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Importância Da Identificação, Análise E Elaboração de Mapa de Riscos em Postos Revendedores de Combustíveis Um Estudo de Caso
Importância Da Identificação, Análise E Elaboração de Mapa de Riscos em Postos Revendedores de Combustíveis Um Estudo de Caso
Resumo: O presente trabalho busca explicitar a importancia do uso de mapa de riscos como
ferramental para identificação e análise dos riscos associados ao licenciamento ambiental,
visando subsidiar as partes interessadas sobre os aspectos que possam impactar negativamente o
estabelecimento em especial postos de combustíveis e lojas de conveniencia, ramo comercial de
participação significativa na economia nacional e ainda não objeto de estudos específicos.
Considerando o problema e o objetivo apresentado, a pesquisa identifica-se como exploratória e
aplicada, através do desenvolvimento de estudo de caso em um Posto de combustíveis na cidade
do Rio de Janeiro.
1. APRESENTAÇÃO
No mundo moderno existe uma tendência de concentração dos aspectos urbanos nas
médias e grandes metrópoles. Segundo o IBGE (2013), no Brasil essa densidade espacial tem se
concentrado ao litoral ou próximo, onde cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, região do Vale
do Paraíba concentram acima 100 hab/km², sendo consequências de um passado que implantou
próximo à costa os primeiros e mais estáveis pontos de povoamento devido as
características topográficas da serra do mar.
Pelo mesmo caminho histórico das decisões governamentais, o avanço em termos de
transporte define o Brasil ainda como uma extensa matriz rodoviária, tendo o automóvel como
principal meio utilizado. O grande elo entre a concentração urbana e o modelo de transporte
baseado em automóveis são os postos revendedores de combustíveis que alimentam o
funcionamento desses veículos.
O Brasil, segundo dados da ANP/SAB (2009), possui aproximadamente 38.000 postos
de combustíveis, onde aproximandamente 42% estão concentrados na região sudeste, 21% na
região nordeste e 21% na região sul, ou seja 84% estão concentrados muitas vezes, em regiões
intensamente povoadas. Levando em consideração esses números, quais seriam as consequências
no aspecto de risco contra a vida se fossem estes postos localizados tão próximos de áreas de
moradia de pessoas?
De acordo com a Resolução CONAMA 273/00 do Ministério do Meio Ambiente entende-
se por Posto Revendedor de Combustíveis (PRC):
“a instalação onde se exerce a atividade de revenda varejista de combustíveis líquidos derivados de
petróleo, álcool combustível e outros combustíveis automotivos, dispondo de equipamentos e sistemas
para armazenamento de combustíveis automotivos e equipamentos medidores.”
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Conforme a Portaria ANP nº 116/2000 artigo 3º, uma atividade de serviço de revenda de
combustíveis e lubrificantes automotivos só pode ser exercida por pessoa jurídica, portadora de
CNPJ, baseada nas leis vigentes brasileiras e ter, em caráter definitivo, o registro de revendedor
varejista expedido pela ANP (Agencia Nacional do Petróleo) e dispor de um posto de revenda
com tancagem para armazenamento e medidor de combustíveis automotivos adequados.
O nome da atividade é Posto de Serviços e Revenda de Combustíveis e Lubrificantes, por
que suas atividades são variadas, além do abastecimento de líquidos e GNV, hoje em dia um posto
de abastecimento envolve troca de óleo, lavagem de veículos, loja de conveniência, lanchonete e
restaurante.
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4. ANÁLISE DE RISCOS
4.1 FUNDAMENTOS
Os riscos sempre estiveram presentes no mundo e fazem parte do dia a dia de todos os
seres que nele habitam. Devem-se pela presença de fatores controláveis e não controláveis que
determinarão o resultado de sua ocorrência (efeito). Quando se trata da proposta de
uma empreendimento ou projeto (como um posto de revenda de combustíveis, por
exemplo) o PMI (2008, p. 275) define risco como “um evento ou uma condição incerta que, se
ocorrer, tem um efeito em pelo menos um objetivo do projeto”, sendo este objetivo relacionando
ao prazo, custo, escopo ou qualidade. Ainda Dinsmore & Cabannis-Brewin (2014) acrescentam
que os riscos podem afetar de forma negativa (como ameaças) ou positiva (oportunidades) um
determinado projeto, corroborando para a necessidade de se realizar sua análise de modo a
prevenir ou tirar proveito de seus efeitos.
A análise de riscos tem por finalidade realizar a identificação dos riscos e calcular seus
respectivos impactos em áreas de interesse do negócio. De acordo com Moraes (2010) existem
três tipos de análises de riscos:
a) Análise de risco na segurança: Possui foco voltado para a segurança do trabalhador
em seu ambiente de trabalho, prevenindo perdas relativas a acidentes de trabalho.
b) Análise de risco sobre a saúde: Foco na saúde dos seres humanos, principalmente
fora do ambiente de trabalho.
c) Análise de risco ecológico: Envolve em nível macro as interações entre
ecossistemas, populações, habitats, procurando mitigar os impactos que geram danos ou
prejuízos a esses meios.
Nesse sentido Vargas (2005, p. 96) e PMI (2008, p. 54) destacam que todos os potenciais riscos
levantados e identificados devem ser analisados qualitativa e quantitativamente.
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186), onde é possível avaliar os riscos que tanto possam gerar ameaças (perda de tempo, custos,
etc.), quanto os que possam gerar oportunidades (economia de tempo, redução de custos, etc.),
afinal, os efeitos dos riscos podem ser benéficos ou maléficos.
É possível ainda atribuir pesos numéricos às classificações de baixa, media e alta para
probabilidade de ocorrência do risco e para seu impacto potencial. A Matriz de probabilidade-
impacto baseada na ponderação numérica das classificações, é usada tanto para os riscos que
geram ameaças, quanto para os que geram oportunidades.
Outras ferramentas adicionalmente podem ser utilizadas para a realização da análise
qualitativa dos riscos. PMI (2008) & Possi (2006) destacam algumas:
- Avaliação da qualidade dos dados sobre os riscos: Utilizado para avaliar o grau em que os
dados fornecidos sobre cada risco são úteis para seu gerenciamento. Parte da premissa de
que se a qualidade dos dados coletados a respeito de um risco é insatisfatória, faz-se então
necessário coletar dados mais confiáveis.
Possi (2006, p.17) destaca quatro fatores para qualidade dos dados: a extensão do
entendimento do risco pela equipe, os dados disponíveis sobre esse tipo de risco, a qualidade
desses dados e a sua confiabilidade e origem.
- Categorização dos riscos: Atribuir categorias ou agrupar os riscos pelas suas fontes de
risco, por área do projeto ou por causas-raiz comuns, facilitando seu gerenciamento e
consequentemente gerando respostas mais imediatas e eficazes.
- Avaliação da urgência dos riscos: Atribuir indicadores de urgência para os riscos, como
tempo de resposta, por exemplo, de modo a priorizar seu tratamento. É possível ainda
classificar a urgência de cada risco a partir da matriz de probabilidade-impacto. Possi (2006)
destaca o uso da matriz GUT – Gravidade, Urgência e Tendência, como ferramenta
adicional para esta etapa.
- Opinião especializada: Se faz muito importante para a avaliação da probabilidade de
ocorrência e os impactos dos riscos. A opinião de pessoas com experiência no assunto e/ou
provenientes de outros projetos semelhantes pode facilitar o gerenciamento dos riscos de
maneira mais eficaz.
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uma boa compreensão de cada um deles. Os autores salientam ainda sobre o reconhecimento do
investimento necessário para realizar esse tipo de análise, que pode envolver a necessidade de
aquisição de softwares específicos, treinamentos e custos com o tempo exigido para gerar os
dados necessários à análise.
Ainda deve ser avaliada a real necessidade de utilização deste tipo de análise, que se faz
mais útil em projetos complexos ou arriscados onde decisões baseadas em dados quantitativos
devem ser tomadas como preço, data de entrega, dentre outras, visto que em grande parte dos
casos a mesma pode não se fazer necessária (DINSMORE & CABANNIS-BREWIN, 2014). Para
este tipo de análise, algumas técnicas e ferramentas podem ser utilizadas, PMI (2008) destaca
algumas delas:
- Estimativas de três pontos: Considera analisar o risco sob a perspectiva de três cenários,
otimista, mais provável e pessimista. Essa técnica é inclusive conhecida como diagrama
PERT (Program Evaluation and Review Technique), que realiza a estimativa de duração,
custo ou outro resultado de um risco ou processo através da média ponderada dos valores
de cada cenário (POSSI, 2006). Como foi dito anteriormente, o resultado gerado pela
ponderação de três cenários (otimista, mais provável e pessimista) é atribuído à variáveis
numéricas, que podem ser de escala de tempo, monetárias, grau de risco, dentre outras.
- Técnica de Monte Carlo: Objetiva simular através de iterações, as respostas possíveis
geradas pela distribuição de probabilidades das variáveis de entrada, como valores de
custos ou durações de atividades. Calcula a probabilidade de se atingir determinados
resultados através dessas iterações. Softwares que realizam esse tipo de simulação são
amplamente utilizados e disponíveis no mercado (DINSMORE & CABANNIS-
BREWIN, 2014).
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preventivas. Segundo Possi (2006, p. 13) muitas vezes uma causa-raiz é a causa de muitos
riscos e uma ação única sobre ela elimina muitos problemas de uma só vez.
- Análise SWOT: Fornece o exame do projeto do ponto de vista de suas fraquezas,
oportunidades e ameaças, levando à identificação mais ampla dos fatores de risco que
possam gerar oportunidades ou ameaças ao negócio.
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Fonte: Os autores
Fonte: Os autores
valores
Fonte: Os autores
Para este estudo de caso, foi realizada ainda a análise de gravidade, urgência e tendência para cada
tipo de risco. Esta análise foi realizada a partir da matriz GUT, utilizada conforme tabela 4 e
concluída através da tabela 5.
Tabela 4: Exemplo de Matriz GUT
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Fonte: Os autores
Tabela 5: Análise de Gravidade, urgência e Tendência (GUT) para os cinco riscos
MATRIZ GUT
G U T GxUxT
Explosão 5 4 4 80
Vazamento de combustível 4 3 2 24
Atropelamento / Impacto 3 3 3 27
Fonte: Os autores
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CONCLUSÃO
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Visto que para o caso estudado não se faz necessária a análise quantitativa dos riscos e a
partir da análise qualitativa realizada, é possível se obter três conclusões:
1) O risco de maior severidade e valor é devido à contaminação do solo ou lençol freático por
óleos lubrificantes, obtendo um valor de severidade de 0,4, sendo portanto o de maior ameaça ao
caso estudado;
2) A correta identificação e análise qualitativa dos riscos em estabelecimentos como postos de
combustíveis propicia melhor entendimento dos fatores de risco presentes no ambiente tanto para
os funcionários quanto para as demais pessoas que o frequentam, fornecendo ainda informações às
partes interessadas em administrar ou inaugurar novos estabelecimentos no âmbito de
estabelecerem políticas e planos de contingência para prever ou atacar os efeitos desses riscos.
3) A importância do mapa de riscos para os postos de revenda de combustíveis ocorre pela
observação prática de que atualmente não existe, em relação aos estabelecimentos estudados,
obrigatoriedade nem a prática de sua adoção, o que serve de motivação para este estudo e
adicionalmente como meio de informar à sociedade, governo e demais partes interessadas de
forma que possam propor legislações específicas com tal finalidade.
REFERÊNCIAS
ANP. Agência Nacional do Petróleo - Portaria ANP nº 116/2000 - Disponível em:
<http://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/Servicos/licenciamento/postos/legislacao/Portaria_
ANP_116_2000.pdf>. Acesso em: 23 de Março de 2014.
- ANP/SAB, conforme as Portarias ANP n° 116/2000 e n° 32/2001.
2009
., RESOLUÇÃO ANP Nº 41, DE 5.11.2013, Disponivel em:
http://nxt.anp.gov.br/nxt/gateway.dll/leg/resolucoes_anp/2013/novembro/ranp%2041%20-
%202013.xml, Visualizado em 24/03/2014
BRASIL. Lei nº 6.938 de 31 de Agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, 31 ago. 1981.
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