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ISSN 1984-9354

IMPORTÂNCIA DA IDENTIFICAÇÃO, ANÁLISE E


ELABORAÇÃO DE MAPA DE RISCOS EM POSTOS
REVENDEDORES DE COMBUSTÍVEIS UM ESTUDO
DE CASO.
Anderson Fonseca Barbosa, Edson Neves da Silva, Rafael henrique Cassiano Almeida
de Passos, Justino Sanson Wanderley da Nobrega
(Universidade Veiga de Almeida UVA/RJ)

Resumo: O presente trabalho busca explicitar a importancia do uso de mapa de riscos como
ferramental para identificação e análise dos riscos associados ao licenciamento ambiental,
visando subsidiar as partes interessadas sobre os aspectos que possam impactar negativamente o
estabelecimento em especial postos de combustíveis e lojas de conveniencia, ramo comercial de
participação significativa na economia nacional e ainda não objeto de estudos específicos.
Considerando o problema e o objetivo apresentado, a pesquisa identifica-se como exploratória e
aplicada, através do desenvolvimento de estudo de caso em um Posto de combustíveis na cidade
do Rio de Janeiro.

Palavras-chaves: Análise de mapa de riscos; postos de combustíves


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1. APRESENTAÇÃO
No mundo moderno existe uma tendência de concentração dos aspectos urbanos nas
médias e grandes metrópoles. Segundo o IBGE (2013), no Brasil essa densidade espacial tem se
concentrado ao litoral ou próximo, onde cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, região do Vale
do Paraíba concentram acima 100 hab/km², sendo consequências de um passado que implantou
próximo à costa os primeiros e mais estáveis pontos de povoamento devido as
características topográficas da serra do mar.
Pelo mesmo caminho histórico das decisões governamentais, o avanço em termos de
transporte define o Brasil ainda como uma extensa matriz rodoviária, tendo o automóvel como
principal meio utilizado. O grande elo entre a concentração urbana e o modelo de transporte
baseado em automóveis são os postos revendedores de combustíveis que alimentam o
funcionamento desses veículos.
O Brasil, segundo dados da ANP/SAB (2009), possui aproximadamente 38.000 postos
de combustíveis, onde aproximandamente 42% estão concentrados na região sudeste, 21% na
região nordeste e 21% na região sul, ou seja 84% estão concentrados muitas vezes, em regiões
intensamente povoadas. Levando em consideração esses números, quais seriam as consequências
no aspecto de risco contra a vida se fossem estes postos localizados tão próximos de áreas de
moradia de pessoas?
De acordo com a Resolução CONAMA 273/00 do Ministério do Meio Ambiente entende-
se por Posto Revendedor de Combustíveis (PRC):
“a instalação onde se exerce a atividade de revenda varejista de combustíveis líquidos derivados de
petróleo, álcool combustível e outros combustíveis automotivos, dispondo de equipamentos e sistemas
para armazenamento de combustíveis automotivos e equipamentos medidores.”

Essa resolução considera ainda que “toda instalação e sistemas de armazenamento de


derivados de petróleo e outros combustíveis, configuram-se como empreendimentos
potencialmente ou parcialmente poluidores e geradores de acidentes ambientais”(RESOLUÇÃO
CONAMA nº 273, 2000).
A ANP, Agência Nacional do Petróleo regula as atividades relativas ao abastecimento nacional de
combustíveis, assim como tem a função de autorização e fiscalização. O artigo 12
da RESOLUÇÃO ANP Nº 41 (2013), cita que durantes suas obras outras normas como as
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); Prefeitura Municipal; Corpo de
Bombeiros; órgão governamental ambiental devem ser obedecidas.
Atualmente, a função de muitos desses estabelecimentos não tem sido apenas as vendas de
combustíveis, mas concomitantemente, tornaram-se um ponto de venda de pequenos produtos
úteis, denominados de “lojas de conveniência”. Segundo Vaz(2010), dos 38 mil postos de
combustíveis no Brasil, apenas 6 mil têm loja de conveniência, ou seja, apenas 16% dos
postos. Na Argentina, por exemplo, 50% dos postos de combustível têm loja de conveniência, nos
Estados Unidos esses números saltam para 90%, ou seja, é fácil perceber a capacidade de
expansão do mercado brasileiro e, como consequência atrairá um maior número de pessoas para
esses estabelecimentos.
Consta na Resolução CONAMA 273/00 alguns dos principais impactos no armazenamento de
combustíveis derivados de petróleo, a saber: o risco de contaminação de corpos d'água
subterrâneos e superficiais, do solo e do ar; assim como, o risco de incêndio e explosão.
A NR-5 considera como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos , além de
riscos ergonômicos e riscos de acidentes, existentes nos locais de trabalho e que venham a causar
danos à saúde dos trabalhadores.

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A necessidade por combustível e o “merchandising” anexados a esses estabelecimentos através de


lojas de conveniencia gera uma combinação convidativa para o acesso, e muitas vezes, aumento
no tempo de permanência de consumidores, além dos trabalhadores locais. O problema que
envolve esse estudo é: Como são identificados, analisados e gerenciados esses riscos? Que tipo de
exigência é regulamentada em prol de assegurar o entendimento por partes desses riscos?
O objetivo deste artigo é demostrar a importância da identificação e análise dos riscos através
de mapa de risco, uma representação gráfica, que acordo com a NR-5, consiste
num levantamento subjetivo dos locais de trabalho apontando os riscos que são sentidos e
observados pelos próprios trabalhadores de acordo com a sua sensibilidade, onde não são
encontradas resoluções que citem a obrigatoriedade deste documento com finalidade
de legalização ou fiscalização, e as demais observações que serão realizadas por este trabalho
através de um estudo de caso num posto de combustíveis na cidade do Rio de Janeiro.
2. METODOLOGIA DA PESQUISA
Considerando o problema e o objetivo apresentado, a pesquisa identifica-se como exploratória e
aplicada, através do desenvolvimento de estudo de caso em um Posto de Gasolina da na cidade do
Rio de Janeiro, para facilitar e exemplificar os resultados da pesquisa.

3. PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES AMBIENTAIS APLICÁVEIS AOS POSTOS DE


REVENDA DE COMBUSTÍVEIS.
O licenciamento ambiental é um importante instrumento para que essa meta seja alcançada.
Os órgãos ambientais, IBAMA – em nível federal, INEA – em nível estadual no Rio de Janeiro e
SMAC – em nível municipal no Rio de Janeiro, são os responsáveis pela avaliação dos impactos
em cada empreendimento causa ou causará ao meio ambiente.
O Licenciamento Ambiental tornou-se obrigatório no Brasil desde 1981, com a publicação
da Lei Federal nº 6.938/81, e as atividades efetivas ou potencialmente poluidoras não podem
operar sem o devido licenciamento ambiental.
Segundo a Lei Federal nº 6.938/81, que institui a Politica Nacional do Meio Ambiente, caput
do art. 10º que:
“A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimento e atividades
utilizadoras de recursos ambientais, , considerados efetivos ou potencialmente
poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,
dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema
Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, e do Instituto Nacional do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Em caráter supletivo, sem prejuízo de outras
licenças exigíveis. “

Conforme a Portaria ANP nº 116/2000 artigo 3º, uma atividade de serviço de revenda de
combustíveis e lubrificantes automotivos só pode ser exercida por pessoa jurídica, portadora de
CNPJ, baseada nas leis vigentes brasileiras e ter, em caráter definitivo, o registro de revendedor
varejista expedido pela ANP (Agencia Nacional do Petróleo) e dispor de um posto de revenda
com tancagem para armazenamento e medidor de combustíveis automotivos adequados.
O nome da atividade é Posto de Serviços e Revenda de Combustíveis e Lubrificantes, por
que suas atividades são variadas, além do abastecimento de líquidos e GNV, hoje em dia um posto
de abastecimento envolve troca de óleo, lavagem de veículos, loja de conveniência, lanchonete e
restaurante.

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O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em sua resolução nº 273/2000


denomina e classifica estes empreendimentos da seguinte forma:
- Posto Revendedor – PR
- Posto de Abastecimento – PA
- Instalação de Sistema Retalhista – ISR:
- Posto Flutuante-PF:
Ainda a Resolução Conama nº 237/97 define que licenciamento Ambiental aplicado ao caso
estudado é o Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a
localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras; ou aquelas que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e
regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
3.1 FISCALIZAÇÃO
No Brasil, cada estado possui seu próprio órgão de licenciamento ambiental. No caso do
Estado Rio de Janeiro, o Instituto Estadual do Meio Ambiente - INEA é o responsável pelo
Licenciamento. No caso do Município do Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal do Meio
Ambiente começou a emitir Licenças Ambientais a partir do Convênio firmado entre o Governo
do Estado e o Município do Rio de Janeiro para as atividades de impacto ambiental local.
Atualmente, o Licenciamento ambiental Municipal está regulamentado pela Lei Complementar nº
140/2011, que fixou normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios nas ações administrativas.

No âmbito Estadual, o empreendimento ou atividade está sujeito as seguintes Licenças


Ambientais: Licença Prévia (LP); Licença de Instalação (LI); Licença Prévia e de Instalação
(LPI); Licença de Operação (LO); Licença de Instalação e de Operação (LIO); Licença Ambiental
Simplificada (LAS); Licença de Operação e Recuperação (LOR); Licença Ambiental de
Recuperação (LAR).

No âmbito do Município do Rio de Janeiro, o empreendimento ou atividade está sujeito as


seguintes Licenças Ambientais: Licença Municipal Simplificada (LMS); Licença Municipal
Prévia (LMP); Licença Municipal de Instalação (LMI); Licença Municipal de Operação (LMO);
Licença Municipal de Desativação (LMD).

Na esfera Federal, o órgão que atua no Licenciamento Ambiental é o Instituto Brasileiro de


Meio Ambiente e de Recursos Naturais – IBAMA, que faz parte do Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA. O Ibama atua, principalmente, no licenciamento de grandes projetos de
infra-estrutura que envolvam impactos em mais de um estado e nas atividades do setor de petróleo
e gás na plataforma continental. O processo de Licenciamento Ambiental no IBAMA possui três

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etapas: o Licenciamento Prévio (LP); Licenciamento de Instalação (LI); Licenciamento de


Operação (LO).

4. ANÁLISE DE RISCOS
4.1 FUNDAMENTOS
Os riscos sempre estiveram presentes no mundo e fazem parte do dia a dia de todos os
seres que nele habitam. Devem-se pela presença de fatores controláveis e não controláveis que
determinarão o resultado de sua ocorrência (efeito). Quando se trata da proposta de
uma empreendimento ou projeto (como um posto de revenda de combustíveis, por
exemplo) o PMI (2008, p. 275) define risco como “um evento ou uma condição incerta que, se
ocorrer, tem um efeito em pelo menos um objetivo do projeto”, sendo este objetivo relacionando
ao prazo, custo, escopo ou qualidade. Ainda Dinsmore & Cabannis-Brewin (2014) acrescentam
que os riscos podem afetar de forma negativa (como ameaças) ou positiva (oportunidades) um
determinado projeto, corroborando para a necessidade de se realizar sua análise de modo a
prevenir ou tirar proveito de seus efeitos.
A análise de riscos tem por finalidade realizar a identificação dos riscos e calcular seus
respectivos impactos em áreas de interesse do negócio. De acordo com Moraes (2010) existem
três tipos de análises de riscos:
a) Análise de risco na segurança: Possui foco voltado para a segurança do trabalhador
em seu ambiente de trabalho, prevenindo perdas relativas a acidentes de trabalho.
b) Análise de risco sobre a saúde: Foco na saúde dos seres humanos, principalmente
fora do ambiente de trabalho.
c) Análise de risco ecológico: Envolve em nível macro as interações entre
ecossistemas, populações, habitats, procurando mitigar os impactos que geram danos ou
prejuízos a esses meios.
Nesse sentido Vargas (2005, p. 96) e PMI (2008, p. 54) destacam que todos os potenciais riscos
levantados e identificados devem ser analisados qualitativa e quantitativamente.

4.2 ANÁLISE QUALITATIVA DOS RISCOS


A análise qualitativa consiste na priorização dos riscos através da combinação de sua
probabilidade de ocorrência e seu respectivo impacto (PMI, 2008). Vargas (2005) acrescenta
que todo risco deve ser avaliado segundo sua probabilidade e impacto, onde ao serem
multiplicadas, resultam na quantificação do risco, podendo este resultado se expresso ainda em
valores monetários. Para a análise qualitativa duas dimensões são consideradas e analisadas
usando normalmente classificações como baixa, média e alta; São elas: A probabilidade de
ocorrência do risco e o impacto potencial, caso venha a ocorrer, em algum objetivo do projeto
(DINSMORE & CABANNIS-BREWIN, 2014).
Os resultados da análise podem ser então plotados em uma matriz de probabilidade-
impacto com suas respectivas classificações para cada risco cruzadas horizontal e verticalmente,
podendo-se assim focar nos riscos com maior probabilidade de ocorrência e impacto potencial,
concentrados na parte superior e central da matriz. A figura 1 mostra um exemplo de matriz
probabilidade-impacto em padrão “espelho” extraído de Dinsmore & Cabannis-Brewin (2014, p.

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186), onde é possível avaliar os riscos que tanto possam gerar ameaças (perda de tempo, custos,
etc.), quanto os que possam gerar oportunidades (economia de tempo, redução de custos, etc.),
afinal, os efeitos dos riscos podem ser benéficos ou maléficos.

Figura 1 – Matriz de Probabilidade-Impacto


Extraído de Dinsmore & Cabannis-Brewin (2014, p.186)

É possível ainda atribuir pesos numéricos às classificações de baixa, media e alta para
probabilidade de ocorrência do risco e para seu impacto potencial. A Matriz de probabilidade-
impacto baseada na ponderação numérica das classificações, é usada tanto para os riscos que
geram ameaças, quanto para os que geram oportunidades.
Outras ferramentas adicionalmente podem ser utilizadas para a realização da análise
qualitativa dos riscos. PMI (2008) & Possi (2006) destacam algumas:
- Avaliação da qualidade dos dados sobre os riscos: Utilizado para avaliar o grau em que os
dados fornecidos sobre cada risco são úteis para seu gerenciamento. Parte da premissa de
que se a qualidade dos dados coletados a respeito de um risco é insatisfatória, faz-se então
necessário coletar dados mais confiáveis.

Possi (2006, p.17) destaca quatro fatores para qualidade dos dados: a extensão do
entendimento do risco pela equipe, os dados disponíveis sobre esse tipo de risco, a qualidade
desses dados e a sua confiabilidade e origem.
- Categorização dos riscos: Atribuir categorias ou agrupar os riscos pelas suas fontes de
risco, por área do projeto ou por causas-raiz comuns, facilitando seu gerenciamento e
consequentemente gerando respostas mais imediatas e eficazes.
- Avaliação da urgência dos riscos: Atribuir indicadores de urgência para os riscos, como
tempo de resposta, por exemplo, de modo a priorizar seu tratamento. É possível ainda
classificar a urgência de cada risco a partir da matriz de probabilidade-impacto. Possi (2006)
destaca o uso da matriz GUT – Gravidade, Urgência e Tendência, como ferramenta
adicional para esta etapa.
- Opinião especializada: Se faz muito importante para a avaliação da probabilidade de
ocorrência e os impactos dos riscos. A opinião de pessoas com experiência no assunto e/ou
provenientes de outros projetos semelhantes pode facilitar o gerenciamento dos riscos de
maneira mais eficaz.

4.3 ANÁLISE QUANTITATIVA DOS RISCOS


A análise quantitativa dos riscos corresponde à análise numérica dos efeitos dos riscos
identificados nos objetivos gerais do projeto (VARGAS, 2005 e PMI, 2008). Segundo Dinsmore
& Cabannis-Brewin (2014) este tipo de análise considera os riscos individualmente, permitindo

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uma boa compreensão de cada um deles. Os autores salientam ainda sobre o reconhecimento do
investimento necessário para realizar esse tipo de análise, que pode envolver a necessidade de
aquisição de softwares específicos, treinamentos e custos com o tempo exigido para gerar os
dados necessários à análise.
Ainda deve ser avaliada a real necessidade de utilização deste tipo de análise, que se faz
mais útil em projetos complexos ou arriscados onde decisões baseadas em dados quantitativos
devem ser tomadas como preço, data de entrega, dentre outras, visto que em grande parte dos
casos a mesma pode não se fazer necessária (DINSMORE & CABANNIS-BREWIN, 2014). Para
este tipo de análise, algumas técnicas e ferramentas podem ser utilizadas, PMI (2008) destaca
algumas delas:
- Estimativas de três pontos: Considera analisar o risco sob a perspectiva de três cenários,
otimista, mais provável e pessimista. Essa técnica é inclusive conhecida como diagrama
PERT (Program Evaluation and Review Technique), que realiza a estimativa de duração,
custo ou outro resultado de um risco ou processo através da média ponderada dos valores
de cada cenário (POSSI, 2006). Como foi dito anteriormente, o resultado gerado pela
ponderação de três cenários (otimista, mais provável e pessimista) é atribuído à variáveis
numéricas, que podem ser de escala de tempo, monetárias, grau de risco, dentre outras.
- Técnica de Monte Carlo: Objetiva simular através de iterações, as respostas possíveis
geradas pela distribuição de probabilidades das variáveis de entrada, como valores de
custos ou durações de atividades. Calcula a probabilidade de se atingir determinados
resultados através dessas iterações. Softwares que realizam esse tipo de simulação são
amplamente utilizados e disponíveis no mercado (DINSMORE & CABANNIS-
BREWIN, 2014).

4.4 IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS


Ambas as análises, qualitativa e quantitativa, necessitam ser previamente realizadas com a
identificação dos riscos que possam afetar um determinado projeto destacam-se algumas
ferramentas e técnicas que ajudam na identificação desses riscos, segundo PMI (2008); Possi
(2006); Dinsmore & Cabannis-Brewin (2014) a seguir.

4.4.1 TÉCNICAS DE COLETAS DE INFORMAÇÕES SOBRE OS RISCOS


Dentre as técnicas mais utilizadas destacam-se:
- Brainstorming: Tem por objetivo elaborar uma lista completa sobre os riscos atuantes em
um projeto (PMI, 2008). É realizado através de reuniões onde os participantes geram idéias
a respeito dos riscos atuantes em um projeto, podendo ser realizado de forma livre, onde os
participantes geram idéias aleatoriamente, ou de forma estruturada, onde entrevistas em
grupo são feitas. Segundo Possi (2006), o Brainstorming é a técnica de identificação de
riscos mais utilizada. Dinsmore & Cabannis-Brewin (2014) salientam ainda sobre a
importância de selecionar pessoas adequadas para as reuniões, contribuindo assim para a
qualidade da análise.
- Técnica Delphi: Utilizada como meio de se obter um consenso de especialistas sobre
assuntos como riscos em um projeto. Um facilitador utiliza um questionário para solicitar
idéias sobre riscos de um projeto, que são transmitidas aos especialistas, que participam
anonimamente e realizam comentários adicionais.
- Entrevistas estruturadas ou não: Entrevistar participantes experientes do projeto, demais
partes interessadas e especialistas auxilia na obtenção de uma identificação mais eficaz dos
riscos.
- Identificação da causa-raiz: Consiste em um refinamento dos riscos para agrupamento de
suas causas essenciais, propiciando desenvolver respostas mais eficazes bem como ações

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preventivas. Segundo Possi (2006, p. 13) muitas vezes uma causa-raiz é a causa de muitos
riscos e uma ação única sobre ela elimina muitos problemas de uma só vez.
- Análise SWOT: Fornece o exame do projeto do ponto de vista de suas fraquezas,
oportunidades e ameaças, levando à identificação mais ampla dos fatores de risco que
possam gerar oportunidades ou ameaças ao negócio.

4.4.2 TÉCNICAS COM DIAGRAMAÇÃO


Utilizam ferramentas gráficas e símbolos padrão para descrever processos e analisar problemas.
Dentre elas destacam-se:
- Diagrama de causa-efeito: Inclusive conhecido como diagrama de Ishikawa, consiste na
representação gráfica onde se traça uma linha com uma seta apontando para o problema a
ser estudado, depois se traçam seis linhas inclinadas representando os “6M”, que relacionam
as causas às variáveis: método, medição, mão-de-obra, meio ambiente, matéria-prima e
máquina (PARANHOS FILHO, 2007). As causas podem ser levantadas através de
Brainstorming.
- Fluxograma de processos: Tem por finalidade mapear todo processo identificando o fluxo
de suas atividades na organização (PARANHOS FILHO, 2007).

4.5 MAPA DE RISCOS


Um mapa de riscos consiste em uma representação gráfica dos riscos de acidentes nos locais de
trabalho. É confeccionado a partir da planta baixa de cada seção da empresa, onde são levantados
os potenciais riscos e classificados em relação ao grau de perigo como pequeno, médio e grande.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, através da Norma Regulamentadora NR-05
item 5.16 a, cabe à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA a identificação e
elaboração do mapa dos riscos presentes no ambiente de trabalho. Após a identificação dos riscos
presentes no ambiente de trabalho, os mesmos são classificados em: Físico, Químico, Biológico,
Ergonômico e Mecânico, onde:
- Risco Físico: Ruídos, calor, vibrações, pressões anormais, radiações e umidade.
- Risco Químico: Poeiras, névoas, gases, vapores e compostos químicos em geral.
- Risco Biológico: Vírus, bactérias, parasitas, protozoários, fungos e bacilos.
- Risco Ergonômico: Esforço físico, levantamento de peso, postura inadequada,
repetitividade de ações, dentre outros.
- Risco Mecânico: Arranjo físico deficiente, máquinas e equipamentos sem proteção,
ferramentas inadequadas, eletricidade, incêndio, explosão, animais peçonhentos, dentre
outros.
De posse da simbologia e após a identificação dos riscos, é então elaborado o mapa de riscos,
devendo ser afixado em local visível de modo a alertar os trabalhadores e demais pessoas sobre os
perigos existentes naquela área.

5 ESTUDO DE CASO

5.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ESTUDADA


A Empresa estudada consiste em um posto de serviços, revenda de combustíveis,
lubrificantes e loja de conveniência, situado na cidade do Rio de Janeiro e denominado Posto. A
estrutura do posto se constitui de uma pista com três ilhas, dotadas de quatro bombas de
combustíveis.O posto comercializa os seguintes tipos de combustíveis: gasolina comum, gasolina
aditivada, gasolina Premium, óleo Diesel e etanol. Possui um prédio onde no 1º pavimento está
localizada uma loja de conveniência, o depósito desta loja destinado para a armazenagem dos
produtos comercializados na loja, escritório da loja de conveniência e banheiros. No 2º pavimento

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estão localizados o escritório da administração do posto, banheiros e o depósito dos produtos


comercializados no posto, tais como: lubrificantes, filtros de óleo lubrificante e de óleo Diesel e de
gasolina, aditivos e outros produtos comercializados pelo posto. O estabelecimento possui ainda
sete tanques de armazenamento dos diferentes tipos de combustíveis que se encontram instalados
em seu subterrâneo. Estes tanques possuem capacidades distintas e são distribuídos da seguinte
maneira: Tanque 1 (Gasolina comum, 20 m3); Tanque 2 (Gasolina comum, 10 m3); Tanque 3
(Etanol, 10m3); Tanque 4 (Gasolina Premium, 10m3); Tanque 5 (Etanol, 10m3); Tanque 6
(Gasolina aditivada, 20m3); Tanque 7 (Diesel, 10m3). Possui ainda uma caixa separadora de água
e óleo instalada em seu subterrâneo que é utilizada para a coleta e separação dos resíduos que
possam surgir na pista de abastecimento e que será coletado pela canaleta de coleta de resíduos
instalada ao redor da pista de abastecimento.

5.2 IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS


Como técnica primária para inicialização da análise de riscos do empreendimento foi feito o
levantamento de possíveis riscos a que o posto de serviços e revenda de combustíveis estaria
exposto, através de um brainstorming.Após a realização do brainstorming, e através de uma
discussão entre os componentes da equipe, foram escolhidos 5 (cinco) riscos potenciais para que
se procedesse com a análise de riscos relativa aos riscos escolhidos. Os seguintes riscos potenciais
foram levantados durante a realização do branstorming:
1) Explosão;
2) Vazamento de combustível;
3) Assalto;
4) Contaminação por aspiração de vapores ou ingestão de combustível;
5) Lesão por esforço repetitivo no manuseio dos estoques;
6) Contaminação do solo por óleos lubrificantes;
7) Atropelamento/ Impacto nas bombas;
8) Desabamento da estrutura;
Após realizado o Brainstorming foram selecionados cinco riscos de modo a ser realizada a
análise de riscos do empreendimento:
1) Explosão;
2) Vazamento de combustível;
3) Contaminação por aspiração de vapores ou ingestão de combustível;
4) Contaminação do solo por óleos lubrificantes;
5) Atropelamento/ Impacto nas bombas;

5.3 ANÁLISE QUALITATIVA DOS RISCOS


Para a análise qualitativa, os cinco riscos escolhidos foram ponderados conforme sua
probabilidade de ocorrência e seu respectivo impacto, de modo a gerar um valor ponderado que
denominamos valor do risco. O valor do risco é a ponderação que será utilizada na matriz
probabilidade e impacto. A tabela 1 fornece a identificação dos riscos e suas respectivas análises
qualitativas, de modo a posteriormente, com base na tabela 2, ser possível atribuir ponderações

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numéricas à probabilidade de ocorrência e ao impacto potencial dos mesmos e confecionar a


matriz de probabilidade e impacto.
Tabela 1: Matriz de identificação dos riscos

Fonte: Os autores

Tabela 2: Matriz dePonderação de probabilidade e impacto

Fonte: Os autores

De posse das respectivas ponderações de probabilidade e impacto, é possível determinar o valor


do risco, que será utilizado na matriz de probabilidade e impacto. A tabela 3 detalha a descrição de
cada risco, com respectivos valores, como forma de sintetizar as informações:
Tabela 3 –Descrição dos riscos e ponderação dos respectivos

valores
Fonte: Os autores
Para este estudo de caso, foi realizada ainda a análise de gravidade, urgência e tendência para cada
tipo de risco. Esta análise foi realizada a partir da matriz GUT, utilizada conforme tabela 4 e
concluída através da tabela 5.
Tabela 4: Exemplo de Matriz GUT

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Fonte: Os autores
Tabela 5: Análise de Gravidade, urgência e Tendência (GUT) para os cinco riscos

MATRIZ GUT

G U T GxUxT

Explosão 5 4 4 80

Vazamento de combustível 4 3 2 24

Contaminação por aspiração de vapores ou


3 2 2 12
ingestão do combustível

Contaminação do solo 5 5 5 125

Atropelamento / Impacto 3 3 3 27
Fonte: Os autores

5.4 RESULTADOS OBTIDOS


A partir da ponderação realizada através da matriz GUT e de posse das análises realizadas, é
possível obter dados para subsidiar e dimensionar qualitativamente os riscos que serão
apresentados no mapa de riscos, tal como determinar o risco com maior severidade (Probabilidade
x Impacto) atuante no caso estudado. A matriz de Probabilidade e Impacto utilizada e o mapa de
riscos para as três áreas do posto referente ao caso estudado são mostrados nas figuras 2,3,4 e 5.

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Figura 2: Matriz de Probabilidade e impacto do caso estudado


Fonte: Os autores

n n

Legenda

n: Número de pessoas expostas

Figura 3: Mapa de riscos da pista de abastecimento


Fonte: Os autores

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n
n

Legenda

n: Número de pessoas expostas

Figura 4: Primeiro pavimento do prédio comercial


Fonte: Os autores

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n
n n

Legenda

n: Número de pessoas expostas

Figura 5: Segundo pavimento do prédio comercial


Fonte: Os autores

CONCLUSÃO

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Visto que para o caso estudado não se faz necessária a análise quantitativa dos riscos e a
partir da análise qualitativa realizada, é possível se obter três conclusões:
1) O risco de maior severidade e valor é devido à contaminação do solo ou lençol freático por
óleos lubrificantes, obtendo um valor de severidade de 0,4, sendo portanto o de maior ameaça ao
caso estudado;
2) A correta identificação e análise qualitativa dos riscos em estabelecimentos como postos de
combustíveis propicia melhor entendimento dos fatores de risco presentes no ambiente tanto para
os funcionários quanto para as demais pessoas que o frequentam, fornecendo ainda informações às
partes interessadas em administrar ou inaugurar novos estabelecimentos no âmbito de
estabelecerem políticas e planos de contingência para prever ou atacar os efeitos desses riscos.
3) A importância do mapa de riscos para os postos de revenda de combustíveis ocorre pela
observação prática de que atualmente não existe, em relação aos estabelecimentos estudados,
obrigatoriedade nem a prática de sua adoção, o que serve de motivação para este estudo e
adicionalmente como meio de informar à sociedade, governo e demais partes interessadas de
forma que possam propor legislações específicas com tal finalidade.

REFERÊNCIAS
ANP. Agência Nacional do Petróleo - Portaria ANP nº 116/2000 - Disponível em:
<http://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/Servicos/licenciamento/postos/legislacao/Portaria_
ANP_116_2000.pdf>. Acesso em: 23 de Março de 2014.
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