exerce implica
impulso para a aliança com os trabalhadores, mas o vinculo com o compo-
nente hnancein dos lucros taz com que esse impulso tenha curta duração. O
resultado sria um haixo compromisso com a redução do ganho financeiro.
2. avano da intervenção estatal provocou expansão dos postos de
trabalho formais. As taxas de desocupação no periodo foram baixas, próximas
a 4.59% entre 2011 e 2014. Em decorrència disso, conformelembrou o eco-
nomista Fernando Rugitsky a partirdo raciocinio que Michal Kalecki (1899-
-1970) publicou em 19-43. os empresários tenderam a se afastar. Kalecki
ahrma que o pleno emprego mantido pelo governo tira dos empresários um
instrumento decisivo para mandar na politica economica, a saber, justamente
a ameaça do desemprego. Num contexto liberal, se os empresários "perdem a

emprego cai. Então, o governo é obrigado


a
conhança.param de investire o
mudar. Mas, seo pleno emprego é sustentado por verbas públicas,
entioesse
poder de pressão cessa. Para revogar o arcabouço estatal que sustenta o pleno

Guilherme Mello. "Percalços da transformação monetiria e a nova contrarrevolução


liberal conservadora". Fundação Perseu Abramo. out./nov. 2013, mimeo.
Fernando Rugitisky. "Do ensaio desenvolvimentista à austeridade: uma leirura
Naleckiana". Carta Maior. 8 maio 2015. Disponível em: <htp://cartamaior.com
br//Editoria/Economia/Do-Ensaio-Desenvolvimentista-a-austeridade-uma-leitura-
Kaleckiana/7/33448>. Acesso em: 6 jun. 201).
6 As ontradiçoes do hulisn

emprego, a burguesia usaria a "greve de investimentor".


as inversóes tenham
Tae
que estagnado de 2011 a
2013, vindo a
m segundo lugar, pleno emprego deu muscaulanuta caár e
o
ans
que resultou continua elevaçáo do
na
número de geves. As simdi
que já vinham subindo desde 2008, atingiram parziin
quase 87 mil horas naci
maior índice desde 1997".
o
Depois, continuaram a cresa em 20
mil horas paradas em 2014 Em número de batendn 11111
greves, houve
om um salto para 2.050 em
20133PO sociólogo Ruy Braga8733 em em 2012
o pico anterior do total anual havia ocorrido
em
chnerva
1989, com 1.962
m

A expressiva quantidade no
primeiro mandato de Dilma. contorme tem
asinalado Braga, seria motivo suhciente
para atastar o capital do rabalh
desfazendo a coalizáo
Na mesma
produtivista"
direção, cumpre assinalar que o salário
mento de 13% entre 2011 e 2013". Considerando-se amédio rea teve a
decorrente da intlação e da pressáo de castos
mento da
desvalorização cambial, somada ao desaquec-
economia, segmentos
elevada parcela do faturamento empresariais começaram a se
qucixar a
destinado a remunerar o trabalbo. Reunidos
os très fatores
perda de controle sobre política econömica com
a
emprego, incremento do número de pieno o

do trabalho
e greves ascensão dos rendimenos
-, faz sentido
pensar que a
oposição dos industriais ao ensaio
desenvolvimentista esteja diretamente
ligada à luta de casses.
*ldem. O
desemprego caiu de 5,3% em 2010 para 4,7% em 2011. para
e
para 4,3% em 2013 e 2014
(medida 4.6m c01
uma análise pelo IBGE em dezernbro de
cada ano. Pz
completa
fonte fundamental de
da questão do
investimento, deve-se iembrar qux a Pobrz
investimento no país, aplicou menos em
Dieese, "Balanço das
greves 2U14
em 2012", Estudos e
Pesquisas,
cm: <htp:llwww.dieese.org.br/balancodasgreves/ 66.
2012/estPesqooealanogrris.
n.
maio 2013. Dispoene
pdf>. Acesso em: 29 jul. 2015.
ldem, "Balanço das greves em 2013", Esndos e
"No momento en
Pesquisas. n. 9. der. 015.
que este
capítulo era concluído. os números de 014 nda na
estavam consolidados pelo Dieese, mas é
observa que o
pico anterior do possivel que superem s de 01 Sraga
total anual
ocorreu em 1989, com
Ruy Braga, comunicação pessoal, Cenedic, 26 I. ZEN*
Ver dados do IBGE jun. 2015.
em Bruno Villas
6,9% em junho, maior taxa desde 2010",Bôas, "Desemprego nas merripoies sote
Folha de SPaeudo, 23 jal 2015.
em: ehttp:l/www1.folha.uol.com.br/mercadol/2015/07/1659358-desempergosDispoeve?
metropoles-sobe-a-6)-cm-junho-maior-taxa-desde-2010.shtmb
2016. Calculo nosso (AS) a
partir do salário
Acse c 2
médio real em6 jan 2011ein 24
A (falta de) base politica para o ensaio desenvolvimentista47

3. As relaçóes entre a burguesia interna eo capital internacional se


transformaram a partir da crise de 2008. De acordo com o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, o resultado das mudanças serå um mundo
dominado pela "coexistencia competitiva" de dois gigantes: Estados Unidos
e China. Daí a onda liderada pelos norte-americanos. na qual "Canadá
México, Argentina e Brasil podem ter um lugar ao sol. Mas. para isso. o
pais precisaria optar claramente pelos Estados Unidos e descartar a China".
A análise de FHC está em linha com o que se vem discutindo na TTIR
sigla para Transarlantic Trade and Investment Partnership. algo como P'ar-
ceria Transarlântica sobre Comércio e Investimento". ATTIPé um "acordo
Unidose
de livre-comércio negociado desde julho de 2013 pelos Estados
com mais
pela Uniäão Europeia, visando criar o maior mercado do mundo,
diante da
de 800 milhóes de consumidores". Seria a saida do Ocidente
irresistível ascensão do par China-India. Um ponto nevrálgico é queo
TTIP "prev submeter legislaçóes em vigor dos dois lados do Atlântico
as

às regras do livre-comércio, que correspondem na maioria das vezes às

preferênciasdas grandes empresas europeias e norte-americanas". Pode-


-se imaginar quais camadas sociais tais "inovações beneficiariam, e quais
Générale
prejudicariam.De acordo com Wolf Jäcklein, da Confédération
du Travail (CGT) francesa, uma das ameaças do TTIP seria o "não respeito

dos direitos fundamentais do trabalho"",


encontrou boa repercussão nos
Ao que parece, a iniciativa do TTIP
do Instiruto de
meios industriais brasileiros. Pedro Passos, ex-presidente
vem se batendo pela
Estudos para o Desenvolvimento Industrial (ledi), que
reinclusão do Brasil nas cadeias produtivas globais, argumenta que

miopia", O Estado de S. Paulo.


Fernando Henrique Cardoso, "Sem disfarce
nem

3 mar. 2013, p. A2.


13.
95
Tdem, "Mudar o rumo", O Globo, 5 fev. 2014, p.
Brasil.
mundo", Le MondeDiplomatique
V e r Serge Halimi, "As potências redesenham
o
"Descobrindo o
n. 83, jun. 2014, p. 10-11; Raoul Marc Jennar e Renaud Lambert.
2014, p. 11.
tratado", Le Monde Diplomatique Brasil, n. 84, jul.
"Descobrindo o tratado', cit.
Raoul Marc Jennare Renaud Lambert, do
China no contexto reor
aproximação entre Rússia
e
98
Convém notar, também, a

denamento global.
o tratado, cit.
Renaud Lambert, "Descobrindo
Raoul MarcJennar e n. 84,
Le Monde Diplomatique Brasil.
dez ameaças aos europeus",
Wolf Jäcklein, "... e
jul. 2014, p. 13.
lulismo
do
contradiçóes
48 As
do Brasil poderá se aprofundar.
o
isolamento
internacional
desencadeada em 2011
pais man
tend ncia de mega-acordos. c
integreà TPP
se
fic
(Trans-Pacific Partnership). quc envolve Estados Umiao
çamentoda continentes. e c o m a TTIP (Transar
c outros
onze paises dc trés reunindo EUAe Uniäo Euron
Iade
raáe
Investment Partnership),
and
essa reorganizaçao das relações intemari
É DOSsivel, também. que sobr
tenha coincidido com a mercado brasile
ofensiva chinesa o

detensiva dos setores


manutaturados. provocando reação zing
produtos
dos. Com efeito. há
relatos segundo os quais a ameaça chinesa mobln
segmentos
industriais na primeira metade do governo Dilma 1
De acordo com a visão ocidentalista, o Mercosul nào seria suñcie
decorrente do nào alinhamento com
para tirar o Brasil do isolamento
dois ministros de Dilma 2 emitir
bloco norte-americano. Não por
acaso,

contra o Mercosul e a favor de reaproximaçào com


em 2015 declarações

os Estados Unidos.
Roberto Mangabeira Unger, da Secretaria de Assuntos
é um corpo sem espirito e que
Estratégicos, afhrmou que "o Mercosul
os Estados Unidos "podemos
fazer acordos sob vários aspectos. Armando
da Confedera
Monteiro, ministro do Desenvolvimento (e ex-presidente
Nacional da Indústria - CNI), disse que os Estados Unidos "representan
a maior oportunidade para o incremento das exportaçòes brasileiras
defendeu não ficar amarrado só ao Mercosul4.
Vale recordar que em 2003, setores da indústria brasileira haviam apoiado
a orientação lulista de bloquear a Area de Livre-Comércio das Americas

(Alca) e investir no relacionamento Sul-Sul, criando vinculo privilgiado


com o Mercosul e a China. No final de 2013, entretanto, o presidente da

Pedro Passos, "O Brasil não pode ser uma ilha", Folha de S.Paulo, 1" jan.
2014. Disp
0 1398So.
nívelem: <htup://www.1.folha.uol.com.br/colunas/pedropassos/201401
2015.
6
o-brasil-nao-pode-ser-uma-ilha.shtml>. Acesso em: jun.
0O cientista político Danilo Martuscelli tem alertado para esse fator (comunicaao
pessoal, 4 jan. 2016).
Eliane Oliveira, "Mercosul é 'corpo sem espírito' e foco deve ser EUA. diz Mangabeira
Unger, O Globo, 9 maio 2015. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/aononmia
mercosul-corpo-sem-espirito-foco-deve-ser-cua-diz-mangabeira-unger-1610>00S>,

Acesso em: 6 jun. 2015.


Entrevista com o ministro Armando Monteiro Neto", Brasil 247, 14 jan. 201>
Disponível em: <http://www.brasil247.com/pt/247/economia/166612/Armando-

a0-247-627EUA-s%C3%A30-grande-oportunidade%27.hrm>. Acesso em:


A (falra de) hase polfrica para o ensain desenvelvimentista49
IRetvscon Andrade. talando a empresáriex norte-americanos em Denver
afrmon que o Bracil deveria fechar acordo de livre comércio com os Fstados
inidos. deivando o Mercosul em seg1nde plano Segundo esclarece o pre
nte da Aceciação Brasileira da Industria Elétrica e Fletrónica (Abinee),
.mberro Rarhato. m d a m o o posicionamento. Há dez anos éramos
refrarário
1Agora estamos isoiados, o Brasil está fora das cadeias de valor,
dng a pouco rtarrmos parridns com patses da antiga (ortina de Ferrn"
mg vicho diametraimente
oposta, mas que também privilegia a variável
aSampaio ir entende que Diima subestimou o poder do constran-
gimente internacional Para compensar a retração das exportaçóes com a
odiacão do mercado interno, como tez a China depois de 2008, o Brasil
n e Iaria romper com os parametros da ordem global". de acordo com o
onomista Seria necessärio limitaromovimentodos capitais, obrigando-os
mueerimentos de interesse nacional. Na ausncia de controle. os investidores
hraram plataformas de ganho na
especulaçáo urbana. fundiáriae mer
ani, fomentando a concentraçåo de capital e presionando o Estado por
nNas rodadas de privatização da intraestrutura e dos serviços publicos"",
Para Bresser-Pereira, os
empresários, mesmo os produtivos, são sen-
uves aos
argumentos propalados pelo pensamento rentista". Conforme
ndcamos acima. a coal1zão rentista mobilizou extenso
aparato de formu-
de ataques ao ensaio
drvulgaçáo
aao c
desenvolvimentista. "Diante do
fracasso politica
industrial e do
da baixo crescimento causado
pela sobrea-
precaco cambial de longo prazo existente Brasil, a burguesia rentista
no
t eus cuonomistas liberais buscaram cooptar para a sua causa os
empresi-
rR cmbora interesses sejam confitantes",
seus
registra Bresser-Pereira.
Patracia Campon Mello, "Industria brasileira propóe firmar
acordo de livre-comercio
E EUA Folha de SP'aulo, 14 nov. 2013. Disponivel
uala aol coes
br/mercado/ 201
em:
<http://wwwl
5/11/137114l-industria-brasileira-propoc-hrmar-
aCNo de-vte-comerciom cuà. shtml>. Acesso em: 13 ago. 015.
de gribo nosso
rlitao de Asruda Sanpao J. 2013 o
gato subiu no telhado. jørnai dus tcone-
nselho Regional de
Fonomia do Rio de Janeifo), n. 282, jan. 20l5.
ksponivel en
<http//www.wrcon-rj.org.br/doK uments/11827/13953/Janeiro
a2%BA282)/1Ida4d5eb
ALrs c 89ab-46a a229-45dlledtbaefversion=1.1>.
ago 2015.
. dcz. Dfesser Pereira, "Governo, empresários c rentistas", Folba de . anio.
2013, p. Al4.
coniradiçoes
do lulismo
As
s juntaram-se
Sob o
guarda-chuva
do
anti-tntervencion1Smo,

autoritarismo e corrupção -

nãose
se
acusaçóes de
deve esque-
arbitrio,
incompetencia, enorme
mensalao ocupou espaço midiáti.
er auc o julgamento do
Dilma.
2012/2013 -à administraçáotambem,
que a piora das condições ohie
E necessário considerar, O baixo crescimento do PIB e m 0
potencializou o efeito ideológico. 12e
forneceram combustivel para argumentos antid.,
certa pressão intacionária
senvovimentistas, Se as camadas populares fhcaram relativamenteinfensa
ao bombardeio midiático em torno do baixo crescimento e do aumento de
prepos uma vez que emprego e renda estavam preservados -, é razoável
imaginar que a classe média tradicional, e talvez os industriais, que lhe sáo

proximos, tenham
sido por ele influenciados.
No caso especihico dos empresários, um elemento de maior importáncia
obictiva pode ter sido a oscilação no lucro. Segundo a CNI, houve queda
generalizada da margem de ganho em 2012, com alguma recuperação em
2013 e nova queda em 2014. O encarecimento da mão de obra, que não
teria podido ser repassado aos preços devido ao desaquecimento econômico,
xplicaria. ao menos em parte, a redução da lucratividade. Entende-se, no
contexto, que a perspectiva neoliberal de diminuir salários e direitos tenha
se tornado atraente.

Conclusóes
Os
quatro fatores acima não sâo excludentes. Ao
ses, entre
2011 e 2012, a longo de muitos me-
presidente, em pessoa, por exemplo, dedicou-se
mictogerenciamento dos projetos de ferrovias e rodovias
envolvidos no
Sobre a
inttação, ver nota 62.
Lais
Alegretti, "Custo pressionou indústria em
O
Estado de 2012 e reduziu margem de lucro
S. Paulo, 14 mar. 2013. ,
Disponível em:
<http://economia.estad.a0.
com.bdesvalorizaçáo
quc
r/noticias/geral.custo-pressionou-industBresser-Pereira
de-lucro,147198e>.
a
Aesso em: 29 maio 2015.
do real nåao
ria-em-2012-e-reduzi u-margem-
assinala, igualmente,
havia sido suficiente
produtos fabricados no Brasil, o que para tornar competitivos os
prejudicou lucros. Sobre 2013 e 2014, ver:
os

chttp:/ www.portaldaindustria.com.br/eni/imprensa/2014/03/1,34219/custos-
obem-menos e- industria-recupera-em-2013-parte-da-reducao-da-margem-de-lucro.
htm; e <http://www.portaldaindustria.com.br/cnilimprensa/2015/04/1,60059

Cusde-giro.html>.
tos-da-industria-cm-2014-foram-puxados-por-gastos-com-a-producao-e-capital-
Acesso em: 22
ago. 2015.
A (falta de) base politica para o ensaio desenvolvimentista 5 1

Programa de Investimentos em Logística (PIL,). Desejava garantir que as


concessóes a serem realizadas, por meio de parcerias público-privadas, não
resultassem em privatização. Ao mesmo tempo, pretendia que houvesse
limitação do lucro, por meio da chamada "modicidade tarifária". Princi-
pios semelhantes foram aplicadOs para impor limites de ganho às empresas
envolvidas na produção de energia elétrica, quando se decidiu reordenar o
2012, contorme descrito acima.
setor em
Nos dois casos, certamente movida pelo interesse público, a mandatária
feriu interesses privados que começaram se unir ao bloco rentista no
a mo

mento em que a "batalha do spread" motivava crescentes ataques do setor


financeiro ao "intervencionismo". Em outras palavras, ao mesmo tempo que

conduzia uma luta gigantesca contra o núcleo do capital, se indispós com


franjas produtivas, sem atentar que o movimento pretendido precisaria de
forte apoio social.
A quantidade de interesses empresariais contrariados catalisou a solida-

riedade intercapitalista na "hoje foi ele, amanhá posso ser eu. Em


linha do

consequência, acabou por ligar o conjunto do capital contra a nova matriz,


sem que os comandantes do experimento tenham dado sinais de percebê-lo.
Ao núcleo rentista (interno e externo), insatisfeito desde a "batalha do
foram sucessivamente, os importadores, descontentes
spread, se juntar,
com a desvalorização do real e as barreiras aos produtos importados; as

empreiteiras, descontentes com a "modicidade tarifária"; as empresas do


setor elétrico, insatisfeitas com a MP 579; os grupos prejudicados com o
aumento da competição no setor portuário; os produtores de álcool, pre-
judicados pela baixa competitividade do etanol em virtude da opção por
retirar a Cide (Contribuiçóes de Intervenção sobre o Direito Econômico)
e segurar o preço da gasolina; o agronegócio, desconfiado de que tenderia a
ser maistributado 2; setores da indústria automotiva, descontentes com as

112
Apesar de ter ganhos com a desvalorização da moeda nacional, o agronegócio,
segundo Bresser-Pereira, também se alinharia com o antidesenvolvimentismo.
de
gundo o ex-ministro, para aumentar a desvalorizaçáo do real a ponto "que
a

taxa de cåmbio se aproxime do nível de equilibrio industrial", os exportadores de


O0dities acabariam por ser obrigados a aceitar um imposto variável sobre suas
exportações, de modo a evitar o excesso de entrada de moeda estrangeira. "O poder
s exportadores tem impedido que se imponha" essa alternativa, diz o autor. Ver
Luiz Carlos Bresser-Pereira, "O governo Dilma frente ao 'tripé macroeconômico e
à direita liberal e
dependente, cit.. p. I
do lulismo
52 As contradiçóes

de peças e veiculos; empresas aéreae


diiculdades de importação
nos aeroportos; empresas de cel. satisfeitas
celular, Plunidas
punid
regras Vigentes
nal, irritads
novas
com as
investimento; a
classe média tradicional, irritada com a alta c
de
por falta ao exterior e dos importados; os ind.
das viagens
preco dos serviços,
afetados pelas politicas pró-trabalho.
se prejudicado aderia à cantilena do interve.
sentia
Cada setor que
rentista, ate que em certo momento a frem..
adensando a oposição nte
nismo,
antidesenvolvimentista englobou o conjunto da burguesia, contand com

fervoroso da cdasse média


tradicional. Pode-se supor que,
ora cmho
o suporte
dos pacotes de transportes e de eneroia
de juros e o lançamento
a redução
baixo das manifestacóes
obtivessem aplausos
do campo industrial, por
ao longo de 2012. A remode.
a termentar a rejeição
simpáticas começava
demonstrou capacidade de o Estado intervir
a
lação do setor elétrico. que
maneira fhirme. teria. então, catalisado as desconfhanças dispersas. Bom
de
ex-ministro Delhm Netto ahrmava, final
no
conhecedor do assunto, o

de 2012. que as empresários


haviam se convencido de que "a politica do
e controlar a
a sua ação, fixar preços, regular
governo objetiva ampliar
atividade privada. ampliar a 'estatização de setores estratégicos",
Enfim,
o inaceitável. Decidiram, então,
afastar-se de Dilmal.
veremos que elas
Se observarmos as quatro alternativas da seção anterior,
são complementares. O fato de a camada industrial ter ao mesmo tempo

um lado rentista a torna mais sensível à ideologia neoliberal, apesar de essa


orientação objetivamente prejudicar suas atividades produtivas. O
mesmo

se aplica ao aguçamento da luta de classes (greves), ao aumento do salário


reale à perda de poder resultante do pleno emprego: tornam mais sedutores
aos industriais os argumentos do neoliberalismo. Some-se à natural capaci-
dade de resisténcia e fuga dos interesses contrariados (o setor financeiro e o

Antonio Delhm Netto, "Voltaráo os investimentos?", Valor Econdmico, 4 dez. 2012,


P. All
Convém observar, tambem, que o episódio apelidado pela imprensa de "contabilidade
criativa', no qual o governo supostamente teria praticado manobras contábeis para
aumentar de maneira artificial o superávit primário de 2012, ganhou, à força de
repetigão na midia, foros de realidade, por mais que as autoridades econômicas ne-
gassem qualquer irregularidade. Ver "Revista 'Economis' faz criticas à'contabilidade
criativa' do Brasil", G1, Economia, 18 jan. 2013. Disponivel em: <http:/lgl globo.
com/economia/noticia/ 2013/01/revista-economist-faz-critica-contabilidade-criativa-
do-brasil.html>. Acesso em: 12 set. 2015.
A (talta de) base
politica para o ensaio desenvolvimentista 53

capital externo) a pluralidade de camadas


prejudicadas e entende-se
que as
onças cutucadas, sendo muitase atiçadas por farto material de
formaram o cerco feroz
imprensa, aos
poucos quue engoliu a nova matriz. Caso estivesse
disposta a comprar tal briga atéo fim, Dilma teria
que mobilizar extensas
camadas populares para sustentar otensiva tão ampla. Só com uma sólida
aliança interelassista elou intensa mobilização dos trabalhadores e camadas
populares seria possivel conter as feras.
Um fator adicional diz respeito aos desdobramentos da Operação Lava
lato. Desencadeada em março de 2014, ela enfraqueceu a presidente, dimi-
nuindo as chances de resistència ao crescente cerco neoliberal, caso houvesse
intencão de tazé-lo. Apenas quatro meses depois da
primeira prisáo de José
Dirceu. ocorrida na simbólica data da proclamação da
República em 2013.
condenado por corrupção ativa no processo do mensaláo, uma série de
detengoes ordenadas desde a capital do Paraná começava a recolocar o
Partido dos Irabalhadores no centro de outro escàndalo politico-midiático,
desta vez muito maior. Somados os dois casos, o PT passaria uma década
sistematicamente exposto como o partido mais corrupto do país'
Na versàode Deltan Dallagnol, designado para coordenar a torça-tareta
Ministerio Publico Federal (MPE) na
do
LavaJato, a investigação paranaense
tera começado apenas para desarticular quatro organizaçóes que tinham
como finalidade a lavagem de dinheiro. De acordo com Dallagnol. foi por
acaso. cm meio a um monitoramento telefônico, que os investigadores
descobriram que o doleiro Alberto Youssef havia "doado" um carro de luxo
para o cx-d1retor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Na vertigem de revelaçóes quase diárias, o montante dos desviosdetec-
tados foi inced1to Em abril de 2015, a Petrobras contabilizou R$ 6,2 bilhöes
perdidus, tetesentes a projetos fechados entre 2004 e 2012. Aré outubrode
2015, a Lava Jato tinha conseguido acordos para recuperar, ao que consta,
mais de R$ 2 bilhoes dese montante para os cofres públicos. Náo espanta
que os rapazes de Curitiba tenham virado heróis da classe média e, quiçá.
dc arcas populares. Nas delagóes premiadas do doleiro Alberto Yousset, do
Cagerente da Petrobras Pedro Baruseo e do empreiteiro Augusto Mendonga
Neto, eles atirmam ter repassado ao PT dinheiro que provinha de propinas
pagas por sobrepreço de obras realizadas para a estatat.

goaqui aargumentação exposta em André Singer, "O lulismo nas cordas, Piaui,
n.1l1,dez. 2015.
do lulismo
54 As contradiçóes
Fm resumo, convém considerar o momento difícil vivido
2014 no plano jurídico co elo gove
pelo governo
Dilma partir de março de
a
mais para o éxito do experimento desenvolvimentista. Dil Otáculo, obstáculo a
na elevação da taxa de juros (abril de 2013) e depois no core
do
público (segundo semestre de 2015). Em março de 2014, com o: asto
Lava lato. perdeu as últimas possibilidades que lhe restavam para. cio da
matriz. A variedade de fatores contrários an a ralar
uma retomada da nova
to do
experimento desenvolvimentista mostra que Dilma precisaria terescolb:a
uma frente prioritária de luta, adiando as demais a fim de manter os fan
protegidos. A presidente, ao contrårio, abriu diversos focos simultàneos de

confito Em segundo lugar. deveria ter mobilizado as camadas populares


para
apoiar as iniciativas que tomara, se desejava ganhar politicamente a batalh
quc inikciou. Mas a cronologia do periodo 2011-2014 revela aocorrenciade
uma guerra oculta, à qual a classe trabalhadora permaneceu alheia.
Eplausivel que Dilma tenha sido vitima de ilusão de órica semelhante
quc engoltou o nacionalismo dos anos 1950/19601. Ao atender os recla-
mon da burguesia industrial,. imaginou que teria seu respaldo no momento
em quc os grupos contrariados reagissem. Na hora H, contudo, foi por ela

abhandonada. O desconhecimento prático dos ensinamentos antigos teria


esto com
quc, como em 1964, as camadas populares não tenham sido
motluzadas para detender a nova matriz quando a burguesia abandonasse
obatco. Mais uma vez, o mecanismo burgus pendular de estimular o Estado
stitervat e
depois colocar-se na
oposição a ele ficou sem a contrapartida
dos
trabalhadores. Para
arae tauto mas
cutucar aquelas onças, a presidente precisaria ter
longas.

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