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ISBN: 978-85-8302-070-7
Inclui referências.
Ebook: https://issuu.com/estudiodepinturaapotheke
Casulo
Tharciana Goulart ................................................................................ 51
Caminhos
Silvia Simões de Carvalho ..................................................................117
Casulário
Luciana Finco Mendonça ................................................................... 165
9
de problemas de Teses e Dissertações. Desta forma, Ricardo Marin, em
conferência na Confederação de Arte Educadores do Brasil, em 2013, situou
que a investigação baseada em Arte, paira sobre a qualidade artística,
podendo ser qualitativa, um estudo de caso ou fenomenológica. Enquanto,
a investigação educativa baseada em Arte, trata de problemas educativos
investigados por meio da criação artística.
Assim, compreender é tão significativo quanto explicar ou justificar o
objetivo da pesquisa no contexto educativo, se isto é aceito, embora envolva
a articulação Arte/Ciência, então, fazer Arte e interpretar Arte tornam-se
a base da construção de teorias do saber artístico. Em busca por uma
compreensão ou interpretação, que envolve a práxis, é possível perceber
uma ‘transformação’ social e individual, talvez a principal meta da Educação,
isto é, os professores procuram, tanto quanto, desenvolver teorias sobre
aprender e ensinar Arte. De acordo com Sullivan (2005):
10
Sullivan (2005), na tabela que segue, o campo da prática é articulado ao
campo da teoria, com fins e meios diferenciados, apontando para lugares do
ser/estar professor artista.
Impossível não reconhecer que vivemos em uma cultura cognitiva cada
vez mais tecnicista, menos criativa e mais dependente, na qual trabalhamos
diariamente, sem construir conhecimento crítico ou mesmo ter experiências
que visam singularidades. A Arte é permeada de critérios, juízos subjetivos
(não regras e padrões), mas repleta em totalidade de avaliação, processo e
produção de sentido (porque explora descobertas e porque seus objetivos
são diferenciados de seu fim). E, tal como Dewey (2010) disse nas páginas
finais de Arte como Experiência, “A imaginação é o principal instrumento
do bem”. Dewey continuou a dizer que, “A arte tem sido o meio usado
para manter vivo o sentido de objetivos que ultrapassou a evidência, e dos
significados que transcendem o hábito enrijecido.” A imaginação não é um
mero ornamento, mas sim é o que condiciona um processo, aliado com
o saber fazer. Juntas podem libertar-nos dos nossos hábitos enrijecidos.
Elas podem ajudar-nos a restaurar um propósito decente para os nossos
esforços e a criar o tipo de escola, que nossas crianças merecem e que a
nossa cultura precisa.
Baseado nestes pressupostos, nasce a Disciplina “Sobre Ser Artista
Professor”, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais
da Universidade do Estado de Santa Catarina, em Florianópolis. Depois
de ter trabalhado como professora visitante no Teachers College, em
2013, constatei a possibilidade de trabalho fértil sobre o solo onde pairam
conceitos sobre Arte e Arte Educação. Das discussões e possibilidades de
abertura para o tema, nasce também um trabalho de avaliação da disciplina,
onde os alunos (mestrandos e doutorandos), criam individualmente revistas
que versam de forma poética sobre o espaço do tema (e cada um com
sua pesquisa). Neste primeiro volume, para a primeira publicação ligada à
disciplina, apresentamos seis seleções diferenciadas, que configuram uma
seleção sobre a temática e apropriação sobre o contexto do situar-se como
artista professor no espaço/tempo agora.
Jociele Lampert.
Florianópolis, verão de 2015.
11
Referências:
DEWEY, John. Arte como Experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
LAMPERT, Jociele. Arte Educação pela Pintura: a produção artística do artista professor.
2013. Projeto de Pesquisa. Disponível em: <http://www.ceart.udesc.br/pesquisa-2/
projetos-de-pesquisa/>. Acesso em: 28 de junho, 2014.
LAMPERT, Jociele. Artist’s Diary and Professor’s Diary: roamings about painting
education. 2013. 190 f. Relatório de Pós Doutorado, realizado no Teachers College, na
Columbia University, em New York, EUA.
SULLIVAN, G. Art Practice as Research: Inquiry in Visual Arts. Thousand Oaks, CA:
Sage, 2005.
12
labORATÓRIO
reflexões sobre aprender
Artes Visuais
PESQUISA
EXPERIÊNCIA
Estético
Artística
16
Trabalho apresentado para a
Disciplina Eletiva Sobre Ser
Artista Professor (PPGAV/UDESC),
minstrada pela Professora Dra.
Jociele Lampert.
17
18
A Revista é fruto de reflexões que foram emergindo
no percurso da Disciplina Sobre Ser Artista
Professor, ministrada no Programa de Pós-Graduação
em Artes Visuais na Linha de Pesquisa Ensino das
Artes Visuais, pela Profa. Dra. Jociele Lampert.
Os pensamentos no decorrer das páginas da Revista
– uma revista ensaio, experimental, como o próprio
nome sugere, Laboratório é, uma maneira de pensar
como é possível aprender Artes Visuais na
perspectiva cunhada pelo filósofo norte-americano
John Dewey (1859-1952). Para este autor, os
objetos artísticos não devem ser separados das
condições de origem e funcionamento da
experiência.
Na perspectiva de John Dewey, deve-se apreender os
processos artístico-estéticos como continuidade
dos processos normais do viver e, nunca, separados
da vida cotidiana, enclausurados por teorias ou
concepções que distanciam as artes do contexto
comum da vida.
O que torna a pesquisa instigante acerca da
Filosofia da Experiência de John Dewey, além de
toda a contribuição teórica que o autor nos
revela, não separando teoria e prática, é a de que
o Filósofo considera as artes o mais elevado nível
de sofisticação da inteligência humana.
Neste sentido, a revista “fala” com algumas
palavras, mas tenta buscar um diálogo através do
olhar-reflexivo e, a partir deste “olhar”.
construir novas maneiras de pensar como se aprende
Artes Visuais a partir dela mesma – a Arte pela
própria Arte.
Fábio Wosniak
Verão 2015
19
Exercício de
Pensamento - I
21
Um estudo, que tem em
s e u “ c o r p o ” ,
exercícios de práticas
estéticas, poético-
enquanto dispositivos
que revelem a
potência de fazer e
pensar, a partir de
uma produção estético-
artística, novas
maneiras de refletir
sobre a forma de
aprender Artes
Visuais, é fazer com
que os falem e vejam
que a relação entre a
criação, é um caminho
potencial para
apreender o novo.
(KASTRUP e BARROS,
2012).
Experimentações em
práticas artísticas.
Grupo de Estudos
Estúdio de Pintura
Apotheke 2014/1
22
“As vivências
experimentadas são os
elementos
correspondentes no
ritmo e proporcionam
unidade; protegem o
trabalho da falta de
propósito de uma mera
sucessão de
excitações”.
(DEWEY, 2010, p. 140)
23
A existência da arte de que o homem
usa (...) é a prova materiais e as
energias da natureza com a intenção
de ampliar a sua própria vida, e de
que o faz de acordo com a organismo
– cérebro, estrutura de seu órgãos
sensoriais e sistema muscular. A
arte é a prova viva e concreta de
de reestabelecer, que o homem é
capaz conscientemente e, portanto,
no plano do significado, a união
entre sentido, necessidade, impulso
e ação que é característica do ser
vivo. A intervenção da consciência
acrescenta a regulação, a
capacidade de seleção e a
reordenação. Por isso, diversifica
as artes infindáveis. Mas sua de
maneiras intervenção também leva,
com o tempo, à ideia da arte como
ideia consciente – a maior
realização intelectual da história
da humanidade.
(Dewey, 2010, p. 93)
24
EXERCÍCIO DE PENSAMENTO - II
25
Mergulho na experiência,
evitar busca de
informações, objetivo da
pesquisa é a investigação
dos processos –
subjetividades, os passos,
caminhos contínuos da
pesquisas, os afetos.
A cartografia
como uma
possibilidade
de ver.
u tipo de
Política cognitiva: um
relaçã
r
atitude ou de relação que se
estabelece com o conhecimento, com
o mundo e consigo mesmo – o mundo
tomado como invenção, como
engendrado conjuntamente com o
agente do conhecimento.
(Barros e Kastrup p. 33-34)
26
28
[...]a obra de arte provoca e
acentua essa característica de ser
um todo e de pertencer ao todo maior
e abrangente que é o universo em que
vivemos.
(DEWEY, 2010, p. 351).
30
32
Resumo: Este ensaio tem por
objetivo apresentar reflexões
acerca do pensamento deweyano
sobre a filosofia da arte como
experiência. Para uma
compreensão das ideias de John
Dewey(1859-1952) sobre arte
como experiência, se faz
necessário um estudo sobre o
que o autor compreende por arte
e por experiência, assim como a
importância da arte para o
desenvolvimento humano. O
pensamento deweyano pode ser
compreendido a partir de muitas
perspectivas, uma vez que suas
obras tratam de áreas como:
filosofia, educação, política,
sociologia, arte e psicologia.
A reflexão presente neste
trabalho explicita discussões
específicas no campo da arte,
filosofia e educação tomando
como base o livro Arte como
Experiência (2010).
Palavras chave: Experiência,
Ensino/Aprendizagem em Artes
Visuais, John Dewey.
33
John Dewey foi o filósofo norte-americano
mais importante da primeira metade do século XX.
Seu pensamento baseava-se principalmente na
convicção moral de que “democracia é liberdade”
– uma sociedade democrática prepara todos os
indivíduos, de maneira igualitária, assegurando
seus benefícios por meio das mais variadas
formas da vida associada. A educação, nesta
perspectiva, deve proporcionar aos sujeitos um
interesse às questões sociais e culturais,
inerentes ao espírito humano, permitindo assim,
que as mudanças sociais aconteçam sem
ocasionamentos de desordens. (DEWEY, 1959).
Para o filósofo, a configuração da
disposição humana pode ser possível diante de
diversos agentes; mas a escola, segundo o autor,
ainda é o espaço mais importante para que uma
filosofia da experiência se concretize como uma
“realidade manifesta”.
Uma filosofia da experiência no âmago da
educação, exige que professores sejam
conhecedores exímios do seu processo de aprender
e, que estejam com seus conjuntos de práticas em
constante estado de reflexão, caso contrário
corre-se o risco de que sua prática pedagógica
não passe de um aglomerado de dogmas sem nenhum
exame crítico. (DEWEY, 2011).
34
Dewey sustenta a ideia de que nenhuma
reflexão sobre os processos educacionais
seja possível sem levar em conta os
contextos nos quais estes estejam inseridos.
Essa percepção do filósofo já é suficiente
para justificar uma investigação sobre a sua
obra.
No tocante a arte, Dewey traz
questionamentos relevantes para os
professores, ao questionar em uma publicação
de 1998, como a arte “ajudaria a viver
melhor a vida cotidiana. Ele (Dewey) se
pergunta: como professores de todas as áreas
poderão fazer uso de “lições” de arte
(entendidas em termos experienciais) para
melhorarem o seu ensino?”. ( BARBOSA, 2001,
p. 20-21).
Para John Dewey, a arte deveria estar ao
lado das coisas da experiência comum da
vida, ou seja, colocadas em um contexto
diretamente humano, ao contrário de estarem
relegadas exclusivamente aos museus ou
galerias, compartimentalizadas em teorias
que distanciam as experiências estéticas do
mais corriqueiro do humano, ou seja, do
prazer pessoal que, segundo o autor, está
próximo às coisas da natureza, como o ar, o
solo, a luz, as flores; seriam desses
lugares que brotariam as coisas
esteticamente admiráveis. (DEWEY, 2010).
35
A filosofia da arte defendida por
Dewey, reestabelece a união entre as
formas mais sofisticadas do artístico com
os sentimentos mais ordinários da vida
humana. A constante interação entre
sujeito e ambiente, juntamente com os
resultados desta relação, será o que
constituirá uma experiência.
Na relação entre a arte e a educação, o
filósofo afirma que seria o trabalho
estético-artístico, desenvolvido em uma
perspectiva da filosofia da experiência o
clímax da sofisticação entre a união dos
saberes – afetivo, intelectual e prático.
(DEWEY, 2002).
Na perspectiva do filósofo, as artes na
educação, oferecem vitalidade e aprofunda
saberes em outras áreas do conhecimento,
porque,
Toda arte envolve órgãos físicos, como o
olho e a mão, o ouvido e a voz e, no
entanto ela ultrapassa as meras
competências técnicas que estes órgãos
exigem. Ela envolve uma ideia, um
pensamento, uma interpretação espiritual
das coisas e, no entanto, apesar disto é
mais do que qualquer uma destas ideias
por si só. Consiste numa união entre o
pensamento e o instrumento de expressão.
(DEWEY, 2002, p. 76).
36
É, justamente na integração entre o
pensamento e o instrumento de expressão que
é possível esboçar uma ideia do que o autor
nos fala acerca da experiência singular.
A experiência, para Dewey, é um processo
do viver que se relaciona de maneira
intensa e contínua entre o mundo e o
sujeito, dessa relação brotam conflitos,
resistências, impressões. Destes elementos
emergem as experiências, envoltas em ideias
e emoções.
A experiência singular é também uma
experiência estética. Tendo em vista que em
ambas as experiências há consumação e,
nunca cessações, como no caso de uma
experiência intelectual.
Neste sentido, a experiência intelectual
é diferente da experiência singular/
estética. Esta primeira, tem como seu
material símbolos e signos e exige uma
conclusão, um encerramento, que por sua
natureza conclusiva gera incertezas. Ao
contrário, a experiência singular/estética,
está em fluxos constantes, possuem lugares
de repouso, unidade, o seu desfecho é
atingido por um movimento ordeiro e
organizado, o material vivenciado ao mesmo
tempo que é marcado pelas percepções é
transformado pelas experiências anteriores.
37
“A conclusão é uma consumação e não uma
cessação. Esta experiência carrega um
caráter individualizador e
autossuficiente”. (DEWEY, 2010, p. 110).
Metaforicamente falando, a experiência
singular/estética é uma espiral, seu fluxo
contínuo unifica a percepção – entre o que
é feito e o que é suportável; cria
conexões com experiências anteriores – uma
observação constante entre o que existiu,
existe e existirá; o processo é vivenciado
conscientemente – a ansiedade e as
frustações, que fazem parte da vida
cotidiana, também existem neste processo,
mas elas não são impeditivos para que a
inteligência organize a consumação da
experiência pulsante; discernimento entre
ação e desejos, não há dicotomias,
fragmentações entre inteligência e
sensibilidade – tudo se liga, tudo está
junto, é o próprio processo do viver
unificado ao ambiente, tomando consciência
dele - trata-se de uma experiência
singular/estética.
O estético, na filosofia da arte de
John Dewey, não é um fator externo e que
se “lança” para a experiência, nem
tampouco está relacionado com o luxo, ou
idealizado por qualquer corrente de
pensamento transcendental, para o autor:
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estético (...) é o desenvolvimento
esclarecido e intensificado de traços que
pertencem a toda experiência normalmente
completa (...) estético refere-se, à
experiência como apreciação, percepção e
deleite. Mais denota o ponto de vista do
consumidor do que do produtor. (DEWEY,
2010, p. 125-127).
O estético presente na experiência e que
faz desta uma experiência singular/
estética, possui uma forma distinta de
operação. O estético torna a experiência
consciente através da classificação do que
é percebido – a consciência do
conhecimento.
Esse movimento de relações está sempre
unificado, incorporado com a apreensão
reflexiva de experiências anteriores.
O material singular da percepção
estética é o equilíbrio e a proporção.
Estes materiais surgem da experiência, em
um primeiro momento das ideias, que
proporcionam ao pensamento um carácter
estético, a experiência se torna
predominantemente estética quando seu
desenvolvimento é controlado, ou seja,
quando aquilo que é feito transmite a ideia
que está sendo executada.
39
A ordem e a realização existem e sinalizam
o percurso da ideia, mesmo que assinalam o
desvio e a ruptura. (DEWEY, 2010).
Dewey afirma que “a arte, em sua
forma, une a mesma relação entre o agir e
o sofrer, entre a energia de saída e a de
entrada, que faz com que uma experiência
seja uma experiência”. (DEWEY, 2010, p.
128).
Como o artístico está relacionado ao
ato de produção e o estético ao ato de
prazer e percepção, uma obra acontece em
sua completude, quando o artista, ao
trabalhar, assuma essas duas atitudes
transformando-as em uma atitude artístico-
estética.
O artista, na concepção de Dewey, é
aquele que “comparado a seus semelhantes,
é alguém não especialmente dotado de
poderes de execução, mas também de uma
sensibilidade inusitada às qualidades das
coisas. Essa sensibilidade também orienta
seus atos de criação”. (DEWEY, 2010, p.
130).
Essa sensibilidade do artista está
diretamente relacionada ao seu modo de
pensar acerca das coisas do mundo. O
artista não apenas reconhece as coisas,
ele vê, e das suas observações acerca das
coisas do mundo, constitui sua percepção.
40
o artista apreende a conexão entre o que
ele está pensando e o que fará a seguir.
O artista vivencia, na sua
consciência, o efeito da sua obra. Se ele
se jogar deliberadamente nos materiais
não saberá o destino do seu trabalho. O
que está em questão é o controle do
desejo. Na ideia inicial, até será
possível pensar em tudo, mas o “tudo” não
é possível na relação que se deseja
produzir. O artista encontra os
obstáculos, as dificuldades da produção.
Saber produzir neste limite da existência
humana é aprender que a relação entre
pensar e agir, culminando em uma
experiência estética, compreendendo que
experiência não é uma soma entre o
emocional e intelectual, mas que ambos
ocorrem inseparavelmente e são uma das
modalidades mais exigentes do pensamento
- chegar na consumação desta experiência
é proteger o trabalho de uma mera
sucessão de excitações. (DEWEY, 2010).
Sendo assim, a experiência singular/
estética, apresentada por John Dewey,
está presente em quase todos os seus
trabalhos, mas é no livro Arte como
Experiência (2010),
41
que o autor nos esclarece sobre a
proximidade deste conceito com o campo das
artes e do trabalho do artista.
Na verdade, Dewey desafia toda uma
tradição filosófica acerca do conceito de
estética. O autor, coloca o estético,
assim como as artes, nas origens da
existência humana. Dewey revela que a
experiência estética deve estar nos
processos normais do viver, nas coisas
cotidianas da vida.
Segundo Dewey (2010, p. 72),
[...]se as obras de arte fossem
colocadas em um contexto diretamente
humano na estima popular, teriam um
atrativo muito maior do que podem
ter quando as teorias
compartimentalizadas da arte ganham
aceitação geral.
O autor afirma ainda que, “a genuína
arte se desenvolve a partir do trabalho do
artesão”(Dewey, 2002, p. 76), defendendo
que o grande desenvolvimento do pensamento
e da arte renascentista foi possível por
estar próximo aos ofícios associados à
vida cotidiana. (DEWEY, 2002).
O que o indivíduo pode esperar de um
processo de uma experiência singular/
estética é uma reorganização que o coloca
42
em contato com outras formas de apreender a
vida. Por isso, é inerente à experiência
singular/estética a consumação e nunca uma
conclusão. Entende-se por consumação, “um
certo” nutrir-se constantemente da
experiência que no seu fluxo-refluxo-
repouso, avança para novas reformulações,
onde outras percepções irão envolver esses
atos e ideias de pensamento.
O pensar também ocorre em fluxos, esses
fluxos são fases carregadas de afetividade,
não são evoluções, mas sim variações
móveis . (DEWEY, 2010).
Podemos observar essa reflexão sobre o
pensar presente no que Clarice Lispector
comenta sobre seu processo de trabalho. A
escritora diz que:
As vezes tenho a impressão de que
escrevo por simples curiosidade
intensa. É que, ao escrever, eu me dou
as mais inesperadas surpresas. É na
hora de escrever que muitas vezes fico
consciente de coisas das quais, sendo
inconsciente, eu antes não sabia.
(LISPECTOR, 2004, p. 71).
Nesta citação, Clarice deixa claro que
“organiza” sua percepção do mundo a partir
de sua obra. Os fluxos-refluxos-repouso
43
estão presentes no pensamento da autora, que
vai se configurando em uma experiência
estética, a partir do momento que dá forma à
impressão das suas observações das coisas da
vida em um livro. Contudo, em especial a obra
de Clarice Lispector, é uma experiência
consumada, seus livros não são uma conclusão
da sua percepção do mundo. Basta observar que
em suas obras existe uma característica comum
da experiência singular/ estética, que é o
seu estado de incompletude.
Esse estado, na obra da escritora, não
desqualifica a experiência, pois a mesma
continua tendo uma unidade, um fluxo que a
leva de algo para algo, que é pensar a vida
na sua forma mais bruta – diretamente na
emoção do sentir-se vivo.
Outro artista que é possível trazer para
pensar junto da filosofia da experiência de
Dewey é Guillermo Kuitca.
Nas obras de Kuitca, podemos observar que
os temas tratados pelo artista são na sua
maioria cotidianos, delatando a condição
humana. São abordados em suas obras temas
como: felicidade, inconstâncias da
existência, morte, desejos.
Mas, diferente de Clarice Lispector, até
porque a natureza de sua arte é a pintura,
o artista cria códigos, ou seja,
44
pistas que convidam o espectador a “chegar
mais perto” da obra e, aos poucos, ir
decifrando as imagens e as transformando em
textos-pensamentos.
A experiência estética de Guillermo
Kuitca o faz criar uma obra atemporal, que
questiona a existência do tempo e do humano.
Podemos compreender um pouco do universo
de percepção do artista quando ele comenta
em uma entrevista acerca de seu aprendizado,
Guillermo revela que:
Aprendi vendo, olhando. Nós aceitamos
que escritores aprendam lendo – Borges
se colocava em posição mais elevada
como leitor do que como escritor – sem
passar propriamente por técnicas de
ensino de escrita, e talvez devamos
pensar em alguns artistas como
“olhadores”. Foi isso o que eu fiz,
sempre por meio de reproduções; eu era
um leitor de imagens, de certa
maneira, e foi assim que aprendi.
(KUITCA, 2014, p. 29).
Dois pontos são de extrema relevância
na fala do artista para se compreender
a filosofia da experiência de Dewey. A
primeira é que Guillermo Kuitca apreende
pela própria percepção, ou seja, o
45
pensamento do artista está tão impregnado
pela percepção estética, que ao olhar, o
artista antecipa o que virá depois, ele
liga o fazer seguinte ao efeito de seus
sentidos. O que o artista produz é “matéria
viva de sua carne”. O fazer e o vivenciar
estão unidos de maneira recíproca,
cumulativa e contínua. Fazendo do artista
seu produtor e receptor.
A obra, para ser artística tem que ser
estética. O criar e o fazer controlam a sua
produção e nunca o contrário. O artista,
quando está verdadeiramente ligado ao fazer
e ao criar artístico, incorpora a atitude
do espectador, pois a sua criação foi
gerada com a intenção de comunicar algo.
Observamos essa clareza do artista
comprometido com o criar estético, tanto
nas obras de Clarice Lispector e Guillermo
Kuitca .
Também é comum observarmos na obra dos
dois artistas aqui mencionados, o quanto
ambos buscam incondicionalmente novos
processos de fazer, de trazer suas obras a
uma novidade que envolve o pensamento
intelectual, a habilidade técnica e uma
superação obsessiva, sempre quando uma nova
produção é apresentada.
46
Sempre quando estamos diante das
obras destes dois artistas nos
surpreendemos com uma novidade. Essa
“novidade”, que nos desestabiliza,
incomoda, nos faz rever nossa condição
enquanto sujeitos pensantes, é o que
Dewey comenta em ser um trabalho
criativo na arte - a constante
permanência de que quanto mais estamos
diante da obra que vimos
incansavelmente, mesmo assim, ela ainda
tem algo a nos revelar.
47
BARBOSA, Ana Mae. Recorte e
colagem: influência de John Dewey
no ensino da arte no Brasil. São
Paulo: Cortez,2001.
BARROS, Laura Pozzana de e
KASTRUP, Virgínia. Cartografar é
acompanhar processos. Pistas do
método da cartografia: Pesquisa-
intervenção e produção de
subjetividade. Porto alegre:
Sulina, 2012. P. 131-150.
Dewey, John. Arte como
experiência. São Paulo: Martins
Fontes, 2010.
____________. Experiência e
educação. Petrópolis, RJ: Vozes,
2011.
48
___________.Democracia e
educação. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1959.
____________. A Escola e a
Sociedade e ACriança e o
Currículo. Lisboa: Relógio D’
Àgua Editores, 2002.
Guillermo Kuitca: Filosofia
para princesas/ Curadoria
Giancarlo Hannud; textos
Giancarlo Hannud...[et al]. São
Paulo: Pinacoteca do Estado,
2014
49
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81
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82
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83
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³Foi então que defini como estratégia desenvolver um diário no qual
registraria os meus pensamentos, movimentações e reflexões, pois o
recurso à escrita e à imagem, como registro da processualidade,
interessava-me como ferramenta que acompanha o desfiar de certos
mundos e a própria construção e formação de outros, como um mapa ou
puzzle que vai desenhando o caminho trilhado e direcionando a
construção de sua própria formação. Essa prática permitia-me
estabelecer um jogo de reflexão entre mim, os alunos e as suas
coreografias, permitindo um refinamento da minha prática”. (JESUS,
2013, p.70)
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84
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VHXSDSHOHQTXDQWRSURIHVVRUGHDUWHHUDGHVSHUWDUDFULWLFLGDGHHPVHXVDOXQRV
³Quando a arte se torna menos arte ela torna o papel da filosofia como crítica da
vida” (p. 47DPEpP-RVHSK%HX\VDUWLVWDDOHPmRTXHOHFLRQDYDHP
'XVVHOGRUIHSDUDOHODPHQWHGHVHQYROYHXFDUUHLUDDUWtVWLFDDILUPDYDTXHVXDPDLRU
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5REHUW )LOOLRX HQIDWL]D D SRVVLELOLGDGH GH HPSUHJDU D
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Nos tornamos artistas nós mesmos quando nossa própria experiência é
reorientada”.
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86
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UHIOH[mR H HVWDV TXHVW}HV SRGHP VHU UHVSRQGLGDV SRU TXDOTXHU XP TXH VHMD
SURIHVVRUDUWLVWD,QFOXVLYHSRGHPVHUYLUFRPRXPH[HUFtFLRGHDXWR
DQiOLVH H FUtWLFD PDV VRPHQWH VH HVWLYHU GLVSRVWR D VHU R PDLV YHUGDGHLUR
SRVVtYHO QDV UHVSRVWDV jV TXHVW}HV 6HJXHP DV TXHVW}HV DGDSWDGDV FDVR VH
GLVSRQKDDUHVSRQGrODV
1) Quando você percebeu seu interesse pelas Artes Visuais?
(pode ser desde um acontecimento de infância ou em qualquer
momento).
9DOHDSHQDOHUDVUHVSRVWDVQDtQWHJUDGRDUWLVWDHSURIHVVRU(XJrQLR3+RUWD
$FHVVHLVVXXFRPFDGHUQRVBGHBHVWXGRGRFVFDGHUQRVBGHBHVWXGRB
87
7DPEpPHVWXGDPRVROLYURGH&pOLD0DULDGH&DVWUR$OPHLGD6HUDUWLVWD
VHU SURIHVVRU UD]}HV H SDL[}HV GR RItFLR 1HVWH OLYUR D SURIHVVRUD
GLVFXWHDSURGXomRHR(QVLQRGDV$UWHV9LVXDLVQRQtYHOVXSHULRUHFRPSDUDDV
H[SHULrQFLDV GH DUWLVWDVSURIHVVRUHV DWUDYpV GH VHXV GHSRLPHQWRV RV TXDLV
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SHVTXLVDGRUD DR WpUPLQR GDV HQWUHYLVWDV IRL TXH RV DUWLVWDVSURIHVVRUHV JRVWDP
GH HQVLQDU WHP SUD]HU QHVWD IXQomR SRUpP DILUPDP TXH QmR VHULDP VRPHQWH
SURIHVVRUHVSRLVDSURGXomRGHDUWHSUHYDOHFHVREUHRHQVLQR'L]&pOLD$OPHLGD
³Ensinar decorre do fazer artístico e o enriquece. O artista professor
não fala de um fazer de maneira teórica , abstrata; fala de um trabalho
concreto que ele conhece a fundo. Por outro lado, esse falar é profícuo
para o fazer concreto. Portanto há um ir e vir constante que enriquece o
trabalho docente e o trabalho artístico” . (ALMEIDA, 2009, p. 151)
2XWUDFRQFOXVmRpTXHRVDUWLVWDVSURIHVVRUHVDFUHGLWDPHPXPHTXLOtEULR
HQWUHRH[HUFtFLRGDFULDWLYLGDGHHDDSUHQGL]DJHPGHUHJUDVHFRQKHFLPHQWRVMi
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SUHFLVR FDXWHOD H VHQVLELOLGDGH SDUD QmR UHVWULQJLU D LQYHQWLYLGDGH GR DOXQR $
SHVTXLVDGRUDUHVXPH ³a arte engloba um lado poético, criativo, peculiar de cada
um, portanto, não ensinável; e um fazer prático, objetivo, que pode e deve ser
ensinado.” (ALMEIDA, 2009, p. 144)
$DXWRUDHQIDWL]DDLQGDTXHWDQWRRDUWLVWDFRPRRSURIHVVRUWHPDVVXDV
LGHLDVHYDORUHVFRQVWLWXtGRVVRFLDOPHQWHHTXHRVOLPLWHVLPSRVWRVSHODVUHJUDVH
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RSRUWXQLGDGHGHDYDQoDU
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YDORUL]DDDXWRQRPLDDUWtVWLFDHOLEHUGDGHFULDWLYDHDVYrFRPRDWLYRVEHQV
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DUWLVWDSURIHVVRUSURIHVVRUDUWLVWD
(VWH WH[WR DGDSWDGR LQWHJUD R OLYUR GH $ODQ 7KRUQWRQ Artist, Researcher, Teacher,
Chicago: intellect Bristol, 2013, página 52 e 53).
88
803(5),/
48(0)2,-2+1'(:(<"
Foi um pensador americano. Nasceu em 1859 e
faleceu em 1952. Lecionou nas Universidades
de Michigan, Chicago e Columbia. Sua corrente
filosófica era o pragmatismo. Foi também
co-fundador da New School de Nova York,
instituição livre de ensino superior aberta
a membros de qualquer classe social. Para
Dewey,
vida e educação eram quase sinônimos, consideradas do ponto de
vista tanto individual quanto coletivo, e em ambas ocorreria a
“re-significação” das experiências”. Tanto é que o lema do
movimento inspirado por Dewey era “Aprender a aprender”, já
que aprender passou a ser visto como ato de “re-significar de
experiências”. Não acreditava na aprendizagem por memorização
e sim na aprendizagem experiencial, aquela vivida com
significado.
Foi um defensor da chamada Educação Progressista ao acreditar
que deveria ser dada as crianças condições para que elas
mesmas encontrassem a solução de seus problemas. Valorizava a
autonomia e iniciativa das crianças e não a sua passividade.
No Brasil, inspirou o movimento da Escola Nova, representado
por Anísio Teixeira, ao colocar a atividade prática e a
democracia como a base da educação
(VWXGDPRVQDSULPHLUDDXODRWH[WR5HFRQVLGHUDQGRDDUWH
FRPR H[SHULrQFLD GR ILOyVRIR -RKQ 'HZH\ SXEOLFDGR RULJLQDOPHQWH HP
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2WH[WRHVWXGDGRWHYHFRPRUHIHUrQFLDROLYURArte como ExperiênciaGH
-RKQ'HZH\HDSRQWDDVVXDVTXDWURLGHLDVDUHVSHLWRGDV$UWHV
AS ARTES NÃO SÃO (E NÃO DEVERIAM SER) REMOVIDAS DAS COISAS
DA VIDA COTIDIANA
Dewey considerava a Arte não como uma coisa, mas como algo que
acontece. Para ele a Arte seria a própria experiência do artista que faz o
seu trabalho e do público a quem a obra é dada a ser recebida. Como no
seu conceito de experiência está implícita a ideia de Educação,
Democracia e Mudança, para ele a Arte contém um potencial para
transformar tanto artista como público.
89
A ARTE VEM DE CULTURA E VICE-VERSA, E ISSO NOS AJUDA A
DESPERTAR PARA O QUE ESTAVA ENCOBERTO
/LYURVGH-RKQ'HZH\
$QD 0DH %DUERVD QR SUHIiFLR GH VHX OLYUR Arte/Educação
Contemporâneas: Consonâncias Internacionais H[SOLFD VREUH R FRQFHLWR
GH$UWHFRPRH[SHULrQFLDRTXDOIRLHODERUDGRSRU-RKQ'HZH\HPWHQGR
VLGR EHP DFHLWR HQWUH SUDJPDWLVWDV H IHQRPHQRORJLVWDV SRUpP HQWUH DUWLVWDV H
FUtWLFRV GH DUWH QmR WHYH JUDQGH DFHLWDomR $ILUPD TXH RV SyVPRGHUQRV
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3DUD FRPSUHHQGHUPRV XP SRXFR PDLV $QD 0DH ID] XPD FRPSDUDomR
HQWUH R FRQFHLWR GH H[SHULrQFLD SDUD RV VHJXLQWHV ILOyVRIRV GD HGXFDomR -RKQ
'HZH\3DXOR)UHLUHH(OOLRW(LVQHU
“Se para Dewey experiência é conhecimento, para Freire é a
consciência da experiência que podemos chamar conhecimento. Já
Eisner destaca da experiência do mundo empírico sua dependência de
nosso sistema sensorial biológico, que é a extensão de nosso sistema
nervoso, ao qual Susanne Langer chama de “órgão da mente”. Segundo
Eisner, refinar os sentidos e alargar a imaginação é o trabalho que a arte
faz para potencializar cognição”. (BARBOSA, 2010, p. 12)
90
80$3$5$'$3$5$35È7,&$6$57Ë67,&$6&LDQRWLSLDH0RQRWLSLDDyOHR
'XUDQWH R VHPHVWUH WLYHPRV GXDV DXODV HP TXH VDtPRV D FDPSR R TXH
YLURX DWp EULQFDGHLUD SRLV VDtPRV GD VDOD EiVLFD GR PHVWUDGR SDUD R DWHOLr GH
SLQWXUD8PDVDtGDDFDPSRGHQWURGRSUySULRFDPSXV
2XWUR HVSDoR RXWUR HVWtPXOR $XOD GH SUiWLFD DUWtVWLFD 8P UHVSLUR XPD
WUpJXD QR PHLR GH WHRULDV H XP FKDPDPHQWR D QyV IXWXURV SURIHVVRUHV SDUD
SHQVDU R TXDQWR GH WHPSR H HVSDoR WHPRV GHGLFDGR QD QRVVD URWLQD SDUD D
SUiWLFDDUWtVWLFDSDUDRVHUDUWLVWD
$SURIHVVRUD-RFLHOH/DPSHUWSURS{VGXDVSUiWLFDVDUWtVWLFDVHPSLQWXUD$
SULPHLUD GHODV IRL D &LDQRWLSLD RFRUULGD QR GLD 3DUD HVWD DXOD
SUHFLViYDPRV GH XP GLD HQVRODUDGR PDV PXLWR HQVRODUDGR SRLV RV TXtPLFRV
SUHFLVDULDPGDOX]VRODUSDUDLPSULPLUQRSDSHORVGHVHQKRVRXREMHWRV
(VWD IRL D SULPHLUD YH] TXH WUDEDOKHL FRP HVWD WpFQLFD H IRL EDVWDQWH
SUD]HURVR (UD QHFHVViULR SHQVDU HP REMHWRV LPDJHQV FRPSRVLomR $LQGD SRU
VHUXPPDWHULDOTXtPLFRDOJXQVFXLGDGRVHUDPQHFHVViULRV(VFUHYRQRGLiULR
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ĞƐƉĞƌĂƌ Ă ƋƵşŵŝĐĂ ƌĞĂŐŝƌ͕ ǀĞƌ Ž ƌĞƐƵůƚĂĚŽ͕ ůĂǀĂƌ Ž ƉĂƉĞů͕ ĞƐƉĞƌĂƌ ƐĞĐĂƌ͘ ƌĂ ŵƵŝƚŽ
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ĚƵĐĂĕĆŽƌƚşƐƚŝĐĂ͘
$ RXWUD SUiWLFD DFRQWHFHX QR GLD )RL D PRQRWLSLD FRP WLQWD D
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SDOHWDVDEHUHVFROKHURSLQFHOPDLVDGHTXDGRSDUDRHIHLWRTXHGHVHMDSURGX]LU
SHQVDU QDV SLQFHODGDV VH TXHU HIHLWRV FRP WH[WXUDV HQWUH RXWURV 7DPEpP p
SUHFLVRSHQVDUQDVLPDJHQVHQDFRPSRVLomR
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91
0RQRWLSLDDyOHR
&LDQRWLSLD
92
( SRU IDODU HP SUiWLFD DUWtVWLFD FDEH DTXL UHVVDOWDU D DXOD GR GLD
HP TXH WLYHPRV FRPR DSRLR SDUD GLVFXVVmR R WH[WR (VW~GLR GH $UWH
FRPR SUiWLFD GH SHVTXLVDGH*UDHPH6XOOLYDQGR7HDFKHUV&ROOHJH&ROXPELD
8QLYHUVLW\
'HVWDTXHSDUDDOJXQVSHQVDPHQWRVGH6XOOLYDQ
“Portanto, o estúdio de arte como prática de pesquisa precisa ser visto como
um local valioso para levantar questões teoricamente profundas e explorá-
las utilizando métodos visuais que têm o potencial para produzir resultados
de forma crítica fundamentadas e transformando individualmente. Assim
sendo, a prática artística compreende uma coalizão crítica que envolve um
diálogo permanente entre, dentro e ao redor do artista, obras de arte e
contexto em que cada um tem um papel a desempenhar na criação de
significado.” (p. 22)
93
$WHOLrFRQWHPSRUkQHRDPSOLDQGRRFRQFHLWR
$WpR{QLEXVSRGHVHURDWHOLr
1D DXOD R WH[WR HVWXGDGR Ateliês Contemporâneos: possibilidades e
problematizacõesGH)HUQDQGD3HTXHQRGD6LOYDHPTXHGLVFXWHVHDQRomRGH
HVSDoR FRQKHFLGR FRPR DOJR ItVLFR RX JHRJUiILFR DODUJDQGR SDUD D LQFOXVmR GH
DVSHFWRVVLPEyOLFRVHLGHROyJLFRVGHVSHUWRXUHIOH[}HVVREUHFRPRDRORQJRGR
VpFXOR ;; D QRomR GR DWHOLr FRPR OXJDU H[FOXVLYR GH SURGX]LU DUWH IRL VHQGR
WUDQVIRUPDGR H GHVWD IRUPD WDPEpP D ILJXUD GR DUWLVWD 6LOYD DSRQWD R
DWHOLrFRQWHPSRUkQHRFRPR
³SRVVLELOLGDGHV P~OWLSODV VDOD GH DXOD UHVLGrQFLD WHPSRUiULD HVSDoR
H[SRVLWLYR PRUDGLD JDOHULD GH DUWH DUTXLYR ORFDO GH WUDEDOKR QmR VmR
XVRVH[FOXGHQWHVGHIRUPDTXHXPPHVPRHVSDoRSRVVDIXQFLRQDUFRP
LQ~PHUDVGHVVDVIXQo}HVDSRQWDGDV6HRDWHOLrQmRpPDLVRULJHPRX
GHVWLQR GD DUWH HOH GHYH VHU HQWHQGLGR FRPR R HQWUH R HVSDoR
LQWHUPHGLiULR´6,/9$S
$VVLPVHQGRWDQWRRDWHOLrFRPRDILJXUDGRDUWLVWDQRVpFXOR;;IRUDP
VHQGR GHVPLVWLILFDGRV GHVID]HQGRVH D LGHLD GH JHQLDOLGDGH GR DUWLVWD EHP
FRPRDGRDWHOLrFRPRORFDOVDJUDGRGHFULDomR
3RUWDQWR R DWHOLr DVVXPH XPD FRQGLomR GH HVWDU HP IOX[R HP
PRYLPHQWDomR H DVVLP SRGH VHU GLQkPLFR SURYLVyULR WUDQVLWyULR H[WUDSRODQGR
GLPHQV}HVHVSDFLDLV'L]6LOYD
³0XLWR PDLV GR TXH HQWUH RX VHP SDUHGHV R DWHOLr
FRQWHPSRUkQHRVHFDUDFWHUL]DSHORIOX[RGHWHPSRHGHSHVVRDVWUkQVLWR
HWURFDFRPRRXWUR6HDFRQWHPSRUDQHLGDGHGLVFXWHRVHUH[FOXVLYRH
LQGX]DSHQVDUQXPVHUP~OWLSORHSURYLVyULRSURYLVRULHGDGHHSURFHVVR
VmR LQVWkQFLDV D VHUHP YDORUL]DGDV WRUQDQGRVH HYLGHQWHV´ 6,/9$
S
2 DUWLVWD -RVHSK %HX\V GL]LD VHU SDUD HOH R DWHOLr PDLV
PHQWDOSRLVHUDHPVXDFDEHoD7DPEpPRDUWLVWDYLVXDOEUDVLOHLUR(UQHVWR1HWR
XVRXH[SUHVVmRVHPHOKDQWHHPILOPHDVVLVWLGRGXUDQWHDDXODGRGLD
)RQWH,PDJHPHMRXUQDOHXPLQGQHW
94
95
0$,6803$66$*(,52
80$9,6,7$352)(6625$$57,67$/8&,0$5%(//2
1R GLD H GH RXWXEUR WLYHPRV D YLVLWD GD SURIHVVRUD H DUWLVWD
/XFLPDU %HOOR 'LD RFRUUHX XPD DXOD SDOHVWUD VREUH Arte Contemporânea:
das existências e provocações H QR GLD VHJXLQWH D RILFLQD GH QRPH Artes
VisuaisColaborativasQDSHUtRGRGDPDQKmHWDUGH3DUDDRILFLQDQRGLD
DSURIHVVRUDVROLFLWRXTXHWURX[pVVHPRVXPREMHWRTXHFRXEHVVH QDSDOPDGD
PmRHGHSRLVSXGHVVHVHUGHVFDUWDGR2VDOXQRVFRORFDUDPVHXVREMHWRVVREUHD
PHVD HP TXH VH HQFRQWUDYDP H WRGDV DV SHVVRDV OHYDQWDYDPVH LDP DWp DV
RXWUDV PHVDV SDUD REVHUYDU RV REMHWRV WHQWDQGR SHUFHErORV H PHPRUL]iORV
'HSRLVWLYHPRVTXHUHODFLRQDUWRGRVRVREMHWRVYLVWRVXPDHVSpFLHGHLQYHQWiULR
$ SDUWLU GHVWHV REMHWRV HVFROKHPRV DOJXPDV SDODYUDV SDUD WUDEDOKDU SULPHLUR
LQGLYLGXDO H GHSRLV HP GXSOD (QWmR HX H PLQKD FROHJD /XFLDQD 0HQGRQoD
³YLDMDPRV´QDVSDODYUDVGHDFRUGRFRPDSURSRVWDGHIXQGLUVREUHSRUHQFRUSDU
MXQWDUPRGLILFDUHFULDPRVXPWH[WR
7RGRV DV GXSODV SDUWLFLSDQWHV OHUDP VHXV WH[WRV H HVWHV FULDUDP XPD
SDLVDJHP VRQRUD 3HUFHEHPRV R TXDQWR p GLIHUHQWH XP PHVPR WH[WR OLGR SRU
SHVVRDVGLIHUHQWHV9DULDULWPRHQWRQDomRGDYR]RSUySULRWLPEUHGHFDGDXP
$ RILFLQD VHJXLX FRP PDLV SURSRVWDV FRPR D GH MXQWDU R VHX SUySULR
QRPH FRP R GH RXWUR FROHJD FULDQGR XP DSHOLGR XP SVHXG{QLPR RX XP
SHUVRQDJHP 'HSRLV FULDPRV SDLVDJHQV FRP RV REMHWRV FRORFDGRV VREUH D
PHVDHWHQWiYDPRVUHODFLRQiODVFRP+LVWyULDGD$UWHRXVHMDDREUDGHDOJXP
DUWLVWD
3DUWLFLSDUGHVWDRILFLQDPHSHUPLWLXYLYHQFLDUXPDDXODGLIHUHQWHHPTXH
XPDVVXQWRSRGHVHUDERUGDGRGHPDQHLUDFRODERUDWLYDFRPSDUWLOKDGDGLVFXWLGD
2 SURIHVVRU DVVXPLX R SDSHO GH SURSRVLWRU H DTXHOHV TXH VH GLVSXVHUDP D
SDUWLFLSDUYLYHUDPXPDH[SHULrQFLDVLJQLILFDWLYDGHFULDomR
Síntese da oficina:
Desapego, conexão, encontro, imaginação, construção
coletiva, descontrução e a percepção de que para criar é
preciso perder-se, sair do Ego.
3DUDFRQKHFHUPDLVVREUHDSURIHVVRUDHDUWLVWD
/XFLPDU%HOOR3)UDQJHDFHVVHZZZOXFLPDUEHOORFRPEU
96
97
80$$57,67$623+,(&$//(
3DUDSHUFHEHUTXDQGR$57((9,'$VHPLVWXUDP
1D DXOD GR GLD SXGHPRV FRQKHFHU R WUDEDOKR GD DUWLVWD
IUDQFHVD 6RSKLH &DOOH 1DVFHX HP HVFULWRUD IRWyJUDID WUDEDOKD FRP
LQVWDODomR H DUWH FRQFHLWXDO 8VD D QDUUDWLYD H WUDQVIRUPD D VXD H[SHULrQFLD GH
YLGD SHVVRDO SDUD D FULDomR GH VHXV WUDEDOKRV 'HVVD IRUPD VXDV REUDV VH
FDUDFWHUL]DP SRU GHVSUH]DU DV IURQWHLUDV HQWUH ILFomR H UHDOLGDGH S~EOLFR H
SULYDGRDUWHHYLGD(ODGL]
͞Ž ƋƵĞ ĚŝĨĞƌĞŶĐŝĂ ŵƵŝƚŽ ŽƐ ŵĞƵƐ ƚƌĂďĂůŚŽƐ Ġ Ž ĨĂƚŽ ĚĞ ƋƵĞ ĞůĞƐ ƐĆŽ ƚĂŵďĠŵ
ŵŝŶŚĂ ǀŝĚĂ͘ ůĞƐ ĂĐŽŶƚĞĐĞƌĂŵ͘ /ƐƐŽ ŵĞ ĚŝƐƚŝŶŐƵĞ Ğ ĨĂnj ĐŽŵ ƋƵĞ ĂƐ ƉĞƐƐŽĂƐ
ŐŽƐƚĞŵ ŽƵ ĚĞƐŐŽƐƚĞŵ ŝŶƚĞŶƐĂŵĞŶƚĞ ĚŽ ƋƵĞ ĨĂĕŽ͘ ƉŽƌ ŝƐƐŽ ƋƵĞ ƚĞŶŚŽ Ƶŵ
ƉƷďůŝĐŽĂůĠŵĚŽŵƵŶĚŽĚĂĂƌƚĞɌ
;>>͕ǁǁǁ͘ǀŝĚĞŽďƌĂƐŝů͘ŽƌŐ͘ďƌͬƐŽƉŚŝĞĐĂůůĞͬͿ
8P GH VHXV WUDEDOKRV PDLV FRQKHFLGRV p D PRVWUD &XLGH GH YRFr
LGHDOL]DGD D SDUWLU GH PHQVDJHP GH URPSLPHQWR GH URPDQFH FRP R HVFULWRU
*UHJyULH %RXOOLHU &XLGH GH YRFr p D IUDVH ILQDO GR ³IRUD´ UHFHELGR SRU HPDLO
6RSKLH FRQVLGHURX D UHFRPHQGDomR OLWHUDOPHQWH H FRQYLGRX PXOKHUHV GH
SURILVV}HV GLIHUHQWHV H GH YiULRV ORFDLV GR PXQGR D LQWHUSUHWDU D FDUWD
FRPSDUWLOKDQGR FRP HODV VHX VRIULPHQWR H GRU FDXVDGRV SHOR URPSLPHQWR $
SDUWLU GHVWH FRQFHLWR FULRXXPDLQVWDODomRFRPWH[WRVIRWRJUDILDVHYtGHRV)RL
DSUHVHQWDGDSHODSULPHLUDYH]QD%LHQDOGH9HQH]DHP$([SRVLomRHVWHYH
QR %UDVLO HP 6mR 3DXOR H 6DOYDGRU QR DQR GH FRQILUD
ZZZYLGHREUDVLORUJEUVRSKLHFDOOH
6HJXHRWH[WRH[SOLFDWLYRGH6RSKLHVREUHDLGHLDGRVHXWUDEDOKR
“Recebi uma carta de rompimento e não soube respondê-la. Era
como se ela não me fosse destinada. Ela terminava com as
palavras: Cuide de você. Levei esta recomendação ao pé da letra.
Convidei 107 mulheres escolhidas de acordo com profissões
diferentes para interpretar a carta. Analisá-la, comentá-la,
dançá-la, cantá-la, esgotá-la. Entendê-la em meu lugar.
Responder por mim. Era uma maneira de ganhar tempo antes
de romper. Uma maneira de cuidar de mim”.
Sophie Calle
,PDJHPIRWRJUiILFDGDLQWHUSUHWDomRGDOHLWXUDGDFDUWDSHOD
SRUWXJXHVD0DULD0HGHLURV
)RQWHKWWSZZZYLGHREUDVLORUJEUVRSKLHFDOOH
98
'XUDQWH D DXOD DVVLVWLPRV DOJXPDV GHVWDV LQWHUSUHWDo}HV H SXGHPRV
PDQLSXODURFDWiORJRGDH[SRVLomR,QWHUHVVDQWHREVHUYDUFRPRGHDFRUGRFRPD
QDFLRQDOLGDGH H SURILVVmR VXUJLUDP LQWHUSUHWDo}HV WRWDOPHQWH GLYHUVDV GHVWDV
PXOKHUHV DSDUHFHQGR VXEMHWLYLGDGHV 6RSKLH WUDQVIRUPRX XPD H[SHULrQFLD GH
YLGD HP DUWH GDQGROKH XPD GLPHQVmR HVWpWLFD $R FRPSDUWLOKDU FRP RXWURV
WDQWR LQWpUSUHWHV FRPR S~EOLFR SHUPLWH DR HVSHFWDGRU VH LPDJLQDU QR OXJDU GR
RXWURSUHSDUDQGRVHSDUDDDSUHQGL]DJHPGHYLYHUTXHFRQVLVWHQDFULDomRGHVL
SUySULR&RPRMiGL]LD+ROGHUOLQSRHWDGRVpFXOR;,;“Pode-se aprender na vida
a arte e na obra da arte a vida”.
99
%,%/,27(&$$0%8/$17(
100
&+(*$5(3$57,5
,UHYLU
&XULWLED !)ORULDQySROLV
'HVORFDPHQWR
0XGDQoDGHOXJDU
'HSURIHVVRUDDDOXQD
%XVFDUFRQKHFHUGHVFREULU
/XJDUGHSHQVDUVyPHX
3HUPLWRPHYHUYHUPH
$SUHFLRGDMDQHOD
9HMRDSDLVDJHP
5HYHMRPLQKDWUDMHWyULD
2EVHUYRRPRYLPHQWR
6LQWRRGHVORFDUVH
9LVOXPEURRFpXGHQRLWH
7DQWRVSRQWRVHVWHODUHV
(VHRVOLJDVVHTXHIRUPDVGDULDP"
7HQWRXQLURVSRQWRV
&RQVWUXLUSRQWHV
3DUDXPDGLVVHUWDomR8PDSHVTXLVD
8PWUDEDOKRFULDWLYR
$57(
101
6Ë0%2/26'(3$66$*(0
1ROLYUR*DYHWDGRV*XDUGDGRVGH,EHUr&DPDUJR&RVDF1DLI\
EDVLFDPHQWHHOHH[S}HVXDVPHPyULDVHSHUFHEHVHXPDSHUVRQDOLGDGHHP
SURFHVVR'L]
3RGHVHGL]HUTXHDVXDREUDPDWHULDOL]DVHQDSUHVHQoDGHVtPERORVGH
SDVVDJHPWUHQVULDFKRVUXHODVFDUUHWpLVFLFOLVWDV
3URFXURHQWmRSHUFHEHUTXDLVVmRRVPHXVVtPERORVGHSDVVDJHPWDQWRQD
PLQKD WUDMHWyULD GH YLGD FRPR WDPEpP QHVWH PRPHQWR QHVWD WUDMHWyULD GH
PHVWUDQGD
1R {QLEXV UHIOHWLQGR VREUH HVWHV VtPERORV ROKR SDUD RV PHXV SpV H
GHVHQKRGHVHQKRHVWHTXHFRPSDUWLOKRDTXL
102
,19(67,*$1'2(;3(5,Ç1&,$662%5($$57(&217(0325Æ1($12
&217(0325Æ1(2(16,12'($57(69,68$,6
0È5&,$$0$5$/'(),*8(,5('28'(6&
5(6802
(VWHDUWLJRpRUHODWRGHXPDH[SHULrQFLDFRP$UWH&RQWHPSRUkQHDQR(QVLQR
GH$UWHV9LVXDLVQRHQVLQRIXQGDPHQWDOHRFRPHQWiULRVREUHDH[SHULrQFLDGH
XP SURIHVVRUDUWLVWD FRP $UWH &RQWHPSRUkQHD QR kPELWR XQLYHUVLWiULR ¬
PHGLGDTXHDVH[SHULrQFLDVVmRUHODWDGDVFRPHQWiULRVVmRIHLWRVDUHVSHLWRGD
SRVWXUD GR SURIHVVRU GRV HQFDPLQKDPHQWRV PHWRGROyJLFRV H GH VXDV
FRQFHSo}HV GH HQVLQR $V H[SHULrQFLDV WHQWDP GHPRQVWUDU TXH DR SULRUL]DU D
$UWH &RQWHPSRUkQHD QR FXUUtFXOR HVFRODU HVWD SURYRFD XPD GHVHVWDELOL]DomR
GHSUiWLFDVWUDGLFLRQDLVGD$UWHQDHVFRODJHUDQGRPXGDQoDVQDVSUiWLFDVGH
(QVLQRHP$UWHVSUiWLFDVHVWDVPDLVVLJQLILFDWLYDVWDQWRSDUDRSURIHVVRUFRPR
SDUD RV DOXQRV 7DPEpP VH DERUGD R SURIHVVRUDUWLVWD H R TXDQWR R VHX
SURFHVVRGHFULDomRDUWtVWLFDSRGHVHUDUWLFXODGRUGHSURSRVWDVHGXFDWLYDVHP
$UWH
3DODYUDVFKDYH $UWH &RQWHPSRUkQHD (QVLQR GH $UWHV 9LVXDLV 3URIHVVRU
$UWLVWD
,1752'8d2
2 SUHVHQWH WH[WR UHODWD H FRPHQWD VREUH DV H[SHULrQFLDV FRP D $UWH
&RQWHPSRUkQHDQR(QVLQRGH$UWHV9LVXDLV
$XWLOL]DomRGDVSDODYUDVLQYHVWLJDQGRH[SHULrQFLDVQRWtWXORGRWH[WRp
SRUTXHDLGHLDpMXVWDPHQWHDGHQWUDURVLJQLILFDGRGHLQYHVWLJDUQRVHQWLGRGH
H[DPLQDU FRP DWHQomR VHJXLU RV YHVWtJLRV GHVWDV H[SHULrQFLDV PRVWUDQGR R
TXDQWRDH[SHULrQFLDFRPDDUWHFRQWHPSRUkQHDQRkPELWRHVFRODUSRGHJHUDU
PXGDQoDV QDV SUiWLFDV WUDGLFLRQDLV GH (QVLQR GH $UWH SURYRFDQGR
HVWUDQKDPHQWRV UXSWXUDV H LQFHUWH]DV TXH VmR SUySULDV GD DUWH
FRQWHPSRUkQHDSRUpPSURSLFLDQGRDRVDOXQRVSUiWLFDVPDLVVLJQLILFDWLYDVFRP
DDUWHGRVHXWHPSR
*UDGXDGD HP (GXFDomR $UWtVWLFD SHOD )DFXOGDGH GH $UWHV GR 3DUDQi81(63$5
3URILVVLRQDO GR 0DJLVWpULRGRFrQFLD ,, GD 3UHIHLWXUD 0XQLFLSDO GH &XULWLED (VSHFLDOL]DomR HP
)XQGDPHQWRV (VWpWLFRV GD $UWH(GXFDomR SHOD )$381(63$5 H +LVWyULD GD $UWH GR
6pFXOR ;; (0%$381(63$5 0HVWUDQGD QD OLQKD GH SHVTXLVD GH (QVLQR GDV $UWHV
9LVXDLV QR 33*$9 GD 8QLYHUVLGDGH (VWDGXDO GH 6DQWD &DWDULQD &XUUtFXOR /DWWHV
KWWSODWWHVFQSTEU
103
1DSULPHLUDSDUWHGRWH[WR±&RPSDUWLOKDQGRDH[SHULrQFLDQRHQVLQR
IXQGDPHQWDO VHUi H[SRVWR R UHODWR GH FRPR D DXWRUD DR ORQJR GH VXD YLGD
SURILVVLRQDO HQTXDQWR SURIHVVRUD GH $UWHV 9LVXDLV H DWXDOPHQWH HQTXDQWR
PHVWUDQGDQR(QVLQRGH$UWHV9LVXDLVWHPEXVFDGRFRPSUHHQGHUDUHOHYkQFLD
GH VH DERUGDU D DUWH FRQWHPSRUkQHD QD HVFROD YLVWR D GLYHUVLGDGH GH
H[SHULrQFLDV TXH HVWD DSUHVHQWD DR VH UHODFLRQDU FRP RXWUDV iUHDV QD
SUR[LPLGDGH GHVWD DUWH FRP D YLGD H D VXD FRQVWDQWH WUDQVIRUPDomR QXP
PXQGRGHLQFHUWH]DVSRUpPPRVWUDQGRVHFDSD]GHSURGX]LUVHQWLGR3RUWDQWR
VHUiGHVFULWDGHPDQHLUDVXFLQWDXPDH[SHULrQFLDFRPDUWHFRQWHPSRUkQHDHP
DUWHHGXFDomR YLYLGD HP XPD HVFROD S~EOLFD GR PXQLFtSLR GH &XULWLED FRP
DOXQRVGDVVpULHVILQDLVGRHQVLQRIXQGDPHQWDO
1DVHJXQGDSDUWHLQWLWXODGD,QYHVWLJDQGRDH[SHULrQFLDGHXP
SURIHVVRUDUWLVWDVHUmRIHLWRVFRPHQWiULRVVREUHDOJXPDVH[SHULrQFLDVFRP
$UWH&RQWHPSRUkQHDYLYHQFLDGDVQD8QLYHUVLGDGH3RUWODQGQRV(VWDGRV
8QLGRVSHORVDOXQRVGRSURIHVVRUDUWLVWD+DUUHOO)OHWFKHU
&203$57,/+$1'2$(;3(5,Ç1&,$12(16,12)81'$0(17$/
'XUDQWH DV DXODV GR 3URJUDPD GH 0HVWUDGR HP $UWHV 9LVXDLV QD
8QLYHUVLGDGH GR (VWDGR GH 6DQWD &DWDULQD QD GLVFLSOLQD 6REUH 6HU $UWLVWD
3URIHVVRU PLQLVWUDGD SHOD 3URI 'U -RFLHOH /DPSHUW HQWUDPRV HP FRQWDWR
FRPGLYHUVRVWH[WRVSRUpPRWH[WR³$OJXPDVLGHLDVVREUH$UWHH(GXFDomR´GR
SURIHVVRUDUWLVWD+DUUHOO)OHWFKHUIRLEDVWDQWHVLJQLILFDWLYRSRLVHVWHSURYRFRX
UHIOH[}HVVREUHDSUHVHQoDGD$UWH&RQWHPSRUkQHDQRDPELHQWHHVFRODU1D
SULPHLUD OHLWXUD R WH[WR PRVWURXVH GLItFLO GH FRQFRUGDU VHQGR SUHFLVR UHOrOR
EXVFDQGR XPD PHOKRU FRPSUHHQVmR GH VXDV LGHLDV &DXVRX HVWUDQKDPHQWR
$VGLVFXVV}HVHPVDODGHDXODFRPRVFROHJDVHFRPDSURIHVVRUDDMXGDUDPD
HVFODUHFHU DVSHFWRV TXH D SULQFtSLR LQFRPRGDYDP TXDQWR j SRVWXUD GR
$UWH FRQWHPSRUkQHD 6H ID] QHFHVViULR QHVWH HVWXGR WDPEpP FRPSUHHQGHU R TXH p DUWH
FRQWHPSRUkQHDWDPEpPWUDWDGDFRPRDUWHGDSyVPRGHUQLGDGH6XJHUHVHTXHVHUHFRUUDDR
OLYUR $UWH FRQWHPSRUkQHD XPD KLVWyULD FRQFLVD GH 0LFKDHO $UFKHU SRLV HVWH GHVFUHYH DV
SURIXQGDVPXGDQoDVRFRUULGDVQDDUWHGD(XURSDHGRV(VWDGRV8QLGRVGRLQtFLRGDSRSDUWH
HPGLDQWHHDX[LOLDQRH[DPHGDHQRUPHYDULHGDGHGHIRUPDVHSUiWLFDVDUWtVWLFDVTXHVXUJLUDP
QDVTXDWUR~OWLPDVGpFDGDVGRVpFXOR;;$DERUGDJHPGHVWHDXWRUpPDLVUHIHUHQWHDUHODomR
HQWUH DUWH H YLGD FRWLGLDQD DSRQWDQGR SDUD R IDWR GH TXH DV REUDV DVVRFLDGDV DR SRS H DR
PLQLPDOLVPR ID]HP HVWD FRQH[mR $V REUDV GR FRQFHLWXDOLVPR D ODQGDUWDSHUIRUPDQFHHD
ERG\ DUW FRPR WDPEpP RV SULQFtSLRV GH LQVWDODomR GHVDILDUDP D QDUUDWLYD PRGHUQLVWD GD
KLVWyULD GD DUWH WUD]HQGR R UHFRQKHFLPHQWR GH TXH R FRQWH[WR HP TXH XPD REUD GH DUWH jV
YH]HVHPHUJLDHUDTXHFRQWLQKDRVHXVLJQLILFDGR&RQWH[WXDOL]DomRHVWDTXHSRGHVHUVRFLDO
SROtWLFD FXOWXUDO SDXWDGD HP WHRULDV SVLFDQDOtWLFDV ILORVyILFDV H WHRULDV FXOWXUDLV FRODERUDQGR
QDIRUPXODomRGHXPSyVPRGHUQLVPRQRILQDOGDGpFDGDGH$5&+(5
104
SURIHVVRU H VXD SURSRVWD GH DSUHQGL]DJHP FROHWLYD SRLV HVWDV SDUHFLDP
GLVWDQWHVGDSUiWLFDSHGDJyJLFDH[HUFLGDGXUDQWHDQRVOHFLRQDQGRDGLVFLSOLQD
GH$UWHV9LVXDLVQRHQVLQRIXQGDPHQWDO
$DWXDomRFRPRSURIHVVRUDGH$UWHV9LVXDLVHPHVFRODS~EOLFDGXUDQWH
DQRVHDSUiWLFDGRSURIHVVRU+DUUHOO)OHWFKHUFRQIURQWDUDPFRPDSUySULD
H[SHULrQFLDSHGDJyJLFDQRHQVLQRGDDUWHYLYHQFLDGDFRPDOXQRVGRV~OWLPRV
DQRV GR HQVLQR IXQGDPHQWDO SRUWDQWR RLWDYRV H QRQRV DQRV QD (VFROD
0XQLFLSDO3URIHVVRU+HUOH\0HKOQRPXQLFtSLRGH&XULWLED3DUDQi1RV~OWLPRV
DQRV OHFLRQDQGR $UWHV 9LVXDLV QRV SODQHMDPHQWRV GH HQVLQR RSWDYDVH SRU
LQFOXLUDDUWHFRQWHPSRUkQHDHVWLPXODGDSHORVFXUVRVUHDOL]DGRV
'XUDQWHRFXUVRGHFDSDFLWDomR$UWH&RQWHPSRUkQHDQR(QVLQRGH$UWHV
9LVXDLV QR DQRGHRIHUHFLGRSHOD6HFUHWDULD0XQLFLSDOGH(GXFDomRGH
&XULWLED RV SURIHVVRUHV IRUDP HQFRUDMDGRV D YHQFHU R ³PHGR´ GH WUDEDOKDU R
FRQWH~GRGHDUWHFRQWHPSRUkQHD&RPRRFXUVRSUHYLDKRUDVDGLVWkQFLDHVWDV
GHYHULDPFRQVWDUGRUHODWRGHXPSURMHWRGHLQWHUYHQomRSHGDJyJLFDFRPDUWH
FRQWHPSRUkQHD
6DEHVH TXH QRV FXUUtFXORV VHPSUH VH SULYLOHJLD RV FRQWH~GRV GR
0RGHUQLVPR SRU XPD TXHVWmR GH KDYHU PDLRU VXSRUWH ELEOLRJUiILFR RX RV
SURIHVVRUHV WHUHP WLGR XPD IRUPDomR TXH FRQWHPSODYD PDLV HVWH SHUtRGR GD
+LVWyULDGD$UWHHSRUPRWLYRVGLYHUVRVQmRVHDWXDOL]DUDP2XWURDVSHFWRpD
IDOWD GH DFHVVR GH SURIHVVRUHV D H[SRVLo}HV HP DUWH FRQWHPSRUkQHD
SULQFLSDOPHQWH SDUD DTXHOHV TXH HVWmR IRUD GRV JUDQGHV FHQWURV RQGH Ki
PDLRURIHUWD
2XWUR PRWLYR TXH UHIRUoDYD D LQFOXVmR QR SODQHMDPHQWR DQXDO
FRQWH~GRV TXH DERUGDVVHP D DUWH FRQWHPSRUkQHD IRL R PyGXOR VREUH 0DUFHO
'XFKDPS FXUVDGR GXUDQWH D SyVJUDGXDomR ODWX VHQVX VREUH D +LVWyULD GD
$UWH QR VpFXOR ;; QR DQR GH QD (VFROD GH 0~VLFD H %HODV $UWHV GR
3DUDQi
3RUWDQWRDSyVDSDUWLFLSDomRGHGLVFXVV}HVHPDPERVRVFXUVRVVREUH
RTXHpDUWHFRQWHPSRUkQHDFRPSUHHQGHQGRVHURSURIHVVRUDSRQWHHQWUHD
DUWH H R DOXQR DGYpP D FRQVFLrQFLD GH TXH VHULD SUHFLVR VDLU GD ]RQD GH
FRQIRUWRSDUWLUSDUDDOJRGHVFRQKHFLGRFDXVDQGRGHVFRQIRUWRRTXHpSUySULR
0DUFHO 'XFKDPS $UWLVWD IUDQFrV TXH IH] YiULDV H[SHULPHQWDo}HV DUWtVWLFDV $
LQWHQomRGHVWHDUWLVWDHUDDSUR[LPDUDUWHHYLGD,QWURGX]LXREMHWRVGDYLGDFRWLGLDQDQRFDPSR
GDV$UWHV3OiVWLFDV'HVORFRXRIRFRGRREMHWRSDUDRFRQFHLWRTXHH[LVWLDSRUWUiVGHOH$XWRU
GRV UHDG\PDGH REMHWRV IDEULFDGRV HP VpULH FRORFDGRV HP RXWUR FRQWH[WR H FRQVLGHUDGRV
FRPR DUWH 2 PDLV IDPRVR p$)RQWH4XHVWLRQRXDDUWHYLJHQWHGDpSRFDOHYDQGRD
SHQVDU VREUH R TXH ID] FRP TXH VH FRQVLGHUH XP REMHWR FRPR DUWH H TXDO D LPSRUWkQFLD GR
JHVWR GR DUWLVWD QD REUD GH DUWH 2 VHX SHQVDPHQWR LQIOXHQFLRX GLYHUVDV JHUDo}HV H
PRYLPHQWRVDUWtVWLFRVVHQGRIXQGDPHQWDLVSDUDDWUDMHWyULDVHJXLGDSHODDUWHFRQWHPSRUkQHD
GHVHUSURSRVLWRUDHTXHVWLRQDGRUD
105
GD DUWH FRQWHPSRUkQHD 'LVFXWLXVH QDV DXODV VREUH DV PXGDQoDV RFRUULGDV
QD DUWH SULQFLSDOPHQWH DSyV D GpFDGD GH TXDQGR R EHOR SDVVRX D QmR
WHUPDLVYDORUDEVROXWRHRDUWLVWDGHL[RXGHVHURPDJRFULDGRUSDVVDQGRDVHU
RSURSRVLWRUGHVLWXDo}HVHDVVLPDPERV±HVSHFWDGRUHDUWLVWD±SRGLDPJHUDU
D REUD 2 HVSHFWDGRU WRUQRXVH FRDXWRU H DV REUDV WRUQDUDPVH XP FDPSR
DEHUWR D P~OWLSODV SRVVLELOLGDGHV VXVFHWtYHLV D UHVXOWDGRV TXH VmR
LPSUHYLVtYHLV QXPD FRSURGXomR GH VHQWLGR 3RUWDQWR QR ILQDO GR VpFXOR ;;
KRXYH XPD PXGDQoD QR FRQFHLWR GH DUWH PXGDQoD QD ILJXUD GR DUWLVWD H
PXGDQoDQDUHSUHVHQWDomRGDDUWH
3RU TXH HQWmR QmR OHYDU SDUD D VDOD GH DXOD WRGD HVWD SHUVSHFWLYD GH
PXGDQoD" 6H QRYDV SURSRVWDV HVWpWLFDV HVWmR DSDUHFHQGR SRU TXH QmR
FRORFDURDOXQRHPFRQWDWRFRPD$UWHGHVHXSUySULRWHPSR"3DUHFHKDYHUSRU
SDUWHGRVSURIHVVRUHVFHUWR³PHGR´GD$UWH&RQWHPSRUkQHD
&RFFKLDUDOHWHQWDH[SOLFDUHVVHVXSRVWR³PHGR´
1mR p SRU DFDVR TXH RV GLVFXUVRV WHyULFRV VREUH D DUWH PRGHUQD
DVVLPFRPRRVGRVDUWLVWDVWDPEpPWHQGHUDPDRIRUPDOLVPR$DUWH
FRQWHPSRUkQHD GH PRGR LQYHUVR QD FRQWUDPmR GHVVD WHQGrQFLD
HVSDUUDPRXVH SDUD DOpP GR FDPSR HVSHFLDOL]DGR FRQVWUXtGR SHOR
PRGHUQLVPR H SDVVRX D EXVFDU XPD LQWHUIDFH FRP TXDVH WRGDV DV
DUWHVHPDLVFRPDSUySULDYLGDWRUQDQGRVHXPDFRLVDHVSUDLDGDH
FRQWDPLQDGD SRU WHPDV TXH QmR VmR GD SUySULD DUWH 6H D DUWH
FRQWHPSRUkQHD Gi PHGR p SRU VHU DEUDQJHQWH GHPDLV H PXLWR
SUy[LPDGDYLGD&2&&+,$5$/(S
'HVVD IRUPD KRXYH XP FHUWR HVWtPXOR D LQFOXLU H WUDEDOKDU D DUWH
FRQWHPSRUkQHD FRQVLGHUDQGR DV 'LUHWUL]HV &XUULFXODUHV SDUD D (GXFDomR
0XQLFLSDOGH&XULWLED6(('SQRTXHVHUHIHUHDR(QVLQRGD$UWHD
TXDO SURS}H ³XP WUDEDOKR SHGDJyJLFR VLVWHPDWL]DGR´ TXH SRVVLELOLWH DR
HVWXGDQWH ³GHVHQYROYHU R VHX SHQVDPHQWR HVWpWLFR H FRQKHoDRVFyGLJRVGDV
GLIHUHQWHV OLQJXDJHQV DUWtVWLFDV HP GLUHomR D SRWHQFLDOL]DomR GD VXD
FDSDFLGDGH FULDGRUD´ 1HVWH FXUUtFXOR D $UWH p HQWHQGLGD FRPR SURGXWR GR
H[LVWLUGRKRPHPYLVWRHQWmRFRPRSURGXomRFXOWXUDO'HQWURGHVWDSHUVSHFWLYD
WRGD IRUPD GH H[SUHVVmR KXPDQD TXH VH XWLOL]H GDV OLQJXDJHQV DUWtVWLFDV H
VHXVHOHPHQWRVIRUPDLVpREMHWRGHHVWXGR
'HQWURGRVFRQWH~GRVGHVWDSURSRVWDFXUULFXODUHP$UWHV9LVXDLVIRUDP
VHOHFLRQDGDV DV IRUPDV GH UHSUHVHQWDomR DUWtVWLFD WDLV FRPR SHUIRUPDQFH H
LQVWDODo}HV DUWtVWLFDV SDUD VHUHP WUDEDOKDGDV GXUDQWH R DQR GH FRP
DOXQRV GRV RLWDYRV DQRV 3DUD IDYRUHFHU D DPSOLDomR GR UHSHUWyULR GR DOXQR
IRUDPPRVWUDGDVREUDVGHDUWLVWDVUHJLRQDLVQDFLRQDLVRXLQWHUQDFLRQDLVWHQGR
VHPSUHDSUHRFXSDomRGHTXHRVDOXQRVFRPSUHHQGHVVHPHVWDVREUDVDSDUWLU
106
GH XP FRQWH[WR HP FHUWR WHPSR H HVSDoR $SyV WUDEDOKDU D VLPXOWDQHLGDGH
FRQWH[WXDOL]DQGR ID]HQGR XPD UHODomR GR TXH VH SURGX] KRMH H R TXH VH
DFXPXORXKLVWRULFDPHQWHRVDOXQRVIRUDPLQVWLJDGRVSRUPHLRGHGHVDILRVD
SHUFHEHUHPVH FRPR SURGXWRUHV H UHDOL]DUHP VHXV WUDEDOKRV FULDGRUHV HP
JUXSR
$V FRQFOXV}HV D TXH VH FKHJD GHSRLV GDV DERUGDJHQV FRP
PDQLIHVWDo}HV DUWtVWLFDV FRQWHPSRUkQHDV p TXH GLIHUHQWHPHQWH GDV
OLQJXDJHQV DUWtVWLFDV PRGHUQLVWDV TXH SUHVVXS}HP XP DOXQR PDLV
FRQWHPSODWLYR DR VH SURSRU HP VDOD GH DXOD TXH RV DOXQRV GHVHQYROYHVVHP
WUDEDOKRV FRP D SHUIRUPDQFH H FRP DV LQVWDODo}HV DUWtVWLFDV HVWHV IRUDP
DXWRUHVH[SHULPHQWDQGRSHVTXLVDQGR1RLQtFLRDRDSUHVHQWDUDVLQVWDODo}HV
DUWtVWLFDV EHP FRPR DV SHUIRUPDQFHV6 FRPR DUWH DR VH ID]HU D OHLWXUD GDV
LPDJHQV GHVWDV REUDV HODV FDXVDUDP FHUWR HVWUDQKDPHQWR SRUpP DR VHUHP
GLVFXWLGDV FRPSUHHQGLDPVH DV REUDV H IDPLOLDUL]DYDPVH FRP HODV H DVVLP
DR UHFHEHUHP D SURSRVWD SDUD VHUHP SURGXWRUHV SDUWLFLSDYDP FRQWULEXLQGR
FRPVXJHVW}HV2VDOXQRVPRVWUDYDPVHLQVWLJDGRVFXULRVRVHSHUFHELDVHR
TXDQWR HUD RSRUWXQR PXGDU HVWH FRQFHLWR GH DOXQR HVSHFWDGRU SDUD DOXQR
DXWRU SURGXWRU 2XWUR DVSHFWR REVHUYDGR p TXH SRU HVWD JHUDomR WHU D
WHFQRORJLD QDV PmRV HOHV PHVPRV IRWRJUDIDYDP FRP R FHOXODU DV VXDV
,QVWDODo}HV DUWtVWLFDV 1R VpFXOR ;; R GHVHQYROYLPHQWR GD DUWH SHUPLWLX TXH RV DUWLVWDV
WRPDVVHPJUDQGHVOLEHUGDGHVFRPRVPDWHULDLVFRPRVWHPDVHFRPRSUySULRVLJQLILFDGRGD
DUWH6XUJHHPPHDGRVGRVDQRVDSDODYUD,QVWDODomRSDUDGHVFUHYHUJUDQGHVWUDEDOKRV
WULGLPHQVLRQDLV TXH QmR SRGHP VHU GHILQLGRV FRPR HVFXOWXUDV SRLV VmR TXDVH VHPSUH IHLWRV
FRP XPD YDULHGDGH GH PDWHULDLV PXOWLPtGLD 1mR Ki OLPLWHV SDUD DV LQVWDODo}HV SRGHQGR
FRQVLVWLU GH HVSDoRV YD]LRV LOXPLQDGRV SRU OkPSDGDV GH QHRQ RX VHUHP FRQVWUXo}HV IHLWDV
FRP REMHWRV GR GLD D GLD SLQWXUDV RX WHODV GH YtGHR 3RGHP VHU VDODV LQWHLUDV TXH SDUHFHP
UpSOLFDV GH VDODV GH YHUGDGH jV YH]HV GHQWUR GH ODELULQWRV RXGH FRUUHGRUHV 2X SRGHP VHU
YDVWDV FRQVWUXo}HV TXH WRPDP JUDQGHV iUHDV GDV SDLVDJHQV 6mR FRQFHELGDV SDUD TXH R
REVHUYDGRU SRVVD FDPLQKDU DR UHGRU GHODV RX DWUDYpV GHODV $ PDLRULD GDV LQVWDODo}HV VmR
WHPSRUiULDVRXVHMDVmRSUHSDUDGDVSDUDXPGHWHUPLQDGROXJDUHSDUDILFDUSRUGHWHUPLQDGR
WHPSR H GHSRLV VmR GHVPRQWDGDV $V LQVWDODo}HV SRGHP VHU XP PHLR PXLWR HILFD] GH GL]HU
DOJRGHQRYRVREUHRPXQGRPDVRLQWHUHVVHGRPXQGRDUWtVWLFRHGRS~EOLFRWHPXPOLPLWH±
DVLQVWDODo}HVSUHFLVDPWUDQVPLWLUDOJXPFRQFHLWRYiOLGRSDUDMXVWLILFDURHVSDoRTXHRFXSDP
0$621
3HUIRUPDQFH ³)RUPD GH DUWH TXH FRPELQD HOHPHQWRV GR WHDWUR GDV DUWHV YLVXDLV H GD
P~VLFD 1HVVH VHQWLGR D SHUIRUPDQFH OLJDVH DR KDSSHQLQJ RV GRLV WHUPRV DSDUHFHP HP
GLYHUVDVRFDVL}HVFRPRVLQ{QLPRVVHQGRTXHQHVWHRHVSHFWDGRUSDUWLFLSDGDFHQDSURSRVWD
SHOR DUWLVWD HQTXDQWR QD SHUIRUPDQFH GH PRGR JHUDO QmR Ki SDUWLFLSDomR GR S~EOLFR
&DGD YH] PDLV DV REUDV DUWLFXODP GLIHUHQWHV PRGDOLGDGHV GH DUWH ± GDQoD P~VLFD SLQWXUD
WHDWUR HVFXOWXUD OLWHUDWXUD HWF ± GHVDILDQGR DV FODVVLILFDo}HV KDELWXDLV H FRORFDQGR HP
TXHVWmR D SUySULD GHILQLomR GH DUWH $V UHODo}HV HQWUH DUWH H YLGD FRWLGLDQD DVVLP FRPR R
URPSLPHQWR GDV EDUUHLUDV HQWUH DUWH H QmR DUWH FRQVWLWXHP SUHRFXSDo}HV FHQWUDLV SDUD D
SHUIRUPDQFH´,7$Ò&8/785$/
2V KDSSHQLQJV H DV SHUIRUPDQFHV VH WRUQDUDP XP IHQ{PHQR DPSODPHQWH GLIXQGLGR QD
$OHPDQKDRQGHRPRYLPHQWRLQWHUQDFLRQDO)OX[XVIRLIXQGDGRHP8PGHVHXVSULQFLSDLV
UHSUHVHQWDQWHV IRL -RVHSK %HX\V TXH PHGLDQWH VXDV SHUIRUPDQFHV FKRFDYD RV
HVSHFWDGRUHVOHYDQGRRVDSHUFHEHURPXQGRGHIRUPDGLIHUHQWH
107
SURGXo}HV ID]HQGR FRPHQWiULRV VREUH D LPDJHP SURGX]LGD 3RUWDQWR HVWD
WHFQRORJLDPRVWURXVHDIDYRUFRPRXPDIHUUDPHQWDSHGDJyJLFDDPDLVDVHU
H[SORUDGD
3RUPHLRGRWUDEDOKRFRPRFRQWHPSRUkQHRRVDOXQRVSHUFHEHUDPTXH
TXDOTXHULGHLDPDWHULDORXWHPDSRGHVHUYLUGHPRWLYRSDUDDFULDomRDUWtVWLFD
&RPRDVSURSRVWDVIRUDPVHPSUHHPJUXSRDRPHVPRWHPSRHPTXH
RV DOXQRV SURGX]LDP LDP DQDOLVDQGR VXDV SURGXo}HV FROHWLYDV H HODERUDQGR
FUtWLFDV VREUH RV WUDEDOKRV $R DVVXPLUHP D SRVLomR GH DXWRUHV WRUQDPVH
PDLV FRQGL]HQWHV FRP D SRVWXUD SDUWLFLSDWLYD TXH VH HVSHUD GR S~EOLFR
FRQWHPSRUkQHR$OpPGLVVRQmRKDYLDDSUHRFXSDomRFRPR³EHOR´PDVVLPD
SUHRFXSDomRVHDTXHOHWUDEDOKRFULDGRFRQGL]LDFRPDLGHLDSURSRVWD
$SHVDU GDV LGHLDV DFLPD GHVFULWDV WHUHP SRU EDVH XP WUDEDOKR
LQWHJUDGRU HQWUH D ³DQiOLVH GH REUDV DUWtVWLFDV FRQWH[WXDOL]DGDV´ H XP ³ID]HU
DUWtVWLFR´HVWDQGRSRUWDQWRGLVWDQWHVGHXPDFRQFHSomRWUDGLFLRQDOGHHQVLQR
GHDUWHHPTXHRLQWHUHVVHpRSURGXWRGRWUDEDOKRRXGHXPDSHGDJRJLDGD
HVFROD QRYD HP TXH D rQIDVH p D H[SUHVVmR RX PHVPR GD SHGDJRJLD
WHFQLFLVWD TXH SUHWHQGLD GHVHQYROYHU KDELOLGDGH H WpFQLFD DR SUHSDUDU R DOXQR
SDUDRWUDEDOKRDSURSRVWDSDUHFHWHUDYDQoDGRHPDOJXQVDVSHFWRVPDVQmR
VH QRWD WmR DEUDQJHQWH VH FRPSDUDGR DR WUDEDOKR GH +DUUHOO )OHWFKHU R TXDO
VHUiGHVFULWRDGLDQWH
$VVLPVHQGRDTXHVWmRSHUVLVWHVHDDXODGH$UWHV9LVXDLVQDHVFRODp
XPGRVHVSDoRVVRFLDOPHQWHLQVWLWXtGRVSDUDTXHRDOXQRWHQKDDRSRUWXQLGDGH
GH UHIOHWLU VREUH R XQLYHUVR LPDJpWLFR QR TXDO HVWi LQVHULGR VHQGR
LQVWUXPHQWDOL]DGR SDUD OHU H LQWHUSUHWDU FyGLJRV YLVXDLV DPSOLDQGR R VHX
UHSHUWyULRDUWtVWLFRXPDTXHVWmRTXHVHFRORFDQR(QVLQRGH$UWHpVHGLDQWH
GDVLQ~PHUDVSRVVLELOLGDGHVHVWpWLFDVGHVWHQRYRVpFXORQmRHVWDUtDPRVQyV
RV SURIHVVRUHV GH DUWH XVDQGR HVWUDWpJLDV HTXLYRFDGDV SDUD TXH KDMD PDLRU
FRPSUHHQVmRGRVDOXQRVIUHQWHDHVWDVQRYDVHVWpWLFDV"
,19(67,*$1'2$(;3(5,Ç1&,$'(80352)(6625$57,67$
$ H[SHULrQFLD GH +DUUHOO )OHWFKHU SDUHFH SRGHU UHVSRQGHU D TXHVWmR
DFLPDFRPRWDPEpPDSRQWDDOWHUQDWLYDVHDYDQoDHPDOJXQVSRQWRVVREUHR
(QVLQR GD $UWH &RQWHPSRUkQHD 1D VHTXrQFLD VHUmR UHODWDGDV DOJXPDV GH
VXDV SUiWLFDV QR HQVLQR GH DUWH HQFRQWUDGDV QR WH[WR Algumas ideias sobre
Arte e Educação&$01,7=(5 3e5(=%$55(,52 SURFXUDQGR GHVWDFDU
DOJXQV DVSHFWRV TXDQWR j UHODomR SURIHVVRU H DOXQR SHVTXLVD SODQHMDPHQWR
SUiWLFDDUWtVWLFDTXHVmRGLIHUHQWHVGDPDLRULDGDVSURSRVWDVGHHQVLQRHPDUWH
108
HQFRQWUDGDVQDVHVFRODVEUDVLOHLUDVKRMHHTXHSHUPLWHPYLVOXPEUDUXPDQRYD
SRVVLELOLGDGHGHWUDEDOKRFRP$UWHQDHVFROD
+DUUHOO )OHWFKHU p DUWLVWD H SURIHVVRU GH $UWHV GD 8QLYHUVLGDGH GH
3RUWODQG2UHJRQ(VWDGRV8QLGRV7UDEDOKRXSRUPDLVGHDQRVHPSURMHWRV
LQWHUGLVFLSOLQDUHV H FRP HQJDMDPHQWR VRFLDO FRPR FRODERUDGRU RX
LQGLYLGXDOPHQWH )OHWFKHU HQTXDQWR SURIHVVRU WHP XPD PDQHLUD SHFXOLDU GH
WUDEDOKR(PXPDGDVGLVFLSOLQDVTXHPLQLVWURXQD8QLYHUVLGDGHLQLFLRXDDXOD
VROLFLWDQGR TXH RV DOXQRV QDUUDVVHP VXD SUySULD KLVWyULD GH YLGD H D SDUWLU
GHVWDV KLVWyULDV RV DOXQRV VH GLYLGLULDP HP JUXSRV SDUD VDtGDV D FDPSR TXH
SRVWHULRUPHQWH IRUDP WUDQVIRUPDGDV HP SURMHWRV LQWHUGLVFLSOLQDUHV 1HVWH
PpWRGR GH WUDEDOKR D ILJXUD GR SURIHVVRU p GLOXtGD HQTXDQWR DXWRULGDGH SRLV
HVWDpGLYLGLGDHDVVLPRFRUUHXPDDSUHQGL]DJHPFROHWLYD
3DUHFHTXH)OHWFKHUFRPXQJDFRPDLGHLDGH3DXOR)UHLUHS
TXHGL]TXH³HQVLQDUQmRpWUDQVIHULUFRQKHFLPHQWRPDVFULDUDVSRVVLELOLGDGHV
SDUDDVXDSUySULDSURGXomRRXDVXDFRQVWUXomR´
(P RXWUDV VLWXDo}HV GH WUDEDOKR )OHWFKHU p FRQYLGDGR D LU D OXJDUHV D
ILP GH GHVHQYROYHU SURMHWRV (VWHV OXJDUHV IRUDP D &URiFLD R 9LHWQm
&RQQHFWLFXW HQWUH RXWURV ORFDLV TXH MDPDLV LULD VH QmR IRVVH SHOR FRQYLWH
([SOLFD TXH SDUD EXVFDU LQIRUPDo}HV VREUH RV ORFDLV SDUD RV TXDLV VH GLULJH
XWLOL]DVHGHOHLWXUDVRXDVVLVWHDGRFXPHQWiULRVHDSDUWLUGHOHVWHQWDLPDJLQDU
SURMHWRV 2XWUD IRUPD GH SHVTXLVD p GLULJLUVH DWp R ORFDO H FRQYHUVDU FRP
SHVVRDV TXH HQFRQWUD H WDPEpP D KLVWyULD GH YLGD GDV SHVVRDV p TXH OKH
IRUQHFH PDWHULDO SDUD SURMHWRV )OHWFKHU SURFXUD FRPSDUWLOKDU DTXLOR TXH Yr
SHUFHEHHDFKDLQWHUHVVDQWHPHGLDQWHSURMHWRV
3HUFHEHVHQHVWDVLWXDomRRTXDQWRDTXHVWmRVRFLDOSRGHLQIOXHQFLDUQR
FXUUtFXOR LQWHJUDGR GH DUWHHGXFDomR 2 SHVTXLVDGRU 0LFKDHO 3DUVRQV GD
8QLYHUVLGDGHGR(VWDGRGH2KLR(VWDGRV8QLGRVDFUHGLWDTXHDFRPXQLGDGH
ORFDOpDPSODRVXILFLHQWHSDUDJHUDUGDGRVSDUDXPSURMHWRFXUULFXODU
$ FRPXQLGDGH p IUHTXHQWHPHQWH XP GRV HQIRTXHV GR FXUUtFXOR
LQWHJUDGRSRUTXHSHQVRLVVRIDYRUHFHPXLWDVRSRUWXQLGDGHVSDUDRV
DOXQRV UHODFLRQDUHP D DSUHQGL]DJHP GD HVFROD FRP DV SUySULDV
H[SHULrQFLDV ([DPLQDQGR D FRPXQLGDGH HP TXH YLYHP RV DOXQRV
SDVVDP D HQWHQGHU DOJXPDV LQIOXrQFLDV HP VXD YLGD QD GH VHXV
DPLJRV H HP VHX UHSHUWyULR EHP FRPR SRGHP UHODFLRQDU DVSHFWRV
GHVVDV LQIOXrQFLDV D TXHVW}HV PDLRUHV (VVH p XP HQIRTXH QDWXUDO
HPXPFXUUtFXORLQWHJUDGR
%$5%26$S
109
4XDQWRjSUiWLFDGHDWHOLrHSUiWLFDVRFLDO)OHWFKHUDILUPDTXHDLQWHQomR
GDSUiWLFDGHDWHOLrSDUDRDUWLVWDpWRUQDUVHXPDFHOHEULGDGHHFRQVHJXLUXPD
VLWXDomRILQDQFHLUDFRQIRUWiYHORTXHQHPVHPSUHDFRQWHFH
3RUSUiWLFDGHDWHOLrHXPHUHILURjIRUPDGRPLQDQWHGHVHID]HUDUWH±
DTXHODHPTXHRDWHOLrpXVDGRSDUDGHVHQYROYHULQWHUHVVHVSHVVRDLV
VRE IRUPD GH SLQWXUD REMHWRV IRWRV YtGHRV RX DOJR D TXH VH SRVVD
IDFLOPHQWHDWULEXLUYDORUFRPHUFLDODWUDYpVGDIRUPD)/(7&+(5
S
&RQWUDSRQGRjSUiWLFDGHDWHOLrH[S}HDVXDYLYrQFLDQXPSURJUDPDGH
SUiWLFD VRFLDO QR FXUVR GH 0HVWUDGR HP $UWHV 9LVXDLV QD 8QLYHUVLGDGH GH
3RUWODQG(VWDGRV8QLGRVHPTXHHOHHVHXVFROHJDVQmRWLQKDPDWHOLrVPDV
FRPSDUWLOKDYDP HVSDoR H GHVHQYROYLDP SURMHWRV FRODERUDWLYRV PXLWDV YH]HV
VHPILQVOXFUDWLYRVQDFLGDGHGH3RUWODQG
3HUFHEHVH XP DODUJDPHQWR QD QRomR GH DWHOLr QmR PDLV FRPR XP
HVSDoR IHFKDGR PXUDGR PDV XP OXJDU GH WURFD FRQVWDQWH XP SRQWR GH
HQFRQWUR6REUHRDWHOLrFROHWLYRUHODWD6LOYD
3RLVSDUDDOpPGHXPVHQWLGRSUDJPiWLFRRDWHOLHUFROHWLYRWRUQDVH
WUDQVIRUPDGRU GH VXEMHWLYLGDGHV H GH SURFHVVRV LQGLYLGXDLV « 2
DWHOLr FRQWHPSRUkQHR VH FDUDFWHUL]D SHOR IOX[R GH WHPSR H GH
SHVVRDV WUkQVLWR H WURFD FRP R RXWUR 6H D FRQWHPSRUDQHLGDGH
GLVFXWHRVHUH[FOXVLYRHLQGX]DSHQVDUXPVHUP~OWLSORHSURYLVyULR
SURYLVRULHGDGH H SURFHVVR VmR LQVWkQFLDV D VHUHP YDORUL]DGDV
WRUQDQGRVHHYLGHQWHV6,/9$S
110
FDWHTXL]DURDOXQRRXLPSRUVXDVFUHQoDVPDVXPDPDQHLUDGHHOHVYLYHUHP
XPPRPHQWRGDDXODQXPDH[SHULrQFLDGHGHVIUXWHHVWpWLFRFROHWLYR
(PRXWURUHODWR)OHWFKHUGL]UHVSHLWRDXPDWHQWDWLYDGHRIHUHFHU
QD8QLYHUVLGDGHGH3RUWODQGXPDGLVFLSOLQDGH+LVWyULDGD$UWH&RQWHPSRUkQHD
SULRUL]DQGRWUDEDOKRVUHDOL]DGRVQRVpFXOR;;,7HYHGLILFXOGDGHHPHQFRQWUDU
XP SURIHVVRU TXH FRQVHJXLVVH VHJXLU D SURSRVWD 1XPD VHJXQGD WHQWDWLYD D
SURIHVVRUDQmRFRQVHJXLXID]HUXPDDERUGDJHPGDDUWHSURGX]LGDDSDUWLUGR
DQR 6HQGR DVVLP DOJXQV DOXQRV FRP R FRQVHQWLPHQWR GR SURIHVVRU
DEDQGRQDUDP D DXOD H VH HQFDUUHJDUDP HOHV PHVPRV GH SUHSDUDUHP VXDV
DXODV 6HJXQGR )OHWFKHU S ³HOHV FULDUDP XP EORJ FRP OLQNV SDUD
VLWHV GH DUWH FRQWHPSRUkQHD SDVVDUDP D WURFDU OHLWXUDV H WH[WRV HVFULWRV H
WDPEpPDRUJDQL]DURVVHXVGHEDWHVVREUHRPDWHULDO´
&RPSOHPHQWRX GL]HQGR TXH FRPR SURIHVVRU D HOH FDELD
SHULRGLFDPHQWH VXSHUYLVLRQDU DV DWLYLGDGHV GRV DOXQRV H TXH HVWHV QmR
HQFRQWUDUDPGLILFXOGDGHVQHVWDPDQHLUDGHWUDEDOKDU
2EVHUYDVHQHVWDWHQWDWLYDGHLQFOXVmRGHXPFXUVRGH+LVWyULDGD$UWH
&RQWHPSRUkQHD D LQGLVSRQLELOLGDGH GD SURIHVVRUD SDUD SHVTXLVDU H D
GLILFXOGDGHHPFRQYLYHUFRPDSURGXomRDUWtVWLFDFRQWHPSRUkQHD'LVFUHSDQWH
p QHVWH UHODWR TXH RV DOXQRV VH HQFDUUHJDUDP GH EXVFDU R FRQKHFLPHQWR H
DRSUHSDUDUHPVXDVSUySULDVDXODVUHFRUUHUDPjWHFQRORJLDSDUDDX[LOLiORVH
DVVLP WRUQDUDPVH PDLV DXW{QRPRV FDEHQGR DR SURIHVVRU VRPHQWH
VXSHUYLVLRQDU (VWDDXWRQRPLDpDSRQWDGDSRU)UHLUH
1LQJXpP p VXMHLWR GD DXWRQRPLD GH QLQJXpP « $ DXWRQRPLD
HQTXDQWRDPDGXUHFLPHQWRGRVHUSDUDVLpSURFHVVRpYLUDVHU«
e QHVWH VHQWLGR TXH XPD SHGDJRJLD GD DXWRQRPLD WHP GH HVWDU
FHQWUDGD HP H[SHULrQFLDV HVWLPXODGRUDV GH GHFLVmR H GD
UHVSRQVDELOLGDGH YDOH GL]HU HP H[SHULrQFLDV UHVSHLWRVDV GD
OLEHUGDGH)5(,5(S
2 SURIHVVRU )OHWFKHU DLQGD H[S{V VREUH WUrV GLVFLSOLQDV
PLQLVWUDGDVSRUHOHQD8QLYHUVLGDGH1DSULPHLUDGHODVSURS{VTXHRVDOXQRV
GHYHULDPFDQGLGDWDUVHDRXWURVGHSDUWDPHQWRVQD8QLYHUVLGDGHGLIHUHQWHVGR
GH $UWH SDUD TXH SXGHVVHP VH WRUQDU DUWLVWDV UHVLGHQWHV $VVLP RV DOXQRV
SXGHUDP DSUHQGHU H ID]HU SURMHWRV SDUD RV 'HSDUWDPHQWRV GH (VWXGRV
$IULFDQRV &LrQFLDV 0~VLFD 3VLFRORJLD H $QiOLVH GH 6LVWHPDV 1D VHJXQGD
GLVFLSOLQD D SURSRVWD HUD GH ID]HU XPD FDPLQKDGD FRQMXQWD GH XPD KRUD H
5HODWRHPHQWUHYLVWDUHDOL]DGDHPGHVHWHPEURGHSDUD'DQLHOD0DXUDDUWLVWDH
SURIHVVRUDUHJLVWUDGDQDVSiJLQDVDWpGR&DGHUQRVGH(VWXGR±RDSUHQGHURHQVLQDUD
$UWH
111
GHSRLV RV DOXQRV HUDP HVWLPXODGRV D UHDOL]DU SURMHWRV FRP SHVVRDV H VREUH
FRLVDV HQFRQWUDGDV GXUDQWH R SHUFXUVR GR SDVVHLR 2 WUDEDOKR GHYHULD VHU
PRQWDGR QR HVSDoR H WHPSR GR WUDMHWR $ FRQFOXVmR D TXH FKHJRX p TXH DR
ILQDOGRFXUVRRVDOXQRVSHUFHEHUDPTXHWLQKDPXPDYLVmREHPGLIHUHQWHVREUH
RVORFDLVYLVLWDGRVVHFRPSDUDGRVjSHUFHSomRLQLFLDOGRFRPHoRGRFXUVR1D
WHUFHLUD GLVFLSOLQD OHFLRQDGD IRUDP VXJHULGDV VDtGDV GH FDPSR D GLIHUHQWHV
ORFDLVFRPRUHSUHVDVFHQWURVGHUHFLFODJHPSDUTXHVPDQV}HVHQWUHRXWURV
$V VDtGDV IRUDP RUJDQL]DGDV H FRQGX]LGDV SHORV DOXQRV H HVWHV HUDP
DYDOLDGRVSHODTXDOLGDGHGDRUJDQL]DomRGRVHYHQWRV
1RWDVH QHVWDV WUrV GLVFLSOLQDV PLQLVWUDGDV SHOR SURIHVVRU TXH DV
SURSRVWDVOLGDPFRPRLQFHUWRFRPRLQGHWHUPLQDGRHpHVWDLQGHWHUPLQDomR
TXHSURYRFDQRDOXQRDVXDSDUWLFLSDomRDWLYDQDSURGXomRHFRPSUHHQVmRGD
LQWHQomR GR ID]HU DUWtVWLFR 2V DOXQRV QmR VDtDP FRP RV FRQWH~GRV
SUHGHWHUPLQDGRV PDV HUD QR FRQWDWR FRP D UHDOLGDGH GR ORFDO HP TXH VH
HQFRQWUDYDP TXH HVWHV VHULDP GHVFREHUWRV SDUD D FRQVWUXomR GH VHXV
SURMHWRV
7DPEpPRSURIHVVRU)OHWFKHUDRVXJHULUDRVDOXQRVVDtGDVDFDPSRRX
DRGLULJLUVHDRXWURVGHSDUWDPHQWRVGHQWURGDXQLYHUVLGDGHH[SDQGLXRHVSDoR
GDVDODGHDXODFRQYHUWHQGRDHPXPDRILFLQDXPODERUDWyULR
$/*80$6&216,'(5$d®(6
$ SDUWLU GDV H[SHULrQFLDV UHODWDGDV SRGHVH SHUFHEHU TXH R (QVLQR GD
$UWHQRVpFXOR;;,DSUHVHQWDVHGLDQWHGHWUDQVIRUPDo}HVVLJQLILFDWLYDVQRVHX
WUDMHWRKLVWyULFR
3RU PHLR GR FRQWDWR FRP D SUiWLFD GR SURIHVVRUDUWLVWD +DUUHOO )OHWFKHU
SRVVtYHO FRQKHFHU DOJXPDV GDV WHQGrQFLDV QR (QVLQR &RQWHPSRUkQHR
GD $UWH $SHVDU GHVWD VXD YLYrQFLD VHU QR kPELWR XQLYHUVLWiULR HOD WDPEpP
QRVSURYRFDQRVHQWLGRGHSHQVDUQDVXDSRVVLELOLGDGHQRHQVLQRIXQGDPHQWDO
H PpGLR 6H FRPSDUDGD FRP D H[SHULrQFLD YLYLGD QRV DQRV ILQDLV GR HQVLQR
IXQGDPHQWDO SHUFHEHVH TXH HVWD WHP DOJXPDV OLPLWDo}HV LQFOXVLYH TXDQWR j
TXHVWmR HVSDFLDO SRLV D SURIHVVRUD H RV DOXQRV VH UHVWULQJLUDP VRPHQWH DR
HVSDoR GD VDOD GH DXOD HQTXDQWR SRGHULDP WHU H[SORUDGR RXWURV SRVVtYHLV
OXJDUHVGHDXOD7DPEpPDSURIHVVRUDILFRXUHVSDOGDGDQRFXUUtFXORSRUWDQWR
QmRFRQVHJXLXDEULUSDUDSURMHWRVSDXWDGRVQDKLVWyULDGHYLGDGRVDOXQRV-iR
SURIHVVRU DUWLVWD )OHWFKHU QDV VXDV H[SHULrQFLDV SDUHFH GHVFRQVLGHUDU XP
6REUHDVWHQGrQFLDVSHGDJyJLFDVQD(GXFDomRHP$UWHFRQVXOWDU)HUUD]H)XVDULS
112
FXUUtFXOR HQJHVVDGR UHJUDGR SRLV RV FRQWH~GRV SDUD RV SURMHWRV DUWtVWLFRV
SHGDJyJLFRV VmR SDXWDGRV QD YLYrQFLD GRV DOXQRV 1RWDVH DTXL XPD
FDUDFWHUtVWLFD GR FRQWHPSRUkQHR TXH p D SUR[LPLGDGH GD DUWH H YLGD QmR
VHQGRRIRFRGRWUDEDOKRXPREMHWRDUWtVWLFRPDVRSURFHVVRDVUHODo}HVDV
UHGHV TXH VH IRUPDP QDV QDUUDWLYDV SHVVRDLV DV TXDLV VH UHODFLRQDP
RIHUHFHQGRFRQWH~GRVSDUDRVSURMHWRVDUWtVWLFRV
&RPR)OHWFKHUGiLPSRUWkQFLDSDUDDVKLVWyULDVSHVVRDLVRDWRGHRXYLU
GLDORJDU WURFDU FRQVWUXLU H GHVFRQVWUXLU FRP RV DOXQRV p DOJR YDORUL]DGR
GLIHUHQWHGDFRQFHSomRGHDOXQRFRQVLGHUDGRFRPRVHQGRDTXHOHTXHUHFHEH
DOJR SURQWR Vy FDEHQGR D HOH GHFLIUDU H QmR SDUWLFLSDU GD FULDomR GR SURGXWR
DUWtVWLFR
)LFRX EDVWDQWH HYLGHQWH TXH D UHODomR SURIHVVRUDOXQR QmR WHP
KLHUDUTXLDSUHVVXSRQGRTXHRSURIHVVRUQmRpRTXHGHWpPRVDEHUPDVTXH
HVWHDSUHQGHFRPRDOXQRHRVDOXQRVDSUHQGHPXQVFRPRVRXWURVIRUPDQGR
XPD UHGH FRPSOH[D GH WURFDV QD TXDO VH FRQILJXUD R SURFHVVR GH DSUHQGHU H
HQVLQDU $ SRVWXUD GHVFHQWUDOL]DGD GR SURIHVVRU WDPEpP DX[LOLD QR
GHVHQYROYLPHQWRGDDXWRQRPLDGRDOXQR
$SHVDU GD SURIHVVRUD WHU VH DUULVFDGR H HQIUHQWDGR RV VHXV PHGRV GD
$UWH &RQWHPSRUkQHD WDOYH] D SURSRVWD FRP RV DOXQRV SXGHVVH WHU VLGR
HQFDPLQKDGD GH PDQHLUD GLIHUHQWH FDVR HVWD IRVVH XPD DUWLVWD RX VH DR
PHQRV WLYHVVH YLYLGR R GHVDILR GH FULDU XPD LQVWDODomR RX SDUWLFLSDU GH XPD
SHUIRUPDQFHSRLVDRWHUH[SHULPHQWDGRHODSUySULDHVWDVFDWHJRULDVDUWtVWLFDV
SURYDYHOPHQWH WHULD PDLRU UHVSDOGR QD FRQGXomR GR SURFHVVR FULDWLYR GRV
DOXQRV(VWDEHOHFHQGRXPSDUDOHORFRPRIDWRGRSURIHVVRU+DUUHOO)OHWFKHUVHU
WDPEpP DUWLVWD QRV Gi D LPSUHVVmR TXH HOH FRQGX]LD DV SUiWLFDV SURSRVWDV
FRPIDFLOLGDGHYLVWRVHUDOJXpPTXHYLYHQFLDYDRTXHSURSXQKDDRVDOXQRV
(QWmRFRQFOXLVHTXHXPSURIHVVRUGH$UWHV9LVXDLVDRODQoDUSURSRVWDV
HP$UWH&RQWHPSRUkQHDpSUHFLVRTXHDEDQGRQHVHXVPHGRVHGHL[HVHVHU
SHUWXUEDGRSURYRFDGRLQFLWDGRHQTXDQWRSDUWLFLSDQWHGD$UWH&RQWHPSRUkQHD
3RUWDQWR p QHFHVViULR TXH HVWHMD HP FRQWDWR FRP DUWLVWDV FRQWHPSRUkQHRV
IUHTXHQWH H[SRVLo}HV GH DUWH FRQWHPSRUkQHD GHGLTXHVH D OHLWXUDV SURFXUH
FXUVRV GH DWXDOL]DomR H SULQFLSDOPHQWH TXH FRORTXHVH FRPR DSUHQGL] H
H[SHULPHQWH SRLV VHJXQGR -RKQ 'HZH\ Vy FRQKHFHPRV
-RKQ'HZH\)LOyVRIRDPHULFDQRGRVpFXOR;;(VFUHYHXROLYUR$UWHFRPR([SHULrQFLD
3DUDHOH³DH[SHULrQFLDRFRUUHFRQWLQXDPHQWHSRUTXHDLQWHUDomRGRVHUYLYRFRPDVFRQGLo}HV
DPELHQWDLVHVWiHQYROYLGDQRSUySULRSURFHVVRGRYLYHU´'(:(<S(TXDQWRj
DUWH FRQVLGHUD ³$ DUWH p D SURYD YLYD H FRQFUHWD GH TXH R KRPHP p FDSD] GH UHVWDEHOHFHU
FRQVFLHQWHPHQWH H SRUWDQWR QR SODQR GR VLJQLILFDGR D XQLmR HQWUH VHQWLGR QHFHVVLGDGH
LPSXOVRHDomRTXHpFDUDFWHUtVWLFDGRVHUYLYR´'(:(<S
113
H[SHULPHQWDQGRID]HQGR(QWmRpVRPHQWHH[SHULPHQWDQGRSUDWLFDQGRDDUWH
TXHRSURIHVVRUVHWUDQVIRUPDUiHPXPDUWLVWDGRFHQWH
(VWH DUWLVWDGRFHQWH SDVVD D VHU UHIHUrQFLD IRQWH GH FRQKHFLPHQWR
FRQIRUPH0DUTXHV
2 DUWLVWDGRFHQWH SDVVD D VHU IRQWH GH FRQKHFLPHQWR HPDWUDYpV GD
DUWHHQmRVRPHQWHXPDSRQWHHQWUHRDOXQRHRPXQGRGDDUWH(P
FHQDHOHWHPDSRVVLELOLGDGHGHFULDUHUHFULDUHSULQFLSDOPHQWHGH
SURSRU±GHVWDYH]QmRVRPHQWHXPWUDEDOKRDUWtVWLFRHYHQWXDOPHQWH
FRP IXQGR HGXFDFLRQDO PDV XP WUDEDOKR DUWtVWLFR
HGXFDWLYR0$548(6S
(DVVLPFRPDSUHVHQoDGRVDUWLVWDVGRFHQWHVQDVDXODVGH$UWHHP
WRGDVDVVXDVLQVWkQFLDVGHVGHRHQVLQRIXQGDPHQWDODRXQLYHUVLWiULRHVSHUD
VHTXHKDMDPHQRVGLVFUHSkQFLDHQWUHRTXHVHSURGX]DWXDOPHQWHHP$UWHQD
VRFLHGDGHHRTXHVHDSUHVHQWDFRPR$UWHQDHVFROD
5()(5Ç1&,$6
$5&+(50LFKDHO$UWH&RQWHPSRUkQHDXPDKLVWyULDFRQFLVDHG6mR
3DXOR0DUWLQV)RQWHV
&2&&+,$5$/()HUQDQGR4XHPWHPPHGRGD$UWH&RQWHPSRUkQHD"
5HFLIH0DVVDQJDQD
'(:(<-RKQ$$UWHFRPR([SHULrQFLD6mR3DXOR0DUWLQV)RQWHV
)(55$=0DULD+HORLVD&GH7ROHGR)86$5,0DULD)GH5H]HQGH
0HWRGRORJLDGR(QVLQRGD$UWH6mR3DXOR&RUWH]
)5(,5(3DXOR3HGDJRJLDGD$XWRQRPLDVDEHUHVQHFHVViULRVjSUiWLFD
HGXFDWLYDHG6mR3DXOR3D]H7HUUD
)/(7&+(5+DUUHOO$OJXPDVLGHLDVVREUHDUWHHHGXFDomR,Q&$01,7=(5
/XLV3e5(=%$55(,52*DEULHO(GXFDomRSDUDD$UWH$UWHSDUD
(GXFDomR3RUWR$OHJUH)XQGDomR%LHQDOGR0HUFRVXO3J
,7$Ò&8/785$/(QFLFORSpGLDSHUIRUPDQFH'LVSRQtYHOHP
KWWSHQFLFORSHGLDLWDXFXOWXUDORUJEUWHUPRSHUIRUPDQFH!$FHVVRHP
GH]
0$548(6,VDEHO(QVLQRGD'DQoD+RMHWH[WRVHFRQWH[WRV6mR3DXOR
&RUWH]
114
0$621$QWRQ\1R7HPSRGH:DUKRORGHVHQYROYLPHQWRGDDUWH
FRQWHPSRUkQHD6mR3DXOR&DOOLV
0$85$'DQLHOD2$SUHQGHUR(QVLQDUD$UWH'LVSRQtYHOHP
KWWSLVVXXFRPFDGHUQRVBGHBHVWXGRGRFVFDGHUQRVBGHBHVWXGRB!$FHVVR
HPGH]
3$562160LFKDHO&XUULFXOXPDUWHHFRJQLomRLQWHJUDGRV,Q%$5%26$$
0DHRUJ$UWH(GXFDomR&RQWHPSRUkQHD&RQVRQkQFLDV,QWHUQDFLRQDLV
HG6mR3DXOR&RUWH]
6$/2575DPRQ&DEUHUD(GXFDFLyQSRUHO$UWHGHVGHXQD3HGDJRJLDGH
OD,QFHUWLGXPEUH&RQJUHVVR&/($%XHQRV$LUHV
6(('6HFUHWDULDGH(VWDGRGD(GXFDomR6XSHULQWHQGrQFLDGD(GXFDomR
'LUHWUL]HVFXUULFXODUHVGDHGXFDomRHVSHFLDOSDUDDFRQVWUXomRGH
FXUUtFXORVLQFOXVLYRV&XULWLED6(('
6,/9$)HUQDQGD3HTXHQRGD$WHOLrV&RQWHPSRUkQHRVSRVVLELOLGDGHVH
SUREOHPDWL]Do}HV'LVSRQtYHO
HPKWWSZZZDQSDSRUJEUDQDLVSGIFFIHUQDQGDBSHTXHQRBGDBVLOYDSGI
!$FHVVRHPGH]
115
revista CAMINHOS
Foto: Silvia Carvalho
artevidaexperiência
revista CAMINHOS
artevidaexperiência
118
Sumário
119
INTRODUÇÃO
Tortuosos-curtos-longos-distantes-retos-próximos-pedregosos-
asfálticos-íngremes-escuros-iluminados-de terra...infinitos.
120
PEDALANDO PELO CAMINHO
Relato de experiência
121
monumentos, igrejas, mosteiros, castelos, percursos,
paisagens... O Caminho. Passagem, interlocuções, algo como um
grande atelier expandido.
A Sesta de Van Gogh Montes de feno pelo Caminho foto: Silvia Carvalho
Foto site:http:///www.quadrosetelas.com.br/loja/quadro-a-sesta-depois-de-millet-vincent-
van-gogh
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Girassóis pelo Caminho foto: Luis Andrade Girassóis de Van Gogh
fotos: http://blogln.ning.com/profiles/blogs/os-girass-is-de-van-goghSite
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Esculturas com pedras de Andy Goldsworthy – LandArt
fotos: https://br.pinterest.com/pin/44613852531969250/
124
O empilhamento de pedras durante O Caminho possibilita maneiras
de intensificar a experiência, de estar presente, de
compartilhar uma forma-objeto que é comum a todos: a pedra. E,
neste contexto, a ela é atribuído um significado maior, valor
não somente de uma coisa, mas, quem sabe, de uma forma de
expressão. De uma idéia-emoção. De uma atitude.
A meu ver, ter uma experiência é ter uma vivência que nos
atravessa, que nos tomba, que nos toma de uma forma que nos
transforma (ou se não chega a tanto), pode nos abalar, nos
modificar ao menos em alguns aspectos pelos quais somos
mobilizados. A experiência é algo que nos afeta desde a pele à
profundidade dos sentidos, algo que nos passa, algo que nos
acontece e que de alguma maneira altera nosso caminho ou
simplesmente nos coloca uma dúvida na mente, uma solução, ou
mesmo uma mudança no agir ou no pensar, entre outras coisas.
125
Seguindo a viagem, cada dia era uma surpresa, uma novidade. Para
isso, era preciso abrir-se à experiência e ao novo. Nada de
conforto, nada de repetição, nada de rotina. Muita força de
vontade, superação dos limites, ir além do cansaço, não
sucumbir. Continuar, pedalar, seguir, dia após dia. Tudo isso
dentro de um clima de muito companheirismo e motivação
intensificados pelo sentido de divertida aventura.
126
fatigados, água pura da fonte, comidinhas nutritivas, cajado
(para os peregrinos) e alguns outros objetos “indispensáveis”
para continuar o percurso, e quem sabe.... a vida.
127
Se eu fosse definir O Caminho de Santiago de Compostela com
apenas duas palavras diria: experiência transformadora.
Referências bibliográficas
Sites:
128
Imagem da obra de Van Gogh Os Girassóis disponível em site:
http://blogln.ning.com/profiles/blogs/os-girass-is-de-van-gogh
acessado em 10 de dezembro de 2015.
LUIS
129
foto: Silvia Carvalho
VÂNIO
DENISE
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pele, de beber água das fontes, de ver a cultura de um povo,
numa suntuosa igreja e também num castelo em ruínas, de ter que
se esforçar para cumprir uma quilometragem diária, muitas vezes,
é claro, o gosto de superar o esforço físico nos trechos
difíceis e ter o descanso merecido no final do dia.
No CAMINHO encontrei um momento pessoal de voltar ao passado, e
relembrar as boas emoções de minha infância e juventude. Houve
a oportunidade de conversar e conhecer pessoas de outras
nacionalidades e outras culturas, e de quase sempre, somente
olhar para um desconhecido rosto suado e desejar: "bom caminho"
!!! Pude perceber também a forma de tratamento das pessoas que
nos receberam. Ainda, no caminho, sentir e ter a emoção de
reconhecer a importância das pessoas que fazem parte de minha
vida, principalmente de meus dois filhos queridos!!!
O desafio era simples: chegar ao destino. Mas o que valorizou o
percurso foram as vivências e os momentos que o CAMINHO de
Compostela ofereceu para a VIDA”.
ALINE
131
Desenho de Silvia Carvalho e foto: Vitalcir Pieta
VITAL
Foto:Luis Andrade
PAULINHO
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além de mim somente aquilo de que necessitei ao longo de 16
dias”.
SILVINHA
133
ARTEVIDAEXPERIÊNCIA pelo Caminho
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Belo nome pra uma rua ...
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fotos: Paulo César F. Soares
136
Fotos: Silvia Carvalho e Paulo César F. Soares
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Fotos: Silvia Carvalho
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charmosos e interessantes. Uma bela lembrança da viagem e de
cada lugar e suas peculiaridades.
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Diário do Caminho
Dia 03 setembro
Madrid!!!
20
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De: Madrid
Para: Pamplona
Estação de trem
Atocha
Me encanta esa
estación!!!
Llena de
tortuguitas!!!!!
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Dia 08
Um pouco de ansiedade...
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Dia 11 setembro
Cada um na sua...
147
Dia 13 setembro
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Dia 15 setembro
Banho quente.
149
Dia 17 setembro
Saímos de Ponferrada
7:30h. A cidade é
grande, rodamos
bastante até sairmos da
cidade.
Chegamos cedo em
Trabadello.
Os albergues são
sempre lugares
especiais. Todos são
diferentes. Cada um
com sua
peculiaridade, seus
pequenos jardins
floridos e
agradáveis.
É a parte especial
d’O Caminho.
150
Dia 18 setembro
151
Dia 19 setembro
Saímos umas 8h
de Triacastela.
Pedalamos uns
20km para fazer
um bom café.
Depois mais 25km
para chegarmos
até Portomarin.
Pegamos um pouco
de chuva, mas o
caminho foi
tranquilo apesar
das subidas.
Fomos jantar.
Depois dormir.
152
153
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Dia 21 setembro
Saímos de Arzúa 7:45h. O dia hoje está magnífico. Sol, céu azul,
temperatura agradável. Nosso último dia de cicloviagem. Ansiosos
por chegar à Compostela.
155
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Dia 22 setembro Compostela
Lotadíssima!!!
Dia 23 setembro
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À tarde compramos um
pão (destes
saborosos) enorme!!!
E queijos variados e
vinho. Fizemos um
pic-nic numa das
magníficas praças que
existem em
Compostela. Dia
juntos.
158
159
160
Cada dia uma nova experiência, cada lugar um novo aprendizado,
cada trajeto uma nova surpresa, a cada troca um novo
compartilhamento, a cada viagem a certeza de que não será a
última.
161
Chegar. Uma experiência indescritivelmente....
COLORIDA!
20
20
43
162
Meu ateliê em Florianópolis
163
Docência arte pesquisa
c asulári
2º semestre de 2014
166
editorial
Revista da Disciplina “Sobre Ser artista Professor”
Professora Responsável Dra. Jociele Lampert
168
sou
experimentações
nessa dinâmica, Eles rebentam ao
passo dos questionamentos,
~ trocas e experiências
transformações,
que me tomam, que me afetam.
Eles se rompem ao mundo, como
também em detrimento deste.
compreendo que os “casulos” que
teço, também me tecem, na dimensão ~ do
(re)construir, do (re)criar, do
(re)inventar.
me agrada, igualmente, perceber
esses casulos como células constituindo e
(trans)formando o meu ser professora-
artista-pesquisadora .
169
170
sumário
diário
espaço de pesquisa e prática 173
artística do professor
referências 202
171
Sem título, 2014. Monotipia: tinta a óleo s/ papel. Detalhe.
espaço de pesquisa e prática
artística do professor
173
Diário
c onfigurando a imagem do professor, comumente tendemos aos estereótipos. O professor corretor da norma culta, o
professor memorizador de datas e mais datas, o professor das bandeirolas decorador da escola. contudo, se refletirmos sobre a
~ docente do professor, veremos que esta envolve muito mais que repassar conteúdos, avaliar numéricamente e preencher o
ação
~ mais de caráter administrativo que pedagógico.
diário de classe com nada além de informações
~ docente, entendemos uma prática que está intrinsicamente vinculada ao ato de pesquisar, desenvolvendo uma
Por ação
~ docente se constrói de modo
~ A ação
postura crítica-reflexiva de si próprio enquanto objeto e sujeito dessa investigação.
~ da realidade na qual se insere e das vivências provenientes dela. O professor, pois, é um
sistemático a partir da observação
permanente investigador e aprendiz, considerando todos os envolvidos em sua prática para, dessa maneira, realizar um exercício
~ se dá na diversidade e dinamismo.
~ e metodologias, tendo em vista que seu espaço de atuação
reflexivo gerador de novas ações
~ - cartas a quem
Nosso grande educador e pesquisador brasileiro, Paulo Freire (1997), em seu livro “Professora sim, tia não
~ docente como um processo de ensino aprendizagem do próprio professor, pois não
ousa ensinar”, discorre sobre a ação ~ há como
ensinar sem aprender
Baseado na escrita e na imagem, o diário permite-me “uma reflexão ~ sobre o objeto narrado e sobre mim
próprio (zabalza, 2004:45), proporcionando-me uma “atividade narrativa e reflexiva”, que contribui para a
~ de uma “espécie de círculo de melhoria” que começa pelo desenvolvimento de uma “consciência”
criação
~ pessoal com a profissão
(ibidem:11). E neste caso, da tomada de consciência da minha “relação ~ e das mudanças
~ (Terrasêca & paiva,2009). (jesus, 2013, p.46)
que introduzo nesta relação”
Nessa mesma perspectiva, Porlán e martín (2000), em sua obra “El diário del professor”, conceituam o diário como sendo um
~ da realidade escolar, na qual o professor atua, pensando
importante recurso metodológico dentro desse processo de investigação
~ de conteúdos, sobretudo ao processo de aprendizagem dos estudantes.
sua prática docente vinculada às suas crenças e à seleção
à medida que o diário vai surgindo, é possível que adentrem seu corpo os mais variados registros. também podemos
~ pode ocorrer por meio da escrita, de imagens –
considerar essa diversidade em seu próprio suporte, por exemplo, sua elaboração
desenhos e fotografias - e até mesmo em registros de áudio e vídeo, funcionando como um tipo de guia bem diversificado e amplo
~ do professor.
permitindo futuras investigações
~ pedagógica;
~ múltiplos os assuntos pontuados no diário: problemas que o professor enfrenta na ação
Da mesma maneira, são
sobre o uso de determinadas metodologias; as teorias basilares para o professor; o comportamento dos estudantes e seus modos
de aprender frente as propostas, entre outros.
Sobre o diário no cotidiano do professor, Porlán e martín (2000), pontuam
[ ... ] Su utilización periódica permite reflejar el punto de vista del autor sobre los procesos más significativos
de la dinámica en la que está inmerso. Es un guía para la reflexión sobre la práctica, favoreciendo la toma
de conciencia del profesor sobre su proceso de evolución y sobre sus modelos de referencia. Favorece, también,
el estabelecimiento de conexiones significativas entre conocimiento práctico y conocimiento disciplinar, lo que
permite una toma de decisiones más fundamentada. a través del diario se pueden realizar focalizaciones
sucesivas en la problemática que se aborda, sin perder las referencias al contexto. Por último, propicia
también el desarrollo de los niveles descriptivos, analítico-explicativos y valorativos del proceso de
investigación y reflexión del profesor.¹(porlán & Martín, 2000, p. 23)¹
It has been argued that effective artists and teachers usually have commitment based on deep convictions
and beliefs that form a part of the self. Fundamental to the artist teacher identity are intrinsic
beliefs and convictions regarding both art and education.²(Thornton, 2013, p.52)²
Contíguo aos estudos de Thornton, jesus (20103), que também utiliza outros recursos como vídeo, fotografia e entre-
175
vista para seus registros (este último a partir do doutoramento), conta que o diário é um dos meios para aprender a
“ver- me, dizer-me e julgar-me” (jesus, 2013, p.65) no território Da prática, E prossegue:
~ e reflexões,
[... ] Desenvolver um diário no qual registraria os meus pensamentos, movimentações ~ pois o
recurso à escrita e à imagem, como registro da processualidade, interessava-me como ferramenta que
~ e formação
acompanha o desafiar de certos mundos e a própria construção ~ de outros, como um mapa ou um
~ da sua própria formação.
puzzle que vai desenhando o caminho trilhado e direcionando a construção ~ (jesus,
2013, p. 70 - 71)
~ realizada
A palavra "autoscopia" é composta pelos termos "auto" e "scopia". O primeiro trata de uma ação
pelo próprio sujeito e o segundo refere-se à escopo (do grego skoppós e latim scopu), que quer dizer
~ de
objetivo, finalidade, meta, alvo ou mira. A idéia de autoscopia diz respeito, portanto, a uma ação
objetivar-se, na qual o eu se analisa em torno de uma finalidade. (Sadalla e Larocca, 2004)
» Concepções
~ de outros companheiros
» Ponto de vista dos estudantes
» visão
~ do facilitador
~ pedagógica, grupo de estudo)
(equipe de professores, coordenação
» Referências da área da educação ~
Diário do professor
[ ...] El diario deja de ser exclusivamente un registro escrito del proceso reflexivo, para convertirse
progresivamente en el eje organizador de una auténtica investigación profesional. No se trata ya de
describir genéricamente los problemas prácticos que encontramos en nuestra actividad, ni de analizarlos
poniendo en cuestión nuestras concepciones didácticas. Tampoco se trata de diseñar una nueva intervención,
describiendo en el diario las nuevas incorporaciones teóricas que se deseamos aplicar. Se trata, en esta fase,
de desplegar técnicas más concretas y específicas para conocer como funciona el nuevo programa en la
realidad, recogiendo información previamente establecida, analizándola y categorizándola, contrastando
datos obtenidos de fuentes diversas, comparándolos con lo previsto en el diseño y estableciendo conclusiones
que reorienten el curso de la práctica y nos permitan validar y reconstruir nuestro proprio conocimiento
pedagógico-profesional. (porlán & matín, 2000, p.64 – 65)³
178
sobre a experiência de se produzir
um diário
179
casulo
Diário
o diário chegou por uma das propostas de trabalho na disciplina de cultura visual, ministrada pela pro-
Fessora dra. Jociele lampert, na Licenciatura de artes visuais/udesc. Como desenvolvia a prática de docência orientada na
~ no mestrado, decidi também realizar o trabalho do diário,
referida disciplina, devido cumprimento de créditos em minha formação
o que me foi extremamente importante e prazeroso.
~ no interior do diário, retornei à capa do caderninho e vi que
Lembro-me que mesmo Depois de já feitas algumas anotações
~ utilizado na cianotipia que a compunha.
ali “brotara” um casulo entre as folhas do galho de manjericão
Percebi, nesses movimentos, que o diário ficava
cada vez mais próximo. ao passo que o tinha
frequentemente comigo, dei-lhe um nome. acredito que
apenas depois desse nomear ele se tornou,
definitivamente, meu.
À esse propósito, fiquei pensando, juntamente com
~ de suas leituras de Heidegger,
dubois (2005) - por ocasião
linguagem e análise poética - Sobre esses nossos atos de
~ –
nomear as coisas do mundo, do processo de aproximação
~ que resulta
nossa com a coisa/mundo - e identificação
desse nomear. E o quanto a arte, as práticas e
~ com o
~ artísticas propiciam essa aproximação
investigações
Capa do Diário Casulo, 2014. mundo na dinâmica de fazê-lo existir e/ou recriá-lo.
Nessa perspectiva, O autor afirma que “A palavra instaura o ser da coisa. [...] instaurando um mundo. Doar, para a
~ é prover uma coisa de um rótulo, nem significá-la. Nomear é chamá-la a ser dotando-a de
palavra, é nomear. Mas nomear não
um mundo. A palavra, ao nomear, doa o modo a uma coisa.” (dubois, 2005, p. 163).
~ de registro
~ e do instaurar o “ser” do diário, compreendi que ele ultrapassava sua condição
A partir dessa aproximação,
~ um espaço de prática artística, investigação
cotidiano, como é comum a esse gênero, sendo então, ~ e pesquisa, e que esse processo é
~ docente, pois desdobra-se, também, em minha prática pedagógica e ação
extremamente significativo à minha formação ~ reflexiva.
esse exercício de construir um diário, me trouxe a lembrança do que comumente é um diário de classe para o professor, na
~ de
escola – um diário completamente distinto e distante das necessidades do processo educacional, no que tange à relação
ensino-aprendizagem entre professores e estudantes.
~ diárias do professor sobre suas atividades na
Foi incômodo e penoso rememorar que o espaço designado para as anotações
~ de frequência dos estudantes, conteúdos desenvolvidos À cada
escola, se reduz a um documento onde apenas constam marcações
~ desenvolvidas, bem como os conceitos atribuídos. Geralmente, até há um espaço para anotações
aula e registros das avaliações ~
~ utilizados pelo professor para registro de alguma
ao final desses diários de classe, porém, frequentemente são
~ de registro dos dados acima citados.
ocorrência de indisciplina dos estudantes ou alguma alteração
180
~ agrega absolutamente
~ de um documento que recebe o nome de diário de classe, mas que de fato, não
Trata-se, então,
~ reflexões
nada às investigações, ~ e desenvolvimento do professor no que concerne À sua prática docente, restando em uma
esfera mais administrativa que pedagógica/formadora.
~ haver “espaços” efetivos e interessados em um professor pesquisador, na escola, ou que o professor
Isto posto, parece não
também não ~ os busca, mantendo-se apenas na instância rasa da escolarização.
~ os deseja, não ~
En este contexto, que refleja valores, creencias y formas de actuación prototípicas del sistema social, los
profesores suelen interiorizar, de manera no reflexionada, unas determinadas conductas profesionales
mayoritarias que se resumen básicamente en lo siguiente: mantener el orden en la clase, explicar
verbalmente contenidos, calificar a los alumnos y utilizar el libro de texto como recurso didáctico
fundamental¹. (porlán; Martín, 2000, p.7)⁴
Tomo A prática do diário, sobretudo No território em que me encontro – da arte, como um desses espaços, muitas vezes
~ reflexões,
ausentes na escola e na prática docente, para registros que deambulem sobre questionamentos, investigações, ~ o ver
~ de um professor-artista-pesquisador,
e o sentir as coisas do mundo, no âmbito do visual e verbal, culminando na (form)ação
conjuntamente Às vivências pessoais.
A formação~ do professor de artes visuais perpassa por um sujeito artistaprofessor (compreendemos que a
pesquisa está implícita e inerente ao trabalho docente), pensando no processo de ensino e aprendizagem
cotidiano, ultrapassando o limite entre o pessoal e o profissional. A prática reflexiva diária, pode levar a
procedimentos que partem desde a concepção ~ de diários, mapas, ou investigações
~ que investigam problemas
~ artística, utilizando linguagens artísticas e não
educativos por meio da criação ~ apenas evidenciando estudos de
caso, ou pesquisas quantitativas. (Lampert, 2014)
Meu diário casulo é caderno de estudos do professor. é ateliê para práticas artísticas. Ele próprio é casulo e casulário à
medida que dele irrompem ideias e à medida que enquanto tecido, também me tece. Hoje, em suas folhas, há apenas alguns
~ receber outros diálogos, pois Ele é vivo. Ele é constante.
espaços em branco, frestas que sei ainda poderão
Desloco alguns dos registros realizados no diário, para cá. Nesse movimento, vou percebendo as inúmeras possibilidades que
tenho de (re)alocá-los, (re)arranjá-los, construindo outras/novas coisas, investigando mais, desdobrando-os.
~ me toma, em alcance do ser professora, agora, apaixonada.
Essa ação
Quando a gente dá uma forma a alguma coisa, pode ser um jarro, qualquer coisa, a gente também se dá uma
forma, quer dizer, a gente cresce, no momento em poder criar, em poder dar uma forma. (Fayga ostrower,
Palestra criar na arte e na vida, Programa educação pela arte no Instituto Ayrton Senna, São Paulo, 2001.)
Em proximidade à ideia de fayga (2001), percebo que as formas delineadas durante meus registros no diário, ao passo que
surgiam, também me davam novas formas interiores, pois elas detém meus afetos pelas coisas do mundo e também o modo como
essas coisas me afetam.
181
182
182
183
Retrato de cobrador de ônibus numa manhã, 2014. Caneta esferográfica s/ papel.
Detalhe da capa do Diário Casulo, 2014. Caneta esferográfica s/ cianotipia.
Diário
expandido
187
O casulo como forma,
Desenho e metáfora
m uitas coisas podem ser desenhadas. À medida que se tornam desenhos, estes podem ser considerados apenas repre-
~ de cada sujeito.
~ ou se tornarem novas coisas. Depende do olhar e da intenção
sentações
~ planejados, outros mais despreocupados, entretanto, todos de alguma forma e com alguma forma,
Alguns desenhos são
~
acabam por existir: no papel, na parede, na escrita, na fala, na imaginação.
~ que compõe
Encontrei um casulo (desenho) assim, observando a cianotipia feita com galho de manjericão ~ a capa do meu
~ como também significando parte
diário. à medida desse encontro, fui me desdobrando em outras procuras, outras investigações,
~ e mesmo com o
desse trajeto, uma vez que algumas tramas apenas mostram seu emaranhado de fios por meio de outras conexões
tempo.
Cismo que, somente encontrei o casulo, pois estava nesse “estado de pesquisa” – tecendo. Gosto de pensar assim, ao passo
que com isso vou simbolizando meu percurso, criando narrativas, criando metáforas.
~ do diário com minha prática docente, onde, por meio de anotações,
Associo esse estado de pesquisa durante a produção ~
coletas e registros diversos, passo a possuir ferramentas para delinear caminhos possíveis a serem percorridos pelos estudantes e
~ utilizar de ferramentas próprias em seus processos de aprendizagem.
por mim, considerando, ainda, que aqueles também poderão
Encontrar uma forma. projetar o desenho e delineá-lo. debruçar-se sobre ele. investigá-lo e significá-lo. Trata-se de
~ pedagógica se
~ e ação
uma constância da pesquisa na qual o professor artista deve se ater, compreendendo que sua formação
constroem nessa esfera.
Nesse deambular, retomo a ideia do nomear as coisas do mundo caminhando para o estabelecimento do casulo como
metáfora, do meu “estado de pesquisa” e do ocupar o mundo.
~
Se quando Nomeamos algo, o chamamos a ser, dotando-o de mundo - momento do encontro do casulo e minha aproximação
~ de metáforas, pois
~ enquanto professora-artista, a criação
dele – me importa igualmente, nos trajetos de minhas investigações
trata-se também de um processo poético, criativo e simbólico.
~ a sustente na esfera de
Ainda que nomeada, uma coisa pode ser tomada por nós em tal medida que o seu dado nome não
~ belo e potente, originário no crepúsculo do
nossas novas experiências. Assim, percebo A metáfora como um processo criativo tão
~ (re)inventá-lo.
uso habitual de um nome ou significado, para então,
~ minhas metáforas sobre meu movimento entre vivências como professora e o recolher-se delas para
Os casulos são
refleti-las. No espaço interior dos casulos e de mim mesma, teço tramas, investigo, relaciono criando novas formas e
~ docente. Não
possibilidades de ação ~ se trata, pois de movimentos simples e amenos, contudo devem ser inerentes ao ser professor
~ ~ dos estudantes.
preocupado com uma prática engajada e significativa à educação/formação
~ alguns desses desdobramentos possíveis
Adiante, Seguem outros desenhos realizados a partir da experiência do diário. São
~
quando nos colocamos em estado de investigação.
188 De um desenho brota outro e com ele, também, novos sentidos.
189
CASULO - PESQUISADOR
190
Asas - artista
190
Outras Práticas artísticas
e E x p e r i m e n t a ç ~õ e s
d Urante os encontros da disciplina “sobre ser artista professor”, ocorreram dois importantes momentos para pensarmos
nossa prática docente associada à nossa prática artística: as saídas de campo.
Tratavam-se de saídas para o espaço da própria universidade, porém bem distinto daquele que semanalmente ocupávamos.
Fomos para o ateliê de pintura. As propostas de aulas práticas se deram a partir de duas técnicas de pintura, cianotipia e
monotipia, respectivamente.
~ singulares foram
~ dessas técnicas, revelo o quão
Antes de apresentar os trabalhos produzidos a partir das experimentações
esses encontros durante o seguimento da disciplina, considerando seu planejamento por parte da professora responsável, jociele
lampert. Faço esse destaque, pois tendemos a seccionar o território da arte em alguns outros territórios, por exemplo, teoria /
história; processos criativos e ensino das artes. Contudo, a relevância do plano de trabalho da referida professora transpassou
~ necessários e igualmente importantes para nossa formação.
~ considerando que todos esse territórios são
essas divisões, ~
~ a partir da leitura de diversa
nesse enlace, a disciplina desenvolveu-se por encontros nos quais realizávamos discussões
~ sempre tínhamos a curadoria, por
~ sobre arte e arte educação;
bibliografia, trazendo À tona nossas experiências e inquietações
~ ao passo que também pudemos
parte da professora, de artistas referências para ancorar e ampliar os debates e as reflexões,
praticar/experimentar/fazer arte.
~ há motivos sinceros para continuarmos a seccionar essas linhas de estudo, entretanto nota-se que a metodologia
Não
~ em artes visuais, infelizmente.
citada é rara no âmbito dos cursos de formação
~ penso, podemos considerar a disciplina sobre ser artista professor até mesmo como uma metadisciplina, onde
Nessa dimensão,
~ apenas determinados temas, mas o próprio planejamento e
~ bem nos foi oportunizado conhecer, pesquisar e estudar não
tão
~
seguimento da disciplina já se fazia de conteúdo para nosso aprendizado e educação.
~ sinto-me bastante satisfeita ao passo que o processo, bem
Sobre as saídas de campo, que me foram tão caras à formação,
~ fontes/potências para outras práticas, uma vez que frente a eles, algumas coisas
como os trabalhos resultantes dele, são
~ porque mesmo o “não
(manchas, texturas, campos de cor, materiais etc.) passam a nos interessar ou não, ~ interesse” permeia um
crivo do nosso olhar e relevância de estudo.
Adiante, apresento alguns dos trabalhos desenvolvidos a partir da prática de cianotipia e monotipia.
~ se findaram nessas saídas de campo ocorridas na disciplina, realizando-os no grupo de estudos
Ressalto que tais estudos não
Estúdio de Pintura Apotheke do qual participo e também em casa.
~ de cianotipia apresentadas aqui, coletei materiais (plantas secas) do meu próprio quintal. formas
Para As quatros produções
que de algum modo me interessaram pelos contornos, transparências e vazados e que fiquei curiosa em ver como seriam seus
registros por meio da técnica. Com isso, Percebo que mesmo nosso quintal – lugar comum, caseiro, aparentemente já conhecido –
pode vir a ser lugar um outro lugar - de pesquisa acadêmica e artística.
esse deslocamento em busca dos materiais, nos aproxima do mundo ao entorno e das possibilidades de experimentá-lo. 191
192
192
Sem título, 2014.
Cianotipia: galho seco de arnica s/ papel.
193
~ precisássemos muito, materialmente falando, para descobrirmos novas coisas. Em contrapartida, o Que
É como se não
~ e movimentos nesse ambiente, para fazer pesquisa.
precisamos em demasia é curiosidade, inquietações
~ penso no quão
Sob essa percepção, ~ aos estudantes, ponderar sobre aquilo que está
~ significativo é, à nossa educação,
~ temos proximidade, seja por não
próximo, mas que não ~ nos deslocarmos, por
~ conhecermos na perspectiva de vivenciar, por não
seguirmos o já dito e convencionado sobre determinada coisa.
~ se estagnam no já conhecido. O professor enquanto artista e pesquisador
A pesquisa, a docência e o fazer e pensar arte não
segue “compartrilhando”, assim no gerúndio.
~ do diário,
Adiante ao trabalhos de cianotipia, apresento alguns outros, de monotipia, que por experiência da produção
~ de casulos. Até o presente momento, as manchas e texturas encontradas
~ e investigação
possuem uma temática: a construção
~ São
nesses trabalhos me envolvem ao passo que as percebo como formas orgânicas, passíveis de movimentos e mutações. ~ dinâmicas
e potenciais, daí os casulos como metáfora do meu ser professor artista pesquisadora.
195
Sem título, 2014. Monotipia: tinta a óleo s/ papel.
Sem título, 2014. Monotipia: tinta a óleo s/ papel. Detalhe.
Sem título, 2014.
Monotipia: tinta a óleo s/ papel.
198
198
Sem título, 2014.
Monotipia: tinta a óleo s/ papel.
199
200
200
Sem título, 2014.
Monotipia: tinta a óleo s/ papel.
referências
DUBOIS, Christian. A Língua. In: Heidegger: introdução a uma leitura. Trad. OLIVEIRA, Bernardo Barros
Coelho de. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. p. 143 – 164.
FREIRE, Paulo. Ensinar, Aprender: leitura do mundo, leitura da palavra. In: Professora Sim, Tia Não: cartas
a quem ousa ensinar. São Paulo: Editora Olho d’Água, 1997. p. 19 – 26. Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/paulofreire/paulo_freire_professora_sim_tia_nao.pdf>.
Acesso em: janeiro de 2015.
JESUS, Joaquim Alberto Luiz de. Tese de doutoramento: (IN)VISIBILIDADES: o estudo sobre o devir do
professor-artista no ensino em Artes Visuais. Porto: Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto,
2013. Disponível em: <
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MAURA, Daniela. Cadernos de Estudo: o aprender, o ensinar, a arte. n.1. outubro de 2013. Belo Horizonte.
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OSTROWER, Fayga. Palestra Criar na Arte e na Vida. Programa Educação Pela Arte. São Paulo: Instituto
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THORNTON, Alan. The Identity of the Artist Teacher. In: Artist, Researcher, Teacher. Chicago: Intellect
Bristol, 2013. p. 49 – 53.
202
~ livre
Notas de tradução
¹ […] Sua utilização periódica permite refletir o ponto de vista do autor sobre os processos dinâmicos mais
importantes nos quais está imerso. É um guia para a reflexão sobre a prática, promovendo a consciência
do professor sobre o processo de evolução e seus referenciais. Favorece, também, o estabelecimento de
conexões significativas entre o conhecimento prático e o conhecimento disciplinar, permitindo a tomada
de decisão mais fundamentada. Através do diário pode-se fazer focalizações sucessivas sobre o problema
a ser abordado, sem perder a referência ao contexto. Por último, também promove o desenvolvimento de
níveis descritivos analíticos-explicativos e avaliativos do processo de pesquisa e reflexão do professor.
(Porlán & Martín, 2000, p. 23)
² Tem sido discutido que os artistas e professores engajados, geralmente, têm compromisso com base em
convicções profundas e crenças que formam uma parte do seu próprio eu. Fundamental para a identidade
do professor artista são crenças intrínsecas e suas convicções sobre arte e educação. (Thornton, 2013,
p.52)
³ [...] o diário deixa de ser exclusivamente um registo escrito do processo reflexivo, para se tornar
progressivamente em um eixo organizador de uma genuína investigação profissional. Não se trata de
descrever genericamente os problemas práticos encontrados em nossa atividade ou analisá-los
evidenciando nossas concepções educacionais. Tampouco não se trata de projetar uma nova intervenção,
descrevendo no diário as novas incorporações teóricas que se deseja aplicar. Trata-se, nesta fase, de
implantar técnicas mais concretas e específicas para saber como funciona o novo programa na realidade
na qual está inserido, coletando informações previamente estabelecidas, analisando-as e categorizando-
as, contrastando os dados obtidos de várias fontes, comparando-os com as projeções do projeto e
estabelecendo conclusões que redirecionem o curso da prática, permitindo validar e reconstruir nosso
próprio conhecimento pedagógico-profissional . (Porlán & Martín, 2000, p. 64 – 65)
⁴ Neste contexto, refletindo valores, crenças e modos de atuação próprias do sistema social, os
professores tendem a internalizar, de forma não-reflexiva, determinadas condutas profissionais
majoritárias que, basicamente, se resumem em: manter a ordem na sala de aula, explicar verbalmente
aos alunos o conteúdo e usar o livro didático como um recurso básico de ensino. (Porlán; Martín, 2000,
p.7)
203
204
204
C"Oqpqvkrkc"pq"Ecorq"Gzrcpfkfq"g"c"GzrgULrpekc"pq"Cvgnkgt"
Ngcpftq"Ugtrc"
Este trabalho tem por objetivo apresentar a trajetória de pesquisa poética que
desenvolvo com a monotipia no campo expandido. Para tanto, estabeleço
como ponto de observação a produção que realizei entre o mês de dezembro
de 2014 e janeiro de 2015 no meu atelier.
O aporte teórico está calcado na Filosofia da Experiência, de Dewey (2010) e
nas discussões sobre o artista/professor/pesquisador propostas por Basbaum
(2013).
A referência no campo da poética está fundamentada na obra e
procedimento dos artistas Carlos Vergara e Daniel Senise bem como na
pesquisa e visita técnica que realizei no Atelier de ambos artistas.
208
Os ensaios que realizei entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015 partem
dos experimentos dos artistas de referência e visam à ampliação da
experiência poética e de ensino.
208
Profª Drª Jociele Lampert e realizado Estágio de Docência Orientada também
sob sua coordenação.
No campo da Arte e da produção em Arte foram de substancial importância a
visita aos Ateliers dos artistas Carlos Vergara e Daniel Senise, bem como a
entrevista que tive com estes. Acrescento ainda a fala de João Vergara, filho
do artista Carlos Vergara e gestor do atelier do pai. Agradeço também a fala
de Luiz GuilherPH 9HUJDUD FXUDGRU GD H[SRVLomR µ6XGiULRV¶, de Carlos
Vergara, realizada no Museu de Arte Moderna de Niterói (MAC/NITERÓI), em
dezembro de 2013 e também de Marcelo Camargo, montador de exposições
do artista Vergara. Por último, reitero a importância e acolhida que tive de
Frantz Soares, artista, pintor de notório saber, proprietário da Loja de
0DWHULDLV $UWtVWLFRV µ.RUDOOH¶, que participou da banca de qualificação e que
desde dezembro de 2013 fornece informações valiosas a respeito do
comportamento de materiais artísticos e de outra ordem que testo em meu
processo. Esse tem sido o aporte e fonte de contato, conversa e pesquisa
que mantenho desde 2013 e que nutre e arrefece meus questionamentos
com realizações que podem ser observadas no meu trabalho. Eu caminho; a
passos curtos, mas caminho.
209
New York. A saber, destaco o método Suminagashi, de origem oriental
amplamente pesquisado nos Estados Unidos e o método elaborado pelo
artista Wolf Khan e lecionado também pela artista/professora Marie Betty
Mackenzie que consistia em um estudo da monotipia com o uso de uma
imagem de referência. Saliento ainda que as pesquisas de John Cage com
fogo são pontos a serem estudados em breve. Afora os métodos que citei
acima, KDYLDRVPpWRGRVGHµOX]¶TXHsão a anthotype, técnica realizada com
pigmentos orgânicos cuja marcação se dá ao sol e a cianotipia, procedimento
de origem fotográfica cujo registro se dá também através da ação solar. Por
fim, havia organizado um mote de pesquisa com base nas monotipias
realizadas com o auxílio de prensa calcográfica. Esses eram os pontos de
pesquisa que havia estabelecido em dezembro, lembrando ainda que a
pesquisa com a monotipia voltada para a realização da Dissertação de
Mestrado tem por fim apresentar propostas/experiências dadas ao ensino de
Arte.
Após algumas investidas com os métodos de luz, anthotype e cianotipia, que
assim chamei pelo fato da gravação se dar ao sol, aprofundei as pesquisas
210
com o método líquido, pesquisa que já realizo desde 2007 e através do
método a seco, que pude aprofundar na visita que realizei aos ateliers de
Carlos Vergara e Daniel Senise.
Reitero que meu posicionamento enquanto artista/pesquisador que cria
imagens aproxima-se das reflexões de Basbaum (2013) que advoga na
perspectiva do artista/pesquisador/professor e versões similares ad-infinito
como artista/curador, professor/artista e outras combinações sob o signo etc.1
Este é meu lugar. Ouso instalar±me em uma base tal sob a seguinte
identificação: artista/pesquisador±professor, etc., porque sou um artista que
pesquisa para e quando produz e que uma vez descoberto/criado soluções que
afirmem o potencial de minhas ideias/questões na corporificação de obras de
relevância, fundamento então questões para o ensino. Sou
artista/pesquisador±professor etc. porque penso com os objetos/experiências
que realizo. Não vivo de outra forma.
1
BASBAUM, R. R. Manual do artista ± etc. 1º Ed. Rio de Janeiro: Editora: Beco do Azougue,
2013.
210
O estudo do conceito de experiência proposto por Dewey (2010) é relevante
para a compreensão do processo de criação. Na retomada da pesquisa isso se
tornou ainda mais evidente e próximo. Em um processo criativo em um lugar
que chamo de atelier, a todo momento o pesquisador é confrontado e
apresentado a novos caminhos. Algumas passagens fecham-se, enquanto que
outras são abertas à pesquisa, à experiência.
O pensamento de Dewey que perpassa a reflexão do artista, do pesquisador e
do professor pautando-se na experiência consumadora que concretiza o saber
por meio do movimento da experiência singular. ³9LYHQFLDUDH[SHULrQFLDFRPR
UHVSLUDUpXPULWPR GHDEVRUo}HVH H[SXOV}HV´'(:(<SeD
vida, que transformada, transforma. Com a monotipia no campo expandido
pretende-se ampliar a dimensão de experiência na ação de ensino,
possibilitando formas abertas nas quais o todo do ser se integre no movimento
consumador com vistas à experiência singular.
211
de pinus também alguns pedaços de lona preparada e tecidos pigmentados
com azul. Buscava com isso retirar as marcas da madeira crua e fixá-las no
tecido. Esse procedimento é similar ao realizado pelo artista Daniel Senise
desde a década de 1990, sendo uma etapa importante de seu processo
poético. A cola cascorez demonstrou ser lenta e pouco eficaz para realizar a
marcação de forma potente e eficiente. Aguardei dois dias para então
levantar as lonas e retirá-las da madeira.
Em 18 de dezembro, outra sessão de colagem foi realizada. Desta vez, ao
invés da cola cascorez usei verniz acrílico metalatex, amplamente utilizado
na construção civil, mas também usado por alguns artistas brasileiros, caso
de Daniel Senise, Rubens Oestroen e Silvia Simões. Separei e cortei lonas
cruas e apliquei com pincel a cola metalatex diretamente sobre o tecido e,
posteriormente, realizei a colagem sobre a madeira de pinus. Estava
interessado no registro sobre o tecido dos veios da madeira. Paralelo a este
procedimento, realizei a preparação de pigmento em pó com emulsão acrílica
que adicionei à iJXD SDUD µODYDU¶ GH FRU SDUWHV GD PDGHLUD TXH GHVWLQHL D
outro tipo de colagem. Aqui estava interferindo na relação tecido/suporte
212
madeira/matriz com o uso de pigmento para sensibilizar e ocasionar
transferências diferenciadas de cor e marca. O metalatex apresentou como
característica o amarelamento, fator já informado por Frantz Soares durante
nossas conversas, mas esse efeito fruto da reação do material é positivo para
o trabalho que realizo. Evidente na cola metalatex é seu potencial de fixação
que é altamente positivo, capaz com isso de retirar marcas profundas da
madeira. A pigmentação da madeira mostrou-se fator ótimo registrando com
suavidade as elevações e buracos da madeira.
Em 23 de dezembro, trabalhei novo processo com a monotipia. Neste dia,
cobri com tinta vermelha de parede da linha Novacor as tábuas de pinus.
Posteriormente, cobri com cola metalatex lonas preparadas e realizei a
colagem. Após a secagem do metalatex, aproximadamente 5 horas, levantei
as lonas e qual foi minha surpresa! Na lona estavam grudadas as marcas da
madeira intermediadas pela cor vermelha.
Em 27 de dezembro, repeti a operação do dia 23, mas não obtive o mesmo
êxito. Ao invés de lonas preparadas e sem pintura anterior, usei lonas velhas
já cobertas com camadas de pintura e sobre a tinta verde que tinha coberto a
212
madeira, anteriormente pintada de vermelho, apliquei carvão vegetal que foi
fixado à maneira do desenho, friccionando sobre a madeira. Fiz o mesmo
com o tecido. Essas alterações levaram o procedimento para outro caminho.
O ponto negativo foi que vedou ou reduziu a possibilidade de transferência da
tinta verde para a lona, mas apresentou o potencial do carvão para marcar e
registrar a energia gráfica do material e da mão e intenção do artista.
Em 03 de janeiro de 2015, realizei o procedimento com lona e pó de carvão.
Desde 23 de dezembro, estava realizando testes de colagem de pigmento a
seco, procedimento que se aproxima do modus operandi e da poética de
Carlos Vergara e, neste momento, seguia o conselho deste artista estando eu
atento a sua fala proferida em dezembro de 2013, quando citou o potencial
GRFDUYmRFRQVLGHUDGRSRUHOHRSULPHLURµJL]¶GR mundo, e sobre a energia
gráfica que possui determinadas folhagens ou vegetação. Realizei então a
coleta de folhas de palmeira que organizei em uma composição e moí pó de
carvão e peneirei priorizando para a experiência o pó mais fino, que
possibilitasse maior colagem e proximidade à lona, que não fosse
protuberante. Em seguida, preparei uma lona de dimensões aproximadas de
170 x 250 cm, com verniz metalatex. Após a preparação e aplicação da cola
sobre a lona, com o auxílio da mãe e irmãos, pois não possuo ajudantes no
atelier, deitei a lona sobre as folhas de palmeiras recobertas com carvão. Em
seguida, para intensificar a fixação do carvão sobre a lona, utilizei meu
veículo para gravar a lona. Este veículo é equipado com µmylink¶,
equipamento que permite visualizar o seu entorno quando o veículo está em
marcha ré. Com o auxílio desta ferramenta, pude registrar minha ação de
marcação com o veículo. Tracionando e passando os pneus sobre a lona,
intensifiquei a fixação do carvão, as marcas próprias e os insumos das
folhagens também foram registrados. No início da tarde, por motivos
particulares, tive que me ausentar do atelier, mas deixei a cargo do meu
irmão que erguesse as lonas no final do dia, antes do anoitecer ou de uma
tempestade. Quando retornei, meu irmão havia erguido a lona. Observei,
então, que a colagem estava boa, dando à lona uma energia gráfica e
potência que a qualificam como trabalho de Arte significante. Até o momento
da escrita deste documento, 22/01/2015, esta lona encontra-se recoberta
com esta camada de carvão. Pretendo em seguida, intensificar sua fixação
213
com emulsão acrílica diluída em água e inserir cor/pigmento. Está em
processo, em experiência.
Na data de 07 de janeiro, realizei outra ação com carvão e folhas. Desta vez
coletei folhas GHEDPEXHSUHSDUHLXPDµFDPD¶GHFDUYmRVREUHDVIROKDV(P
uma área de aproximadamente 236 x 500 cm, distribui as folhas e peneirei o
carvão. Cortei 8 lonas de aproximadamente 120 x 80 cm cada, cobri com cola
metalatex e apliquei sobre as folhas. Após algumas horas retirei as lonas. O
fator inconveniente foi a quantidade excessiva de folhas que utilizei
resultando em pouca colagem do carvão sobre a lona. Anotei em meu
caderno naquele dia que em uma nova seção de colagem deveria usar
menor número de folhas e usar o campo aberto, pois o atelier não
comportaria mais a quantidade de fuligem oriunda do processo. Ainda
naquela mesma tarde, preparei duas lonas maiores de tamanho aproximado
de 120 x 160 cm e colei diretamente sobre o carvão que restava após a
retirada das folhas. Esta colagem, como era de se esperar, fixou na lona
maior quantidade de carvão. No dia seguinte, 08/01/2015, montei uma mesa
no espaço externo do atelier para retirar as folhas e as protuberâncias,
214
pequenas pedras e outros materiais que estavam grudados nas lonas.
Em 09 de janeiro, continuei trabalhando sobre as lonas que marquei no dia
07. Agora preparava pigmento com emulsão para aplicar sobre elas. Com a
tinta bastante diluída, aplicava uma camada de cor e após a secagem outra
camada de outra cor em alta diluição.
Posteriormente, no dia 10 de janeiro retomei o estudo sobre a imersão de
tecido em via líquida. Fervi chá de eucalipto e, após seu resfriamento,
coloquei a solução em uma bacia, mergulhando pedaços de lona preparada e
também tecidos de cama que possui maciez que aprecio para a montagem
expositiva. Dois dias após, em 12 de janeiro retirei os tecidos da solução e os
instalei ao sol sobre uma lona que estava grudada à madeira com cola
metalatex. Meu objetivo consistia em transferir marcas e cheiros do fluído de
um tecido para outro marcando e inserindo chagas em suas fibras. A solução
que havia restado, derramei sobre o tecido. No atual momento que escrevo
este artigo, estas lonas já foram retiradas do sol. A marcação foi satisfatória,
inserindo chagas nas fibras dos tecidos.
214
Este recorte de produção que apresenta algumas investigações que realizei
entre dezembro de 2014 e as primeiras semanas de janeiro de 2015 é o
ponto de discussão que trago para este artigo. São essas as experiências
que apresento no ensaio visual que seguirá a este texto. Juntamente com as
imagens, no referido ensaio constará também as anotações que realizei
durante a produção poética, o que fora realizado naqueles dias. São informes
com data e hora de ações importantes e pertinentes ao processo que podem
ser de valia para outros artistas, pesquisadores e professores. Não são
documentos precisos, pois não é obra de ciência sistematizada. São
experiências abertas que naturalmente desembocam em outras experiências
e obras.
Até então, aqui neste documento, pouco ou quase nada falei de minha
poética e pouco citei a fala de meus artistas referência. É evidente, está
presente no meu trabalho, a ação positiva exercida pela fala e também pela
oportunidade de pesquisa no atelier de Carlos Vergara e Daniel Senise a
ponto que deixarei os ensaios visuais, que documentam as experiências
realizadas, para o julgamento público. Até que ponto o método de um artista
de notório saber nutre seu aluno ou pesquisador de seu processo? E de que
IRUPDHVWDµLQIOXêQFLD¶SRGHVHUSRVLWLYDRXQHJDWLYD"(VWDVSHUJXQWDV, deixo-
as em aberto para o julgamento e análise pública, para aqueles que tiverem
acesso às imagens.
Sobre a fala dos artistas, apresento aqui o que pensam Carlos Vergara e
Daniel Senise sobre a monotipia.
215
sudário de Cristo que é um objeto representado com a sua própria
matéria. Esse é o princípio da monotipia, o sudário. Mas vou adiante,
porque represento meu espaço com a impressão dele próprio no
trabalho. Quando imprimo um chão ou um assoalho digo que este
lugar é meu atelier. Essa é a solução técnica para dizer que é sempre
uma impressão do meu atelier. Daniel Senise, (2013).
216
uma marca. E com essa marca, de um corpo, há vestígios de rosas, do período
em que o pano fora exposto em ocasiões públicas, marcas deixadas pelo fogo,
oriundas do incêndio ocorrido quando o pano, saído do oriente já encontrava-
se na Europa no período medieval. São essas marcas, são esses vestígios,
como afirma Vergara (2013), que interessam-me e atraem meu olhar. Não sou
um fabricante de cadáveres; desculpem, estão olhando para o lado errado, sou
o criador de marcas, de marcas no tempo. As Chagas, marcas do sofrimento,
da aflição, mas também da redenção são a prova da experiência humana sobre
a terra, seus sofrimentos, dores e sua inigualável esperança. Frente à morte o
ser encontra-se na plenitude da sua animalidade. Nesse campo, pouco importa
razão consciente ou emoção inconsciente e intempestiva. Diante da morte o
adeus é eminente. O que resta são as marcas, os passos dados, o tempo
cristalizado em um manto, em uma lona, aqui estive! E não poderei voltar para
contar-lhes o que acontece do outro lado, atrás da cortina, logo após o fim, já
não existo, apenas persisto em um vestígio, em uma marca.
217
12/12/2014.
10:38. 1º lona com cola.
(manipulação do tempo).
Lona crua e lona preparada.
Inserir no documento contos, escritos, sobre o procedimento.
218
218
219
Colagem da lona sobre a madeira
18/12/2014. 08:50.
Preparei pigmento óxido de ferro com emulsão acrílica, posteriormente adicionei água.
Preparei metalatex adicionando com água.
Separei lonas preparadas com fundo branco.
Vou passar pigmento na tábua e depois colar a lona sobre.
09:30. Coloquei para ferver os tacos de madeira Angelim roxinho que havia deixado
mergulhado na água dento de uma panela.
09:51 retirei a panela com os tacos de Angelim do fogo.
09:59. Continuo usando lona crua pura com base e também lona que haviam sido pintadas a
6, 7 anos atrás.
11:40. Mergulhei em uma solução de azul ultramar escuro e oxido de ferro marrom claro,
alguns tecidos da série livro de artista, O Vermelho e o Negro.
12:24. Mergulhei 1 tigela de metalatex e água na solução.
12:12. Retirei da panela o chá dos tacos de Angelim roxinho e pus em uma bacia.
12:14. Comecei a colocar pedaços de papéis para realizar o teste de cor. 18/12/2014.
220
220
(Detalhe). Lona colada sobre madeira. Momento de retirada da lona.
221
222
222
23/12/2014. 12:55.
12:59 preparei vermelho acrílico de parede (Novacor) com água para cobrir as tábuas de
pinus.
13:50. Instalei duas lonas preparadas com fundo branco que ainda não tinham recebido
camada de cor.
14:09. Coloquei uma lona da série Fanáticos na cola sobre a madeira.
14:18. Preparei com cola uma lona que já havia recebido 1 colagem.
14:24. Preparei outra lona menor com cola. Esta lona já recebeu 1 colagem.
14:31. Coloquei na madeira.
14:51. Colei mais 3 pedaços de lonas na madeira.
16:55. Retirei as lonas que estavam coladas sobre a madeira.
223
224
224
(Detalhe). Retirada da lona preparada com pigmento vermelho.
225
226
226
(Detalhe). Lona preparada com pigmento vermelho.
227
27/12/2014. 10:00.
$QWKRQW\SH H FLDQRWLSLD 3URFHVVR DR VRO (VWDELOL]DU SDUD D VpULH µ5HIOH[R¶ SULVPD GH OX]
Monotipia com papel e fluido de serragem ou rosas e ou folhas. Testar mais. Não está
marcando. Testar outros fluidos como, por exemplo, sangue.
10:48. Preparei verde somando tinta amarelo de marcação com um tubo de corante azul.
Apliquei o verde sobre as tábuas de 300 x 30 cm cada.
10:56. Lavei os pincéis e potes que estavam com a tinta verde.
10:58. Preparando cola.
11:15. Preparei lonas cruas com cola e coloquei sobre a madeira que fora pintada de verde.
11:24. Preparei carvão sobre uma lona pequena que havia sido colada 1 vez e passei cola
novamente.
11:51. Continuo marcando a madeira e a lona com carvão para depois colar.
12:10. Preparei 1 lona com pastel seco e colei.
15:22. Comecei a retirar as lonas.
15:31 continuei a retirar as lonas.
228
228
Lona preparada com carvão e cola metalatex
Preparação da madeira com carvão.
229
230
230
Lona colada sobre a madeira.
Preparação da madeira com carvão.
Retirada da lona após colagem.
231
03/01/2015
08:30 preparando lona e pigmento em pó para teste de colagem.
Recortei 4 lonas.
Estou preparando pó de carvão. Negro carvão e cinza/cinza de restos da churrasqueira.
Peneirei o pó de alvenaria que havia quebrado para mudar a instalação na internet.
09:43 já preparei a cola e o local para a marcação e separei os pigmentos. Vou iniciar a
seção de marcação.
09:44 fotografando o lugar da marcação.
10:01 colei no contra-piso da casa a 1º lona.
10:31 terminei a colagem de 4 lonas de 80 x 115 cm aproximadamente.
11:27 cortei folhas de palmeira para fazer um teste de colagem.
11:42 montei a composição com folhas e medi a lona. Vou moer mais carvão para a
colagem.
12:12 preparei o chão com pó de carvão e preparei a lona com cola metalatex. Tamanho da
lona: 170 x 250 cm.
12:27. Com a ajuda de mãe e irmãos terminei a instalação da lona.
Em seguida passei com o carro sobre a lona.
A tarde meu irmão fez a retirada da lona.
232
232
(Detalhe). Folhas de palmeira cobertas com carvão.
233
234
(Detalhe). Lona colada com carvão sobre folhas de palmeira. Aparelho eletrônico do veiculo,
(mylink), registrando a marcação da lona.
234
(Detalhe). Lona colada com carvão sobre folhas de palmeira. Marcas deixadas pelos
pneus do automóvel.
235
236
236
07/01/2015.
09:30 fui comprar carvão, breu, luva, filtro para máscara, argamassa, verniz metalatex e
retornei para o atelier.
Vou preparar carvão para uma série de colagem.
10:58 parei de moer o carvão. Vou cortar a lona.
11:06 medindo o chão e cortando a lona.
Área coberta com carvão: 236 x 500 cm.
11:22 cortei 8 lonas de 120 x 80 cm aproximadamente cada. Indo cortar bambu para fazer a
máscara para a colagem.
11:43 cortei folhas de bambu. Vou montar a base/matriz para a colagem.
11:50 começando a colocar o carvão sobre o bambu.
12:08 terminei a colagem das 6 lonas.
Coloquei muito bambu. Da próxima vez colocarei menos.
14:45 retirei as lonas e as folhas.
15:00 retirei as folhas e deixei somente o carvão no chão.
15:30 colei mais 2 lonas sobre a base com carvão.
16:00 terminei a colagem de uma lona crua sobre a madeira.
237
238
238
08/01/2015.
RUJDQL]DQGRPHVDQDUXDSDUDHOLPLQDUµVXMHLUDV¶HIROKDVJUXGDGDVDORQD
09:30 retirando da lona o material indesejado.
09/01/2015.
16:40 moendo pigmento amarelo.
17:15 passando uma camada de pigmento amarelo sobre as lonas.
17:52 preparei óxido de ferro com emulsão acrílica. Vou aplicar em duas lonas.
18:04 terminei de lavar as lonas com óxido de ferro.
239
240
(Detalhe). LoQDFRODGDFRPFDUYmRVREUHEDPEXHµODYDGD¶FRPSLJPHQWRHPDOWDGLOXLomR
240
10/01/2015
09:00 distribuindo as lonas no chão.
09:47 colhi folhas de eucalipto. Separei as folhas do caule e coloquei para ferver.
09:49 preparei cola para passar em uma lona e colá-la sobre as tábuas de pinus.
10:17 terminei a preparação da lona com cola. Esta secando sobre a madeira.
10:32 preparei pigmento vermelho para cobrir as lonas que já receberam 1 camada de
pigmento amarelo.
10:42 preparando azul.
11:18 terminei a aplicação do pigmento azul sobre a lona.
11:33 retirei o chá de eucalipto do fogão e coloquei em uma bacia. Preparando a imersão.
11:46 coloquei na solução com chá de eucalipto uma peça de tecido de cama, uma lona que
havia sido colada sobre a madeira e outra lona antiga que estava preparada com fundo
branco e que também havia recebido uma colagem.
241
12/01/2015
10:40 retirei as lonas da solução do chá de eucalipto e coloquei sobre a lona que estava
colada sobre a madeira para que secassem ao sol.
Lona seca sob a ação do sol. Oxidação do pigmento natural sob altas temperaturas.
242
242
TGHGTÙPEKCU"
DEWEY, John. Ctvg" eqoq" GzrgtLrpekc. Trad. Vera Ribeiro. São Paulo:
Martins Fontes, 2010.
JESUS, Joaquim Alberto Luiz de. Fazer o Casaco? Para quê?. Tese de
Doutoramento em Educação Artística. *KP+XKUKDKNKFCFGU< o estudo sobre o
devir do professor-artista no ensino em Artes Visuais. Universidade do Porto:
Faculdade de Belas Artes, 2013.
KAPROW, Allan. C" Gfwecèçq" fq" Pçq/Ctvkuvc." Rctvg" K" *3;93+. Disponível em:
<http://pt.scribd.com/doc/148862145/kaprow-a-educacao-do-nao-artista-parte-I-
pdf#scribd>. Acessado em: 22/01/2015.
243
KWON, Miwon. Wo" Nwict" Crôu" q" Qwvtq< anotações sobre o site-specificity.
Disponível em: <https://vmutante.files.wordpress.com/2014/08/7-kwon-
miwon-um-lugar-apc3b3s-o-outro-em-portugues-artigo-imprimir.pdf Acessado
em 22/01/2015 as 00:05>. Acessado em: 22/01/2015.
244
Quem somos
Professora Dra. Jociele Lampert
Desenvolveu pesquisa como professora visitante no Teachers
College na Columbia University na cidade de New York como Bolsista
Fulbright (2013), onde realizou estudo intitulado: ARTIST’S DIARY
AND PROFESSOR’S DIARY: ROAMINGS ABOUT PAINTING
EDUCATION. Doutora em Artes Visuais pela ECA/USP (2009);
Mestre em Educação pela UFSM (2005). Possui Graduação em
Desenho e Plástica Bacharelado em Pintura, pela Universidade Federal de Santa Maria
(2002) e Graduação em Desenho e Plástica Licenciatura pela Universidade Federal de
Santa Maria (2003). Professora Adjunta na Universidade do Estado de Santa Catarina.
Foi Coordenadora de Estágio CEART/UDESC (2006-2009); Foi Chefe de Departamento
de Artes Visuais DAV/CEART/UDESC (2009-2011); Coordenadora do PIBID/CAPES/
UDESC da área de Artes Visuais (2011-2015). Atua no Mestrado em Artes Visuais PPGAV/
UDESC na Linha de Pesquisa de Ensino de Arte e na Graduação em Artes Visuais DAV/
UDESC. Atualmente, coordena o Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais/UDESC.
É membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Arte, Educação e Cultura UFSM/CNPq.
Membro/Líder do Grupo de Pesquisa Entre Paisagem UDESC/CNPq. Coordenadora do
Grupo de Estudos Estúdio de Pintura Apotheke (UDESC). Tem experiência na área de
Artes Visuais, atuando principalmente nos seguintes temas: pintura, arte e educação,
formação docente. É membro associado da ANPAP. Site: www.culturavisual.org. Endereço
para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/7149902931231225. E-mail: jocielelampert@
uol.com.br.
Fábio Wosniak
Doutorando em Artes Visuais na Linha de Pesquisa de Ensino das
Artes Visuais - PPGAV/UDESC; Mestre em Artes Visuais na Linha
de Pesquisa de Ensino das Artes Visuais - PPGAV/UDESC; Ator;
Pedagogo habilitação em S.I. e E. I /2006 e S.E./2012 FAED/UDESC;
Psicanalista; extensão em História, Sociedade e Cultura - PUC/SP
e imaginação Infantil e Arte Educação PUC/SP. Fábio trabalhou
como Coordenador; Assessor Pedagógico e Professor de Artes em instituições Públicas
e Particulares de SC e SP. Em São Paulo, Fábio trabalhou nos anos de 2006 - 2011 como
Assessor da Prefeitura do Município de São Paulo em Arte Educação, Brincadeiras e
Teatro. Vice-Coordenador da Rede de Educadores de Museus de Santa Catarina - REM/
SC (Gestão 2013-2015), membro/ pesquisador do Grupo de Pesquisa Arte na Pedagogia
(Mackenzie/SP), membro/pesquisador do
Grupo de Pesquisa Entre Paisagem (UDESC/
CNPQ) e integrante do Grupo de Estudos
Estúdio de Pintura Apotheke (UDESC),
atuando principalmente nos seguintes temas:
Arte Educação, Arte e Pedagogia, Formação
Docente em Artes Visuais.
Endereço para acessar este CV:
http://lattes.cnpq.br/6525393533253057.
E-mail: fwosniak@gmail.com.
Tharciana Goulart
Mestranda em Artes Visuais na linha de pesquisa Ensino das Artes
Visuais PPGAV-UDESC, sob orientação da Profª. Drª. Jociele
Lampert. Graduada no curso de Licenciatura em Artes Visuais na
Universidade do Estado de Santa Catarina (2015). É membro do Grupo
de Pesquisa Entre Paisagens UDESC /CNPq e do Grupo de Estudos
Estúdio de Pintura Apotheke. Endereço para acessar este CV:
http://lattes.cnpq.br/6262703963941419.
E-mail: tharcianagoulart@gmail.com.
248
Márcia Amaral de Figueiredo
Mestranda na linha de pesquisa de Ensino das Artes Visuais no
PPGAV da Universidade Estadual de Santa Catarina. Possui
graduação em Educação Artística pela Faculdade de Artes do Paraná
(1991) e graduação em Serviço Social
pela Pontifícia Universidade Católica do
Paraná (1986). Profissional do magistério
- docência II da Prefeitura Municipal de Curitiba entre os anos
de 1987 e 2014. Tem experiência na área de Artes, com ênfase
em Educação Artística. Especialização em Fundamentos
Estéticos da Arte-Educação pela FAP/Unespar(1992) e História
da Arte do Século XX- Embap/Unespar /2006. Frequentou o
Ateliê Permanente de Escultura de 1996 até 2006, em Curitiba,
sob a orientação da escultora Elizabete Titton.
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/1109214974149130.
E-mail: marciaamaraldefigueiredo@gmail.com.
249
Luciana Finco Mendonça
Mestranda em Artes Visuais/UDESC, linha de Ensino das Artes
Visuais, bolsista CAPES. Graduou-se em Licenciatura Plena
em Letras/UNESP (2006) e Artes Visuais/UEL (2014). Leciona
no Ensino Básico desde 2007. Participa da Equipe Editorial
da Revista Apotheke/UDESC. É integrante
dos Projetos de Pesquisa “Formação de
Professores de Artes Visuais: sobre o ensino/
aprendizagem de pintura” e “Arte Educação
pela Pintura: a produção do artista professor”;
e é membro do Grupo de Estudos “Estúdio
de Pintura Apotheke”, todo coordenados
pela Profª. Drª Jociele Lampert. Endereço
para acessar este CV:http://lattes.cnpq.br/5538920236870426.
E-mail: lucianamendonca@live.com.
Leandro Serpa
Mestre em Artes Visuais/UDESC (2015), com projeto intitulado
Reflexões sobre Arte e Arte/Educação Contemporânea: a monotipia
no campo expandido, orientado pela Profª Drª Jociele Lampert (DAV/
PPGAV/UDESC). Bolsista da Fundação do Amparo à Pesquisa e
Inovação do Estado de Santa Catarina, FAPESC, (2013). Participação
no grupo de pesquisa Arte Impressa/UFSM. Bacharel em Artes Plásticas/ UDESC (2011).
Ministrou oficina Imagem/palavra, organizada pelo NUPEART na UDESC, em 2008. Foi
monitor do Ateliê de Gravura na UDESC, (2009-2010). Professor de Artes Visuais do Ensino
Fundamental em Tijucas/SC (2008); Professor de Artes Visuais no Ensino Fundamental
no Centro Educacional Cuca Fresca (2011).
Artista/Pesquisador de partidas de futebol das
décadas de 1980-1990, junto à emissora RBS/
TV/Florianópolis/SC para desenvolvimento
do projeto Fanáticos presente no Trabalho de
Conclusão do Curso, (2011). Realizou pesquisa
técnica de gravura em fine-art na Galeria de
Gravura, São Paulo/SP (2011). Site: http://www.
fanaticos.art.br/. Endereço para acessar este
CV:http://lattes.cnpq.br/4062109066478308.
E-mail: serpaleandro36@gmail.com.
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Sobre Ser Artista / Professor /
Pesquisador Contemporâneo
Fábio Rodrigues
SOBRE SER ARTISTA/PROFESSOR/PESQUISADOR
CONTEMPORÂNEO