Polanyi no capitulo 3 de seu livro tenta enunciar as principais mudanças responsáveis
pelo que chama de “desagregação de existência da gente comum” reflexo do mercado autorregulado fruto de mudanças ocorridas durante a revolução industrial, responsável por instituir mudanças no tecido social que beneficiaram o modelo liberal que beneficiava a classe dos nobres desagregando e gerando pobreza as classes trabalhadoras. Como referencial o autor analisa as transformações na inglaterra durante o final do período mercantilista e início da revolução industrial pontuando o modo como a revolução industrial causou mudanças sociais intensas, produzindo desigualdades e pobreza uma vez que o sistema agrícola era abruptamente substituído pelo sistema industrial pautado pela atividade fabril monopolizada por poucos concentrando a riqueza na mão daqueles que detinham seu monopólio ao passo em que o restante da sociedade, devido aos ritmos intensos de transformações, era obrigada a abandonar a vida no campo e adaptar-se à nova realidade de trabalho industrial, desagregando o modo de produção anterior. Polanyi pontua ainda que tais transformações poderiam ter sido feitas de maneira gradual e menos danosa a classe trabalhadora, para tanto o mesmo cita como exemplo o período mercantilista onde grandes transformações ocorreram no tecido social, uma vez que o foco produtivo inglês deixou de ser produção agrícola passando a ter seu foco na produção de lã, no entanto o autor evidencia que tais transformações foram limitadas de modo a não gerar tanto impacto as classes trabalhadoras, uma vez que a monarquia atuava de forma a limitar a velocidade de tais mudanças, no entanto com a queda da monarquia e a ascensão do regime parlamentarista a atuação do estado passou a ser menos intervencionista de modo a aprofundar o ritmo das mudanças no tecido social bem como seu impacto negativo na desigualdade, deste modo o autor encerra o capítulo 3 evidenciando que desagregação causada pelo mercado autorregulado foi o grande responsável pelas desigualdades enfrentadas durante a revolução industrial, desigualdades essas que poderiam ter sido amenizadas com a interferência do estado a fim de controlar a velocidade das mudanças no tecido social a exemplo do ocorrido no período mercantilista. Durante os capítulos 6 e 11 Polanyi propõe explicar o modo como o mercado autorregulado transformou trabalho, terra e moeda em mercadorias, algo que até então era uma possibilidade desconhecida e pouco debatida por ir contra os rumos naturais da vida e sociedade, Para justificar seu ponto de vista o autor novamente analisa o mercantilismo visando evidenciar que neste sistema econômico a terra e o trabalho eram voltados para soberania da nação e dos camponeses, visando sempre o pleno emprego e a autonomia da nação em subsistir, entretanto com o advento da revolução industrial a terra e o trabalho passam a ser voltados não mais a subsistência e soberania da nação, mas ao lucro obtido por meio de transações de moedas, deste modo a terra e o trabalho que antes tinham como função natural garantir a sobrevivência passam a ter como principal função o lucro. Tal processo é resultante da falta de intervenção do estado, segundo o autor durante o mercantilismo as relações de trabalho e posse de terra eram reguladas por convenções locais da própria sociedade ou por decretos do estado baseados em tais convenções, deste modo garantia-se que a terra e o trabalho pudessem propiciar a subsistência do camponês, com o fim do mercantilismo e início da revolução industrial o governo agora parlamentarista, deixa de intervir no mercado e o trabalho que antes era visto como algo natural da vida passa a ser visto como um produto, a noção de produto é expandida não apenas para bens mas para o trabalho, salário e renda devendo o trabalhador transacionar seu serviço em um mercado auto regulado visando o lucro a ser obtido em transações em um mercado que agora passa a ser mundial gerando transformações aceleradas e desreguladas culminando em abismos sociais, para polanyi o mercado autorregulado torna-se uma ameaça para a sociedade uma vez que seu pilar de busca ilimitada pelo lucro causa destruição socioambientais ao mesmo tempo em que gera disputas e tensões de classes que ameaçam a própria democracia. Durante o capítulo 21 é analisado o colapso do mercado auto regulado, segundo o autor tal sistema econômico tende a colapsar seja por meio de sistemas democráticos ou aristocráticos, constitucionais ou autoritários, para tanto Polanyi nos convida a repensar nosso conceito de liberdade compreendendo que a regulação do mercado resulta na perda de liberdade em determinados aspectos e ganhos de liberdade em outros de modo em que se restringe a liberdade econômica de uma minoria dominante, visando aumentar a liberdade e equidade do país como um todo, sempre garantido que direitos imprescritíveis sejam assegurados pela lei, de modo que a imposição coerciva não seja absoluta e justificada como fim, por fim o autor argumenta que o fim do mercado autorregulado e o aumento da regulação estatal possui o potencial de aumentar as liberdades e gerar equidade.
Aula 17 - Urbanismo I - A Revolução Industrial e Os Efeitos Sobre A Ocupaçao Territorial No XIX - História e Teoria Da Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo I