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Lucas Lima de Oliveira NºUSP 10816579

Resenha Polanyi capítulos 3,6,11 e 21

Polanyi no capitulo 3 de seu livro tenta enunciar as principais mudanças responsáveis


pelo que chama de “desagregação de existência da gente comum” reflexo do mercado
autorregulado fruto de mudanças ocorridas durante a revolução industrial, responsável por
instituir mudanças no tecido social que beneficiaram o modelo liberal que beneficiava a
classe dos nobres desagregando e gerando pobreza as classes trabalhadoras.
Como referencial o autor analisa as transformações na inglaterra durante o final do
período mercantilista e início da revolução industrial pontuando o modo como a revolução
industrial causou mudanças sociais intensas, produzindo desigualdades e pobreza uma vez
que o sistema agrícola era abruptamente substituído pelo sistema industrial pautado pela
atividade fabril monopolizada por poucos concentrando a riqueza na mão daqueles que
detinham seu monopólio ao passo em que o restante da sociedade, devido aos ritmos intensos
de transformações, era obrigada a abandonar a vida no campo e adaptar-se à nova realidade
de trabalho industrial, desagregando o modo de produção anterior.
Polanyi pontua ainda que tais transformações poderiam ter sido feitas de maneira
gradual e menos danosa a classe trabalhadora, para tanto o mesmo cita como exemplo o
período mercantilista onde grandes transformações ocorreram no tecido social, uma vez que o
foco produtivo inglês deixou de ser produção agrícola passando a ter seu foco na produção
de lã, no entanto o autor evidencia que tais transformações foram limitadas de modo a não
gerar tanto impacto as classes trabalhadoras, uma vez que a monarquia atuava de forma a
limitar a velocidade de tais mudanças, no entanto com a queda da monarquia e a ascensão do
regime parlamentarista a atuação do estado passou a ser menos intervencionista de modo a
aprofundar o ritmo das mudanças no tecido social bem como seu impacto negativo na
desigualdade, deste modo o autor encerra o capítulo 3 evidenciando que desagregação
causada pelo mercado autorregulado foi o grande responsável pelas desigualdades
enfrentadas durante a revolução industrial, desigualdades essas que poderiam ter sido
amenizadas com a interferência do estado a fim de controlar a velocidade das mudanças no
tecido social a exemplo do ocorrido no período mercantilista.
Durante os capítulos 6 e 11 Polanyi propõe explicar o modo como o mercado
autorregulado transformou trabalho, terra e moeda em mercadorias, algo que até então era
uma possibilidade desconhecida e pouco debatida por ir contra os rumos naturais da vida e
sociedade, Para justificar seu ponto de vista o autor novamente analisa o mercantilismo
visando evidenciar que neste sistema econômico a terra e o trabalho eram voltados para
soberania da nação e dos camponeses, visando sempre o pleno emprego e a autonomia da
nação em subsistir, entretanto com o advento da revolução industrial a terra e o trabalho
passam a ser voltados não mais a subsistência e soberania da nação, mas ao lucro obtido por
meio de transações de moedas, deste modo a terra e o trabalho que antes tinham como função
natural garantir a sobrevivência passam a ter como principal função o lucro.
Tal processo é resultante da falta de intervenção do estado, segundo o autor durante o
mercantilismo as relações de trabalho e posse de terra eram reguladas por convenções locais
da própria sociedade ou por decretos do estado baseados em tais convenções, deste modo
garantia-se que a terra e o trabalho pudessem propiciar a subsistência do camponês, com o
fim do mercantilismo e início da revolução industrial o governo agora parlamentarista, deixa
de intervir no mercado e o trabalho que antes era visto como algo natural da vida passa a ser
visto como um produto, a noção de produto é expandida não apenas para bens mas para o
trabalho, salário e renda devendo o trabalhador transacionar seu serviço em um mercado auto
regulado visando o lucro a ser obtido em transações em um mercado que agora passa a ser
mundial gerando transformações aceleradas e desreguladas culminando em abismos sociais,
para polanyi o mercado autorregulado torna-se uma ameaça para a sociedade uma vez que
seu pilar de busca ilimitada pelo lucro causa destruição socioambientais ao mesmo tempo em
que gera disputas e tensões de classes que ameaçam a própria democracia.
Durante o capítulo 21 é analisado o colapso do mercado auto regulado, segundo o
autor tal sistema econômico tende a colapsar seja por meio de sistemas democráticos ou
aristocráticos, constitucionais ou autoritários, para tanto Polanyi nos convida a repensar nosso
conceito de liberdade compreendendo que a regulação do mercado resulta na perda de
liberdade em determinados aspectos e ganhos de liberdade em outros de modo em que se
restringe a liberdade econômica de uma minoria dominante, visando aumentar a liberdade e
equidade do país como um todo, sempre garantido que direitos imprescritíveis sejam
assegurados pela lei, de modo que a imposição coerciva não seja absoluta e justificada como
fim, por fim o autor argumenta que o fim do mercado autorregulado e o aumento da
regulação estatal possui o potencial de aumentar as liberdades e gerar equidade.

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